ebook_marco zero_caderno de educacao patrimonial
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EXPEDIENTE
Coordenação editorial
Inspire-C Arquitetura, Urbanismo e Patrimônio Cultural
Núcleo de Mídia e Conhecimento
Ilustrações e consultoria
Denni Capetta
Revisão ortográfica
Valéria Stüber
Revisão histórica
Antônio Cavalheiro
Kim Alan Vasco
LEITURA COMPLEMENTAR
2
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O Território de
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Paranaguá é considerada a cidade mais antiga do
Estado do Paraná e uma referência quando falamos do li-
toral sul brasileiro. Suas belas paisagens naturais contras-
tam com os casarões e edifícios que dispõem de elemen-
tos arquitetônicos luso-brasileiro e neoclássicos. O vai e
vem de barcos pelo rio Itiberê e o cais de pedra atraem os
turistas para a rua da Praia.
Para além de sua história e riqueza cultural, a cidade
tem importante função na economia estadual e nacional
há séculos, por meio das atividades portuárias e de na-
vegação. Já no século XVII, era na Ilha da Cotinga, local
do primeiro assentamento branco, que bandeirantes en-
contravam-se para o escambo.
No entanto, a história de Paranaguá, do Paraná e do
Brasil começou muito antes da expansão portuguesa no
litoral brasileiro...
Os registros mais an-
tigos de população no terri-
tório brasileiro são de 12 mil
anos atrás, quando grupos de
caçadores coletores se dis-
persaram por toda a América
do Sul, após atravessarem a
América Central, do Norte e
o Estreito de Bering, respec-
tivamente, vindos original-
mente da Ásia.
Início da construção
da fortaleza de Nossa
Senhora dos Prazeres,
na Ilha do Mel, com o
propósito de proteger
a entrada da Baía de
Paranaguá.
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Paranaguá é elevada à categoria de cidade,
mantida até então pela intensa atividade
portuária e o trabalho dos escraviza-
dos. Ciclos econômicos vinculados
às atividades agrícolas são inicia-
dos com a chegada dos imigran-
tes europeus no século XIX, como
alemães, italianos e poloneses. O
ciclo da erva-mate é considera-
do um dos mais longos, sendo o
produto mais exportado pelo
estado até a década de 1930.
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Paranaguá atual
Cidade Portuária
A inauguração do Porto Dom Pedro II, em 1935, foi um
marco determinante para a cidade de Paranaguá e para
a economia do Paraná. O porto não apenas impulsionou
o desenvolvimento local, mas também destacou a cidade
em nível nacional e internacional.
Com a estrada de ferro, inaugurada no final do século
XIX, as demandas por atividades alfandegárias aumenta-
ram, sendo preciso construir um prédio exclusivo para isso
em 1911. Até então, as atividades estavam concentradas no
antigo Colégio dos Jesuítas.
A constante modernização das atividades portuárias
foram uma consequência de sua localização e dos séculos
de experiência com as atividades de comércio e navega-
ção. O Porto de Paranaguá foi (e ainda é) essencial para o
fortalecimento dos ciclos econômicos do estado, como er-
va-mate, madeira, café, algodão, soja e milho.
Hoje, o porto é reconhecido como o segundo maior em
volume de exportações no Brasil e o primeiro da América
Latina em movimentação de grãos. Este papel de destaque
deve-se a sua infraestrutura avançada e localização estra-
tégica, que facilitam o escoamento da produção agrícola e
industrial, não apenas do Paraná, mas também de estados
vizinhos e países do Mercosul.
Paranaguá é o 13° maior município do Paraná. Além do
território continental, cinco comunidades insulares integram
o município e estão dispersas nas ilhas, onde tradições cai-
çaras são mantidas, como a pesca, o fandango e a Folia do
Divino. A Ilha dos Valadares é a única conectada ao continen-
te por uma ponte, por onde transitam pedestres e ciclistas.
11
Herança indígena, negra,
caiçara, portuguesa:
riqueza cultural de Paranaguá
12
Os bens culturais estão presentes em diversas expe-
riências nos grupos que compõem uma sociedade. Essas
experiências concedem valores que podem tornar espe-
ciais e significativos lugares, estruturas edificadas, obje-
tos, elementos naturais, celebrações, narrativas, memó-
rias, crenças, práticas sociais, conhecimentos e técnicas,
entre outros.
A dimensão temporal é fundamental para a preser-
vação dos bens culturais, que se caracterizam pela trans-
missão entre as gerações. O compartilhamento dos bens
culturais torna o patrimônio dinâmico: seus valores e sig-
nificados podem se modificar e adquirir novos aspectos
ao longo do tempo.
As conexões humanas estendem-se a grupos diver-
sos, que permanecem unidos por laços de proximidade, in-
teresses em comum e identidade cultural compartilhada
que ultrapassa fronteiras.
Isto é, nossa herança cultu-
ral pode ser local, regional
ou até mesmo global.
A herança cultural
sempre é coletiva, tem sig-
nificado para um grupo e
conecta pessoas. Esses ele-
mentos são essenciais para
agregar valor a um bem –
cultural –, e é por meio deles
que o grupo se identifica e
deseja ser reconhecido pe-
los outros.
