Enfermagem na Comunidade

Conceitos
Conceito
 Comunidade – grupo de indivíduos visto
como uma unidade social ou um todo
coletivo composto de membros pela
partilha geográfica, de condições ou
interesses comuns. É vista como algo
para além dos indivíduos e da sua relação
de proximidade geográfica, partilha de
condições, ou interesses comuns, que
constituem as partes do grupo. (CIPE, versão 1.0)
Conceito
 Saúde Comunitária – Refere-se ao estado
de saúde de uma comunidade, como
grupo definido de pessoas e suas
atividades e condições (públicas e
privadas), para promover, proteger e
preservar a sua saúde. (Mackenzie, Pinger e Kotecti, 2002)
 É a taxa relativa de saúde de uma
comunidade, quanto aos níveis relativos
de saúde e de doença. (CIPE, versão 1.0)
 Cuidados de Saúde Primários
CSP – " Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde
baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem
fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal
de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação
e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase
de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação.
Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual
constituem a função central e o foco principal, quanto do
desenvolvimento social e económico global da comunidade.
Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da
comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de
saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde
pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um
continuado processo de assistência à saúde."
( OMS - Declaração de Alma Ata - 1978)
Cuidados de Saúde Primários
CSP – Prestação de cuidados de Saúde, básicos e
essenciais. Têm por base métodos e técnicas
práticas, adequadas socialmente e postas ao
alcance de todos os indivíduos, famílias e
comunidades.
 São a base dos Sistema de Saúde.
 Permitem a assistência de saúde, nos locais
onde a população vive e trabalha.
 Visam proteger, manter e melhorar a saúde do
individuo, família e comunidade.
Evolução dos CSP em Portugal

4 Fases
Cuidados de Saúde Primários em Portugal
1ª Fase
1946 - "O primeiro grande passo para a organização dos
cuidados de saúde primários - Decreto - Lei nº 35 311, de 25
de Abril de 1946. Constituiu a Federação das Caixas de
Previdência que coincide com o início de um sistema de
segurança social: os designados "Serviços das Caixas" (que se
destinavam apenas aos trabalhadores por conta de outrem,
como meio de protecção na doença, invalidez ou
desemprego.
1958 – Surge o Ministério da Saúde e da Assistência Decreto-Lei
n.º 41825, de 13 de agosto, com a finalidade de diminuir a
falta de equidade social.
1971 - Lei Orgânica do Ministério da Saúde e Assistência
Decreto-Lei 413/71 -, que estabelece os fundamentos para o
Serviço Nacional de Saúde e reconhece o direito à saúde para
toda a população. Foi criada uma rede dos primeiros centros
de saúde.
 Cuidados de Saúde Primários em Portugal
De 1971 até ao período revolucionário de 1974-1975 os Centros de
Saúde foram associados ao que se entendia por Saúde Pública
(vacinação, vigilância de saúde da grávida e da criança, saúde
escolar e ambiental, actividades de autoridade sanitária, incluindo as
relacionadas com o ambiente, cartões de sanidade e foram
estabelecidas as carreiras do pessoal de saúde) incluindo atividades
como a vacinação, a vigilância de saúde da mulher, da grávida e da
criança, bem como a saúde escolar e ambiental. Deu-se pela mesma
altura a promulgação do Decreto-Lei 414/71, que estabeleceu as
carreiras profissionais do pessoal de saúde.

 Uma prática de saúde comunitária com actuação programada por valências

ou programas.

 Uma prática de cuidados imediatos, de resposta à procura expressa dos

doentes, traduzida em elevado número de consultas, visitas domiciliárias e
tratamentos de enfermagem, sem planeamento por objectivos de saúde e
sem preocupações explícitas de natureza qualitativa.
Cuidados de Saúde Primários em Portugal

