Dissertação
Dissertação
Dissertação
Orientadores:
Mestre, Alexandre Almeida Mendes Borga
Licenciado, Pedro Miguel Ribeiro Calhamar Soares
Juri:
Presidente: Doutor, João Alfredo Ferreira dos Santos
Vogais: Mestre, Sandra Maria Mendes de Carvalho Martins
Mestre, Alexandre Almeida Mendes Borga
Licenciado, Pedro Miguel Ribeiro Calhamar Soares
JANEIRO DE 2013
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Albert Einstein
I
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
II
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
AGRADECIMENTOS
Aos Exmos. Engenheiros Pedro Soares e José Cupertino, companheiros de casa, os meus mais
sinceros agradecimentos por todo o apoio, companhia e longas horas de conversa.
Aos Exmos. Engenheiros Francisco Romãozinho e Rui Conde por toda a disponibilidade e
paciência, durante o período de estágio e por todo o posterior auxilio dado, contribuindo
muito para execução deste trabalho final de mestrado.
Ao Exmo. Senhor Rui Pinto, encarregado de primeira, por toda a disponibilidade, paciência,
longas horas de conversa e por ter partilhado comigo a sua vasta experiência no terreno, o
meu muito obrigado.
Ao Exmo. Senhor João Gomes, desenhador orçamentista, por toda a disponibilidade e apoio
prestado, muito obrigado.
Agradeço ainda aos Exmos. Engenheiros Nuno Lorga, João Quintela, Álvaro Inácio, Ana
Fortunato, Manuel Capinha, Ricardo Leitão e ao Exmo. Senhor Marco Simões, técnico de
qualidade, que sempre se mostraram disponíveis para me elucidarem sobre as variadas
temáticas da empreitada e me foram fornecendo as informações que fui solicitando ao longo
III
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
deste período de estágio, bem como a adequada orientação e debates sobre os temas
abordados no trabalho e respetiva aplicação prática dos mesmos, o meu mais sincero
agradecimento.
Agradeço ao corpo docente do Instituto Superior de Engenharia, que contribuiu para a minha
formação profissional. Em particular, agradeço ao Exmo. Engenheiro Alexandre Borga, que
me orientou neste trabalho.
A todos os meus colegas de faculdade, por tornarem os dias mais prazerosos, as aulas mais
divertidas e auxilio, muito obrigado. Sem vocês tudo seria mais difícil.
À minha colega e amiga Daniela Lopes, por todo o apoio na estruturação deste documento,
muito obrigado.
A todos os meus amigos e companheiros de longa data, por todos os momentos partilhados,
muitíssimo obrigado. É bom saber que posso contar convosco mesmo à distância.
Aos meus tios Petit e Nuno Vidigal agradeço por todo o apoio e disponibilidade ao longo
destes anos longe de casa.
À minha tia Teresa Fernandes pela verificação da tradução para Inglês do Resumo, muito
obrigado.
À minha família, em especial aos meus pais e irmã agradeço todo o apoio, compreensão e
sacrifício, mesmo que por vezes não fosse totalmente merecido e por me terem proporcionado
sempre as melhores condições para o meu sucesso académico.
IV
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
RESUMO
Tendo Portugal objetivos cada vez mais ambiciosos na utilização de energias renováveis,
aliados às condicionantes socioeconómicas e ambientais existentes que têm dificultado a
realização de novos investimentos em novos aproveitamentos, a EDP Gestão de Produção de
Energia realizou estudos onde verificou que a realização de reforços de potência seria uma
forma bastante atrativa de ultrapassar essas dificuldades e ao mesmo tempo responder às
solicitações energéticas atuais. É neste âmbito que se insere o Reforço de Potência de
Salamonde, Salamonde II.
Este trabalho foi elaborado na sequência de um estágio realizado para elaboração do trabalho
final de Mestrado em Engenharia Civil do ISEL, na área de especialização de Hidráulica, e
tem como objetivo relacionar o conhecimento académico com os aspetos práticos do exercício
profissional na área de construção dos órgãos e equipamentos de uma barragem.
V
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
VI
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
ABSTRACT
Having Portugal increasingly ambitious goals in renewable energy, combined with existing
environmental and socioeconomic constraints that have hindered new investment in new
exploitations, EDP Energy Production Management conducted studies which found that the
achievement of power reinforcements would be a very attractive way to overcome these
difficulties and at the same time respond to current energy demands. It Is in this context that
fits the Power Reinforcement of Salamonde, Salamonde II.
This work was prepared following a stage for preparation of the final Master's in Civil
Engineering from ISEL, in the area of specialization of Hydraulics, and aims to relate
academic knowledge with practical aspects of professional practice in the area of construction
equipment and organs of a dam.
The content of this paper includes the following topics: i) a brief definition and framework of
the work and project objectives, as well as a description of the features and construction
methods used in the different organs of the hydraulic circuit, ii) demonstration of the
constructive choices made in the execution of temporary deviation of the Rio Mau,
concluding that it was well designed; iii) study of the maximum daily rainfall, using the
Gumbel Law, during the dry season, in order to estimate the maximum flowrate that will flow
on the Rio Mau during the execution of definitive deviation, noting that this will occur in
September; iv) monitoring the implementation of the downstream cofferdam, resorting in part
to a new method of concreting, the BPCA (Concrete with prior placement of aggregate) and
also an comparative analysis of unit costs from the different construction processes used,
which showed that this innovative technique has potential, but still lacks automation of
processes.
VII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
VIII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
CONTEÚDO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 1
2. A EMPREITADA ......................................................................... 3
2.1. O A.C.E. ..................................................................................................................................... 3
2.2. Enquadramento ........................................................................................................................... 3
2.2.1. Introdução .......................................................................................................................... 3
2.2.2. Sistema do Rio Cávado, Rabagão e Homem ..................................................................... 5
2.2.3. Aproveitamento Hidroeléctrico de Salamonde .................................................................. 7
2.3. Objectivos e Justificação do Projeto ........................................................................................... 9
2.4. Reforço de Potência .................................................................................................................. 13
2.4.1. Concepção Geral .............................................................................................................. 13
2.4.2. Circuito Hidraulico .......................................................................................................... 17
2.4.3. Central ............................................................................................................................. 32
2.4.4. Túneis de Acesso e de Ataque ......................................................................................... 35
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................37
3.1. Desvio Provisório do Rio Mau ................................................................................................. 37
3.1.1. Enquadramento ................................................................................................................ 37
3.1.2. Elaboração da Nota Técnia 27 ......................................................................................... 38
3.1.3. Precipitação Máxima Diária Mensal ................................................................................ 43
3.2. Ensecadeira de Jusante ............................................................................................................. 53
3.2.1. Enquadramento ................................................................................................................ 53
3.2.2. Acompanhamento dos Trabalhos Desenvolvidos ............................................................ 59
3.2.3. Avaliação de Custos: BPCA vs BC ................................................................................. 87
4. CONCLUSÃO ............................................................................. 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................99
ANEXOS ....................................................................................... 101
Anexo A: Nota Técnica 27
Anexo B: Perfis Transversais (Desvio Provisório do Rio Mau)
Anexo C: Planta da Bacia Hidrográfica do Rio Mau
Anexo D: Levantamento Topo-Hidrográfico, Jusante da Ensecadeira – Planta e Perfis Transversais
Anexo E: Ensecadeira de Jusante – Pré-Corte, Levantamento Topo-Hidrográfico, Planta e Perfis Transversais
Anexo F: Alçado da Ensecadeira
Anexo G: Perfis Transversais da Ensecadeira
Anexo H: Equipamentos Afetos à Atividade Betonagem
Anexo I: Mão-De-Obra Afeta à Actividade Betonagem
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
X
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
ÍNDICE DE FIGURAS
XI
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
XII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
INDÍCE DE QUADROS
XIII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
XIV
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
LISTA DE ABREVIATURAS
XV
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
XVI
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
SIMBOLOGIA
a, n Coeficientes
A Área da Secção Transversal; Área da Bacia Hidrográfica
C Coeficiente de Escoamento
D Diâmetro
E Energia Específica
F(x) Função de Distribuição
h Altura de Escoamento
i Inclinação Média
ic Intensidade Crítica de Precipitação
J Declive Médio do Curso de Água
k Fator de Probabilidade
Ks Coeficiente de Rugosidade de Manning-Srtickler
L Comprimento da Linha de Água Principal
P Precipitação
PH Perímetro Molhado
Ptotal Precipitação Total
Pútil Precipitação Útil
P30 Precipitação Máxima com uma Duração de 30 min.
P60 Precipitação Máxima com uma Duração de 60 min.
Q Caudal
Qp Caudal de Ponta
Rh Raio Hidráulico
𝑠′ Desvio Padrão
T Período de Retorno
tc Tempo de Concentração
XVII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
U Velocidade de Escoamento
Zmáx. Cota Máxima do Curso de Água
Zmin. Cota Mínima do Curso de Água
𝑥̅ Média
θ Ângulo ao Centro da Superfície Livre
XVIII
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
1. INTRODUÇÃO
A opção pelo estágio para a conclusão do Mestrado do curso de Engenharia Civil, na área de
especialização de Hidráulica, deveu-se à oportunidade de relacionar o conhecimento
académico com os aspetos práticos do exercício profissional na área de construção dos órgãos
e equipamentos de uma barragem, procurando responder aos seguintes objetivos:
Este relatório é constituído por dois grandes capítulos. No primeiro capítulo será feito um
breve enquadramento da obra e definição dos objetivos do projeto, bem como uma descrição
das características e processos construtivos utilizados nos diferentes órgãos do circuito
hidráulico. De seguida, o segundo capítulo irá dedicar-se à descrição e explicitação de
algumas atividades, as mais relevantes, realizadas no âmbito do acompanhamento da obra.
Este último capítulo está dividido em três subcapítulos em que se descreve a execução de uma
nota técnica, com o intuito de justificar ao Dono de Obra as opções tomadas pelo A.C.E. no
desvio provisório do Rio Mau; o estudo das precipitações máximas diárias durante o período
1
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
de estiagem, tendo como objetivo estimar os caudais máximos que iriam escoar no Rio Mau
durante o período de execução do desvio definitivo deste; e o acompanhamento dos trabalhos
de execução da ensecadeira de jusante recorrendo a uma nova metodologia de betonagem, o
BPCA (Betão com Prévia Colocação de Agregado).
Por fim, numa breve conclusão, procura-se dar resposta aos objetivos inicialmente propostos,
como também, esclarecer de que forma é que a realização deste trabalho contribuiu para o
desenvolvimento de competências pessoais e profissionais e as suas implicações para o
futuro.
2
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
2. A EMPREITADA
2.1. O A.C.E.
2.2. ENQUADRAMENTO
Este capítulo foi redigido utilizando como base de apoio a memória descritiva da Empreitada,
Reforço de Potência do Aproveitamento Hidroelétrico de Salamonde – Salamonde II.