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O patrimônio cultural forma-se a partir de referên-
cias culturais que estão muito presentes na história
de um grupo e que foram transmitidas entre várias
gerações. Ou seja, são referências que ligam as pes-
soas aos seus pais, aos seus avós e aqueles que vi-
veram muito tempo antes delas. São as referências
que se quer transmitir às próximas gerações. (IPHAN,
2016, p. 7)*
14
*INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
(BRASIL). Educação Patrimonial: inventários participativos. Manual
de aplicação / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;
texto, Sônia Regina Rampim Florêncio et al. – Brasília-DF, 2016.
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Rota do Patrimônio Cultural
de Paranaguá
16
1. Alexandra.
2. Antiga Santa Casa de
Misericórdia.
3. Igreja de São Benedito
Glorioso.
4. Fontinha da Camboa.
5. Ilha dos Valadares – reduto
do fandango caiçara.
6. Santuário Estadual de Nossa
Senhora do Rocio de
Paranaguá.
7. Primeira Igreja Batista de
Paranaguá.
8. Catedral Diocesana de
Paranaguá.
9. Casa Monsenhor Celso e
Brasílio Itiberê.
10. Praça dos povos árabes.
11. Instituto Estadual de
Educação Dr. Caetano
Munhoz da Rocha.
12. Casa Elfrida Lobo.
13. Casa Cecy.
14. Clube Literário.
15. Instituto Histórico e
Geográfico de Paranaguá.
16. Museu de Arqueologia e
Etnologia da UFPR.
17. Aquário de Paranaguá.
18. Praça de Eventos Mário
Roque.
19. Mesquita.
20. Pelourinho.
21. Mercado do café.
22. Mercado do artesanato.
23. Rua da praia (R. General
Carneiro).
24. Antiga alfândega.
25. Porto Dom Pedro II.
26. Irmãos Rebouças.
27. Estação ferroviária.
28. Palacete Visconde de Nácar.
29. Santuário de São Francisco
das Chagas de Paranaguá.
30. Manguezal.
31. Rio Itiberê.
32. Ilha do Mel.
33. Gruta das Encantadas.
34. Fortaleza Nossa Senhora dos
Prazeres.
35. Farol das Conchas.
36. Ilha da Cotinga.
37. Igreja Nossa Senhora das
Mercês.
38. Opy – Casa de reza 17
Mbyá-Guarani.
Patrimônio
O que é?
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1. Construtor de canoinhas de caixeta.
2. Violeiro construtor de instrumentos.
3. Cozinha caiçara: barreado, bijú
e as casas de farinha.
4. Cipózeira, artesanato local.
5. Pesca da tainha na Ilha do Mel.
6. Catadores de caranguejo
e pescadores artesanais.
7. Festa do Divino.
8. Dança da Balainha.
9. Capoeira.
10. Brincadeiras indígenas.
11. Grupo de músicos e coral da etnia
Mbyá-Guarani da Ilha da Cotinga.
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Eu Sou o Fandango O fandango onde é que tem
Tem lá por São Paulo
O Fandango o que é? Em Morretes lá tem
É verso e é poesia Tem Guaraqueçaba...
É festejo e é fé E Parnanguara também
É música e dança
E batida de pé O fandango é pixirão
É puxada de rede
O fandango de onde vem Trabalho, união
Vem lá das arábias É gambar o arroz
Da Espanha ele vem num só multirão
É de Portugal
E Açores também... O fandango é tocar
A viola e o machete
O Fandango quem que faz E o adufo rufar
O caboclo sitiense É o som da rabeca
É quem lembra mais E o tamanquear
pescador, ilhéu
Na memória traz
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O fandango é versador
É poesia e verso
Improvisador
Desafio de poeta
E de cantador
O fandango é dançar
vai-e-vem duma saia
E em roda girar
trançado dum oito...
e no chão desenhar
O fandango é tradição
É folclore parnanguara
Ritmo do litoral
E patrimônio caiçara.
Denni Capetta
(Paranaguá, 2020)
1. Boi Mamão.
2. Pau de fita.
3. Fandango.
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A Preservação
do Patrimônio
Conhecer os instrumentos legais de proteção ao
patrimônio cultural é um direito e um dever de to-
dos. Por meio deles, podemos dialogar com o poder
público, buscando medidas eficazes para agregar di-
namismo e valorização à paisagem e identidade cul-
turais.
O conhecimento também é uma maneira de
ampliar a gama de referências culturais reconheci-
das. Ao compreender os mecanismos e conceitos pa-
trimoniais, podemos relacioná-los com nossas vivên-
cias comunitárias e aplicá-los no dia a dia.
Em Paranaguá, cidade mãe do Paraná, o patri-
mônio cultural é vivenciado na arquitetura, na gas-
tronomia, nas expressões, nos objetos, nos modos
de fazer, nos rituais e nas celebrações que exaltam a
diversidade de povos que deram origem ao parnan-
guara.
