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Dissertação

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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Civil

ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA


SALAMONDE II

RUI FILIPE RODRIGUES GOES FERREIRA


(Licenciado em Engenharia Civil)

Trabalho Final de Mestrado para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil


Especialização em Hidráulica

Orientadores:
Mestre, Alexandre Almeida Mendes Borga
Licenciado, Pedro Miguel Ribeiro Calhamar Soares

Juri:
Presidente: Doutor, João Alfredo Ferreira dos Santos
Vogais: Mestre, Sandra Maria Mendes de Carvalho Martins
Mestre, Alexandre Almeida Mendes Borga
Licenciado, Pedro Miguel Ribeiro Calhamar Soares

JANEIRO DE 2013
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Aos meus Pais, Família e Amigos.

“Não tentes ser bem-sucedido, tenta antes ser um homem de valor.”

Albert Einstein

I
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

II
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

AGRADECIMENTOS

Antes de mais, gostaria de agradecer aos membros da Contrusalamonde A.C.E.,


nomeadamente aos Exmos. Engenheiros Rosa Saraiva e Pedro Soares, Diretor de Centro de
Produção e Diretor de Obra, respetivamente, ambos pertencentes à Teixeira Duarte, S.A. por
terem viabilizado a oportunidade única de me integrar numa equipa de trabalho constituída
por excelentes profissionais.

Aos Exmos. Engenheiros Pedro Soares e José Cupertino, companheiros de casa, os meus mais
sinceros agradecimentos por todo o apoio, companhia e longas horas de conversa.

Ao Exmo. Engenheiro Pedro Fernandes, meu amigo, por toda a disponibilidade,


camaradagem e momentos de descontração.

Ao Exmo. Engenheiro Marco Januário, companheiro de escritório, por toda a paciência,


disponibilidade e orientações, facilitando imenso a minha integração tanto no grupo de
trabalho como no conhecimento da empreitada.

Aos Exmos. Engenheiros Francisco Romãozinho e Rui Conde por toda a disponibilidade e
paciência, durante o período de estágio e por todo o posterior auxilio dado, contribuindo
muito para execução deste trabalho final de mestrado.

Ao Exmo. Senhor Rui Pinto, encarregado de primeira, por toda a disponibilidade, paciência,
longas horas de conversa e por ter partilhado comigo a sua vasta experiência no terreno, o
meu muito obrigado.

Ao Exmo. Senhor João Gomes, desenhador orçamentista, por toda a disponibilidade e apoio
prestado, muito obrigado.

Ao Exmo. Senhor Engenheiro Bettencourt Ribeiro, do núcleo de betões do LNEC, pela


disponibilidade e informações disponibilizadas, muito obrigado.

Agradeço ainda aos Exmos. Engenheiros Nuno Lorga, João Quintela, Álvaro Inácio, Ana
Fortunato, Manuel Capinha, Ricardo Leitão e ao Exmo. Senhor Marco Simões, técnico de
qualidade, que sempre se mostraram disponíveis para me elucidarem sobre as variadas
temáticas da empreitada e me foram fornecendo as informações que fui solicitando ao longo

III
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

deste período de estágio, bem como a adequada orientação e debates sobre os temas
abordados no trabalho e respetiva aplicação prática dos mesmos, o meu mais sincero
agradecimento.

Agradeço ao corpo docente do Instituto Superior de Engenharia, que contribuiu para a minha
formação profissional. Em particular, agradeço ao Exmo. Engenheiro Alexandre Borga, que
me orientou neste trabalho.

A todos os meus colegas de faculdade, por tornarem os dias mais prazerosos, as aulas mais
divertidas e auxilio, muito obrigado. Sem vocês tudo seria mais difícil.

À minha colega e amiga Daniela Lopes, por todo o apoio na estruturação deste documento,
muito obrigado.

A todos os meus amigos e companheiros de longa data, por todos os momentos partilhados,
muitíssimo obrigado. É bom saber que posso contar convosco mesmo à distância.

Aos meus tios Petit e Nuno Vidigal agradeço por todo o apoio e disponibilidade ao longo
destes anos longe de casa.

À minha tia Teresa Fernandes pela verificação da tradução para Inglês do Resumo, muito
obrigado.

À minha família, em especial aos meus pais e irmã agradeço todo o apoio, compreensão e
sacrifício, mesmo que por vezes não fosse totalmente merecido e por me terem proporcionado
sempre as melhores condições para o meu sucesso académico.

IV
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

RESUMO

Tendo Portugal objetivos cada vez mais ambiciosos na utilização de energias renováveis,
aliados às condicionantes socioeconómicas e ambientais existentes que têm dificultado a
realização de novos investimentos em novos aproveitamentos, a EDP Gestão de Produção de
Energia realizou estudos onde verificou que a realização de reforços de potência seria uma
forma bastante atrativa de ultrapassar essas dificuldades e ao mesmo tempo responder às
solicitações energéticas atuais. É neste âmbito que se insere o Reforço de Potência de
Salamonde, Salamonde II.

Este trabalho foi elaborado na sequência de um estágio realizado para elaboração do trabalho
final de Mestrado em Engenharia Civil do ISEL, na área de especialização de Hidráulica, e
tem como objetivo relacionar o conhecimento académico com os aspetos práticos do exercício
profissional na área de construção dos órgãos e equipamentos de uma barragem.

O conteúdo deste trabalho é composto pelos seguintes temas: i) um breve enquadramento da


obra e definição dos objetivos do projeto, bem como uma descrição das características e
processos construtivos utilizados nos diferentes órgãos do circuito hidráulico; ii)
demonstração analítica das opções construtivas tomadas na execução do desvio provisório do
Rio Mau, concluindo-se que este estava bem dimensionado; iii) estudo das precipitações
máximas diárias, recorrendo à Lei de Gumbel, durante o período de estiagem, com o intuito
de se estimar o caudal máximo que irá escoar no Rio Mau durante a execução do seu desvio
definitivo, verificando que este ocorrerá no mês de setembro; iv) acompanhamento dos
trabalhos de execução da ensecadeira de jusante recorrendo, em parte, a uma nova
metodologia de betonagem, o BPCA (Betão com Prévia Colocação de Agregado) e também
uma análise comparativa dos custos unitários dos diferentes processos construtivos utilizados,
onde se evidenciou que esta técnica inovadora tem potencial, mas ainda carece de
automatização de processos.

Palavras-Chave: EDP, Reforço de Potência, Precipitações Máximas, Lei de Gumbel, Caudal


Máximo, BPCA.

V
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

VI
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

ABSTRACT

Having Portugal increasingly ambitious goals in renewable energy, combined with existing
environmental and socioeconomic constraints that have hindered new investment in new
exploitations, EDP Energy Production Management conducted studies which found that the
achievement of power reinforcements would be a very attractive way to overcome these
difficulties and at the same time respond to current energy demands. It Is in this context that
fits the Power Reinforcement of Salamonde, Salamonde II.

This work was prepared following a stage for preparation of the final Master's in Civil
Engineering from ISEL, in the area of specialization of Hydraulics, and aims to relate
academic knowledge with practical aspects of professional practice in the area of construction
equipment and organs of a dam.

The content of this paper includes the following topics: i) a brief definition and framework of
the work and project objectives, as well as a description of the features and construction
methods used in the different organs of the hydraulic circuit, ii) demonstration of the
constructive choices made in the execution of temporary deviation of the Rio Mau,
concluding that it was well designed; iii) study of the maximum daily rainfall, using the
Gumbel Law, during the dry season, in order to estimate the maximum flowrate that will flow
on the Rio Mau during the execution of definitive deviation, noting that this will occur in
September; iv) monitoring the implementation of the downstream cofferdam, resorting in part
to a new method of concreting, the BPCA (Concrete with prior placement of aggregate) and
also an comparative analysis of unit costs from the different construction processes used,
which showed that this innovative technique has potential, but still lacks automation of
processes.

Keywords: EDP, Power Reinforcement, Maximum Precipitation, Gumbel Law, Maximum


Flow, BPCA.

VII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

VIII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 1
2. A EMPREITADA ......................................................................... 3
2.1. O A.C.E. ..................................................................................................................................... 3
2.2. Enquadramento ........................................................................................................................... 3
2.2.1. Introdução .......................................................................................................................... 3
2.2.2. Sistema do Rio Cávado, Rabagão e Homem ..................................................................... 5
2.2.3. Aproveitamento Hidroeléctrico de Salamonde .................................................................. 7
2.3. Objectivos e Justificação do Projeto ........................................................................................... 9
2.4. Reforço de Potência .................................................................................................................. 13
2.4.1. Concepção Geral .............................................................................................................. 13
2.4.2. Circuito Hidraulico .......................................................................................................... 17
2.4.3. Central ............................................................................................................................. 32
2.4.4. Túneis de Acesso e de Ataque ......................................................................................... 35
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................37
3.1. Desvio Provisório do Rio Mau ................................................................................................. 37
3.1.1. Enquadramento ................................................................................................................ 37
3.1.2. Elaboração da Nota Técnia 27 ......................................................................................... 38
3.1.3. Precipitação Máxima Diária Mensal ................................................................................ 43
3.2. Ensecadeira de Jusante ............................................................................................................. 53
3.2.1. Enquadramento ................................................................................................................ 53
3.2.2. Acompanhamento dos Trabalhos Desenvolvidos ............................................................ 59
3.2.3. Avaliação de Custos: BPCA vs BC ................................................................................. 87
4. CONCLUSÃO ............................................................................. 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................99
ANEXOS ....................................................................................... 101
Anexo A: Nota Técnica 27
Anexo B: Perfis Transversais (Desvio Provisório do Rio Mau)
Anexo C: Planta da Bacia Hidrográfica do Rio Mau
Anexo D: Levantamento Topo-Hidrográfico, Jusante da Ensecadeira – Planta e Perfis Transversais
Anexo E: Ensecadeira de Jusante – Pré-Corte, Levantamento Topo-Hidrográfico, Planta e Perfis Transversais
Anexo F: Alçado da Ensecadeira
Anexo G: Perfis Transversais da Ensecadeira
Anexo H: Equipamentos Afetos à Atividade Betonagem
Anexo I: Mão-De-Obra Afeta à Actividade Betonagem

IX
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

X
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – ESQUEMA GERAL DO SISTEMA CÁVADO-RABAGÃO-HOMEM, ..................................... 5


FIGURA 2.2 – ESQUEMA GERAL DO SISTEMA CÁVADO-RABAGÃO-HOMEM. ..................................... 6
FIGURA 2.3 – BARRAGEM DE SALAMONDE. ................................................................................................ 7
FIGURA 2.4 – IMPLANTAÇÃO GERAL DOS APROVEITAMENTOS ENERGÉTICO DE SALAMONDE E
SALAMONDE II. ....................................................................................................................................... 13
FIGURA 2.5 – PERFIL LONGITUDINAL DO APROVEITAMENTO SALAMONDE II. ................................. 1
FIGURA 2.6 – PLANTA E PERFIL LONGITUDINAL DO CIRCUITO HIDRÁULICO DE SALAMONDE II.
..................................................................................................................................................................... 18
FIGURA 2.7 – PLANTA GERAL DA TOMADA DE ÁGUA. ........................................................................... 20
FIGURA 2.8 – CORTE LONGITUDINAL DA TOMADA DE ÁGUA. ............................................................. 21
FIGURA 2.9 – TOMADA DE ÁGUA.................................................................................................................. 22
FIGURA 2.10 – PERFIL LONGITUDINAL DA ADUÇÃO. .............................................................................. 23
FIGURA 2.11 – RAISE-BORING ........................................................................................................................ 24
FIGURA 2.12 – LIMPEZA DE ESCOMBRO NO TRECHO VERTICAL DE ADUÇÃO. ................................ 25
FIGURA 2.13 – PERFIL LONGITUDINAL DA RESTITUIÇÃO A JUSANTE DA CENTRAL ...................... 26
FIGURA 2.14 – PERFIL LONGITUDINAL DA CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO. .............................................. 28
FIGURA 2.15 – PLANTA DA RESTITUIÇÃO .................................................................................................. 30
FIGURA 2.16 – PERFIL LONGITUDINAL DA RESTITUIÇÃO ...................................................................... 30
FIGURA 2.17 – PLANTA DO PISO PRINCIPAL DA CENTRAL .................................................................... 33
FIGURA 2.18 – CORTE LONGITUDINAL DA CAVERNA PELO EIXO DO GRUPO GERADOR .............. 33
FIGURA 2.19 – CORTE TRANSVERSAL DA CAVERNA PELO EIXO DO GRUPO .................................... 34
FIGURA 2.20 – TUNEIS DE ACESSO E DE ATAQUE .................................................................................... 35
FIGURA 3.1 – ESCOMBREIRA E DESVIO DO RIO MAU .............................................................................. 38
FIGURA 3.2 – VISTA GERAL DA ESCOMBREIRA ........................................................................................ 39
FIGURA 3.3 – CANAL DE DESVIO DO RIO MAU ........................................................................................ 39
FIGURA 3.4 – PERFIL TRANSVERSAL TIPO ................................................................................................. 40
FIGURA 3.5 – CASCATA A JUSANTE DAS MANILHAS .............................................................................. 40
FIGURA 3.6 – CURVA DE CAPACIDADE DE TRANSPORTE NUMA SECÇÃO CIRCULAR. .................. 42
FIGURA 3.7 – PLANTA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAU. ......................................................... 47
FIGURA 3.8 – MAPA DE ISOLINHAS DOS VALORES MÁXIMOS DA PRECIPITAÇÃO EM 60 MIN
EXPRESSOS EM PERCENTAGEM DOS VALORES EM 24 H.............................................................. 50
FIGURA 3.9 – PLANTA DO CANAL DE RESTITUIÇÃO. .............................................................................. 53
FIGURA 3.10 – INSTALAÇÃO DAS BOMBAS DE DERIVAÇÃO ................................................................. 54
FIGURA 3.11 – SECÇÃO TIPO DA ENSECADEIRA DE JUSANTE DA ZONA COM ALTURA MÁXIMA55
FIGURA 3.12 – ARGAMASSA PARA BPCA .................................................................................................... 56
FIGURA 3.13 – AGREGADO GROSSO PARA BPCA ...................................................................................... 57

XI
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

FIGURA 3.14 – BATELÃO MODULAR. ........................................................................................................... 60


FIGURA 3.15 – EQUIPAMENTO PARA PERFURAÇÃO SUBMERSA .......................................................... 62
FIGURA 3.16 – COLOCAÇÃO DA BARRENA E PERFURAÇÃO SUBAQUÁTICA. ................................... 63
FIGURA 3.17 – PREPARAÇÃO DA PLATAFORMA DE TRABALHOS. ....................................................... 64
FIGURA 3.18 – PLATAFORMA DE TRABALHOS ANTES E DURANTE A ABERTURA DAS
COMPORTAS............................................................................................................................................. 65
FIGURA 3.19 – REMOÇÃO DE ESCOMBRO DO CANAL DA RESTITUIÇÃO. ........................................... 65
FIGURA 3.20 – PLANTA DA MALHA DE PRÉ-CORTE DA ENSECADEIRA.............................................. 66
FIGURA 3.21 – PERFURAÇÃO MECÂNICA E COLOCAÇÃO MANUAL DOS EXPLOSIVOS. ................. 67
FIGURA 3.22 – BRITAGEM DE AGREGADO PARA BPCA........................................................................... 68
FIGURA 3.23 – CENTRAL DE LAVAGEM E CRIVAGEM DE AGREGADO PARA BPCA. ....................... 69
FIGURA 3.24 – SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DA CENTRAL DE LAVAGEM. ........................................ 69
FIGURA 3.25 – TRABALHOS DE LIMPEZA DA ROCHA DE FUNDAÇÃO. ............................................... 70
FIGURA 3.26 – LÂMINA DE ESTANQUEIDADE COM 32CM DE LARGURA. ........................................... 70
FIGURA 3.27 – ROÇO E LÂMINA DE PVC. .................................................................................................... 71
FIGURA 3.28 – CENTRAL DE BETÃO ............................................................................................................. 74
FIGURA 3.29 – APLICAÇÃO DO BETÃO COM RECURSO A TELEBELT .................................................. 74
FIGURA 3.30 – VIBRAÇÃO DO BETÃO .......................................................................................................... 75
FIGURA 3.31 – ISOLAMENTO DAS JUNTAS VERTICAIS DAS COFRAGENS .......................................... 76
FIGURA 3.32 – BRITAGEM DO MATERIAL ROCHOSO RETIRADO DO RIO ........................................... 77
FIGURA 3.33 – COLOCAÇÃO DO AGREGADO GROSSO NA ESTRUTURA DE ENTRADA DA
CENTRAL DE LAVAGEM ....................................................................................................................... 77
FIGURA 3.34 – PROCESSO DE LAVAGEM E CRIVAGEM DO AGREGADO. ............................................ 77
FIGURA 3.35 – COLOCAÇÃO DO AGREGADO NOS BLOCOS ................................................................... 78
FIGURA 3.36 – ESPALHAMENTO GERAL DOS AGREGADOS ................................................................... 78
FIGURA 3.37 – COLOCAÇÃO DO DEPÓSITO E DAS MANGUEIRAS DE DISTRIBUIÇÃO. .................... 79
FIGURA 3.38 – GEOTÊXTIL SOBRE A CAMADA DE AGREGADO. ........................................................... 79
FIGURA 3.39 – BOMBEAMENTO DA ARGAMASSA .................................................................................... 80
FIGURA 3.40 – APLICAÇÃO DA ARGAMASSA. ........................................................................................... 80
FIGURA 3.41 – FIM DA APLICAÇÃO DA ARGAMASSA.............................................................................. 81
FIGURA 3.42 – ENTUPIMENTO DE MANILHA. ............................................................................................ 82
FIGURA 3.43 – BETONAGEM DO SOCO......................................................................................................... 83
FIGURA 3.44 – NEGATIVO NO CORPO DA ENSECADEIRA. ...................................................................... 83
FIGURA 3.45 – OPERAÇÃO DE ESTANCAGEM DE FUGA DE ARGAMASSA. ......................................... 86
FIGURA 3.46 – FINALIZAÇÃO DOS TRABALHOS NA ENSECADEIRA DE JUSANTE............................ 86

XII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

INDÍCE DE QUADROS

QUADRO 2.1 – LISTA DE REFORÇOS DE POTENCIA.................................................................................... 4


QUADRO 3.1 – PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS DIÁRIAS DOS MESES EM ESTUDO. ................................. 44
QUADRO 3.2 – PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS DIÁRIAS PARA OS MESES EM ESTUDO. ........................ 46
QUADRO 3.3 – TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA EM ESTUDO. .................. 48
QUADRO 3.4 – VALORES DO COEFICIENTE C DA FÓRMULA RACIONAL............................................ 49
QUADRO 3.5 – RELAÇÃO ENTRE VALORES DA PRECIPITAÇÃO EM N E EM 60 MIN. ........................ 51
QUADRO 3.6 – CONDICIONAMENTOS NA ALBUFEIRA DA BARRAGEM DA CANIÇADA ................. 60
QUADRO 3.7 – PARCELA DAS COTAS DO LEITO ROCHOSO (CLR) E DO CANAL DE PROJETO (CP)61
QUADRO 3.8 – DETERMINAÇÃO DA MALHA DE PRÉ-CORTE................................................................. 67
QUADRO 3.9 – PLANO DE BETONAGENS DA ENSECADEIRA DE JUSANTE. ........................................ 72
QUADRO 3.10 – RENDIMENTOS DAS ATIVIDADES AFETAS ÀS BETONAGENS. ................................. 84

XIII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

XIV
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

LISTA DE ABREVIATURAS

A.C.E. Agrupamento Complementar de Empresas


BC Betão Convencional
BPCA Betão com Prévia Colocação de Agregado
CLR Cota do Leito Rochoso
CP Cota de Projeto
DIA Declaração de Impacte Ambiental
DQA Diretiva Quadro da Água
EDP Eletricidade de Portugal
EIA Estudo de Impacte Ambiental
Lean Levar a Empresa ao Mais Alto Nível
LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil
NPA Nível de Pleno Armazenamento
NMC Nível de Máxima Cheia
Nme Nível de Mínimo de Exploração
PVC Polyvinyl Chloride (Policloreto de Vinila)
RNT Rede Nacional de Transporte
S.C. Sobre Consumo

XV
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

XVI
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

SIMBOLOGIA

a, n Coeficientes
A Área da Secção Transversal; Área da Bacia Hidrográfica
C Coeficiente de Escoamento
D Diâmetro
E Energia Específica
F(x) Função de Distribuição
h Altura de Escoamento
i Inclinação Média
ic Intensidade Crítica de Precipitação
J Declive Médio do Curso de Água
k Fator de Probabilidade
Ks Coeficiente de Rugosidade de Manning-Srtickler
L Comprimento da Linha de Água Principal
P Precipitação
PH Perímetro Molhado
Ptotal Precipitação Total
Pútil Precipitação Útil
P30 Precipitação Máxima com uma Duração de 30 min.
P60 Precipitação Máxima com uma Duração de 60 min.
Q Caudal
Qp Caudal de Ponta
Rh Raio Hidráulico

𝑠′ Desvio Padrão
T Período de Retorno
tc Tempo de Concentração

XVII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

U Velocidade de Escoamento
Zmáx. Cota Máxima do Curso de Água
Zmin. Cota Mínima do Curso de Água

𝑥̅ Média
θ Ângulo ao Centro da Superfície Livre

XVIII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

1. INTRODUÇÃO

O presente Relatório de Estágio enquadra-se no âmbito do Trabalho Final de Mestrado do


curso de Engenharia Civil, na área de especialização de Hidráulica do Instituto Superior de
Engenharia de Lisboa, e foi desenvolvido na empresa Construsalamonde, A.C.E., sob a
orientação do Engenheiro Alexandre Mendes Borga, Professor Adjunto da Área
Departamental de Engenharia Civil e do Engenheiro Pedro Miguel Ribeiro Calhamar Soares,
Diretor da Empreitada.

A sua realização debruçou-se sobre o reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de


Salamonde, freguesia do conselho de Vieira do Minho, distrito de Braga e que integra a bacia
hidrográfica do Rio Cávado. Teve uma duração de quatro meses, iniciando-se a 5 de Março e
terminando a 6 de Julho de 2012.

