Formação socioeconômica da Amazônia
Formação socioeconômica da Amazônia
Formação socioeconômica da Amazônia
SOCIOECONÔMIC
A DA AMAZÔNIA.
Edna Maria
Ramos
INTRODUÇÃO
• O autor busca, no texto, discutir a história social da Amazônia, focando em
aspectos que muitas vezes foram negligenciados ou ignorados nas narrativas
coloniais tradicionais. A partir da introdução, é possível perceber que o autor
pretende explorar as dinâmicas sociais, econômicas e culturais da região,
com ênfase nas formas de resistência e na afirmação identitária das
populações indígenas e afro-brasileiras que habitavam a Amazônia, e que
resistiram à colonização e à escravidão.
• O autor também parece querer reinterpretar a história da Amazônia, que foi
comumente contada sob a ótica dos colonizadores portugueses, bandeirantes e
outras potências europeias, e mostrar como as culturas indígenas e afro-
brasileiras resistiram às práticas de dominação e exploração. Ele propõe,
assim, uma abordagem mais sociológica e social da história da região,
destacando os aspectos sociais e as lutas das populações locais, que muitas
vezes foram vistas de maneira inferior na narrativa colonial. Em resumo, o
texto buscará dar visibilidade a essas populações e suas experiências de
resistência ao longo da história da Amazônia.
POVOS ORIGINAIS E EXPANSÃO DA
FRONTEIRA COLONIAL (1616-1750)
O texto aborda a resistência indígena e a evolução da economia colonial na
região amazônica, destacando os principais eventos, estruturas e práticas
que marcaram esse período, especialmente entre 1616 e 1750.
1.Resistência Indígena à Colonização Portuguesa:
1. O início da colonização portuguesa, com a fundação de Belém em 1616, e a construção
do Forte do Presépio em 1619, geraram intensas confrontações com os povos
indígenas. Tribos como os Tupinambá, Munduruku e Aruã resistiram ativamente aos
colonizadores, mantendo suas culturas e formas de organização social e econômica.
2. Apesar de alguns momentos de aliança, como a integração de indígenas nas missões
religiosas, a resistência continuou forte, com a catequese da Igreja Católica sendo
uma estratégia de dominação, mas não suficiente para apagar as culturas indígenas.
3. Mesmo no contexto de revoltas, como a Cabanagem, a resistência indígena se
manteve viva. No presente, as populações indígenas ainda lutam pela preservação de
suas terras e culturas, e novos estudos arqueológicos têm revelado o conhecimento
profundo dos povos indígenas sobre os ecossistemas amazônicos.
POVOS ORIGINAIS E EXPANSÃO DA
FRONTEIRA COLONIAL (1616-1750)
• Economia Colonial e Exploração Extrativa:
• A economia da Província do Grão-Pará e Maranhão era baseada em
atividades extrativas, como a coleta de produtos naturais (salsaparilha,
canela, cacau, castanha-do-pará, madeira) e uma agricultura incipiente.
Belém, como principal cidade da região, se tornou o centro dessas
atividades.
• Durante os séculos 16 e 17 , o Tocantins se tornou um importante centro
de produção extrativa, com a Coroa Portuguesa incentivando a
exploração de recursos naturais, criando rotas comerciais, como a via do
Tocantins, para facilitar o comércio entre as áreas coloniais. A produção
de cacau e café, além da exploração de madeira, foram fundamentais
para a economia local e as trocas com Portugal.
POVOS ORIGINAIS E EXPANSÃO DA
FRONTEIRA COLONIAL (1616-1750)
• O Sistema de Sesmarias e a Ocupação de Terras:
• A partir do século 18 , o governo português começou a conceder
sesmarias (terras públicas) a colonos e comerciantes para organizar e
controlar a ocupação do território. Esse sistema visava consolidar o
poder da Coroa sobre a região e a exploração de recursos naturais, como
ouro e madeira, além de controlar a fuga de escravizados.
