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Epidemiologia

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12-17 (Set – Nov 2016) Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research - BJSCR

PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES


NO BRASIL – UM ESTUDO DESCRITIVO E
RETROSPECTIVO
PREVALENCE OF CARDIOVASCULAR DISEASES IN BRAZIL - A DESCRIPTIVE AND
RETROSPECTIVE STUDY

GRAYCE ARIANE CHAVES DE CARVALHO¹, SUELLEN ALVES DOS REIS¹, SUSANNE AJURIMÁ
AVELINO KAPITZKY¹, TAYNAH PINHEIRO FRANCO¹, LAMARA LAGUARDIA VALENTE ROCHA²*
1. Graduandas do curso de Bacharel em Medicina, UNEC; 2. Professora Doutora em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Federal de Vi-
çosa. Docente do curso de Medicina e Pesquisadora do Instituto de Ciências da Saúde do Centro Universitário de Caratinga.

* Vila Onze, 36, Centro, Caratinga, Minas Gerais, Brasil. CEP: 35300-100. lamara.laguardia@gmail.com

Recebido em 15/08/2016. Aceito para publicação em 17/10/2016

RESUMO 1. INTRODUÇÃO
Este artigo é um estudo descritivo e retrospectivo de aborda- As doenças cardiovasculares representam 20% das
gem objetiva e qualitativa, executado de forma a descrever a mortes no mundo, correspondendo a mais ou menos 14
prevalência de doenças cardiovasculares no Brasil, relacio- milhões por ano e ocupando o terceiro lugar das causas
nando-as à taxa de mortalidade e óbitos por sexo e faixa etária.
de mortes no Brasil, tendendo a ocupar o primeiro. O
Dentre elas, foi analisado o infarto agudo do miocárdio (IAM),
as doenças isquêmicas do coração e a insuficiência cardíaca Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), as doenças isquê-
congestiva (ICC). Para a coleta de informações foram utiliza- micas, a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), entre
dos dados do DATASUS. Os respectivos dados são referentes outras doenças cardiovasculares, destacam-se como as
ao período entre 2010 e 2014. Através dos dados apresentados, principais causas de mortalidade1.
observaram-se maiores valores da taxa de mortalidade por O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é uma síndro-
essas patologias em indivíduos do sexo masculino e em idades
avançadas. Dessa forma, com o passar dos anos, a relevância
me clínica resultante do fluxo arterial coronariano defi-
dos fatores de risco, como obesidade, tabagismo, sedentarismo ciente para uma área do miocárdio, ocasionando morte
e pressão arterial alta, associados aos perfis analisados, confe- celular e necrose. O IAM clássico é caracterizado por
rem a necessidade de observar a prevalência das doenças car- dor torácica intensa e em aperto que pode irradiar para o
diovasculares. pescoço ou braço esquerdo. A dor pode durar de minutos
PALAVRAS-CHAVE: Mortalidade, óbito, doença cardio- a horas. Apresenta alterações eletrocardiográficas e au-
vascular, epidemiologia. mento da concentração enzimática e proteica das células
miocárdicas, denominadas marcadores bioquímicos do
infarto agudo do miocárdio2.
Por sua vez, as doenças isquêmicas afetam as artérias
ABSTRACT coronárias diminuindo a circulação sanguínea do cora-
ção. A isquemia, se prolongada, pode provocar a morte
This article is a descriptive and retrospective study of objective
and qualitative approach, performed in order to describe the prev-
do tecido, gerando o infarto. Na doença coronariana, há
alence of cardiovascular diseases in Brazil, relating to the mortality, a formação de placas de ateroma, que são placas de te-
rate and deaths by sex and age group. Among them was analyzed cido fibroso e colesterol, as quais crescem e acumu-
acute myocardial infarction (AMI), ischemic heart disease and lam-se na parede dos vasos dificultando a passagem do
congestive heart failure (CHF). To collect information DATASUS sangue. O fumo, o colesterol sanguíneo elevado, a pres-
data were used. The data is for the period between 2010 and 2014.
são alta e o diabetes, podem acelerar o desenvolvimento
Through the data presented, we observed higher mortality rate
values for these diseases in males and ages. Thus, over the years, desta lesão. Torna-se frequente no envelhecimento, e
the relevance of risk factors such as obesity, smoking, physical normalmente nas mulheres após a menopausa, devido à
inactivity and high blood pressure associated with the analyzed proteção conferida pelos hormônios femininos. Além
profiles, giving the need to observe the prevalence of cardiovascu- disso, uma história familiar de doença coronariana au-
lar disease. menta a predisposição.
Por sua morbidade e mortalidade, a doença arterial
KEYWORDS: Mortality, death, cardiovascular disease, epide-
miology.
coronária permanece sendo uma das principais doenças