2.2.1. INTRODUÇÃO
Após estudos efetuados pela EDP Gestão de Produção de Energia em 2007, no âmbito da
revisão do inventário de recursos hidroelétricos em Portugal, com o intuito de analisar
possíveis reforços de potência, concluiu-se que esta seria uma forma bastante atrativa de
ultrapassar as dificuldades de realizar investimentos em novos aproveitamentos, devido a
condicionantes ambientais, e ao mesmo tempo responder às solicitações energéticas, as quais
têm vindo a aumentar exponencialmente ao longo dos anos.
3
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Mesmo tendo sido lançados novos investimentos em centros produtores hidroelétricos, com o
lançamento do Plano de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, continua a fazer
sentido para a EDP o investimento em reforços, atendendo aos objetivos cada vez mais
ambiciosos do país na utilização de energias renováveis, objetivos esses igualmente
partilhados pela EDP (Quadro 2.1).
O aumento da produção energética por via eólica conduziu a um aumento do interesse nestes
reforços de potência, agora com equipamentos reversíveis que permitem o aproveitamento do
excesso de produção eólica em horas de menor consumo.
4
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Nas Figuras 2.1 e 2.2 apresenta-se a configuração geral do sistema até ao aproveitamento da
Caniçada.
5
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
6
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O conjunto das albufeiras que alimentam as centrais do sistema tem uma elevada capacidade
de armazenamento, aproximadamente 1100 hm³, equivalente a 1640 GWh, dos quais 64%
correspondem à albufeira do Alto Rabagão. A queda bruta total, entre o nível de retenção da
albufeira do Alto Rabagão e a restituição do circuito hidráulico da Caniçada, é de cerca de
840 m.
A barragem de Salamonde entrou em serviço em 1953, sendo esta uma barragem de abóbada
com 75 m de altura e coroamento à cota (271,00), (Figura 2.3).
A albufeira criada pela barragem de Salamonde é uma albufeira limitada em termos de área e
de capacidade de armazenamento. No NPA, à cota (270,36), a albufeira cobre uma área de 2,4
km² e tem uma capacidade total de armazenamento de 65 hm³. No entanto, para a amplitude
de 9,8 m correspondente à variação da cota da albufeira em exploração normal, a capacidade
útil de armazenamento é de apenas 20 hm³.
7
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A área total de bacia dominada pela albufeira de Salamonde é de aproximadamente 640 km²,
gerando um escoamento anual médio ligeiramente superior a 1030 hm3, ou seja, um módulo
de 33 m³/s.
O equipamento instalado na central atual está preparado para suportar apenas um caudal
ligeiramente superior ao caudal médio afluente (fator de equipamento igual a 1,27), o que
implica uma reduzida capacidade de modulação da produção e volumes descarregados
significativos. Esta característica era compatível com a da rede nacional nas décadas de 50 e
de 60, quando a maior parte da produção elétrica nacional tinha origem hidroelétrica e onde se
pedia aos aproveitamentos de albufeira essencialmente energia de base.
Por este motivo encontra-se em fase de implementação por parte da EDP Produção um
programa de reequipamento de muitos dos aproveitamentos mais antigos, quer a fio-de-água
(aproveitamentos do Douro Internacional) quer de albufeira (aproveitamentos do sistema
Cávado-Rabagão). É neste contexto que se integra o reforço de potência do aproveitamento de
Salamonde (Salamonde II).
8
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
9
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A concretização de mais este projeto de reforço de potência terá efeitos benéficos para o
sistema elétrico português, tanto mais que a potência instalada de 204 MW é bastante
significativa para um aproveitamento com um único grupo gerador, o que permitirá atingir
níveis de segurança de abastecimento acrescidos com algum significado.
Além disso, pelo nível de potência instalada referido, Salamonde II introduz na rede uma
reserva operacional com algum significado para os picos de consumo ou para uma perda
10
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
inesperada de produção de outro meio, seja ele térmico ou eólico, diminuição brusca de vento,
por exemplo.
Estas duas componentes aliadas à normal elevada disponibilidade e fiabilidade das centrais
hidroelétricas transformam-nas num fator importantíssimo e num garante da segurança de
abastecimento do sistema elétrico nacional.
O consumo de eletricidade têm vindo a crescer em Portugal, a taxas ainda muito significativas
quando comparadas com as de outros países europeus (a taxa média anual de crescimento do
consumo de eletricidade em Portugal entre 2000 e 2007 foi de cerca de 4%) segundo a EDP,
mantendo-se em crescimento na mesma ordem de grandeza até 2010, sendo expectável que
continuem a crescer. Assim este aumento de consumos tem que ser compensado com maior
potência instalada. Mesmo admitindo que se viesse a verificar uma estagnação do
crescimento, manter-se-ia o interesse de aumento da produção com base endógena e
renovável para que o país possa cumprir os compromissos ambientais, económicos e de
segurança atrás referidos.
Em 2011, segundo a Quercus, houve uma contração do PIB, bem como do consumo de
energia na ordem dos 3,2%. Esta quebra deveu-se essencialmente à grave crise financeira que
a Europa atravessa e ao constante aumento do IVA.
11
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Assim, o reforço de potência agora em causa contribui para que nesse mix de produção
necessário, a energia hidroelétrica tenha uma taxa de crescimento que continue a garantir o
equilíbrio de fontes que permita alcançar o objetivo proposto para 2020: as “renováveis”
representarem 60% do mix.
Este aumento de capacidade de produção por esta via vai também permitir cumprir um outro
objetivo da EDP de incorporação no seu parque produtor de centros electroprodutores
eficientes e não emissores de CO2, de forma a reduzir o valor médio dessa emissão.
12
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A solução adotada consiste num esquema técnico implantado no maciço da margem esquerda
do rio Cávado constituído pelos seguintes elementos principais, (Figura 2.4):
Figura 2.4 – Implantação Geral dos Aproveitamentos Energético de Salamonde e Salamonde II, (EDP, 2010).
13
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O túnel de restituição, mais longo, terá baixa pressão interior, encontrando-se implantado a
significativa profundidade, em rocha de melhor qualidade. Este túnel, não revestido, disporá
necessariamente de uma chaminé de equilíbrio perto da sua extremidade de montante, tão
perto da central quanto possível.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O túnel de restituição é quase horizontal ao longo da maior parte do percurso, apenas subindo
com uma pendente de 10% junto à restituição na Caniçada, o que facilitará abertura do túnel e
a remoção dos escombros. Um poço de drenagem implantado no ponto baixo intermédio,
permitirá o esvaziamento do circuito hidráulico em caso de necessidade.
Foi tirado partido da depressão criada pela pedreira outrora aberta nessa zona com o intuito de
produção de inertes para aplicação nos betões da barragem, para deposição dos escombros
provenientes das escavações do reforço de potência de Salamonde.
Sob o ponto de vista geológico, a formação ocorrente no local compreendido pelas obras de
reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Salamonde - Salamonde II,
corresponde ao Granito do Gerês. Este granito apresenta, de modo geral, fácies grosseiras, na
periferia, e porfiroides de grão médio a grosseiro, para o interior do maciço.
16
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Figura 2.6 – Planta e Perfil Longitudinal do Circuito Hidráulico de Salamonde II, (EDP, 2010).
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A secção de tomada propriamente dita é formada por três aberturas retangulares com
11,00x7,00 m², protegidas por grelhas fixas, dispostas verticalmente em três painéis
independentes, com uma área total de 220 m², a qual será suficiente para assegurar boas
condições de operação.
A tomada de água foi dimensionada de modo a poder operar sem quaisquer limitações
(nomeadamente turbinando em plena carga) com a albufeira de Salamonde no Nme (Nível
Mínimo de Exploração), à cota (259,00). Por este motivo, o rasto da estrutura de tomada foi
colocado à cota (248,50), ficando o bordo superior à cota (259,00), o qual corresponde ao
Nme em Salamonde. Garante-se deste modo que as grades de proteção ficarão sempre
totalmente submersas, qualquer que seja o nível de água na albufeira, e com velocidades de
atravessamento convenientes.
As grades da entrada deverão ser dimensionadas, em termos de secção tipo dos perfis
utilizados, tendo em conta a operação nos dois sentidos. O funcionamento em bombagem
tenderá a limpar as grades em cada ciclo de operação, principalmente tendo em conta que se
trata de grelhas verticais.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Imediatamente a jusante da secção das grades, a secção corrente contrai-se até à secção das
comportas. O grau de contração aceitável está condicionado pelo facto de, na fase de
bombagem, a estrutura funcionar como difusor, devendo portanto recuperar um máximo da
energia cinética do escoamento. As comportas de segurança e ensecadeira, com 8,30x6,50 m²,
deslizam em ranhuras instaladas num poço circular de betão armado, com 9,60 m de diâmetro
interno e 0,80 m de espessura, que se desenvolve até uma plataforma de acesso colocada à
cota (273,00) e materializada por uma laje em betão armado com 1,0 m de espessura.
O acesso à plataforma de manobra é efetuado por meio de um caminho de nível com 120 m
de desenvolvimento e 6,00 m de largura que se estende desde o encontro da barragem de
Salamonde.
20
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A zona onde foi executada a obra da tomada de água encontrava-se coberta por vegetação. De
forma a limitar os períodos de abaixamento do nível da albufeira de Salamonde, a construção
da estrutura de tomada de água está a ser efetuada ao abrigo de uma ensecadeira de betão
simples, em arco cilíndrico com 25,00 m de raio, construída num período de dois meses
durante o qual se procedeu ao abaixamento do nível da albufeira de Salamonde até à cota
(247,00), (Figura 2.9).
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Quando foi atingida a cota da plataforma, foram iniciados os trabalhos de abertura do poço
das comportas.
Assim que a ensecadeira ficou pronta, foi possível iniciar-se a abertura do trecho horizontal
do túnel de adução por meios convencionais.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Para o caudal nominal de 200 m³/s, a velocidade de escoamento varia entre 3,7 m/s no trecho
revestido a betão e 7,6 m/s no trecho blindado.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O circuito inclui duas curvas de 85° no plano vertical, com cerca de 20 m de raio, intercaladas
por um poço vertical, com 90 m de altura, terminando no já referido trecho blindado a
montante da central. Este trecho blindado inicia-se com uma transição troncocónica com 6,92
m de comprimento, que faz a transição entre os diâmetros de 7,20 e 5,80 m, seguindo-se um
trecho com 9,26 m de desenvolvimento e 5,80 m de diâmetro, com pendente longitudinal de
10% de inclinação, a que se segue finalmente de um trecho horizontal, com 30,65 m de
comprimento e com o mesmo diâmetro de 5,80 m, o qual se prolonga até à entrada na caverna
da central.
