A Economia Brasileira em Marcha Forçada
A Economia Brasileira em Marcha Forçada
A Economia Brasileira em Marcha Forçada
A sabedoria convencional e suas alternativas 1974: dficit em transaes correntes, sobretudo na balana comercial, em razo do crescimento explosivo das importaes. Aumento dos gastos com matrias-primas e petrleo.
Viso convencional
Estratgia brasileira: recusou o ajustamento, optou pelo crescimento com endividamento. Opo desde meados dos anos 1960. Viso de autores crticos a estratgia do governo, de que ele entendia que o choque do petrleo seria transitrio. Resultado: por no ter feito o ajustamento em 1974/78, nos anos 1980 o pas teve que pagar o preo de um ajuste tardio. cigarras e formigas: Brasil fez festa enquanto mundo estava em crise.
Era necessrio:
Combater a vulnerabilidade = auto-abastecimento e novas vantagens comparativas. mm razo da vulnerabilidade, que a crise mundial revelou, que se justifica o II PND. A crise mundial tornou o II PND imperioso e inadivel. O mercado, deixado por si s, no resolveria os problemas estruturais do Brasil. Discurso do governo: O Brasil se empenhar em cobrir a rea de fronteira entre o subdesenvolvimento e o desenvolvimento. Ao: Estado.
Estratgia de longo prazo: maturao dos investimentos em uma dcada. So setores pesados de rentabilidade direta baixa e de prazo de maturao longo. Necessidade de incentivos governamentais ao setor privado. Proposta ousada: setores estratgicos demandariam mais consumo de energia (soluo no longo prazo, mas agravamento no curto prazo).
Modificar a estrutura produtiva que era desbalanceada e vulnervel em meio a crise mundial. Setor alavancador do crescimento, desde JK, era BCD. Faltava na estrutura industrial finalizar BK e insumos bsicos. Indstrias, como a automobilstica, deixariam de receber incentivos do governo. Lgica era incentivar produo de bens intermedirios.
Empenho do governo em obter capitais privados: recursos PIS PASEP sob controle do BNDES = financiamento de setores prioritrios + empresas estatais (sustentculo do programa: Eletrobrs, Petrobras, Sedebrs e Embratel; tambm suas encomendas incentivavam a produo do setor privado).
Tese de Castro:
O Brasil no adiou o seu problema (ajustamento), mas o atacou pela raiz. Buscou uma soluo duradoura, e no transitria para a crise do petrleo. Portanto, Castro critica outros autores que afirmam: estava implcita na estratgia o carter transitrio do choque do petrleo. Se o choque fosse transitrio, no haveria necessidade do II PND. Optou-se pela transformao: da economia e do seu relacionamento com o exterior. A resposta brasileira no pode ser reduzida a qualquer das alternativas convencionais.
II PND sustentaria a conjuntura expansiva do perodo do milagre. Absoro do surto anterior de investimentos, recminiciados, em concluso, a meio caminho. Se a safra do milagre de investimentos sofresse uma baixa, detonaria uma movimento de reverso conjuntural desastroso. Efeito multiplicador negativo. Comprometido o estado de animo dos capitalistas (animal spirit), sendo impossvel sua adeso ao II PND. Aproveitou-se a safra de 74 para impulsionar o II PND.
Tambm, o governo exagerou a expectativa de crescimento econmico para os anos posteriores a 74, exatamente para estimular o investimento privado.
2) Estatizao da economia.
O II PND estaria se estendendo a setores que pertenciam ao setor privado: siderrgico, fertilizantes, explorao mineral, celulose, petroqumica, industria de base, comercializao de certos produtos agrcolas, reas creditcia e financeira. Jornais da poca: onda estatizante; os caminhos estatizao; economia brasileira uma economia socialista. Paradoxo do movimento revolucionrio de 64: a estatizao da economia estaria sendo processada por governo convictamente privatistas.
2) Estatizao da economia.