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do século 21. De acordo com as estimativas, a angina ao planejamento, administração, e avaliação das ações
prevalece em 12 a 14% dos homens, e em 10 a 12% das de saúde.
mulheres entre 65 a 84 anos. Nos Estados Unidos, um a Os estudos descritivos e retrospectivos determinam a
cada três adultos (em torno de 81 milhões de pessoas) distribuição de doenças ou condições relacionadas à sa-
tem alguma forma de doença cardiovascular3. úde, de acordo com um determinado tempo passado,
Por fim, a insuficiência cardíaca se dá pela formação lugar, faixa etária, ou outras condições relacionadas aos
de um trombo sobre uma placa de ateroma vulnerável, indivíduos. A epidemiologia descritiva usa dados secun-
havendo um espasmo coronário ou vasoconstricção, com dários e primários. Examina a incidência e prevalência
isso ocorre a progressão dessa placa, acarretando dese- de uma condição relacionada à saúde, as quais variam de
quilíbrio da oferta e consumo de oxigênio. Sendo assim, acordo com as condições escolhidas7.
a insuficiência cardíaca é uma condição ou um conjunto Dessa forma, este tipo de estudo auxilia na avaliação
de sintomas em que o coração não bombeia sangue sufi- e interpretação dos valores, sendo possível identificar
ciente para satisfazer as necessidades do seu corpo. Ge- grupos de alto risco para prevenções e medidas que mi-
ralmente se desenvolve gradativamente após uma lesão nimizem os fatores desencadeantes, objetivando tonar os
no coração, que pode incluir um ataque cardíaco, esforço resultados mais próximos da normalidade.
cardíaco excessivo devido a anos de pressão arterial alta
Coleta de dados
e não tratada ou uma válvula cardíaca doente1.
Atualmente, cerca de 80% dos casos de morte por As informações foram retiradas de registros de dados
doenças cardiovasculares estão associados a fatores de oficiais, provenientes do DATASUS - Departamento de
risco já conhecidos. Dentre eles, a hipertensão arterial é Informação e Informática do Sistema Único de Saúde
considerada o mais importante para as doenças isquêmi- (2015), incluindo a taxa de mortalidade na população em
cas, além do tabagismo, inatividade física, obesidade e o geral. Para construção dos resultados, a amostra será
sobrepeso. Estima-se que o sedentarismo seja responsá- dividida conforme o sexo e a idade, onde se considerou
vel por 22% das doenças isquêmicas do coração e que a o Brasil, e informações dos anos de 2010 e 2014.
obesidade e o sobrepeso já atinjam 1 bilhão de pessoas Os dados foram apresentados em tabelas de frequên-
no mundo4. cia absoluta e percentual. Foi calculada também a taxa
Diante disso, torna-se relevante o desenvolvimento de ocorrência considerando a razão entre o número de
de estudos de prevalência das taxas de mortalidade para pessoas acometidas pela doença e a população brasileira
as doenças cardiovasculares, assim como determinar as naquele ano. O resultado desta divisão foi, então, multi-
associações com os fatores de risco, tornam possíveis o plicado por 100. As médias para as taxas de mortalidade
planejamento de medidas preventivas que visem ao au- conforme o sexo e a faixa etária foram comparados pelo
mento da qualidade e expectativa de vida. teste t e consideradas significativas as diferenças para
p<0,05.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Análise de dados e considerações éticas
Delineamento do Estudo
O projeto foi encaminhado para a Plataforma Brasil
Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e para a aprovação junto ao comitê de ética na pesquisa
retrospectivo da taxa de mortalidade referente às doen- com humanos do Centro Universitário de Caratinga.
ças cardíacas no Brasil, período de 2010 a 2014.
De acordo com Rouquayrol (1993), a epidemiologia 3. RESULTADOS
é uma ciência que estuda o processo saúde-doença na
sociedade, analisando a distribuição populacional e os A partir dos dados obtidos no DATASUS foi possível
fatores determinantes das doenças, danos à saúde e compreender a variação da taxa de mortalidade por do-
eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas enças cardiovasculares no Brasil em uma série histórica
específicas de prevenção, controle ou erradicação de onde se considerou os dados de 2010 a 2014. Estes re-
doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte sultados foram registrados na Figura 1.

