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Tema 862 STJ Acordão Publicado

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PODER JUDICIÁRIO

MALOTE DIGITAL

Tipo de documento: Administrativo


Código de rastreabilidade: 30020211499619
Nome original: REsp 1729555.pdf
Data: 01/07/2021 15:37:14
Remetente:
José Bonifácio de Lima Neto
Coordenadoria da Primeira Seção
Superior Tribunal de Justiça
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para providências.
Assunto: Recurso Representativo da Controvérsia.
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.729.555 - SP (2018/0056606-0)

RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492
EMENTA

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA DE NATUREZA REPETITIVA. AUXÍLIO-ACIDENTE DECORRENTE DA
CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA. FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL. PRECEDENTES DO
STJ FIRMADOS À LUZ DA EXPRESSA PREVISÃO LEGAL DO ART. 86, § 2º, DA LEI
8.213/91. TESE FIRMADA SOB O RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS. ART.
1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
I. Trata-se, na origem, de ação ajuizada pela parte ora recorrente em face do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, objetivando a concessão de auxílio-acidente, que foi
precedido de auxílio-doença acidentário. O Juízo de 1º Grau julgou procedente o pedido inicial,
para condenar o réu à concessão do auxílio-acidente, a partir do dia seguinte ao da cessação
do auxílio-doença, respeitada a prescrição quinquenal de parcelas do benefício. O Tribunal de
origem – conquanto reconhecendo que restara provado, inclusive pela prova pericial, a
existência de sequelas do acidente, que "reduzem a capacidade funcional e laborativa do
autor e demandam um permanente maior esforço", além do nexo causal, "reconhecido tanto
por sua empregadora, que emitiu CAT, como pela autarquia ao conceder-lhe auxílio-doença
por acidente do trabalho" – deu parcial provimento à Apelação do INSS e à Remessa Oficial e
alterou o termo inicial do benefício para a data da citação.
II. A controvérsia em apreciação cinge-se à fixação do termo inicial do auxílio-acidente,
decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23 e 86, § 2º, da Lei 8.213/91.
III. O art. 86, caput, da Lei 8.213/91, em sua redação atual, prevê a concessão do
auxílio-acidente como indenização ao segurado, quando, "após consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia".
IV. Por sua vez, o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91 determina que "o auxílio-acidente será devido a
partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria".
V. Assim, tratando-se da concessão de auxílio-acidente precedido do auxílio-doença, a Lei
8.213/91 traz expressa disposição quanto ao seu termo inicial, que deverá corresponder ao
dia seguinte ao da cessação do respectivo auxílio-doença, pouco importando a causa do
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Superior Tribunal de Justiça
acidente, na forma do art. 86, caput e § 2º, da Lei 8.213/91, sendo despiciendo, nessa
medida, para essa específica hipótese legal, investigar o dia do acidente, à luz do art. 23 da
Lei 8.213/91.
VI. O entendimento do STJ – que ora se ratifica – é firme no sentido de que o auxílio-acidente
será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, mas, inexistente a
prévia concessão de tal benefício, o termo inicial deverá corresponder à data do requerimento
administrativo. Inexistentes o auxílio-doença e o requerimento administrativo, o
auxílio-acidente tomará por termo inicial a data da citação. Nesse sentido: STJ, REsp
1.838.756/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 22/11/2019;
AgInt no REsp 1.408.081/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 03/08/2017; AgInt no AREsp 939.423/SP, Rel. Ministra DIVA MALERBI
(Desembargadora Federal Convocada do TRF/3ª Região), SEGUNDA TURMA, DJe de
30/08/2016; EDcl no AgRg no REsp 1.360.649/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, DJe de 11/05/2015; AgRg no REsp 1.521.928/MG, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/06/2015; AgRg no AREsp
342.654/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
26/08/2014; REsp 1.388.809/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de
06/09/2013.
VII. Prevalece no STJ a compreensão de que o laudo pericial, embora constitua importante
elemento de convencimento do julgador, não é, como regra, parâmetro para fixar o termo
inicial de benefício previdenciário. Adotando tal orientação: STJ, REsp 1.831.866/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019; REsp 1.559.324/SP,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 04/02/2019.
VIII. Tese jurídica firmada: "O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina o
art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se, se for o caso, a prescrição quinquenal de
parcelas do benefício."
IX. Recurso Especial conhecido e provido, para, em consonância com a tese ora firmada,
restabelecer a sentença.
X. Recurso julgado sob a sistemática dos recursos especiais representativos de controvérsia
(art. 1.036 e seguintes do CPC/2005 e art. 256-N e seguintes do RISTJ).
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por maioria,
vencidos os Srs. Ministros Gurgel de Faria e Og Fernandes, conhecer e deu provimento ao
recurso especial para restabelecer a sentença, em consonância com a tese jurídica firmada:
"O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença que lhe dar origem, conforme determina o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91,
observando-se a prescrição quinquenal da Súmula 85/STJ".
Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF-5ª Região), Herman Benjamin e Mauro Campbell
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Superior Tribunal de Justiça
Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.
O Sr. Ministro Gurgel de Faria ressalvou seu ponto de vista quanto à tese.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Sustentaram oralmente:
Dra. MARIA ROSA GUIMARAES LOULA, pela parte RECORRIDA: INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL e Dr. ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT, pela parte
INTERES.: INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP)

Brasília (DF), 09 de junho de 2021 (data do julgamento).

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


Relatora

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2018/0056606-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.729.555 / SP

Números Origem: 1016450-80.2016.8.26.0053 10164508020168260053

PAUTA: 11/12/2019 JULGADO: 11/12/2019

Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU
Secretário
Bel. RONALDO FRANCHE AMORIM

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Benefícios em Espécie - Auxílio-Acidente (Art. 86)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Adiado por indicação da Sra. Ministra Relatora."

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2018/0056606-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.729.555 / SP

Números Origem: 1016450-80.2016.8.26.0053 10164508020168260053

PAUTA: 23/09/2020 JULGADO: 23/09/2020

Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU
Secretária
Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Benefícios em Espécie - Auxílio-Acidente (Art. 86)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 5 de 12
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2018/0056606-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.729.555 / SP

Números Origem: 1016450-80.2016.8.26.0053 10164508020168260053

PAUTA: 23/09/2020 JULGADO: 25/11/2020

Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Benefícios em Espécie - Auxílio-Acidente (Art. 86)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 6 de 12
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2018/0056606-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.729.555 / SP

Números Origem: 1016450-80.2016.8.26.0053 10164508020168260053

PAUTA: 10/03/2021 JULGADO: 10/03/2021

Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU
Secretária
Bela. MARIANA COUTINHO MOLINA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Benefícios em Espécie - Auxílio-Acidente (Art. 86)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Adiado para a sessão ordinária de 14/04/2021 por indicação da Sra. Ministra Relatora.

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 7 de 12
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2018/0056606-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.729.555 / SP

Números Origem: 1016450-80.2016.8.26.0053 10164508020168260053

PAUTA: 28/04/2021 JULGADO: 28/04/2021

Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. MARIANA COUTINHO MOLINA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Benefícios em Espécie - Auxílio-Acidente (Art. 86)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Adiado por indicação da Sra. Ministra Relatora.

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 8 de 12
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.729.555 - SP (2018/0056606-0)

RELATÓRIO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES: Trata-se de Recurso Especial,


fundamentado nas alíneas a e c do permissivo constitucional, interposto por ANTÔNIO
EVANILDO PEDROSA DA SILVA, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, publicado na vigência do CPC/2015, assim ementado:

"ACIDENTE DO TRABALHO – Acidente típico – Comprovação


pericial da lesão (ombro esquerdo), do nexo causal e da redução
da capacidade laborativa do autor Auxílio-acidente devido –
Recursos oficial e voluntário do INSS parcialmente providos" (fl. 101e).

Alega o recorrente, inicialmente, que opôs Embargos de Declaração, para que


o Tribunal de origem sanasse omissão, contradição e obscuridade, "posto que
absolutamente incongruente/contraditório o reconhecimento de benefício como
consequência de sequelas decorrentes de acidente do trabalho ocorrido em 1998 e o
deferimento de sua implantação apenas em 2016, sem plausível fundamentação das
razões que levaram o julgador a quo a afastar a incidência do § 2º do Art. 86 da Lei
8.213/91, de forma que, a teor do Art. 1.025 do Código de Processo Civil, os elementos
constantes nos mencionados Declaratórios devem ser considerados incluídos no v.acórdão
para fins de prequestionamento" (fl. 114e).
Sustenta, quanto ao mais, além de divergência jurisprudencial, violação ao art.
86, § 2º, da Lei 8.213/91, defendendo o seu direito ao recebimento do auxílio-acidente a partir
do dia seguinte à cessação do auxílio-doença acidentário, ou seja, em 08/10/98, sob a
seguinte fundamentação:

"No caso específico dos autos, o v.acórdão de fls. 99/103, proferido


pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao
estabelecer a data de citação da Autarquia-Recorrida como marco
inicial do benefício de Auxílio-Acidente deferido em favor do
Recorrente (i) contrariou a disposição expressa contida no § 2º do
Art. 86 da Lei 8.213/91, negando-lhe vigência, bem como (ii) deu
interpretação divergente ao mencionado artigo daquela já
consolidada por este Superior Tribunal, bem como por outros
Tribunais Estaduais, a exemplo do Tribunal de Justiça do Estado
de Santa Catarina, na medida em que o mencionado dispositivo legal e
sua interpretação sedimentada na jurisprudência pátria são no sentido
de que, tendo o Recorrente percebido Auxílio-Doença prévio com
base na mesma causa que deu origem ao pretendido
Auxílio-Acidente, como é o caso, o termo inicial deste último

