Poema À Mãe

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Escola Secundária de Sampaio

“POEMA À MÃE”
Eugénio de Andrade

Trabalho realizado por:


Íris Almeida 12ºF
Nuno Reis
EUGÉNIO DE ANDRADE
 Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas.
 Nasceu a 19 de fevereiro de 1923 no fundão e morreu a 13 de
junho de 2005 no porto.
 Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado
de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936.
 A sua consagração acontece em 1948, com a publicação de As
mãos e os frutos, que mereceu os aplausos de críticos como
Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. A obra poética de Eugénio
de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José
Saramago como uma poesia do corpo a que chega mediante uma
depuração contínua.
 Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio
da Associação Internacional de Críticos Literários (1986),
Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988), Grande
Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989)
e Prémio Camões (2001).
 Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na
poesia, Os amantes sem dinheiro (1950), As palavras
interditas (1951), Escrita da Terra (1974), Matéria
Solar (1980), Rente ao dizer (1992), Ofício da
paciência (1994), O sal da língua (1995) e Os lugares do
lume (1998).
TITULO E TEMA DO POEMA
O titulo do poema leva-nos a supor que seja
dedicado à sua mãe.

O tema do poema aborda o amor materno e a


relação entre o sujeito poético e a sua mãe,
retrata aquilo que juntos passaram e as
recordações de ambos que guardam na sua
memória.
ASSUNTO
 O assunto do poema está muito ligado à figura materna e ao
crescimento do eu poético , que consigo trás a necessidade de se
distanciar da sua mãe protetora para viver a sua vida com
autonomia.
 Em resultado do passar do tempo, o poeta sente que traiu a mãe, ao
deixar de ser a criança que ele protegia, mas apesar disso, realça
que não esqueceu a sua mãe e guarda no seu coração todas as
recordações de tempos da sua infância.
 Em suma, o poeta quer transmitir que apesar de estar mais velho, e
de já não ser o menino que a mãe envolvia nos seus braços, não
deixará de amar aquela que será sempre a sua mãe.
ESTRUTURA INTERNA
 Poema é constituído por 13 estrofes;
 Não tendo todas o mesmo numero de versos;
 Apesar disso predominam os tercetos (estrofes de três versos),
tendo também um monóstico (um verso), dois dísticos(dois
versos), uma quadra(quatro versos) e uma quintilha (cinco versos).
 Neste poema não existe rima, sendo então uma composição
poética de versos soltos.
 No que diz respeito á medida do poema, o numero de silabas
métricas não é constante ao longo dos versos.
DIVISÃO EM PARTES E ANALISE DAS
MESMAS
No mais fundo de ti,  1ª estrofe- o sujeito poético pensa que
eu sei que traí, mãe
desiludiu a mãe com os seus atos.

Tudo porque já não sou  2ª estrofe- Já não é dependente, tem a


o retrato adormecido sua autonomia e liberdade.
no fundo dos teus olhos

Tudo porque tu ignoras  3ª e 4ª estrofe- A mãe não compreende


que há leitos onde o frio não se demora que a maternidade é uma bênção, dessa
e noites rumorosas de águas matinais. forma não o deixa ser autónomo e
viver a sua vida, não por mal, mas
Por isso, ás vezes, as palavras que te digo
porque quer proteger demasiado o seu
São duras, mãe,
filho.
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
 5ª estrofe- Afastou-se da mãe(sendo que as rosas

no retrato da moldura brancas são para a mãe um símbolo muito


especial)
Se soubesses como ainda amo as rosas ,  6ªestrofe- O sujeito poético revela que se a mãe
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
soubesse que ele ainda a ama, talvez ela não
ficasse tao triste e sofresse tanto.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,  7ª estrofe- Já não é uma criança, fisicamente
que todo o meu corpo cresceu, mudou, mas o amor pela sua mãe continua a ser
e até o meu coração
muito forte
ficou enorme, mãe!
Olha-queres ouvir-me ?  8ª estrofe- Insiste na atenção da mãe para
ás vezes ainda sou o menino o ouvir, e apercebe-se que a fidelidade
que adormeceu nos teus olhos; entre ambos continua, apesar do sujeito
poético já não ser uma criança.
ainda perto contra o coração
 9ªestrofe- As rosas são associadas a mãe
rosas tão brancas
para demonstrar o amor que sente por
como as que tens na moldura;
ela.