A cidade tem, por exemplo, dezenas de samba-
quis, considerados propriedades da União e prote-
gidos por legislação própria. Estes locais requerem
atenção e cuidado da população em prol de sua con-
servação. Os sambaquis representam os últimos ves-
tígios dos povos que viveram no Brasil milênios atrás.
Por isso, cuidar do nosso patrimônio é preservar
nossa história e exaltar nossas raízes!
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A Preservação do
Marco Zero de Paranaguá
O prédio da Catedral Diocesana de Paranaguá é
tombado em nível estadual como patrimônio histórico
e artístico do Paraná, assim como em nível federal, por
pertencer ao conjunto do Centro Histórico de Paranaguá.
Trata-se, portanto, de um patrimônio parnanguara e de
todos os paranaenses!
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O Projeto Marco Zero foi concebido a partir da
necessidade apresentada pela Diocese de Paranaguá,
responsável pela Catedral, que passou a vivenciar com
mais frequência, ao longo dos últimos anos, episódios
adversos em razão da dificuldade de conservação e
manutenção da estrutura física da igreja.
Os projetos técnicos e de restauro, iniciados em
2023 e que devem ser concluídos em dezembro de
2025, são documentos essenciais que embasam a pro-
posta de intervenção no prédio, que precisa ser apro-
vada para execução pelos órgãos competentes.
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A Diocese de Paranaguá
A fé cristã chegou ao Paraná com os colonizadores,
na década de 1550. O legado da religião em Paranaguá
vai além da fé, e envolve relações sociais, desenvolvimen-
to regional, economia, calendário local e turismo em ní-
vel estadual e nacional.
A Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de
Paranaguá foi estabelecida em 5 de abril de 1655, pelo
Prelado do Rio de Janeiro. Foi a primeira paróquia do es-
tado do Paraná e a mais meridional do Brasil na época de
sua criação, sendo símbolo do início da organização reli-
giosa formal na região.
Já a Diocese de Paranaguá foi estabelecida em 1959,
sendo formalmente desmembrada da Arquidiocese
de Curitiba. Hoje, a Diocese abrange 13 municípios,
sendo seis localizados na Região Metropolitana de
Curitiba e sete na região do Litoral Paranaense.
Os meses de setembro, outubro e novem-
bro são especiais para os fiéis, quando são
celebradas Nossa Senhora das Mercês,
Nossa Senhora do Rosário e Nossa
Senhora do Rocio, com novenas,
procissões, missas e festas popula-
res. Respectivamente, as come-
morações acontecem na Ermida
da Ilha da Cotinga, na Catedral
Diocesana de Paranaguá e no
Santuário Estadual de Nossa
Senhora do Rocio.
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1. Igreja Nossa Senhora do Rosário do
Saco do Morro de Guaraqueçaba*.
2. Paróquia Bom Jesus dos Perdões
de Guaraqueçaba.
3. Paróquia São Pedro Apóstolo de
Matinhos.
4. Paróquia São José e São Sebastião
de Pontal do Paraná.
5. Igreja Nossa Senhora do Bom
Sucesso de Guaratuba.
6. Igreja de Bom Jesus do Saivá de
Antonina.
7. Igreja de São Benedito
de Antonina.
8. Santuário de Nossa Senhora
do Pilar de Antonina.
9. Paróquia Nossa Senhora do Porto
de Morretes.
10. Igreja de São Benedito de Morretes.
11. Igreja de São Sebastião do Porto de
Cima de Morretes.
12. Catedral Diocesana de Paranaguá.
13. Igreja do Glorioso São Benedito
de Paranaguá*.
14. Santuário de São Francisco das
Chagas de Paranaguá.
15. Santuário Estadual de Nossa
Senhora do Rocio de Paranaguá.
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Atividades Educativas
1) As referências culturais fazem parte do nosso convívio
familiar e em comunidade. A partir dos conceitos e exemplos
de patrimônio que mencionamos nas páginas anteriores, lhe
convidamos para fazer uma reflexão sobre uma referência
cultural vivenciada por você e sua importância.
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2) Use os seus lápis de cor e a criatividade para colorir as
ilustrações abaixo:
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Os piratas e o primeiro milagre
de Nossa Senhora do Rosário
Em março de 1718, um galeão espanhol carregado
de prata adentrou a baía de Paranaguá em busca de su-
primentos antes de seguir viagem para a Europa. Mas
um temido navio pirata, chamado “Louise”, estava no seu
encalço desde alto mar!
O capitão espanhol decidiu ancorar na parte inter-
na da Ilha da Cotinga, enquanto os piratas se instalaram
do lado externo da Ilha, prontos para atacar. Quando
perceberam a situação, os es-
panhois se aproximaram do
porto da Vila de Paranaguá.
A população ficou em pâ-
nico, temendo que os piratas
não só roubassem o cargueiro,
mas também invadissem a vila.
Desesperados, os mora-
dores se reuniram na igreja
matriz e começaram a rezar
o rosário, implorando
pela proteção da padro-
eira, Nossa Senhora do
Rosário. Foi então que o
céu escureceu e uma tem-
pestade se formou! Desprevenidos
e sem tempo para se esconder,
os piratas foram atingidos pela
fúria da natureza e naufragaram.