De referir, ainda, que a escavação do troço vertical do trecho de adução irá ser efetuada com
recurso à técnica de raise-boring, (Figura 2.11).
O trecho de adução será totalmente revestido com betão, com geometria circular de diâmetro
interno de 8,30 m, no trecho em poço vertical, variando o diâmetro de escavação entre um
24
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O trecho blindado é igualmente de geometria circular, com diâmetro interno corrente de 5,80
m, a que corresponde um diâmetro de escavação de 7,80 m.
25
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O trecho da restituição na zona da central, entre o difusor da turbina e a secção que inicia o
túnel de restituição após a transição a jusante da chaminé de equilíbrio, será integralmente
revestido com betão armado, numa extensão total de aproximadamente 100 m, (Figura 2.13).
A secção deste trecho é muito variável, oscilando entre 13,50x3,60 m2 junto ao difusor e
6,20x8,10 m2 na secção da comporta ensecadeira. A jusante da comporta ensecadeira a secção
passa a circular com 8,30 m de diâmetro interior, num trecho com 16 m de comprimento onde
entronca a galeria de ligação à chaminé de equilíbrio, com 5,90 m de diâmetro interior. A
jusante deste trecho, uma transição com 30 m de comprimento conduz à secção corrente do
túnel de restituição, com 11,50 m de diâmetro interior nominal.
Para o caudal nominal, a velocidade de escoamento neste trecho ronda os 4,0 m/s.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O corpo da chaminé de equilíbrio é revestido com betão moldado com 0,50 m de espessura.
Na abóbada o revestimento é em betão projetado reforçado com fibras metálicas. O
revestimento do corpo da chaminé com betão armado destina-se a conter a queda eventual de
blocos que, sujeitos aos diferenciais de pressão originados pela oscilação do nível, possam ter
tendência a soltar-se, prejudicando ou impedindo o adequado funcionamento deste órgão
hidráulico.
A chaminé de equilíbrio liga-se ao trecho de restituição a jusante da central por meio de uma
curta ligação em túnel e poço, revestida com betão armado com 5,90 m de diâmetro interior,
com cerca de 24 m de desenvolvimento pelo eixo e fazendo um desvio brusco de 90° a meio.
A abóbada da chaminé de equilíbrio encontra-se ligada ao túnel principal de acesso por um
túnel de ataque utilizado na fase de construção da chaminé. Será por este túnel que se fará a
ventilação da chaminé.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A escavação da chaminé de equilíbrio está a ser realizada com recurso a um túnel de ataque,
derivado do túnel de acesso à central.
Uma vez escavada a abóbada, poderá ser executada a partir da sua base o furo guia para a
abertura de um poço central com recurso à técnica de raise boring. Uma vez executado o furo
guia, poderá realizar-se a escavação ascendente com raise boring, materializando o poço
central, a partir do qual se poderá proceder à escavação convencional de alargamento,
executada em espiral descendente. Os escombros resultantes das fases de raise boring e de
alargamento poderão ser removidos pelo túnel de ligação e, de seguida, pelo túnel de acesso à
restituição.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Nas zonas de pior qualidade está prevista a execução de um revestimento definitivo em betão
armado com 0,50 m de espessura. As transições entre os trechos revestidos a betão armado e
os trechos adjacentes devem ser especialmente cuidadas, nomeadamente ao nível da abóbada,
devendo ser suavizadas evitando o aprisionamento de ar durante a operação do circuito
hidráulico.
O betão projetado de revestimento é drenado. Para tal serão instalados drenos curtos em toda
a sua superfície, numa malha quadrada de 3,0x3,0 m2.
2.4.2.7. RESTITUIÇÃO
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A secção de entrada/saída da restituição é formada por três aberturas retangulares com 12,00 x
6,00 m², protegidas por grelhas amovíveis, dispostas verticalmente em três painéis
independentes, com uma área total de 220 m². Em caso de necessidade de ensecagem do túnel
de restituição, os painéis das grelhas poderão ser substituídos por comportas ensecadeiras, as
quais serão colocadas nas ranhuras das comportas por meio de um pórtico, (Figuras 2.15 e
2.16).
30
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O rasto da tomada foi colocado à cota (131,00), ficando o bordo superior à cota (143,00), 1,0
m abaixo do Nme da albufeira da Caniçada, o que permite garantir a imersão total das grades
em quaisquer condições.
Não se prevê, em geral, a existência de problemas significativos nas fundações das obras da
restituição, considerando-se que após o saneamento geral e a execução das escavações
necessárias para atingir as cotas de projeto, os terrenos ocorrentes terão capacidade de suporte
suficiente para a fundação das estruturas previstas.
Em termos construtivos, prevê-se que a obra seja realizada integralmente a seco, a coberto de
uma ensecadeira de betão com perfil gravidade a construir no leito do rio Cávado, cerca de
200 m a jusante da restituição, imediatamente a montante da restituição de Salamonde. A
ensecadeira, com 15,00 m de altura, terá o coroamento à cota (153,00). Uma vez que o trecho
do rio entre a barragem de Salamonde e a referida ensecadeira poderá ser inundado em caso
de descargas na barragem de Salamonde, prevê-se que os trabalhos decorram apenas em
época de estiagem.
31
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
2.4.3. CENTRAL
A central de Salamonde II situa-se numa caverna localizada 150 m a sul do encontro esquerdo
da barragem de Salamonde, a cerca de 200 m de profundidade.
Conforme referido anteriormente, a caverna tem planta retangular com 65,65x26,50 m². A
altura total da caverna varia entre 27,50 m, na zona sul da caverna (átrio de montagem) e
44,70 m na zona norte (equipamentos).
A caverna apresenta secção transversal abobadada, com a geratriz superior 27,50m acima do
piso principal.
Do lado sul do grupo situa-se a zona de acesso e montagem, com um único piso com
26,50x23,90 m², à cota (126,00). Do lado norte do grupo situam-se os diferentes
equipamentos, distribuídos por 6 pisos, (Figuras 2.17 e 2.18):
O poço de drenagem da central tem o fundo à cota (85,60), ou seja, 67,90 m abaixo da
geratriz superior da abóbada. A movimentação dos equipamentos na central é efetuada por
meio de uma ponte rolante com 500 ton. de capacidade.
A abóbada da caverna da central será revestida com um teto falso, formado por elementos em
plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV), suportados por uma estrutura metálica assente
32
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
nas vigas de rolamento da ponte rolante, a qual suporta igualmente um passadiço metálico de
visita e de acesso à instrumentação instalada na abóbada.
Figura 2.18 – Corte Longitudinal da Caverna Pelo Eixo do Grupo Gerador, (EDP, 2010).
33
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Existirá também um poço vertical com 6,50 m de diâmetro interior e cerca de 180,00 m de
altura, que ligará a central ao edifício de apoio localizado à superfície.
Figura 2.19 – Corte Transversal da Caverna Pelo Eixo do Grupo, (EDP, 2010).
34
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
35
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
36
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
a execução de uma nota técnica, com o intuito de justificar ao Dono de Obra as opções
tomadas pelo A.C.E. no desvio provisório do Rio Mau;
o estudo das precipitações máximas diárias durante o período de estiagem, tendo como
objetivo estimar os caudais máximos que iriam escoar no Rio Mau durante o período
de execução do desvio definitivo deste; e
o acompanhamento dos trabalhos de execução da ensecadeira de jusante recorrendo a
uma nova metodologia de betonagem, o BPCA (Betão com Prévia Colocação de
Agregado).
3.1.1. ENQUADRAMENTO
O Rio Mau apresenta uma bacia drenante com área total de 2,28 km², tendo um escoamento
médio anual da ordem de 150 l/s. Este atravessava a escavação correspondente à antiga
pedreira utilizada na construção da barragem de Salamonde, que ao ser utilizada como
escombreira provocou o bloqueamento do escoamento existente do rio, cujo leito original foi
destruído aquando da exploração da pedreira para construção do aproveitamento existente.
Dada a importância da linha de água não era prudente o seu entubamento por meio de uma
estrutura enterrada sujeita a riscos de entupimento, tendo sido proposto o seu desvio a céu
aberto por meio de um canal de betão armado, o qual se desenvolverá escavado ao longo da
vertente leste da pedreira, conforme indicado na Figura 3.1.
37
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Este desvio constitui o traçado definitivo do rio Mau neste trecho. Na extremidade de
montante da escombreira, abaixo da EM 103-4, será construído um pequeno açude em betão
com cerca de 4m de altura, o qual permitirá o desvio das águas do rio para o canal. Este canal
restituirá as águas do rio Mau ao seu leito natural por meio de uma bacia de dissipação por
ressalto, a jusante da estrada de acesso à nova central.
Esta Nota Técnica, que se apresenta no Anexo A, foi elaborada no âmbito do desvio
provisório do Rio Mau, com o intuito do A.C.E. justificar ao Dono de Obra as opções
construtivas tomadas, visto estes últimos considerarem que o desvio estava
sobredimensionado.
As Figuras 3.2 e 3.3 demonstram o local a que corresponde à presente nota técnica.
38
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Na Figura podemos obter uma visão geral sobre a escombreira, encontrando-se no topo
esquerdo da fotografia o desvio provisório do Rio Mau. Na zona central, é possível visualizar
uma parcela do troço definitivo já executado, bem como a bacia de dissipação no local onde
se restitui a água ao leito natural do Rio Mau.
Figura 3.3 – Canal de Desvio do Rio Mau (Engª. Ana Fortunato, 2012)
39
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Observando a figura, podemos ver a parte inicial do canal, que devido a indefinições do
projeto de execução ainda não se encontrava executada. Desta forma e visto que era
necessário utilizar a zona da antiga pedreira como escombreira, foi necessário executar um
desvio provisório. A solução adotada passou pela escavação da parte inicial do canal com a
forma aproximada de um trapézio e com um perfil tipo com uma área de aproximadamente 30
m2. O volume total correspondente a essa escavação foi de 428 m3.
A jusante do canal foram dispostas três manilhas de betão com o intuito de controlar e
direcionar o caudal, que foram betonadas entre si por forma a garantir a sua estabilidade e, em
casos excecionais, fazer face a situações de eventual galgamento, (Figura 3.5).
Figura 3.5 – Cascata a Jusante das Manilhas (Eng.ª Ana Fortunato, 2012)
40
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Dada a importância desta linha de água e sabendo que estas secções têm de garantir o
escoamento para o caudal de dimensionamento, correspondente ao caudal centenário de cheia
de 20 m3/s, para se determinar a altura máxima de água prevista para este caudal foi utilizada
a fórmula de Manning-Strickler:
2� 1
𝑄 = 𝐾𝑠 . 𝐴. 𝑅ℎ 3 . 𝑖 �2 [3.1]
𝐴
𝑅ℎ = [3.2]
𝑃
Em que:
• Q – Caudal [m3/s];
• Ks – Coeficiente de Rugosidade de Manning-Srtickler [m1/3/s];
• A – Área de Escoamento [m2];
• Rh – Raio Hidráulico [m];
• P – Perímetro Molhado [m];
• i – Inclinação Média [m/m].
