Do Homicídio

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DO HOMICÍDIO

(ART. 121 E SEUS §§ DO CP)

PROF. MARCOS TÚLIO


Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém; Pena - reclusão, de seis a vinte anos;
Caso de diminuição de pena:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado: § 2° Se o homicídio é cometido:


I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal
, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos


IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade;
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título
tiver autoridade sobre ela.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (
Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a
pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
parto;
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou
de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente
da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
previstas nos incisos I, II e
CLASSIFICAÇÃO
1. Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito
ativo, quanto ao sujeito passivo. Qualquer um pode ser
“quem mata” (autor) ou “quem morre” (vítima);

2. Crime simples – aqueles composto por um único


núcleo do tipo. Nesse caso é “MATAR”, bastando isso para
a incursão (subsunção) do autor do fato ao dispositivo do
121 do CP.

3. De forma livre – mata-se por qualquer meio possível


e imaniginável. Por asfixia, à faca, por disparo de arma de
4 - de dano – causa um evidente prejuízo à vítima (vida)

5 – material – aquele que exige um resultado


naturalístico;

6 - instantâneo de efeitos permanentes;

7 - não transeunte – que deixa sempre vestígio;

8 – monossubjetivo – aquele crime que pode ser


praticado por uma ou mais pessoas (diz respeito à autoria
e concurso de pessoas);
9 – plurissubsistente – pode ser praticado com a prática
de um ou mais atos para sua consumação (diz respeito à
necessidade ou não de um ou mais atos); podendo
figurar, também, a hipótese de crime de ímpeto (como no
caso da violenta emoção, logo em seguida à injusta
provocação da vítima).

10 – crime hediondo, todos do § 2° do art. 121 do CP,


bem como aqueles praticados em grupos de extermínio,
nos termos do art 1º, I, da Lei n. 8.072/90.
HEDIONDEZ DO HOMICÍDIO PRATICADO EM
GRUPOS DE EXTERMÍNIO
Homicídio praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que só por um agente, sempre será hediondo
(art. 1º, I, da Lei n. 8.072/90).

O homicídio cometido em atividade típica de grupo de


extermínio nunca será simples, nunca se enquadrará no art.
121, caput, do CP.
Motivo:
Mesmo ausente qualquer qualificadora, o fato se enquadrará no
art. 121, § 6º, in fine, que contém uma causa específica de
aumento de pena relativa ao homicídio “praticado por grupo de
extermínio”; o fato será, portanto, homicídio majorado!!!
AINDA ...

OUTRA: comportamentos cometidos em semelhante


contexto atraem, de regra, a presença de qualificadoras
(como o motivo torpe, o recurso que dificulta ou
impossibilita a defesa das vítimas etc.).

Os delitos hediondos se submetem a um


conjunto de regras penais e processuais penais
severas, previstas na Constituição Federal (art. 5º, XLIII),
no Código Penal, na Lei de Execução Penal e na Lei dos
Crimes Hediondos
OBJETO MATERIAL E BEM JURÍDICO
TUTELADO
O Objeto material do delito é a pessoa contra a
qual recai a conduta praticada pelo agente.

O Bem juridicamente protegido é a vida e, num


sentido mais amplo, a pessoa, haja vista que o delito de
homicídio encontra-se inserido no capítulo correspondente
aos crimes contra a vida, no Título I do Código Penal, que
prevê os crimes contra a pessoa.
É UM CRIME CONTRA A VIDA
Eis o rol dos crimes contra a vida previstos no Código Penal:
Homicídio (art. 121);
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (art.
122);
Infanticídio (art. 123);
Aborto (artigos 124 a 128).

OBS: Devemos ainda destacar que, dos quatro crimes acima mencionados,
apenas homicídio apresenta as formas dolosa e culposa. Os demais
somente são praticados com dolo (direto ou eventual). No caso do homicídio
culposo, a competência para julgar é do juízo singular.

Importa ressaltar a competência constitucional do Tribunal do Júri para julgar os


crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados (art. 5º, inciso XXXVIII,
ATENÇÃO!!!
A vida não é um bem de caráter absoluto. Há pena de
morte (art. 5°, XLVII, ‘a’ da CF – crime de guerra); legítima defesa,
estado de necessidade, etc.

O direito à vida é formal e materialmente constitucional (art.


5º, caput, CF/88). Porém, é relativo, podendo sofrer restrições, visto
que nenhum direito ou garantia individual possui caráter absoluto.