A opção pelo estágio para a conclusão do Mestrado do curso de Engenharia Civil, na área de
especialização de Hidráulica, deveu-se à oportunidade de relacionar o conhecimento
académico com os aspetos práticos do exercício profissional na área de construção dos órgãos
e equipamentos de uma barragem, procurando responder aos seguintes objetivos:

• Compreender as diversas fases de construção previstas no projeto de execução;


• Adquirir capacidade de identificar incompatibilidades no projeto face à realidade da
obra e de justificar as soluções adotadas;
• Aperfeiçoar o sentido crítico;
• Promover a capacidade de adaptação ao trabalho de equipa multidisciplinar;
• Compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissional.

Este relatório é constituído por dois grandes capítulos. No primeiro capítulo será feito um
breve enquadramento da obra e definição dos objetivos do projeto, bem como uma descrição
das características e processos construtivos utilizados nos diferentes órgãos do circuito
hidráulico. De seguida, o segundo capítulo irá dedicar-se à descrição e explicitação de
algumas atividades, as mais relevantes, realizadas no âmbito do acompanhamento da obra.
Este último capítulo está dividido em três subcapítulos em que se descreve a execução de uma
nota técnica, com o intuito de justificar ao Dono de Obra as opções tomadas pelo A.C.E. no
desvio provisório do Rio Mau; o estudo das precipitações máximas diárias durante o período

1
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

de estiagem, tendo como objetivo estimar os caudais máximos que iriam escoar no Rio Mau
durante o período de execução do desvio definitivo deste; e o acompanhamento dos trabalhos
de execução da ensecadeira de jusante recorrendo a uma nova metodologia de betonagem, o
BPCA (Betão com Prévia Colocação de Agregado).

Por fim, numa breve conclusão, procura-se dar resposta aos objetivos inicialmente propostos,
como também, esclarecer de que forma é que a realização deste trabalho contribuiu para o
desenvolvimento de competências pessoais e profissionais e as suas implicações para o
futuro.

2
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2. A EMPREITADA

2.1. O A.C.E.

O CONSTRUSALAMONDE, A.C.E. é um agrupamento complementar de empresas


constituída pela Teixeira Duarte, S.A., pela EPOS, S.A. e pela Seth, criado no âmbito da
empreitada de reforço da potência do aproveitamento hidroelétrico de Salamonde -
Salamonde II.

2.2. ENQUADRAMENTO

Este capítulo foi redigido utilizando como base de apoio a memória descritiva da Empreitada,
Reforço de Potência do Aproveitamento Hidroelétrico de Salamonde – Salamonde II.

2.2.1. INTRODUÇÃO

Após estudos efetuados pela EDP Gestão de Produção de Energia em 2007, no âmbito da
revisão do inventário de recursos hidroelétricos em Portugal, com o intuito de analisar
possíveis reforços de potência, concluiu-se que esta seria uma forma bastante atrativa de
ultrapassar as dificuldades de realizar investimentos em novos aproveitamentos, devido a
condicionantes ambientais, e ao mesmo tempo responder às solicitações energéticas, as quais
têm vindo a aumentar exponencialmente ao longo dos anos.

As novas realidades do mercado, que introduzem uma valorização acrescida às energias de


ponta, constituem um incentivo para a realização destes investimentos, anteriormente só
justificáveis pelos descarregamentos evitados, o que não era argumento suficiente para a
viabilização de todos os reforços.

3
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Mesmo tendo sido lançados novos investimentos em centros produtores hidroelétricos, com o
lançamento do Plano de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, continua a fazer
sentido para a EDP o investimento em reforços, atendendo aos objetivos cada vez mais
ambiciosos do país na utilização de energias renováveis, objetivos esses igualmente
partilhados pela EDP (Quadro 2.1).

O aumento da produção energética por via eólica conduziu a um aumento do interesse nestes
reforços de potência, agora com equipamentos reversíveis que permitem o aproveitamento do
excesso de produção eólica em horas de menor consumo.

Também os novos contratos de concessão para os aproveitamentos hidroelétricos de maior


importância do parque da EDP, assinados em 2008 com prazos mais alargados, introduziram
mais um fator de valorização dos reforços ao contemplarem no seu clausulado a possibilidade
de realização de investimentos em reforços de potência desde que devidamente autorizados. A
realização destes investimentos nestas condições atribui à concessionária o direito de extensão
do prazo de concessão, associada à potência a instalar, conforme está previsto na Lei da Água
e nos diplomas que a complementam.

Quadro 2.1 – Lista de Reforços de Potencia, (EDP.pt).

4
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.2.2. SISTEMA DO RIO CÁVADO, RABAGÃO E HOMEM

O Sistema Hidroelétrico Cávado - Rabagão - Homem é constituído pelos escalões Alto


Rabagão (o qual beneficia também de uma derivação de afluências feita a partir do rio
Cávado, da barragem do Alto Cávado), Paradela / Vila Nova, Venda Nova / Vila Nova,
Venda Nova / Frades (Venda Nova II), Salamonde, Caniçada, Vilarinho das Furnas, todos
explorados pela Direção de Produção Hidráulica da EDP Produção.

Nas Figuras 2.1 e 2.2 apresenta-se a configuração geral do sistema até ao aproveitamento da
Caniçada.

Figura 2.1 – Esquema Geral do Sistema Cávado-Rabagão-Homem, (EDP, 2010)

5
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 2.2 – Esquema Geral do Sistema Cávado-Rabagão-Homem, (EDP, 2010).

As importantes disponibilidades hídricas da região associadas ao seu alto nível de


pluviosidade (o mais elevado do País), potenciadas pela existência de significativa capacidade
de regularização de afluências (albufeiras do Alto Rabagão e Venda Nova) e ainda a
possibilidade de tirar partido das quedas proporcionadas pelos empreendimentos existentes,
motivaram, desde a década de 1970, o interesse em estudar reforços da potência hidroelétrica
nos locais dos empreendimentos já construídos.

A maior parte dos recursos hidroenergéticos disponíveis na bacia do rio Cávado já se


encontram aproveitados, não estando previsto a construção de novos aproveitamentos
hidroelétricos. No entanto, o tempo de vida já relativamente longo de vários centros
produtores em exploração e a evolução dos critérios de dimensionamento em potência,
entretanto verificada neste tipo de centrais, tem vindo a despertar o interesse em continuar a
estudar e a construir reforços da potência em alguns dos escalões.

Com este objetivo entrou em serviço industrial em 2005 o reforço de potência do


aproveitamento de Venda Nova II, Frades, sendo que em 2009 iniciaram a construção do
reforço de potência de Venda Nova III, onde procuraram essencialmente otimizar a instalação
de equipamentos reversíveis utilizando as albufeiras já existentes (Venda Nova e Salamonde),
permitindo assim tirar partido de alguns descarregamentos efetuados durante as épocas mais
húmidas.

6
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

O conjunto das albufeiras que alimentam as centrais do sistema tem uma elevada capacidade
de armazenamento, aproximadamente 1100 hm³, equivalente a 1640 GWh, dos quais 64%
correspondem à albufeira do Alto Rabagão. A queda bruta total, entre o nível de retenção da
albufeira do Alto Rabagão e a restituição do circuito hidráulico da Caniçada, é de cerca de
840 m.

2.2.3. APROVEITAMENTO HIDROELÉCTRICO DE SALAMONDE

A barragem de Salamonde entrou em serviço em 1953, sendo esta uma barragem de abóbada
com 75 m de altura e coroamento à cota (271,00), (Figura 2.3).

Figura 2.3 – Barragem de Salamonde, (Contrusalamonde, 2012).

A albufeira criada pela barragem de Salamonde é uma albufeira limitada em termos de área e
de capacidade de armazenamento. No NPA, à cota (270,36), a albufeira cobre uma área de 2,4
km² e tem uma capacidade total de armazenamento de 65 hm³. No entanto, para a amplitude
de 9,8 m correspondente à variação da cota da albufeira em exploração normal, a capacidade
útil de armazenamento é de apenas 20 hm³.

Para além da barragem, o existente escalão de Salamonde inclui um circuito hidráulico


subterrâneo, estando a tomada de água na margem esquerda do rio Cávado, na albufeira de
Salamonde, e a restituição na margem direita do mesmo rio, permitindo aproveitar uma queda
geométrica variável entre 108 e 129 m o que corresponde a uma média de cerca de 118 m.

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A atual central de Salamonde, em caverna, localiza-se a montante do circuito hidráulico na


margem esquerda do rio Cávado. Encontra-se equipada com dois grupos geradores do tipo
Francis, com potência nominal unitária de 21 MW (25 MVA) e um caudal nominal unitário
de 21 m³/s. O caudal turbinado é restituído ao Cávado por uma galeria com cerca de 2 km de
comprimento e 30 m² de secção. De acordo com os estudos realizados para o presente projeto,
estima-se na situação atual uma produtibilidade próxima de 200 GWh/ano.

A área total de bacia dominada pela albufeira de Salamonde é de aproximadamente 640 km²,
gerando um escoamento anual médio ligeiramente superior a 1030 hm3, ou seja, um módulo
de 33 m³/s.

Os escoamentos afluentes à albufeira de Salamonde são previamente regularizados nas


albufeiras do Alto Rabagão, Venda Nova e Paradela, albufeiras essas que têm uma capacidade
de armazenamento útil total bastante elevada, cerca de 820 hm³, ou seja 80% do escoamento
médio anual o que permite regularizar de forma significativa as afluências a Salamonde.

O equipamento instalado na central atual está preparado para suportar apenas um caudal
ligeiramente superior ao caudal médio afluente (fator de equipamento igual a 1,27), o que
implica uma reduzida capacidade de modulação da produção e volumes descarregados
significativos. Esta característica era compatível com a da rede nacional nas décadas de 50 e
de 60, quando a maior parte da produção elétrica nacional tinha origem hidroelétrica e onde se
pedia aos aproveitamentos de albufeira essencialmente energia de base.

Com a evolução das características da rede, os aproveitamentos hidroelétricos são solicitados


a fornecer essencialmente energia em horas cheias e de ponta, bem como a equilibrar as
flutuações de produção resultantes da variabilidade das origens eólicas. A capacidade total de
produção eólica encontra-se em franco crescimento, cabendo atualmente à origem térmica o
fornecimento da energia de base.

Por este motivo encontra-se em fase de implementação por parte da EDP Produção um
programa de reequipamento de muitos dos aproveitamentos mais antigos, quer a fio-de-água
(aproveitamentos do Douro Internacional) quer de albufeira (aproveitamentos do sistema
Cávado-Rabagão). É neste contexto que se integra o reforço de potência do aproveitamento de
Salamonde (Salamonde II).

O aumento da capacidade instalada na nova central de Salamonde II permitirá reduzir as


descargas incontroladas e, consequentemente aumentar a produção de energia associada aos

8
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

recursos hídricos próprios (cerca de 76 GWh/ano, segundo a EDP). Mais significativamente,


o aumento de potência permitirá modular a produção em função do pedido, aumentando de
forma significativa a flexibilidade do aproveitamento e a valia da energia produzida.

A construção de centrais reversíveis tem vindo a ser implementada de forma particularmente


intensa nos últimos anos, tendo a EDP começado pelo aproveitamento da Aguieira III (1981,
336 MW) e prosseguido no sistema Cávado-Rabagão com a central de Vilarinho das Furnas
II, que opera entre as albufeiras da Caniçada e de Vilarinho das Furnas, com um desnível da
ordem dos 390m (1987, 74 MW). Entretanto, mais recentemente entraram em serviço a
central de Alqueva (2005, 240 MW), Venda Nova II (Frades) explorando a queda de 420m
entre as albufeiras de Venda Nova e de Salamonde (2007, 240 MW), Picote II (2011, 246
MW), Bemposta II (2011, 191 MW) e Alqueva II (2012, 269 MW).

Atualmente encontra-se em construção, para além da central Salamonde II a central de Venda


Nova III, entre as albufeiras de Venda Nova e Salamonde (queda de 420 m, 736 MW).
Perspetiva-se o arranque nos próximos anos do reforço de potência de Paradela II, entre as
albufeiras do Alto Cávado e Salamonde (queda de 460 m, 318MW).

2.3. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJETO

O reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Salamonde (Salamonde II) insere-se


na estratégia da EDP de promoção e exploração de centros electroprodutores que utilizam
fontes renováveis, alinhada com os objetivos nacionais de produção de energia elétrica neste
campo.

O reforço de potência de Salamonde faz parte de um lote alargado de aproveitamentos que


foram objeto de uma análise multicritério do interesse de ver reforçada a sua potência
instalada, tendo sido considerado pela EDP como um dos mais importantes.

Os reforços analisados tinham também como objetivo aumentar a capacidade instalada de


bombagem, como complemento essencial para o acréscimo de energia de origem eólica no
Sistema Elétrico Nacional, com as características aleatórias que lhe estão associadas.

9
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Tanto o aumento de capacidade instalada de origem eólica, como o aumento em


aproveitamentos hidroelétricos, de raiz ou pela via de reforços de potência, representam um
elevado contributo para os diversos compromissos internacionais que Portugal assumiu,
nomeadamente no que se refere às exigências de limitação dos Gases com Efeito de Estufa no
quadro da participação da União Europeia no Protocolo de Quioto, e também às metas
consideradas na Diretiva Europeia relativa à promoção da utilização de energia proveniente
de fontes renováveis.

A nova Diretiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho aponta para um objetivo


de aumentar para 20% a quota de energia proveniente de fontes renováveis, no consumo
energético global da União Europeia até 2020. Este objetivo europeu foi repartido de forma
diferenciada pelos Estados Membros, cabendo a Portugal em termos da participação dessas
fontes no consumo final de energia, passar dos 20,5% de participação de fontes renováveis no
consumo final de energia, verificados em 2005, para 31% a atingir em 2020, o que será difícil
sem uma aposta clara na produção hidroelétrica, nomeadamente dos reforços de potência. No
âmbito da aplicação desta Diretiva terá de ser definido um Plano de Ação Nacional,
discriminando a forma como se prevê atingir esse nível através dos sectores do aquecimento e
arrefecimento, dos transportes e da eletricidade. Neste último, espera-se que as “renováveis”
representem 60% da meta a atingir em 2020, sendo o principal instrumento de cumprimento
do objetivo nacional, objetivo esse difícil de atingir sem uma aposta clara na produção de
energia hidroelétrica.

Segundo a Quercus, “o valor real da percentagem de eletricidade produzida a partir de fontes


renováveis em 2011 foi de 46,8%”, sendo que em 2010 esse valor foi de 53,2%, 36,5% em
2009 e de 27,8% em 2008. Estes valores demonstram bem o grande investimento que está a
ser feito pelo país nas energias renováveis, reduzindo assim a dependência nacional nas
necessidades de combustíveis fósseis, para produção de energia, importados na quase
totalidade, com um peso muito significativo na balança comercial do país.

A concretização de mais este projeto de reforço de potência terá efeitos benéficos para o
sistema elétrico português, tanto mais que a potência instalada de 204 MW é bastante
significativa para um aproveitamento com um único grupo gerador, o que permitirá atingir
níveis de segurança de abastecimento acrescidos com algum significado.

Além disso, pelo nível de potência instalada referido, Salamonde II introduz na rede uma
reserva operacional com algum significado para os picos de consumo ou para uma perda

10
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

inesperada de produção de outro meio, seja ele térmico ou eólico, diminuição brusca de vento,
por exemplo.

Estas duas componentes aliadas à normal elevada disponibilidade e fiabilidade das centrais
hidroelétricas transformam-nas num fator importantíssimo e num garante da segurança de
abastecimento do sistema elétrico nacional.

A complementaridade dos aproveitamentos hidroelétricos com bombagem e com as eólicas,


não se manifesta somente na já referida possibilidade de diminuição generalizada de vento,
mas também nas flutuações constantes da sua intensidade, que será compensada com o
aumento ou diminuição rápida e automática da potência hídrica. Por outro lado, havendo
excesso de produção eólica em horas de menor consumo, situação que se admite cada vez
mais frequente no futuro, e não podendo ser utilizada diretamente na alimentação dos
consumos do sistema, evita-se o desperdício desta energia, empregando-a na bombagem
hidroelétrica, aumentando a energia armazenada nas albufeiras para utilização nas horas de
maior consumo.

O consumo de eletricidade têm vindo a crescer em Portugal, a taxas ainda muito significativas
quando comparadas com as de outros países europeus (a taxa média anual de crescimento do
consumo de eletricidade em Portugal entre 2000 e 2007 foi de cerca de 4%) segundo a EDP,
mantendo-se em crescimento na mesma ordem de grandeza até 2010, sendo expectável que
continuem a crescer. Assim este aumento de consumos tem que ser compensado com maior
potência instalada. Mesmo admitindo que se viesse a verificar uma estagnação do
crescimento, manter-se-ia o interesse de aumento da produção com base endógena e
renovável para que o país possa cumprir os compromissos ambientais, económicos e de
segurança atrás referidos.

Em 2011, segundo a Quercus, houve uma contração do PIB, bem como do consumo de
energia na ordem dos 3,2%. Esta quebra deveu-se essencialmente à grave crise financeira que
a Europa atravessa e ao constante aumento do IVA.

Um dos objetivos da política energética nacional é o de garantir a segurança de abastecimento


de energia, quer atuando na cadeia da oferta quer na da procura de energia. No primeiro caso
procurando diversificar os recursos primários a utilizar e respetivas origens e no segundo
promovendo medidas de eficiência energética.

11
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Assim, o reforço de potência agora em causa contribui para que nesse mix de produção
necessário, a energia hidroelétrica tenha uma taxa de crescimento que continue a garantir o
equilíbrio de fontes que permita alcançar o objetivo proposto para 2020: as “renováveis”
representarem 60% do mix.

O reforço de potência de Salamonde insere-se na estratégia da EDP, alinhada com a nacional,


de crescimento da capacidade de produção com base em fontes de energia renovável,
nomeadamente a produção hidroelétrica.

Este aumento de capacidade de produção por esta via vai também permitir cumprir um outro
objetivo da EDP de incorporação no seu parque produtor de centros electroprodutores
eficientes e não emissores de CO2, de forma a reduzir o valor médio dessa emissão.

Também o facto de o empreendimento ter capacidade de bombagem, outra das apostas da


estratégia da empresa, concorre para o interesse nacional de compensação do aumento
significativo de capacidade eólica, aproveitando ao mesmo tempo as condições de mercado
para a sua utilização de forma a garantir que este elevado investimento tenha associado o
retorno adequado a longo prazo.

Assim, os principais aspetos que justificam o interesse do projeto do Reforço de Potência de


Salamonde – Salamonde II, são:

• Aumento da capacidade de produção nacional com origem em fontes de energia


renováveis e endógenas;
• Redução das emissões de CO2, por substituição de outras formas de produção
emissoras de gases com efeito de estufa;
• Redução das importações de combustíveis fósseis;
• Aumento da capacidade de produção de energia elétrica em períodos de ponta;
• Potenciação do aumento de potência eólica instalada;
• Garantia de retorno do investimento a longo prazo;
• Desenvolvimento da economia local no período de construção.

12
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4. REFORÇO DE POTÊNCIA

2.4.1. CONCEPÇÃO GERAL

O reforço de potência do aproveitamento de Salamonde (Salamonde II), aproveitará a queda


compreendida entre as albufeiras de Salamonde e da Caniçada, cujos NPA se situam
respetivamente às cotas (270,36) e (152,50), com um desnível médio entre elas de 118 m.

A solução adotada consiste num esquema técnico implantado no maciço da margem esquerda
do rio Cávado constituído pelos seguintes elementos principais, (Figura 2.4):

• Um circuito hidráulico subterrâneo com 2,2 km de comprimento total, com tomada de


água na albufeira de Salamonde e restituição na albufeira de Caniçada;
• Uma central subterrânea, em caverna, equipada com um grupo reversível;
• Um edifício de apoio e subestação implantados numa plataforma situada à superfície,
sobre a central.

Figura 2.4 – Implantação Geral dos Aproveitamentos Energético de Salamonde e Salamonde II, (EDP, 2010).

A tomada de água localiza-se imediatamente a montante da barragem de Salamonde, tão perto


desta quanto possível, de modo a minimizar o comprimento do circuito hidráulico, mas,

13
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

simultaneamente, suficientemente afastada de modo a evitar qualquer interferência


significativa. A implantação adotada, cerca de 120 m a montante do encontro esquerdo da
barragem cumpre estas duas restrições e apresenta condições topográficas aceitáveis, embora
sofra de condicionamentos impostos pela proximidade da estrada de acesso à barragem.

A restituição na albufeira da Caniçada efetuar-se-á no vale do Cávado, cerca de 200 m a


montante da restituição do atual aproveitamento de Salamonde. Esta implantação permite
reduzir o comprimento do circuito hidráulico e facilitar o acesso, uma vez que poderá utilizar-
se o caminho existente ao longo da margem direita do Cávado, construído nos anos 50, para
acesso à restituição de Salamonde, bastando para tal beneficiá-lo e complementá-lo com uma
ponte que atravesse o rio. Além disso, a implantação da restituição de Salamonde II, a
montante da restituição de Salamonde, facilita a ensecagem do trecho intermédio do rio
Cávado. No entanto requererá a escavação do leito do rio até uma profundidade máxima de
5m, de modo a conseguir condições de operação aceitáveis em bombagem com a albufeira da
Caniçada perto do Nme.

No que se refere ao posicionamento da central, haverá vantagens significativas em instalá-la


perto da central atual, ou seja, imediatamente a jusante da barragem de Salamonde. Nestas
condições a subestação à superfície e o edifício de apoio ficarão próximos dos de Salamonde,
o que permitirá a conjugação dos trabalhos de operação, manutenção e segurança dos dois
aproveitamentos.

Simultaneamente, a colocação da central perto da tomada de água permitirá reduzir o


comprimento do circuito hidráulico de adução, de alta pressão e mais dispendioso, evitando
igualmente a necessidade de instalação de uma chaminé de equilíbrio.

