Saltar para o conteúdo

Catarina de França, Condessa de Charolais

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Catarine
Princesa da França
Catarina de França, Condessa de Charolais
Pintura do início do século XVII por autoria desconhecida.
Condessa de Charolais
Reinado 19 de maio de 144013 de julho ou 30 de julho de 1446
Sucessor(a) Isabel de Bourbon
 
Nascimento c. 1428/29/30
Morte 13 de julho ou 30 de julho de 1446
Sepultado em Catedral de São Miguel e Santa Gudula, Bruxelas (atualmente nos Países Baixos)
Cônjuge Carlos, Conde de Charolais
Casa Valois
Valois-Borgonha (por casamento)
Pai Carlos VII de França
Mãe Maria de Anjou

Catarina de França (em francês: Catherine; c. 1428/29/30Bruxelas, 13 de julho ou 30 de julho de 1446)[1][2] foi uma princesa da França por nascimento. Ela foi condessa de Charolais pelo seu casamento com Carlos, Conde de Charolais, o futuro duque da Borgonha, conhecido como "o Audaz".

Catarina foi a segunda filha e quarta criança nascida do rei Carlos VII de França e de Maria de Anjou.

Os seus avós paternos eram o rei Carlos VI de França, conhecido como "o Louco", e Isabel da Baviera. Os seus avós maternos eram Luís II, Duque de Anjou e Iolanda de Aragão.

Ela teve doze irmãos, mas apenas alguns chegaram à idade adulta. Teve dois irmãos mais velhos: o rei Luís XI, que foi primeiro casado com Margarida da Escócia enquanto ainda era Delfim de França, e depois foi casado com Carlota de Saboia, e Radegunda, noiva de Sigismundo da Áustria, mas ela acabou morrendo com apenas quinze anos. Teve vários irmãos mais novos, entre eles: Iolanda, esposa de Amadeu IX, Duque de Saboia; Joana, esposa de João II, Duque de Bourbon; Madalena, esposa de Gastão de Foix, Príncipe de Viana, mãe e regente de dois reis de Navarra, Francisco I e Catarina, e Carlos, Duque de Berry, que passou a maior parte da vida em conflito com o irmão, Luís XI.

A princesa ficou noiva de João, conde de Charolais, filho do duque Filipe III da Borgonha e de Isabel de Portugal, como parte do Tratado de Arras assinado entre o Reino da França e o Ducado da Borgonha, no ano de 1435. Em 1438, Carlos visitou a corte francesa acompanhado por uma embaixada e pediu, formalmente, a mão de Catarina em casamento.

Catarina à caminho de Saint-Omer em 1439.

Em 11 de junho de 1439, eles ficaram oficialmente noivos na cidade de Saint-Omer. A princesa viajou para Saint-Omer acompanhada pelos arcebispos de Reims e Narbona, o chanceler da França, Reinaldo de Chartres, os condes de Vendôme, Tonnerre e Dunois, e o filho do duque de Bourbon, o senhor de Beaujeu. A duquesa de Namur, que era dama de companhia da duquesa da Borgonha, Isabel, futura sogra de Catarina, acompanhou a noiva junto de outros nobres e damas, assim como uma escolta de trezentos cavalos. [3]

No meio do caminho, conforme a comitiva parava em várias cidades, os nobres foram, graciosamente, recebidos, e Catarina recebeu todas as honras devidas a uma Filha de França. Em Cambrai, ela foi recebida pelos emissários do duque da Borgonha, e continuou a ser bem recebida enquanto se dirigia para Saint-Omer, onde o duque a esperava. Ao anunciaram a aproximação da princesa, o seu futuro sogro cavalgou pessoalmente com uma grande escolta para encontrá-la. O noivado foi oficiado pelo chanceler da França. Após a cerimônia houve muitos festivais, campeonatos e torneios de justa, sendo que todos os entretenimentos foram pagos pelo duque Filipe. Durante as festividades, o noivo e a noiva, eram levados, de vez em quando, para câmaras separadas onde poderiam brincar, já que ainda eram crianças.[3]

O casamento aconteceu em 19 de maio de 1440, em Reims, quando a noiva tinha entre dez a doze anos de idade, e o noivo tinha sete anos. O casal estabeleceram as fundações em pedra para a nova prefeitura de Bruxelas naquele mesmo ano.