Alguns exemplos de mitigação ao direito à vida previstos no


ordenamento são a pena de morte em período de guerra declarada
(5º, inciso XLVII, CF/88), a excludente de ilicitude da legítima defesa
(art. 23, inciso II do CP), as hipóteses de aborto legal ou permitido
(art. 128 do CP), dentre outros.
OS LIMITES DA PROTEÇÃO LEGAL
Inicia-se com o nascimento da pessoa “COM VIDA” e vai até
a morte da pessoa. Pouco interessa se viveu somente por um
segundo, um minuto, um dia. Provou-se que teve sida (respirou –
docimasias respiratória) deve ser protegido.
O homicídio é conceituado como a eliminação da vida
humana extrauterina. Se a supressão da vida for intrauterina,
haverá aborto. Iniciado o trabalho de parto, a hipótese será de
homicídio ou infanticídio, a depender do caso.
Considera-se iniciado o trabalho de parto com a dilatação do
colo do útero e as contrações expulsórias, nos partos naturais, e
com a incisão no abdômen feita pelo médico, nos casos de parto
cirúrgico (cesariana).
HOMICÍDIO DOLOSO/CULPOSO
No caso de dolo, o agente atua imbuído do denominado animus
necandi (intenção de matar). Admite-se o dolo eventual (animus
accidendi) quando o agente não quer o resultado morte, mas assume o
risco de produzi-lo.
O homicídio doloso se encontra no caput do art. 121 do CP e em
todas as figuras qualificadas do § 2° do art. 121 do CP.

Já no caso de culpa (art. 121, § 3° do CP) , aplica-se o que dispõe o


art. 18, II do CP que poderá ser por conta de imprudência, negligência e
imperícia.

OBS: É necessário avaliar todo o conjunto de atos e


circunstâncias com o fim de se extrair exatamente a intenção do
CONSUMAÇÃO
Só se consuma com a produção do resultado (crime material), isto é,
com a morte da vítima.

QUANDO SE DÁ A MORTE DO SER HUMANO?


A definição do fim da vida humana encontra-se, no direito
brasileiro no art. 3º da Lei n. 9.434/97 (cuida do transplante de órgãos).
Trata-se de autorização, mediante certas condições, a retirada de
órgãos post mortem, para efeito de doá-los a outras pessoas.

A extração do órgão somente pode se dar depois de constatado


diagnóstico médico de morte encefálica. Nesse momento, a retirada do
órgão será post mortem. Daí se vê que a morte dá-se com a
irreparável lesão ao funcionamento do cérebro!
TENTATIVA
Perfeitamente admitida por se tratar de um crime crime
plurissubsistente (ou seja, pode ser praticado por meio de
vários atos). Há a figura do iter criminis (caminho do crime)
ASSIM:
... quando o agente dá início à execução do homicídio, mas a
morte não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade,
estamos diante da tentativa! (art. 14, II do CP), com pena do crime
tentado, reduzida da do consumado, de um a dois terços.

ÓBVIO: Quanto mais próximo da consumação, menor


deverá ser a diminuição da sanção.
HOMICÍDIO POR EMBRIAGUZ AO
A VOLANTE
discussão foi pacificada com a alteração no CTB (LEI
N° 13.546/2017), com o acréscimo do §3°, do art. 302 que
prevê ser CULPOSA A CONDUTA com agravamento na
aplicação da pena:
“§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob
a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência:
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e
suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
HOMICÍDIO SIMPLES
É aquele por exclusão por não ser privilegiado (art. 121,§ 1°) nem
qualificado (art. 121,§ 2°).
O verbo “MATAR” aqui tem o significado de tirar a vida; alguém, a seu
turno, diz respeito ao ser vivo, nascido de mulher. Somente o ser
humano vivo pode ser vítima do delito de homicídio.
Logo temos:
I – o núcleo do tipo penal (matar);
II – o sujeito ativo – é quem mata;
III o sujeito passivo – é quem morre por ato de quem mata (vítima)
IV – o objeto jurídico tutelado (protegido) – a vida
OBS: No homicídio simples existe o dolo, o agente tem a
intenção de matar. Entretanto, não há elementos que qualificam
ATENÇÃO QUANTO AO HOMICÍDIO
SIMPLES
Constitui homicídio simples o ato de matar alguém, tendo o agente o
desejo de produzir a morte ou assumido o risco de fazê-lo. O alcance
deste tipo penal determina-se por exclusão, isto é, constitui
homicídio simples aquele que não é privilegiado (art. 121, § 1º) ou
qualificado (art. 121, § 2º).
Logo:
Já foi decidido que o ciúme, sem outras circunstâncias, não caracteriza
motivo torpe (STJ, AgRg no AREsp 569047/PR, Rel. Min. Ericson Maranho,
julgado em 28/04/2015).
Assim, ainda que seja um sentimento doloroso para quem sofre
com o ciúme, nem sempre sua simples constatação será
repugnante a ponto de qualificar ou agravar o delito, devendo ser
analisado cada caso concreto.
Trata-se, em suma, de um relevante entendimento para a defesa,
AUSÊNCIA DE MOTIVO X MOTIVO
FÚTIL
CUIDADO!!! Não significa que a inexistência de motivo
caracterize a conduta do agente na qualificadora do art. 121, § 2°,
II do CP (motivo fútil).
Este é aquele motivo que deve ser entendido como aquele de
somenos importância, de diminuto valor, insignificante. Por
exemplo: matar um funcionário da Prefeitura porque lavrou multa
de trânsito.