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Superior Tribunal de Justiça
benefício (auxílio-acidente) é o dia imediatamente posterior à
cessação Auxílio-Doença.
Considerando este contexto, é certo que o caso dos autos enquadra-se
nas hipóteses previstas no artigo constitucional acima transcrito, sendo,
portanto, cabível o presente Recurso Especial.
(...)
O Recorrente ajuizou ação de acidente do trabalho em face do
Recorrido visando a implantação do benefício de
Auxílio-Acidente, na medida em que, em 04 de setembro de 1998,
sofreu acidente do trabalho típico, do qual resultaram sequelas
de caráter parcial e permanente em seu ombro esquerdo que
dificultam o exercício de sua função habitual (à época, ajudante
geral e, atualmente, prensista).
Em minuciosa perícia realizada 16 anos após o fato (06/06/2016), o
nobre Expert, mesmo com decurso de tal período de tempo, constatou
que o Recorrente é portador de sequelas definitivas com nexo
causal com o acidente típico, que comprometem a sua plena
capacidade laborativa, tal como se verifica no detalhado e bem
fundamentado Laudo Pericial de fls. 33/42.
Após a manifestação das partes, sobreveio a r.sentença de mérito
de fls. 70/74, através da qual o Juízo de Primeira Instância,
reconhecendo a existência de sequelas incapacitantes e o nexo
de causalidade com o acidente de trabalho, julgou procedente o
pedido do aqui Recorrente para condenar a Autarquia Recorrida a
implantar o benefício de Auxílio-Acidente em favor dele, 'a partir
do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença' (08/10/1998),
ressalvada a prescrição quinquenal.
A dita sentença foi submetida à apreciação do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, em face do recurso ex officio e do recurso
voluntário da Autarquia Recorrida, oportunidade em que foi reformada
apenas para alterar o termo inicial do benefício do dia
imediatamente posterior à cessação do Auxílio-Doença para a
data da citação da ora Recorrida. Neste particular, assim diz tal
decisão:
(...)
Diante da notória contradição do julgado, consistente na incongruência
entre o reconhecimento da existência de sequela desde 1998 (data do
acidente do trabalho) e o deferimento do benefício apenas a partir da
citação, em evidente violação ao 2º do Art. 86 da Lei 8.213/91, o
Recorrente opôs Embargos de Declaração, que, como já dito, foram
rejeitados.
(...)
O Artigo 86 da Lei 8.213/91 estabelece as condições para concessão e

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implantação do benefício de Auxilio-Acidente nos seguintes termos:
(...)
O caput do dito artigo, em conjunto com seu parágrafo 2º, não
deixa dúvidas ou dá margens a qualquer interpretação que não
seja no sentido de que, reunidas as condições que dão direito ao
segurado à percepção do benefício de Auxílio-Acidente
(consolidação de sequelas incapacitantes decorrentes de
acidente do trabalho), como é o caso, o benefício será concedido,
como indenização, a partir do dia seguinte ao da cessação do
Auxílio-Doença.
Sendo assim, para a situação em comento, em que o
Auxílio-Doença cessou em 07/10/1998, tal como reconhecido na
sentença de mérito e no próprio acórdão recorrido, o termo inicial
do benefício de Auxílio-Acidente a que tem direito o Recorrente
deve ser o dia imediatamente posterior, ou seja, 08/10/1998 e não
a data da citação da Autarquia Recorrida, como estabelecido no
v.acórdão cuja reforma aqui se almeja e que novamente abaixo
parcialmente se reproduz:
(...)
Vejam, Excelências, que o § 2º do acima mencionado dispositivo
legal não impõe qualquer ressalva, critério ou condição adicional
para a sua aplicação, à exceção da vedação da acumulação do
Auxílio-Acidente com aposentadoria.
Desta forma, a justificativa adotada no julgado para estabelecer como
termo inicial do benefício a data da citação da Recorrida não se sustenta,
evidenciando-se em notória violação legal.
É que, para a lei, é indiferente se, após a consolidação das
sequelas, o Recorrente não mais pleiteou afastamento ou teve
intercorrências por mais de dez anos. Ao contrário, tendo em
vista o caráter indenizatório do benefício, basta que o segurado
tenha redução na sua capacidade laborativa, assim considerado
também o maior esforço para o exercício da função, exatamente
como ocorre com o Recorrente desde a finalização do tratamento
do acidente do trabalho (outubro/1998), tal como comprovado
nestes autos através de detalhada prova pericial técnica.
Esta característica da lei tem respaldo importante no simples fato de que
o direito à percepção do benefício de Auxílio-Acidente é
potestativo e não sujeito a decadência. Significa dizer, é direito que
assiste ao segurado tenham as sequelas com efeito incapacitante
se consolidado ontem ou há muitos anos, sendo a sua limitação
estabelecida apenas e exclusivamente no que diz respeito à
cobrança das parcelas não pagas, que é limitada pela prescrição
quinquenal.

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 11 de 12
Superior Tribunal de Justiça
Neste sentido é o entendimento já consolidado por esta Egrégia Corte
Superior, nos termos dos arestos jurisprudenciais abaixo colacionados:
(...)
Neste contexto, é certo que a mantença deste ponto específico do v.
acórdão tal como está representará não apenas uma
contrariedade manifesta à lei, mas também uma violação da
razoabilidade e da Justiça, na medida em que (i) imprimirá ao
Recorrente uma punição dupla, qual seja, a de ter trabalhado com
maior esforço por longos anos sem receber a contrapartida
indenizatória que a lei lhe assegura, apenas e tão somente
porque, pessoa humilde que é, até o ano de 2016, desconhecia
seu direito ao benefício e (ii) importará, para a Autarquia
Recorrida, em verdadeira premiação pela sua desídia em cumprir
o dever social para o qual foi instituída, que, neste particular,
seria a implantação de ofício do benefício a que fazia jus o
Recorrente, com o privilégio adicional de ver-se isentada do
pagamento de todas as parcelas devidas pelo período anterior à
sua citação, incluindo também aquelas não abrangidas pelo
período prescricional quinquenal, que o Recorrente não olvida
ser aplicável a seu caso. Um absurdo!
É para evitar a perpetuação deste ato ilegal e, sobremaneira, injusto, que
o Recorrente vem socorrer-se desta Suprema Corte, confiante de que
este recurso será provido para fazer-se a necessária, ampla e lídima
Justiça!
(...)
À parte a evidente violação do §2º do Art. 86 da Lei 8.213/91 acima
demonstrada, é certo que o acórdão recorrido também deu a este
dispositivo interpretação distinta daquela adotada por outros
Tribunais de Justiça do país em casos análogos. Para demonstrar
tal divergência jurisprudencial e visando não alongar excessivamente as
razões recursais, o Recorrente pede vênia para utilizar como
paradigma o acórdão exarado nos autos da Apelação n.º
2013.039451-2, julgada em 03/06/2014 pela 1ª Câmara de Direito
Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (vide print do
andamento processual em 1ª instância, print do andamento processual
em 2ª instância e acórdão anexos, obtidos no sítio eletrônico do Tribunal
de Justiça do Estado de Santa Catarina – www.tjsc.jus.br), cuja ementa
segue abaixo reproduzida:
(...)
O caso retratado no mencionado acórdão cuida de ação
acidentária proposta por Leonel Wilbert em 10/06/2009 em face do
INSS, através da qual pretendeu o reconhecimento de direito à
percepção do benefício de Auxílio-Acidente, tendo em vista que

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ele teria sofrido acidente de trabalho típico em 09/08/1995
(portanto, 14 anos antes do ajuizamento da ação), culminando na
amputação traumática do 3º dedo da mão esquerda, lesão que
teria reduzido a sua capacidade laborativa.
Realizada a instrução processual, com a confirmação da sequela
incapacitante através de laudo pericial judicial, em 17/12/2012, sobreveio
a sentença de primeira instância acolhendo os pedidos autorais para
reconhecer o direito ao recebimento do benefício em questão
retroativamente a 31/10/1995, data imediatamente posterior à da
cessação do Auxílio-Doença anteriormente recebido.
Irresignada, a Autarquia lá Apelante, aqui Recorrida, apelou do decisum,
pretendendo reduzir o percentual do salário de benefício a ser pago ao
segurado (de 50% para 30%), bem como para alterar a data de seu
início para a juntada do laudo pericial aos autos.
O inconformismo não obteve bom resultado, tendo o Tribunal de Santa
Catarina decidido em 03/06/2014 que:

'Logo, resta evidente, diante da análise pericial, o direito do


demandante à concessão do benefício auxílio-acidente, no
percentual de 50% do salário-de-benefício, nos termos do art. 86.
§1º da lei 8.213/91, com as alterações trazidas pela Lei 8.528/97.
Quanto ao termo inicial para o pagamento daquele, preceitua
o § 2º da referida lei, ser a partir do dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença, no caso, em 30/10/1995, ou seja,
o auxílio-acidente retroagirá a 31/10/1995 (fls. 17), observada
a prescrição quinquenal (10/06/2004 A-fls. 02/v)'.

Vejam, Excelências, que o caso do mencionado acórdão e o destes


autos são em tudo similares:
- ambos os autores sofreram acidentes típicos, com emissão de
CAT e percepção de Auxílio-Doença-Acidentário para tratamento
dos males decorrentes do acidente;
- ambos os autores, mesmo após tratamento, ficaram com
sequelas incapacitantes consolidadas como consequência dos
ditos acidentes do trabalho;
- em ambos os casos não houve requerimentos posteriores de
afastamento em face destas sequelas incapacitantes, embora os
autores tenham, desde o retorno ao trabalho após a cessão do
Auxílio-Doença, exercido sua função com contínuo maior esforço;
- ambos os autores tardaram para ajuizar as respectivas ações
acidentárias pleiteando a concessão do de Auxílio-Acidente (14 anos, no
caso de Santa Catarina e 18 anos nesta ação);
- em ambos os casos foi realizada perícia judicial técnica, na qual se

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constatou a presença de tais sequelas incapacitantes, mesmo
após o decurso de longo tempo, e o nexo etiológico com os
acidentes; e,
- ambas as ações foram julgadas procedentes em primeira instância,
com a determinação de implantação do benefício de
Auxílio-Acidente em favor dos autores desde o dia imediatamente
posterior à cessão dos Auxílios-Doença, ressalvada a prescrição
quinquenal.
A única diferença entre as situações análogas reside no desfecho da
questão já que, no caso paradigma, o Tribunal de Santa Catarina aplicou
a lei e manteve a sentença de 1º grau no sentido de que o termo inicial
do benefício seria o dia imediatamente posterior à cessação do
Auxílio-Doença, enquanto que nesta ação, o Tribunal de São Paulo
houve por bem desconsiderar a letra legal e alterar o julgamento a quo
para estabelecer como termo inicial do benefício a data de citação da
Autarquia Recorrida.
Por ser defesa em nosso ordenamento jurídico, esta ilegal e injusta
diferença deve ser extirpada por este Tribunal Superior, mediante a
reforma do v.acórdão recorrido para ajusta-lo à melhor jurisprudência
pátria, que está em consonância com aquela retratada na decisão
proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, na qual
foi fixado como termo inicial do Auxílio-Acidente o dia imediatamente
posterior à cessação do Auxílio-Doença, tudo como determina o §2º do
Art. 86 da Lei 8.213/91" (fls. 113/125e).

