THOMAS Henry - A Sabedoria Oriental - Maravilhas Da Filosofia
THOMAS Henry - A Sabedoria Oriental - Maravilhas Da Filosofia
THOMAS Henry - A Sabedoria Oriental - Maravilhas Da Filosofia
Henry Thomas
O Tolstoi egpcio
NO muito depois de Ptah-hotep, viveu outro grande filsofo no Egito. Esse homem, porm, no foi um sereno observador da vida, mas um velho triste e desiludido. Para ele, a vida no era seno uma sucesso de reveses. O homem, lamenta-se ele, nada mais aprendeu seno a opresso, a violncia, a luta e a decadncia. Como Tolstoi, acreditava
que a melhor coisa para a raa humana seria desaparecer. Pudesse a raa humana chegar a um fim, pudesse no haver mais nascimento, sofrimento e morte, e todo o mal se apagaria para sempre da face da terra. Como os filsofos pessimistas dos nossos dias, preferia a morte vida. A suave Morte est diante de mim, a Morte, o blsamo que cura todos os males, o fragrante caramanchel de rosas que nos defende do deslumbrante |sol da vida, o marinheiro amigo que nos conduz enseada da paz. A suave Morte est diante de mim, a Morte, a flor de loto que faz com que esqueamos nossos pesares, o rio dentro de cujas guas lavamos nossas tristezas, o sossegado ano depois da febril batalha da vida. Salve, Morte! Fui um escravo na priso da vida. Liberta-me de minhas cadeias e leva-me para casa, calma e aliviadora morte. Os egpcios, como vedes, tinham no somente seus Salomes, mas seus Schopenhauers e seus Tolstois. Mesmo na infncia, a raa humana parece j estar algum tanto desiludida da vida. No obstante, a vida, a despeito dos cpticos e dos pessimistas que tem falado mal dela, durante 5.000 anos, consegue, seja como fr, prosseguir na sua marcha.
A filosofia da Bblia
ENTRE os maiores filsofos, que jamais existiram, contam-se os filsofos annimos da Bblia. De acordo com os ensinamentos da Bblia, a estrutura da boa vida est construda sobre trs pedras angulares: trabalho, sabedoria e adorao. Em primeiro lugar vem o trabalho. O maior dos vcios, a fonte na verdade de todos os vcios, a ociosidade. V a formiga, mandrio! Aprende com ela a trabalhar e imita o seu exemplo. A diligncia da mais alta importncia, se a vida deve ter algum significado. Viste um homem diligente no seu labor? Ele poder ficar de p diante dos reis. Contudo a vossa diligncia deve ser honesta e vosso labor desinteressado. Deveis evitar enganar ou injuriar vosso prximo. No deveis galgar a montanha do xito sobre os corpos prostrados de vossos que se oculta dentro de vs. A fim de poderdes entender vossa alma, deveis passar por uma limpeza espiritual. Deveis limpar-vos de vossas impurezas de ms aes e de maus pensamentos. Afugentai toda a ambio pessoal, iodo o desejo individual, todo o pensamento egosta. Convencei-vos de que no sois seno uma pequena unidade no grande todo, uma folha a mover-se na infinita rvore da vida, simples gota dgua no vasto oceano da imortalidade. Esquecei-vos do vosso Eu e pensai nos vossos semelhantes. Dessa forma no s aprendereis a conhecer vossa alma, mas sereis capazes de encaminhar o curso de vossa alma para a Alma de Deus, da mesma maneira que as guas do rio fluem para as guas do oceano. Essa estranha, bela e desinteressada filosofia tem exercido grande influncia sobre os europeus tanto quanto sobre o pensamento oriental. Rotulada com o moderno nome de teosofia, tem exercitado efeito sedativo mesmo sobre os espritos inquietos e altamente individualistas da Amrica. Entre outros grandes pensadores americanos, Ralph Waldo Emerson confessou-se devoto seguidor do Upanishads.
todos os males. Por causa de seu egosmo, o forte oprime o fraco, o rico esbulha o pobre, o nobre tiraniza o plebeu e o velhaco suplanta o ingnuo. na verdade um estranho mundo esse em que vivemos, diz Mo Ti, em palavras que soam como se fossem pronunciadas em pleno sculo XX. Neste nosso desconsertado mundo, se um homem rouba um porco, vai para a cadeia; se rouba um pas, sobe a um trono. De Mo Ti e Bernardo Shaw temos um hiato de mais de 2.000 anos. Contudo Shaw exprimiu quase exatamente a mesma ideia, com quase exatamente as mesmas palavras. O velho sbio chins foi digno mestre do inteligente e moderno irlands. Fonte: Maravilhas do Conhecimento Humano. Globo, 1949. Traduo e Adaptao de OSCAR MENDES.
URL: http://www.consciencia.org/a-sabedoria-oriental-maravilhas-da-filosofia