STJ: “... não admite que a ausência de motivo seja


considerada motivo fútil, sob pena de se realizar indevida
analogia em prejuízo do acusado. Precedente."(...). (STJ - HC:
369163 SC 2016/0226949-8, Relator: Ministro JOEL ILAN
AINDA SOBRE O TEMA
“... Uma pessoa somente é capaz de cometer um delito sem
qualquer fundamento se não for normal, merecendo, nesse caso,
uma avaliação psicológica, com possível inimputabilidade ou
semiimputabilidade”.(NUCCI, Guilherme Souza. CódigoPenal
Comentado. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense2015. p. 481).

Ou seja, em que pese grandes doutrinadores que acreditam


que há crime sem motivos, ousamos discordar, posto que todo
crime é dado um motivo, o que ocorre, em verdade, é a não
comprovação do motivo.
DAÍ, CONCLUI-SE QUE ...
Constitui homicídio simples o ato de matar
alguém, tendo o agente o desejo de produzir a
morte ou assumido o risco de fazê-lo.

O alcance deste tipo penal determina-se


por exclusão, isto é, constitui homicídio
simples aquele que não é privilegiado (art.
121, § 1º) ou qualificado (art. 121, § 2º)
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (§ 1°, ART.
121) por motivos nobres de:
Consubstancia-se no ato de praticar homicídio
1. de relevante valor moral;
2. de relevante valor social;
3. sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Pode ser em homicídio simples ou qualificado (homicídio privilegiado híbrido)

Sua Natureza jurídica é UMA CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA!!!

Para que pudesse, efetivamente, usufruir o status de privilegiado, as penas


mínima e máxima previstas no mencionado parágrafo deveriam ser menores do que
as do caput.

Como isso não acontece, existe ali, tão somente, uma minorante, ou seja, uma
causa de redução de pena, tal como informa a sua rubrica, cujos elementos serão
vistos em tópico próprio.
REQUISITOS DO HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
1. Relevante valor moral: entende-se aquele que diz respeito
aos interesses pessoais do agente e merece apoio da moralidade
média das pessoas. EX: pai que mata o agente que estuprou sua
filha. O ato não é lícito, obviamente, mas sem dúvida faz jus a
uma redução de pena.

OBS: A Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal


exemplifica como homicídio cometido por motivo de relevante
valor moral a EUTANÁSIA (ou homicídio piedoso – ver item 9.2.2,
infra). Hungria o definia como o praticado “para abreviar
piedosamente o irremediável sofrimento da vítima, e a pedido ou
com o consentimento desta” (Comentários ao Código Penal, 1957)
2. Relevante valor social: é o motivo nobre ligado a questões de
interesse coletivo. Ex: como matar alguém que tenha traído a pátria.

Exige-se que esses motivos sejam RELEVANTES, que devem ser


importantes, dignos de monta, segundo critérios objetivos (isto é, de
acordo com o senso comum).
Deve-se recordar que referidas circunstâncias encontram-se também
arroladas no art. 65, III, a, do Código, na condição de atenuantes
genéricas. Evidente que não terão aplicação ao crime de homicídio, já que,
quanto a este, reduzem a pena (critério da especialidade).

ATENÇÃO:
A diferença entre causa de diminuição (que atua na terceira e última
fase da dosimetria da pena e pode levar à imposição da sanção abaixo do
mínimo legal) e atenuante (presente na ‐ segunda fase da dosimetria, quando
é impossível levar a uma pena abaixo do piso legal).
DA EUTANÁSIA
Considera-se eutanásia, “boa morte”, ou homicídio piedoso,
aquele praticado por uma pessoa que antecipa a morte de um
enfermo em estado terminal, procurando assim evitar que este
continue padecendo de intenso sofrimento físico ou psíquico.