Secção Trapezoidal:
Secção Circular:
41
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Figura 3.6 – Curva de Capacidade de Transporte numa Secção Circular, (Quintela, A.,2002).
Com o intuito de verificar a altura máxima que poderá ser atingida no canal trapezoidal em
regime uniforme, calculou-se a Energia Específica. Segundo Teixeira da Costa. et al (2001),
esta dá-nos a energia disponível numa secção, tendo como referência o fundo do canal, nessa
mesma secção. Ou seja, esta é a distância vertical entre o fundo do canal e a linha de energia.
Esta verificação torna-se indispensável na verificação de possíveis problemas de escoamento
através de singularidades em canais, neste caso em específico estreitamento.
𝑈2
𝐸 =ℎ+ [3.8]
2𝑔
𝑄
𝑈= [3.9]
𝐴
42
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Em que:
De acordo com os cálculos apresentados na Nota Técnica, o caudal centenário de cheia escoa-
se nas manilhas em regime uniforme com uma altura de 1,13 m, sendo a capacidade de cada
manilha de 7,34 m3/s, correspondendo a um caudal total acumulado de 22,0 m3/s.
Verificou-se também que em regime uniforme a altura máxima de água que poderá ser
atingida no canal trapezoidal é de 2,24 m. Mas atendendo às razões apresentadas
anteriormente, considera-se ajustada a altura atribuída aos taludes, garantindo assim que o
canal trapezoidal não transborde com o caudal de projeto.
3.1.3.1. INTRODUÇÃO
A escolha deste intervalo temporal deve-se ao facto de a obra de desvio definitivo do Rio Mau
se realizar durante estes meses, devido à menor precipitação e consequente diminuição de
caudais.
43
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Os caudais máximos diários para os meses em estudo, foram obtidos da seguinte forma:
Neste estudo aplicou-se a Lei de Gumbel visto esta ser frequentemente utilizada para análise
de acontecimentos máximos, como é o caso dos valores máximos de precipitação diária. Em
Faria, J.M. et al. (1980), foi efetuada uma análise estatística em vários postos de observação
em Portugal, segundo esta mesma lei.
Os dados utilizados para a aplicação desta lei, foram obtidos recorrendo ao sítio da internet do
Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), utilizando os dados da
estação meteorológica de Salamonde, cujo código é 03I/09UG.
44
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A dimensão da amostra, que corresponde apenas a dezasseis anos, tem uma dimensão inferior
ao que seria desejável para permitir uma estimativa dos parâmetros da lei com uma confiança
significativa, no entanto estes são os únicos dados disponíveis. Dado o reduzido período de
execução dos trabalhos e ao baixo risco de ocorrência de precipitações superiores aos valores
estimados, considerou-se que a amostra fornecia informação válida para a análise pretendida.
Para a execução deste estudo utilizou-se a equação da função distribuição [3.10], uma vez que
foi considerado um período de retorno de dez anos. Este define-se como o número de anos
que deve em média decorrer para que o valor máximo anual de uma dada variável, neste caso
intensidade de precipitação, ocorra ou seja superada. Foi considerado este período de retorno
uma vez que se prevê executar esta obra de desvio definitivo num período inferior a quatro
meses, reduzindo assim a probabilidade por comparação direta com o período de retorno
adotado, de ocorrência ou excedência da precipitação máxima estimada.
1
𝐹(𝑥) = 1 − [3.10]
𝑇
√6 1
𝑘= �−𝑙𝑛 �ln � �� − 0,577� [3.11]
𝜋 𝐹(𝑥)
𝑃 = 𝑥̅ + 𝑘𝑠 ′ [3.12]
Em que:
Assim sendo e com recurso às equações [3.10] e [3.11], obtiveram-se os seguintes valores
para F(x) e k:
1
𝐹(𝑥) = 1 − = 0,9 [3.13]
10
45
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
√6 1
𝑘= �−𝑙𝑛 �𝑙𝑛 0,9�� − 0,577 = 1,305 [3.14]
𝜋
Utilizando a equação [3.12] e os valores da média e desvio padrão indicados no Quadro 3.1,
obtiveram-se os seguintes valores para as precipitações máximas diárias para cada um dos
meses em estudo, (Quadro 3.2):
Quadro 3.2 – Precipitações Máximas Diárias para os Meses em Estudo para T = 10 anos.
Analisando os resultados, verificamos que dos quatro meses em estudo, o mês com maior
valor de precipitação máxima diária é o mês de setembro e o mês com o menor valor é o mês
de julho.
Para determinar o caudal máximo espectável a ser escoado pelo Rio Mau, é necessário em
primeiro lugar, determinar a área da sua bacia hidrográfica. Esta, segundo a Lei da Água (Lei
nº58/2005 29 de Dezembro) é “a área terrestre no qual todas as águas fluem para o mar,
através de uma sequência de ribeiros, rios e eventualmente lagos e lagoas, desembocando
numa única foz, estuário ou delta”.
Neste caso específico, trata-se de uma sub-bacia hidrográfica da bacia hidrográfica do Rio
Cávado, cuja definição, segundo a mesma fonte, corresponde à “área terrestre a partir da qual
todas as águas fluem, através de uma sequência de ribeiros, rios e eventualmente lagos para
um determinado ponto de um curso de água, normalmente uma confluência ou um lago”.
O seu contorno é definido por uma linha que separa as águas entre bacias ou sub-bacias
adjacentes, designando-se esta linha por linha de cumeada formada pelo conjunto de pontos
de cotas mais elevadas entre bacias.
46
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Desta forma e recorrendo à carta militar nº44 Ruivais (Vieira do Minho), foi possível
determinar a área da bacia hidrográfica em questão, bem como o comprimento da linha de
água principal. Posto isto, retiram-se as cotas referentes ao início e ao fim do curso de água
principal, para assim determinar o seu declive médio.
Em que:
47
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Com a obtenção dos dados anteriores, é possível determinar o tempo de concentração da bacia
hidrográfica, que segundo Mendes, L. (2010), se define como sendo o tempo que demora o
escoamento superficial da partícula de água caída no ponto cinematicamente mais afastado da
secção de fecho da bacia, a chegar a essa secção.
Para tal recorreu-se à fórmula empírica de Temez, que segundo a mesma fonte, foi
desenvolvida para bacias hidrográficas espanholas, mas que também é recomendada para
Portugal, cuja expressão de cálculo é:
𝐿 0,76
𝑡𝑐 = 0,3 � 0,25 � [3.15]
𝐽
Em que:
tc [h] tc [min]
0,82 49
Quadro 3.3 – Tempo de Concentração da Bacia Hidrográfica em Estudo.
Para determinar o caudal de ponta, utilizou-se a fórmula racional, com o intuito de estimar o
caudal máximo escoado de águas pluviais numa bacia hidrográfica. Assim sendo, o caudal de
ponta é dado pela seguinte fórmula:
𝐶×𝑖𝑐 ×𝐴
𝑄𝑃 = [3.16]
3,6
Em que:
48
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
precipitação útil e a precipitação total, sendo a precipitação útil a fração da precipitação total
que dá origem a escoamento superficial, traduzida pela seguinte expressão:
𝑃ú𝑡𝑖𝑙
𝐶= [3.17]
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Em que:
É do conhecimento geral que nem toda a água precipitada numa determinada área é traduzida
em escoamento superficial, visto que parte do seu escoamento fica retido em irregularidades
do terreno, na cobertura vegetal, infiltra-se ou evapora-se. Deste modo, este coeficiente
depende diretamente das características físicas do terreno, como o seu declive, ocupação e uso
de solo, etc. O valor deste coeficiente varia entre 0 e 1.
O valor de “C” foi obtido através da seguinte tabela, retirada do artigo: Aplicação da Fórmula
Racional à Análise de Cheias em Portugal Continental: Valores do Coeficiente C, (2002).
Quadro 3.4 – Valores do Coeficiente C da Fórmula Racional, (Adaptado de Chow et al., (1988)).
49
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Para completar este estudo, falta-nos ainda determinar a intensidade da precipitação para um
tempo igual ao tempo de concentração da bacia hidrográfica em estudo. Uma vez que
dispomos das intensidades de precipitação para um dia, 24 horas, segundo Quintela, A.,
(1998), para períodos de retorno de cem anos, a precipitação diária num dado local pode ser
convertida na precipitação em 6 horas e na precipitação em 1 hora, mediante o recurso a
mapas de isolinhas dos “ valores máximos de precipitação em 6 horas em percentagem dos
valores em 24 horas” e dos “valores máximos de precipitação em 1 hora em percentagem dos
valores em vinte e quatro horas”.
No caso em estudo e visto que o tempo de concentração referente à bacia hidrográfica do Rio
Mau é inferior a uma hora, o mapa de isolinhas que nos interessa é o dos “valores máximos de
precipitação em 1 hora em percentagem dos valores em 24 horas”.
Figura 3.8 – Mapa de Isolinhas dos Valores Máximos da Precipitação em 60 min Expressos em Percentagem dos valores em 24 h.
(Quintela, A. 1998).
Uma vez que a bacia hidrográfica em questão se encontra no distrito de Braga, conselho de
Vieira do Minho, considerou-se que a percentagem a ser utilizada para obter-se a precipitação
máxima em 1 hora partindo dos valores de 24 horas, seria de 25%.
Para o mês de setembro, o valor da precipitação máxima com a duração de uma hora será:
50
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Uma vez que o período de retorno adotado é inferior a cem anos, segundo Quintela, A.,
(1998), poderá recorrer-se, com aproximação razoável, às mesmas figuras.
Duração n (min.) 5 10 15 30
Relação 0,29 0,45 0,57 0,79
Quadro 3.5 – Relação Entre Valores da Precipitação em n e em 60 min, (Quintela, A., 1998).
Considerou-se que a relação entre precipitações intensas e a respetiva duração pode ser dada
pela linha de possibilidade udométrica. Esta linha é dada pela seguinte expressão:
𝑃 = 𝑎 × 𝑡𝑛 [3.20]
Em que:
• P – Precipitação [mm];
• t – Duração da Precipitação [min.];
• a, n – Coeficientes.
