Mal de Alzheimer
Mal de Alzheimer
Mal de Alzheimer
ALZHEIMER*
Resumo: Este artigo pretende abordar os principais fundamentos teóricos que embasam e
permeiam o tratamento musicoterapêutico de pacientes com Mal de Alzheimer, sob a ótica do
Modelo Benenzon de Musicoterapia.
(Sacks, 2007:320)
Como uma das maiores autoridades mundiais no assunto, define a musicoterapia como “...
uma psicoterapia não-verbal que utiliza o som, a música e os instrumentos córporo-sonoro-
musicais para estabelecer uma relação entre musicoterapeuta e paciente ou grupos de
pacientes, permitindo através dela melhorar a qualidade de vida, recuperar e reabilitar o
paciente para a sociedade” (Benenzon, 2000: 26).
O fundamento principal da musicoterapia é a afirmativa de que cada ser humano possui uma
“identidade sonora” , constituinte da memória não-verbal, ou seja, que as energias sonoras
herdadas e vivenciadas constituem-se como engramas mnêmicos sonoro-musicais no sujeito.
Refere que a partir do momento da concepção o ser humano é rodeado por um conjunto
infinito de energias sonoras como vibrações, movimentos, sons e músicas que, atrelados às
emoções, sensações, experiências de vida e vivências relacionais, delineiam esta identidade
(Benenzon, 1998).
No processo vincular entre musicoterapeuta, paciente e o grupo que o cerca, onde interagem
as “identidades sonoras” e os engramas mnêmicos do sujeito, é que se dá o processo de
reabilitação da pessoa com Alzheimer. Considerando que as energias sonoro-musicais estão
inseridas em diferentes instâncias psíquicas - inconsciente, pré-consciente e consciente - e
tendem à descarga de tensão, o trabalho musicoterapêutico permite ao sujeito a movimentação
destas energias e , consequentemente, a abertura de novos canais de comunicação, intra e
extra-psíquicos, através da relação terapêutica (França Passarini, 2008).
Segundo Benenzon (2008), pretender comunicar-se com um paciente que sofre de Alzheimer
implica considerá-lo como sujeito inscrito em uma trajetória individual, cultural e social, com
sentimentos, emoções e sensações que não devem ser menosprezados em função dos déficits
que a demência impõe. As hipóteses de trabalho devem estar embasadas nos recursos e
possibilidades do paciente e não o contrário, de maneira que a prática clínica baseia-se,
predominantemente, nos elementos constituintes da Identidade Sonora (ISO) Universal,
Guestáltica, Cultural e Familiar.
Como parte do ISO Universal, inseridos no inconsciente, aparecem os sons e os ritmos
produzidos pelos batimentos cardíacos, pela inspiração e expiração, os sons da natureza como
vento e água. Em termos musicais, algumas canções de ninar, ritmos binários e alguns
intervalos entre notas. No ISO Guestáltico, igualmente inseridos no inconsciente, aparecem
todos os elementos particulares do período da gestação, como sons do corpo da mãe, sons que
chegam pelo líquido amniótico e sons presentes no inconsciente da mãe. Em termos musicais,
o ritmo binário, canções infantis, sonoridades e músicas particulares da cultura da mãe e da
família (ISO Familiar). No ISO Cultural, inseridos nas energias do pré-consciente, estão as
canções, melodias e movimentos que caracterizam o meio sociocultural onde vive ou viveu o
indivíduo.
Para Sacks (2007:320), a musicoterapia com estes pacientes objetiva: “...atingir as emoções,
as faculdades cognitivas, os pensamentos e memórias, o self sobrevivente desse indivíduo,
para estimulá-los e fazê-los aflorar. A intenção é enriquecer e ampliar a existência, dar
liberdade, estabilidade, organização e foco”.
BENENZON, Rolando (2008) La Nueva musicoterapia. 2ª edição. Ed. Lumen, Buenos Aires.
Autora: Luisiana Baldini França Passarini – Bacharel em Musicoterapia (FMU- SP), Magister
e supervisora no Modelo Benenzon de Musicoterapia (Fundación Benenzon - Buenos Aires) e
sócio-fundadora do Centro de Musicoterapia Benenzon Brasil.
Email: luisiana@centrobenenzon.com.br