Requer o recorrente, por fim, o provimento do Recurso Especial, com reforma


do acórdão impugnado, para "estabelecer como termo inicial do benefício de
Auxílio-Acidente a ele concedido o dia imediatamente posterior à cessação do
Auxílio-Doença-Acidentário (08/10/1998), ressalvada a prescrição quinquenal, tudo
como forma de garantir a vigência do Artigo 86, §2º da Lei 8.213/91 e a uniformização da
jurisprudência pátria" (fl. 126e).
Sem contrarrazões (fl. 160e), o Tribunal de origem, com fundamento no art.
1.036, § 1º, do CPC/2015, selecionou o presente Recurso Especial como representativo da
controvérsia, na forma da decisão de fls. 163/166e.
O Ministério Público Federal, a fls. 177/181e, manifestou-se pela admissão do
presente Recurso Especial como representativo de controvérsia.
Em 04/06/2019 a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça afetou o
presente Recurso Especial, juntamente com o Recurso Especial 1.786.736/SP, ao rito do art.
1.036 e seguintes do CPC/2015 (art. 256-I do RISTJ, incluído pela Emenda Regimental 24, de
28/09/2016), nos termos do acórdão de fls. 202/210e, assim ementado:

"PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PROPOSTA DE AFETAÇÃO

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DE RECURSO ESPECIAL. RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS
REPETITIVOS. ARTS. 1.036, CAPUT E § 1º, 1.037 E 1.038 DO
CPC/2015 C/C ART. 256-I DO RISTJ, NA REDAÇÃO DA EMENDA
REGIMENTAL 24, DE 28/09/2016. AUXÍLIO-ACIDENTE DECORRENTE
DA CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA. FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL.
I. Delimitação da controvérsia, para fins de afetação da matéria ao
rito dos recursos repetitivos, nos termos do art. 1.036, caput e §
1º, do CPC/2015: 'Fixação do termo inicial do auxílio-acidente,
decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23
e 86, § 2º, da Lei 8.213/91'.
II. Recurso Especial afetado ao rito do art. 1.036 e seguintes do
CPC/2015 (art. 256-I do RISTJ, na redação da Emenda Regimental 24,
de 28/09/2016)" (fl. 202e).

O INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO - IBDP foi


admitido como amicus curiae (fl. 261e) e apresentou manifestação escrita a fls. 269/281e,
em que requer "a) seja admitido a proceder a sustentação oral na sessão de julgamento do
presente, mediante a intimação do subscritor desta peça para tal finalidade", e, "b) ao final,
que seja pacificada a jurisprudência no sentido de ser afirmada a seguinte tese: sendo o
auxílio-acidente precedido de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou ainda, tenha tido
o INSS conhecimento do fato que pode originar o direito ao benefício, dando vigência ao artigo
5º da Lei do Processo Administrativo Federal, bem como ao artigo 76 do Decreto n.º 3.048/99
e ainda ao artigo 341 da IN 77/2015, deve ser considerada como DIB o dia posterior a
cessação do benefício por incapacidade que o antecedeu ou, nos casos em que o fato
chegou ao conhecimento da autarquia, seja determinada como DIB a data do conhecimento
do fato caso a perícia médica verifique que os requisitos já se faziam presentes naquela
data".
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a fls. 283/286e, opina pelo provimento do
Recurso Especial, em parecer lavrado pelo Subprocurador-Geral da República, AURÉLIO
VIRGÍLIO VEIGA RIOS, assim ementado:

"RECURSO ESPECIAL AFETADO AO RITO DOS ARTS. 1.036, CAPUT E


§ 1º, 1.037 E 1.038 DO CPC/2015 C/C ART. 256-I DO RISTJ, NA
REDAÇÃO DA EMENDA REGIMENTAL 24, DE 28/09/2016.
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-ACIDENTE
DECORRENTE DA CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA. FIXAÇÃO DO
TERMO INICIAL. PARECER PELO PROVIMENTO DO RECURSO.
I. Delimitação da controvérsia: 'Fixação do termo inicial do
auxílio-acidente, decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma
dos arts. 23 e 86, § 2º, da Lei 8.213/91'. II. Este órgão ministerial
entende que a jurisprudência deve ser pacificada no sentido de
que o benefício de auxílio-acidente deva ser concedido no dia

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imediatamente seguinte ao da cessação do auxílio-doença. III.
Parecer pelo provimento do recurso especial".

É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.729.555 - SP (2018/0056606-0)
RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492
EMENTA

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA DE NATUREZA REPETITIVA. AUXÍLIO-ACIDENTE DECORRENTE DA
CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA. FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL. PRECEDENTES DO
STJ FIRMADOS À LUZ DA EXPRESSA PREVISÃO LEGAL DO ART. 86, § 2º, DA LEI
8.213/91. TESE FIRMADA SOB O RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS. ART.
1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
I. Trata-se, na origem, de ação ajuizada pela parte ora recorrente em face do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, objetivando a concessão de auxílio-acidente, que foi
precedido de auxílio-doença acidentário. O Juízo de 1º Grau julgou procedente o pedido inicial,
para condenar o réu à concessão do auxílio-acidente, a partir do dia seguinte ao da cessação
do auxílio-doença, respeitada a prescrição quinquenal de parcelas do benefício. O Tribunal de
origem – conquanto reconhecendo que restara provado, inclusive pela prova pericial, a
existência de sequelas do acidente, que "reduzem a capacidade funcional e laborativa do
autor e demandam um permanente maior esforço", além do nexo causal, "reconhecido tanto
por sua empregadora, que emitiu CAT, como pela autarquia ao conceder-lhe auxílio-doença
por acidente do trabalho" – deu parcial provimento à Apelação do INSS e à Remessa Oficial e
alterou o termo inicial do benefício para a data da citação.
II. A controvérsia em apreciação cinge-se à fixação do termo inicial do auxílio-acidente,
decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23 e 86, § 2º, da Lei 8.213/91.
III. O art. 86, caput, da Lei 8.213/91, em sua redação atual, prevê a concessão do
auxílio-acidente como indenização ao segurado, quando, "após consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia".
IV. Por sua vez, o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91 determina que "o auxílio-acidente será devido a
partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria".
V. Assim, tratando-se da concessão de auxílio-acidente precedido do auxílio-doença, a Lei
8.213/91 traz expressa disposição quanto ao seu termo inicial, que deverá corresponder ao
dia seguinte ao da cessação do respectivo auxílio-doença, pouco importando a causa do

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acidente, na forma do art. 86, caput e § 2º, da Lei 8.213/91, sendo despiciendo, nessa
medida, para essa específica hipótese legal, investigar o dia do acidente, à luz do art. 23 da
Lei 8.213/91.
VI. O entendimento do STJ – que ora se ratifica – é firme no sentido de que o auxílio-acidente
será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, mas, inexistente a
prévia concessão de tal benefício, o termo inicial deverá corresponder à data do requerimento
administrativo. Inexistentes o auxílio-doença e o requerimento administrativo, o
auxílio-acidente tomará por termo inicial a data da citação. Nesse sentido: STJ, REsp
1.838.756/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 22/11/2019;
AgInt no REsp 1.408.081/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 03/08/2017; AgInt no AREsp 939.423/SP, Rel. Ministra DIVA MALERBI
(Desembargadora Federal Convocada do TRF/3ª Região), SEGUNDA TURMA, DJe de
30/08/2016; EDcl no AgRg no REsp 1.360.649/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, DJe de 11/05/2015; AgRg no REsp 1.521.928/MG, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/06/2015; AgRg no AREsp
342.654/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
26/08/2014; REsp 1.388.809/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de
06/09/2013.
VII. Prevalece no STJ a compreensão de que o laudo pericial, embora constitua importante
elemento de convencimento do julgador, não é, como regra, parâmetro para fixar o termo
inicial de benefício previdenciário. Adotando tal orientação: STJ, REsp 1.831.866/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019; REsp 1.559.324/SP,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 04/02/2019.
VIII. Tese jurídica firmada: "O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina o
art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se, se for o caso, a prescrição quinquenal de
parcelas do benefício."
IX. Recurso Especial conhecido e provido, para, em consonância com a tese ora firmada,
restabelecer a sentença.
X. Recurso julgado sob a sistemática dos recursos especiais representativos de controvérsia
(art. 1.036 e seguintes do CPC/2005 e art. 256-N e seguintes do RISTJ).

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VOTO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES (Relatora): Trata-se, na origem, de


ação ajuizada pela parte ora recorrente em face do Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS, objetivando o recebimento de auxílio-acidente, alegando que sofreu acidente de
trabalho que lhe deixou sequela de caráter parcial e permanente, reduzindo, assim, sua
capacidade laborativa. Requereu a concessão de auxílio-acidente, "no percentual de 50% do
salário benefício com acréscimo de abono anual, na forma disposta no Artigo 21, inciso IV,
alínea 'd', e Artigo 86, §§ 1º e 2º, ambos da Lei nº 8.213/91", com o pagamento das
prestações atrasadas, referentes aos últimos 60 (sessenta) meses, respeitada a prescrição
quinquenal, com os acréscimos de juros de mora e de correção monetária (fl. 5e).
O Juízo de 1º Grau julgou o pedido procedente, conforme a sentença de fls.
71/75e, "para condenar o réu à concessão do auxílio-acidente, nos termos determinados na
fundamentação desta sentença, devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, e ao pagamento dos valores em atraso, com juros de mora (...) e correção
monetária (...), respeitada a prescrição quinquenal, se o caso".
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu parcial provimento ao
recurso oficial e à Apelação do INSS, fixando, como termo inicial do auxílio-acidente, a
data da citação, ao fundamento de que, "após a cessação do auxílio-doença (07/10/98) o
segurado retornou ao trabalho, sem constar no presente feito qualquer anotação
referente a eventual afastamento ou intercorrência por mais de dez anos", nos termos
do acórdão de fls. 99/104e, mantido, no julgamento dos Embargos de Declaração, opostos
na origem (fls. 151/154e).
Inconformada, a parte autora interpôs o presente Recurso Especial,
sustentando, em síntese, a necessidade de reforma do acórdão recorrido, para "estabelecer
como termo inicial do benefício de Auxílio-Acidente a ele concedido o dia
imediatamente posterior à cessação do Auxílio-Doença-Acidentário (08/10/1998),
ressalvada a prescrição quinquenal, tudo como forma de garantir a vigência do Artigo
86, §2º da Lei 8.213/91 e a uniformização da jurisprudência pátria" (fl. 126e).
A Primeira Seção do STJ, em 04/06/2019, afetou o processo ao rito dos
recursos repetitivos (RISTJ, art. 257-C), para decidir a controvérsia assim delimitada:

"Fixação do termo inicial do auxílio-acidente, decorrente da


cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23 e 86, § 2º, da
Lei 8.213/91".