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17,2
17,0 17,0
Taxa de mortalidade %

16,8
16,6
16,4 16,4
16,3 16,3
16,2
16,0 16,0
15,8
15,6
15,4
1 2 3 4 5

ANOS (2010, 2011, 2012, 2013 E 2014)


Figura 1. Variação da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil no período de 2010 a 2014.

Percebe-se pelos registros da Figura 1, que a taxa de


aumento de 1,3% entre 2010 e 2014 na população em
mortalidade para doenças cardiovasculares no Brasil
geral. Além disso, o avanço da idade também favorece o
sofre variações para mais e para menos, com o maior
aumento desta taxa, visto que, a partir dos 60 anos há uma
registro observado em 2012 (17,0%) e menores valores
elevação significativa da taxa. Ressalta-se que, com a
em 2011 (16%).
elevação da taxa de mortalidade a partir desta faixa etária,
Partindo da avaliação dos resultados da taxa de mor-
há consequente elevação do número de óbitos, visto que,
talidade das doenças cardíacas e do impacto destes na
tais valores correlacionam-se. Isto é evidenciado a partir
população brasileira, pode-se concluir que houve um
da observação das Tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Valores da taxa de mortalidade na população brasileira no período de 2010 a 2014 conforme a faixa etária.

1- 9 Anos 10-19 Anos 20-39 Anos 40-59 Anos 60 a mais Total

2010 20,39 10,44 10,49 9,18 30,91 16,28


2011 19,17 10,74 10,43 8,83 30,75 15,98
2012 19,94 13,33 11,23 9,17 31,24 16,98
2013 19,03 12,56 10,43 8,5 31,21 16,35
2014 19,52 12,16 10,65 8,95 30,75 16,41

Tabela 2. Frequência absoluta e relativa de óbitos por doenças cardiovasculares na população brasileira no período de 2010 a 2014 conforme a faixa
etária.

1- 9 Anos 10-19 Anos 20-39 Anos 40-59 Anos 60 a mais Total

n % n % n % n % n % n %
2010 243 0,65 145 0,38 980 2,63 7004 18,8 28870 77,52 37242 100
2011 239 0,61 115 0,29 975 2,51 7165 18,49 30253 78,07 38747 100
2012 225 0,59 100 0,26 947 2,51 6854 18,17 29583 78,45 37709 100
2013 240 0,63 120 0,31 926 2,43 6875 18,08 29849 78,52 38010 100
2014 212 0,57 109 0,29 886 2,39 6358 17,15 29506 79,59 37071 100
Total 1159 - 589 - 4714 - 34256 - 148061 - 188779 -

Foi possível observar por meio dos dados da Tabela 3, ao sexo feminino. Segundo a Sociedade Brasileira de
que o sexo masculino apresenta valores mais elevados de Cardiologia (2008)8, este fato pode ser explicado pela
óbitos por doenças cardiovasculares quando comparado proteção estrogênica que as mulheres recebem, perce-

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bendo-se que a doença ocorre duas a três vezes mais em comparados à população masculina. Um fato que pode
mulheres após a menopausa. ser considerado neste caso é o grau de hereditariedade
Vale destacar também que, os níveis de mortalidade diferente entre homens e mulheres. Isto pode ser com-
na população feminina apresentam-se maiores quando provado através da análise da Tabela 4.
Tabela 3. Frequência absoluta e relativa de óbitos por doenças cardiovasculares na população brasileira no período de 2010 a 2014 conforme o
sexo.

Masc Fem Total

N % n % N %

2010 19306 51,83 17936 48,16 37242 100


2011 20153 52,01 18594 47,98 38747 100
2012 19669 52,15 18040 47,84 37709 100
2013 19875 52,28 18135 47,71 38010 100
2014 19247 51,91 17824 48,08 37071 100
Total 98250 - 90529 - 188779 -

Tabela 4. Valores da taxa de mortalidade na população brasileira no período de 2010 a 2014 conforme o sexo.