2ª Fase
1975 a 1982 – Serviço Médico à periferia
A grande acessibilidade a consultas e a visitas domiciliárias oferecida pelos
Serviços Médico-Sociais;
A programação com objectivos de saúde e procedimentos
preventivos e de vigilância de saúde que caracterizavam as actividades
dos centros de saúde, com sucessos objectivados em diversas áreas,
nomeadamente na área
materno-infantil.
1979 - Lei nº 56/79, de 15 de setembro - Criação do SNS que defendia a
universalidade, globalidade e gratuitidade. Tinha como linhas principais
o direito à proteção da saúde e o dever da sua defesa e proteção
 Cuidados de Saúde Primários em Portugal
3 ª Fase
1983 - Despacho Normativo n.º 97/83, de 22 de abril - Aprova
o Regulamento dos Centros de Saúde, como unidades
integradas de saúde, com autonomia administrativa e
financeira, sobre a alçada das Administrações Regionais de
Saúde.
 Permitiu melhorar os cuidados de saúde e a otimização dos
recursos. Mas não melhorou a acessibilidade e
progressivamente tornou-se incapaz de responder às
expectativas e carências dos utentes. -
 Permitiu criar novos modelos de trabalho em grupo e em
equipas.
 Cuidados de Saúde Primários em Portugal
3 ª Fase
2003 –Decreto Lei nº 60/2003 de 1 de abril,
cria a Rede dos CSP revogando a legislação
dos centros de saúde de terceira geração.
Os cuidados de saúde deveriam continuar a
ser tendencialmente gratuitos, abrangentes
e continuados, e com uma ligação
permanente com os cuidados de saúde
secundários e terciários mas sem grande
inovação até 2005.
 Cuidados de Saúde Primários em Portugal

 2005 - A Resolução do Conselho de Ministros n.º 157/2005

determina a criação de uma estrutura de Missão para a
reforma dos cuidados de saúde primários.
 A reforma de 2005 dos CSP abriu lugar a um processo de
crescimento, maturação e inovação no funcionamento dos
cuidados de saúde, no sentido da flexibilização organizativa
e de gestão, da desburocratização, do trabalho em equipa,
da autonomia, da responsabilização, da melhoria contínua da
qualidade, da contratualização e da sustentabilidade, tendo
como principal motor a criação dos ACES.
Cuidados de Saúde Primários em Portugal

4 ª Fase

2008 - Criação dos Agrupamentos de Centros de Saúde –

ACES.
 Cuidados de Saúde Primários em Portugal

4 ª Fase
2008 - Criação dos Agrupamentos de Centros de Saúde – ACES.

Podem agrupar vários Centros de Saúde

Os Centros de Saúde de «terceira geração» organizam a estrutura

assistencial em “Unidades funcionais de prestação de cuidados de
saúde” com missões complementares. Com orientação para os utentes e
para a comunidade.

 Unidade de Saúde Familiar - (USF)

 Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados – (UCSP)
 Unidade de Cuidados na Comunidade – (UCC)
 Unidade de Saúde Pública – (USP)
 Unidade de recursos assistenciais partilhados - (URAP)
 DR 1ªsérie nº28 de 22 de Fevereiro de 2008
Unidades Funcionais de Prestação de
Cuidados

Unidades de Saúde Familiar (USF)

 São unidades com autonomia funcional
e técnica, que contratualizam objetivos
de acessibilidade, adequação,
efetividade, eficiência e qualidade, e
que garantem aos cidadãos inscritos
uma carteira básica de serviços visando
aperfeiçoar a prestação de cuidados de
medicina e enfermagem.
 Unidades Funcionais de Prestação de
Cuidados

Unidades de Cuidados Comunitários

(UCC)
 Presta cuidados de saúde, apoio
psicológico e social no âmbito
domiciliário e comunitário, especialmente
aos mais vulneráveis, em situação de
dependência fisica e funcional ou doença
que requeira acompanhamento próximo.
 Unidades Funcionais de Prestação de
Cuidados

Unidades de Cuidados Comunitários (UCC)

 Atua ainda na Educação para a Saúde,
na integração em redes de apoio à familia
e na implementação de unidades móveis
de intervenção.
 Participa na Rede de Cuidados
Continuados através da Equipa de
Cuidados Continuados Integrados (ECCI).
Unidades Funcionais de Prestação de
Cuidados

 Unidades de Saúde Pública (USP)