O cerne da controvérsia, portanto, está em estabelecer o termo inicial do


auxílio-acidente, decorrente da cessação do auxílio-doença.

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Fundamentos relevantes da questão jurídica discutida (art. 984, § 2º, c/c o


art. 1.038, § 3º, do CPC/2015 e art. 104-A, I, do RISTJ).

Destaco que não há controvérsia acerca do direito ao auxílio-acidente, de modo


que a questão afetada para julgamento cinge-se à fixação do termo inicial do auxílio-acidente,
decorrente da cessação de auxílio-doença acidentário, na forma dos arts. 23 e 86, § 2º, da Lei
8.213/91.
Segundo defende o segurado, ora recorrente, o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91
"não impõe qualquer ressalva, critério ou condição adicional para a sua aplicação, à exceção
da vedação da acumulação do Auxílio-Acidente com aposentadoria. Desta forma, a
justificativa adotada no julgado para estabelecer como termo inicial do benefício a data da
citação da Recorrida não se sustenta, evidenciando-se em notória violação legal (...) para a
lei, é indiferente se, após a consolidação das sequelas, o Recorrente não mais pleiteou
afastamento ou teve intercorrências por mais de dez anos. Ao contrário, tendo em vista o
caráter indenizatório do benefício, basta que o segurado tenha redução na sua capacidade
laborativa, assim considerado também o maior esforço para o exercício da função,
exatamente como ocorre com o Recorrente desde a finalização do tratamento do acidente do
trabalho (outubro/1998), tal como comprovado nestes autos através de detalhada prova
pericial técnica" (fl. 118e).
Assevera que "a mantença deste ponto específico do v. acórdão tal como está
representará não apenas uma contrariedade manifesta à lei, mas também uma violação da
razoabilidade e da Justiça, na medida em que (i) imprimirá ao Recorrente uma punição dupla,
qual seja, a de ter trabalhado com maior esforço por longos anos sem receber a
contrapartida indenizatória que a lei lhe assegura, apenas e tão somente porque, pessoa
humilde que é, até o ano de 2016, desconhecia seu direito ao benefício e (ii) importará, para a
Autarquia Recorrida, em verdadeira premiação pela sua desídia em cumprir o dever social
para o qual foi instituída, que, neste particular, seria a implantação de ofício do benefício a que
fazia jus o Recorrente, com o privilégio adicional de ver-se isentada do pagamento de todas
as parcelas devidas pelo período anterior à sua citação, incluindo também aquelas não
abrangidas pelo período prescricional quinquenal, que o Recorrente não olvida ser aplicável a
seu caso" (fl. 121e).
O Tribunal de origem, conquanto reconhecendo que restara provado, inclusive
pela prova pericial, a existência de sequelas do acidente, que "reduzem a capacidade
funcional e laborativa do autor e demandam um permanente maior esforço", além do nexo
causal, "reconhecido tanto por sua empregadora, que emitiu CAT, como pela autarquia ao
conceder-lhe auxílio-doença por acidente do trabalho", deu parcial provimento à Apelação do
INSS e à Remessa Oficial e alterou o termo inicial do auxílio-acidente – fixado, pelo Juízo
de 1º Grau, no dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença – para a data da citação,
in verbis:

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"O benefício é devido a partir da citação.
Afinal, dos documentos que instruem a inicial verifica-se que após
a cessação do auxílio-doença (07/10/98) o segurado retornou ao
trabalho, sem constar no presente feito qualquer anotação
referente a eventual afastamento ou intercorrência por mais de
dez anos.
De se observar, se for o caso, o disposto no artigo 104, § 6º, do Decreto
3.048/99" (fl. 103e).

Fundamentos determinantes do julgado (art. 984, § 2º, c/c o art. 1.038, § 3º,
do CPC/2015 e art. 104-A, II, do RISTJ)

Registro, inicialmente, que, na forma do art. 19 da Lei 8.213/91, "acidente do


trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador
doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta
Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho".
O conceito de acidente do trabalho, de que trata o referido art. 19, é ampliado
pelo art. 20, I e II, da Lei 8.213/91, para abranger também a doença profissional – "assim
entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social" – e a doença do trabalho, ou seja, "a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, constante da relação mencionada no inciso I".
Para os casos de doença profissional e doença do trabalho, considerando a
dificuldade em estabelecer o seu termo inicial – porquanto não decorrem elas de um evento
instantâneo, como, em regra, ocorre com os acidentes do trabalho típicos –, o art. 23 da Lei
8.213/91 traça critérios para definir o dia do sinistro, nesses termos:

"Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença


profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade
laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da
segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro".

Por sua vez, o art. 86, caput, da Lei 8.213/91, na redação original, previa a
concessão do auxílio-acidente nos casos de acidente do trabalho, in verbis:

"Art. 86. O auxílio-acidente será concedido ao segurado quando, após a


consolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho,
resultar seqüela que implique:

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I - redução da capacidade laborativa que exija maior esforço ou
necessidade de adaptação para exercer a mesma atividade,
independentemente de reabilitação profissional;
II - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém, não o
de outra, do mesmo nível de complexidade, após reabilitação
profissional; ou
III - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém não o
de outra, de nível inferior de complexidade, após reabilitação
profissional".

A Lei 9.032/95 deu nova redação ao citado dispositivo legal, prevendo a


concessão do auxílio-acidente como indenização, não apenas para acidente do trabalho,
mas para acidente de qualquer natureza, que implique redução da capacidade funcional:

"Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes d e
acidente de qualquer natureza que impliquem em redução da
capacidade funcional".

Sob a vigência da Lei 9.129/95 restou mantida a concessão do auxílio-acidente


para acidente de qualquer natureza:

"O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado


quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente
de qualquer natureza, resultar seqüelas que impliquem redução da
capacidade funcional".

Também assim o foi, após a edição da Lei 9.528/97:

"Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia".

Porém, a Medida Provisória 905/2019 excluiu a expressão "de qualquer


natureza" do caput do art. 86 da Lei 8.213/91, limitando-se a prever a concessão do
auxílio-acidente "após a consolidação das lesões decorrentes de acidente":

"Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de

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Superior Tribunal de Justiça
acidente, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade
para o trabalho que habitualmente exercia, conforme situações
discriminadas no regulamento".

A Medida Provisória 905/2019, contudo, teve a vigência encerrada, sem que


fosse convertida em lei, de modo que, atualmente, a redação do art. 86, caput, da Lei
8.213/91 voltou a ser aquela dada pela Lei 9.528/97:

"Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia".

Quanto ao termo inicial do benefício, o art. 86 da Lei 8.213/91 estabelece, em


seu § 2º, na redação dada pela Lei 9.528/97:

"§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da


cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria".

Assim, tratando-se de concessão de auxílio-acidente precedido de


auxílio-doença, o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91 traz expressa disposição quanto ao seu
termo inicial, que deverá corresponder ao dia seguinte ao da cessação do respectivo
auxílio-doença, pouco importando a causa do acidente, na forma do art. 86, caput e § 2º,
da Lei 8.213/91, sendo despiciendo, nessa medida, investigar o dia do acidente, à luz
do art. 23 da Lei 8.213/91.
Nesse sentido, a Terceira Seção do STJ, em julgamento submetido ao rito
do art. 543-C, § 7º, I e II, do CPC/73 – cujo tema central dizia respeito ao direito ao
auxílio-acidente decorrente de perda auditiva mínima, conforme a Súmula 44/STJ ("A
definição, em ato regulamentar, de grau mínimo de disacusia, não exclui, por si só, a
concessão do beneficio previdenciário") –, concluiu pelo direito ao benefício e firmou,
como termo inicial, a cessação do auxílio-doença que o precedera, nesses termos:

"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO.


AUXÍLIO-ACIDENTE. REEXAME DE PROVAS. NÃO-OCORRÊNCIA.
DISACUSIA. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGALMENTE EXIGIDOS.
SÚMULA N.º 44/STJ. APLICABILIDADE. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E PROVIDO. DEVER DE OBSERVÂNCIA AO ART. 543-C, §
7.º, INCISOS I E II, DO CPC E DA RESOLUÇÃO STJ N.º 08, DE
07/08/2008.