Masc Fem Total

2010 7,19 8,23 7,65


2011 7,39 8,44 7,86
2012 7,25 8,36 7,74
2013 7,39 8,6 7,92
2014 7,18 8,49 7,75
Total 7,28 8,42 7,79

4. DISCUSSÃO nal ao processo de envelhecimento10.


Pesquisadores observam que o aumento de óbitos até A análise de causa básica demonstra que o padrão de
2006 vai diminuindo até 2009, momento em que atinge a mortalidade seguindo uma tendência mundial, tem
sua incidência mínima. O comparativo nos anos de 2000 acompanhado as modificações do perfil epidemiológico
e 2009 revela a tendência de queda da taxa de mortali- no mundo, o que faz as DCNTs responsáveis por 58,5%
dade tanto do sexo masculino quanto do feminino que de todas as mortes ocorridas e por 45,9% da carga mun-
assinala uma tendência de queda na taxa padronizada de dial de doença. No Brasil, a análise da causa básica do
mortalidade em ambos os sexos9. padrão de mortalidade, vem substituindo gradativamente
As pesquisas confirmam que no decorrer da segunda as ocorrências relacionadas às doenças infecciosas por
metade do século XX, o Brasil experimentou profundas doenças crônicas degenerativas não transmissíveis como
transformações em seu perfil populacional, que culmi- consequência do envelhecimento. O acompanhamento
naram com modificação no padrão de morbimortalidade, das séries históricas mostra que as DCNTs em 2007,
queda das taxas de natalidade bem maiores que às taxas respondiam por 72,0% do total de mortes por causas
de mortalidade, aliado ao aumento na expectativa de conhecidas. Nas décadas de 1930 e 1990 nas capitais
vida de sua população que saltou de 45,9 anos em 1950 brasileiras, as mortes por DCNTs aumentaram em três
para 73,0 anos em 2008. O quadro caracterizou o pro- vezes11.
cesso de envelhecimento populacional brasileiro com Estimativas desenvolvidas pela OMS em 2008 regis-
aumentos contínuos de idosos e queda cada vez mais traram em 36 milhões as mortes globais (63%) por
acentuada do número de nascimentos. A modificação do DCNTs, com destaque para as doenças do aparelho cir-
perfil epidemiológico foi acompanhada pelo aumento culatório. São essas doenças as que atingem indivíduos
das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), em todas as camadas socioeconômicas, com maior pro-
babilidade de agravos aos grupos vulneráveis, como os
com maior incidência na medida em que se aproxima de idosos, os de baixa escolaridade e de baixa renda. No
faixas etárias da população de 60 anos de idade em di- Brasil as DCNTs são responsáveis por 72% das mortes e
ante, conforme as Tabelas 1 e 2, com avanço proporcio- por grande parte do custo econômico com internações

