Capitulo 4

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Capítulo 4 – Relação Gasto-Volume-

Resultados (GVR)
4.1 A variabilidade dos gastos
4.2 Ponto crítico, zona relevante e margem de
segurança
Este tema permite responder à questões que dizem respeito a
algumas situações onde é imperativo a tomada de decisões
como, por exemplo:

• A determinação do número de unidades a serem vendidas e


o respetivo valor de venda que serão necessários para que a
empresa não tenha prejuízo;

• A determinação do número de unidades a serem vendidas


para que a organização consiga alcançar um determinado
lucro;

• A determinação do preço mínimo a praticar de forma a não


haver prejuízos;
• A determinação do preço a estabelecer para a venda de um
novo produto, ou uma quantidade adicional de um já existente,
sabendo que este negócio altera a estrutura dos gastos e ganhos
da organização;

• A escolha entre fabricar ou subcontratar a produção de um


produto ou de determinadas fases e da determinação da
situação ótima para a produção, quando existem restrições
(como, por exemplo, mão-de-obra, matéria-prima e capacidade
insuficientes) e a empresa tem que optar pela produção de
determinadas quantidades de determinados produtos em
detrimento de outros.
Análise do Comportamento dos Custos
Unitários
o custo fixo unitário (CF un) varia inversamente à
quantidade. O que faz com que o custo fixo unitário “tenda”
(matematicamente) para zero.
O custo variável é fixo unitariamente, não alterando com as
variações das quantidades.
Assim, o custo total unitário é variável, diminuindo com
aumentos na quantidade. Este custo unitário “tende”
(matematicamente) para o custo variável unitário.
A quantidade de equilíbrio (Q* ou Qe) será aquela onde a
curva do custo total unitário cruza com a reta do preço de
venda unitário
Intervalo Relevante

Intervalo Relevante – intervalo de nível de atividade, dentro


de uma determinada capacidade instalada, em que seja
possível verificar os anteriores padrões de comportamento dos
rendimentos e dos gastos.

O Intervalo Relevante é essencial à análise GVR, pois as suas


conclusões só se apresentam válidas neste mesmo intervalo.
Análise Conjunta dos Gastos e dos Ganhos
Ponto Critico – Ponto Morto (breakeven point)

Determinação do Ponto de Equilíbrio em Quantidade


O nível de atividade de uma organização para o qual os
gastos totais igualam os ganhos totais designa-se por Ponto
de Equilíbrio. Neste ponto não existe lucro nem prejuízo.

Sabemos que o resultado pode ser encontrado da seguinte


forma:
Ganhos – gastos = Resultados Antes de Impostos
Ou seja:
Vendas – (gastos Variáveis + gastos Fixos) = Resultados
Antes de Imposto
Se:
Pvun = Preço de Venda Unitário
Qv = Quantidade Vendida
Cvun = Custo Variável Unitário
CF = Custos Fixos Totais
R = Resultados Antes de Imposto

Então:
Pvun * Qv – Cvun * Qv – CF = R
Ou de outra forma:

Qv (Pvun – Cvun) = CF + R

Assim:

Qv = (CF + R) / (Pvun – Cvun)


Quando a empresa atinge o Ponto de Equilíbrio, verifica-se a
seguinte situação:

Se cada unidade contribui marginalmente com a diferença


entre o seu preço de venda unitário e o seu custo variável
unitário, então, para cobrir os restantes custos (os fixos),
necessitamos da seguinte quantidade

gastos fixos
Q* 
Pvun  Cvun
Determinação do Ponto de Equilíbrio em Valor

Sabemos, então, que o valor de vendas no ponto de


equilíbrio será o resultado da multiplicação da quantidade de
equilíbrio com o preço de venda unitário, o que poderá ser
representado por:

V* = Preço de Venda Unitário x Q*


Análise Gráfica do Ponto de Equilíbrio
O Ponto de Equilíbrio é aquele
ponto onde se cruzam as retas
das vendas e dos custos totais.
À esquerda de Q* (ou Qe),
qualquer quantidade vendida não
é suficiente para cobrir a
totalidade dos custos, ou seja, a
empresa obtém prejuízo.
À direita deste ponto, qualquer
quantidade vendida proporciona
um valor de ganhos superior aos
gastos, ou seja, proporciona
lucro, este que será tanto maior
quanto mais afastado estiver do
ponto de equilíbrio.
Margem de Cobertura ou de Contribuição

A Margem de Cobertura ou de Contribuição representa o


excedente do valor de vendas sobre os custos variáveis (MC).

A Margem de Cobertura/Contribuição unitária (MC un) é a


diferença entre o preço de venda unitário e o custo variável
unitário
A margem de contribuição em percentagem (MC %) mostra-
nos a percentagem das vendas que resta, depois da dedução
dos custos variáveis, para a formação dos resultados
(cobrindo a totalidade dos custos fixos e formando o lucro ou,
pelo contrário, não cobrindo a totalidade dos custos fixos
provocando, consequentemente, prejuízo).

