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Down Argentine Way

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Down Argentine Way
Down Argentine Way
Cartaz promocional do filme.
No Brasil Serenata Tropical
 Estados Unidos
1940 •  cor •  89 min 
Gênero comédia, musical
Direção Irving Cummings
Produção Darryl F. Zanuck
Roteiro Roteiro:
Darrell Ware
Karl Tunberg
História:
Rian James
Ralph Spence
Elenco Don Ameche
Betty Grable
Carmen Miranda
Música Cyril J. Mockridge
Diretor de fotografia Ray Rennahan
Leon Shamroy
Direção de arte Richard Day
Joseph C. Wright
Figurino Travis Banton
Edição Barbara McLean
Companhia(s) produtora(s) 20th Century Fox
Lançamento Estados Unidos 11 de outubro de 1940
Idioma inglês
Receita US$ 2 milhões

Down Argentine Way (bra: Serenata Tropical[1]) é um filme estadunidense de comédia romântica e musical de 1940 dirigido por Irving Cummings e estrelado por Don Ameche, Betty Grable e Carmen Miranda.

O roteiro, escrito por Darrell Ware e Karl Tunberg, narra a história de Glenda (Betty Grable), uma americana que se apaixona por Ricardo Quintana (Don Ameche), um criador de cavalos argentino e filho de um renomado fazendeiro conhecido por seus premiados saltadores. O encontro dos dois é complicado por uma antiga rivalidade entre suas famílias, que pode prejudicar tanto os negócios quanto o relacionamento pessoal deles.

Este filme marca o primeiro papel de destaque de Betty Grable e também apresenta Carmen Miranda, que faz sua estreia no cinema dos Estados Unidos.[2] Durante os dez meses de gravações, uma equipe de localização da 20th Century Fox percorreu aproximadamente 35 mil milhas em aviões, trens e automóveis. Grande parte das filmagens externas foi realizada em Buenos Aires, onde a equipe retornou a Hollywood com cerca de 20 mil metros de filme em Technicolor. Outro grupo de técnicos filmou Carmen Miranda em Nova York, onde ela se apresentava na Broadway na revista musical The Streets of Paris. Vale destacar que Carmen Miranda foi a única celebridade da época a participar de uma produção sem estar em Hollywood.[3]

Após seu lançamento, o filme recebeu críticas positivas do público americano e foi indicado a três prêmios na 13ª edição do Oscar.[4] No entanto, enfrentou severas críticas no Brasil e teve sua exibição proibida na Argentina.[5]

Em dezembro de 2014, Down Argentine Way foi selecionado para preservação pelo Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, sendo considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente" significativo pela organização.[6]

Na Argentina vive Diego Quintana (Henry Stephenson), um criador de cavalo que fica irritado quando descobre que Binnie Crawford (Charlotte Greenwood) quer comprar seus cavalos. No passado Diego teve uma séria briga com o irmão de Binnie, o que faz com que Ricardo (Don Ameche), seu filho, diga que não há problema no interesse, pois não venderá a ninguém daquela família. Acontece que Ricardo fica atraído por Glenda Crawford (Betty Grable), uma bela jovem, e lhe prometera vender um animal sem saber que ela era sobrinha do inimigo do seu pai. Ao tomar conhecimento do parentesco ele inventa uma desculpa e cancela a venda, dando início a uma série de confusões.

  • Don Ameche — Ricardo Quintana
  • Betty Grable — Glenda Crawford
  • Carmen Miranda — Ela mesma
  • Charlotte Greenwood — Binnie Crawford
  • J. Carrol Naish — Casiano
  • Henry Stephenson — Don Diego Quintana
  • Kay Aldridge — Helen Carson
  • Leonid Kinskey — Tito Acuna
  • Chris-Pin Martin — Esteban
  • Robert Conway — Jimmy Blake
  • Gregory Gaye — Sebastian
  • Bobby Stone — Panchito
  • Charles Judels — Dr. Arturo Bedilia
  • Bando da Lua — Eles mesmos (Orquestra de Carmen Miranda)[7]
Carmen Miranda no filme.

O título provisório do filme era South American Way. Alice Faye, que estava doente na época, foi substituída por Betty Grable, que fez aqui seu primeiro grande papel, embora já tivesse participado de filmes da RKO e Paramount.[8][9] Grable estava se apresentando em um ato com Jack Haley na Feira Mundial quando um caçador de talentos da 20th Century Fox a notou. O estúdio ofereceu a ela um contrato de longo prazo, que foi adiado devido ao seu envolvimento no musical da Broadway DuBarry Was a Lady.[10] Grable comentou: "Não havia garantia de que DuBarry Was a Lady seria um sucesso, mas as duas oportunidades surgiram." Down Argentine Way lhe proporcionou "uma chance única na vida", apresentando-a ao grande público. Ela refletiu: "O azar de Alice [Faye] se tornou a minha sorte, com a mesma oportunidade que o filme me ofereceu".[11] Carmen Miranda assinou um contrato com a Fox em 1940 enquanto se apresentava em The Streets of Paris. Como não pôde ir a Hollywood, suas cenas para o filme foram filmadas em Nova York.[12]