O túnel de restituição, mais longo, terá baixa pressão interior, encontrando-se implantado a
significativa profundidade, em rocha de melhor qualidade. Este túnel, não revestido, disporá
necessariamente de uma chaminé de equilíbrio perto da sua extremidade de montante, tão
perto da central quanto possível.

Em termos altimétricos, o posicionamento da central foi condicionado pela operação em


bombagem com a albufeira da Caniçada perto do Nme, tendo sido adotada a cota (115,00)
para o plano da soleira. Na Figura 2.5 apresenta-se o perfil longitudinal do circuito hidráulico.

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 2.5 – Perfil Longitudinal do Aproveitamento Salamonde II, (EDP, 2010).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

O túnel de restituição é quase horizontal ao longo da maior parte do percurso, apenas subindo
com uma pendente de 10% junto à restituição na Caniçada, o que facilitará abertura do túnel e
a remoção dos escombros. Um poço de drenagem implantado no ponto baixo intermédio,
permitirá o esvaziamento do circuito hidráulico em caso de necessidade.

A concentração das estruturas principais (central, chaminé de equilíbrio, poço de


barramentos) junto à barragem de Salamonde permite concentrar os acessos e minimizar o seu
desenvolvimento total.

Foi tirado partido da depressão criada pela pedreira outrora aberta nessa zona com o intuito de
produção de inertes para aplicação nos betões da barragem, para deposição dos escombros
provenientes das escavações do reforço de potência de Salamonde.

A central de Salamonde II será equipada com um único grupo. O grupo de Salamonde II


encontra-se dimensionado para um caudal nominal em turbinamento de 200 m³/s, a que
corresponde em bombagem um caudal de 163 m³/s. A potência nominal em turbinamento,
referida à saída do alternador, é de 207 MW.

Sob o ponto de vista geológico, a formação ocorrente no local compreendido pelas obras de
reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Salamonde - Salamonde II,
corresponde ao Granito do Gerês. Este granito apresenta, de modo geral, fácies grosseiras, na
periferia, e porfiroides de grão médio a grosseiro, para o interior do maciço.

Os escombros resultantes da escavação das diferentes componentes do aproveitamento serão


depositados na antiga pedreira, utilizada nos anos 50 aquando das obras de construção da
barragem de Salamonde. O rio Mau, que atravessa esta pedreira, será desviado por um canal
em betão armado que contornará a pedreira e restituirá a água desviada ao leito natural.

16
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.2. CIRCUITO HIDRAULICO

2.4.2.1. DESCRIÇÃO GERAL

O circuito hidráulico do aproveitamento de Salamonde II estará integralmente implantado na


margem esquerda do rio Cávado, sendo constituído pelos seguintes elementos principais:

• Tomada de água na albufeira de Salamonde, cerca de 120 m a montante do encontro


esquerdo da barragem;
• Trecho de adução, subterrâneo com 200 m de comprimento total, constituído por um
poço vertical revestido com betão armado com 8,30 m de diâmetro interior e, por
razões de estanqueidade, nos últimos 50 m, imediatamente a montante da central, por
um trecho blindado com um revestimento interior de aço soldado com 5,80 m
diâmetro interior;
• Central subterrânea, em caverna abobadada, com planta retangular, com 26,50x65,65
m² de área no piso principal, à cota (126,00), localizada cerca de 200 m a sul do
encontro esquerdo da barragem de Salamonde. O piso principal da central encontra-se
147 m abaixo da cota do coroamento da barragem;
• Trecho de restituição revestido a betão, com cerca de 100 m de desenvolvimento, entre
a central e a ligação à chaminé de equilíbrio;
• Chaminé de equilíbrio cilíndrica com 20 m de diâmetro interior e 60 m de altura total,
dotada de estrangulamento na ligação ao túnel;
• Túnel de restituição não revestido, com 11,50 m de diâmetro nominal e 1910 m de
desenvolvimento;
• Restituição na extremidade de montante da albufeira da Caniçada, a montante da
existente restituição do aproveitamento de Salamonde;
• Canal de restituição, escavado no leito do rio Cávado.

Na Figura 2.6 apresenta-se a planta e perfil longitudinal do circuito hidráulico do


aproveitamento de Salamonde II.

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 2.6 – Planta e Perfil Longitudinal do Circuito Hidráulico de Salamonde II, (EDP, 2010).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.2.2. TOMADA DE ÁGUA

A tomada de água do circuito hidráulico ficará instalada a cerca de 120 m a montante do


encontro esquerdo da barragem de Salamonde. Dada a irregularidade da encosta e a existência
da estrada EM104-3, o espaço disponível para implantação da obra é bastante limitado, pelo
que a estrutura está sendo construída na sua maioria como obra subterrânea, (Figuras 2.7 e
2.8).

A secção de tomada propriamente dita é formada por três aberturas retangulares com
11,00x7,00 m², protegidas por grelhas fixas, dispostas verticalmente em três painéis
independentes, com uma área total de 220 m², a qual será suficiente para assegurar boas
condições de operação.

A tomada de água foi dimensionada de modo a poder operar sem quaisquer limitações
(nomeadamente turbinando em plena carga) com a albufeira de Salamonde no Nme (Nível
Mínimo de Exploração), à cota (259,00). Por este motivo, o rasto da estrutura de tomada foi
colocado à cota (248,50), ficando o bordo superior à cota (259,00), o qual corresponde ao
Nme em Salamonde. Garante-se deste modo que as grades de proteção ficarão sempre
totalmente submersas, qualquer que seja o nível de água na albufeira, e com velocidades de
atravessamento convenientes.

A aproximação do escoamento ao bocal da captação será garantida por um curto trecho de


canal escavado na encosta, com rasto horizontal à cota (248,00).

As grades da entrada deverão ser dimensionadas, em termos de secção tipo dos perfis
utilizados, tendo em conta a operação nos dois sentidos. O funcionamento em bombagem
tenderá a limpar as grades em cada ciclo de operação, principalmente tendo em conta que se
trata de grelhas verticais.

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 2.7 – Planta Geral da Tomada de Água, (EDP, 2010).

Imediatamente a jusante da secção das grades, a secção corrente contrai-se até à secção das
comportas. O grau de contração aceitável está condicionado pelo facto de, na fase de
bombagem, a estrutura funcionar como difusor, devendo portanto recuperar um máximo da
energia cinética do escoamento. As comportas de segurança e ensecadeira, com 8,30x6,50 m²,
deslizam em ranhuras instaladas num poço circular de betão armado, com 9,60 m de diâmetro
interno e 0,80 m de espessura, que se desenvolve até uma plataforma de acesso colocada à
cota (273,00) e materializada por uma laje em betão armado com 1,0 m de espessura.

A comporta de segurança é acionada por um servomotor a óleo, possibilitando o fecho da


comporta para qualquer caudal no circuito hidráulico. Uma ponte rolante deslizando sobre
carris assentes na plataforma de manobra à cota (273,00) permitem a manutenção das
comportas e a manobra da comporta ensecadeira.

O acesso à plataforma de manobra é efetuado por meio de um caminho de nível com 120 m
de desenvolvimento e 6,00 m de largura que se estende desde o encontro da barragem de
Salamonde.

A jusante da comporta de segurança, um tubo de arejamento com 1,40 m de diâmetro


permitirá a entrada e saída de ar durante as manobras de enchimento e de esvaziamento da
adução, sendo a situação mais crítica a de esvaziamento, entrada de ar.

20
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

O caudal de enchimento corresponderá à entrada de água sob a comporta semiaberta.


Considerando uma abertura máxima de 0,20 m com a albufeira de Salamonde no NPA,
estima-se que o caudal máximo entrado rondará os 20 m³/s, correspondendo a um caudal de ar
saído semelhante.

O caudal máximo de esvaziamento do trecho de adução corresponderá ao fecho da comporta


de adução com o grupo embalado. Estima-se que neste caso, o caudal de ar máximo entrado
atingirá os 130 m³/s. Considerando uma depressão máxima de 1,5 mc.a, tal caudal de ar
poderá ser fornecido pela conduta com 1,4 m de diâmetro (velocidade de escoamento de 84
m/s, depressão de 1,3 mc.a.).

Figura 2.8 – Corte Longitudinal da Tomada de Água, (EDP, 2010).

A zona onde foi executada a obra da tomada de água encontrava-se coberta por vegetação. De
forma a limitar os períodos de abaixamento do nível da albufeira de Salamonde, a construção
da estrutura de tomada de água está a ser efetuada ao abrigo de uma ensecadeira de betão
simples, em arco cilíndrico com 25,00 m de raio, construída num período de dois meses
durante o qual se procedeu ao abaixamento do nível da albufeira de Salamonde até à cota
(247,00), (Figura 2.9).

A construção da tomada de água começou com a escavação da encosta de forma a permitir a


abertura da plataforma superior. Uma vez que esta plataforma se encontrava acima do nível da
albufeira, estes trabalhos decorreram mesmo antes da conclusão da ensecadeira.

21
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 2.9 – Tomada de Água, (Construsalamonde A.C.E., 2012).

Quando foi atingida a cota da plataforma, foram iniciados os trabalhos de abertura do poço
das comportas.

Assim que a ensecadeira ficou pronta, foi possível iniciar-se a abertura do trecho horizontal
do túnel de adução por meios convencionais.

22
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.2.3. TRECHO DE ADUÇÃO

O trecho de adução tem um comprimento total de aproximadamente 200 m, sendo


integralmente escavado na rocha e revestido com betão armado, (Figura 2.10).

O trecho inicial, com 150 m de extensão tem um diâmetro interior de 8,30 m.

O trecho final, imediatamente a montante da central, encontra-se blindado numa extensão de


46,83 m com um diâmetro corrente de 5,80 m. A blindagem do trecho final do circuito de
adução, junto à central, tem como objetivo fundamental minimizar as infiltrações, reduzindo o
risco de afluência de caudais significativos ao sistema de drenagem da caverna da central.

Para o caudal nominal de 200 m³/s, a velocidade de escoamento varia entre 3,7 m/s no trecho
revestido a betão e 7,6 m/s no trecho blindado.

Figura 2.10 – Perfil Longitudinal da Adução, (EDP, 2010).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

O circuito inclui duas curvas de 85° no plano vertical, com cerca de 20 m de raio, intercaladas
por um poço vertical, com 90 m de altura, terminando no já referido trecho blindado a
montante da central. Este trecho blindado inicia-se com uma transição troncocónica com 6,92
m de comprimento, que faz a transição entre os diâmetros de 7,20 e 5,80 m, seguindo-se um
trecho com 9,26 m de desenvolvimento e 5,80 m de diâmetro, com pendente longitudinal de
10% de inclinação, a que se segue finalmente de um trecho horizontal, com 30,65 m de
comprimento e com o mesmo diâmetro de 5,80 m, o qual se prolonga até à entrada na caverna
da central.

Imediatamente a montante do trecho blindado está prevista a realização de uma cortina de


injeção perimetral, a qual pretenderá colmatar eventuais caminhos de percolação preferenciais
ao longo do perímetro do túnel, minimizando deste modo as afluências de água ao sistema de
drenagem da central.

No que respeita à escavabilidade do maciço intersectado pelo trecho de adução, a sua


escavação tem sido executada com recurso a explosivos, dando-se preferência a técnicas que
induzam menores perturbações no maciço, nomeadamente smooth blasting.

De referir, ainda, que a escavação do troço vertical do trecho de adução irá ser efetuada com
recurso à técnica de raise-boring, (Figura 2.11).

Figura 2.11 – Raise-Boring, (Engº. Marco Januário, 2012).

O trecho de adução será totalmente revestido com betão, com geometria circular de diâmetro
interno de 8,30 m, no trecho em poço vertical, variando o diâmetro de escavação entre um

24
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

mínimo teórico de 9,40 m e um máximo de 10,0 m em função do suporte primário a colocar e


da secção de betão de revestimento definitivo (0,50 m de espessura acima da cota (180,00) e
0,70 m daí e até à sua base).

O trecho blindado é igualmente de geometria circular, com diâmetro interno corrente de 5,80
m, a que corresponde um diâmetro de escavação de 7,80 m.

A escavação da adução foi executada a partir de múltiplas frentes, tendo a escavação


subterrânea tido o seu início no poço da comporta de tomada de água, seguindo-se a
escavação do túnel propriamente dito, em paralelo a partir da derivação do túnel principal de
acesso à central. Existe ainda um túnel auxiliar que acede à zona da blindagem junto à base do
poço da adução, onde a escavação foi derivada para a abertura do trecho horizontal blindado
da adução e para a base do poço da adução. A escavação pelo sistema raise boring iniciou-se
pela execução de um furo guia a partir da superfície até atingir o troço horizontal do túnel já
escavado, onde foi acoplado uma broca que permitiu o alargamento do furo de forma
ascendente até à cota do trecho horizontal superior.

Em seguida, equipamento foi desmontado, tendo-se dado início à escavação de alargamento


do poço para a sua geometria de escavação definitiva, com recurso a metodologias
convencionais (explosivos).

Figura 2.12 – Limpeza de Escombro no Trecho Vertical de Adução (Arquivo Pessoal).

25
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.2.4. TROÇO INICIAL DA RESTITUIÇÃO

O trecho da restituição na zona da central, entre o difusor da turbina e a secção que inicia o
túnel de restituição após a transição a jusante da chaminé de equilíbrio, será integralmente
revestido com betão armado, numa extensão total de aproximadamente 100 m, (Figura 2.13).

Figura 2.13 – Perfil Longitudinal da Restituição a Jusante da Central, (EDP, 2010).

A secção deste trecho é muito variável, oscilando entre 13,50x3,60 m2 junto ao difusor e
6,20x8,10 m2 na secção da comporta ensecadeira. A jusante da comporta ensecadeira a secção
passa a circular com 8,30 m de diâmetro interior, num trecho com 16 m de comprimento onde
entronca a galeria de ligação à chaminé de equilíbrio, com 5,90 m de diâmetro interior. A
jusante deste trecho, uma transição com 30 m de comprimento conduz à secção corrente do
túnel de restituição, com 11,50 m de diâmetro interior nominal.

Para o caudal nominal, a velocidade de escoamento neste trecho ronda os 4,0 m/s.

26
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.2.5. CHAMINÉ DE EQUILIBRIO

Conforme referido anteriormente, a configuração do circuito hidráulico, nomeadamente o


comprimento do túnel da restituição, implica a instalação de uma chaminé de equilíbrio ligada
ao circuito de jusante, tão perto quanto possível da central. A chaminé de equilíbrio, cuja
função é minimizar as variações de pressão no circuito na sequência de manobras que
provoquem variações de caudal e facilitar a regulação do grupo em turbinamento, é composta
por um poço com secção cilíndrica com 20 m de diâmetro interior e 50 m de altura,
culminando numa abóbada semiesférica com 21 m de diâmetro, (Figura 2.14).

O corpo da chaminé de equilíbrio é revestido com betão moldado com 0,50 m de espessura.
Na abóbada o revestimento é em betão projetado reforçado com fibras metálicas. O
revestimento do corpo da chaminé com betão armado destina-se a conter a queda eventual de
blocos que, sujeitos aos diferenciais de pressão originados pela oscilação do nível, possam ter
tendência a soltar-se, prejudicando ou impedindo o adequado funcionamento deste órgão
hidráulico.

A chaminé de equilíbrio liga-se ao trecho de restituição a jusante da central por meio de uma
curta ligação em túnel e poço, revestida com betão armado com 5,90 m de diâmetro interior,
com cerca de 24 m de desenvolvimento pelo eixo e fazendo um desvio brusco de 90° a meio.
A abóbada da chaminé de equilíbrio encontra-se ligada ao túnel principal de acesso por um
túnel de ataque utilizado na fase de construção da chaminé. Será por este túnel que se fará a
ventilação da chaminé.

27
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 2.14 – Perfil Longitudinal da Chaminé de Equilíbrio, (EDP, 2010).

Os níveis de água no interior da chaminé poderão atingir, em casos extremos de combinação


de manobras particularmente desfavoráveis, um valor mínimo à cota (127,04) e um valor
máximo à cota (173,04), ou seja, uma amplitude máxima de oscilação de 46 m (em manobras
distintas).

A escavação da chaminé de equilíbrio está a ser realizada com recurso a um túnel de ataque,
derivado do túnel de acesso à central.

Uma vez escavada a abóbada, poderá ser executada a partir da sua base o furo guia para a
abertura de um poço central com recurso à técnica de raise boring. Uma vez executado o furo
guia, poderá realizar-se a escavação ascendente com raise boring, materializando o poço
central, a partir do qual se poderá proceder à escavação convencional de alargamento,
executada em espiral descendente. Os escombros resultantes das fases de raise boring e de
alargamento poderão ser removidos pelo túnel de ligação e, de seguida, pelo túnel de acesso à
restituição.

28
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.2.6. TÚNEL DE RESTITUIÇÃO

O túnel da restituição inicia-se imediatamente a jusante da transição descrita anteriormente, a


seguir à junção com a chaminé de equilíbrio, e desenvolve-se ao longo de cerca de 1910 m até
à estrutura de restituição na albufeira da Caniçada.

O túnel de restituição é integralmente escavado na rocha e não revestido, tendo secção


circular, sendo aberto com um diâmetro de escavação teórico constante, igual a 11,80 m.

Nas zonas de pior qualidade está prevista a execução de um revestimento definitivo em betão
armado com 0,50 m de espessura. As transições entre os trechos revestidos a betão armado e
os trechos adjacentes devem ser especialmente cuidadas, nomeadamente ao nível da abóbada,
devendo ser suavizadas evitando o aprisionamento de ar durante a operação do circuito
hidráulico.

Conforme a espessura do revestimento definitivo, a velocidade de escoamento para o caudal


nominal variará entre 1,85 e 2,05 m/s.

O betão projetado de revestimento é drenado. Para tal serão instalados drenos curtos em toda
a sua superfície, numa malha quadrada de 3,0x3,0 m2.

2.4.2.7. RESTITUIÇÃO

A restituição da central de Salamonde II, ficará localizada a montante da albufeira da


Caniçada, no leito do rio Cávado, no fundo do qual será aberto um canal com rasto à cota
(139,00), permitindo assim uma boa operação do sistema para níveis na Caniçada perto do
nível mínimo de exploração, à cota (144,00).

O caudal médio a aduzir/restituir ao vale do Cávado é idêntico ao que atravessa a tomada de


água. No entanto, devido ao efeito introduzido pela chaminé de equilíbrio, o caudal sofrerá
oscilações em torno do valor médio, principalmente nas fases de arranque, de tal modo que
poderá atingir valores máximos significativamente superiores ao valor médio.

29
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A secção de entrada/saída da restituição é formada por três aberturas retangulares com 12,00 x
6,00 m², protegidas por grelhas amovíveis, dispostas verticalmente em três painéis
independentes, com uma área total de 220 m². Em caso de necessidade de ensecagem do túnel
de restituição, os painéis das grelhas poderão ser substituídos por comportas ensecadeiras, as
quais serão colocadas nas ranhuras das comportas por meio de um pórtico, (Figuras 2.15 e
2.16).

Figura 2.15 – Planta da Restituição, (EDP, 2010).

Figura 2.16 – Perfil Longitudinal da Restituição, (EDP, 2010).

30
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

O rasto da tomada foi colocado à cota (131,00), ficando o bordo superior à cota (143,00), 1,0
m abaixo do Nme da albufeira da Caniçada, o que permite garantir a imersão total das grades
em quaisquer condições.

No que se refere ao arejamento, a não existência de comportas implica que as necessidades de


entrada e de saída de ar correspondam apenas ao eventual esvaziamento do circuito para
inspeção, após substituição das grades pelas comportas ensecadeiras, e ao subsequente
reenchimento. Considerando-se um caudal de enchimento de 15 m³/s (0,20 m de abertura de
uma das comportas sob o NPA da albufeira da Caniçada), será este o caudal máximo de saída
de ar a considerar. Nestas condições e tendo sido considerada uma sobrepressão máxima de
1,5 mc.a, a escolha de um tubo de arejamento com 0,50 m de diâmetro interior seria
suficiente. Foi considerado no entanto um diâmetro de 0,80 m de modo a permitir o acesso ao
interior em caso de ensecagem do túnel de restituição. Neste caso, a velocidade máxima de ar
em fase de enchimento será de 30 m/s.

Não se prevê, em geral, a existência de problemas significativos nas fundações das obras da
restituição, considerando-se que após o saneamento geral e a execução das escavações
necessárias para atingir as cotas de projeto, os terrenos ocorrentes terão capacidade de suporte
suficiente para a fundação das estruturas previstas.

Em termos construtivos, prevê-se que a obra seja realizada integralmente a seco, a coberto de
uma ensecadeira de betão com perfil gravidade a construir no leito do rio Cávado, cerca de
200 m a jusante da restituição, imediatamente a montante da restituição de Salamonde. A
ensecadeira, com 15,00 m de altura, terá o coroamento à cota (153,00). Uma vez que o trecho
do rio entre a barragem de Salamonde e a referida ensecadeira poderá ser inundado em caso
de descargas na barragem de Salamonde, prevê-se que os trabalhos decorram apenas em
época de estiagem.

31
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.3. CENTRAL

A central de Salamonde II situa-se numa caverna localizada 150 m a sul do encontro esquerdo
da barragem de Salamonde, a cerca de 200 m de profundidade.

Conforme referido anteriormente, a caverna tem planta retangular com 65,65x26,50 m². A
altura total da caverna varia entre 27,50 m, na zona sul da caverna (átrio de montagem) e
44,70 m na zona norte (equipamentos).

A caverna apresenta secção transversal abobadada, com a geratriz superior 27,50m acima do
piso principal.

O grupo encontra-se aproximadamente centrado na caverna, tendo o plano do eixo da evoluta


à cota (115,00) e o ponto mais baixo do difusor à cota (97,00).

Do lado sul do grupo situa-se a zona de acesso e montagem, com um único piso com
26,50x23,90 m², à cota (126,00). Do lado norte do grupo situam-se os diferentes
equipamentos, distribuídos por 6 pisos, (Figuras 2.17 e 2.18):

• O piso de parqueamento da ponte rolante, com 14,00x25,00 m², à cota (135,00);


• O piso dos quadros de 15 kV e do equipamento elétrico dos serviços auxiliares, com
14,00x25,00 m², à cota (130,50);
• O piso da conversão de frequência e ventilação, com 14,00x25,00 m², à cota (126,00);
• O piso do alternador, alojando o equipamento elétrico à tensão de produção, com
25,00x22,00 m², à cota (120,50);
• O piso da turbina-bomba, com 25,00x22,00 m², alojando o equipamento de regulação,
circulação e injeção de óleo, à cota (115,00);
• O piso do equipamento de refrigeração e de desafogamento da roda, com 25,00x22,00
m², à cota (108,80).