Aplicando esta equação aos valores obtidos nas equações [3.18] e [3.19], calcularam-se os
valores dos coeficientes a e n:
a = 4,29;
n = 0,32;
51
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Substituindo os valores de “a” e “n” na equação [3.20], a precipitação máxima com uma
duração igual ao tempo de concentração, (Quadro 3.3), é:
𝑃
𝑖= [3.22]
𝑡
E substituindo “P” pelo valor obtido em [3.21] e “t” pelo tempo de concentração, obtém-se
que:
14,9×60
𝑖= = 18,2 𝑚𝑚/ℎ [3.23]
49
0,41×18,2×2,18
𝑄𝑝 = = 4,52 𝑚3 /𝑠 [3.24]
3,6
Assim sendo, verificamos que o caudal máximo que poderá ocorrer para o período de tempo
considerado e para um período de retorno T = 10 anos é igual a QP = 4,52 m3/s.
52
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
3.2.1. ENQUADRAMENTO
53
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
interferência com a exploração destas albufeiras, dado que será demolida assim que se derem
por terminados os trabalhos a montante desta.
Uma vez que os trabalhos na restituição só foram executados durante o semestre de Abril a
Setembro, a montante da ensecadeira foi criada uma bacia onde se instalaram cinco bombas
com a capacidade total de derivação de 600 l/s, garantido assim que durante este período os
trabalhos fossem realizados a seco, (Figura 3.10).
Relativamente à sua geometria, esta apresenta uma secção trapezoidal materializada em betão,
por forma a constituir um elemento estrutural do tipo gravidade e resistir apenas pelo peso
próprio às ações essencialmente provocadas pelos impulsos da água. Foi definida por forma a
resistir às seguintes ações:
A cota do coroamento foi fixada em (153.00) a qual corresponde ao nível de máxima cheia
(NMC) da albufeira da barragem de Caniçada.
54
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A largura no coroamento tem 3,0 m por forma a facilitar os trabalhos na zona, sendo possível
alcançar com alguma segurança a margem esquerda do Rio Cávado. Uma vez que a
ensecadeira é galgável os paramentos têm uma ligeira inclinação 0,30:1 – [H:V],
minimizando ligeiramente o impulso hidrostático e a resistência ao escoamento durante os
períodos mais chuvosos, dado que os eventuais caudais descarregados na barragem de
Salamonde durante o semestre húmido são naturalmente conduzidos para a albufeira da
Caniçada, passando sobre o coroamento da ensecadeira de jusante, (Figura 3.11).
Figura 3.11 – Secção Tipo da Ensecadeira de Jusante da Zona com Altura Máxima, (Adaptado Construsalamonde A.C.E.).
55
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
O Betão com Prévia Colocação do Agregado (BPCA), seguidamente apenas designado por
BPCA, é obtido pela colocação prévia de uma mistura de agregado grosso na camada a
betonar e pela posterior injeção por gravidade de uma argamassa para o preenchimento dos
vazios da mistura. Em relação ao Betão Convencional (BC), esta tecnologia permite a
separação do processo contínuo de fabrico, transporte e colocação do betão convencional em
dois processos temporalmente distintos. No primeiro processo ocorrerá a preparação e
colocação da mistura do agregado grosso na camada a betonar e que irá preencher cerca de
60% do seu volume. O segundo processo consistirá no fabrico, transporte e colocação de uma
argamassa, por gravidade, para o preenchimento dos vazios da mistura do agregado grosso, a
que corresponderá o restante volume, cerca de 40%.
• Cimento;
• Cinzas Volantes;
• Areia;
• Adjuvante (Superplastificante); e
• Água.
56
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Relativamente aos agregados, estes devem ter uma dimensão compreendida entre os 19 e os
150mm, sendo que a dimensão mínima ideal será os 32mm, (Figura 3.13).
Posto isto, com o intuito de estimar a viabilidade económica desta metodologia, foi efetuado
um estudo que teve por base a execução da Barragem do Baixo Sabor, onde se comparou a
execução dessa mesma barragem recorrendo ao BPCA em alternativa ao BC. Após análise
dos resultados, concluiu-se que a execução desta barragem com recurso ao BPCA ficaria
cerca de 20% mais barata do que com a utilização dos métodos construtivos tradicionais.
57
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
• Redução do custo da central de betão uma vez que o volume a produzir representa
apenas 40%, sensivelmente, do volume total a betonar;
• Menor desgaste dos equipamentos da central, uma vez que apenas produz argamassa,
deixando de haver agregados grandes na mistura;
• A área destinada à central de betão é mais pequena, pois para produzir esta argamassa
é necessário uma menor quantidade de agregados;
• Redução estimada dos tempos de estaleiro em um ano, uma vez que neste processo o
fabrico e colocação do agregado e da argamassa podem ser executados em paralelo.
Esta tecnologia tem um sobrecusto, as cofragens. Dado que vai ser aplicada uma argamassa
muito fluida, estas devem garantir a sua total estanquidade, pelo que os respetivos painéis não
devem ter juntas horizontais e as juntas verticais devem assentar em perfis que evitem o seu
deslocamento ou abertura. O sistema de cofragem deve permitir, sempre que necessário, um
reajuste em todo o seu perímetro, de forma a eliminar eventuais fugas de argamassa pelas
superfícies de contacto durante a fase de colocação ou posteriormente até ao início da presa.
58
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
É ainda possível aumentar este ritmo de descofragem, bastando para tal alterar a relação
cimento/cinzas.
Uma vez verificada a viabilidade económica deste processo e considerando o seu elevado
potencial, a EDP decidiu aplicar esta tecnologia em obra, tendo sido utilizada nas seguintes
obras:
Este novo método, aplicado na execução de uma parcela dos blocos da ensecadeira de jusante
de Salamonde, foi objeto de acompanhamento durante o período de estágio, sendo descrito de
seguida.
59
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
impactes socioeconómicos nas atividades relacionadas com o uso da albufeira. Neste contexto
a EDP solicitou ao A.C.E. que apresentasse uma solução que permitisse a execução da
ensecadeira de jusante dispensando um abaixamento tão elevado do nível da albufeira da
Caniçada.
Assim sendo, a execução dos trabalhos na restituição foi efetuada de acordo com o indicado
no quadro seguinte:
Quadro 3.6 – Condicionamentos na Albufeira da Barragem da Caniçada (NPA de 152,50 m e NMC de 153,00 m), (EDP, 2012).
Como tal e de forma a evitar a redução considerável do nível da albufeira da Caniçada, como
referido anteriormente, esta operação foi realizada recorrendo a um Batelão Modular
equipado com torre de perfuração, martelo de furação e três estacas de fixação para prevenir
deslocações do mesmo durante os trabalhos de furação.
60
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Para se efetuar esta tarefa com o máximo de rigor possível, é necessário determinar as cotas
do leito rochoso, obtidos através de um levantamento batimétrico, e as cotas do canal de
projeto. A determinação destas cotas foi efetuada recorrendo à planta do canal de restituição e
aos seus perfis transversais.
Apresenta-se de seguida uma parcela do quadro produzido para auxiliar esta tarefa:
PERFIL CP
Variação
Letra Número CLR [m] CANAL
i j [m]
[m]
P2 P3 aa 7
P2 P3 a 7 142,8875 139 3,89
P2 P3 b 7 142,812 139 3,81
P2 P3 c 7 142,7365 139 3,74
P2 P3 d 7 142,661 139 3,66
P2 P3 e 7 142,5544 139 3,55
P2 P3 f 7 142,4449 139 3,44
P2 P3 g 7 142,2699 139 3,27
P2 P3 h 7 142,1565 139 3,16
P2 P3 i 7 142,0533 139 3,05
P2 P3 j 7 141,7774 139 2,78
P2 P3 k 7 141,5398 139 2,54
P2 P3 aa 8
P2 P3 a 8 142,775 139 3,78
P2 P3 b 8 142,624 139 3,62
P2 P3 c 8 142,473 139 3,47
P2 P3 d 8 142,322 139 3,32
P2 P3 e 8 142,1709 139 3,17
P2 P3 f 8 142,0145 139 3,01
P2 P3 g 8 142 139 3,00
P2 P3 h 8 142 139 3,00
P2 P3 i 8 142 139 3,00
P2 P3 j 8 141,5608 139 2,56
P2 P3 k 8 141,0796 139 2,08
P3 P4 aa 9
P3 P4 a 9 142,775 139 3,78
P3 P4 b 9 142,624 139 3,62
P3 P4 c 9 142,473 139 3,47
P3 P4 d 9 142,322 139 3,32
P3 P4 e 9 142,1709 139 3,17
P3 P4 f 9 142,0145 139 3,01
P3 P4 g 9 142 139 3,00
P3 P4 h 9 142 139 3,00
P3 P4 i 9 142 139 3,00
P3 P4 j 9 141,5608 139 2,56
P3 P4 k 9 141,0796 139 2,08
Quadro 3.7 – Parcela das Cotas do Leito Rochoso (CLR) e do Canal de Projeto (CP) a Escavar na Restituição.
61
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
A planta e perfis transversais utilizados para a obtenção dos dados anteriores encontram-se no
Anexo D.
Posto isto, é possível iniciar-se a perfuração e desmonte do leito rochoso do canal do Rio
Cávado. Este processo de perfuração e desmonte de rocha submersa decorreu por operações
cíclicas, as quais passo a resumir, (Figura 3.15):
a) O batelão através dos seus guinchos e de pontos de amarração nas margens do rio será
colocado em posição pré-determinada e mantido imóvel por meio de estacas e
guinchos;
b) O conjunto que formará o tubo exterior de encamisamento (casing) será arriado até ao
leito. O casing será então pressionado até atingir a rocha sã;
c) Assim que o casing for cravado no substrato rochoso, baixam-se as barrenas com o bit
acoplado, seguindo-se a furação até à cota desejada. A profundidade do furo
dependerá da possança da camada de rocha a remover em cada local, sendo calculada
a partir do nível atingido pelo casing;
d) A furação decorre em simultâneo com a limpeza do furo, através da injeção de ar
comprimido pelo interior das barrenas e do bit de furação.
62
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
a) Uma vez confirmada a coluna de rocha a ser removida é definida a carga necessária de
explosivos;
b) Os explosivos são colocados no seu interior com um detonador inserido no primeiro
cartucho, no fundo do carregamento;
c) A carga é então baixada através do interior do casing, verificando-se a profundidade
final com varas graduadas para certificação do nível;
d) O espaço remanescente no topo do furo é então selado com areias e lodos;
e) Antes da retirada do casing, é baixado um anel pelo seu exterior, atado a um cabo,
para permitir a recuperação dos fios dos detonadores;
f) Quando todos os furos estiverem carregados e os casing’s removidos, os fios dos
detonadores, são recolhidos e verificados.