Funciona como observatório de
saúde da área geodemográfica
do ACES, competindo elaborar
informação e planos de saúde
pública, vigilância epidemiológica
e programas de intervenção ao
nível da prevenção da doença e
promoção da saúde.
Unidades Funcionais de Prestação de
Cuidados

Unidade de Cuidados de Saúde

Personalizados (UCSP)
Visa prestar cuidados
personalizados , garantindo a
acessibilidade, continuidade e
globalidade dos mesmos.
Unidades Funcionais de Prestação de
Cuidados

Unidade de recursos assistenciais

partilhados (URAP)
Integra profissionais de várias
áreas e presta serviços de
consultoria e assistenciais às outras
unidades funcionais
Enfermagem em CSP
Prática continuada e global, dirigida a todos os indivíduos ao
longo do seu ciclo de vida, organizando respostas adequadas, de
forma personalizada, de qualidade e em proximidade, focalizadas
na promoção da saúde, na gestão do risco, na prevenção da
doença e de acidentes e nos cuidados de (re) adaptação e de
suporte.

 Centrada na comunidade (indivíduos, família e comunidade em

geral)
 Promoção da capacitação e autonomia dos indivíduos
 Respeito pelas tomadas de decisão de acordo com as suas
capacidades
 Enfermagem em CSP
 Deve atuar numa abordagem sistémica e sistemática, aos
diferentes níveis de prevenção em saúde e em
complementaridade funcional com outros profissionais,
visando a concretização do potencial máximo de saúde da
população alvo.
 Promoção da responsabilidade social para com a saúde
 Incremento dos investimentos para aumentar a saúde
 Consolidar e expandir as parcerias em prol da saúde
 Empowerment/Capacitação da comunidade/individuo
 Assegurar infraestruturas para a promoção da saúde e prevenção da
doença
Papel do Enfermeiro na
Comunidade
 Promoção da saúde - Educação para a saúde
 Educação sobre os principais problemas de
saúde/doença
 Prevenção e proteção especifica de doenças
 Gestão da Medicação
 Reforço de capacidades
Papel do Enfermeiro na
Comunidade
 O trabalho na comunidade baseia-se na assistência a famílias,
grupos e coletividades, mediante a implementação de
programas/projetos de saúde, cujos objetivos fundamentais
devem ser:
 A promoção da saúde
 A prevenção da doença
 Promoção da autonomia na gestão do processo saúde/doença

 Os referidos programas/projetos, centrados na assistência ao

indivíduo em função da sua etapa do ciclo vital, dos principais
grupos populacionais, são concretizados no seio das famílias,
escolas, coletividades, grupos, instituições e comunidade em geral.
Papel do Enfermeiro na
Comunidade
 Os enfermeiros fomentam a responsabilidade individual
do utente pela sua própria saúde, o auto-cuidado, o
conhecimento e utilização dos recursos em matéria de
saúde e empowerment/capacitação.
 Cuidam, num profissionalismo que não se manifesta
apenas através dos atos práticos, mas também através da
capacidade de ir ao encontro da população, para que
possam auferir de uma saúde melhor.
Papel do Enfermeiro na
Comunidade
 Promover e proteger a saúde de cada cidadão e da
comunidade não depende exclusivamente do trabalho dos
profissionais de saúde, mas, também, de muitos outros
factores, tais como: estilos de vida, factores políticos,
sociais, económicos, culturais, demográficos, geográficos,
biológicos e psicológicos.
 Neste contexto, a saúde está implícita em todos os
aspectos da vida humana e é o resultado do equilíbrio
entre o indivíduo e o seu meio.
Papel do Enfermeiro na
Comunidade
 O enfermeiro desenvolve diversas
actividades.
 Consultas de enfermagem
 Visitação domiciliária
 Prestação de cuidados
 Educação para a saúde individual ou dirigida
a grupos da comunidade
Papel do Enfermeiro em Cuidados de Saúde
Primários – Nas USF, UCC, USP

A Ordem dos Enfermeiros considera

essencial para o sucesso da reforma dos
CSP, para além da resposta das USF, a
articulação e integração das Unidade de
Cuidados da Comunidade, da Unidade
Operativa de Saúde Pública, de Cuidados
Continuados ou outras na Estrutura do
Centro de Saúde.
Enfermagem na Unidade de Saúde Familiar