• O regime de sesmarias durou até 1822, sendo substituído pela Lei de
Terras em 1850, que introduziu um modelo baseado no mercado de
compra e venda de terras. Essa transição refletia uma mudança nas
relações sociais e econômicas, marcando o fim do sistema escravista e o
início do regime salarial, mas mantendo a desigualdade no acesso à
terra.
POVOS ORIGINAIS E EXPANSÃO DA
FRONTEIRA COLONIAL (1616-1750)
• Trabalho, Escravidão e Mobilidade:
• A produção agroextrativa, com destaque para o cultivo de cana-de-
açúcar, cacau, café e algodão, não foi suficiente para resolver os
problemas econômicos e sociais da região. A mão de obra indígena e,
posteriormente, africana escravizada, foi utilizada para trabalhar nas
plantações e outras atividades econômicas.
• O sistema de sesmarias ajudou a consolidar o latifúndio e a
desigualdade de acesso à terra, intensificando a exploração das
populações indígenas e africanas. A mobilidade da mão de obra era
limitada, com a captura de indígenas e a importação de africanos para
atender às necessidades de trabalho nas plantações.
ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO
POMBALINO NO PARÁ (1750-1850)
• O texto aborda as transformações econômicas e sociais no Pará, especialmente no período
entre 1750 e 1850, marcando a atuação do Marquês de Pombal e os impactos na
organização da produção colonial, na escravidão e na resistência das populações negras e
indígenas. A seguir, os principais pontos do texto e sua relação com o pensamento
geográfico.
• Transformações Econômicas e Políticas:
• Durante a administração do Marquês de Pombal, o Grão-Pará e Maranhão passaram por
transformações econômicas com o objetivo de reorganizar a produção colonial, aumentar a
eficiência do trabalho e expandir as fronteiras coloniais. Pombal implementou intervenções
estratégicas para intensificar a navegação e o tráfico de escravizados africanos, além de
reduzir a influência dos jesuítas.
• A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão foi fundamental para essa reorganização,
promovendo o cultivo de produtos exportáveis como cacau, cana-de-açúcar e arroz. A
exportação de cacau cresceu significativamente entre 1773 e 1782, impulsionada pela
adoção de novas práticas agrícolas e o uso de mão de obra escravizada africana. O cacau,
especialmente, se destacou como um produto-chave na economia regional, sendo
exportado para a Europa.
ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO
POMBALINO NO PARÁ (1750-1850)
• A Mobilização Política e Movimentos de Independência:
• Durante esse período, o Pará vivenciou um aumento da mobilização
política, com tensões entre as elites coloniais e o crescente movimento
de ideias liberais. A adesão à Revolução do Porto e o surgimento de
movimentos favoráveis à independência do Brasil se refletem na
criação de jornais políticos, como a Gazeta do Pará, que promoviam
discussões sobre a liberdade e as disputas ideológicas. A cidade de
Belém experimentou um clima tenso de engajamento político,
sinalizando uma crescente oposição ao domínio colonial português.
ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO
POMBALINO NO PARÁ (1750-1850)
• A Escravidão no Pará:
• O tráfico de escravizados africanos foi intensificado pela Companhia do
Grão-Pará e Maranhão, com o Pará recebendo um grande número de
negros, que desempenhavam papéis fundamentais nas plantações de
cacau, cana-de-açúcar e outras atividades econômicas. A pesquisa mostra
que a chegada de negros ao Pará teve um impacto significativo na
organização da economia colonial, principalmente nas plantações e
engenhos.
• As rotas do tráfico de escravos, incluindo o comércio clandestino
envolvendo o Maranhão e o Pará, são destacadas, especialmente em
cidades como Bragança, que se tornaram pontos de fuga para escravos. A
cidade teve um papel importante no movimento de escravos fugidos e na
formação de quilombos, que eram centros de resistência à escravidão.
ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO
POMBALINO NO PARÁ (1750-1850)
• A Formação e Resistência nos Quilombos:
• O texto destaca a presença e o papel dos quilombos na resistência à
escravidão na Província do Grão-Pará e áreas adjacentes. Os quilombos
surgiram em regiões como Belém, Marajó, Bragança e ao longo dos rios
Gurupi, Guamá, Tocantins e Médio Amazonas. Esses locais eram centros de
fuga de escravizados e resistências populares contra o sistema colonial.
• Os documentos cartoriais revelam a interação entre senhores de escravos,
governo colonial e milícias, que tentavam capturar escravos fugitivos. A fuga
para os quilombos representava uma ameaça à organização da produção
colonial, que dependia do trabalho escravizado. A luta pela liberdade foi
impulsionada pela decadência das estruturas econômicas no início do
século 19, como a crise no cultivo de açúcar e o abandono de plantações, o
que contribuiu para o fortalecimento das revoltas e dos quilombos.
ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO
POMBALINO NO PARÁ (1750-1850)
• A Influência dos Quilombos na História Social e Racial:
• O movimento de fugas e revoltas nos quilombos é um reflexo das
tensões sociais da época, com destaque para a proximidade da
Cabanagem, uma revolta popular no Pará. Os quilombos se
espalharam por várias regiões da província, como o Vale do Tocantins,
Baixo Amazonas e Amapá, e foram formados principalmente por
escravos fugitivos.
• Em cidades como Bragança, a presença de elites locais, incluindo
senhores de escravos e a Igreja Católica, exerceu forte controle sobre a
população composta por negros e índios. Contudo, a resistência dos
quilombos continuou a crescer, influenciando as lutas sociais e raciais
que perduraram até os tempos contemporâneos.
ECONOMIA E POLÍTICA NA
CABANAGEM
• A Cabanagem foi um importante movimento de resistência social e
política ocorrido entre 1831 e 1840 na Província do Grão-Pará,
caracterizando-se por uma revolta popular contra a opressão colonial, o
sistema escravocrata e a exploração econômica da região.
• Contexto da Cabanagem
• O movimento da Cabanagem surgiu em um cenário de insatisfação
crescente entre diferentes camadas sociais da Província do Grão-Pará,
como pequenos comerciantes, escravizados, indígenas, negros
libertos e algumas elites locais descontentes com o domínio das
elites portuguesas.
• A exploração colonial e a opressão do sistema escravocrata eram
fatores centrais que alimentaram a revolta. A economia local, baseada
no comércio de produtos como açúcar e cacau, estava concentrada
nas mãos das elites coloniais, gerando desigualdade e frustração entre
ECONOMIA E POLÍTICA NA
CABANAGEM
• Características e Expansão da Cabanagem:
• A Cabanagem se destacou pela sua capilaridade, abrangendo diversas
regiões do Pará e envolvendo um grande número de pessoas de
diferentes origens sociais. Pequenos comerciantes, trabalhadores rurais
e camadas populares se uniram contra as elites dominantes e o sistema
colonial.
• O movimento também teve um forte componente de luta por
liberdade, com influências das ideias da Revolução Francesa e das
lutas contra o colonialismo europeu.
• Durante a revolta, os cabanos chegaram a assumir o poder político,
colocando três presidentes em cargos de governo. No entanto,
enfrentaram grandes resistências das forças conservadoras, o que levou
a confrontos violentos e, eventualmente, à desarticulação do
movimento.
ECONOMIA E POLÍTICA NA
CABANAGEM
• Características e Expansão da Cabanagem:
• A Cabanagem se destacou pela sua capilaridade, abrangendo diversas regiões do
Pará e envolvendo um grande número de pessoas de diferentes origens sociais.
Pequenos comerciantes, trabalhadores rurais e camadas populares se uniram contra as
elites dominantes e o sistema colonial.
• O movimento também teve um forte componente de luta por liberdade, com
influências das ideias da Revolução Francesa e das lutas contra o colonialismo
europeu.
