Crise de 2022 entre República Democrática do Congo e Ruanda
Crise de 2022 entre República Democrática do Congo e Ruanda | |||
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Data | Maio de 2022 – presente | ||
Local | Fronteira República Democrática do Congo-Ruanda | ||
Situação | em curso | ||
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A crise congolesa-ruandesa de 2022 iniciou-se em maio-junho de 2022, marcada pela escalada militar e verbal entre a República Democrática do Congo e Ruanda, que levaram a eclosão de crescentes tensões e a vários supostos ataques das forças congolesas e ruandesas no território um do outro.[4]
A crise está relacionada com uma ofensiva dos membros do Movimento 23 de Março (M23), que as autoridades congolesas acusam Ruanda de apoiar.[5] Ruanda também acusou a República Democrática do Congo de apoiar o grupo paramilitar Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR).[6] Ambos os países negam apoio a grupos armados, respectivamente.[5][7] A missão de paz da MONUSCO sustentou que não estava envolvida no conflito,[8] mas foi acusada por Ruanda de tomar partido.[9]
A crise congolesa-ruandesa originalmente remonta ao conflito entre os grupos hutus e tutsis. O presidente de Angola, João Lourenço, atua como mediador.[10]
Cronologia
[editar | editar código-fonte]Maio
[editar | editar código-fonte]As forças congolesas disseram ter capturado dois soldados ruandeses que foram enviados disfarçados ao Congo. Ambos foram libertados em 11 de junho.[11]
Em 23 de maio, as forças congolesas teriam bombardeado o distrito de Musanze, na Província do Norte de Ruanda, ferindo várias pessoas.[12]
Em 27 de maio a República Democrática do Congo ordenou a suspensão de todos os voos da RwandAir.[13] Ruanda condenou a ação[14] e a RwandAir decidiu retaliar cancelando voos para Quinxassa, Lubumbashi e Goma.[13]
Em 29 de maio, o presidente da União Africana e Presidente do Senegal Macky Sall disse que a União Africana estava apoiando uma "resolução pacífica" para as tensões.[15]
Junho
[editar | editar código-fonte]A partir de 2 de junho, Angola tentou mediar uma resolução entre os dois países.[16]
Em 8 de junho, Alexander De Croo, o primeiro-ministro da Bélgica, comparou o leste da República Democrática do Congo com a Ucrânia em uma visita a Quinxassa, adicionalmente fazendo comentários sugerindo que apoiava o Congo em sua crise de fronteira com Ruanda.[17]
No dia seguinte, a República Democrática do Congo disse ter descoberto que 500 forças especiais ruandesas foram enviadas para a região de Tshanzu no Quivu do Norte.[6][18]
Em 10 de junho, os congoleses acusaram Ruanda de disparar roquetes contra uma escola em Quivu do Norte, matar duas crianças e ferir gravemente outra pessoa de idade não especificada. Ruanda igualmente afirmou que o Congo havia disparado roquetes no oeste de Ruanda da direção de Bunagana.[19][20]
As Nações Unidas solicitariam, em 11 de junho, um cessar-fogo entre os dois países.[21]
Em 12 de junho, os congoleses acusaram Ruanda de pretender ocupar a cidade de Bunagana.[5]
Em 13 de junho, as forças do M23 capturaram a cidade congolesa de Bunagana, forçando cerca de 30.000 civis a fugir para Uganda. No entanto, a República Democrática do Congo afirmou que as forças ruandesas estavam ajudando a ocupar a cidade. Os rebeldes alegaram que tomar Bunagana não era seu objetivo, mas decidiram fazê-lo após repetidos ataques do exército congolês. Além disso, disseram que estavam abertos a fazer negociações diretas com o governo.[1] A República Democrática do Congo descreveu a queda de Bunagana como "nada menos que uma invasão" por Ruanda.[9] Duas fontes de segurança congolesas afirmaram que Uganda também estava ajudando o M23 em sua ofensiva.[1] Nesse mesmo dia, Ruanda acusou a missão da MONUSCO de tomar partido no conflito, que dizia permitir que o Congo realizasse ataques transfronteiriços em Ruanda.[9]
Os intensos combates também fizeram com que cerca de 137 soldados congoleses e 37 policiais fugissem para Uganda, onde se renderam às forças ugandenses.[22][23]
No dia 15 de junho, milhares de manifestantes organizaram um protesto contra as ações ruandesas em Goma. O protesto rapidamente se transformou em tumultos anti-Ruanda quando uma multidão enfurecida saqueou e atacou lojas de propriedade de ruandeses, apreendendo veículos para verificar se os ruandeses estavam lá dentro. A tropa de choque congolesa disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes depois que alguns tentaram entrar em um posto de controle na fronteira com Ruanda.[24] Vários ruandeses em Goma responderam fugindo do país.[25]
No mesmo dia, os congoleses suspenderam todos os "memorandos de entendimento, acordos e convenções celebrados com Ruanda", exigindo a retirada de todos os supostos militares ruandeses dentro das fronteiras do país.[26]
Em 17 de junho, apenas algumas horas depois que as autoridades de segurança congolesas pediram que a República Democrática do Congo cortasse todos os laços com Ruanda, um soldado congolês atravessou o distrito de Rubavu carregando um AK-47[27] e foi morto a tiros por um oficial da Polícia Nacional de Ruanda. A Força de Defesa de Ruanda disse que o soldado foi morto depois que ele começou a atirar em civis e forças de segurança, e feriu dois oficiais.[28][29] O Congo fechou a fronteira dos dois países em resposta à morte do oficial, acrescentando que abriria uma investigação sobre os eventos.[30]
Quando um veículo trouxe o corpo do oficial para Goma, uma multidão composta de centenas de pessoas seguiu o veículo gritando "herói, herói" e retratando o presidente de Ruanda Paul Kagame como um assassino.[31][32] Alguns membros da multidão foram documentados gritando slogans de ódio contra os tutsis.[32]
Julho
