Maria de Antioquia
Maria de Antioquia | |
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Imperatriz-consorte bizantina | |
Maria e seu marido, imperador Manuel I Comneno. Iluminura do século XII. | |
Reinado | 1161 — 1180 |
Consorte | Manuel I Comneno |
Antecessor(a) | Berta de Sulzbach |
Sucessor(a) | Inês de França |
Nascimento | 1145 |
Antioquia | |
Morte | 1182 (37 anos) |
Constantinopla | |
Nome completo | Maria Xena |
Dinastia | Casa de Châtillon |
Pai | Raimundo de Poitiers |
Mãe | Constança de Antioquia |
Título(s) | Princesa de Antioquia |
Filho(s) | Aleixo II Comneno |
Maria de Antioquia foi uma imperatriz-consorte bizantina, esposa do imperador Manuel I Comneno (r. 1143–1180). Ela era filha de Constança de Antioquia e seu primeiro marido, Raimundo de Poitiers. Seu único filho foi Aleixo II Comneno, que sucedeu ao pai, em 1180, e morreu três anos depois, aos 14 anos. Ela foi regente do filho, de 1180 até 1182.
História
[editar | editar código-fonte]Em 1160, o padrasto de Maria, o segundo marido de Constância, Reinaldo de Châtillon, foi aprisionado por Majaldine, o emir de Alepo e aliado de Noradine. A mãe dele reivindicou para si o Principado de Antioquia, mas os nobres apoiaram o irmão de Maria, Boemundo. O rei Balduíno III de Jerusalém nomeou-o príncipe Boemundo III de Antioquia e indicou, como regente, o rico e mundano Aimery de Limoges, patriarca latino de Antioquia, um antigo adversário de Reinaldo. Constância protestou da decisão, em Constantinopla, na corte do imperador bizantino Manuel I Comneno, o senhor nominal de Antioquia.
No final de 1159, a esposa de Manuel, Irene (chamada originalmente Berta de Sulzbach), havia morrido e ele queria se casar com uma princesa de um dos estados cruzados. João Contostefano, o principal dragomano (intérprete), Teofilato, e o acóluto da Guarda Varegue Basílio Camatero foram enviados à Jerusalém para tentar encontrar uma princesa disponível e duas candidatas apareceram: Maria de Antioquia e Melisende de Trípoli, uma filha do conde Raimundo II de Trípoli com Hodierna de Jerusalém. Ambas eram conhecidas por sua beleza, mas, de acordo com João Cinamo, Maria era a mais bonita: alta e loira, claramente mostrava a sua ascendência normanda. O rei Balduíno III sugeriu Melisende, e o irmão dela, o conde Raimundo III de Trípoli, começou a juntar um enorme dote, com presentes de Hodierna e da tia dela, homônima, a rainha Melisende. Os embaixadores não ficaram satisfeitos e adiaram o casamento por mais de um ano, pois, aparentemente, haviam ouvido rumores sobre uma infidelidade de Hodierna, o que colocava em dúvida a legitimidade de Melisende. Finalmente, Manuel escolheu Maria. O conde Raimundo se ofendeu e, como retaliação, atacou Chipre, sob controle bizantino na época.
Enquanto isso, uma embaixada imperial liderada por Aleixo Briênio Comneno e pelo prefeito de Constantinopla, João Camatero, chegou a Antioquia para negociar o casamento. Maria embarcou no porto de São Simeão direto para a capital, em setembro de 1161, e o casamento se realizou na Grande Igreja, em 24 de dezembro. Três patriarcas realizaram a cerimônia: Lucas Crisoberges, de Constantinopla, Sofrônio III, patriarca grego ortodoxo de Alexandria e Atanásio I, patriarca grego ortodoxo de Antioquia. O casamento foi comemorado com banquetes, presentes da igreja e corridas de bigas no Hipódromo para o povo, e fortaleceu os laços entre Antioquia e o Império Bizantino e a posição da mãe de Maria, Constância, que agora era regente em Antioquia. De acordo com Nicetas Coniates, Maria...:
“ | ...era como a amante da alegria, a dourada Afrodite, a de armadura branca e com olhos de touro, Hera, a de longo pescoço e belo tornozelo lacônia que os antigos deificaram por sua beleza e todas as demais belas cujos semblantes ficaram preservados nos mais importantes livros e histórias. | ” |
Por muitos anos, Maria não teve filhos. Em 1166, ela ficou grávida pela primeira vez, mas perdeu um menino, o que foi considerado uma tragédia pelo imperador e pelo povo[1]. Três anos depois, Maria finalmente teve um filho, o futuro imperador Aleixo II Comneno. Ele teve um importante papel na vida política e diplomática de Constantinopla. Fluente em francês, ela era uma das poucas capazes de perceber o jogo duplo do hipoboleu (intérprete da corte) Aarão Isáquio, que estava secretamente aconselhando os ocidentais a não pagarem demais pela graça do imperador. Como resultado, Manuel mandou cegar Aarão[2].