O poço de drenagem da central tem o fundo à cota (85,60), ou seja, 67,90 m abaixo da
geratriz superior da abóbada. A movimentação dos equipamentos na central é efetuada por
meio de uma ponte rolante com 500 ton. de capacidade.

A abóbada da caverna da central será revestida com um teto falso, formado por elementos em
plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV), suportados por uma estrutura metálica assente

32
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

nas vigas de rolamento da ponte rolante, a qual suporta igualmente um passadiço metálico de
visita e de acesso à instrumentação instalada na abóbada.

Figura 2.17 – Planta do Piso Principal da Central, (EDP, 2010).

Figura 2.18 – Corte Longitudinal da Caverna Pelo Eixo do Grupo Gerador, (EDP, 2010).

33
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A implantação da caverna teve como objetivo evitar a intersecção de descontinuidades


importantes (nomeadamente a falha do rio Mau) e conseguir uma inserção e configuração
favoráveis com o circuito hidráulico.

Tendo em conta as características mecânicas do maciço rochoso esperadas para a zona da


central, a caverna não será, em princípio, revestida, procedendo-se apenas a pregagens
sistemáticas para fixação dos blocos superficiais e aplicação de betão projetado na abóbada da
caverna. Posteriormente, um teto falso suspenso da abóbada servirá essencialmente de
contenção/condução de águas de infiltração, facilitando também o acesso à abóbada para
atividades de inspeção.

Existirá também um poço vertical com 6,50 m de diâmetro interior e cerca de 180,00 m de
altura, que ligará a central ao edifício de apoio localizado à superfície.

Cerca de 40 m a jusante da caverna principal, uma caverna secundária com 7,00x15,00 m² em


planta, aloja o servomotor que aciona a comporta ensecadeira do grupo por jusante, (Figura
2.19).

Figura 2.19 – Corte Transversal da Caverna Pelo Eixo do Grupo, (EDP, 2010).

34
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.4.4. TÚNEIS DE ACESSO E DE ATAQUE

Existem nove túneis de acesso e de ataque, conforme indicados na Figura 2.20:

• Túnel Acesso à Central (TAC) com L = 1586 m;


• Túnel de Ataque à Abóbada da Chaminé de Equilíbrio (TACH) com L = 170 m;
• Túnel de Acesso à Restituição (TAR) com L = 340 m;
• Túnel de Ataque à Adução (TAA) com L = 185 m;
• Túnel de Ataque à Abóbada da Central (TAAC) com L = 60 m;
• Túnel de Acesso à Câmara da Comporta e ao Poço de Barramentos (TACC) com L=
130 m;
• Túnel de Adução (TA) com L = 211 m;
• Túnel de Restituição (TR) com L = 2300 m;
• Túnel Pedestre de Acesso à Central Salamonde I (TP) com L = 90 m.

Figura 2.20 – Tuneis de Acesso e de Ataque, (Adaptado de Construsalamonde A.C.E., 2010).

35
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

36
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas ao longo do estágio incluíram:

 a execução de uma nota técnica, com o intuito de justificar ao Dono de Obra as opções
tomadas pelo A.C.E. no desvio provisório do Rio Mau;
 o estudo das precipitações máximas diárias durante o período de estiagem, tendo como
objetivo estimar os caudais máximos que iriam escoar no Rio Mau durante o período
de execução do desvio definitivo deste; e
 o acompanhamento dos trabalhos de execução da ensecadeira de jusante recorrendo a
uma nova metodologia de betonagem, o BPCA (Betão com Prévia Colocação de
Agregado).

3.1. DESVIO PROVISÓRIO DO RIO MAU

3.1.1. ENQUADRAMENTO

O Rio Mau apresenta uma bacia drenante com área total de 2,28 km², tendo um escoamento
médio anual da ordem de 150 l/s. Este atravessava a escavação correspondente à antiga
pedreira utilizada na construção da barragem de Salamonde, que ao ser utilizada como
escombreira provocou o bloqueamento do escoamento existente do rio, cujo leito original foi
destruído aquando da exploração da pedreira para construção do aproveitamento existente.
Dada a importância da linha de água não era prudente o seu entubamento por meio de uma
estrutura enterrada sujeita a riscos de entupimento, tendo sido proposto o seu desvio a céu
aberto por meio de um canal de betão armado, o qual se desenvolverá escavado ao longo da
vertente leste da pedreira, conforme indicado na Figura 3.1.

37
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.1 – Escombreira e Desvio do Rio Mau, (EDP, 2012).

Este desvio constitui o traçado definitivo do rio Mau neste trecho. Na extremidade de
montante da escombreira, abaixo da EM 103-4, será construído um pequeno açude em betão
com cerca de 4m de altura, o qual permitirá o desvio das águas do rio para o canal. Este canal
restituirá as águas do rio Mau ao seu leito natural por meio de uma bacia de dissipação por
ressalto, a jusante da estrada de acesso à nova central.

3.1.2. ELABORAÇÃO DA NOTA TÉCNIA 27

Esta Nota Técnica, que se apresenta no Anexo A, foi elaborada no âmbito do desvio
provisório do Rio Mau, com o intuito do A.C.E. justificar ao Dono de Obra as opções
construtivas tomadas, visto estes últimos considerarem que o desvio estava
sobredimensionado.

As Figuras 3.2 e 3.3 demonstram o local a que corresponde à presente nota técnica.

38
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.2 – Vista Geral da Escombreira, (Construsalamonde A.C.E., 2012).

Na Figura podemos obter uma visão geral sobre a escombreira, encontrando-se no topo
esquerdo da fotografia o desvio provisório do Rio Mau. Na zona central, é possível visualizar
uma parcela do troço definitivo já executado, bem como a bacia de dissipação no local onde
se restitui a água ao leito natural do Rio Mau.

Figura 3.3 – Canal de Desvio do Rio Mau (Engª. Ana Fortunato, 2012)

A Figura 3.3 corresponde à zona de incidência da presente Nota Técnica.

39
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Observando a figura, podemos ver a parte inicial do canal, que devido a indefinições do
projeto de execução ainda não se encontrava executada. Desta forma e visto que era
necessário utilizar a zona da antiga pedreira como escombreira, foi necessário executar um
desvio provisório. A solução adotada passou pela escavação da parte inicial do canal com a
forma aproximada de um trapézio e com um perfil tipo com uma área de aproximadamente 30
m2. O volume total correspondente a essa escavação foi de 428 m3.

Figura 3.4 – Perfil Transversal Tipo

Como forma de regularização da superfície do canal, foi executado um revestimento em betão


projetado, de forma a impedir o arrastamento de finos e garantir a impermeabilização na base
do canal e dos taludes adjacentes.

A jusante do canal foram dispostas três manilhas de betão com o intuito de controlar e
direcionar o caudal, que foram betonadas entre si por forma a garantir a sua estabilidade e, em
casos excecionais, fazer face a situações de eventual galgamento, (Figura 3.5).

Figura 3.5 – Cascata a Jusante das Manilhas (Eng.ª Ana Fortunato, 2012)

40
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Dada a importância desta linha de água e sabendo que estas secções têm de garantir o
escoamento para o caudal de dimensionamento, correspondente ao caudal centenário de cheia
de 20 m3/s, para se determinar a altura máxima de água prevista para este caudal foi utilizada
a fórmula de Manning-Strickler:

2� 1
𝑄 = 𝐾𝑠 . 𝐴. 𝑅ℎ 3 . 𝑖 �2 [3.1]
𝐴
𝑅ℎ = [3.2]
𝑃

Em que:

• Q – Caudal [m3/s];
• Ks – Coeficiente de Rugosidade de Manning-Srtickler [m1/3/s];
• A – Área de Escoamento [m2];
• Rh – Raio Hidráulico [m];
• P – Perímetro Molhado [m];
• i – Inclinação Média [m/m].

Secção Trapezoidal:

Tendo em conta que o revestimento executado foi em betão projetado, adotou-se um


Ks = 50 m1/3/s, visto este apresentar elevada rugosidade. A inclinação média do canal
“i”, foi determinada recorrendo aos perfis transversais que se encontram no Anexo B.

De acordo com os cálculos apresentados na Nota Técnica, a altura de escoamento em


regime uniforme no canal é de 0,75 m.

Secção Circular:

No dimensionamento das manilhas foram considerados dois cenários:

1º. Considerou-se que o escoamento se processa em superfície livre, de forma a se


determinar a altura necessária para escoar o caudal centenário de cheia;
2º. O escoamento processa-se com secção cheia, com o intuito de se aferir o
caudal máximo escoado pelas manilhas.

41
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

No dimensionamento das manilhas considerou-se Ks = 70 m1/3/s.

Figura 3.6 – Curva de Capacidade de Transporte numa Secção Circular, (Quintela, A.,2002).

• Escoamento com superfície livre:


𝐷2
Secção Hidraulica: 𝐴 = (𝜃 − sin 𝜃) × [3.3]
8
𝐷×𝜃
Perímetro Molhado: 𝑃𝐻 = [3.4]
2
2ℎ
Ângulo: 𝜃 = 2𝑎𝑟𝑐𝑜𝑠 �1 − � [3.5]
𝐷

• Escoamento com secção cheia:


𝜋×𝐷2
Secção Hidraulica: 𝐴 = [3.6]
4

Perímetro Molhado: 𝑃𝐻 = 𝜋 × 𝐷 [3.7]


Em que:
• θ – Angulo formado entre o centro da conduta e a superfície da lâmina de água [rad];
• D – Diâmetro da Conduta [m];
• h – Altura de Lâmina de Água [m].

Com o intuito de verificar a altura máxima que poderá ser atingida no canal trapezoidal em
regime uniforme, calculou-se a Energia Específica. Segundo Teixeira da Costa. et al (2001),
esta dá-nos a energia disponível numa secção, tendo como referência o fundo do canal, nessa
mesma secção. Ou seja, esta é a distância vertical entre o fundo do canal e a linha de energia.
Esta verificação torna-se indispensável na verificação de possíveis problemas de escoamento
através de singularidades em canais, neste caso em específico estreitamento.

𝑈2
𝐸 =ℎ+ [3.8]
2𝑔

𝑄
𝑈= [3.9]
𝐴

42
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Em que:

• h – Altura do Escoamento [m];


• E – Energia Específica [m];
• U – Velocidade Média [m/s].

De acordo com os cálculos apresentados na Nota Técnica, o caudal centenário de cheia escoa-
se nas manilhas em regime uniforme com uma altura de 1,13 m, sendo a capacidade de cada
manilha de 7,34 m3/s, correspondendo a um caudal total acumulado de 22,0 m3/s.

Verificou-se também que em regime uniforme a altura máxima de água que poderá ser
atingida no canal trapezoidal é de 2,24 m. Mas atendendo às razões apresentadas
anteriormente, considera-se ajustada a altura atribuída aos taludes, garantindo assim que o
canal trapezoidal não transborde com o caudal de projeto.

3.1.3. PRECIPITAÇÃO MÁXIMA DIÁRIA MENSAL

3.1.3.1. INTRODUÇÃO

No âmbito da execução do desvio definitivo do rio Mau, efetuou-se um estudo estatístico da


precipitação máxima diária mensal, recorrendo à Lei de Gumbel, com o intuito de se
determinar os caudais máximos diários nos meses de estiagem, de Junho a Setembro, por
forma a quantificar o caudal máximo que poderá ocorrer, com uma dada probabilidade,
durante este período.

A escolha deste intervalo temporal deve-se ao facto de a obra de desvio definitivo do Rio Mau
se realizar durante estes meses, devido à menor precipitação e consequente diminuição de
caudais.

43
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3.1.3.2. ESTUDO DESENVOLVIDO

Os caudais máximos diários para os meses em estudo, foram obtidos da seguinte forma:

• Aplicação da Lei de Gumbel:

Neste estudo aplicou-se a Lei de Gumbel visto esta ser frequentemente utilizada para análise
de acontecimentos máximos, como é o caso dos valores máximos de precipitação diária. Em
Faria, J.M. et al. (1980), foi efetuada uma análise estatística em vários postos de observação
em Portugal, segundo esta mesma lei.

Os dados utilizados para a aplicação desta lei, foram obtidos recorrendo ao sítio da internet do
Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), utilizando os dados da
estação meteorológica de Salamonde, cujo código é 03I/09UG.

Apresentam se de seguida os dados obtidos referentes ao período em estudo, (Quadro 3.1):

Precipitações Máximas Diárias [mm]


Anos Junho Julho Agosto Setembro
1990 10,5 4,2 12 21,5
1991 32,5 28 24,5 31
1992 12,5 4,6 63,5 62
1993 16,5 0 3,5 64,8
1994 18,5 8,2 52,5 23,5
1995 37,5 19,6 11,5 51,5
1997 41 11,5 41,5 0
1999 12,5 10 38,5 98
2000 9,8 28 21 25
2001 7 24 9 15
2003 30 13 2,8 11
2004 14 8,5 76 13
2005 2,3 19 4,5 24
2007 71 1,8 15 15
2008 8,5 9,3 12 16
2009 47 65 23 1,2
Média [ 𝒙
�] 23,2 15,9 25,7 29,5
Desvio Padrão [s'] 18,5 15,8 22,5 26,5

Quadro 3.1 – Precipitações Máximas Diárias Registadas para os Meses em Estudo.

44
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A dimensão da amostra, que corresponde apenas a dezasseis anos, tem uma dimensão inferior
ao que seria desejável para permitir uma estimativa dos parâmetros da lei com uma confiança
significativa, no entanto estes são os únicos dados disponíveis. Dado o reduzido período de
execução dos trabalhos e ao baixo risco de ocorrência de precipitações superiores aos valores
estimados, considerou-se que a amostra fornecia informação válida para a análise pretendida.

Para a execução deste estudo utilizou-se a equação da função distribuição [3.10], uma vez que
foi considerado um período de retorno de dez anos. Este define-se como o número de anos
que deve em média decorrer para que o valor máximo anual de uma dada variável, neste caso
intensidade de precipitação, ocorra ou seja superada. Foi considerado este período de retorno
uma vez que se prevê executar esta obra de desvio definitivo num período inferior a quatro
meses, reduzindo assim a probabilidade por comparação direta com o período de retorno
adotado, de ocorrência ou excedência da precipitação máxima estimada.

As equações que representam a Lei de Gumbel, utilizadas neste estudo foram:

1
𝐹(𝑥) = 1 − [3.10]
𝑇

√6 1
𝑘= �−𝑙𝑛 �ln � �� − 0,577� [3.11]
𝜋 𝐹(𝑥)

𝑃 = 𝑥̅ + 𝑘𝑠 ′ [3.12]

Em que:

• F(x) – Função de Distribuição;


• k – Fator de Probabilidade;
• T – Período de Retorno [Anos];
• P – Precipitação [mm];
• 𝑥̅ – Média das Precipitações [mm];
• 𝑠 ′ - Desvio Padrão das Precipitações [mm].

Assim sendo e com recurso às equações [3.10] e [3.11], obtiveram-se os seguintes valores
para F(x) e k:

1
𝐹(𝑥) = 1 − = 0,9 [3.13]
10

45
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

√6 1
𝑘= �−𝑙𝑛 �𝑙𝑛 0,9�� − 0,577 = 1,305 [3.14]
𝜋

Utilizando a equação [3.12] e os valores da média e desvio padrão indicados no Quadro 3.1,
obtiveram-se os seguintes valores para as precipitações máximas diárias para cada um dos
meses em estudo, (Quadro 3.2):

Precipitações Máximas Diárias


Mês P [mm]
Junho 47,4
Julho 36,5
Agosto 55,0
Setembro 64,1

Quadro 3.2 – Precipitações Máximas Diárias para os Meses em Estudo para T = 10 anos.

Analisando os resultados, verificamos que dos quatro meses em estudo, o mês com maior
valor de precipitação máxima diária é o mês de setembro e o mês com o menor valor é o mês
de julho.

• Determinação dos Caudais de Ponta:

Para determinar o caudal máximo espectável a ser escoado pelo Rio Mau, é necessário em
primeiro lugar, determinar a área da sua bacia hidrográfica. Esta, segundo a Lei da Água (Lei
nº58/2005 29 de Dezembro) é “a área terrestre no qual todas as águas fluem para o mar,
através de uma sequência de ribeiros, rios e eventualmente lagos e lagoas, desembocando
numa única foz, estuário ou delta”.

Neste caso específico, trata-se de uma sub-bacia hidrográfica da bacia hidrográfica do Rio
Cávado, cuja definição, segundo a mesma fonte, corresponde à “área terrestre a partir da qual
todas as águas fluem, através de uma sequência de ribeiros, rios e eventualmente lagos para
um determinado ponto de um curso de água, normalmente uma confluência ou um lago”.

O seu contorno é definido por uma linha que separa as águas entre bacias ou sub-bacias
adjacentes, designando-se esta linha por linha de cumeada formada pelo conjunto de pontos
de cotas mais elevadas entre bacias.

46
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Desta forma e recorrendo à carta militar nº44 Ruivais (Vieira do Minho), foi possível
determinar a área da bacia hidrográfica em questão, bem como o comprimento da linha de
água principal. Posto isto, retiram-se as cotas referentes ao início e ao fim do curso de água
principal, para assim determinar o seu declive médio.

Desta forma obtiveram-se os seguintes dados, (Figura 3.7):

Área [km2] 2,18


Zmáx. [m] 940
Zmin. [m] 370
Comprimento da Linha de
2,56
Água “L” [km]
J [m/m] 0,223

Em que:

• Zmáx. – Cota Máxima [m];


• Zmin. – Cota Mínima [m];
• L – Comprimento da Linha de Água [m];
• J – Declive Médio da Linha de Água Principal [m/m].

Figura 3.7 – Planta da Bacia Hidrográfica do Rio Mau (Anexo C).

47
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Com a obtenção dos dados anteriores, é possível determinar o tempo de concentração da bacia
hidrográfica, que segundo Mendes, L. (2010), se define como sendo o tempo que demora o
escoamento superficial da partícula de água caída no ponto cinematicamente mais afastado da
secção de fecho da bacia, a chegar a essa secção.

Para tal recorreu-se à fórmula empírica de Temez, que segundo a mesma fonte, foi
desenvolvida para bacias hidrográficas espanholas, mas que também é recomendada para
Portugal, cuja expressão de cálculo é:

𝐿 0,76
𝑡𝑐 = 0,3 � 0,25 � [3.15]
𝐽

Em que:

• tc – Tempo de Concentração [horas];


• L – Comprimento da Linha de Água Principal [km];
• J – Declive Médio da Linha de Água Principal [m/m].

Desta forma, obteve-se o seguinte tempo de concentração:

tc [h] tc [min]
0,82 49
Quadro 3.3 – Tempo de Concentração da Bacia Hidrográfica em Estudo.

Para determinar o caudal de ponta, utilizou-se a fórmula racional, com o intuito de estimar o
caudal máximo escoado de águas pluviais numa bacia hidrográfica. Assim sendo, o caudal de
ponta é dado pela seguinte fórmula:
𝐶×𝑖𝑐 ×𝐴
𝑄𝑃 = [3.16]
3,6

Em que:

• Qp – Caudal de Ponta [m3/s];


• C – Coeficiente de Escoamento;
• ic – Intensidade Crítica de Precipitação [mm/h];
• A – Área da Bacia de Drenagem [km2].

Na expressão anterior o coeficiente de escoamento, segundo os apontamentos de Hidráulica


Aplicada anteriormente referidos, é um parâmetro adimensional que traduz a relação entre a

48
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

precipitação útil e a precipitação total, sendo a precipitação útil a fração da precipitação total
que dá origem a escoamento superficial, traduzida pela seguinte expressão:

𝑃ú𝑡𝑖𝑙
𝐶= [3.17]
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Em que:

• Pútil – Precipitação Útil [mm/h];


• Ptotal – Precipitação Total [mm/h].

É do conhecimento geral que nem toda a água precipitada numa determinada área é traduzida
em escoamento superficial, visto que parte do seu escoamento fica retido em irregularidades
do terreno, na cobertura vegetal, infiltra-se ou evapora-se. Deste modo, este coeficiente
depende diretamente das características físicas do terreno, como o seu declive, ocupação e uso
de solo, etc. O valor deste coeficiente varia entre 0 e 1.

O valor de “C” foi obtido através da seguinte tabela, retirada do artigo: Aplicação da Fórmula
Racional à Análise de Cheias em Portugal Continental: Valores do Coeficiente C, (2002).

Quadro 3.4 – Valores do Coeficiente C da Fórmula Racional, (Adaptado de Chow et al., (1988)).

49
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Para completar este estudo, falta-nos ainda determinar a intensidade da precipitação para um
tempo igual ao tempo de concentração da bacia hidrográfica em estudo. Uma vez que
dispomos das intensidades de precipitação para um dia, 24 horas, segundo Quintela, A.,
(1998), para períodos de retorno de cem anos, a precipitação diária num dado local pode ser
convertida na precipitação em 6 horas e na precipitação em 1 hora, mediante o recurso a
mapas de isolinhas dos “ valores máximos de precipitação em 6 horas em percentagem dos
valores em 24 horas” e dos “valores máximos de precipitação em 1 hora em percentagem dos
valores em vinte e quatro horas”.

No caso em estudo e visto que o tempo de concentração referente à bacia hidrográfica do Rio
Mau é inferior a uma hora, o mapa de isolinhas que nos interessa é o dos “valores máximos de
precipitação em 1 hora em percentagem dos valores em 24 horas”.

Figura 3.8 – Mapa de Isolinhas dos Valores Máximos da Precipitação em 60 min Expressos em Percentagem dos valores em 24 h.
(Quintela, A. 1998).