[editar | editar código-fonte]No dia 6 de Julho os dois países, Ruanda e RDC, entraram em um acordo para a desescalada de tensões após um dia de diálogo entre os presidente dos respectivos países, com a mediação do presidente angolano João Lourenço. O acordo inclui a retomada da Comissão Ruanda-Congo, que voltará à funcionar no dia 12, na capital Luanda, como também um chamado à retomada de relações diplomáticas entre os países, ao fim das hostilidades e à retirada 'imediata e incondicional' do grupo M23 de suas posições no leste da RDC. [33]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c Sabiti, Djaffar; Bujakera, Stanis (13 de junho de 2022). «Congo rebels seize eastern border town, army blames Rwanda». Reuters (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2022
- ↑ «DRC should protect Rwandans in Goma – Governor Habitegeko». The New Times | Rwanda (em inglês). 15 de junho de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «Governor Habitegeko assures Rubavu border community of tight security». The New Times | Rwanda (em inglês). 12 de junho de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «Nova escalada de tensões entre Ruanda e RDC». lejournaldelafrique.com. 30 de maio de 2022
- ↑ a b c Reuters (13 de junho de 2022). «Congo says Rwandan forces supported latest rebel attacks as thousands flee». Reuters (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ a b Reuters (9 de junho de 2022). «Congo accuses Rwanda of sending disguised troops across border». Reuters (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ «DR Congo President Felix Tshisekedi accuses Rwanda of backing rebels». France 24 (em inglês). 5 de junho de 2022. Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ Anna, Cara (16 de junho de 2022). «EXPLAINER: Why Rwanda and Congo are sliding toward war again». National Post (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ a b c «M23 rebels seize key DRC town, Congolese military blames Rwanda». www.aljazeera.com (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «RDC: Forças Armadas congolesas mantêm pressão sobre guerrilheiros do M23 depois de intensos combates no Kivu-Norte durante o fim-de-semana». Novo Jornal. 13 de Junho 2022
- ↑ Reuters (11 de junho de 2022). «Rwanda says two soldiers detained in Congo have been released». Reuters (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ Reuters (23 de maio de 2022). «Rwanda says its territory shelled by Congo, requests probe». Reuters (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ a b «DR Congo halts RwandAir over alleged support for rebel group». RFI (em inglês). 28 de maio de 2022. Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ AfricaNews (31 de maio de 2022). «Rwandan Foreign Minister claims 'right to respond' amid tensions with DR Congo». Africanews (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ Welle (www.dw.com), Deutsche. «Why do tensions between DR Congo and Rwanda persist? | DW | 31.05.2022». DW.COM (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ AfricaNews (2 de junho de 2022). «DRC: Hundreds protest over Rwanda's alleged rebel backing». Africanews (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «The next hole in UK's Rwanda asylum plan: Conflict in Congo». POLITICO (em inglês). 15 de junho de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «DRC accuses Rwanda of sending disguised soldiers across border». www.aljazeera.com (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ Reuters (11 de junho de 2022). «Congo, Rwanda accuse each other of fresh cross-border rocket strikes». Reuters (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ AfricaNews (11 de junho de 2022). «Rwanda says DRC launched two rockets into its soil». Africanews (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ «UN urges 'immediate' halt to cross-border clashes in eastern DRC». www.aljazeera.com (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ Welle (www.dw.com), Deutsche. «DR Congo accuses Rwanda of 'invasion' as rebels attack town | DW | 14.06.2022». DW.COM (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2022
- ↑ «DR Congo accuses Rwanda of 'invasion' as rebels seize town». news.yahoo.com (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2022
- ↑ News, A. B. C. «Congo official: Rwanda will have war if it wants war». ABC News (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «Anti-Rwanda tensions boil over in eastern DR Congo city of Goma». France 24 (em inglês). 15 de junho de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ Tasamba, James (15 de junho de 2022), DRC defense council orders gov't to suspend pacts with Rwanda, Anadolu Agency, consultado em 19 de junho de 2022
- ↑ Sabiti, Djaffar; Bujakera, Stanis (17 de junho de 2022). «Congo soldier shot dead in Rwanda, rebels make gains in east». National Post (em inglês). Consultado em 17 de junho de 2022
- ↑ «Congo Defense Council Calls for Halt to Agreements With Rwanda». Bloomberg.com (em inglês). 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022
- ↑ «Rwanda says Congolese soldier crossed border and opened fire». AP NEWS (em inglês). 17 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022
- ↑ «DRC closes Rwanda border after soldier is shot dead during attack». www.aljazeera.com (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ «Congo's president says Rwandans waging 'economic war'». AP NEWS (em inglês). 17 de junho de 2022. Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ a b Sabiti, Djaffar; Bujakera, Stanis (17 de junho de 2022). «Congolese soldier killed in Rwanda, fighting with rebels picks up». Reuters (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ «DR Congo and Rwanda agree to reduce tensions over M23 rebels». Aljazeera (em inglês). 6 de julho de 2022. Consultado em 7 de julho de 2022