Viuvez
[editar | editar código-fonte]Após a morte de Manuel, em 1180, Maria oficialmente se tornou uma freira de nome "Xena" ("estrangeira") mas, na verdade, ela atuava como regente do jovem Aleixo II, seu filho[1]. Apesar de ser uma freira, ela também dispunha de diversos pretendentes e acabou escolhendo outro Aleixo Comneno, o protosebasto e protovestiário, um sobrinho de Manuel e tio de Maria Comnena, a ex-rainha de Jerusalém, como conselheiro e amante, o que provocou escândalo na população. Como uma ocidental que favorecia os comerciantes italianos, Maria enfrentava a oposição dos gregos, e sua regência foi amplamente considerada incompetente. Os líderes da oposição eram sua enteada, a porfirogênita Maria Comnena e o marido dela, o césar Rainério de Monferrato, mesmo sendo ele um latino. A porfirogênita Maria poderia ser considerada a herdeira legítima por ser a filha mais velha de Manuel (ela era quase da mesma idade de sua madrasta, Maria de Antioquia). Maria e Rainério conseguiram o apoio do patriarca Teodósio I e utilizaram Santa Sofia como base de operações. Aleixo, por sua vez, mandou prender o patriarca, o que levou a um conflito aberto pelas ruas da capital.
Execução
[editar | editar código-fonte]O primo de Manuel, Andrônico Comneno, que havia sido exilado durante o reinado dele, foi convidado de volta à corte pela porfirogênita Maria e marchou sobre a capital em 1182. Ele incitou a população, o que provocou o infame Massacre dos Latinos, a maior parte deles comerciantes venezianos e genoveses. Após conquistar o controle da cidade, ele mandou prender a porfirogênita e Rainério, enquanto que a imperatriz Maria foi presa e confinada no Mosteiro de São Diomedes (ou numa prisão próxima). A imperatriz tentou buscar ajuda com seu cunhado, o rei Bela III da Hungria, sem sucesso. Andrônico obrigou Aleixo a assinar a ordem de execução da mãe e nomeou seu próprio filho, Manuel Comneno, e o sebasto Jorge para a executarem, mas eles se recusaram. Então, de acordo com Nicetas, Maria foi estrangulada pelo heteriarca Constantino Trípsico e pelo eunuco Pteriogenita e enterrada numa vala comum numa praia próxima[3]. Provavelmente por conta do sigilo em torno do assassinato, versões alternativas de sua morte circularam, como a de que ela teria sido colocada amarrada num saco e afogada[4]. Andrônico se fez coroar co-imperador, o que salvou Aleixo II apenas por um breve período, pois ele logo foi morto e Andrônico tomou o controle do império. Algum tempo depois, o novo imperador destruiu ou mutilou a maior parte das imagens de Maria em Constantinopla.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Maria de Antioquia Nascimento: 1145 Morte: 1182
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Títulos reais | ||
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Precedido por: Berta de Sulzbach |
Imperatriz-consorte bizantina 1161–1180 |
Sucedido por: Inês de França |
Referências
- ↑ a b Garland, Lynda, & Stone, Andrew, "Maria of Antioch, Byzantine Empress", De Imperatoribus Romanis (external link)
- ↑ Nicetas Coniates, Histories p. 147 van Dieten.
- ↑ Nicetas Coniates, Histories pp. 267-269 van Dieten; cf. Eustácio de Tessalônica, Saque de Tessalônica.
- ↑ Roger de Howden, Annals 1180.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Lynda Garland, Byzantine Empresses: Woman and Power in Byzantium, AD 527-1204. Routledge, 1999.
- Steven Runciman, A History of the Crusades, Vol. II: The Kingdom of Jerusalem. Cambridge University Press, 1952.
- Warren Treadgold, A History of the Byzantine State and Society. Stanford University Press, 1997.
- O City of Byzantium, Annals of Niketas Choniatēs, trans. Harry J. Magoulias. Wayne State University Press, 1984.
- João Cinamo, Deeds of John and Manuel Comnenus, trans. Charles M. Brand. Columbia University Press, 1976.
- William of Tyre, A History of Deeds Done Beyond the Sea, trans. E. A. Babcock and A. C. Krey. Columbia University Press, 1943.