• Durante a revolta, os cabanos chegaram a assumir o poder político, colocando três
presidentes em cargos de governo. No entanto, enfrentaram grandes resistências das
forças conservadoras, o que levou a confrontos violentos e, eventualmente, à
desarticulação do movimento.
• Apesar de uma forte repressão, a Cabanagem resistiu por mais de uma década,
com o apoio das forças populares, mas também com tensões internas.
• O movimento só foi finalmente derrotado em 1840, com a prisão de líderes
importantes, como Eduardo Angelim, e a ajuda das forças externas.
BORRACHA, CASTANHA E OUTROS GÉNEROS
(1850-1920)
• O texto apresenta o contexto socioeconômico da Província do Pará entre
os séculos XIX e XX, destacando as principais atividades econômicas que
impulsionaram o desenvolvimento da região. A seguir, estão os pontos-
chave do texto, juntamente com a análise da relação com o pensamento
geográfico.
• 1. Contexto Econômico e a Estagnação Inicial:
• Na segunda metade do século XIX, a economia da Província do Pará,
embora ainda dependente de produtos como cacau, arroz, café e
algodão, enfrentava um período de estagnação.
• A Cabanagem, revolta popular que ocorreu entre 1831 e 1840, afetou
severamente a economia açucareira da região, resultando no abandono
de muitos engenhos e no declínio de algumas atividades econômicas,
como o cultivo de cana-de-açúcar.
BORRACHA, CASTANHA E OUTROS GÉNEROS
(1850-1920)
• 2. Ascensão da Borracha:
A borracha se tornou o principal produto de exportação da Amazônia no final do
século XIX, superando o cacau. A produção de borracha foi um marco econômico
para a região, com os indígenas já conhecendo e extraindo o produto para seus
próprios usos antes da chegada do comércio externo. A demanda internacional,
especialmente dos Estados Unidos e Europa, levou à expansão da extração de
borracha na Amazônia, especialmente em áreas como o Alto Solimões e o Acre.
• 3. Impacto Socioeconômico e Mão de Obra:
Para suprir a escassez de mão de obra nas regiões de extração, houve a migração
de trabalhadores livres e escravizados, além da vinda de migrantes de outras
partes do Brasil e do exterior, como portugueses, italianos, sírios e japoneses.
Este fenômeno acelerou o povoamento e urbanização da Amazônia,
especialmente ao longo dos rios e em centros urbanos como Belém e Manaus,
que se tornaram pontos centrais de comércio e exportação da borracha.
BORRACHA, CASTANHA E OUTROS GÉNEROS
(1850-1920)
• 4. Exploração da Castanha:
A castanha-do-Pará também se consolidou como um produto de
destaque na economia regional, sendo controlada pelas oligarquias
locais, especialmente nas regiões do Tocantins.
A exploração extrativa de borracha e castanha ajudou na formação de
uma rede urbana incipiente, ainda que inicial, mas em crescimento.
• 5. Formação das Elites Locais e a Economia Extrativa:
A economia extrativa da borracha e da castanha contribuiu para a
constituição das elites locais, que dominaram a produção e o comércio
dessas matérias-primas.
As elites se concentraram nas áreas urbanas e nos centros comerciais,
influenciando diretamente a organização socioeconômica da região.
BORRACHA, CASTANHA E OUTROS GÉNEROS
(1850-1920)
• 6. Relação Campo-Cidade e Povoamento da Amazônia:
A urbanização lenta da região foi impulsionada pelas atividades
extrativas. No entanto, foi a partir da década de 1960 que a urbanização
se intensificou, com a população da Amazônia tornando-se
predominantemente urbana nas décadas seguintes.
O movimento de povoamento e a organização do espaço na Amazônia
estavam intimamente ligados ao ciclo da borracha, e as estruturas
urbanas começaram a emergir nas áreas de produção, refletindo a
adaptação do espaço ao ciclo econômico dominante.
A S G RA N D E S M U D A N Ç A S D A E C O N O M I A PA RA E N S E A PA RT I R D O S A N O S 1 9 6 0