63
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Durante o mês de Maio, quando esta plataforma estava praticamente concluída, faltando
apenas a plataforma de acesso ao canal a montante da ensecadeira na margem esquerda,
surgiu um imprevisto que atrasou os trabalhos. Este deveu-se às condições meteorológicas
adversas que se fizeram sentir durante esse mês, obrigando à abertura das comportas da
Barragem de Salamonde. Os caudais que passaram na zona da restituição destruiu a
plataforma, atrasando deste modo os trabalhos em curso nessa frente de trabalho, (Figura
3.18).
64
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Figura 3.18 – Plataforma de Trabalhos Antes e Durante a Abertura das Comportas, (Arquivo Pessoal).
Posto isto, após recuperação da plataforma de trabalhos, depois de terminada a série de ciclos
anteriormente descrito e detonados todos os furos, passou-se à fase de remoção do escombro.
Esta operação foi executada com auxílio de meios mecânicos e, para que estes fossem capazes
de remover todo o escombro existente na zona do canal a intervir, foi criada uma plataforma
de acesso, na margem esquerda do Rio Cávado, à cota 144,50, (Figura 3.19). Esta plataforma
de acesso encontra-se igualmente representada no Anexo D.
Figura 3.19 – Remoção de Escombro do Canal da Restituição, (Engº. Francisco Romãozinho e Engª. Ana Fortunato, 2012).
Ainda no que se refere a escavações, antes de se poder iniciar a execução da ensecadeira, foi
necessário atingir a respetiva cota de soleira. Deste modo, recorreu-se novamente a explosivos
para fracionar o maciço rochoso, facilitando a sua remoção. Para tal recorreu-se ao método de
65
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
pré-corte, método este que evita projeções permitindo que se obtenha uma face de rocha lisa
após o rebentamento.
Neste método, como o próprio nome indica, os furos a rebentar em primeiro lugar são os que
correspondem à periferia da ensecadeira, criando assim uma descontinuidade no maciço
rochoso e promovendo faces lisas.
66
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Figura 3.21 – Perfuração Mecânica e Colocação Manual dos Explosivos, (Arquivo Pessoal).
67
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
De referir que foram dragados do canal do Rio Cávado cerca de 14.500m3 de material: rocha,
areia e terra vegetal e cerca de 1.700m3 de rocha da fundação da ensecadeira. Parte deste
material, o material rochoso, seria posteriormente utilizado para a criação de agregado para a
aplicação do BPCA.
Uma vez que parte da ensecadeira de jusante foi realizada recorrendo à tecnologia BPCA, foi
necessário utilizar uma britadeira para britar o material rochoso retirado da operação de
dragagem do Rio Cávado e uma central de lavagem com crivo para lavar e retirar os
infratamanhos que surgissem após a operação de britagem desse material rochoso, (Figuras
3.22, 3.23 e 3.24).
Sendo a central de lavagem um equipamento fixo com dimensão e peso significativo, para a
instalar no terreno foi necessário construir uma estrutura de suporte em betão armado. O
abastecimento de água à central de lavagem foi efetuado através de uma bomba instalada na
margem da bacia criada para contenção das águas provenientes de montante da ensecadeira.
68
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Figura 3.23 – Central de Lavagem e Crivagem de Agregado para BPCA, (Arquivo Pessoal).
Uma vez instalados os equipamentos e assim que o nível da albufeira da Caniçada atingiu a
cota 144.00m, iniciaram-se os trabalhos de preparação da rocha de fundação da ensecadeira
antes das betonagens dos blocos de fundação. Esta operação consistiu na limpeza da
superfície, de forma a garantir que não apresentava elementos ocos, depósitos de matéria
orgânica e outras substâncias. Após a limpeza da fundação, procedeu-se ao tratamento da
superfície, por picagem com recurso a martelo, para se obter boas condições de aderência com
o betão, (Figura 3.25).
69
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Uma vez que a ensecadeira apresenta um perfil de gravidade, o betão foi aplicado em grandes
massas não lhe sendo exigidas resistências muito elevadas. Por forma a limitar, dentro de
valores aceitáveis, as tensões de tração horizontal que se geram na vizinhança das interfaces
das diferentes camadas de betonagem devido a um elevado aumento de temperatura, devido à
hidratação do cimento, foram considerados na ensecadeira quatro blocos separados por três
juntas de betonagem verticais.
Essas juntas têm ao longo do seu contorno, lâminas de estanqueidade duplas do tipo water-
stop para garantir a impermeabilização do espaço existente entre blocos, evitando a passagem
de água e a consequente instalação de pressões hidrostáticas significativas no interior da
secção, (Figura 3.26).
70
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Para tal foram efetuados dois roços por cada junta na rocha de fundação, de modo a facilitar a
colocação das lâminas de PVC. Após a colocação destas lâminas, os roços foram selados com
argamassa. Estes roços têm as seguintes dimensões, (Figura 3.27):
• Largura: 0,62m;
• Comprimento: 0,5m;
• Altura: 0,4m.
É importante referir que nesta empreitada foram previamente estabelecidas, pelo Dono de
Obra, datas-chave. Estas estabelecem prémios pelo cumprimento ou antecipação dos prazos
de execução contratuais associados às datas-chave. Contratualmente previa-se que a
conclusão de todas as betonagens e injeções da ensecadeira da restituição em condições que
permitissem a subida do nível da albufeira de Caniçada até à cota 152,50 (NPA), seria
15/07/2012, o que significa que nunca esteve em causa o cumprimento desta data. No entanto,
71
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
este atraso comprometia a receção da totalidade do prémio por antecipação, o que era do
interesse do A.C.E.
72
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Estava definido nas cláusulas técnicas da empreitada que as alturas das camadas de
betonagem, para as ensecadeiras, deveriam respeitar o seguinte:
Assim sendo, deu-se início às betonagens da ensecadeira pela execução das fundações e
primeiras elevações dos blocos 2, 3 e 4, utilizando o BC. Para tal foram utilizados os
seguintes equipamentos:
• 6 Autobetoneiras;
• 1 Telebelt; 2
• 2 Vibradores de Betão.
73
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
2º. Chegando à frente de trabalho, esta descarrega na telebelt que, através do seu braço
extensível com tapetes, distribui o betão ao longo do bloco a betonar, (Figura 3.29);
74
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
É importante referir, que a primeira elevação dos blocos 2,3 e 4 foi executada com 2,3m de
altura, de forma a garantir uma folga aquando da subida do nível da albufeira para a cota
146,00.
Antes de se iniciar a elevação seguinte, a junta horizontal teve de ser preparada, tendo esta
sido executada da seguinte forma:
• A superfície é submetida a jacto de ar e água sob pressão logo que o betão tenha
atingido um estado de endurecimento que permita a remoção apenas da argamassa
superficial sem que seja prejudicada a ligação dos outros elementos entre si. Caso esta
operação não seja realizada, a superfície da junta de betonagem deverá ser picada.
• Imediatamente antes do início de nova betonagem, a junta deverá ser sujeita a lavagem
com jacto de água, se necessário precedida de picagem, de modo a resultar uma
superfície de betão limpa e sã, da qual se removerá toda a água residual, enxugando-a
cuidadosamente por meio de jacto de ar.
Assim que efetuados estes trabalhos são encetados os trabalhos da camada seguinte.
75
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Uma vez concluídas as betonagens recorrendo ao BC, iniciou-se a aplicação do BPCA. Como
já foi referido, antes da aplicação do agregado, é necessário garantir a total estanquicidade da
cofragem, pelo que os painéis não devem ter juntas horizontais e as juntas verticais devem
assentar em perfis que evitem o seu deslocamento ou abertura. O sistema de cofragem deve
permitir, sempre que necessário, um reajuste em todo o seu perímetro, de forma a eliminar
eventuais fugas de argamassa pelas superfícies de contacto durante a fase de colocação ou
posteriormente, até que este atinja a presa. Para o efeito, nas juntas verticais, foi utilizado
espuma de poliuretano e fita isoladora com tecido, (Figura 3.31).
Figura 3.31 – Isolamento das Juntas Verticais das Cofragens, (Arquivo Pessoal).
• 1 Britadeira Móvel;
• 1 Central de Lavagem;
• 2 Camiões;
• 1 Giratória;
• 1 Mini-giratória;
• 1 Grua;
• 6 Autobetoneiras; e
• 1 Autobomba.
76
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
2º. Uma vez britado, esse material é carregado num camião, que posteriormente o
transporta e descarrega na central de lavagem, (Figura 3.33);
Figura 3.33 – Colocação do Agregado Grosso na Estrutura de Entrada da Central de Lavagem, (Arquivo Pessoa).
3º. O agregado é lavado, crivado e de seguida descarregado num camião, (Figura 3.34);
77
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
4º. O camião transporta-o até junto do bloco onde irá ser aplicado, descarregando-o sobre
uma manta geotêxtil. É posteriormente colocado no bloco com recurso a uma
giratória, (Figura 3.35);
5º. Uma vez que cada bloco de betonagem tem 2m de altura, a colocação do agregado será
efetuada até à altura 1,5m, seguindo-se a colocação de manilhas de betão simples de Ø
300x600mm, finalizando-se de seguida a colocação do agregado. O espalhamento
geral dos agregados na camada foram efetuados utilizando uma mini giratória com
rastos de borracha. Devem existir cuidados adicionais junto às lâminas de PVC, pelo
que nesses locais, a arrumação do agregado grosso deve ser manual, (Figura 3.36);
78
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
6º. Recorrendo a uma grua é colocado um depósito de 3m3 no centro do bloco e sobre o
agregado. O referido depósito está provido de 6 válvulas, de tubo “heliflex-ind” e de
tampas para a ligação às manilhas de betão, (Figura 3.37);
Figura 3.37 – Colocação do Depósito e das Mangueiras de Distribuição, (Francisco Romãozinho, 2012).
7º. Após a colocação do depósito será colocado geotêxtil a cobrir toda a superfície do
agregado. De forma a facilitar a posterior retirada do geotêxtil e do agregado superior,
é colocada uma “malha sol” entre a superfície do agregado e o geotêxtil, (Figura 3.38);
79
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
8º. Findos os passos atrás referidos, inicia-se a injeção da argamassa. O camião chega à
frente de trabalho, descarrega a argamassa na autobomba que por sua vez vai bombeá-
la para o depósito de distribuição, (Figura 3.39);
9º. Uma vez bombeada a argamassa para o depósito, esta é distribuída através das suas
válvulas para o bloco, ficando a cargo do efeito de gravidade o restante trabalho,
(Figura 3.40);
80
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
10º. A aplicação da argamassa termina assim que esta atinge a superfície e cobre por
completo todo o agregado grosso, (Figura 3.41);
A desmoldagem pode ser efetuada a partir do 2º dia, após a colocação da argamassa, desde
que a sua resistência à compressão não seja inferior a 6 MPa.