O ator César Romero foi inicialmente escalado para o elenco, mas devido a problemas de saúde (ele foi diagnosticado com febre paratifoide), foi substituído por Leonid Kinskey. Os scripts indicam que o escritor Roman Romero fez um esboço preliminar do filme, mas o chefe do estúdio, Darryl F. Zanuck, decidiu realizar um remake do filme Romance do Sul (1938). O romancista John O'Hara também contribuiu com uma versão do roteiro. Além disso, fontes mencionam a atriz Elena Verdugo em um pequeno papel, o que pode ter sido sua estreia no cinema.[13] O diretor Irving Cummings acreditava que a cena de dança dos irmãos Nicholas era longa demais, mas foi convencido pelo coreógrafo Nick Castle a mantê-la no filme, pelo menos para uma exibição de teste. O público reagiu de forma tão entusiástica que pediu para ver a cena novamente, o que definitivamente descartou a ideia de Cummings de cortá-la.

Down Argentine Way é considerado o primeiro de vários filmes produzidos pela 20th Century Fox para apoiar a chamada "Política de Boa Vizinhança" do presidente Franklin D. Roosevelt em relação à América Latina. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos criou uma agência para promover boas relações com a região, em resposta à crescente influência nazista. O Escritório de Assuntos Inter-Americanos foi estabelecido para incentivar a produção de filmes que promovesse essa boa vizinhança. Embora a produção tenha ocorrido antes da criação desse gabinete, é provável que tenha sido influenciada pela política da administração Roosevelt. Esses filmes eram populares nos Estados Unidos, mas não tiveram o mesmo sucesso como propaganda na América Latina, em parte devido à falta de autenticidade regional.[14]

John Hay Whitney, chefe do setor de cinema do órgão governamental responsável por assuntos inter-americanos, persuadiu a 20th Century Fox a investir 40 mil dólares na regravação de cenas que retratavam os costumes argentinos, já que as filmagens originais foram consideradas desfavoráveis para a imagem do país.[15]

Números musicais

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O filme foi lançado nos Estados Unidos em 11 de outubro de 1940, arrecadando cerca de US$ 2 milhões de dólares em bilheteira.[16] Na Argentina, onde sua exibição chegou a ser proibida, foi lançado em 4 de dezembro de 1940.[17] No Brasil, estreou em 22 de maio de 1941.[18]

Anúncio do Boyd Theatre para o filme Down Argentine Way (1940).

O crítico de cinema do New York Times, Bosley Crowther, comentou sobre Down Argentine Way: "Com exceção da bela senhorita Grable e de algumas canções animadas de Carmen Miranda, o filme não tem muito a oferecer em termos de distinção. Observado de forma mais objetiva, é apenas um musical colorido com alguns números de produção chamativos e atos especiais... A história, no entanto, é um pouco boba".[19] Por outro lado, o jornalista Dave Kehr, do Chicago Reader, escreveu: "Betty Grable como uma herdeira americana, Don Ameche como um criador de cavalos argentino, e Carmen Miranda como algo de outro planeta, tudo filmado em delirante Technicolor. O resultado é um exemplo clássico da abordagem da 20th Century Fox para musicais: alto, vulgar, ridículo e irresistivelmente divertido".[20]

Quanto à performance de Carmen Miranda, a revista TV Guide destacou que "este musical vibrante e colorido apresentou ao mundo uma Carmen Miranda que nada tinha a ver com a trama, mas cativou o público e a crítica ao trazer sua magia Souse Amereecahn para a tela".[21]

A TCM descreveu os números musicais do filme como "um deleite extravagante", destacando a rotina alegre e vibrante dos Nicholas Brothers.[22]

No entanto, Down Argentine Way foi proibido na Argentina, após ser "expulso das telas" pelo público local, que o considerou uma deturpação da cultura do país. O filme erroneamente misturava maneirismos e trajes mexicanos e caribenhos, apresentando-os como parte da paisagem argentina. Em 1941, um adido na Embaixada Americana em Buenos Aires relatou que o filme deixou de ser exibido devido às suas "imagens ridículas e perturbadoras":

"Henry Stephenson é escalado como um rico proprietário de cavalos de corrida, com um sotaque terrível. Don Ameche faz uma rumba em espanhol usando castanholas e menciona orquídeas, tão raras na Argentina quanto em Nova York. Betty Grable dança uma conga de maneira exagerada... Os Nicholas Brothers fazem um sapateado com um espanhol horrível, reforçando a ideia de que todos os ianques acham que os argentinos são índios ou africanos. Há piadas como: 'Sempre que dez argentinos se reúnem, há uma corrida de cavalos'".[23]

Críticos também comentaram que a representação do tango no filme era contaminada por elementos da rumba afro-cubana e do flamenco espanhol, que não têm relação com o estilo argentino.