Porm, o avano da ao reguladora do Estado = polticas de estmulo e orientao das decises privadas e o aumento de empresas pblicas era algo inerente ao objetivo maior de desenvolver o pas em meio crise e responder ao estrangulamento externo atravs da reestruturao produtiva.
3) Carlos Lessa.
O II PND faz da crise do petrleo a justificativa para a proclamao serena e no traumtica do projeto potncia nascido no interior do aparelho do Estado. O plano teria como objetivo ttico o equilbrio das contas externas. A partir de 76 letra morta, continuou s no discurso. O II PND no morreu em 76. Permitiu sustentar uma elevada taxa de crescimento at o final da dcada de 1970. Transformou a estrutura produtiva, mas fracassou a estratgia social e no teve apoio da sociedade. Seria necessrio realizar polticas redistributivas enquanto o bolo crescia.
Vicissitudes do II Delfinato
1979: 2 choque do petrleo consequentemente, elevao da taxa de juros internacional, queda demanda por produtos primrios exportados, recesso pases industrializados, colapso sistema internacional de crdito privado. Resultado: queda da capacidade de importar, mas II PND ainda no completo.
Segundo Castro, poderia ter sido feito um ajuste: abreviar o II PND. A situao era diferente de 1974: velocidade da economia inferior; safra do milagre digeridos; safra do II PND em maturao; no se pretendia uma nova onda de investimentos
Realizao de megasupervits comerciais em 1983-84. Para Castro: ganho de divisas foi decorrente dos grandes programas setoriais iniciados em 74, que deram resultado uma dcada depois. Foram dlares poupados por substituio de importaes.
Portanto, o destaque do ajustamento no foi a recesso interna, mas a substituio de importaes. O mrito no se deve a poltica de Delfin Netto. Castro: a substituio de importaes se fez de uma vez por todas. ? Exemplo: em 1984 Mxico teve crescimento de 2,5 e suas importaes subiram 30p.p. Brasil teve crescimento de 4,5, mais expressivo, com reduo das importaes em 7p.p.
Crtica a Maria da Conceio Tavares falso problema da substituio de importaes. Somente teria ocorrido no Plano de Metas de JK, sendo falso a ocorrncia na dcada de 1980. Tavares: importaes aumentam no auge expansivo, e se reduzem na recesso. Coeficiente de importaes no fim do ciclo igual ao do inicio. Somente na dcada de 1950 ocorreu uma baixa tendencial.
Ultimo ciclo industrial 1967/80. Para Tavares no h substituio de importaes. Coeficientes iguais. Castro rebate: 1967 o ltimo ano de crise, 1980 o ltimo ano de crescimento. No comparvel! Comparao deve ser entre 1967 e 1983. coeficiente cai pela metade, comparvel a dcada de 1950, que caiu pela metade.
Economia em mutao
Pases em desenvolvimento tardio = industrializao = mutaes: implantao de grandes setores ou blocos de atividades que alteram o funcionamento da economia. O significado das mutaes, das estratgias, no pode ser definido ex ante. Os projetos sempre so considerados inadequados, no atendem a interesses imediatos. Projetos: reaes adaptativas e criativas capazes de promover assimilao da mudana ocorrida, originando uma nova realidade.
Brasil: experincia de industrializao. Volta Redonda provou tal mutao. Industria automobilstica = introduziu nova mutao. Estratgia de 74: tornou a estrutura industrial completa. Antes: 1955-73. foram privilegiados setores de consumo para classe mdia e alta, processo tecnologicamente passivo. Acelerao do crescimento no milagre mostrou tais limitaes. Ps-1974: sob marcha forada o processo chegou as indstrias capital-intensivas e tecnolgico-intensivas. Garantiram crescimento elevado.
Sndrome da Belindia: crescimento e concentrao, no pode mais ser atribuda a lgica perversa da economia. O parque industrial brasileiro negao do receiturio neoliberal. Deficincias superadas, no com liberalizao, mas com interferncia governamental direta no processo de industrializao. O parque manufatureiro aqui existente no mais cabe sequer como caso limite dentro do permetro do subdesenvolvimento.