Assim, a Margem de Cobertura/Contribuição em percentagem


mostra-nos a relação do preço de venda com os custos
variáveis. Esta percentagem permite determinar qual o efeito
produzido nos resultados de uma alteração do volume de
vendas.
Assim, o ponto de equilíbrio (Q*) também pode ser
calculado por:
Podemos concluir que:
Cada unidade vendida
contribui com uma margem
unitária igual à diferença
entre o preço de venda e o
custo variável;
Estas margens unitárias vão
cobrindo os custos fixos;
Quando se atinge o Q*, a
margem total cobriu os
custos fixos totais;
A partir do Q* todo o
excedente serve para formar
o lucro, pois estão cobertos
todos os custos fixos).
Margem de Segurança

A Margem de Segurança (MS) representa o possível


decréscimo nos ganhos que pode ocorrer antes que se
concretize o valor total de vendas. Ou seja, representa a perda
operacional potencial.

Neste sentido, o conceito de MS serve para a avaliação do


grau de risco. Uma empresa com uma elevada MS é menos
vulnerável a variações na procura, uma vez que o ponto de
equilíbrio está afastado das vendas esperadas e vice-versa.
Margem de Segurança em Quantidade
A Margem de Segurança em Quantidade é a diferença
entre a quantidade de vendas actuais (ou esperadas) e a
quantidade de vendas do ponto de equilíbrio.

Margem de Segurança em Valor


A Margem de Segurança em Valor é a diferença entre o
valor das vendas actuais (ou esperadas) e o valor das vendas
do ponto de equilíbrio.
Margem de Segurança em Percentagem

A Margem de Segurança em Percentagem é a


diferença percentual entre as vendas ou a quantidade de
vendas atuais (ou esperadas) e as vendas ou a quantidade de
vendas do ponto de equilíbrio.

Pode ser determinada em função do valor das vendas


atuais (ou esperadas) ou das vendas do ponto de equilíbrio.
Q Q* V V *
MS  ou MS 
Q V

Q Q* V V *
MS  ou MS 
Q* V*
Margem de Segurança em % - gráfico
Alterações nos elementos da relação

Efeitos de uma Alteração nos Custos Fixos


Pode haver interesse em determinar qual o
acréscimo (ou decréscimo) nas vendas para se conseguir
cobrir um montante adicional de custos fixos (ou uma
diminuição dos custos fixos). Em termos gerais, podemos
concluir que:

Se o custo fixo aumentar, será necessário um maior número de


unidades para os cobrir, o que faz com que:
Se: CF ↑⇒ Q*↑
Se o custo fixo diminuir, será necessário um menor número de
unidades para os cobrir, o que faz com que:
Se: CF ↓ ⇒ Q* ↓
Efeito de uma Alteração nos Preços de Venda
Quando o PVun varia, a margem de cobertura varia
necessariamente no mesmo montante e sentido, se tudo o
resto se mantiver.

Como tal, o contributo de cada produto será maior se o


preço de venda aumentar e, inversamente, menor se o preço
de venda diminuir.

Tal situação alterará, obviamente, a quantidade em equilíbrio.


Efeito de uma Alteração nos Preços de Venda
Se o preço de venda unitário diminuir, a margem de
contribuição unitária diminuirá também, o que faz com que
seja necessário um maior número de unidades vendidas para
se cobrir os custos fixos:
Se: Pvun ↓ ⇒ Mcun ↓ ⇒ Q* ↑
Por outro lado, se o preço de venda unitário aumentar,
provoca um aumento na margem de contribuição, o que faz
com que seja necessário uma quantidade menor de unidades
vendidas para que os custos fixos sejam cobertos:
Se: Pvun ↑ ⇒ Mcun ↑ ⇒ Q* ↓
Efeito de uma Alteração nos Custos Variáveis Unitários
Se estes se alterarem, o que poderá acontecer é que:
Se o custo variável unitário aumentar, faz com que a margem
de contribuição unitária diminua, o que obriga a que seja
necessário vender um número maior de unidades para que
sejam cobertos os custos fixos:
Se: CVun ↑ ⇒ Mcun ↓ ⇒ Q* ↑
Se o custo variável unitário diminuir, faz com que a margem
de contribuição unitária aumente, o que permite que um
número menor de unidades vendidas seja suficiente para
cobrir os custos fixos:
Se: Cvun ↓ ⇒ MCun ↑ ⇒ Q* ↓
Pressupostos a Considerar (curto prazo)

Todos os custos têm que ser classificados em custos fixos ou


variáveis;

O custo variável varia proporcionalmente às variações da


produção, sendo fixo unitariamente;

Os custos fixos permanecem inalterados no período em


análise sendo, deste modo, independentes do nível da
produção o que faz com que sejam variáveis unitariamente;

O preço de venda mantém-se inalterado no período em


análise;
A variação da produção é insignificante, ou seja, a produção é
vendida na totalidade e os produtos em curso de produção
não existem;

O custo pode ser traduzido por uma regressão linear;

Os restantes ganhos, para além das vendas, são


insignificantes.
bibliografia
ALVES, Catarina, Apontamentos de Contabilidade de Gestão
CAIADO, A. (2012). Contabilidade analítica e de gestão. Lisboa: Áreas
Editora.
FRANCO et al. (2012). Temas de contabilidade de gestão, os custos,
os resultados e a informação para a gestão, Lisboa: Livros Horizonte
Editora.
www.iapmei.pt

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