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Superior Tribunal de Justiça
1. Inaplicabilidade, à espécie, da Súmula n.º 7/STJ, por não se tratar de
reexame de provas, mas sim, de valoração do conjunto probatório dos
autos.
2. Conforme a jurisprudência deste Tribunal Superior, ora reafirmada,
estando presentes os requisitos legais exigidos para a concessão do
auxílio-acidente com base no art. 86, § 4º, da Lei n.º 8.213/91 –
deficiência auditiva, nexo causal e a redução da capacidade laborativa –,
não se pode recusar a concessão do benefício acidentário ao Obreiro,
ao argumento de que o grau de disacusia verificado está abaixo do
mínimo previsto na Tabela de Fowler.
3. O tema, já exaustivamente debatido no âmbito desta Corte Superior,
resultou na edição da Súmula n.º 44/STJ, segundo a qual 'A definição,
em ato regulamentar, de grau mínimo de disacusia, não exclui, por si só,
a concessão do benefício previdenciário.'
4. A expressão 'por si só' contida na citada Súmula significa que o
benefício acidentário não pode ser negado exclusivamente em razão do
grau mínimo de disacusia apresentado pelo Segurado.
5. No caso em apreço, restando evidenciados os pressupostos
elencados na norma previdenciária para a concessão do benefício
acidentário postulado, tem aplicabilidade a Súmula n.º 44/STJ.
6. Nas hipóteses em que há concessão de auxílio-doença na
seara administrativa, o termo inicial para pagamento do
auxílio-acidente é fixado no dia seguinte ao da cessação daquele
benefício, ou, havendo requerimento administrativo de
concessão do auxílio-acidente, o termo inicial corresponderá à
data dessa postulação. Contudo, tal entendimento não se aplica ao
caso em análise, em que o Recorrente formulou pedido de concessão do
auxílio-acidente a partir da data citação, que deve corresponder ao dies
a quo do benefício ora concedido, sob pena de julgamento extra petita.
7. Recurso especial provido. Jurisprudência do STJ reafirmada. Acórdão
sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08, de
07/08/2008" (STJ, REsp 1.095.523/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
TERCEIRA SEÇÃO, DJe de 05/11/2009).

Naquele caso, o termo inicial do auxílio-acidente foi fixado na data da citação,


como decorrência de pedido expresso da parte recorrente.
Contudo, do voto condutor do acórdão proferido pela Relatora, Ministra
LAURITA VAZ, extrai-se que, "nas hipóteses em que há concessão de auxílio-doença na
seara administrativa, o termo inicial para pagamento do auxílio-acidente é fixado no
dia seguinte ao da cessação daquele benefício". Não configurada essa hipótese – de
prévia concessão do auxílio-doença –, e havendo requerimento do auxílio-acidente, na
via administrativa, o termo inicial será aí fixado, para corresponder "à data dessa

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postulação".
Também o Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, no voto-vista que proferiu,
registrou:

"Quanto à fixação do termo inicial, é de se observar que, em seu


especial, o recorrente pediu a condenação do INSS ao pagamento do
benefício a partir da data da citação (fl. 178).
É certo que a jurisprudência desta Corte é uniforme ao entender
que, havendo indeferimento do benefício em âmbito
administrativo, o termo inicial dos benefícios previdenciários de
auxílio-acidente, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez
fixar-se-á na data do requerimento. Nesse sentido: REsp 305.245/SC,
DJ de 28/5/01 e REsp 365.072/SP, DJ 18/06/01, ambos da relatoria do
Min. FELIX FISCHER. Deste último extraio o seguinte excerto:

Caso se entenda devido o benefício apenas a partir do laudo


médico
apresentado em juízo, mesmo com o indeferimento prévio do
pedido do segurado na via administrativa, aí perderá o sentido
qualquer tentativa do segurado de obter o benefício diretamente do
INSS. Entre conceder administrativamente ou esperar que o obreiro
consiga o benefício em juízo, seria muito mais vantajoso para a
autarquia previdenciária a segunda hipótese, pois aí, de qualquer
modo, o termo inicial de concessão ficaria postergado.

Seguindo essa linha de raciocínio, no julgamento do REsp 543.533/SP,


publicado no DJ de 6/6/05, proferi voto, que foi acompanhado, por
unanimidade, pelos demais membros da Quinta Turma desta Corte, no
sentido de que o termo inicial dos benefícios previdenciários, na
ausência de requerimento administrativo, deve ser o da citação.
Entendo que foi esse o momento em que a autarquia restou
constituída em mora, segundo inteligência do art. 219 do CPC. Se
é certo que o benefício é devido desde a data de entrada do
requerimento administrativo, na forma do art. 43, § 1º, a, da Lei
8.213/91, não menos certo é dizer que, na ausência desse
requerimento, válido é o pedido judicial, pelos mesmos
fundamentos".

Decidiu-se, assim, que o termo inicial do auxílio-acidente deve corresponder ao


dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença que o precedeu, e, ausente o auxílio-doença,
deve ele recair na data do requerimento administrativo. Ausente a concessão prévia do
auxílio-doença, assim como o requerimento administrativo, fixa-se o termo inicial do
auxílio-acidente na data da citação.
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Superior Tribunal de Justiça
Apesar dessas conclusões, firmadas sob o rito dos julgamentos repetitivos, o
termo inicial do auxílio-acidente não foi o tema central objeto de afetação no aludido Recurso
Especial 1.095.523/SP, circunstância da qual decorre, ainda hoje, divergência jurisprudencial
sobre o assunto, nas instâncias ordinárias, o que justificou a afetação da matéria, pelo STJ,
por iniciativa do Tribunal de origem.
Nesta Corte, todavia, o entendimento quanto à fixação do termo inicial do
auxílio-acidente, precedido de auxílio-doença, tem sido uniforme, merecendo destacar,
a propósito, entre muitos outros, os seguintes precedentes da Primeira e da Segunda
Turmas, competentes, atualmente, para o julgamento da matéria:

"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. LAUDO


MÉDICO. NECESSIDADE DE MAIOR ESFORÇO PARA O LABOR.
CONCESSÃO. INICIO DO BENEFICIO. CESSAÇÃO DO
AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO A QUO. PRECEDENTES. LAUDO PERICIAL.
INSERVIBILIDADE PARA FIXAR TERMO INICIAL DE AQUISIÇÃO DE
DIREITOS.
1. Se controvertem as partes apenas quanto ao termo inicial do
benefício. Colhe-se do acórdão que as mazelas que acometem o autor
decorreram de infortúnio trabalhista ocorrido em 2006, incapacitando-o
parcial e permanentemente para o trabalho, comprovado por perícia
médica e prova testemunhal, produzidas em 2014.
2. Com relação ao termo inicial do benefício, o Superior Tribunal
de Justiça, no julgamento dos Embargos de Divergência
735.329/RJ, Rel. Ministro Jorge Mussi, pacificou o entendimento
de que, na ausência de postulação na via administrativa, é a
citação, e não a juntada do laudo pericial aos autos, que deve
nortear o termo inicial dos benefícios de cunho acidentário.
3. O STJ tem entendimento consolidado de que o termo inicial do
auxílio-acidente é a data da cessação do auxílio-doença, quando
este for pago ao segurado, e de que, inexistindo tal fato, ou
ausente prévio requerimento administrativo para a concessão do
auxílio-acidente, o termo inicial do recebimento do benefício
deve ser a data da citação.
4. Recurso Especial provido para considerar a data da cessação
do auxílio-doença como termo inicial para a concessão do
auxílio-acidente" (STJ, REsp 1.838.756/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 22/11/2019).

"PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL: DIA SEGUINTE À CESSAÇÃO
DO BENEFÍCIO ANTERIORMENTE CONCEDIDO. PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL. APLICABILIDADE. AGRAVO INTERNO DO INSS A QUE
DÁ PROVIMENTO.
Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 26 de 12
Superior Tribunal de Justiça
1. É firme a jurisprudência desta Corte de que a comprovação
extemporânea da situação jurídica consolidada em momento
anterior não tem o condão de afastar o direito adquirido do
beneficiário. Precedentes: AgRg no REsp. 1.103.312/CE, Rel. Min. NEFI
CORDEIRO, DJe 16.6.2014; AgRg no REsp. 1.427.277/PR, Rel. Min.
HERMAN BENJAMIN, DJe 15.4.2014; AgRg no REsp. 1.128.983/SC, Rel.
Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, DJe 7.8.2012.
2. Assim, o termo inicial do auxílio-acidente corresponde ao dia
seguinte à cessação do benefício anteriormente concedido ou do
prévio requerimento administrativo; subsidiariamente, quando
ausente as condições anteriores, o marco inicial para pagamento
será a data da citação. Precedentes: AgInt no AREsp. 915.208/SC,
Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 19.12.2016; AgInt no
AREsp 980.742/SP, Rel. Min. SÉRGIO KUKINA, DJe 3.2.2017; e AgRg
no REsp. 1.521.928/MG, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe
19.6.2015.
3. É firme a orientação desta Corte Superior de que não ocorre a
prescrição do fundo de direito no caso de inexistir manifestação expressa
da Administração negando o direito reclamado, estando prescritas
apenas as prestações vencidas no quinquênio que precedeu à
propositura da ação, nos termos da Súmula 85/STJ.
4. Agravo Interno do INSS a que se dá provimento, tão somente
para determinar a aplicação da prescrição quinquenal" (STJ, AgInt
no REsp 1.408.081/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, DJe de 03/08/2017).

"PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO.
CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULAS 282, 284 E 356/STF.
1. A suscitada violação do art. 535 do Código de Processo Civil foi
deduzida de modo genérico, o que justifica a aplicação da Súmula
284/STF: 'É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência
na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da
controvérsia'.
2. As matérias referentes aos dispositivos tidos por contrariados não
foram objeto de análise pelo Tribunal de origem. Desse modo, carece o
tema do indispensável prequestionamento viabilizador do recurso
especial, razão pela qual não merece ser apreciado, a teor do que
preceituam as Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal.
3. 'O STJ tem entendimento consolidado de que o termo inicial do
auxílio-acidente é a data da cessação do auxílio-doença, quando

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Superior Tribunal de Justiça
este for pago ao segurado, sendo que, inexistindo tal fato, ou
ausente prévio requerimento administrativo para a concessão do
auxílio-acidente, o termo inicial do recebimento do benefício
deve ser a data da citação'.(AgRg no AREsp 831.365/SP, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/4/2016,
DJe 27/5/2016)
4. Agravo interno a que se nega provimento" (STJ, AgInt no AREsp
939.423/SP, Rel. Ministra DIVA MALERBI (Desembargadora Federal
convocada do TRF/3ª Região), SEGUNDA TURMA, DJe de 30/08/2016).