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hospitalares longas e de alta complexidade, e que tam- ‘Plano de Ações Estratégias para o Enfrentamento das
bém geram ônus socioeconômicos por consequência do DCNT no Brasil, 2011-2022’. Em sintonia com a com-
processo de aumento da expectativa de vida e do enve- plexidade das questões preventivas relativas aos índices
lhecimento populacional, que não pode ser dissociado da de mortalidade (como demonstrado na Tabela 4), foi
qualidade de vida12. criado um grupo multidisciplinar com a colaboração e
Segundo os dados da OMS, a mortalidade por doenças envolvimento dos ministérios, instituições acadêmicas,
cardiovasculares no Brasil em 2004 (286 por 100.000 secretarias de estado e municipais, sociedades científicas
pessoas), só é ultrapassada entre os países e organizações não governamentais, em um esforço co-
sul-americanos, isto é, Guiana e Suriname. Na Argentina letivo para inclusão de ações da Saúde. No que diz res-
foram 207 por 100.000, 209 por 100.000 na Venezuela e peito às doenças cardiovasculares, os fatores relaciona-
160 por 100.000 no Chile. Em comparação com os países dos como medidas preventivas foram: o combate à obe-
norte-americanos e europeus, a taxa do Brasil foi maior sidade desde a infância; ao uso abusivo do álcool por
(por exemplo, 179 por 100.000 para os EUA, 175 por adultos; a redução ao tabagismo; prevalência de ativida-
100.000 para o Reino Unido e 200 por 100.000 para des físicas envolvendo também o lazer; práticas alimen-
Portugal)13. tares saudáveis com ingestão de frutas; redução no con-
Os níveis de mortalidade no Brasil assemelham-se aos sumo de sal em no máximo 5 gramas diárias por pessoa,
dos países do Leste Europeu e China, sendo superior a e; medidas para adesão ao tratamento e diagnóstico pre-
maioria dos encontrados nos países latino-americanos. As coce12.
taxas de morte entre os norte-americanos são significa-
tivamente menores que as do Brasil. Apesar da redução 5. CONCLUSÃO
da mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil, as
taxas permanecem elevadas, o que pode ser justificado As características do perfil de morbidade da popula-
pela alta prevalência dos fatores de risco para essas do- ção brasileira se caracterizam e englobam a prevalência
enças. A hipertensão arterial e as baixas taxas de controle e incidência de DCNTs, persistência de doenças trans-
pressóricos nos hipertensos são uma das principais cau- missíveis e pela coexistência com doenças emergentes e
sas14. reemergentes, assim também como por acidentes e vio-
O avanço da idade torna o sistema cardiovascular lências. E como o próprio Ministério da Saúde admite,
mais suscetível a alterações, como a aterosclerose, di- muitas dessas doenças já poderiam ter sido eliminadas16.
minuição da capacidade elástica da aorta e outras gran- As doenças cardiovasculares tendem a ocupar o pri-
des artérias, comprometimento da condução cardíaca e meiro lugar de morte no Brasil, sendo assim, a preocu-
redução na função barorreceptora15. Sendo assim, pode pação maior é com elas, abandonando outras doenças ou
ser uma das justificativas para a prevalência dessas do- medidas preventivas tão importantes, que talvez contri-
enças com o passar dos anos, na população mais idosa. buam para evitar os problemas no coração15.
Segundo as estatísticas, a maior causa de mortalidade A insuficiência cardíaca, quando não tratada e mes-
e morbidade é a doença cardiovascular. A doença coro- mo com os tratamentos existentes, é uma doença pro-
nariana é a causa de 70 a 80% de mortes em homens e gressiva e letal. Sendo assim, a qualidade de vida é
mulheres, por sua vez, a insuficiência cardíaca congesti- comprometida e os índices de mortalidade permanecem
va, é mais comum de internação hospitalar, de morbida- altos. O comprometimento da capacidade funcional, ge-
de e mortalidade na população idosa15. rando limitações nas atividades habituais do dia a dia,
Na população feminina o fator genético apresenta-se incapacidade para o trabalho e estabelecimento de rela-
mais influente na determinação do respectivo fenótipo, ções sociais, além da relevante perda da independência,
somam-se a isso, os fatores de risco praticados durante revelam um dos fatores que reduzem a qualidade de vi-
um longo período que ajudam a agravar ainda mais o da17.
quadro, além de tornar a doença inevitável e mais pre- Diante disso, pode-se concluir que é preciso reco-
coce. Em contrapartida, a população masculina apresenta nhecer os fatores de risco associados às doenças cardio-
maior influência ambiental no respectivo genótipo, o que vasculares, e sua prevalência mediante sexo e faixa etá-
justifica uma necessidade maior de adequação dos hábi- ria, a fim de melhorar a abordagem do tema através de
tos alimentares e práticas que minimizem os fatores de programas de educação permanente, voltados para ava-
risco, podendo tornar a doença mais tardia, caso contrá- liação de adesão ao tratamento e busca ativa de casos na
rio, ela poderá se manifestar antes do período esperado atenção primária, bem como do diagnóstico de insufici-
por determinação do fator genético nas mulheres. ência cardíaca e seu manejo adequado.
Em conformidade com o panorama epidemiológico
(Tabela 4) e econômico das doenças crônicas não trans- REFERÊNCIAS
missíveis (DCNT) no Brasil, alinhado às diretrizes da [01] Alves SRP, Silva JM, Freitas FB, Andrade FB, Silva GNS,
OMS, o Ministério da Saúde coordenou a elaboração do Virgínio NA. Perfil epidemiológico das doenças cardíacas

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