LPIV2012 - Aula de Semântica Formal

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Língua Portuguesa IV – Prof.

Cesar Casella

Breve introdução à Semântica Formal

UnU Goiás – Agosto de 2012


SEMÂNTICA FORMAL

A Semântica Formal, grosso modo, insere-se na perspectiva


que entende a linguagem como cálculo, isto é, pretende que
seja possível analisá-la a partir de um modelo.

A significação passa a ser a verificação das condições de


verdade de um enunciado, preocupação que estava ligada a
Lógica Clássica, mas descolou-se da Filosofia a partir da
virada do século XIX para o XX, com a entrada em cena de
uma certa matematização e um certo cientificismo.
LÍNGUAS NATURAIS = MATEMÁTICA

- As línguas naturais têm uma potencialidade infinita de


formulação de frases, assim como a matemática tem uma
potencialidade infinita de formulação de equações.

- Ambas apresentam 3 aspectos fundamentais:


a). Representação (O fato de que há objetos manipuláveis, em
diversos níveis de análise: palavras, sintagmas, morfemas);
b). Regras;
c). Recursividade das regras.
PRINCÍPIOS GERAIS

- Para a SF, uma sentença sintaticamente bem formada dará


uma sentença semanticamente bem formada.
- Para o estudo das sentenças, prega-se o uso de uma
metalinguagem (uma linguagem lógica, matemática) para a
análise da língua natural, chamada de linguagem objeto.
- A linguagem objeto pode ser qualquer linguagem (de
sinais, pictórica, etc). A metalinguagem, geralmente, é uma
associação da Lógica, da Matemática e de uma língua
natural.
PROBLEMAS DE INVESTIGAÇÃO

São problemas de investigação da área, entre outros:

a). Ambiguidade (lexical, sintática, semântica);


b). Indexicalidade ('eu', 'nós', 'ontem', 'depois', 'isto',
'aquele');
c). Vagueza ('alto', 'longe', 'amarelo').
ACARRETAMENTO OU CONSEQUÊNCIA

Observe-se as frases:

(01) João foi a festa e Maria foi a festa.


(02) João foi a festa ou Maria foi a festa.

Se (01) é verdadeira acarreta que A = {João foi a festa} é


verdade e B = {Maria foi a festa} é verdade.
Se (02) é verdadeira não acarreta que A é verdade e B é
verdade.

Na notação:

AeB=1 A ou B = 1
A = 1, B = 1 A = ?, B = ?
ACARRETAMENTO OU CONSEQUÊNCIA

Observe-se as frases: LÍNGUA NATURAL

(01) João foi a festa e Maria foi a festa.


(02) João foi a festa ou Maria foi a festa.

Se (01) é verdadeira acarreta que A = {João foi a festa} é


verdade e B = {Maria foi a festa} é verdade.
Se (02) é verdadeira não acarreta que A é verdade e B é
verdade.

Na notação: METALINGUAGEM

AeB=1 A ou B = 1
A = 1, B = 1 A = ?, B = ?
TAUTOLOGIA

A tautologia é uma sentença sempre verdadeira, como em:

(03) João está vivo ou morto.

CONTRADIÇÃO

A contradição é uma sentença sempre falsa, como em:

(04) João está vivo e morto.


PRESSUPOSIÇÃO

Observe-se os exemplos:

(05) É João que vai pagar a conta.


(06) Não é João que vai pagar a conta.
(07) É João que vai pagar a conta?
(08) É João que vai pagar a conta, então tudo bem.

Qual é a pressuposição por trás de todas estas sentenças?

Para descobri-la, usa-se a família pressuposicional:

A Neg A A? A então C
B B B B
PRESSUPOSIÇÃO

Observe-se os exemplos:

(05) É João que vai pagar a conta.


(06) Não é João que vai pagar a conta.
(07) É João que vai pagar a conta?
(08) É João que vai pagar a conta, então tudo bem.

Qual é a pressuposição por trás de todas estas sentenças?