Antes da colocação do agregado da camada seguinte, deverá ser efetuada a preparação das
juntas horizontais de betonagem, devendo esta ser executada com jacto de ar e água sob
pressão. A referida preparação será iniciada logo que a argamassa do BPCA tenha atingido
um estado de endurecimento que permita a remoção da argamassa superficial. Após esta
preparação, o agregado grosso deve apresentar-se sem argamassa na sua superfície, numa
profundidade entre 1 a 2 cm.
No caso de não ser possível realizar a preparação das juntas, de acordo com os processos atrás
referidas, a superfície da junta de betonagem deverá ser picada até ser removida a argamassa
superficial do agregado grosso. Em qualquer dos casos, o betão da junta deve permanecer
81
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Assim sendo, tornou-se necessária a aquisição de um novo crivo e, por forma a não parar os
trabalhos, ficou decidido que as betonagens iriam continuar utilizando BC até que este
estivesse disponível.
Nas betonagens dos blocos 1 e 4, na ligação às margens, antes de se aplicar o BPCA foi
betonado um soco com BC para evitar eventuais fugas de calda.
82
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Uma vez que os trabalhos na restituição irão apenas decorrer durante o período de estiagem,
será deixado um negativo no corpo da ensecadeira, uma conduta circular de 0,7m de diâmetro,
que será vedado através de uma comporta de comando manual através do coroamento da
ensecadeira. Esta comporta será aberta após o abandono da zona de trabalhos, no fim do
período de estiagem, de forma a evitar desequilíbrios de pressão aquando da paragem da
bombagem dos volumes afluentes ou na eventualidade de se identificarem casos de
emergência que ponham em risco a estabilidade da ensecadeira, (Figura 3.44).
83
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
PLANO DE BETONAGENS
Teórico Real
Tipo Betão C20/25 Agregado BPCA [m 3] Argamassa BPCA [m 3] Betão C20/25 Betão C20/25 Soco Agregado BPCA Argamassa BPCA
Elemento de
betão Volume Hora Hora Hora Hora Hora Hora Hora Hora
Teórico Volume Teórico Volume Volume S.C. S.C. Desfasamento Duração Rendimento Volume Hora de Duração Rendimento Volume Data de Data de Hora Duração Rendimento Volume S.C. S.C. Desfasamento Duração Rendimento
Data P.T. Data P.T. Data P.T. Data de de Data de de de de Data de de
[m 3] [%] [m 3] [%] [m 3] [m 3] [m 3] [%] [Dias] [h] [m 3/h] [m 3] Início [h] [m 3/h] [m 3] Início Fim de Fim [h] [m 3/h] [m 3] [m 3] [%] [Dias] [h] [m 3/h]
Início Fim Fim Início Fim Início início Fim
BLOCO 2 C20/25
250 30-05-2012 - - - - - - 289 39 15,6 30-05-2012 0 8:15 19:00 10:45 26,88 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 4 C20/25
150 30-05-2012 - - - - - - 173 23 15,3 30-05-2012 0 20:45 2:30 5:45 30,09 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 3 C20/25
280 01-06-2012 - - - - - - 329 49 17,5 01-06-2012 0 16:38 3:10 10:32 31,23 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 2 C20/25
194 04-06-2012 - - - - - - 199,5 5,5 2,8 04-06-2012 0 9:20 15:58 6:38 30,08 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV. D55
BLOCO 4 C20/25
223 05-06-2012 - - - - - - 274 51 22,9 05-06-2012 0 7:25 18:30 11:05 24,72 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV. D55
BLOCO 3 C20/25
355 06-06-2012 - - - - - - 355,5 0,5 0,1 06-06-2012 0 7:30 19:06 11:36 30,65 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1ª ELEV. D55
BLOCO 2
BPCA - - 60 149,4 08-06-2012 40 99,6 11-06-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 149,4 09-06-2012 8:00 20:00 10-06-2012 8:00 13:00 22:00 6,79 121,5 21,9 22 11-06-2012 0 16:30 21:55 5:25 22,43
2ª ELEV.
BLOCO 1 C20/25
112 12-06-2012 - - - - - - 122 10 8,9 12-06-2012 0 21:04 2:55 5:51 20,85 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
FUNDAÇÃO D55
BLOCO 4 C20/25
193 13-06-2012 - - - - - - 215 22 11,4 13-06-2012 0 9:00 16:50 7:50 27,45 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
2ª ELEV. D55
BLOCO 3 C20/25
249 14-06-2012 - - - - - - 258 9 3,6 14-06-2012 0 16:30 1:39 9:09 28,20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
2ª ELEV. D55
BLOCO 1
BPCA - - 58 101,50 16-06-2012 42 72,2 18-06-2012 - - - - - - - - - 15-06-2012 40 13:50 15:25 1:35 25,26 101,5 16-06-2012 17:00 23:00 17-06-2012 8:00 13:00 11:00 9,23 82,5 10,26 14,2 18-06-2012 0 16:55 20:46 3:51 21,43
1ª ELEV.
BLOCO 4
BPCA - - 58 106,72 19-06-2012 42 77,3 21-06-2012 - - - - - - - - - 18-06-2012 52 13:30 16:20 2:50 18,35 106,7 19-06-2012 8:00 12:00 19-06-2012 13:00 18:00 9:00 11,86 79,5 2,22 2,9 21-06-2012 0 8:15 10:55 2:40 29,81
3ª ELEV.
BLOCO 2
BPCA - - 58 116,00 20-06-2012 42 84 22-06-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 116,0 19-06-2012 19:00 0:00 20-06-2012 0:00 5:00 10:00 11,60 91,5 7,5 8,9 21-06-2012 -1 11:46 16:20 4:34 20,04
3ª ELEV.
BLOCO 3
BPCA - - 58 116,00 24-06-2012 42 84 26-06-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 116,0 25-06-2012 15:00 20:00 25-06-2012 21:00 1:00 9:00 12,89 90 6 7,1 26-06-2012 0 16:40 20:10 3:30 25,71
3ª ELEV.
BLOCO 1
BPCA - - 58 102,66 26-06-2012 42 74,3 28-06-2012 - - - - - - - - - 25-06-2012 44 11:10 12:40 1:30 29,33 102,7 26-06-2012 13:30 20:30 26-06-2012 8:00 9:00 8:00 12,83 73,5 -0,84 -1,1 27-06-2012 -1 13:55 17:34 3:39 20,14
2ª ELEV.
BLOCO 2
BPCA - - 58 88,74 30-06-2012 42 64,3 02-07-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 88,7 29-06-2012 14:30 19:00 02-07-2012 8:00 11:30 8:00 11,09 78 13,74 21,4 02-07-2012 0 13:15 17:20 4:05 19,10
4ª ELEV.
BLOCO 4
BPCA - - 58 90,48 01-07-2012 42 65,5 03-07-2012 - - - - - - - - - 26-06-2012 30 9:20 11:06 1:46 16,98 90,5 27-06-2012 16:00 20:00 28-06-2012 8:00 11:00 7:00 12,93 70,5 4,98 7,6 28-06-2012 -5 13:06 17:15 4:09 16,99
4ª ELEV.
BLOCO 1
BPCA - - 58 93,38 03-07-2012 42 67,6 05-07-2012 - - - - - - - - - 04-07-2012 30 13:46 15:45 1:59 15,13 93,4 05-07-2012 7:30 12:00 05-07-2012 13:00 15:00 6:30 14,37 63 -4,62 -6,8 06-07-2012 1 7:30 10:10 2:40 23,63
3ª ELEV.
BLOCO 3
BPCA - - 58 88,74 07-07-2012 42 64,3 09-07-2012 - - - - - - - - - - - - - - - 88,7 04-07-2012 11:00 12:00 03-07-2012 13:00 19:00 7:00 12,68 72 7,74 12,0 05-07-2012 -4 14:35 16:52 2:17 31,53
4ª ELEV.
BLOCO 1 C20/25
71 10-07-2012 - - - - - - 72 1 1,4 10-07-2012 0 13:22 17:00 3:38 19,82 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
4ª ELEV. D55
BLOCO 2 C20/25
45 12-07-2012 - - - - - - 45 0 0,0 06-07-2012 -6 14:10 16:15 2:05 21,60 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV. D55
BLOCO 4 C20/25
46 12-07-2012 - - - - - - 50 4 8,7 02-07-2012 -10 18:00 20:28 2:28 20,27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV. D55
BLOCO 3 C20/25
45 14-07-2012 - - - - - - 46,5 1,5 3,3 09-07-2012 -5 14:30 18:45 4:15 10,94 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5ª ELEV. D55
84
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Da análise dos dados do Quadro 3.8, pode-se verificar que de uma forma geral os rendimentos
das betonagens com BC são semelhantes, exceto quando estas se realizavam em simultâneo
com outras betonagens a decorrer na empreitada. Há ainda a registar o rendimento
excessivamente baixo durante a betonagem da última elevação do bloco 3, o qual se deveu a
um desacerto na quantidade de betão pedido à central em relação à efetivamente necessária,
tendo esta gasto cerca de uma hora a fornecer o volume em falta. Verifica-se também que nas
betonagens de menor volume os rendimentos são inferiores aos dos restantes blocos, o que se
deve à mobilização de um menor número de autobetoneiras do que para os blocos de maior
volume. Em anexo encontram-se os quadros dos equipamentos afetos a esta atividade, (Anexo
H).
No que se refere à aplicação do agregado grosso, verificou-se que os rendimentos são bastante
semelhantes, registando-se apenas uma melhoria relativamente contínua nas suas diversas
aplicações. Esta deve-se essencialmente à progressiva otimização da mão-de-obra no decorrer
desta operação e à disponibilidade dos equipamentos na frente de trabalho, estando grande
parte destes apenas mobilizados para execução desta tarefa. Encontra-se em anexo uma tabela
resumo da mão-de-obra afeta a esta atividade, (Anexo I).
Nesta tarefa não foram contabilizados sobre-consumos uma vez que não era possível aferir as
quantidades reais aplicadas com rigor. A possibilidade de aferir esta quantidade pela relação
do volume de argamassa aplicada ficou comprometida pela ocorrência de algumas fugas, pelo
que essa estimativa não seria real.
85
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
86
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Deste modo, fez-se um estudo inicial das diferentes parcelas de forma individual, efetuando-
se, de seguida, o comparativo entre as duas técnicas de betonagem tendo como base os
volumes reais executados na Ensecadeira de Jusante.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
90
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Plataforma de Apoio
m3 1 501,60 [€] 501,60 [€]
(Desmobilização)
Demolição Estrutura de Sup. m3 1 4.487,67 [€] 4.487,67 [€]
51.223,62 [€]
Vol. Agregado Aplicado 1.005,41 [m3]
Custo 50,95 [€/m3]
91
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
92
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
93
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
3.2.3.3. COMPARATIVO
Foram executados 4448,91m3 de Ensecadeira, dos quais 2621,5m3 com Betão Convencional
e os Restantes com BPCA.