Uma vez que a bacia hidrográfica em questão se encontra no distrito de Braga, conselho de
Vieira do Minho, considerou-se que a percentagem a ser utilizada para obter-se a precipitação
máxima em 1 hora partindo dos valores de 24 horas, seria de 25%.

Para o mês de setembro, o valor da precipitação máxima com a duração de uma hora será:

50
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

𝑃60 = 64,1 × 0,25 = 16,0 𝑚𝑚 [3.18]

Uma vez que o período de retorno adotado é inferior a cem anos, segundo Quintela, A.,
(1998), poderá recorrer-se, com aproximação razoável, às mesmas figuras.

A precipitação máxima em 5, 10, 15, e 30 minutos poderá ser deduzida da precipitação


máxima em 60 minutos a partir das seguintes relações da precipitação em n e em 60 minutos:

Duração n (min.) 5 10 15 30
Relação 0,29 0,45 0,57 0,79

Quadro 3.5 – Relação Entre Valores da Precipitação em n e em 60 min, (Quintela, A., 1998).

Desta forma e utilizando os valores da precipitação máxima diária calculados anteriormente,


para o mês mais desfavorável (Setembro), obteve-se a precipitação máxima com a duração de
30 min.:

𝑃30 = 16,0 × 0,79 = 12,8 𝑚𝑚 [3.19]

Considerou-se que a relação entre precipitações intensas e a respetiva duração pode ser dada
pela linha de possibilidade udométrica. Esta linha é dada pela seguinte expressão:

𝑃 = 𝑎 × 𝑡𝑛 [3.20]

Em que:

• P – Precipitação [mm];
• t – Duração da Precipitação [min.];
• a, n – Coeficientes.

Aplicando esta equação aos valores obtidos nas equações [3.18] e [3.19], calcularam-se os
valores dos coeficientes a e n:

 a = 4,29;
 n = 0,32;

Valores válidos para “t” em minutos e “P” em mm.

51
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Substituindo os valores de “a” e “n” na equação [3.20], a precipitação máxima com uma
duração igual ao tempo de concentração, (Quadro 3.3), é:

𝑃 = 4,29 × 490,32 = 14,9 𝑚𝑚 [3.21]

Sendo a intensidade média de precipitação, “i”, dada pela seguinte expressão:

𝑃
𝑖= [3.22]
𝑡

E substituindo “P” pelo valor obtido em [3.21] e “t” pelo tempo de concentração, obtém-se
que:

14,9×60
𝑖= = 18,2 𝑚𝑚/ℎ [3.23]
49

Após a obtenção das intensidades de precipitação para o tempo igual ao tempo de


concentração da bacia hidrográfica do Rio Mau, podemos finalmente determinar o caudal de
ponta para o mês em questão, recorrendo à fórmula racional. Assim, de acordo com a
expressão [3.14], o caudal de ponta para o período de retorno considerado, (T = 10 anos), é:

0,41×18,2×2,18
𝑄𝑝 = = 4,52 𝑚3 /𝑠 [3.24]
3,6

Assim sendo, verificamos que o caudal máximo que poderá ocorrer para o período de tempo
considerado e para um período de retorno T = 10 anos é igual a QP = 4,52 m3/s.

52
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3.2. ENSECADEIRA DE JUSANTE

3.2.1. ENQUADRAMENTO

A zona de restituição do circuito hidráulico de Salamonde II encontra-se localizada na


margem esquerda do Rio Cávado, restituindo os caudais turbinados na extremidade de
montante da albufeira da barragem da Caniçada. Uma vez que o grupo a instalar no reforço de
potência deste aproveitamento hidroelétrico é reversível, permitindo também bombear caudais
da albufeira da barragem da Caniçada para a albufeira da barragem de Salamonde, é
necessário garantir o afogamento do grupo, mesmo que o nível da albufeira da barragem da
Caniçada esteja próximo do nível mínimo de exploração (Nme). Para tal, será escavado no
leito do Rio Cávado um canal à cota (139.00) que obrigará a escavações significativas numa
zona que se encontra submersa pelas águas da albufeira da barragem de Caniçada. Este canal
terá cerca de 200 m de comprimento, secção trapezoidal com 30 m de largura de rasto e
taludes 1:2 – [H:V], (Figura 3.9).

Figura 3.9 – Planta do Canal de Restituição, (EDP, 2010).

A estrutura e túnel de restituição do circuito hidráulico e parte do canal situado no leito do


Rio foram executados a seco, ao abrigo de uma ensecadeira de betão em perfil gravidade, por
forma a proteger a zona de trabalhos da água proveniente da albufeira da barragem da
Caniçada. Esta ensecadeira, situada no extremo de montante da albufeira da barragem de
Caniçada e a jusante da barragem de Salamonde, uma vez executada, não irá ter qualquer

53
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

interferência com a exploração destas albufeiras, dado que será demolida assim que se derem
por terminados os trabalhos a montante desta.

Uma vez que os trabalhos na restituição só foram executados durante o semestre de Abril a
Setembro, a montante da ensecadeira foi criada uma bacia onde se instalaram cinco bombas
com a capacidade total de derivação de 600 l/s, garantido assim que durante este período os
trabalhos fossem realizados a seco, (Figura 3.10).

Figura 3.10 – Instalação das Bombas de Derivação, (Arquivo Pessoal).

Relativamente à sua geometria, esta apresenta uma secção trapezoidal materializada em betão,
por forma a constituir um elemento estrutural do tipo gravidade e resistir apenas pelo peso
próprio às ações essencialmente provocadas pelos impulsos da água. Foi definida por forma a
resistir às seguintes ações:

• Ações gravíticas, representadas pelo peso próprio dos materiais;


• Ações hidrostáticas, representadas pelo impulso hidrostático na ensecadeira;
• Ações sísmicas, representadas pelas forças de inércia associadas às massas da estrutura
e água da albufeira.

A cota do coroamento foi fixada em (153.00) a qual corresponde ao nível de máxima cheia
(NMC) da albufeira da barragem de Caniçada.

Com a cota do coroamento definida, a altura da ensecadeira é variável em função da cota do


terreno, após escavação de cerca de 1,0 m para garantir um encastramento competente da
fundação. Com base neste pressuposto, a altura máxima é de 10,0 m, numa secção próxima da
margem direita do Rio Cávado.

54
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A largura no coroamento tem 3,0 m por forma a facilitar os trabalhos na zona, sendo possível
alcançar com alguma segurança a margem esquerda do Rio Cávado. Uma vez que a
ensecadeira é galgável os paramentos têm uma ligeira inclinação 0,30:1 – [H:V],
minimizando ligeiramente o impulso hidrostático e a resistência ao escoamento durante os
períodos mais chuvosos, dado que os eventuais caudais descarregados na barragem de
Salamonde durante o semestre húmido são naturalmente conduzidos para a albufeira da
Caniçada, passando sobre o coroamento da ensecadeira de jusante, (Figura 3.11).

Figura 3.11 – Secção Tipo da Ensecadeira de Jusante da Zona com Altura Máxima, (Adaptado Construsalamonde A.C.E.).

3.2.1.1. BETÃO COM PRÉVIA COLOCAÇÃO DE AGREGADO (BPCA)

Cerca de 40% do volume total da ensecadeira de jusante de Salamonde foi executada


recorrendo a esta nova técnica de betonagem, a qual surge no âmbito da metodologia Lean,
introduzida pela EDP produção em 2004 e que tem por objetivo a otimização de processos,
melhoria continua e eliminação de desperdícios.

Como resultado de uma reunião com o responsável do núcleo de betões do LNEC,


depreendeu-se que dentro desta metodologia foram analisadas diferentes iniciativas, tendo-se

55
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

selecionado as que se mostraram mais viáveis. A iniciativa ensaio e desenvolvimento da


tecnologia BPCA, para aplicação em massa na construção de barragens foi uma das eleitas.

O Betão com Prévia Colocação do Agregado (BPCA), seguidamente apenas designado por
BPCA, é obtido pela colocação prévia de uma mistura de agregado grosso na camada a
betonar e pela posterior injeção por gravidade de uma argamassa para o preenchimento dos
vazios da mistura. Em relação ao Betão Convencional (BC), esta tecnologia permite a
separação do processo contínuo de fabrico, transporte e colocação do betão convencional em
dois processos temporalmente distintos. No primeiro processo ocorrerá a preparação e
colocação da mistura do agregado grosso na camada a betonar e que irá preencher cerca de
60% do seu volume. O segundo processo consistirá no fabrico, transporte e colocação de uma
argamassa, por gravidade, para o preenchimento dos vazios da mistura do agregado grosso, a
que corresponderá o restante volume, cerca de 40%.

O primeiro processo, correspondente à colocação prévia do agregado grosso, é totalmente


autónomo da utilização da central de betão, a qual apenas será utilizada no segundo processo,
ou seja, no fabrico da argamassa, correspondendo a cerca de 40% do volume total de BPCA,
(Figura 3.12). Esta é essencialmente constituída por:

• Cimento;
• Cinzas Volantes;
• Areia;
• Adjuvante (Superplastificante); e
• Água.

Figura 3.12 – Argamassa para BPCA, (Arquivo Pessoal).

56
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Relativamente aos agregados, estes devem ter uma dimensão compreendida entre os 19 e os
150mm, sendo que a dimensão mínima ideal será os 32mm, (Figura 3.13).

Figura 3.13 – Agregado Grosso para BPCA, (Arquivo Pessoal).

A ideia de desenvolver esta nova metodologia surge na sequência de uma experiência do


Eng.º Jorge Ferreira da EDP, o qual decidiu utilizar uma argamassa muito fluida para
preencher uma falha existente na barragem do Alqueva, tendo verificado que essa argamassa
preenchia bem os vazios. Assim sendo e após alguns ensaios em laboratório, concluiu que
esta tecnologia teria potencial. O desenvolvimento destes ensaios foi realizado numa parceria
EDP/LNEC, dando origem ao respetivo registo de patente.

Posto isto, com o intuito de estimar a viabilidade económica desta metodologia, foi efetuado
um estudo que teve por base a execução da Barragem do Baixo Sabor, onde se comparou a
execução dessa mesma barragem recorrendo ao BPCA em alternativa ao BC. Após análise
dos resultados, concluiu-se que a execução desta barragem com recurso ao BPCA ficaria
cerca de 20% mais barata do que com a utilização dos métodos construtivos tradicionais.

Estima-se que 50% do custo da empreitada na construção de uma barragem deriva da


produção e aplicação do betão. Por sua vez, o betão em massa representa entre 70 a 80% do
volume de betão aplicado em obra.

Enquanto na aplicação do betão convencional, 100% do material é processado, misturado e


posteriormente aplicado, com este novo método cerca de 60% do volume de material vai
diretamente para a barragem, passando apenas por um processo de lavagem e crivagem.

57
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A redução de custos, deve-se essencialmente a:

• Redução do custo da central de betão uma vez que o volume a produzir representa
apenas 40%, sensivelmente, do volume total a betonar;
• Menor desgaste dos equipamentos da central, uma vez que apenas produz argamassa,
deixando de haver agregados grandes na mistura;
• A área destinada à central de betão é mais pequena, pois para produzir esta argamassa
é necessário uma menor quantidade de agregados;
• Redução estimada dos tempos de estaleiro em um ano, uma vez que neste processo o
fabrico e colocação do agregado e da argamassa podem ser executados em paralelo.

É de salientar que o custo do material necessário para a produção da argamassa é


relativamente caro, devido à maior quantidade de cimento e cinzas necessárias, representando
75% do custo de material necessário para a produção de 1m3 de argamassa. No entanto, dado
que a percentagem de argamassa por cada m3 betonado de BPCA corresponde a apenas 40%,
levando a que o custo real de produção de argamassa por m3 de BPCA seja diluído.

Outra grande potencialidade deste método, é o facto de possibilitar o transporte da argamassa


através de pipeline com ligações entre troços pouco extensos, intercalados com caixas de
visita que permitam intervenções de limpeza, diretamente da central para a barragem. No caso
do agregado, este pode ser transportado desde a central de lavagem para a barragem em
tapetes, recorrendo posteriormente a uma mini-giratória com rastos de borracha para espalhar
uniformemente o agregado ao longo de todo o bloco a betonar.

Esta tecnologia tem um sobrecusto, as cofragens. Dado que vai ser aplicada uma argamassa
muito fluida, estas devem garantir a sua total estanquidade, pelo que os respetivos painéis não
devem ter juntas horizontais e as juntas verticais devem assentar em perfis que evitem o seu
deslocamento ou abertura. O sistema de cofragem deve permitir, sempre que necessário, um
reajuste em todo o seu perímetro, de forma a eliminar eventuais fugas de argamassa pelas
superfícies de contacto durante a fase de colocação ou posteriormente até ao início da presa.

Relativamente à resistência, o BPCA mostra-se equivalente ao BC, sendo possível desmoldar


o bloco a partir do segundo dia após a colocação da argamassa, desde que a sua resistência à
compressão seja superior a 6MPA, resistência esta necessária para o bloco adjacente suportar
o bloco de cofragens seguinte.

58
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

É ainda possível aumentar este ritmo de descofragem, bastando para tal alterar a relação
cimento/cinzas.

Uma vez verificada a viabilidade económica deste processo e considerando o seu elevado
potencial, a EDP decidiu aplicar esta tecnologia em obra, tendo sido utilizada nas seguintes
obras:

• Bloco da ensecadeira de jusante da barragem de montante do Baixo Sabor;


• Troço de um bloco na barragem de jusante do Baixo Sabor; e
• Blocos da ensecadeira de jusante de Salamonde.

Este novo método, aplicado na execução de uma parcela dos blocos da ensecadeira de jusante
de Salamonde, foi objeto de acompanhamento durante o período de estágio, sendo descrito de
seguida.

3.2.2. ACOMPANHAMENTO DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS

3.2.2.1. ESCAVAÇÃO DO LEITO DO RIO CÁVADO

A ensecadeira de jusante encontra-se posicionada no extremo de jusante do canal e


imediatamente a montante da restituição do circuito hidráulico de Salamonde I, permitindo
que todo o canal de jusante no leito do Rio Cávado pudesse ser escavado a seco. Esta
ensecadeira estava prevista ser executada ao abrigo de um abaixamento do nível da água da
albufeira da barragem de Caniçada para a cota 138.00. No entanto, esta solução estava
associada a impactes socioeconómicos significativos, decorrentes dos abaixamentos
excessivos do nível da água da albufeira da barragem de Caniçada, diagnosticados através do
relatório elaborado no âmbito da declaração de impacte ambiental (DIA) da empreitada do
reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Salamonde – Salamonde II.

Segundo o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, as variações de nível


previstas para a albufeira da Caniçada durante o período de intervenção, dariam origem a

59
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

impactes socioeconómicos nas atividades relacionadas com o uso da albufeira. Neste contexto
a EDP solicitou ao A.C.E. que apresentasse uma solução que permitisse a execução da
ensecadeira de jusante dispensando um abaixamento tão elevado do nível da albufeira da
Caniçada.

Assim sendo, a execução dos trabalhos na restituição foi efetuada de acordo com o indicado
no quadro seguinte:

Quadro 3.6 – Condicionamentos na Albufeira da Barragem da Caniçada (NPA de 152,50 m e NMC de 153,00 m), (EDP, 2012).

No seguimento do referido anteriormente, os trabalhos da construção da ensecadeira de


jusante iniciaram-se pela abertura do canal, tendo esta sido efetuada com recurso a explosivos,
de forma a fraturar o maciço rochoso, facilitando posteriormente a sua escavação.

Como tal e de forma a evitar a redução considerável do nível da albufeira da Caniçada, como
referido anteriormente, esta operação foi realizada recorrendo a um Batelão Modular
equipado com torre de perfuração, martelo de furação e três estacas de fixação para prevenir
deslocações do mesmo durante os trabalhos de furação.

Figura 3.14 – Batelão Modular, (Arquivo Pessoal).

60
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Para se efetuar esta tarefa com o máximo de rigor possível, é necessário determinar as cotas
do leito rochoso, obtidos através de um levantamento batimétrico, e as cotas do canal de
projeto. A determinação destas cotas foi efetuada recorrendo à planta do canal de restituição e
aos seus perfis transversais.

Apresenta-se de seguida uma parcela do quadro produzido para auxiliar esta tarefa:

PERFIL CP
Variação
Letra Número CLR [m] CANAL
i j [m]
[m]
P2 P3 aa 7
P2 P3 a 7 142,8875 139 3,89
P2 P3 b 7 142,812 139 3,81
P2 P3 c 7 142,7365 139 3,74
P2 P3 d 7 142,661 139 3,66
P2 P3 e 7 142,5544 139 3,55
P2 P3 f 7 142,4449 139 3,44
P2 P3 g 7 142,2699 139 3,27
P2 P3 h 7 142,1565 139 3,16
P2 P3 i 7 142,0533 139 3,05
P2 P3 j 7 141,7774 139 2,78
P2 P3 k 7 141,5398 139 2,54
P2 P3 aa 8
P2 P3 a 8 142,775 139 3,78
P2 P3 b 8 142,624 139 3,62
P2 P3 c 8 142,473 139 3,47
P2 P3 d 8 142,322 139 3,32
P2 P3 e 8 142,1709 139 3,17
P2 P3 f 8 142,0145 139 3,01
P2 P3 g 8 142 139 3,00
P2 P3 h 8 142 139 3,00
P2 P3 i 8 142 139 3,00
P2 P3 j 8 141,5608 139 2,56
P2 P3 k 8 141,0796 139 2,08
P3 P4 aa 9
P3 P4 a 9 142,775 139 3,78
P3 P4 b 9 142,624 139 3,62
P3 P4 c 9 142,473 139 3,47
P3 P4 d 9 142,322 139 3,32
P3 P4 e 9 142,1709 139 3,17
P3 P4 f 9 142,0145 139 3,01
P3 P4 g 9 142 139 3,00
P3 P4 h 9 142 139 3,00
P3 P4 i 9 142 139 3,00
P3 P4 j 9 141,5608 139 2,56
P3 P4 k 9 141,0796 139 2,08

Quadro 3.7 – Parcela das Cotas do Leito Rochoso (CLR) e do Canal de Projeto (CP) a Escavar na Restituição.

61
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

A planta e perfis transversais utilizados para a obtenção dos dados anteriores encontram-se no
Anexo D.

Posto isto, é possível iniciar-se a perfuração e desmonte do leito rochoso do canal do Rio
Cávado. Este processo de perfuração e desmonte de rocha submersa decorreu por operações
cíclicas, as quais passo a resumir, (Figura 3.15):

a) O batelão através dos seus guinchos e de pontos de amarração nas margens do rio será
colocado em posição pré-determinada e mantido imóvel por meio de estacas e
guinchos;
b) O conjunto que formará o tubo exterior de encamisamento (casing) será arriado até ao
leito. O casing será então pressionado até atingir a rocha sã;
c) Assim que o casing for cravado no substrato rochoso, baixam-se as barrenas com o bit
acoplado, seguindo-se a furação até à cota desejada. A profundidade do furo
dependerá da possança da camada de rocha a remover em cada local, sendo calculada
a partir do nível atingido pelo casing;
d) A furação decorre em simultâneo com a limpeza do furo, através da injeção de ar
comprimido pelo interior das barrenas e do bit de furação.

Figura 3.15 – Equipamento para Perfuração Submersa.


Legenda: 1) Casing; 2) Bit; 3) Barrenas, (Arquivo Pessoal).

62
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

No seguimento do referido anteriormente, apresenta-se a Figura 3.16, onde é possível


observar a colocação de uma nova barrena, para se obter maior profundidade de perfuração, e
o recomeço da operação.

Figura 3.16 – Colocação da Barrena e Perfuração Subaquática, (Arquivo Pessoal).

Terminado o furo, remove-se o material de furação, passando-se de seguida à fase de


quebramento da rocha. Assim que o material tenha sido removido, o furo será carregado
desde o convés do batelão. Esta operação tem a seguinte sequência cíclica:

a) Uma vez confirmada a coluna de rocha a ser removida é definida a carga necessária de
explosivos;
b) Os explosivos são colocados no seu interior com um detonador inserido no primeiro
cartucho, no fundo do carregamento;
c) A carga é então baixada através do interior do casing, verificando-se a profundidade
final com varas graduadas para certificação do nível;
d) O espaço remanescente no topo do furo é então selado com areias e lodos;
e) Antes da retirada do casing, é baixado um anel pelo seu exterior, atado a um cabo,
para permitir a recuperação dos fios dos detonadores;
f) Quando todos os furos estiverem carregados e os casing’s removidos, os fios dos
detonadores, são recolhidos e verificados.

63
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Quando concluído o ciclo pré-estabelecido, o pontão de perfuração afastar-se-á para uma


distância segura, seguindo-se a ignição da pega de acordo com os procedimentos de segurança
e avisos pré-estabelecidos. Estes procedimentos envolverão avisos sonoros e visuais. Note-se
que antes do disparo será apresentado para aprovação das entidades competentes o pedido de
autorização de uso de explosivos, devendo ir juntamente com esse pedido o plano de fogo e a
respetiva planta de localização.

Enquanto prosseguiam os trabalhos de perfuração e detonação do leito do Rio Cávado,


iniciou-se a preparação da plataforma de trabalhos a montante do local onde se irá executar a
ensecadeira, sendo esta composta por material granular e enrocamento aterrado sobre o leito
do rio. Posteriormente, recorrendo ao mesmo tipo de material, foi criado um acesso à margem
esquerda, bloqueando parcialmente os caudais que escoavam vindos de montante, criando um
açude que posteriormente seria utilizado para instalar o sistema de derivação de caudais. De
forma a equilibrar os impulsos gerados pela água sobre esse acesso, foi colocada uma
manilha, promovendo o escoando de forma controlada de uma parte da água afluente a esse
açude, (Figura 3.17).

Figura 3.17 – Preparação da Plataforma de Trabalhos, (Arquivo Pessoal).

Durante o mês de Maio, quando esta plataforma estava praticamente concluída, faltando
apenas a plataforma de acesso ao canal a montante da ensecadeira na margem esquerda,
surgiu um imprevisto que atrasou os trabalhos. Este deveu-se às condições meteorológicas
adversas que se fizeram sentir durante esse mês, obrigando à abertura das comportas da
Barragem de Salamonde. Os caudais que passaram na zona da restituição destruiu a
plataforma, atrasando deste modo os trabalhos em curso nessa frente de trabalho, (Figura
3.18).