A Ordem dos Enfermeiros reconhece a importância da participação

plena dos enfermeiros na USF e considera que esta deve
desenvolver-se num quadro onde esteja consagrado:
 Uma Carteira de Serviços Global das USF, que inclua a carteira
de Cuidados e Serviços de Enfermagem;
 O trabalho em equipa, assumido como importância para o
sucesso ;
 A referenciação dos beneficiários dos cuidados de enfermagem,
para o desenvolvimento de cuidados em contínuo, pela
exclusiva responsabilidade dos enfermeiros da USF;
 A promoção do trabalho do Enfermeiro de Família;
 A intervenção dos enfermeiros na gestão e coordenação de
serviços e cuidados;
 Um modelo remuneratório que seja aplicado à totalidade dos
profissionais envolvidos. (Ordem dos enfermeiros, 2007)
Enfermagem na Unidade de Cuidados na
Comunidade

 A Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) é a forma

organizativa por excelência da resposta às pessoas e
famílias no domicílio em cuidados de enfermagem e de
apoio psicossocial.

 A atividade da Unidade de Cuidados na Comunidade

integrando-se no conjunto ou conjuntos de Centros de
Saúde, tem uma organização de base geográfica, familiar
e domiciliária e reúne recursos especializados e/ou
diferenciados, escassos, o que lhe permite ser uma
unidade de referência de outras unidades e de pessoas e
famílias não cobertas pela USF.
(Ordem dos Enfermeiros, 2007)
Enfermagem na Unidade de Saúde Pública

 A Ordem dos Enfermeiros considera que a Unidade

Operativa de Saúde Pública (UOSP) é a unidade de
excelência na organização e desenvolvimento de
actividades da protecção e promoção da saúde da
comunidade, com especial enfoque no meio ambiente. As
escolas, os locais de trabalho, as áreas comunitárias
criticas, os grupos populacionais vulneráveis e os
problemas de saúde de grande relevância social são ainda
áreas de intervenção para UOSP.
Enfermagem na Unidade de Cuidados Continuados

 A Unidade de Cuidados Continuados (UCCont.), no

entendimento da Ordem dos Enfermeiros, deve promover
a sua atividade em complementaridade à USF e à UCC, e
por referenciação dos doentes/pessoas pelos enfermeiros
da USF ou da UCC. (Ordem dos enfermeiros,
2007)
 Papel do Enfermeiro na
Comunidade
O papel do enfermeiro junto da população é o de
capacitar e ajudar a viver de forma saudável.

 Assume o papel de agente essencial da promoção

da saúde e qualidade de vida da comunidade.
 Realiza atividades para promover o equilíbrio tendo
em conta as caracteristicas do individuo ou do
grupo.
 Enfermagem : a arte do cuidar
Muitas vezes a sociedade desvaloriza a Enfermagem.. mas o que é ser
Enfermeiro?
Para mim, a enfermagem é manter a vida, diminuir o sofrimento dos outros…
São todos os momentos passados nos Domicílios dos Idosos a olhar para as
condições deploráveis em que vivem e mesmo assim dar-lhes esperança…
São todas as horas passadas a dialogar com o doente, para tentar perceber os
seus problemas, e tentar ajudar…
São todos os minutos que passei a voltar a explicar à pessoa que tem um tumor,
por isso agora irá ter uma colostomia.. .
Todos os minutos em que tentei com todos os esforços arranjar maneira de
melhorar a qualidade de vida dos doentes.. .
Todos os esforços que fiz com aqueles familiares, e que mesmo assim, rejeitam o
idoso em fase terminal…
Todos os instantes, que passei, e tentar reprimir o vómito, enquanto fazia aquele
penso…
É sofrer, quando um doente não resiste à doença.. ou quando nos morre nos
braços, sem podermos fazer nada…
É sorrir quando temos nos braços aquele bebé acabado de nascer…
É aceitar um grande abraço daquele doente de quem todos fogem, por ter uma
doença mental…
É .. Estar atento. ..ajudar … e … Cuidar
(anónimo)