OBS: constitui fato penalmente típico (homicídio


privilegiado)

Tipos de eutanásia:
1. Ativa (direta ou indireta);
2. Passiva ou ortotanásia.
EUTANÁSIA ATIVA DIRETA: dá-se com a deflagração de um
processo causal que conduz à morte do paciente. Isto é, embora o
paciente tenha sido “desenganado” pelos médicos, por não
encontrarem suficiente tratamento curativo, não havia se
iniciado processo causal algum que conduziria à morte. Ex:
introdução de injeção letal em pessoa que se encontra em estado
de coma irreversível.

EUTANÁSIA ATIVA INDIRETA: dá-se quando se ministram


ao moribundo drogas para aliviar insuportável dor que, ao serem
introduzidas no organismo, abreviam de modo não considerável a
vida. Nesses casos, a morte não é desejada, embora previsível.
EUTANÁSIA PASSIVA OU ORTOTANÁSIA: dá-se com a
interrupção do tratamento médico, de modo que não se evite a
consecução de um processo causal mórbido já iniciado em razão
de alguma doença. Ex: desligar os aparelhos de um paciente
terminal.

EUTANÁSIA ATIVA DIRETA (injeção letal) caracteriza fato


penalmente típico, antijurídico e provido de culpabilidade. Cuida-
se da situação característica de homicídio piedoso, enquadrada no
art. 121, § 1º, do CP.
POR FIM, SOBRE A EUTANÁSIA
A eutanásia passiva ou ortotanásia, conforme já se expôs,
caracterizase por um ato omissivo, consistente em recusar-se a
prolongar a vida próxima do fim, por meio da recusa do paciente a
um tratamento médico ou cirurgia.

A questão tem relevância sob a ótica da omissão


imprópria, isto é, muito embora o profissional não dê ensejo
a um processo letal (pois este já se encontra em curso em razão
da doença), ele deixa de impedir o óbito, descumprindo seu
dever jurídico (CP, art. 13, § 2º).
VIOLENTA EMOÇÃO
Trata-se da viva animação dos sentimentos humanos ou a “forte
perturbação da afetividade” (Hungria).

Semelhante estado está comumente ligado a alterações somáticas ou


orgânicas, como uma aceleração do ritmo cardíaco, aumento da irrigação
cerebral, tremores, sudorese etc. COMO UM VULCÃO EM ERUPÇÃO!!!

A emoção difere da paixão, que representa um estado constante, ao


passo que a emoção é sempre transitória.

É preciso que o agente seja completamente tomado pela


emoção, comprometendo seu juízo crítico, reduzindo sua vis electiva ou seu
autocontrole. Daí falar-se em domínio de violenta emoção.
QUE OBNUBILE O SENSO CRÍTICO DO
É preciso que o agenteAGENTE
seja completamente tomado pela emoção,
comprometendo seu juízo crítico, reduzindo sua vis electiva ou seu
autocontrole. Daí falar-se em domínio de violenta emoção.

Faz-se necessário, ademais, que seja ela oriunda de um ato injusto da


vítima, dirigido contra o próprio agente ou contra terceiro (pai, filho etc.).

É preciso, repita-se, que referida provocação obnubile o senso crítico do


agente, pois quem é injustamente açulado mas reage a sangue-frio não
comete o homicídio emocional
PRIVILÉGIO DO ART 121, § 1° x ATENUANTE
GENÉRIA DO ART. 65, III, ‘C, PARTE FINAL
A ação do agente precisa ser repentina, de impulso, no ato,
que se contraponha a uma injusta provocação que caracterize a
aplicação do art. 121, §1° do CP. Precisa caracteriza o
“domínio de violenta emoção”
Diferente do art. 65, III, ‘c’, parte final, do CP que se trata de
uma atenuante genérica que fala: “... sob influência de
violenta emoção”.

Domínio = abrupto, inesperado, sem premeditação, sem


controle, quase insano;
Influência = pensado, refletido, não instantâneo, etc
PERDÃO JUDICIAL NO HOMICÍDIO
CULPOSO
O instituto do perdão judicial é aplicável ao homicídio culposo, conforme
dispõe o art. 121, § 5º: “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente
de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”.
Trata-se de incidência prática do princípio da infração bagatelar
imprópria. Tem-se um fato típico, ilícito e culpável. Porém, a punibilidade é
afastada, pois o Estado entende desnecessária a aplicação de pena àquele
indivíduo que praticou o fato criminoso, já que as consequências do crime
exercem a função retributiva da pena.
O perdão judicial é causa de extinção da punibilidade, previsto no
rol do art. 107, inciso IX, do CP. Importante lembrar, ainda, da Súmula 18 do
STJ:“A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.” Não há
condenação, nem absolvição. O magistrado limita-se a declarar a
extinção da punibilidade.
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo
em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.

