Caio Canínio Rébilo
Caio Canínio | |
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Cônsul da República Romana | |
Consulado | 45 a.C. |
Morte | 45 a.C. |
Caio Canínio (m. 45 a.C.; em latim: Gaius Caninius) foi um político da gente Canínia da República Romana eleito cônsul sufecto por algumas horas, em 31 de dezembro de 45 a.C., para terminar o mandato do recém-falecido cônsul Quinto Fábio Máximo.[1]
Família
[editar | editar código-fonte]A gente Canínia era plebeia e o primeiro membro mencionado nas fontes foi Caio Canínio Rébilo, pretor em 171 a.C.. Caio Canínio Rébilo, este cônsul, foi o primeiro da família a alcançar o consulado.[2] Um romano de nome Rébilo foi proscrito pelo Segundo Triunvirato em 43 a.C., mas escapou para a Sicília e se uniu a Sexto Pompeu; William Smith supõe que seja irmão do cônsul de 45 a.C..[3] Outro Caio Canínio Rébilo foi cônsul sufecto em 12 a.C. e morreu enquanto ocupava o consulado; Smith supõe que ele seja filho do cônsul de 45 a.C..[4]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Guerras Gálicas
[editar | editar código-fonte]Rébilo era um homem novo que serviu, como muitos outros, no círculo de aliados de Júlio César durante as Guerras Gálicas, primeiro como tribuno militar (52 a.C.) e depois legado (51 a.C.).[5][6]
Durante a campanha, avançou para proteger Durácio, um aliado dos romanos que estava sitiado em Lemono, sob ataque das forças de Dumnaco, general dos andes. Por ter uma força menor que o inimigo, Rébilo assumiu uma posição defensiva e resistiu por vários dias ao ataque até que este, após perder muitos homens, desistiu e voltou a cercar Lemono.[7] Canínio informou Caio Fábio sobre o que ocorria e este veio em seu socorro, porém Dumnaco, ao ouvir que Fábio se aproximava, se retirou, e, quando atravessava o Rio Loire por uma ponte, foi atacado por Fábio, que matou vários de seus homens e tomou um grande butim.[8] Durante os estágios finais da guerra, Rébilo comandou duas legiões na encosta sul durante a Batalha de Alésia, justamente o ponto onde as defesas de César eram mais fracas.[9] Com grande dificuldade e com o decisivo apoio de Tito Labieno, Rébilo conseguiu resistir ao último grande ataque à posição romana no local, em 2 de outubro de 52 a.C..[10] No ano seguinte, foi enviado para perseguir Luctério, o líder dos cadurcos,[11] que fugiu para a fortaleza de Uxeloduno.[12][13]
Canínio cercou a cidade, dividindo suas forças em três, Tentando emular as táticas utilizadas em Alésia, Rébilo teve que lidar com repetidos ataques vindos da cidade que atrapalhavam a formação de suas fileiras. Numa ocasião, os inimigos saíram com dois mil homens para pegar provisões[14] e se acamparam perto da cidade, porém foram atacados pelos romanos, que aprisionaram Drapes, um dos líderes. Canínio, em seguida, volta ao cerco da cidade, e Caio Fábio logo se juntou a ele.[15] Finalmente César seguiu pessoalmente para lá para assumir o comando da operação.[16] César, vendo que os defensores tinham abundância de grãos, resolveu cortar seu suprimento de água;[17] apesar das dificuldades, os trabalhos foram feitos, levando os cidadãos a se renderem.[18]
César castigou os gauleses cortando as mãos de todos que haviam pego em armas contra ele; Drapes havia ficado sem alimentação e morreu de inanição; Luctério conseguiu fugir, mas foi capturado por 'Epasnato, um arverno e amigo dos romanos, e entregue como prisioneiro a César.[19]
Guerra civil