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO
INICIAL: CITAÇÃO VÁLIDA. BENEFÍCIO NÃO PRECEDIDO DE
AUXÍLIO-DOENÇA. PREMISSA FÁTICA DELINEADA PELAS INSTÂNCIAS
ORDINÁRIAS. REVERSÃO QUE DEMANDARIA A INCURSÃO NA
MATÉRIA FÁTICA, MEDIDA VEDADA EM SEDE DE RECURSO
ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ.
1. O termo inicial do auxílio-acidente corresponde ao dia seguinte
à cessação do auxílio-doença ou do prévio requerimento
administrativo; subsidiariamente, quando ausente as condições
anteriores, o marco inicial para pagamento de auxílio-acidente
será a data da citação. Precedentes: AgRg no REsp. 1.360.649/SP,
Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 26.5.2014; AgRg no AREsp.
485.445/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 13.6.2014; AgRg no
REsp. 829.979/SP, Rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA, DJe 6.2.2012.
2. Hipótese em que o Tribunal de origem consigna que o auxílio-acidente
não foi precedido de auxílio-doença, cujo pedido administrativo foi
negado às fls. 19/22. Nesse contexto, a inversão do julgado na forma
pretendida demandaria inevitável revolvimento de matéria fática,
impossibilitada pelo teor da Súmula 7/STJ.
3. Agravo Regimental do INSS desprovido" (STJ, AgRg no AREsp
811.334/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 24/08/2016).

"PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL DO


BENEFÍCIO. CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA.
1. O STJ tem entendimento consolidado de que o termo inicial do
auxílio-acidente é a data da cessação do auxílio-doença, quando
este for pago ao segurado, sendo que, inexistindo tal fato, ou
ausente prévio requerimento administrativo para a concessão do
auxílio-acidente, o termo inicial do recebimento do benefício
deve ser a data da citação.
2. Agravo Regimental não provido" (STJ, AgRg no AREsp 831.365/SP,

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 28 de 12
Superior Tribunal de Justiça
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de
27/05/2016).

"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
OBSCURIDADE. EXISTÊNCIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL DO
BENEFÍCIO. CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA.
1. Os embargos de declaração são cabíveis quando o provimento
jurisdicional padece de omissão, contradição ou obscuridade, consoante
dispõe o artigo 535, I e II, do CPC, bem como para sanar a ocorrência de
erro material.
2. Faz-se necessário acolher os embargos de declaração para
sanar obscuridade, fixando que o termo inicial do benefício de
auxílio-acidente é o dia posterior ao da cessação do
auxílio-doença.
3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes" (STJ,
EDcl no AgRg no REsp 1.360.649/SP, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de 11/05/2015).

"PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AUXÍLIO-ACIDENTE.


PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO NÃO CONFIGURADA. RETORNO
DOS AUTOS AO TRIBUNAL DE ORIGEM PARA CONTINUIDADE DO
JULGAMENTO DA DEMANDA.
1. Recurso especial em que se discute a prescrição de pedido de
concessão de benefício de auxílio-acidente.
2. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que não houve
prévio requerimento administrativo, mas declarou a prescrição de fundo
de direito, porquanto decorridos mais de 5 anos entre o evento danoso
(danos auditivos - 1998) e a data do ajuizamento da ação (2005).
3. Não houve a prescrição de fundo de direito no caso analisado.
'Quanto ao termo inicial do benefício auxílio-acidente, o STJ tem
entendimento consolidado no sentido de que o termo inicial do
auxílio-acidente é a data da cessação do auxílio-doença, quando
este for pago ao segurado, sendo que, inexistindo tal fato, ou
ausente prévio requerimento administrativo para a concessão do
auxílio-acidente, o termo inicial do recebimento do benefício
deve ser a data da citação'. (AgRg no AREsp 342.654/SP, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 26/08/2014.)
Agravo regimental improvido" (STJ, AgRg no REsp 1.521.928/MG, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/06/2015).

"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 29 de 12
Superior Tribunal de Justiça
INICIAL. CITAÇÃO. PRECEDENTES. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009.
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTO
DECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF.
SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. HONORÁRIOS DE
ADVOGADO. SÚMULA 111/STJ. PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS
VENCIDAS. ARTIGO 103, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.213/1991.
INOVAÇÃO RECURSAL. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. Quanto ao termo inicial do benefício auxílio-acidente, o STJ tem
entendimento consolidado no sentido de que o termo inicial do
auxílio-acidente é a data da cessação do auxílio-doença, quando
este for pago ao segurado, sendo que, inexistindo tal fato, ou
ausente prévio requerimento administrativo para a concessão do
auxílio-acidente, o termo inicial do recebimento do benefício
deve ser a data da citação.
(...)
8. Agravo regimental não provido" (STJ, AgRg no AREsp 342.654/SP,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
26/08/2014).

"PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


SÚMULA 7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. AUSÊNCIA DE
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO.
CITAÇÃO. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. A discussão sobre o termo a quo do benefício previdenciário
concedido não implica o reexame do conjunto fático-probatório dos
autos.
2. 'O termo inicial da concessão do benefício previdenciário de
auxílio-acidente é a prévia postulação administrativa ou o dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença. Ausentes a
postulação administrativa e o auxílio-doença, o termo a quo para a
concessão do referido benefício é a citação'. (REsp 1.394.402/SP,
Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 7/3/14).
3. Agravo regimental não provido" (STJ, AgRg no REsp 1.413.362/SP,
Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, DJe de
25/04/2014).

"DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-ACIDENTE - TERMO INICIAL -


AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO OU
CONCESSÃO DE AUXÍLIO- DOENÇA - CITAÇÃO DO INSS.
1. O termo inicial para a fruição do auxílio-acidente, quando
ausente prévio requerimento administrativo ou percepção de
auxílio-doença, é a citação da autarquia previdenciária.

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 30 de 12
Superior Tribunal de Justiça
Precedentes.
2. Recurso especial provido" (STJ, REsp 1.388.809/SP, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/09/2013).

Transcrevo, por esclarecedor sobre a posição do STJ sobre a matéria, excerto


de voto proferido pelo Ministro HERMAN BENJAMIN, Relator do REsp 1.838.756/SP, cuja
ementa já foi anteriormente transcrita:

"Trata-se de Recurso Especial interposto, com fundamento no art. 105,


III, 'a', da Constituição da República, contra acórdão assim ementado (fls.
279-291, e-STJ):

Apelação - Acidente do trabalho - Auxílio-acidente - Laudo


médico elaborado após conversão do julgamento em diligência em
2o grau - Reconhecimento de comprometimento de
movimentos do membro superior atingido - Necessidade de
maior esforço para o labor - Concessão - Presentes nexo e
redução da capacidade laborativa, o trabalhador faz jus ao
auxílio-acidente de 50% do salário de benefício, a partir da
juntada do laudo médico realizado após a conversão do
julgamento em diligência - Abono anual - Sentença reformada -
Recurso provido.

(...)
A nova sentença concedeu o benefício de auxílio-acidente ao autor
pela 'redução em grau, médio ou superior dos movimentos de pronação
e/ou supinação de antebraço, devido retroativamente desde a data
da cessação do auxílio-doença (06/09/2006), considerando-se o
salário de contribuição à época do acidente, e corrigido com juros e
correção monetária na forma da Lei n° 11.960/09'.
A Apelação do INSS logrou exito para retificar a sentença 'para o
fim de conceder à parte autora o auxílio-acidente de 50% do
salário-de-benefício (art. 86 da Lei 8213/91), além de abono anual' com
o termo inicial 'correspondente à data da juntada do laudo pericial
aos autos quando da conversão do julgamento em diligência, qual seja,
10.6.2014 (fls. 121, e-STJ), tendo em vista que a partir daquela data
é que restou cabalmente comprovada a incapacidade parcial e
permanente da parte obreira'.
(...)
Se controvertem as partes apenas quanto ao termo inicial do
benefício. Colhe-se do acórdão que as mazelas que acometem o
autor decorreram de infortúnio trabalhista ocorrido em 2006,
incapacitando-o parcial e permanentemente para o trabalho,
Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 31 de 12
Superior Tribunal de Justiça
comprovado por perícia médica e prova testemunhal, produzidas
em 2014.
É com a citação que o réu tem ciência do litígio, conforme
colhe-se do caput do artigo 219 do CPC. Quando ausente o
requerimento administrativo, a detecção da incapacidade do
segurado através da perícia judicial associada à impossibilidade de
reabilitação impõe reconhecer a citação como termo inicial do
beneficio, surgindo a mora quanto à cobertura do evento
causador da incapacidade.
Com relação ao termo inicial do benefício, o Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento dos Embargos de Divergência 735.329/RJ, Rel.
Ministro Jorge Mussi, pacificou o entendimento de que, na ausência
de postulação na via administrativa, é a citação, e não a juntada
do laudo pericial aos autos, que deve nortear o termo inicial dos
benefícios de cunho acidentário. Vejam-se alguns posicionamentos:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. AUSÊNCIA DE


REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. TERMO A QUO. CITAÇÃO.
ART. 219, CPC. LAUDO PERICIAL. INSTRUMENTO QUE NORTEIA
A ATUAÇÃO JUDICIAL DIANTE DE FATOS PREEXISTENTES.
1. Na ausência de prévia postulação administrativa, a citação deve
fixar o início dos benefícios acidentários, nos termos do art. 219 do
Código de Processo Civil.
2. Os aspectos de ordem processual (como a prevenção,
litispendência, litigiosidade da coisa), ou material (como a
constituição da mora ou a interrupção da prescrição), não
interferem na preexistência do direito pleiteado.
3. Interpretação que observa o caráter degenerativo e prévio da
doença, o qual é pré-existente ao próprio ato citatório. Sobretudo
porque 'a apresentação do laudo pericial marca apenas e
tão-somente o livre convencimento do juiz quanto aos fatos
alegados pelas partes, não tendo o condão de fixar termo inicial de
aquisição de direitos' (REsp n. 543.533/SP).
4. A manutenção do entendimento firmado no julgado
embargado - termo a quo a partir da juntada do laudo em
juízo - desprestigia a justiça e estimula o enriquecimento
ilícito do Instituto, que, simplesmente por contestar a ação,
adia injustificadamente o pagamento de um benefício devido
em razão de incapacidade anterior à própria ação judicial.
5. Embargos conhecidos em parte e acolhidos para dar
provimento ao recurso especial da autora e fixar o termo
inicial do auxílio-acidente a partir da citação. (Embargos de
Divergência em REsp 735.329/RJ, Rel. Min Jorge Mussi, Terceira

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Superior Tribunal de Justiça
Seção, DJe 6.5.2019)

(...)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TERMO


INICIAL. DIA SEGUINTE À CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO
ANTERIORMENTE CONCEDIDO OU DO PRÉVIO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO
I - Na origem, cuida-se de ação ajuizada em desfavor do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, objetivando a concessão de
auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez
II - De acordo com a jurisprudência do STJ, o termo inicial da
aposentadoria por invalidez corresponde ao dia seguinte à
cessação do benefício anteriormente concedido ou do prévio
requerimento administrativo. Entende-se que o laudo pericial
não serve como parâmetro para fixar termo inicial de
aquisição de direitos, mas apenas norteia o livre
convencimento do juiz quanto aos fatos alegados pelas
partes. Precedentes: REsp n. 1.471.461/SP, Rel Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 3/4/2018, DJe
16/4/2018; AgInt no AREsp n. 915.208/SC, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 15/12/2016, DJe
19/12/2016; e AgInt no AREsp n. 980.742/SP, Rel. Ministro Sérgio
Kukina, Primeira Turma, julgado em 13/12/2016, DJe 3/2/2017
III - Recurso especial provido para fixar a data do requerimento
administrativo como termo inicial do benefício (Resp 1681142/SC,
Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma, Dje 21/11/2018)

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE.