Carmen Miranda enfrentou críticas semelhantes em relação ao seu legado. Escritores contemporâneos a acusaram de contribuir para a criação do estereótipo "latino" em Hollywood, que homogeneizava a diversidade das nações latino-americanas em uma única identidade, fortemente influenciada pelo México e pelo Caribe, enquanto ignorava muitas outras culturas do continente.[24] A autora Karen Backstein observou: "Os musicais de Hollywood seguiram pelo caminho de Down Argentine Way com a 'bomba brasileira' Carmen Miranda, sem que um único passo de tango fosse visível".[25]

Ano Prêmio Categoria Destinatário(s) Resultado
1941 Oscar Oscar de melhor fotografia Leon Shamroy e Ray Rennahan Indicado
Oscar de melhor canção original Harry Warren e Mack Gordon Indicado
Oscar de melhor direção de arte Richard Day e Joseph C. Wright Indicado[26]

Referências

  1. EWALD FILHO, Rubens (1975). Os filmes de hoje na TV. São Paulo: Global. p. 179. 210 páginas 
  2. CASTRO, Ruy. "Carmen, Uma Biografia". São Paulo: Companhia das Letras, 2005, ISBN 85-359-0760-2
  3. «Location Outfits Covered 35,000 Miles In Filming 'Argentine Way'». 17 de novembro de 1940. p. Herald-Journal. Consultado em 2 de junho de 2015 
  4. The 13th Academy Awards. Academy of Motion Picture Arts and Sciences. Consultado em 10 de outubro de 2024
  5. Bianca Freire-Medeiros. «O Rio de Janeiro que Hollywood inventou». Consultado em 20 de março de 2015 
  6. Tim Gray. «'Big Lebowski,' 'Willy Wonka' Among National Film Registry's 25 Selections». Variety. Consultado em 18 de dezembro de 2014 
  7. «FICHA: SERENATA TROPICAL». Filmes de Cinema. Consultado em 30 de maio de 2014 
  8. McGee , Tom. "Betty Grable: The Girl with the Million Dollar Legs". 1994. Consultado em 10 de outubro de 2024
  9. «SERENATA TROPICAL (1940)». Cinema Classico. Consultado em 30 de maio de 2014 
  10. Warren, Doug. "Betty Grable: The Reluctant Movie Queen". 2016. Consultado em 10 de outubro de 2024
  11. Jane Lenz Elder. «Alice Faye: A Life Beyond the Silver Screen». Consultado em 14 de outubro de 2014 
  12. «Twentieth Century-Fox: The Zanuck-Skouras Years, 1935–1965». Peter Lev. Consultado em 14 de outubro de 2014 
  13. «AFI Catalog: Down Argentine Way». American Film Institute. Consultado em 30 de maio de 2014 
  14. «Brazilian cinema, Hollywood and the Good Neighbourhood Policy in the 1930s: a background for Carmen Miranda» (PDF). Káritha Bernardo de Macedo. Consultado em 22 de novembro de 2014 
  15. «Curiosidades sobre Serenata Tropical». AdoroCinema. Consultado em 30 de maio de 2014 
  16. Peter Lev. «Twentieth Century-Fox: The Zanuck-Skouras Years, 1935–1965». Consultado em 3 de setembro de 2014 
  17. «Release Info: SERENATA TROPICAL». IMDb. Consultado em 16 de junho de 2014 
  18. "Diário de Notícias". p.8, 22 de maio de 1941. Consultado em 10 de outubro de 2024
  19. Bosley Crowther (18 de outubro de 1940). «MOVIE REVIEW: THE SCREEN; 'Down Argentine Way,' With Betty Grable, at Roxy-- J. Barrymore in 'The Great Profile,' at the Palace». The New York Times. Consultado em 16 de junho de 2014 
  20. Dave Kehr. «Film Search: Down Argentine Way». Chicago Reader. Consultado em 16 de junho de 2014 
  21. «REVIEW: Down Argentine Way». TV Guide. Consultado em 16 de junho de 2014 
  22. «TCM article on Down Argentine Way». p. Turner Classic Movies. Consultado em 10 de outubro de 2024 
  23. Sadlier, Darlene J. (1 de dezembro de 2012). Americans All: Good Neighbor Cultural Diplomacy in World War II. [S.l.]: University of Texas Press. ISBN 9780292749801 – via Google Books 
  24. Rubens Ewald Filho. «Serenata Tropical (1940)». Especial para o UOL Cinema. Consultado em 30 de maio de 2014 
  25. Laó-Montes, Agustín; Dávila, Arlene (13 de junho de 2001). Mambo Montage: The Latinization of New York City. [S.l.]: Columbia University Press. ISBN 9780231505444 – via Google Books 
  26. «Down Argentine Way (1940)». The New York Times 

Ligações externas

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