Esse “pode reduzir a pena” tem significado de “DEVE”,


ou seja, não é uma faculdade do Juiz, mas, um direito subjetivo do
Réu. Isso se o acusado preencher os requisitos previstos em lei e o
Conselho de Sentença (tribunal do júri) reconhecer a causa de
diminuição de pena.
Ex: autor de homicídio que mata o estuprador da filha; atirador
finlandês que mata seu oponente alemão na 2ª Guerra mundial,
estando esse em estado categórico de rendição. O oponente é
Hitler; Homicídio eutanásico, etc.
SUJEITO ATIVO E PASSIVO
Sujeito ativo do homicídio pode ser qualquer pessoa, haja vista tratar-se de um delito
comum, uma vez que o tipo penal não delimita sua prática por determinado grupo de pessoas
que possua alguma qualidade especial.

Sujeito passivo da mesma forma, também pode ser qualquer pessoa, em face da
ausência de qualquer especificidade constante do tipo penal. É, portanto, o ser vivo,
nascido de mulher.

O importante é que o matar alguém seja entendido como a morte de uma


pessoa, produzida por outra pessoa afastando-se, portanto, por absurdo e atípico, o
folclore que se escuta no meio forense de casos em que já houve denúncia por
homicídio em face de alguém que provocou a morte de uma vaca, um cachorro etc.

Também somente haverá homicídio se, ao tempo da ação ou da omissão, a


vítima se encontrava com vida, pois, caso contrário, estaremos diante da hipótese de
crime impossível, em razão da absoluta impropriedade do objeto.
GÊMEOS XIFÓPAGOS OU SIAMESES
COMO SUJEITOS ATIVOS:

Ambos são autores do delito: de comum


acordo, resolverem matar alguém, serão
condenados pelo delito de homicídio, se não houver
qualquer causa que exclua a ilicitude ou afaste a
culpabilidade, devendo, portanto, se for o caso,
cumprir as penas a eles aplicadas;
1) Como os irmãos siameses possuem, cada qual, sua
personalidade distinta da do outro, no momento de fixação da
pena, levando em consideração, principalmente, o art. 59 do
Código Penal, podem receber, ao final do cálculo relativo ao
critério trifásico previsto pelo art. 68 do Código Penal, penas
diferentes, sendo um deles, por exemplo, punido mais
severamente e do que o outro (no entanto, prejudica o outro
com pena menor)

2) Homicídio praticado por um dos xifópagos, sem que tenha


havido o acordo de vontade do outro, ou seja, sem que se possa
falar em concurso de pessoas. Nesse caso, como professa Bento
de Faria, “a decisão deve ser proferida em favor da liberdade,”
razão pela qual o irmão siamês que não desejava o resultado
morte não poderá ser punido, reflexamente, em virtude do
COMO SUJEITOS PASSIVOS DO CRIME DE HOMICÍDIO
1) Se o agente queria a morte de ambos, a questão é relativamente simples,
devendo responder por dois crimes de homicídio, em concurso formal
impróprio, uma vez que, por exemplo, ao atirar contra os xifópagos, agia com
desígnios autônomos, almejando a morte de ambos, devendo, outrossim, de
acordo com a parte final do art. 70 do Código Penal, ser aplicadas
cumulativamente as penas.

2) Conduta contra um dos irmãos siameses. Se o resultado com relação a


ambos seria certo, mesmo que o agente quisesse a morte somente de um
deles, atuaria com dolo direto de primeiro grau com relação à vítima cuja
morte queria causar, e dolo direto de segundo grau com relação ao siamês,
cujo resultado não pretendia inicialmente, mas que, em razão da situação,
seria certo de acontecer, visto que são inseparáveis. Se, por um milagre, o
irmão siamês sobreviver, agora sim, inevitavelmente, deverá responder pelo
homicídio consumado, em concurso com a tentativa de homicídio, uma vez
que, tratandose de dolo eventual, não admitimos tal possibilidade.
DA TENTATIVA CONTRA GÊMEOS XIFÓPAGOS
OU SIAMESES

Será tão somente admitida a tentativa nas


hipóteses de dolo direto, sendo ele de primeiro ou
segundo grau, não se admitindo tal possibilidade
quando o dolo for eventual!

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