TERMO INICIAL. DATA DA CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA.
ALTERAÇÃO DA DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. VERIFICAÇÃO PREJUDICADA.
1. O STJ tem entendimento consolidado de que o termo
inicial do auxílio-acidente é a data da cessação do
auxílio-doença, quando este for pago ao segurado, e de que,
inexistindo tal fato, ou ausente prévio requerimento
administrativo para a concessão do auxílio-acidente, o termo
inicial do recebimento do benefício deve ser a data da
citação.
2. Com efeito, o Tribunal de origem, após minucioso exame dos
elementos fáticos contidos nos autos, consignou que o benefício
deve ser concedido a partir da data da cessação do auxílio-doença

Documento: 1902005 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/07/2021 Página 33 de 12
Superior Tribunal de Justiça
em 16.8.2009 (fl. 233, e-STJ)
3. In casu, rever tal entendimento, com o objetivo de acolher a
pretensão recursal, 'para fixar a data do início do auxílio acidente
em 20.04.97, data seguinte à cessação do auxílio-doença no qual
foi, a Recorrente, submetida a processo de reabilitação profissional'
(fl. 299, e-STJ), demanda revolvimento de matéria fática, o que é
inviável em Recurso Especial, à luz do óbice contido na Súmula 7
do STJ.
4. Fica prejudicada a análise da divergência jurisprudencial quando
a tese sustentada esbarra em óbice sumular ao se examinar o
Recurso Especial pela alínea 'a' do permissivo constitucional.
5. Recurso Especial não conhecido. (Resp 1774.654 / BA, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, Dje 29/05/2019)

Por todo o exposto, dou provimento ao Recurso Especial para


considerar a data da cessação do auxílio-doença como termo
inicial para a concessão do auxílio-acidente".

Concluiu o aludido julgado, representando a pacífica jurisprudência – que ora se


ratifica –, que "o STJ tem entendimento consolidado de que o termo inicial do
auxílio-acidente é a data da cessação do auxílio-doença, quando este for pago ao
segurado, e de que, inexistindo tal fato, ou ausente prévio requerimento
administrativo para a concessão do auxílio-acidente, o termo inicial do recebimento do
benefício deve ser a data da citação" (STJ, REsp 1.838.756/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 22/11/2019).
Tal entendimento, quanto ao termo inicial do auxílio-acidente precedido de
auxílio-doença, encontra eco na doutrina, merecendo destacar, a propósito, o ensinamento de
Daniel Machado da Rocha, na obra "Comentários à LEI DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL", em que afirma:

"No caso de auxílio-acidente, a regra é que seja desnecessário o prévio


requerimento administrativo, quando o segurado percebia o
auxílio-doença. De fato, compete ao INSS, por ocasião da cessação do
auxílio-doença, averiguar, de ofício, se as sequelas consolidadas
acarretam redução da capacidade laborativa (art. 86, § 2º) e, se for o
caso, conceder o auxílio-acidente sem que seja necessário pedido
específico.
(...)
O benefício tem início quando cessado o auxílio-doença, ou seja,
quando consolidadas as lesões. O STJ pacificou o entendimento
de que o termo inicial do auxílio-acidente corresponde ao dia
seguinte à cessação do auxílio-doença ou do prévio

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Superior Tribunal de Justiça
requerimento administrativo (nos casos em que não houve
concessão de auxílio-doença anterior); subsidiariamente, quando
ausente as condições anteriores, o marco inicial para pagamento
de auxílio-acidente será a data da citação, pois é esta que
constitui em mora o demandado (art. 240 do NCPC).
Nos termos do § 6º do art. 104 do RPS: 'No caso de reabertura de
auxílio-doença por acidente de qualquer natureza que tenha dado origem
a auxílio-acidente, este será suspenso até a cessação do auxílio-doença
reaberto, quando será reativado'" (ROCHA, Daniel Machado da.
Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social - 18ª ed. - São
Paulo: Atlas, 2020, p. 520/526).

Pressupõe-se, naturalmente, que a lesão justificadora do auxílio-doença é a


mesma que, após consolidada, resultou em sequela definitiva redutora da capacidade
laborativa do segurado, justificando, assim, a concessão do auxílio-acidente.
No STJ também prevalece a compreensão de que o laudo pericial, embora
constitua importante elemento de convencimento do julgador, não é, como regra, parâmetro
para fixar o termo inicial de benefício previdenciário. Nesse sentido, entre outros, destaco os
seguintes precedentes:

"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO


POR INCAPACIDADE. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL. CITAÇÃO.
1. No enfrentamento da matéria, o Tribunal de origem lançou os
seguintes fundamentos (fl. 148, e-STJ): 'O termo inicial deve ser mantido
como o dia da juntada do laudo pericial aos autos, ou seja, 15 de
setembro de 2014 (fl. 63), pois foi somente nesta data que se tomou
conhecimento da efetiva consolidação da moléstia e consequentemente
da existência de incapacidade laborativa, tendo em vista que não
recebeu nenhum benefício previdenciário ou acidentário anteriormente'.
2. Todavia, é firme a orientação do STJ de que o laudo pericial não
pode ser utilizado como parâmetro para fixar o termo inicial de
aquisição de direitos. Com efeito, segundo a hodierna orientação
pretoriana, o laudo pericial serve tão somente para nortear o
convencimento do juízo quanto à existência do pressuposto da
incapacidade para a concessão de benefício (AREsp 380.162,
Ministro Gurgel de Faria, DJe 23/3/2017).
3. Nos termos da jurisprudência do STJ, o benefício de auxílio-doença,
obtido judicialmente, deve ser pago a partir da data do requerimento
administrativo e, na sua ausência, da data da citação válida da
Autarquia. 4. Dessume-se que o acórdão recorrido destoa do atual
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, razão pela qual merece
reforma.
5. Recurso Especial provido" (STJ, REsp 1.831.866/SP, Rel. Ministro
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Superior Tribunal de Justiça
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019).

"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ. O TERMO INICIAL DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
CORRESPONDE AO DIA SEGUINTE À CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO
ANTERIORMENTE CONCEDIDO OU DO PRÉVIO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. SUBSIDIARIAMENTE, QUANDO AUSENTES AS
CONDIÇÕES ANTERIORES, O MARCO INICIAL PARA PAGAMENTO
SERÁ A DATA DA CITAÇÃO. NÃO HAVENDO QUE SE FALAR EM
FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO NA DATA DE REALIZAÇÃO
DA PERÍCIA. ACÓRDÃO EM CONFRONTO COM A JURISPRUDÊNCIA
DESTA CORTE. RECURSO ESPECIAL DA SEGURADA PROVIDO.
1. No caso dos autos, o Tribunal de origem fixou o termo inicial da
aposentadoria por invalidez na data da realização da segunda perícia
(20.9.2010), ao fundamento de que somente neste momento é que se
tornou inequívoca a incapacidade total da Segurada, a despeito de a
sentença já ter reconhecido à autora o direito à aposentadoria por
invalidez.
2. Tal entendimento destoa da orientação jurisprudencial
consolidada por esta Corte afirmando que a comprovação
extemporânea de situação jurídica consolidada em momento
anterior não tem o condão de afastar o direito adquirido do
Segurado.
3. Dessa forma, o laudo pericial apenas norteia o livre
convencimento do Juiz e serve tão somente para constatar
alguma incapacidade ou mal surgidos anteriormente à propositura
da ação, portanto, não serve como parâmetro para fixar termo
inicial de aquisição de direitos.
4. Recurso Especial da Segurada provido para restabelecer o termo
inicial do benefício como fixado na sentença" (STJ, REsp 1.559.324/SP,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de
04/02/2019).

Conclui-se, de todo o exposto, que, como regra, conforme o critério legal do


art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, a fixação do termo inicial do auxílio-acidente, decorrente
da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, deve recair no dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença, reafirmando-se, no presente julgamento, a jurisprudência
desta Corte a respeito da matéria.

Tese jurídica firmada (art. 104-A, III, do RISTJ)

Para cumprimento do requisito legal e regimental, firma-se a seguinte tese:

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Superior Tribunal de Justiça
"O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao
da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme
determina o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se, se for o
caso, a prescrição quinquenal de parcelas do benefício."

Solução dada ao caso concreto (art. 104-A, IV, do RISTJ)

Firmada a tese jurídica, resta o exame do caso concreto.