ainda oiço a tua voz:


Era uma vez uma princesa  10ª estrofe- recorda a sua infância, com
no meio de um laranjal… recordações de historias que a mãe lhe
contava.
 11ªestrofe- O sujeito cresceu deixando
Mas- tu sabes- a noite é enorme,
de ser criança (a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu.
significa que a vida é longa) chorou no
Eu saí da moldura, inicio mas já passou.
dei às aves os meus olhos a beber,

 12ªestrofe- Dentro do seu coração leva


Não me esqueci de nada, mãe.
todas as recordações , mas deixa as
Guardo a tua voz dentro de mim.
rosas brancas como forma de expressar
E deixo-te as rosas.
o seu amor.

Boa noite. Eu vou com as aves.


 13ªestrofe- Deseja que a mãe seja feliz
e diz de forma mais atenuada que se vai
distanciar e vai viver a sua vida.
FIGURAS DE ESTILO E O SEU EFEITO
EXPRESSIVO

 O sujeito poético utiliza um discurso meigo e justificativo, na


medida em que pretende mostrar á mãe que não a vai abandonar.
 Utiliza uma linguagem simples e de fácil compreensão, apesar
de conter muitas figuras de estilo tais como:
 Persoficação no verso “O retrato adormecido/No fundo dos teus
olhos”- em que o poeta pretende dizer que já não é o menino que
estava nas fotografias.
 Eufemismo no último verso “Boa noite. Eu vou com as aves”,
com esta expressão o poeta diz de forma mais branda, que vai
crescer e que se vai distanciar um pouco.
 Antítese no verso: “e noites rumorosas de águas
matinais”- pois são expressas ideias antagónicas
(contrárias) no mesmo verso.
 É frequente também o uso da palavra “noite” em
substituição de “vida”, por exemplo “Mas-tu sabes- a
noite é enorme,/e todo o meu corpo cresceu”, ou no
verso “eu sai da moldura” quer dizer que cresceu. Usa-
se então uma perífrase.
CONTRAPOSTO
Vigília das Mães (Cecília Meireles)
Nossos filhos viajam pelos caminhos da vida,
pelas águas salgadas de muito longe,
pelas florestas que escondem os dias,
pelo céu, pelas cidades, por dentro do mundo escuro
de seus próprios silêncios.

Nossos filhos não mandam mensagens de onde se encontram.


Este vento que passa pode dar-lhes a morte.
A vaga pode levá-los para o reino do oceano.
Podem estar caindo em pedaços, como estrelas.
Podem estar sendo despedaçados em amor e lágrima.

Nossos filhos têm outro idioma, outros olhos, outra alma.


Não sabem ainda os caminhos de voltar, somente os de ir.
Eles vão para seus horizontes, sem memória ou saudade,
não querem prisão, atraso, adeuses:
deixam-se apenas gostar, apressados e inquietos.

Nossos filhos passaram por nós, mas não são nossos,


querem ir sozinhos, e não sabemos por onde andam.
Não sabemos quando morrem, quando riem,
são pássaros sem residência nem família
à superfície da vida.

Nós estamos aqui, nesta vigília inexplicável,


esperando o que não vem, o rosto que já não conhecemos.
Nossos filhos estão onde não vemos nem sabemos.
Nós somos as doloridas do mal que talvez não sofram,
mas suas alegrias não chegam nunca à solidão de que vivemos,
seu único presente, abundante e sem fim.

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