[editar | editar código-fonte]Com a irrupção da guerra civil, Rébilo acompanhou César em sua invasão da Itália e foi enviado por ele para até Brundísio numa tentativa — fracassada — de negociar com Pompeu.[20] Em 49 a.C., Rébilo foi enviado como legado de Caio Escribônio Curião, uma tentativa de compensar a falta de experiência militar do cônsul.[21] Já lutando na África contras as forças do rei da Numídia, Juba I, Rébilo pressionou Curião para que se aproveitasse de uma lacuna na linha inimiga e conseguiu a vitória na Batalha de Útica[22] e, depois que ele foi derrotado e morto na Batalha do rio Bagradas, Rébilo foi um dos poucos que conseguiram escapar da província da África.[23]
No ano seguinte, acredita-se que tenha sido eleito pretor[24] e, em 46 a.C., foi novamente enviado para a África, desta vez como propretor, com César,[25] lutando na Campanha de Tapso como responsável pelo cerco de Tapso. Foi ele quem recebeu e aceitou a rendição de Caio Vergílio, o governador pompeiano da África.[26] No ano seguinte, Rébilo acompanhou novamente César, desta vez para a Hispânia[27] e lutou com ele na última batalha dos republicanos, a batalha de Munda, depois da qual tomou a cidade de Híspalis.[28]
Consulado (45 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em setembro de 45 a.C., César, após renunciar ao cargo de cônsul romano, indicou Quinto Fábio Máximo e Caio Trebônio em seu lugar.[29] No último dia de dezembro do mesmo ano, o cônsul Fábio Máximo morreu repentinamente e César nomeou Rébilo cônsul sufecto pelas horas que faltavam para terminar o ano,[30][31] uma ato ridicularizado por Cícero, que comentou: "compreenda, portanto, que durante o consulado de Canínio, ninguém tomou café da manhã. Porém, enquanto ele foi cônsul, nenhum mal foi feito, pois ele foi tão incrivelmente vigilante que, durante todo o seu consulado, jamais fechou os olhos".[32][33]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Cônsul da República Romana | ||
Precedido por: Júlio César IV com Vacante |
Quinto Fábio Máximo (suf.) 45 a.C. com Caio Trebônio (suf.) |
Sucedido por: Júlio César V com Marco Antônio I |
Referências
- ↑ Broughton, T.R.S., The Magistrates of the Roman Republic, Vol III, pg. 86
- ↑ Smith
- ↑ William Smith, Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology, Rebilus 4.
- ↑ William Smith, Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology, Rebilus 5.
- ↑ Broughton, pg. 237
- ↑ Broughton, pg. 244
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico https://web.archive.org/web/20240222190042/http://www.forumromanum.org/literature/caesar/gallic_e8.html VIII, 26].
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 27
- ↑ Holmes, II, pg. 218
- ↑ Holmes, II, pgs. 219-221
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 30
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 32
- ↑ Holmes, II, pg. 226
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 33-34
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 36-37
- ↑ Holmes, II, pgs. 227-228
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 39-40
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 41-42
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Gallico VIII, 44
- ↑ Holmes, III, pg. 31
- ↑ Holmes, III, pg. 95
- ↑ Holmes, III, pg. 103
- ↑ Holmes III, pg. 107
- ↑ Broughton, pg. 272
- ↑ Broughton, pg. 296
- ↑ Holmes, III, pgs. 270-273
- ↑ Broughton, pg. 311
- ↑ Holmes, III, pg. 309
- ↑ Dião Cássio, História romana http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/43*.html XLIII, 46.2]
- ↑ Broughton, pg. 304; Holmes, III, pg. 329
- ↑ Dião Cássio, História romana XLIII, 46.3
- ↑ Holmes, III, pg. 329
- ↑ Dião Cássio, História romana XLIII, 46.4
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
- Wolfgang Will: Caninius Nr. 5. In: Der Neue Pauly. Bd. 2, 1997, Sp. 963.
- Wolfgang Will: Julius Caesar. Eine Bilanz. Kohlhammer, Stuttgart 1992, ISBN 3-17-009978-7, S. 205.
- Este artigo contém texto do artigo «Caninia gens» do Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (em domínio público), de William Smith (1870).