64
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.18 – Plataforma de Trabalhos Antes e Durante a Abertura das Comportas, (Arquivo Pessoal).

Posto isto, após recuperação da plataforma de trabalhos, depois de terminada a série de ciclos
anteriormente descrito e detonados todos os furos, passou-se à fase de remoção do escombro.
Esta operação foi executada com auxílio de meios mecânicos e, para que estes fossem capazes
de remover todo o escombro existente na zona do canal a intervir, foi criada uma plataforma
de acesso, na margem esquerda do Rio Cávado, à cota 144,50, (Figura 3.19). Esta plataforma
de acesso encontra-se igualmente representada no Anexo D.

Figura 3.19 – Remoção de Escombro do Canal da Restituição, (Engº. Francisco Romãozinho e Engª. Ana Fortunato, 2012).

Ainda no que se refere a escavações, antes de se poder iniciar a execução da ensecadeira, foi
necessário atingir a respetiva cota de soleira. Deste modo, recorreu-se novamente a explosivos
para fracionar o maciço rochoso, facilitando a sua remoção. Para tal recorreu-se ao método de

65
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

pré-corte, método este que evita projeções permitindo que se obtenha uma face de rocha lisa
após o rebentamento.

Neste método, como o próprio nome indica, os furos a rebentar em primeiro lugar são os que
correspondem à periferia da ensecadeira, criando assim uma descontinuidade no maciço
rochoso e promovendo faces lisas.

Figura 3.20 – Planta da Malha de Pré-Corte da Ensecadeira, (SETH, 2012).

Na figura anterior podemos observar a malha de pré-corte da ensecadeira de jusante, onde os


pontos a vermelho representam o pré-corte, com afastamentos de 0,8 m quando a cota de
projeto estiver a mais de 2 m de profundidade e de 0,6 quando esta estiver a menos de 2 m.
Esta diferença de espaçamento deve-se à maior altura da “bancada” a desmontar, o que exige
maior carga por m3. Deste modo, como a altura é maior, para o pré-corte funcionar
devidamente é necessário aumentar o espaçamento entre furos. A azul encontra-se a restante
malha, com afastamento de 2 m entre si.

A determinação destas profundidades foi efetuada recorrendo à planta e perfis transversais da


ensecadeira de jusante, Anexo E.

66
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

No quadro seguinte encontra-se parte da tabela efetuada para a determinação dos


afastamentos da malha de pré-corte:

Afastamento Pontos CLR Montante CF ml [m]


0,8 1 153,29 151 2,29
0,8 2 152,82 150,57 2,24
0,8 3 152,34 150,15 2,20
0,8 4 151,87 149,72 2,15
0,8 5 151,39 149,30 2,10
0,8 6 150,92 148,87 2,05
0,8 7 150,28 148,25 2,03
0,6 8 149,86 147,89 1,97
0,6 9 149,44 147,53 1,91
0,6 10 149,02 147,17 1,86
0,6 11 148,60 146,81 1,80
0,6 12 148,18 146,44 1,74
0,6 13 147,76 146,08 1,68
0,6 14 147,35 145,72 1,62
0,6 15 146,93 145,36 1,57

Quadro 3.8 – Determinação da Malha de Pré-Corte.

As furações à superfície foram executadas recorrendo a um equipamento de perfuração sobre


rastos e posterior colocação manual de explosivos, (Figura 3.21).

Figura 3.21 – Perfuração Mecânica e Colocação Manual dos Explosivos, (Arquivo Pessoal).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Uma vez concluídos todos os trabalhos de desmonte e saneamento do canal a jusante da


ensecadeira e da fundação da mesma, pôde dar-se início às betonagens.

De referir que foram dragados do canal do Rio Cávado cerca de 14.500m3 de material: rocha,
areia e terra vegetal e cerca de 1.700m3 de rocha da fundação da ensecadeira. Parte deste
material, o material rochoso, seria posteriormente utilizado para a criação de agregado para a
aplicação do BPCA.

3.2.2.2. EXECUÇÃO DA ENSECADEIRA

Uma vez que parte da ensecadeira de jusante foi realizada recorrendo à tecnologia BPCA, foi
necessário utilizar uma britadeira para britar o material rochoso retirado da operação de
dragagem do Rio Cávado e uma central de lavagem com crivo para lavar e retirar os
infratamanhos que surgissem após a operação de britagem desse material rochoso, (Figuras
3.22, 3.23 e 3.24).

Figura 3.22 – Britagem de Agregado para BPCA, (Arquivo Pessoal).

Sendo a central de lavagem um equipamento fixo com dimensão e peso significativo, para a
instalar no terreno foi necessário construir uma estrutura de suporte em betão armado. O
abastecimento de água à central de lavagem foi efetuado através de uma bomba instalada na
margem da bacia criada para contenção das águas provenientes de montante da ensecadeira.

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.23 – Central de Lavagem e Crivagem de Agregado para BPCA, (Arquivo Pessoal).

Figura 3.24 – Sistema de Alimentação da Central de Lavagem, (Arquivo Pessoal).

Uma vez instalados os equipamentos e assim que o nível da albufeira da Caniçada atingiu a
cota 144.00m, iniciaram-se os trabalhos de preparação da rocha de fundação da ensecadeira
antes das betonagens dos blocos de fundação. Esta operação consistiu na limpeza da
superfície, de forma a garantir que não apresentava elementos ocos, depósitos de matéria
orgânica e outras substâncias. Após a limpeza da fundação, procedeu-se ao tratamento da
superfície, por picagem com recurso a martelo, para se obter boas condições de aderência com
o betão, (Figura 3.25).

69
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.25 – Trabalhos de Limpeza da Rocha de Fundação, (Arquivo Pessoal).

Uma vez que a ensecadeira apresenta um perfil de gravidade, o betão foi aplicado em grandes
massas não lhe sendo exigidas resistências muito elevadas. Por forma a limitar, dentro de
valores aceitáveis, as tensões de tração horizontal que se geram na vizinhança das interfaces
das diferentes camadas de betonagem devido a um elevado aumento de temperatura, devido à
hidratação do cimento, foram considerados na ensecadeira quatro blocos separados por três
juntas de betonagem verticais.

Essas juntas têm ao longo do seu contorno, lâminas de estanqueidade duplas do tipo water-
stop para garantir a impermeabilização do espaço existente entre blocos, evitando a passagem
de água e a consequente instalação de pressões hidrostáticas significativas no interior da
secção, (Figura 3.26).

Figura 3.26 – Lâmina de Estanqueidade com 32cm de Largura, (Arquivo Pessoal).

70
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Para tal foram efetuados dois roços por cada junta na rocha de fundação, de modo a facilitar a
colocação das lâminas de PVC. Após a colocação destas lâminas, os roços foram selados com
argamassa. Estes roços têm as seguintes dimensões, (Figura 3.27):

• Largura: 0,62m;
• Comprimento: 0,5m;
• Altura: 0,4m.

Figura 3.27 – Roço e Lâmina de PVC, (Arquivo Pessoal).

Uma vez concluídos os trabalhos de preparação da rocha de fundação e colocação das


respetivas cofragens, pôde-se dar início às betonagens da ensecadeira.

Estava previsto iniciar-se as betonagens da ensecadeira de jusante no dia 01/05/2012. No


entanto, devido à abertura das comportas, como já foi referido, e ao atraso na implementação
do sistema de derivação dos caudais afluentes à restituição, estas só puderam ser iniciadas no
dia 30 do referido mês. O atraso na implementação do sistema de derivação de caudais deveu-
se à impossibilidade de aferir atempadamente os caudais afluentes, a tempo de mobilizar as
bombas necessárias para a frente de obra.

É importante referir que nesta empreitada foram previamente estabelecidas, pelo Dono de
Obra, datas-chave. Estas estabelecem prémios pelo cumprimento ou antecipação dos prazos
de execução contratuais associados às datas-chave. Contratualmente previa-se que a
conclusão de todas as betonagens e injeções da ensecadeira da restituição em condições que
permitissem a subida do nível da albufeira de Caniçada até à cota 152,50 (NPA), seria
15/07/2012, o que significa que nunca esteve em causa o cumprimento desta data. No entanto,

71
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

este atraso comprometia a receção da totalidade do prémio por antecipação, o que era do
interesse do A.C.E.

Estava também previsto, com o objetivo de evitar fugas de argamassa devido às


irregularidades do terreno, executar apenas as fundações da ensecadeira com BC, sendo os
restantes blocos executados recorrendo ao BPCA. Contudo, dado que ocorreram atrasos, de
modo a não condicionar ainda mais a subida do nível da albufeira da Caniçada para a cota
146,00, o que por sua vez teria implicações socioeconómicas nas atividades relacionadas com
o uso da albufeira, a E.D.P. em conjunto com o A.C.E decidiu executar a primeira elevação
dos blocos 2, 3 e 4 igualmente em BC. De igual modo, tendo em conta que as ultimas
elevações têm uma altura reduzida, de 1m na 4ª elevação do bloco 1 e de 0,7m na 5ª elevação
dos restantes blocos, estas também seriam realizadas com BC. O alçado da ensecadeira
encontra-se no Anexo F.

Posto isto, a execução da ensecadeira pressupunha seguir o plano de trabalhos representado


no Quadro 3.7:

Elemento Tipo de Betão Data

BLOCO 2 - FUNDAÇÃO C20/25 - D55 30-05-2012


BLOCO 4 - FUNDAÇÃO C20/25 - D55 30-05-2012
BLOCO 3 - FUNDAÇÃO C20/25 - D55 01-06-2012
BLOCO 2 - 1ª ELEV. C20/25 - D55 04-06-2012
BLOCO 4 - 1ª ELEV. C20/25 - D55 05-06-2012
BLOCO 3 - 1ª ELEV. C20/25 - D55 06-06-2012
BLOCO 2 - 2ª ELEV. BPCA 11-06-2012
BLOCO 1 - FUNDAÇÃO C20/25 - D55 12-06-2012
BLOCO 4 - 2ª ELEV. BPCA 13-06-2012
BLOCO 3 - 2ª ELEV. BPCA 14-06-2012
BLOCO 1 - 1ª ELEV. BPCA 18-06-2012
BLOCO 4 - 3ª ELEV. BPCA 21-06-2012
BLOCO 2 - 3ª ELEV. BPCA 22-06-2012
BLOCO 3 - 3ª ELEV. BPCA 26-06-2012
BLOCO 1 - 2ª ELEV. BPCA 28-06-2012
BLOCO 2 - 4ª ELEV. BPCA 02-07-2012
BLOCO 4 - 4ª ELEV. BPCA 03-07-2012
BLOCO 1 - 3ª ELEV. BPCA 05-07-2012
BLOCO 3 - 4ª ELEV. BPCA 09-07-2012
BLOCO 1 - 4ª ELEV. C20/25 - D55 10-07-2012
BLOCO 2 - 5ª ELEV. C20/25 - D55 12-07-2012
BLOCO 4 - 5ª ELEV. C20/25 - D55 12-07-2012
BLOCO 3 - 5ª ELEV. C20/25 - D56 14-07-2012

Quadro 3.9 – Plano de Betonagens da Ensecadeira de Jusante.

72
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Estava definido nas cláusulas técnicas da empreitada que as alturas das camadas de
betonagem, para as ensecadeiras, deveriam respeitar o seguinte:

• Para os blocos no leito da albufeira, as camadas de betonagem deveriam ser limitadas,


em princípio, a 1,00 m, na camada de fundação, e entre 2,00 e 2,50 m nas seguintes;
• Para os blocos nas encostas estes limites situar-se-iam entre duas a quatro camadas
(conforme a inclinação da zona de fundação) com altura de 1,00 m na fundação e entre
1,50 e 2,50m nas seguintes;
• A compactação do betão por vibração, deveria ser executada com baterias de
vibradores com características e em número adequado à sua perfeita eficiência,
montadas em veículo motorizado;
• Por razões que se prendem com a garantia de arrefecimento do betão e a necessidade
de evitar um comportamento diferencial de retração, fluência e elasticidade entre
camadas, o intervalo de tempo entre o início das betonagens consecutivas deveria
obedecer a limites mínimos de três dias e máximos de 15 dias.

As alturas das betonagens encontram-se representadas nos perfis transversais no Anexo G.

Assim sendo, deu-se início às betonagens da ensecadeira pela execução das fundações e
primeiras elevações dos blocos 2, 3 e 4, utilizando o BC. Para tal foram utilizados os
seguintes equipamentos:

• 6 Autobetoneiras;
• 1 Telebelt; 2
• 2 Vibradores de Betão.

73
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Este processo envolve as seguintes etapas:

1º. Autobetoneira é carregada na Central de Betão e desloca-se para a frente de trabalho,


percorrendo um percurso com 2,5km, (Figura 3.28);

Figura 3.28 – Central de Betão, (Construsalamonde A.C.E, 2012).

2º. Chegando à frente de trabalho, esta descarrega na telebelt que, através do seu braço
extensível com tapetes, distribui o betão ao longo do bloco a betonar, (Figura 3.29);

Figura 3.29 – Aplicação do Betão com Recurso a Telebelt, (Arquivo Pessoal).

74
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3º. O betão é vibrado internamente, utilizando um aparelho vibrante, vibrador de betão,


que é introduzido na massa de forma a compacta-la, eliminando os vazios, (Figura
3.30);

Figura 3.30 – Vibração do Betão, (Arquivo Pessoal).

É importante referir, que a primeira elevação dos blocos 2,3 e 4 foi executada com 2,3m de
altura, de forma a garantir uma folga aquando da subida do nível da albufeira para a cota
146,00.

Antes de se iniciar a elevação seguinte, a junta horizontal teve de ser preparada, tendo esta
sido executada da seguinte forma:

• A superfície é submetida a jacto de ar e água sob pressão logo que o betão tenha
atingido um estado de endurecimento que permita a remoção apenas da argamassa
superficial sem que seja prejudicada a ligação dos outros elementos entre si. Caso esta
operação não seja realizada, a superfície da junta de betonagem deverá ser picada.
• Imediatamente antes do início de nova betonagem, a junta deverá ser sujeita a lavagem
com jacto de água, se necessário precedida de picagem, de modo a resultar uma
superfície de betão limpa e sã, da qual se removerá toda a água residual, enxugando-a
cuidadosamente por meio de jacto de ar.

Assim que efetuados estes trabalhos são encetados os trabalhos da camada seguinte.

75
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Uma vez concluídas as betonagens recorrendo ao BC, iniciou-se a aplicação do BPCA. Como
já foi referido, antes da aplicação do agregado, é necessário garantir a total estanquicidade da
cofragem, pelo que os painéis não devem ter juntas horizontais e as juntas verticais devem
assentar em perfis que evitem o seu deslocamento ou abertura. O sistema de cofragem deve
permitir, sempre que necessário, um reajuste em todo o seu perímetro, de forma a eliminar
eventuais fugas de argamassa pelas superfícies de contacto durante a fase de colocação ou
posteriormente, até que este atinja a presa. Para o efeito, nas juntas verticais, foi utilizado
espuma de poliuretano e fita isoladora com tecido, (Figura 3.31).

Figura 3.31 – Isolamento das Juntas Verticais das Cofragens, (Arquivo Pessoal).

Na execução desta tarefa, foram utilizados os seguintes equipamentos:

• 1 Britadeira Móvel;
• 1 Central de Lavagem;
• 2 Camiões;
• 1 Giratória;
• 1 Mini-giratória;
• 1 Grua;
• 6 Autobetoneiras; e
• 1 Autobomba.

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Este processo compreende as seguintes etapas:

1º. Britagem do material rochoso retirado da dragagem do rio, (Figura 3.32);

Figura 3.32 – Britagem do Material Rochoso Retirado do Rio, (Arquivo Pessoal).

2º. Uma vez britado, esse material é carregado num camião, que posteriormente o
transporta e descarrega na central de lavagem, (Figura 3.33);

Figura 3.33 – Colocação do Agregado Grosso na Estrutura de Entrada da Central de Lavagem, (Arquivo Pessoa).

3º. O agregado é lavado, crivado e de seguida descarregado num camião, (Figura 3.34);

Figura 3.34 – Processo de Lavagem e Crivagem do Agregado, (Francisco Romãozinho, 2012).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

4º. O camião transporta-o até junto do bloco onde irá ser aplicado, descarregando-o sobre
uma manta geotêxtil. É posteriormente colocado no bloco com recurso a uma
giratória, (Figura 3.35);

Figura 3.35 – Colocação do Agregado nos Blocos, (Francisco Romãozinho, 2012).

5º. Uma vez que cada bloco de betonagem tem 2m de altura, a colocação do agregado será
efetuada até à altura 1,5m, seguindo-se a colocação de manilhas de betão simples de Ø
300x600mm, finalizando-se de seguida a colocação do agregado. O espalhamento
geral dos agregados na camada foram efetuados utilizando uma mini giratória com
rastos de borracha. Devem existir cuidados adicionais junto às lâminas de PVC, pelo
que nesses locais, a arrumação do agregado grosso deve ser manual, (Figura 3.36);

Figura 3.36 – Espalhamento Geral dos Agregados, (Arquivo Pessoal).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

6º. Recorrendo a uma grua é colocado um depósito de 3m3 no centro do bloco e sobre o
agregado. O referido depósito está provido de 6 válvulas, de tubo “heliflex-ind” e de
tampas para a ligação às manilhas de betão, (Figura 3.37);

Figura 3.37 – Colocação do Depósito e das Mangueiras de Distribuição, (Francisco Romãozinho, 2012).

7º. Após a colocação do depósito será colocado geotêxtil a cobrir toda a superfície do
agregado. De forma a facilitar a posterior retirada do geotêxtil e do agregado superior,
é colocada uma “malha sol” entre a superfície do agregado e o geotêxtil, (Figura 3.38);

Figura 3.38 – Geotêxtil Sobre a Camada de Agregado, (Arquivo Pessoal).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

8º. Findos os passos atrás referidos, inicia-se a injeção da argamassa. O camião chega à
frente de trabalho, descarrega a argamassa na autobomba que por sua vez vai bombeá-
la para o depósito de distribuição, (Figura 3.39);

Figura 3.39 – Bombeamento da Argamassa, (Arquivo Pessoal).

9º. Uma vez bombeada a argamassa para o depósito, esta é distribuída através das suas
válvulas para o bloco, ficando a cargo do efeito de gravidade o restante trabalho,
(Figura 3.40);

Figura 3.40 – Aplicação da Argamassa, (Arquivo Pessoal).

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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

10º. A aplicação da argamassa termina assim que esta atinge a superfície e cobre por
completo todo o agregado grosso, (Figura 3.41);

Figura 3.41 – Fim da Aplicação da Argamassa, (Arquivo Pessoal).

Após a conclusão da colocação da argamassa na camada, a cura do BPCA é iniciada depois da


retirada do geotêxtil e de efetuada a preparação da junta horizontal. A retirada do geotêxtil e o
início da preparação da junta devem ser efetuadas quando o endurecimento da argamassa
superficial seja adequado a estes trabalhos. A superfície do BPCA deve permanecer húmida
até à colocação do agregado grosso na camada seguinte, que deverá ocorrer entre o 3º e o 14º
dia, contados a partir da colocação da argamassa na camada anterior.

A desmoldagem pode ser efetuada a partir do 2º dia, após a colocação da argamassa, desde
que a sua resistência à compressão não seja inferior a 6 MPa.

Antes da colocação do agregado da camada seguinte, deverá ser efetuada a preparação das
juntas horizontais de betonagem, devendo esta ser executada com jacto de ar e água sob
pressão. A referida preparação será iniciada logo que a argamassa do BPCA tenha atingido
um estado de endurecimento que permita a remoção da argamassa superficial. Após esta
preparação, o agregado grosso deve apresentar-se sem argamassa na sua superfície, numa
profundidade entre 1 a 2 cm.

No caso de não ser possível realizar a preparação das juntas, de acordo com os processos atrás
referidas, a superfície da junta de betonagem deverá ser picada até ser removida a argamassa
superficial do agregado grosso. Em qualquer dos casos, o betão da junta deve permanecer

81
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

saturado até à colocação do agregado grosso da camada seguinte. Imediatamente antes do


início da colocação do agregado, toda a água residual será retirada utilizando jatos de ar de
modo a que as superfícies fiquem perfeitamente limpas.

Durante a primeira aplicação de argamassa surgiram alguns problemas de sedimentação


dentro do depósito e nas manilhas, provocando entupimentos. Devido a esta ocorrência, o
LNEC decidiu alterar a composição da argamassa, aumentando a relação cimento/cinzas e
aumentar a malha de crivagem inicialmente prevista, alterando a mínima dimensão do
agregado dos 19 para os 40 mm, (Figura 3.42).

Figura 3.42 – Entupimento de Manilha, (Arquivo Pessoal).

Assim sendo, tornou-se necessária a aquisição de um novo crivo e, por forma a não parar os
trabalhos, ficou decidido que as betonagens iriam continuar utilizando BC até que este
estivesse disponível.

Nas betonagens dos blocos 1 e 4, na ligação às margens, antes de se aplicar o BPCA foi
betonado um soco com BC para evitar eventuais fugas de calda.

82
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.43 – Betonagem do Soco, (Arquivo Pessoal).

Uma vez que os trabalhos na restituição irão apenas decorrer durante o período de estiagem,
será deixado um negativo no corpo da ensecadeira, uma conduta circular de 0,7m de diâmetro,
que será vedado através de uma comporta de comando manual através do coroamento da
ensecadeira. Esta comporta será aberta após o abandono da zona de trabalhos, no fim do
período de estiagem, de forma a evitar desequilíbrios de pressão aquando da paragem da
bombagem dos volumes afluentes ou na eventualidade de se identificarem casos de
emergência que ponham em risco a estabilidade da ensecadeira, (Figura 3.44).

Figura 3.44 – Negativo no Corpo da Ensecadeira, (Francisco Romãozinho, 2012).