Catarina e Carlos possuíam um relacionamento amigável apesar do casamento político, mas, devido à sua tenra idade, a princesa ficou sob os cuidados da sogra, a duquesa Isabel, com quem ela se dava muito bem, sendo tratada como uma filha substituta. Catarina passou a maior parte do tempo ao lado de Isabel, viajando entre as cidades dos Países Baixos, e estava sempre do lado da sogra, segurando a mão dela e sussurrando em seu ouvido.[3]

A condessa era descrita como inteligente, generosa, charmosa e bem quista na Borgonha. Era esperado dela que sempre estivesse viajando, além de se ajustar à etiqueta formal da corte, exigida na Borgonha, que era descrita como uma das mais elaboradas na Europa. Além disso, a constante mudança da corte entre cidades dos Países Baixos num clima frio, foi, alegadamente, exaustivo para a saúde delicada da princesa, que estava acostumada ao clima ensolarado do Vale do Loire.[3]

O conde e a condessa não tiveram filhos.

No inverno de 1446, Isabel estava preocupada com a saúde da nora. Em fevereiro daquele ano, Catarina adoeceu com um ataque de tosse violenta e febre alta, o que a obrigou a ficar de cama. A duquesa esperava que, até a primavera, a jovem recuperasse a sua saúde. Porém, em março ela inda estava apática e sem apetite. Em abril, a condessa de Charolais acompanhou a corte do duque de Princehof para o castelo grande e desconfortável de Gravensteen, em Gante. Filipe III ordenou que o filho e a nora se juntassem a ele na sua viagem a Arras para assistir a um torneio para a educação de Carlos. Carlos e Catarina tinham se tornado bons amigos, e ele estava muito preocupado com a saúde da esposa. Porém, ele também amava armas e batalhas, e estava ansioso para agradar o pai. Assim, ele deixou de lado as suas preocupações com a esposa, e começou a antecipar a exibição de valentia por parte dos cavaleiros. A mãe dele tinha encorajado o amor do filho pela cavalaria, no entanto, ela ficou apreensiva sobre o desejo de Carlos de participar do torneio.[3]

Catarina e Isabel foram juntas de carruagem até Arras. Elas queriam assistir a realização da justa, e se certificar de que o duque Filipe não permitiria que o conde fosse colocado em perigo. Catarina estava bem agasalhada para que ela não sucumbisse a um episódio de desmaio devido às suas tosses. Uma torre elevada tinha sido erigida para os espectadores assistirem ao esporte. A torre era cercada dos três lados para abrigar a condessa e a duquesa de qualquer vento frio. A partida teve início às três horas da tarde, porém, à essa altura, o vento já havia ganho força, e Catarina foi surpreendida por um surto de tosse. Ela teve de deixar o local logo após o início da justa. Assim que Isabel tinha confirmado que Carlos seria proibido de participar do combate corpo a corpo, ela partiu com a nora com destino à Gravensteen.[3]

As duas ficaram em Gante até que Catarina estivesse bem o suficiente para viajar para o seu castelo favorito, o Castelo de Coudenberg, em Bruxelas. Desde o começo da doença de Catarina em fevereiro, Carlos tinha passado a maior parte de tempo possível ao lado da esposa. O rei Carlos VII, pai da jovem, tinha enviado dois médicos para cuidarem dela, os instando a fazer tudo o que lhes fosse possível para curá-la. O conde de Charolais visitava a cama de Catarina com frequência, e tocava uma harpa da França para ela, a qual a princesa tinha lhe dado de presente.[3]

Infelizmente, não foi possível curar a princesa, e Catarina morreu em Bruxelas, no dia 13 ou 30 de julho, provavelmente de tuberculose, com idade aproximada de 16 a 18 anos. Sua morte foi lamentada, de forma genuína, por toda a corte da Borgonha.[3] Ela foi sepultada de Catedral de São Miguel e Santa Gudula.[4]

O seu viúvo se casou mais duas vezes, a segunda com Isabel de Bourbon, com quem teve apenas uma filha, Maria, Duquesa da Borgonha, e por fim, foi casado com Margarida de Iorque, irmã dos reis Eduardo IV e Ricardo III de Inglaterra.

Referências

  1. «FRANCE, CAPETIAN KINGS». Foundation for Medieval Genealogy 
  2. «Catherine de Valois». The Peerage 
  3. a b c d e f g h Susan Abernethy. «Catherine of France, Countess of Charolais». The Freelance History Writer 
  4. «Catherine de Valois». Find a Grave