Conforme relatado, trata-se, na origem, de ação ajuizada pelo ora recorrente
em face do INSS, objetivando a concessão de auxílio-acidente, precedido de auxílio-doença
acidentário.
O Juízo de 1º Grau julgou procedente o pedido inicial, "para condenar o réu à
concessão do auxílio-acidente, nos termos determinados na fundamentação desta
sentença, devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, e ao
pagamento dos valores em atraso, com juros de mora incidentes de forma global desde a
data de início do benefício até a data da citação e, após, decrescentemente, mês a mês, e
correção monetária incidente mês a mês sobre as prestações em atraso, respeitada a
prescrição quinquenal, se o caso" (fl. 74e).
O Tribunal de origem, no julgamento da Apelação do INSS e da Remessa
Oficial, embora reconhecendo provada a existência de sequelas do acidente, que "reduzem a
capacidade funcional e laborativa do autor e demandam um permanente maior esforço", além
do nexo causal, alterou o termo inicial do auxílio-acidente para a data da citação, ao
fundamento de que "dos documentos que instruem a inicial verifica-se que após a
cessação do auxílio-doença (07/10/98) o segurado retornou ao trabalho, sem constar
no presente feito qualquer anotação referente a eventual afastamento ou
intercorrência por mais de dez anos" (fl. 103e).
Entretanto, o acórdão recorrido, objeto do Recurso Especial do INSS, diverge
da jurisprudência do STJ e da tese firmada no presente recurso repetitivo, merecendo, assim,
ser reformado, para restabelecer a sentença.
Registre-se que, no caso concreto, a ação foi ajuizada em 07/04/2016,
enquanto o acidente que deu causa ao benefício ocorreu em 04/09/98, tendo o autor
percebido auxílio-doença acidentário, cessado em 07/10/98.
Em que pese o longo período em que permaneceu inerte o segurado, o termo
inicial do auxílio-acidente deve ser fixado no dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença
acidentário, por expressa determinação legal (art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91), destacando-se
não incidir o prazo decadencial para a concessão inicial do benefício previdenciário, que é
direito fundamental, conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal, sob o regime de
repercussão geral, no julgamento do RE 626.489/SE (Rel. Ministro ROBERTO BARROSO,
TRIBUNAL PLENO, DJe de 23/09/2014).
Por outro lado, a consequência pela demora do segurado em pleitear o

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Superior Tribunal de Justiça
reconhecimento do seu direito consistirá na perda do direito às parcelas anteriores aos cinco
anos que precedem o ajuizamento da ação, por força da prescrição quinquenal, conforme
fora determinado pelo Juízo de 1º Grau.
Destaque-se, por fim, que o retorno do segurado à atividade em nada altera o
termo inicial do benefício, haja vista que o auxílio-acidente pressupõe redução da capacidade
laborativa para a atividade habitualmente exercida, após a consolidação das lesões, o que
denota a irrelevância do retorno ao trabalho, sem recaídas que impliquem em nova
concessão de auxílio-doença.
Nesse sentido, o art. 104, §§ 2º e 3º, do Decreto 3.048/99 – reproduzindo o que
dispõe o art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei 8.213/91 – estabelece, expressamente, que "o
auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio por
incapacidade temporária, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento
auferido pelo acidentado, vedada a sua acumulação com qualquer aposentadoria", e
também que "o recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de
aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente".
Estabelece, ainda, o art. 104, § 6º, do Decreto 3.048/99 que apenas "no caso de reabertura
de auxílio por incapacidade temporária por acidente de qualquer natureza que tenha
dado origem a auxílio-acidente, este será suspenso até a cessação do auxílio por
incapacidade temporária reaberto, quando será reativado", hipótese não configurada, no caso
concreto.
Ante o exposto, conheço do Recurso Especial e lhe dou provimento, para fixar o
termo inicial do auxílio-acidente no dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença do qual se
originou, observada a prescrição quinquenal, restabelecendo, por conseguinte, a sentença de
fls. 71/75e.

CONCLUSÃO

Em face do exposto, proponho seja firmada a seguinte tese: "O termo inicial
do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença que
lhe deu origem, conforme determina o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se, se
for o caso, a prescrição quinquenal de parcelas do benefício."
Quanto ao caso concreto, conheço do Recurso Especial da parte autora e lhe
dou provimento, para, em consonância com a tese ora firmada, restabelecer a sentença.
É como voto.

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.729.555 - SP (2018/0056606-0)

VOTO-VOGAL

O EXMO. SR. MINISTRO OG FERNANDES: Acompanho a eminente


Relatora em seu voto, apenas propondo um acréscimo na redação da tese, nos
seguintes moldes:
"O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina o
art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, salvo na hipótese de inexistir
requerimento administrativo para a percepção de auxílio-acidente,
hipótese em que o benefício será devido a partir da citação."
(acréscimos em negrito)

É como voto.

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.729.555 - SP (2018/0056606-0)

RATIFICAÇÃO DE VOTO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES: Primeiramente, quanto à observação


do Ministro GURGEL DE FARIA, feita em sessão de julgamento, no sentido de que o termo
inicial do auxílio-acidente, ausente o prévio requerimento administrativo, deve recair na data
da citação, conforme decidido no Recurso Especial repetitivo 1.369.165/SP, destaco que, no
caso específico dos autos, houve prévia concessão de auxílio-doença acidentário,
circunstância a impor a aplicação do art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91 (“Art. 86. O
auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação
das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (...) § 2º O
auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento
auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria”).
Para outras hipóteses, nas quais inexistir prévia concessão do
auxílio-doença, o termo inicial do auxílio-acidente deverá recair na data do prévio
requerimento administrativo, ou, ausente ele, na data da citação, conforme esclarecido
no voto, na forma da pacífica jurisprudência do STJ.
Observo que não fiz referência expressa ao julgamento do Recurso Especial
repetitivo 1.369.165/SP (Tema 626/STJ), considerando que, naquele julgamento, a
controvérsia analisada estava atrelada ao termo inicial da aposentadoria por invalidez, à luz
do art. 43, § 1º, a e b, da Lei 8.213,91, não abordando e nem enfrentando,
consequentemente, a previsão específica do art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, ponto nodal
a orientar a fixação do termo inicial do auxílio-acidente, caso dos autos.
Apesar disso, há, no voto, citação da jurisprudência atual e pacífica desta Corte
a respeito da matéria em análise, e os precedentes invocados examinam, em particular, o
termo inicial do auxílio-acidente, que – repita-se – é fixado no dia seguinte ao do término
do auxílio-doença, quando este foi concedido, na forma prevista no referido art. 86, §
2º, da Lei 8.213/91.
Em suma, o prévio requerimento administrativo, ou, na sua ausência, a citação,
somente terão relevância para a fixação do termo inicial do auxílio-acidente, nas
hipóteses em que não houve prévia concessão de auxílio-doença, situação não
configurada, no caso concreto.
De fato, não há como se aplicar analogicamente, no caso, o REsp repetitivo
1.369.165/SP, mencionado pelo Ministro GURGEL DE FARIA, porquanto há, para a hipótese
dos autos, disposição legal expressa em sentido contrário (art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91),
disciplinando o termo inicial do auxílio-acidente, precedido de auxílio-doença, como no caso
dos autos.

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Como se destacou no voto, na forma da jurisprudência do STF, firmada sob o
regime de repercussão geral, não há decadência para a concessão inicial do benefício,
considerado direito fundamental (STF, RE 626.489/SE, Rel. Ministro ROBERTO BARROSO,
TRIBUNAL PLENO, DJe de 23/04/2014), inexistindo prescrição, quanto ao próprio fundo de
direito, se ausente indeferimento do benefício (Súmula 85/STJ).
Assim, a demora no ajuizamento da ação para postular a concessão de
auxílio-acidente, precedido de auxílio-doença acidentário, inexistindo negativa expressa e
formal da Administração – como no caso – não afasta a observância da regra imposta
pelo art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, trazendo como efeito apenas a prescrição quinquenal das
parcelas do benefício vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da demanda, na
forma da Súmula 85/STJ.
Cumpre destacar que, a propósito, no voto que proferi, foram citados, entre
vários precedentes, o do REsp 1.408.081/SC (Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, DJe de 03/08/2017), no qual, em hipótese análoga, o acidente de trabalho
típico ocorreu em 25/02/81, com percepção de auxílio-doença acidentário pelo segurado,
cessado em 25/03/81. O Tribunal de origem, em ação ajuizada em dezembro de 2007 (cerca
de 26 anos após), alterou o termo inicial do benefício para a data da juntada aos autos do
laudo pericial, em 05/08/2009. A Primeira Turma do STJ deu provimento ao Recurso Especial
do segurado, para fixar o termo inicial do auxílio-acidente no dia subsequente à cessação do
auxílio-doença, observada a prescrição quinquenal de parcelas do benefício, na forma da
Súmula 85/STJ.
Por fim, quanto à observação do Ministro SÉRGIO KUKINA, no sentido de que a
tese proposta não abarca as demais hipóteses de fixação do termo inicial do auxílio-acidente,
examinadas na fundamentação do voto e constantes do item VI da ementa, à luz da
jurisprudência assente desta Corte, esclareço que não o fiz atenta à específica questão
submetida a julgamento no Tema 862/STJ, qual seja, a "fixação do termo inicial do
auxílio-acidente, decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23 e
86, § 2º, da Lei n. 8.213/1991". Entretanto, acolhi a oportuna sugestão de S. Exa., quando
propôs acréscimo à tese, no sentido de se observar, em sendo o caso, a prescrição
quinquenal de parcelas, na forma da Súmula 85/STJ.
Feitos tais esclarecimentos, ratifico o voto por mim proferido.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2018/0056606-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.729.555 / SP

Números Origem: 1016450-80.2016.8.26.0053 10164508020168260053

PAUTA: 09/06/2021 JULGADO: 09/06/2021

Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. MARIANA COUTINHO MOLINA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTONIO EVANILDO PEDROSA DA SILVA
ADVOGADOS : MARCELO MOREIRA CESAR - SP241576
CLARISSA BORSOI - SP232961
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP) -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GISELE LEMOS KRAVCHYCHYN E OUTRO(S) - SC018200
ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT - PR072492

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Benefícios em Espécie - Auxílio-Acidente (Art. 86)

SUSTENTAÇÃO ORAL
Dra. MARIA ROSA GUIMARAES LOULA, pela parte RECORRIDA: INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL e Dr. ANDRE LUIZ MORO BITTENCOURT, pela parte INTERES.:
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO (IBDP)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Primeira Seção, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Gurgel de Faria e Og
Fernandes, conheceu e deu provimento ao recurso especial para restabelecer a sentença, em
consonância com a tese jurídica firmada: "O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina o art. 86, § 2º,
da Lei 8.213/91, observando-se a prescrição quinquenal da Súmula 85/STJ".
Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Manoel Erhardt (Desembargador
convocado do TRF-5ª Região), Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra.

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Superior Tribunal de Justiça
Ministra Relatora.
O Sr. Ministro Gurgel de Faria ressalvou seu ponto de vista quanto à tese.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.

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