Comparativo
Relação
1,32
BPCA - C20/25
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Após estudo comparativo da execução da ensecadeira de jusante com 4448,91m3, dos quais
foram realizados 2621,5m3 com Betão Convencional e 1827,41m3 com BPCA, foi possível
apurar que o BPCA, por m3, custa mais 32% do que o BC. Este é um desfecho expectável, na
medida em que esta é uma técnica ainda em fase embrionária e como tal pouco otimizada.
Quanto ao custo de fabrico e aplicação de agregado, esta é uma atividade a que estão
associados elevados custos, essencialmente devido à elevada mobilização de equipamentos,
quer para a britagem e lavagem do agregado quer para a sua própria aplicação.
Dado que esta é uma técnica ainda muito recente, estas operações não estão otimizadas,
levando a crer que, se os processos de fabrico e aplicação forem melhorados, será possível
reduzir estes custos, podendo assim tornar este método de betonagem muito competitivo
relativamente aos processos convencionais.
De salientar ainda três aspetos importantes que, apesar de não terem sido contemplados neste
estudo, têm impacto nos custos:
i. O tempo relativo à cofragem dos elementos, visto que a argamassa é muito fluida, e
para evitar possíveis fugas, é necessário garantir uma conveniente estanquidade dos
diferentes elementos, utilizando fita isoladora com tecido e espuma de poliuretano;
ii. A colocação do agregado é uma atividade morosa, que atrasa em média os trabalhos,
relativamente ao betão convencional, em um dia;
iii. O facto de a desmoldagem do bloco só poder acontecer a partir do segundo dia.
95
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
De salientar que se a ensecadeira tivesse sido executada toda ela em Betão Convencional,
estaria terminada a 30/06/2012. Contudo, por terem sido executadas dez elevações em BPCA,
a Ensecadeira apenas ficou concluída no dia 10/07/2012.
96
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
4. CONCLUSÃO
Durante o período de estágio executaram-se várias tarefas, algumas das quais foram aqui
mencionadas por serem as mais relevantes, apresentando-se de seguida as conclusões
retiradas em cada uma destas atividades:
Devido à reduzida inclinação do canal, tanto no troço a céu aberto como no troço
onde assentam as manilhas, e devido à elevada probabilidade de transporte de
detritos quando se verificam caudais mais elevados, este foi executado de forma a
garantir uma folga, antecipando possíveis entupimentos parciais das manilhas e
reduzindo o risco de galgamento das suas margens.
97
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
Neste estudo comparativo apurou-se que o BPCA, por m3, custa mais 32% do que o
BC. Este é um desfecho expectável, na medida em que esta é uma técnica ainda em
fase embrionária e como tal pouco otimizada, tendo sido identificadas as principais
causas do sobrecusto verificado.
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Faria, J.M. et al (1980), Análise estatística dos valores máximos do ano da quantidade
diária de precipitação em Portugal – O clima de Portugal, fascículo XIX,
INMG,Lisboa
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ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
100
ACOMPANHAMENTO DO REFORÇO DE POTÊNCIA SALAMONDE II
ANEXOS
101
ANEXO A: NOTA TÉCNICA 27
CONSTRUSALAMONDE, A.C.E.
REFORÇO DE POTÊNCIA DO APROVEITAMENTO
DE SALAMONDE – SALAMONDE II
NOTA TÉCNICA 27
(15/05/2012)
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... A1
2. GENERALIDADES ............................................................................................... A1
3. DESCRIÇÃO DA SOLUÇÃO ADOPTADA ........................................................ A1
4. MATERIAIS........................................................................................................... A2
5. JUSTIFICAÇÃO DA SOLUÇÃO ADOPTADA ................................................... A2
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ A4
1. INTRODUÇÃO
2. GENERALIDADES
O leito do Rio Mau atravessava a antiga pedreira, atual escombreira que serviu de apoio à
execução da Barragem de Salamonde.
Ao utilizar-se essa zona como área para depósito de escombros, foi necessário efetuar um
desvio no curso do Rio, contornando a escombreira e restituindo o caudal na parte do troço
do canal de desvio já executado para o efeito.
Dada a importância desta linha de água, a solução provisória deverá ter capacidade para
escoar caudais de cheia centenários, que se estimam ser da ordem dos 20 m3/s. (EDP,
Volume V - Elementos do Projeto do Processo de concurso).
A jusante do canal de escavação, foram dispostas três manilhas de betão com o intuito de
controlar e direcionar o caudal, que foram betonadas entre si por forma a garantir a sua
estabilidade e, em casos excecionais, fazer face a situações de eventual galgamento.
A1
4. MATERIAIS
O betão utilizado foi do tipo C25/30 e as manilhas utilizadas são em betão pré-fabricado
com diâmetro interior de 1,5m.
Caso haja entupimento das manilhas, o canal foi dimensionando de forma a prever que o
nível da lâmina de água possa subir significativamente, tendo sido revestido em betão até
uma cota superior de forma a garantir a estabilidade dos taludes das suas margens.
5.1. Dimensionamento
As secções de desvio provisório previsto garantem o escoamento para o caudal de
dimensionamento, correspondente ao caudal centenário de cheia de 20m3/s.
Em que:
• Q – Caudal [m3/s];
• KS – Coeficiente de Rugosidade de Manning-Srtickler [m1/3/s];
• A – Área de Escoamento [m2];
• Rh – Raio Hidráulico [m];
• i – Inclinação [m/m].
Coeficiente de Rugosidade
KS Manilhas [m1/3/s] 70
KS Betão Projetado [m1/3/s] 50
A2
5.2. Troço de Escavação a Céu Aberto
Canal de Escavação
i [m/m] 0,025
1/3
KS [m /s] 50
Q [m3/s] 20
A [m2] 5,42
P [m] 16,48
h [m] 0,75
Para determinar o caudal escoado pelas manilhas, foi considerado que o escoamento se
processa em superfície livre.
Escoamento com superfície livre:
𝐷2
𝐒𝐞𝐜çã𝐨 𝐇𝐢𝐝𝐫𝐚𝐮𝐥𝐢𝐜𝐚: 𝐴 = (𝜃 − sin 𝜃) ×
8
𝐷×𝜃
𝐏𝐞𝐫í𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨: 𝑃 =
2
2ℎ
Â𝐧𝐠𝐮𝐥𝐨: 𝜃 = 2𝑎𝑟𝑐𝑜𝑠 �1 − �
𝐷
Figura 2 - Expressões Utilizadas para Determinação da Altura Necessária para Escoar o Caudal de Cheia Centenário
A3
Escoamento com secção cheia:
𝜋 × 𝐷2
𝐒𝐞𝐜çã𝐨 𝐇𝐢𝐝𝐫𝐚𝐮𝐥𝐢𝐜𝐚: 𝐴 =
4
𝐏𝐞𝐫í𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨: 𝑃 = 𝜋 × 𝐷
Figura 3 - Expressões Utilizadas para Determinação do Caudal máximo Escoado Pelas Manilhas
Manilhas
i [m/m] 0,013
KS [m1/3/s] 70
D [m] 1,5
θ 4,203
h [m] 1,13
A / Manilha [m2] 1,43
P [m] 3,15
3
Q [m /s] 20
Q / Manilha [m3/s] 6,67
O caudal máximo admissível em cada manilha, para um escoamento com secção cheia é de
7,34 m3/s, correspondendo a um caudal total acumulado de 22,0 m3/s.
𝑈2
𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝑬𝒔𝒑𝒆í𝒇𝒊𝒄𝒂: 𝐸 = ℎ +
2𝑔
𝑄
𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑴é𝒅𝒊𝒂: 𝑈 =
𝐴
Figura 4 - Expressões Utilizadas para Determinação da Energia Específica em Cada Manilha.
Em que:
• E – Energia Específica [m];
• h – Altura do Escoamento nas Manilhas [m];
• U – Velocidade de Escoamento nas Manilhas [m/s];
Energia Específica
U [m/s] 4,67
E [m] 2,24
A4
Analisando o resultado anterior verifica-se que em regime uniforme a altura máxima de
água que poderá ser atingida no canal é de 2,24 m. Mas atendendo às razões apresentadas
em 5, considera-se ajustada a altura atribuída aos taludes, garantindo assim que o canal
trapezoidal não transborde com o caudal de projeto.
6. CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos, verifica-se que as soluções adotadas possibilitam o
escoamento do caudal de dimensionamento, bem como possíveis excedências do mesmo,
dado que as manilhas são capazes de escoar um caudal máximo de 22,0 m3/s.
Pelo facto do canal do Rio Mau ter uma elevada probabilidade de transporte de detritos
quando se verificam caudais mais elevados, uma capacidade de escoamento superior à
necessária permite que o escoamento se processe com mais segurança, reduzindo o risco de
galgamento das suas margens.
A5
ANEXO B: PERFIS TRANSVERSAIS (DESVIO PROVISÓRIO DO RIO MAU)
rev. data des. apr.
Requerente
Obra
SALAMONDE
ADAPTADO
DESVIO DO RIO MAU
Fase
.
ANEXO C: PLANTA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAU
ESCOMBREIRA
Simbologia:
Requerente
BACIA Obra
SALAMONDE
Fase
Arquivo
ANEXO D: LEVANTAMENTO TOPO-HIDROGRÁFICO, JUSANTE DA
ENSECADEIRA – PLANTA E PERFIS TRANSVERSAIS
Planta
esc. 1:1500
Requerente
Obra
SALAMONDE
ADAPTADO
Perfis Transversais
Fase
LEGENDA:
Perfis Escalas/data: Indicadas
Lastro
Transversais Equipa
Terreno natural Limite do carril
esc. 1:750
Plataforma de .
acesso
Furos
Arquivo
ANEXO E: ENSECADEIRA DE JUSANTE – PRÉ-CORTE, LEVANTAMENTO
TOPO-HIDROGRÁFICO, PLANTA E PERFIS TRANSVERSAIS
rev. data des. apr.
Requerente
Obra
SALAMONDE
ADAPTADO
Perfis Transversais
Fase
PROPOSTA
Escalas/data: Indicadas Abril 2012
Equipa
Arquivo
ANEXO F: ALÇADO DA ENSECADEIRA
rev. data des. apr.
Requerente
Obra
SALAMONDE
ADAPTADO
Plano de Betonagens
Fase
Arquivo
ANEXO G: PERFIS TRANSVERSAIS DA ENSECADEIRA
rev. data des. apr.
Requerente
Obra
SALAMONDE
ADAPTADO
Perfis Transversais
Fase
Arquivo
rev. data des. apr.
Requerente
Obra
SALAMONDE
ADAPTADO
Perfis Transversais
Fase
Arquivo
ANEXO H: EQUIPAMENTOS AFETOS À ATIVIDADE BETONAGEM