Para descobri-la, usa-se a família pressuposicional:

A Neg A A? A então C
B B B B

A pressuposição é a mesma, B: alguém vai pagar a conta.


FUNÇÃO DE VERDADE

Um dos mais tradicionais tipos de metalinguagem é a função


de verdade, cuja notação mais usual é:

[[S]] ͭ = 1 sse p

Em que: (S) é a sentença, ( ͭ ) é o tempo, (1) é verdadeiro, 'p'


significa as condições de verdade. Assim, a leitura da função é
que a sentença é verdadeira se, e somente se, a condição de
verdade for preenchida. Um exemplo, com a linguagem objeto
em língua natural diferente da língua natural usada na
metalinguagem, para melhor contraste:

[[ the grass is green ]] ͭ = 1 sse a grama é verde


TEORIA DOS CONJUNTOS

Um modelo bastante utilizado é a teoria dos conjuntos, ou seja,


uma linguagem matemática serve de metalinguagem.
Relembremos alguns conceitos básicos desta teoria:

A
A B
x
A  B = Intersecção x  A = Pertencimento
= Cardinalidade

A B B A,B
A
A  B = União

A  B = Contingência
APLICAÇÃO

Observe-se algumas utilizações da teoria de conjuntos aplicada


como modelo:

(09) João fuma.

A função de (09) seria:

[[ João fuma ]]ͭ = 1 sse João fuma

Mas, na teoria de conjuntos, a condição de verdade seria expressa


por j  F, isto é, o indivíduo j (João) pertence ao grupo F (dos
fumantes). Assim, teríamos:

[[ João fuma ]]ͭ = 1 sse j  F


APLICAÇÃO

Com este modelo, captura-se as sentenças de sujeito + verbos


intransitivos:

(10) João nada. j  N (N é o conjunto dos nadadores)


(11) João anda. j  A (A é o conjunto dos que andam)
(12) João canta. j  C (C é o conjunto dos cantores)
(13) João espirra. jE (E é o conjunto dos que espirram)

Ou, nos termos da função e com outra sentença:

[[ Paloma brinca ]]ͭ = 1 sse p  B


É possível capturar também os verbos transitivos, com um
acréscimo na notação da metalinguagem: o sinal < > irá
significar que os elementos estão dispostos na ordem
apresentada. Veja-se os exemplos:

(14) Josefa ama Marcos. <j,m>  A (A é o conjunto dos que amam)

Cuja leitura é Josefa e Marcos, nesta ordem (portanto Josefa é


quem ama), pertencem ao conjunto dos que amam. Assim:

(15) Josefa odeia Marcos. <j,m>  O


(16) Marta vê Lívia. <m,l>  V
(17) Marta cortou a grama. <m,g>  C

Também os verbos bi-transitivos são capturados pelo modelo.


Observe-se:

(18) Igor deu a bola para Pablo. <i,b,p>  D


ABSTRAÇÃO

Agora, pode-se observar os três tipos de captura feitos a


partir dos três tipos de sentenças apresentados, buscando
uma abstração, ou seja, uma fórmula única que dê conta
destas três ordens de sentenças.

jF
<j,m>  O
<i,b,p>  D
ABSTRAÇÃO

Percebe-se que os elementos recorrentes são o


pertencimento e o conjunto, presentes nas três formulações.
Quanto aos indivíduos, pode-se ver que quando há mais de
um indivíduo, a ordem em que estes aparecem na
formulação importa. Assim, abstraindo-se paulatinamente,
pode-se chegar na fórmula:

xX
<x,y>  X
<x,y,z>  X
<x....>  X

Esta última é a regra unificada, lida da seguinte maneira: um


ou mais indivíduos, na ordem em que aparecem, pertencem
ao conjunto.
A teoria também consegue capturar sentenças com verbo de
ligação. Observe-se:

(19) João corre. j C


(20) João é aluno. jA

Para verificarmos que (20) tem a mesma análise lógica que


(19), apesar da superfície ser diferente por conta do verbo de
ligação, basta transformar (19) em uma superfície parecida
com (20):

(21) João é corredor. j  C

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