Auto Da Barca
Auto Da Barca
Auto Da Barca
de Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno um auto que nos diz que aps a morte vamos parar a um rio que havemos de atravessar e poder ser na barca do inferno ou na do cu. Cada barca tem seu arrais e ambos esperam os tripulantes.
O Fidalgo, o Onzeneiro, o Sapateiro, o Frade (e sua amante), a Alcoviteira (Brsida Vaz) o Judeu, o Corregedor (juiz), o Procurador e o Enforcado so todos condenados ao inferno pelos seus pecados. Apenas o Parvo absolvido pelo Anjo. Os Cavaleiros nem sequer so acusados, pois deram a vida pela Igreja.
Em cada barca est um arrais na proa: na barca do Paraso est um Anjo e na Barca do Inferno esto o Diabo e o seu Companheiro.
AUTO DA BARCA DO INFERNO O FIDALGO Traz consigo um pajem, smbolo da sua tirania e desprezo pelo povo, um rabo (manto), smbolo da sua classe social, e uma cadeira de espaldas que representa a sua falsa religio.
e o rabo caber
e todo o vosso senhorio.
AUTO DA BARCA DO INFERNO O ONZENEIRO Traz consigo um bolso, smbolo do seu pecado em vida. O Onzeneiro aquele que vive do juro exorbitante (onze por cento) aplicado aos emprstimos de dinheiro. avarento e ambicioso.
No traz consigo qualquer smbolo cnico. um pobre de esprito, um simples. essa simplicidade que o salva, pois se errou em vida no o fez de forma premeditada, o que fez no foi por mal.
AUTO DA BARCA DO INFERNO () Anjo Tu passars, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malcia nom erraste.
AUTO DA BARCA DO INFERNO O SAPATEIRO Entra em cena com o seu avental e carregado de formas, smbolo da sua profisso e dos seus pecados, pois roubava o povo com o seu ofcio. desonesto e falso, pois acredita que se salva apenas porque rezou muito, fez donativos igreja e morreu confessado e comungado.
excomungado:
nom o quiseste dizer. Esperavas de viver; calaste dous mil enganos. Tu roubaste bem trintanos
AUTO DA BARCA DO INFERNO O FRADE Entra em cena a cantar e a danar com uma moa, traz consigo um broquel (escudo), uma espada e um casco (capacete). um frade que viveu os prazeres mundanos tpicos da vida da corte, sem se preocupar com a prtica religiosa, com os princpios da sua condio social, pois acreditava que o hbito que vestia o salvaria.
Alcoviteira
Eu sou aquela preciosa que dava as moas a molhos, a que criava as meninas para os cnegos da S
O Judeu chega ao cais com um bode s costa, smbolo do seu apego religio. O bode era imolado nos sacrifcios rituais da sua religio, por isso no se queria separar dele. O Judeu um fantico religioso.
O Enforcado um ladro que foi condenado forca. Por isso surge em cena com uma corda ao pescoo. Porm, est convencido que vai para o Cu, pois Garcia Moniz, Mestre da Balana da Moeda de Lisboa, disso o convenceu. No fundo, o Enforcado um simples, um ingnuo, confiante e facilmente influencivel.
Eis que chegam ao cais Quatro Cavaleiros, cantando, trazendo consigo a Cruz de Cristo. Os Quatro Cavaleiros morreram a lutar pela F, o que lhes d entrada directa no Paraso. Por isso dirigem-se logo Barca do Paraso e o Anjo recebe-os com grande alegria.
FIM