Durante o acompanhamento dos trabalhos de betonagem, de forma a promover uma melhor


interpretação da diferença entre as duas técnicas de betonagem utilizadas, foi criado um
quadro onde foram registados os rendimentos afetos a esta atividade, (Quadro 3.8). Nesse
quadro, podem ser observados os diferentes rendimentos das betonagens com BC, bem como
os rendimentos de colocação de agregado e argamassa aquando da aplicação do BPCA e
consumos ocorridos.

83
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

PLANO DE BETONAGENS
Teórico Real
Tipo Betão C20/25 Agregado BPCA [m 3] Argamassa BPCA [m 3] Betão C20/25 Betão C20/25 Soco Agregado BPCA Argamassa BPCA
Elemento de
betão Volume Hora Hora Hora Hora Hora Hora Hora Hora
Teórico Volume Teórico Volume Volume S.C. S.C. Desfasamento Duração Rendimento Volume Hora de Duração Rendimento Volume Data de Data de Hora Duração Rendimento Volume S.C. S.C. Desfasamento Duração Rendimento
Data P.T. Data P.T. Data P.T. Data de de Data de de de de Data de de
[m 3] [%] [m 3] [%] [m 3] [m 3] [m 3] [%] [Dias] [h] [m 3/h] [m 3] Início [h] [m 3/h] [m 3] Início Fim de Fim [h] [m 3/h] [m 3] [m 3] [%] [Dias] [h] [m 3/h]
Início Fim Fim Início Fim Início início Fim
BLOCO 2 C20/25
250 30-05-2012 - - - - - - 289 39 15,6 30-05-2012 0 8:15 19:00 10:45 26,88 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 4 C20/25
150 30-05-2012 - - - - - - 173 23 15,3 30-05-2012 0 20:45 2:30 5:45 30,09 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 3 C20/25
280 01-06-2012 - - - - - - 329 49 17,5 01-06-2012 0 16:38 3:10 10:32 31,23 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 2 C20/25
194 04-06-2012 - - - - - - 199,5 5,5 2,8 04-06-2012 0 9:20 15:58 6:38 30,08 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV. D55
BLOCO 4 C20/25
223 05-06-2012 - - - - - - 274 51 22,9 05-06-2012 0 7:25 18:30 11:05 24,72 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV. D55
BLOCO 3 C20/25
355 06-06-2012 - - - - - - 355,5 0,5 0,1 06-06-2012 0 7:30 19:06 11:36 30,65 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV. D55
BLOCO 2
BPCA - - 60 149,4 08-06-2012 40 99,6 11-06-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 149,4 09-06-2012 8:00 20:00 10-06-2012 8:00 13:00 22:00 6,79 121,5 21,9 22 11-06-2012 0 16:30 21:55 5:25 22,43
2ª ELEV.
BLOCO 1 C20/25
112 12-06-2012 - - - - - - 122 10 8,9 12-06-2012 0 21:04 2:55 5:51 20,85 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 4 C20/25
193 13-06-2012 - - - - - - 215 22 11,4 13-06-2012 0 9:00 16:50 7:50 27,45 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
2ª ELEV. D55
BLOCO 3 C20/25
249 14-06-2012 - - - - - - 258 9 3,6 14-06-2012 0 16:30 1:39 9:09 28,20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
2ª ELEV. D55
BLOCO 1
BPCA - - 58 101,50 16-06-2012 42 72,2 18-06-2012 - - - - - - - - - 15-06-2012 40 13:50 15:25 1:35 25,26 101,5 16-06-2012 17:00 23:00 17-06-2012 8:00 13:00 11:00 9,23 82,5 10,26 14,2 18-06-2012 0 16:55 20:46 3:51 21,43
1ª ELEV.
BLOCO 4
BPCA - - 58 106,72 19-06-2012 42 77,3 21-06-2012 - - - - - - - - - 18-06-2012 52 13:30 16:20 2:50 18,35 106,7 19-06-2012 8:00 12:00 19-06-2012 13:00 18:00 9:00 11,86 79,5 2,22 2,9 21-06-2012 0 8:15 10:55 2:40 29,81
3ª ELEV.
BLOCO 2
BPCA - - 58 116,00 20-06-2012 42 84 22-06-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 116,0 19-06-2012 19:00 0:00 20-06-2012 0:00 5:00 10:00 11,60 91,5 7,5 8,9 21-06-2012 -1 11:46 16:20 4:34 20,04
3ª ELEV.
BLOCO 3
BPCA - - 58 116,00 24-06-2012 42 84 26-06-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 116,0 25-06-2012 15:00 20:00 25-06-2012 21:00 1:00 9:00 12,89 90 6 7,1 26-06-2012 0 16:40 20:10 3:30 25,71
3ª ELEV.
BLOCO 1
BPCA - - 58 102,66 26-06-2012 42 74,3 28-06-2012 - - - - - - - - - 25-06-2012 44 11:10 12:40 1:30 29,33 102,7 26-06-2012 13:30 20:30 26-06-2012 8:00 9:00 8:00 12,83 73,5 -0,84 -1,1 27-06-2012 -1 13:55 17:34 3:39 20,14
2ª ELEV.
BLOCO 2
BPCA - - 58 88,74 30-06-2012 42 64,3 02-07-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 88,7 29-06-2012 14:30 19:00 02-07-2012 8:00 11:30 8:00 11,09 78 13,74 21,4 02-07-2012 0 13:15 17:20 4:05 19,10
4ª ELEV.
BLOCO 4
BPCA - - 58 90,48 01-07-2012 42 65,5 03-07-2012 - - - - - - - - - 26-06-2012 30 9:20 11:06 1:46 16,98 90,5 27-06-2012 16:00 20:00 28-06-2012 8:00 11:00 7:00 12,93 70,5 4,98 7,6 28-06-2012 -5 13:06 17:15 4:09 16,99
4ª ELEV.
BLOCO 1
BPCA - - 58 93,38 03-07-2012 42 67,6 05-07-2012 - - - - - - - - - 04-07-2012 30 13:46 15:45 1:59 15,13 93,4 05-07-2012 7:30 12:00 05-07-2012 13:00 15:00 6:30 14,37 63 -4,62 -6,8 06-07-2012 1 7:30 10:10 2:40 23,63
3ª ELEV.
BLOCO 3
BPCA - - 58 88,74 07-07-2012 42 64,3 09-07-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 88,7 04-07-2012 11:00 12:00 03-07-2012 13:00 19:00 7:00 12,68 72 7,74 12,0 05-07-2012 -4 14:35 16:52 2:17 31,53
4ª ELEV.
BLOCO 1 C20/25
71 10-07-2012 - - - - - - 72 1 1,4 10-07-2012 0 13:22 17:00 3:38 19,82 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
4ª ELEV. D55
BLOCO 2 C20/25
45 12-07-2012 - - - - - - 45 0 0,0 06-07-2012 -6 14:10 16:15 2:05 21,60 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV. D55
BLOCO 4 C20/25
46 12-07-2012 - - - - - - 50 4 8,7 02-07-2012 -10 18:00 20:28 2:28 20,27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV. D55
BLOCO 3 C20/25
45 14-07-2012 - - - - - - 46,5 1,5 3,3 09-07-2012 -5 14:30 18:45 4:15 10,94 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV. D55

Quadro 3.10 – Rendimentos das Atividades Afetas às Betonagens.

84
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Da análise dos dados do Quadro 3.8, pode-se verificar que de uma forma geral os rendimentos
das betonagens com BC são semelhantes, exceto quando estas se realizavam em simultâneo
com outras betonagens a decorrer na empreitada. Há ainda a registar o rendimento
excessivamente baixo durante a betonagem da última elevação do bloco 3, o qual se deveu a
um desacerto na quantidade de betão pedido à central em relação à efetivamente necessária,
tendo esta gasto cerca de uma hora a fornecer o volume em falta. Verifica-se também que nas
betonagens de menor volume os rendimentos são inferiores aos dos restantes blocos, o que se
deve à mobilização de um menor número de autobetoneiras do que para os blocos de maior
volume. Em anexo encontram-se os quadros dos equipamentos afetos a esta atividade, (Anexo
H).

Relativamente a sobre-consumos, é de notar que foram mais significativos apenas nas


betonagens executadas nas fundações e nas ligações às margens, o que se ficou a dever
essencialmente às sobre-escavações, uma vez que estas foram executadas recorrendo a
explosivos, não sendo fácil controlar com exatidão a fracturação do maciço rochoso.

No que se refere à aplicação do agregado grosso, verificou-se que os rendimentos são bastante
semelhantes, registando-se apenas uma melhoria relativamente contínua nas suas diversas
aplicações. Esta deve-se essencialmente à progressiva otimização da mão-de-obra no decorrer
desta operação e à disponibilidade dos equipamentos na frente de trabalho, estando grande
parte destes apenas mobilizados para execução desta tarefa. Encontra-se em anexo uma tabela
resumo da mão-de-obra afeta a esta atividade, (Anexo I).

Nesta tarefa não foram contabilizados sobre-consumos uma vez que não era possível aferir as
quantidades reais aplicadas com rigor. A possibilidade de aferir esta quantidade pela relação
do volume de argamassa aplicada ficou comprometida pela ocorrência de algumas fugas, pelo
que essa estimativa não seria real.

Relativamente à aplicação da argamassa os rendimentos são igualmente constantes,


registando-se apenas um valor mais desfasado dos restantes, o qual se deveu essencialmente à
ocorrência de fugas e entupimentos dos meios de distribuição. Por exemplo, na betonagem do
bloco 2, 4ª elevação, esta esteve parada durante sensivelmente uma hora devido à fuga de uma
grande quantidade de argamassa, em consequência da cedência do sistema de cofragem,
tendo-se utilizado cerca de 9m3 de areia para estancar a mesma, (Figura 3.45).

85
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Figura 3.45 – Operação de Estancagem de Fuga de Argamassa, (Arquivo Pessoal).

Uma vez concluídos os trabalhos de betonagem e respeitados os tempos de cura, a ensecadeira


ficou com o seguinte aspeto, (Figura 3.46):

Figura 3.46 – Finalização dos Trabalhos na Ensecadeira de Jusante, (Arquivo Pessoal).

Relativamente ao acabamento superficial, podemos afirmar que os resultados são bastante


satisfatórios, registando-se apenas uma coloração um pouco mais escura nos blocos
executados com BPCA devido à maior quantidade de cinzas volantes utilizada na produção da
argamassa.

86
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3.2.3. AVALIAÇÃO DE CUSTOS: BPCA VS BC

Concluídos os trabalhos de betonagem da ensecadeira de jusante, foi realizado um estudo


económico por forma a apurar eventuais vantagens na aplicação desta nova técnica em
trabalhos futuros. Tratando-se de uma nova técnica de betonagem, é de relevar a oportunidade
única para adquirir conhecimento e experiencia na sua concretização.

Posto isto, é de extrema importância compreender a diferença de custos entre a aplicação de


BPCA e a utilização de betão convencional, sendo esta a finalidade da realização deste
estudo.

Neste sentido, é essencial ter em consideração:

• O custo inerente à Central de Betão, nomeadamente a preparação do terreno para a


implantação da Central, aquisição/aluguer da Central propriamente dita e seus
componentes;
• Custos da execução das Baias para stock de material;
• Custos referentes a equipamentos e mão-de-obra necessários para manter a Central
operacional;
• O custo de fabrico do m3 de betão e da argamassa, no caso do BPCA;
• O custo relativo aos equipamentos necessários para a sua aplicação na frente de obra;
• O custo inerente à mão-de-obra necessária para aplicação do betão e da argamassa na
frente de trabalho.

Deste modo, fez-se um estudo inicial das diferentes parcelas de forma individual, efetuando-
se, de seguida, o comparativo entre as duas técnicas de betonagem tendo como base os
volumes reais executados na Ensecadeira de Jusante.

87
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3.2.3.1. PARCIAIS BETÃO C20/25

1. CUSTO DE FABRICO BETÃO C20/25

1.1) Encargos Inerentes à Execução da Plataforma para Instalação da Central de Betão.

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Escavação m3 18.488,15 [m3] 3,30 [€/m3] 61.010,90 [€]


Geotecnia vg - 158.370,19 [€] 158.370,19 [€]
Baias un. 12 87.314,30 [€/Baia] 1.047.771,61 [€]
1.267.152,70 [€]
Vol. Betão Aplicar 172.838,75 [m3]
Custo 7,33 [€/m3]

1.2) Custos com Montagem e Exploração dos Equipamentos da Central de Betão.

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Central de Betão un 1 12,52 [€/m3] 12,52 [€/m3]


Silo 120ton un 1 0,14 [€/m3] 0,14 [€/m3]
Gerador Diesel A.
un 1 0,21 [€/m3] 0,21 [€/m3]
Copco 150Kva
Gerador Diesel A.
un 1 0,36 [€/m3] 0,36 [€/m3]
Copco 325Kva
Contentor (3x2,4) un 1 0,01 [€/m3] 0,01 [€/m3]
Pá Carregadora un 1 1,83 [€/m3] 1,83 [€/m3]
15,07 [€/m3]

1.3) Custos de Mão-de-Obra (Exploração da Central).

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Op. Central un 1 1,38 [€/m3] 1,38 [€/m3]


Servente un 1 0,70 [€/m3] 0,70 [€/m3]
Manobrador un 1 1,47 [€/m3] 1,47 [€/m3]
3,55 [€/m3]

88
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

1.4) Custos de Material (Fabrico).

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Cimento Tipo I ton/m3 0,15 110,15 [€/ton] 16,52 [€/m3]


Cinzas ton/m3 0,12 51,70 [€/ton] 6,20 [€/m3]
Brita 10/20 ton/m3 0,47 7,48 [€/ton] 3,52 [€/m3]
Brita 20/40 ton/m3 0,26 7,48 [€/ton] 1,94 [€/m3]
Brita 40/55 ton/m3 0,314 7,48 [€/ton] 2,35 [€/m3]
Areia fina 0/1 ton/m3 0,269 10,67 [€/ton] 2,87 [€/m3]
Areia Média 0/4 ton/m3 0,627 10,67 [€/ton] 6,69 [€/m3]
Pozzolith 540 ton/m3 0,0017 357,50 [€/ton] 0,61 [€/m3]
Glenium SKY 526 ton/m3 0,0009 1.152,80 [€/ton] 1,04 [€/m3]
41,74 [€/m3]

2. CUSTO DE APLICAÇÃO DO BETÃO C20/25

2.1) Custos de Equipamentos (Aplicação).

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Telebelt un 1 1,45 [€/m3] 1,45 [€/m3]


Autobetoneira un 6 0,27 [€/m3] 1,61 [€/m3]
Vibrador Betão un 2 0,00 [€/m3] 0,002 [€/m3]
3,06 [€/m3]

2.2) Custos de Mão-de-Obra (Aplicação).

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Encarregado un 1 2,00 [€/m3] 2,00 [€/m3]


Pedreiro un 3 0,84 [€/m3] 2,51 [€/m3]
Servente un 1 0,70 [€/m3] 0,70 [€/m3]
Motorista un 6 0,78 [€/m3] 4,71 [€/m3]
Op. Telebelt un 2 1,20 [€/m3] 2,40 [€/m3]
12,32 [€/m3]

89
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3.2.3.2. PARCIAIS BPCA

1. CUSTO DE FABRICO BPCA

1.1) Encargos Inerentes à Execução da Plataforma para Instalação da Central de Betão.

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Escavação m3 18.488,15 [m3] 3,30 [€/m3] 61.010,90 [€]


Geotecnia vg - 158.370,19 [€] 158.370,19 [€]
Baias un. 4 96.045,73 [€/Baia] 384.182,92 [€]
603.564,01 [€]
Vol. Betão Aplicar 172.838,75 [m3]
Custo 3,49 [€/m3]

1.2) Custos com Montagem e Exploração dos Equipamentos da Central de Betão.

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Central de Betão un 1 12,52 [€/m3] 12,52 [€/m3]


Silo 120ton un 1 0,56 [€/m3] 0,56 [€/m3]
Gerador Diesel A. Copco
un 1 1,09 [€/m3] 1,09 [€/m3]
150Kva
Gerador Diesel A. Copco
un 1 0,01 [€/m3] 0,01 [€/m3]
325Kva
Contentor (3x2,4) un 1 1,83 [€/m3] 1,83 [€/m3]
Pá Carregadora un 1 0,23 [€/m3] 0,23 [€/m3]
16,23 [€/m3]

1.3) Custos de Mão-de-Obra (Exploração da Central).

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Op. Central un 1 1,38 [€/m3] 1,38 [€/m3]


Servente un 1 0,70 [€/m3] 0,70 [€/m3]
Manobrador un 1 1,47 [€/m3] 1,47 [€/m3]
3,55 [€/m3]

90
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

1.4) Custos de Material (Fabrico).

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Cimento Tipo I ton/m3 0,27 110,15 [€/ton] 29,74 [€/m3]


Cinzas ton/m3 0,5 51,70 [€/ton] 25,85 [€/m3]
Areia fina 0/1 ton/m3 0,737 10,67 [€/ton] 7,86 [€/m3]
Areia Britada 0/4 ton/m3 0,348 7,59 [€/ton] 2,64 [€/m3]
Glenium SKY 617 ton/m3 0,00726 740,30 [€/ton] 5,37 [€/m3]
AMV Rheomatrix 175 ton/m3 0,00296 1.375,00 [€/ton] 4,07 [€/m3]
75,54 [€/m3]

1.5) Custos da Central de Lavagem.

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Estrutura de Suporte m3 1 6.482,53 [€] 6.482,53 [€]


Mobilização/Desmobilização
m3 1 38.134,82 [€] 38.134,82 [€]
da Central de Lavagem

Camião Grua (Desmobilização) m3 1 1.617,00 [€] 1.617,00 [€]

Plataforma de Apoio
m3 1 501,60 [€] 501,60 [€]
(Desmobilização)
Demolição Estrutura de Sup. m3 1 4.487,67 [€] 4.487,67 [€]
51.223,62 [€]
Vol. Agregado Aplicado 1.005,41 [m3]
Custo 50,95 [€/m3]

91
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2. CUSTOS APLICAÇÃO BPCA

2.1) Custos de Equipamentos (Aplicação Agregado)

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

KOMATSU PC210 un 1 9,49 [€/m3] 9,49 [€/m3]


Martelo PC210 un 1 2,83 [€/m3] 2,83 [€/m3]
Camião un 1 6,49 [€/m3] 6,49 [€/m3]
DUMPER A25 un 1 8,47 [€/m3] 8,47 [€/m3]
Britadeira EXTEC un 1 12,60 [€/m3] 12,60 [€/m3]
Mini Giratória un 1 4,27 [€/m3] 4,27 [€/m3]
Giratória ZX470 LHC un 1 7,47 [€/m3] 7,47 [€/m3]
51,61 [€/m3]

2.2) Custos de Mão-de-Obra (Aplicação Agregado)

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Encarregado un 1 2,00 [€/m3] 2,00 [€/m3]


Servente un 3 0,70 [€/m3] 2,10 [€/m3]
4,11 [€/m3]

2.3) Custos de Equipamentos (Aplicação Argamassa)

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Autobomba un 1 0,21 [€/m3] 0,21 [€/m3]


Autobetoneira un 6 0,25 [€/m3] 1,48 [€/m3]
1,69 [€/m3]

2.4) Custos de Material (Aplicação Argamassa)

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Manilhas un 138 605,00 [€] 605,00 [€]


605,00 [€]
Vol. Argamassa Aplicado 822,00 [m3]
Custo 0,74 [€/m3]

92
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

2.5) Custos de Mão-de-Obra (Aplicação Argamassa)

UNI. QUANT. P.U. TOTAL

Encarregado un 1 2,00 [€/m3] 2,00 [€/m3]


Pedreiro un 3 0,84 [€/m3] 2,51 [€/m3]
Servente un 1 0,70 [€/m3] 0,70 [€/m3]
Motorista un 6 0,78 [€/m3] 4,71 [€/m3]
Op. Autobomba m3 2 1,20 [€/m3] 2,40 [€/m3]
12,32 [€/m3]

93
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

3.2.3.3. COMPARATIVO

Foram executados 4448,91m3 de Ensecadeira, dos quais 2621,5m3 com Betão Convencional
e os Restantes com BPCA.

Betão C20/25 BPCA


Custo Argamassa
Custo Referentes à Custo Referentes à
25,95 [€/m3] 23,27 [€/m3]
Central de Betão Central de Betão
Custos de Material Custos de Material
41,74 [€/m3] 75,54 [€/m3]
(Fabrico) (Fabrico)
Custo Equip. Custo Equip.
3,06 [€/m3] 1,69 [€/m3]
Aplicação Aplicação
Custo Mão de Custo Mão de Obra
12,32 [€/m3] 12,32 [€/m3]
Obra Aplicação Aplicação
Volume de Argamassa
Custo 822,00 [m3]
83,07 [€/m3] a Aplicar
Volume a Aplicar 2.621,50 [m3] Custo Argamassa 92.731,05 [€]
Manilhas Apl.
550,00 [€]
Argamassa
Custo Total
Custo Total 217.764,05 [€] 93.281,05 [€]
Argamassa
Custo Agregado
Equipamento Apl.
51,61 [€/m3]
Agregado
Custo Central de
50,95 [€/m3]
Lavagem
Custo Mão de Obra
4,11 [€/m3]
Aplicação
Volume de Agregado
1.005,41 [m3]
a Aplicar
Custo Total Agregado 107.243,71 [€]

Custo Total 200.524,76 [€]

Comparativo

Custo Betão C20/25 83,07 [€/m3] Custo BPCA 109,73 [€/m3]

Relação
1,32
BPCA - C20/25

94
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

Após estudo comparativo da execução da ensecadeira de jusante com 4448,91m3, dos quais
foram realizados 2621,5m3 com Betão Convencional e 1827,41m3 com BPCA, foi possível
apurar que o BPCA, por m3, custa mais 32% do que o BC. Este é um desfecho expectável, na
medida em que esta é uma técnica ainda em fase embrionária e como tal pouco otimizada.

Avaliando-se individualmente as duas grandes parcelas que constituem o BPCA, verificou-se


que o custo de fabrico de um m3 de argamassa é elevado devido a um maior tempo de
amassadura - três vezes superior relativamente à mesma quantidade de Betão Convencional, e
devido aos materiais que a constituem. É ainda importante salientar que para a execução da
argamassa para BPCA só são necessários dois tipos de areias, reduzindo assim o número de
baias, das doze necessárias para a produção de betão convencional para quatro baias de stock
de material para a produção de BPCA. Este facto faz com que os custos globais relativos à
central de betão por m3 sejam mais baratos no BPCA do que no C20/25.

Quanto ao custo de fabrico e aplicação de agregado, esta é uma atividade a que estão
associados elevados custos, essencialmente devido à elevada mobilização de equipamentos,
quer para a britagem e lavagem do agregado quer para a sua própria aplicação.

Dado que esta é uma técnica ainda muito recente, estas operações não estão otimizadas,
levando a crer que, se os processos de fabrico e aplicação forem melhorados, será possível
reduzir estes custos, podendo assim tornar este método de betonagem muito competitivo
relativamente aos processos convencionais.

De salientar ainda três aspetos importantes que, apesar de não terem sido contemplados neste
estudo, têm impacto nos custos:

i. O tempo relativo à cofragem dos elementos, visto que a argamassa é muito fluida, e
para evitar possíveis fugas, é necessário garantir uma conveniente estanquidade dos
diferentes elementos, utilizando fita isoladora com tecido e espuma de poliuretano;
ii. A colocação do agregado é uma atividade morosa, que atrasa em média os trabalhos,
relativamente ao betão convencional, em um dia;
iii. O facto de a desmoldagem do bloco só poder acontecer a partir do segundo dia.

Estas condicionantes levam a uma perda de, sensivelmente, um dia na execução de um


mesmo bloco com BPCA relativamente ao Betão Convencional, traduzindo-se diretamente
em custos mais elevados.

95
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

De salientar que se a ensecadeira tivesse sido executada toda ela em Betão Convencional,
estaria terminada a 30/06/2012. Contudo, por terem sido executadas dez elevações em BPCA,
a Ensecadeira apenas ficou concluída no dia 10/07/2012.

96
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

4. CONCLUSÃO

Após a conclusão do presente estágio verificou-se que foram atingidos os objetivos


inicialmente propostos, uma vez que proporcionou a oportunidade única de relacionar e
aplicar o conhecimento académico, adquirido durante o curso, com a área de gestão e
execução de uma empreitada.

Durante o período de estágio executaram-se várias tarefas, algumas das quais foram aqui
mencionadas por serem as mais relevantes, apresentando-se de seguida as conclusões
retiradas em cada uma destas atividades:

• Desvio Provisório do Rio Mau:

 Elaboração da Nota Técnica 27:

Após análise dos resultados obtidos, verificou-se que as soluções adotadas


possibilitam o escoamento do caudal de dimensionamento, de 20 m3/s,
correspondente ao período de retorno de 100 anos.

Devido à reduzida inclinação do canal, tanto no troço a céu aberto como no troço
onde assentam as manilhas, e devido à elevada probabilidade de transporte de
detritos quando se verificam caudais mais elevados, este foi executado de forma a
garantir uma folga, antecipando possíveis entupimentos parciais das manilhas e
reduzindo o risco de galgamento das suas margens.

 Determinação da Precipitação Máxima Diária Mensal:

Após a realização deste estudo, recorrendo à Lei de Gumbel, foi possível


determinar o caudal máximo que poderá ocorrer durante os meses de estiagem, de
Junho a Setembro, para T = 10 anos. Assim sendo, verificou-se que o mês onde se
podem verificar caudais mais elevados, é o mês setembro, o que significa que o
sistema de derivação deve, pelo menos, garantir o escoamento desse caudal, de 4,52
m3/s.

97
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

• Acompanhamento da Execução da Ensecadeira de Jusante:

Durante o acompanhamento da execução da ensecadeira de jusante foi possível


contactar com a aplicação de uma nova técnica de betonagem, o Betão com Prévia
Colocação de Agregado (BPCA), tendo-se executado uma avaliação de custos de
forma a apurar as diferenças entre a aplicação deste tipo de betão com o Betão
Convencional (BC).

Neste estudo comparativo apurou-se que o BPCA, por m3, custa mais 32% do que o
BC. Este é um desfecho expectável, na medida em que esta é uma técnica ainda em
fase embrionária e como tal pouco otimizada, tendo sido identificadas as principais
causas do sobrecusto verificado.

Esta experiência proporcionou ainda a possibilidade impar de constatar a extrema importância


da execução de um planeamento e gestão criteriosos, tanto a nível de recursos humanos como
de equipamentos, visto que só assim é possível cumprir prazos e garantir a não ocorrência de
gastos extraordinários, se a preparação não for exaustiva e atempada em todas as fases da
obra.

É ainda de realçar a elevada importância do trabalho em equipa e a comunicação positiva


entre os vários elementos que a compõem, em que todos unem esforços e competências, de
forma a atingir um objetivo comum, ou seja, o sucesso de toda a empreitada.

98
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Decreto-Lei nº 58/05, de 29 de Dezembro. Diário da República nº249 – Série I-A.


Assembleia da República. Acedido em 20/09/2012.
http://www.inag.pt/inag2004/port/divulga/legisla/pdf_nac/Lei%2058_2005.pdf

• EDP, (2010). Reforço de Potência de Salamonde – Salamonde II – Empreitada Geral


de Construção – Processo de Concurso, Volume V – Tomo A – Memória Descritiva.

• EDP, (2012). Ensecadeira de Jusante – Projeto de Execução – Nota Técnica 23.

• Faria, J.M. et al (1980), Análise estatística dos valores máximos do ano da quantidade
diária de precipitação em Portugal – O clima de Portugal, fascículo XIX,
INMG,Lisboa

• Teixeira da Costa. et al (2001), Condutos Livres. Acedido em 15/12/2012.


http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/12170/material/CONDUT
OS%20LIVRES.pdf

• Maciel Vaz, C. (2008). Análise de Tendências em Séries de Precipitação Diária


Máxima Anual, IST. Acedido em 10/05/2012.
https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/229473/1/dissertacao.pdf

• Martins, F. (2000). Dimensionamento Hidrológico de Passagens Rodoviárias para


Águas Pluviais. Acedido em 14/09/2012.
http://repositorio.ipv.pt/bitstream/10400.19/482/1/Tese%20-%20Mestrado.pdf

• Mendes, L. (2010). Apontamentos de Hidráulica Aplicada – Capítulo A – Drenagem


Pluvial em Vias de Comunicação, ISEL.

• Portela, M. e Hora, G. (2002). Aplicação da Fórmula Racional à Análise de Cheias


em Portugal Continental: Valores do Coeficiente “C”. 6º Congresso da Água.
Acedido em 13/05/2012.
http://www.civil.ist.utl.pt/~mps/Mod_hid/Bibliografia/artigo%20formula%20racional.
pdf

• Quercus, (2012). Quercus analisa dados da energia elétrica de Portugal em 2011.


Acedido em 10/04/2012.
http://www.quercus.pt/comunicados/2012/janeiro/139-quercus-analisa-dados-da-
energia-electrica-de-portugal-em-2011

99
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

• Quintela, António, (1998), Recursos Hidricos / A Água no Ordenamento do


Território, IST, Lisboa.

• Quintela, António, (2002), Hidráulica – 8ª Edição. Fundação Calouste Glubenkian,


Lisboa.

• Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos. Acedido em 07/05/2012


http://snirh.pt/snirh/_dadosbase/site/simplex.php?OBJINFO=DADOS&FILTRA_BA
CIA=107&FILTRA_COVER=920123704&FILTRA_SITE=920685704

100
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II

ANEXOS

101
ANEXO A: NOTA TÉCNICA 27

CONSTRUSALAMONDE, A.C.E.
REFORÇO DE POTÊNCIA DO APROVEITAMENTO
DE SALAMONDE – SALAMONDE II

DESVIO PROVISÓRIO DO RIO MAU


DIMENSIONAMENTO DA SOLUÇÃO ADOTADA

NOTA TÉCNICA 27
(15/05/2012)

ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... A1
2. GENERALIDADES ............................................................................................... A1
3. DESCRIÇÃO DA SOLUÇÃO ADOPTADA ........................................................ A1
4. MATERIAIS........................................................................................................... A2
5. JUSTIFICAÇÃO DA SOLUÇÃO ADOPTADA ................................................... A2
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ A4
1. INTRODUÇÃO

Refere-se a presente Nota Técnica à formalização do dimensionamento da solução


implementada para o desvio provisório do Rio Mau, em Salamonde, concelho de Vieira do
Minho. Esta obra está integrada na empreitada de construção do reforço de potência do
aproveitamento de Salamonde – Salamonde II, que o Construsalamonde, A.C.E. se
encontra a realizar como entidade executante.

2. GENERALIDADES
O leito do Rio Mau atravessava a antiga pedreira, atual escombreira que serviu de apoio à
execução da Barragem de Salamonde.

Ao utilizar-se essa zona como área para depósito de escombros, foi necessário efetuar um
desvio no curso do Rio, contornando a escombreira e restituindo o caudal na parte do troço
do canal de desvio já executado para o efeito.

Dada a importância desta linha de água, a solução provisória deverá ter capacidade para
escoar caudais de cheia centenários, que se estimam ser da ordem dos 20 m3/s. (EDP,
Volume V - Elementos do Projeto do Processo de concurso).

3. DESCRIÇÃO DA SOLUÇÃO ADOPTADA


A solução adotada passou pela escavação da parte inicial do canal que ainda não se
encontrava executada e que aguardava definição, com a forma aproximada de um trapézio
e com um perfil tipo com uma área de aproximadamente 29,91m2. O volume total
correspondente a essa escavação foi de 427,72m3.

Figura 1 - Perfil Transversal Tipo

Como forma de regularização da soleira da superfície do canal de escoamento, foi


executado um revestimento em betão, de forma a impedir o arrastamento de finos e
garantir a impermeabilização na base do canal e dos taludes adjacentes.

A jusante do canal de escavação, foram dispostas três manilhas de betão com o intuito de
controlar e direcionar o caudal, que foram betonadas entre si por forma a garantir a sua
estabilidade e, em casos excecionais, fazer face a situações de eventual galgamento.

A1
4. MATERIAIS
O betão utilizado foi do tipo C25/30 e as manilhas utilizadas são em betão pré-fabricado
com diâmetro interior de 1,5m.

5. JUSTIFICAÇÃO DA SOLUÇÃO ADOPTADA


Dada a reduzida inclinação do troço onde assentam as manilhas, o dimensionamento deve
garantir uma folga, antecipando possíveis entupimentos parciais que possam ocorrer
devido ao arrastamento de material pelo rio, dada a sua grande velocidade de escoamento.

Caso haja entupimento das manilhas, o canal foi dimensionando de forma a prever que o
nível da lâmina de água possa subir significativamente, tendo sido revestido em betão até
uma cota superior de forma a garantir a estabilidade dos taludes das suas margens.

5.1. Dimensionamento
As secções de desvio provisório previsto garantem o escoamento para o caudal de
dimensionamento, correspondente ao caudal centenário de cheia de 20m3/s.

A verificação foi efetuada recorrendo à expressão de Manning-Strickler:


2� 1�
𝑄 = 𝐾𝑆 × 𝐴 × 𝑅ℎ 3 ×𝑖 2

Em que:
• Q – Caudal [m3/s];
• KS – Coeficiente de Rugosidade de Manning-Srtickler [m1/3/s];
• A – Área de Escoamento [m2];
• Rh – Raio Hidráulico [m];
• i – Inclinação [m/m].

No seu dimensionamento foram considerados valores para o coeficiente de rugosidade de


acordo com o seguinte quadro:

Quadro 1 - Coeficientes de Rugosidade Adotados

Coeficiente de Rugosidade
KS Manilhas [m1/3/s] 70
KS Betão Projetado [m1/3/s] 50

A2
5.2. Troço de Escavação a Céu Aberto

O canal de escavação apresenta geometrias trapezoidais ligeiramente variáveis. Para o


perfil tipo considerado e para uma inclinação média de 2,5%, o caudal de
dimensionamento, 20m3/s, pode ser escoado com uma altura de 0,75m (Quadro 2).
. Quadro 2 - Calculo da Altura de Escoamento

Canal de Escavação
i [m/m] 0,025
1/3
KS [m /s] 50
Q [m3/s] 20
A [m2] 5,42
P [m] 16,48
h [m] 0,75

5.3. Manilhas de Betão

Para determinar o caudal escoado pelas manilhas, foi considerado que o escoamento se
processa em superfície livre.
Escoamento com superfície livre:

𝐷2
𝐒𝐞𝐜çã𝐨 𝐇𝐢𝐝𝐫𝐚𝐮𝐥𝐢𝐜𝐚: 𝐴 = (𝜃 − sin 𝜃) ×
8
𝐷×𝜃
𝐏𝐞𝐫í𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨: 𝑃 =
2
2ℎ
Â𝐧𝐠𝐮𝐥𝐨: 𝜃 = 2𝑎𝑟𝑐𝑜𝑠 �1 − �
𝐷

Figura 2 - Expressões Utilizadas para Determinação da Altura Necessária para Escoar o Caudal de Cheia Centenário

A3
Escoamento com secção cheia:

𝜋 × 𝐷2
𝐒𝐞𝐜çã𝐨 𝐇𝐢𝐝𝐫𝐚𝐮𝐥𝐢𝐜𝐚: 𝐴 =
4
𝐏𝐞𝐫í𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨: 𝑃 = 𝜋 × 𝐷

Figura 3 - Expressões Utilizadas para Determinação do Caudal máximo Escoado Pelas Manilhas

Dada a inclinação média de 1,3% e para o caudal de dimensionamento, a altura de água em


cada uma das três manilhas é de 1,13m, de acordo com o seguinte quadro:
Quadro 3 – Calculo do Caudal Escoado

Manilhas
i [m/m] 0,013
KS [m1/3/s] 70
D [m] 1,5
θ 4,203
h [m] 1,13
A / Manilha [m2] 1,43
P [m] 3,15
3
Q [m /s] 20
Q / Manilha [m3/s] 6,67

O caudal máximo admissível em cada manilha, para um escoamento com secção cheia é de
7,34 m3/s, correspondendo a um caudal total acumulado de 22,0 m3/s.

A energia específica do escoamento em cada manilha é dada pela seguinte fórmula:

𝑈2
𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝑬𝒔𝒑𝒆í𝒇𝒊𝒄𝒂: 𝐸 = ℎ +
2𝑔

𝑄
𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑴é𝒅𝒊𝒂: 𝑈 =
𝐴
Figura 4 - Expressões Utilizadas para Determinação da Energia Específica em Cada Manilha.

Em que:
• E – Energia Específica [m];
• h – Altura do Escoamento nas Manilhas [m];
• U – Velocidade de Escoamento nas Manilhas [m/s];

Substituindo os valores obtidos no Quadro 3 nas expressões anteriores, obtiveram-se os


seguintes resultados:
Quadro 4 – Calculo da Energia Específica

Energia Específica
U [m/s] 4,67
E [m] 2,24

A4
Analisando o resultado anterior verifica-se que em regime uniforme a altura máxima de
água que poderá ser atingida no canal é de 2,24 m. Mas atendendo às razões apresentadas
em 5, considera-se ajustada a altura atribuída aos taludes, garantindo assim que o canal
trapezoidal não transborde com o caudal de projeto.

6. CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos, verifica-se que as soluções adotadas possibilitam o
escoamento do caudal de dimensionamento, bem como possíveis excedências do mesmo,
dado que as manilhas são capazes de escoar um caudal máximo de 22,0 m3/s.

O canal foi sobredimensionado pelos motivos referidos em 5, de forma a minimizar a


probabilidade de entupimento nas manilhas e promover a dissipação de energia e por sua
vez a sedimentação de material durante o escoamento.

Pelo facto do canal do Rio Mau ter uma elevada probabilidade de transporte de detritos
quando se verificam caudais mais elevados, uma capacidade de escoamento superior à
necessária permite que o escoamento se processe com mais segurança, reduzindo o risco de
galgamento das suas margens.

Salamonde, 15 de Maio de 2012

A5
ANEXO B: PERFIS TRANSVERSAIS (DESVIO PROVISÓRIO DO RIO MAU)
rev. data des. apr.

Requerente

Obra

SALAMONDE

ADAPTADO
DESVIO DO RIO MAU

Fase

Escalas/data: NOVEMBRO 2011


Equipa

.
ANEXO C: PLANTA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAU
ESCOMBREIRA

Simbologia:

rev. data des. apr.

Requerente

BACIA Obra

SALAMONDE

DO RIO MAU ADAPTADO


PROJETO BASE ESCOMBREIRA

Fase

Escalas/data: 1/100000 Julho 2010


Equipa

Arquivo
ANEXO D: LEVANTAMENTO TOPO-HIDROGRÁFICO, JUSANTE DA
ENSECADEIRA – PLANTA E PERFIS TRANSVERSAIS
Planta
esc. 1:1500

rev. data des. apr.

Requerente

Obra

SALAMONDE

ADAPTADO

Perfis Transversais
Fase
LEGENDA:
Perfis Escalas/data: Indicadas
Lastro
Transversais Equipa
Terreno natural Limite do carril
esc. 1:750
Plataforma de .
acesso
Furos
Arquivo
ANEXO E: ENSECADEIRA DE JUSANTE – PRÉ-CORTE, LEVANTAMENTO
TOPO-HIDROGRÁFICO, PLANTA E PERFIS TRANSVERSAIS
rev. data des. apr.

Requerente

Obra

SALAMONDE

ADAPTADO

Perfis Transversais
Fase
PROPOSTA
Escalas/data: Indicadas Abril 2012
Equipa

Arquivo
ANEXO F: ALÇADO DA ENSECADEIRA
rev. data des. apr.

Requerente

Obra

SALAMONDE

ADAPTADO

Plano de Betonagens
Fase

Escalas/data: 1:250 Junho 2012


Equipa

Arquivo
ANEXO G: PERFIS TRANSVERSAIS DA ENSECADEIRA
rev. data des. apr.

Requerente

Obra

SALAMONDE

ADAPTADO

Perfis Transversais
Fase

Escalas/data: 1:100 Junho 2012


Equipa

Arquivo
rev. data des. apr.

Requerente

Obra

SALAMONDE

ADAPTADO

Perfis Transversais
Fase

Escalas/data: 1:100 JUNHO 2012


Equipa

Arquivo
ANEXO H: EQUIPAMENTOS AFETOS À ATIVIDADE BETONAGEM

BETÃO C20/25 BPCA

ELEMENTO COLOCAÇÃO DE AGREGADOS APLICAÇÃO DE ARGAMASSA


AUTO- AUTO- DESC.
TELEBELT GRUA MINI AUTO- DESC. AUTO-
BETONEIRA BOMBA DIRETA Giratória GRUA Camião OUTROS GRUA
GIRATÓRIA BOMBA DIRETA BETONEIRA
BLOCO 2
1 6 - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO
BLOCO 4
1 6 - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO
BLOCO 3
1 6 - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO
BLOCO 2
1 6 - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV.
BLOCO 4
1 6 - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV.
BLOCO 3
1 6 - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV.
BLOCO 2
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
2ª ELEV.
BLOCO 1
1 6 - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO
BLOCO 4
1 6 - - - - - - - - - - - -
2ª ELEV.
BLOCO 3
1 6 - - - - - - - - - - - -
2ª ELEV.
BLOCO 1
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
1ª ELEV.
BLOCO 4
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
3ª ELEV.
BLOCO 2
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
3ª ELEV.
BLOCO 3
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
3ª ELEV.
BLOCO 1
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
2ª ELEV.
BLOCO 2
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
4ª ELEV.
BLOCO 4
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
4ª ELEV.
BLOCO 1
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
3ª ELEV.
BLOCO 3
- - - - - 1 - 1 2 - 1 - 1 6
4ª ELEV.
BLOCO 1
1 4 - - - - - - - - - - - -
4ª ELEV.
BLOCO 2
1 4 - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV.
BLOCO 4
1 4 - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV.
BLOCO 3
1 4 - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV.
ANEXO I: MÃO-DE-OBRA AFETA À ACTIVIDADE BETONAGEM

QUANTIDADE DE MÃO DE OBRA


OP. OP.
ELEMENTO ENCARREGADOS MANOBRADORES PEDREIROS SERVENTES Carpinteiro Motorista Total
AUTOBOMBA TELEBELT
BLOCO 2
1 - 2 - 3 1 - 6 13
FUNDAÇÃO
BLOCO 4
1 - 2 - 3 1 - 6 13
FUNDAÇÃO
BLOCO 3
1 - 2 - 3 1 - 6 13
FUNDAÇÃO
BLOCO 2
1 - 2 - 3 1 - 6 13
1ª ELEV.
BLOCO 4
1 - 2 - 3 1 - 6 13
1ª ELEV.
BLOCO 3
1 - 2 - 3 1 1 6 14
1ª ELEV.
BLOCO 2
1 2 - 2 3 1 1 6 16
2ª ELEV.
BLOCO 1
1 - 2 - 3 3 1 6 16
FUNDAÇÃO
BLOCO 4
1 - 2 - 3 3 1 6 16
2ª ELEV.
BLOCO 3
1 - 2 - 3 3 1 6 16
2ª ELEV.
BLOCO 1
1 2 - 2 3 3 1 6 18
1ª ELEV.
BLOCO 4
1 2 - 2 3 3 1 6 18
3ª ELEV.
BLOCO 2
1 2 - 2 3 3 1 6 18
3ª ELEV.
BLOCO 3
1 2 - 2 3 3 1 6 18
3ª ELEV.
BLOCO 1
1 2 - 2 3 3 1 6 18
2ª ELEV.
BLOCO 2
1 2 - 2 3 3 1 6 18
4ª ELEV.
BLOCO 4
1 2 - 2 3 3 1 6 18
4ª ELEV.
BLOCO 1
1 2 - 2 3 3 1 6 18
3ª ELEV.
BLOCO 3
1 2 - 2 3 3 1 6 18
4ª ELEV.
BLOCO 1
1 - 2 - 3 3 1 6 16
4ª ELEV.
BLOCO 2
1 - 2 - 3 3 1 6 16
5ª ELEV.
BLOCO 4
1 - 2 - 3 3 1 6 16
5ª ELEV.
BLOCO 3
1 - 2 - 3 3 1 6 16
5ª ELEV.

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