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Farouk Al-Kasim

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Farouk Al-Kasim
Farouk Al-Kasim
Nascimento 8 de julho de 1934 (90 anos)
Baçorá
Residência Baçorá, Oslo
Alma mater
Ocupação geólogo
Prêmios
  • Cavaleiro Primeira Classe da Ordem de Santo Olavo (2012)
Empregador(a) Iraq Petroleum Company, Ministry of Trade and Industry, Norwegian Offshore Directorate
Religião Islamismo

Farouk Abdul Aziz Al-Kasim, em árabe: فاروق القاسم, (8 de julho de 1934 ou 1936, Baçorá[1]) é um geólogo iraquiano-norueguês. Ele desempenhou um papel importante na exploração dos recursos petrolíferos da Noruega dentro da Direção Norueguesa do Petróleo, desenvolvendo o modelo norueguês de gestão de recursos do petróleo e evitando a doença holandesa na Noruega.[1]

Al-Kasim recebeu a condecoração de Cavaleiro de 1ª Classe da Ordem de Santo Olavo em 24 de setembro de 2012.[2]

Início da vida

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Farouk Abdul Aziz Al-Kasim[3] nasceu em Baçorá, Iraque, em 8 de julho de 1934[4] ou 1936.[5] Sua família era imigrante do Irã, e os membros mais velhos falavam persa. Seus familiares trabalharam como guias fluviais ao longo do rio Xatalárabe (Shatt al-Arab), o que lhes rendeu condição econômica para que Abdul-Aziz Kasim, pai de Farouk, pudesse se concentrar em seus estudos.[6]

Por volta dos trinta anos, Abdul-Aziz casou-se com Wafika Yasin, mãe de Farouk, quando ela tinha 14 anos.[6]

Após o Golpe de Estado no Iraque de 1941, sua família buscou refúgio 30 quilômetros ao sul de Baçorá, em Abul-Khasib. Depois que as forças britânicas recuperaram o controle do país, voltaram para a capital de Basra.[6]

Mesmo passando pelo exame da segunda série do ensino fundamental, Farouk foi colocado na primeira série. No entanto, depois de algumas semanas, seus professores o passaream para a segunda série - por demonstrar sua habilidade para escrever e calcular.[6]

Na sexta série, Al-Kasim já havia decidido se dedicar aos estudos, creendo que era a única forma de obter uma boa educação. No ano anterior, o Estado tinha criado o Colégio Rei Faisal II em Bagdá, com critérios de matrícula rigorosos. Ele se mudou para Bagdá aos onze anos, logo após receber a terceira pontuação mais alta de seu distrito, tornando-o elegível para se matricular na escola.[6]

Com seis meses frequentando as classes, o governo fechou a escola após ter sido atacada por nacionalistas por abrigar socialistas. Al-Kasim voltou para Basra, desapontado porque sua educação não seria em inglês.[6] Ele estudou muito para se qualificar para uma bolsa para estudar no exterior, terminando com o 83º lugar no país em um exame.[6] Ele recebeu um convite para ir a Bagdá para ser entrevistado antes que as autoridades distribuíssem os estipêndios. A caminho de Bagdá, decidiu espontaneamente estudar geologia. Na segunda ronda de entrevistas no Ministério da Educação do Iraque, esteve presente um representante da Iraq Petroleum Company.[6] Como estipulação do estipêndio, ele teria que servir dez anos nas forças armadas iraquianas, assim que retornasse.[6]

Estudos na Inglaterra

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Al-Kasim recebeu uma bolsa mensal de 40 dinares para cobrir seus custos de vida e se mudou para Londres para estudar.[6] De Londres, ele viajou para Guildford para obter um Certificado Geral de Educação no Guildford Technical College.[6]

Após passar pelo exame, Al-Kasim viajou para Londres para fazer o nível avançado do certificado na Chelsea Polytechnic.[6] Durante suas férias no Iraque,[6] ele foi aceito na Royal School of Mines do Imperial College London, onde foi um dos seis alunos de sua turma.[6]

Em 1956, Al-Kasim foi apresentado a uma mulher da Noruega,[6] Solfrido Meek.[7] Depois de se apaixonar por ela, ele enviou uma carta para sua família em Basra. Embora o pai não rejeitasse o relacionamento, ele pediu-lhe que reconsiderasse: “Quando você tiver filhos, eles ficarão divididos entre duas culturas diferentes”.[6] Em janeiro de 1957, eles ficaram noivos.[6] Em 2 de julho de 1957, o casal se casou em Londres.[7] Depois que Al-Kasim terminou seus estudos, os dois viajaram para Åndalsnes, cidade natal de Meek, durante as férias de verão.[6]

Retorno ao Iraque

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Após terminar seus estudos de geologia do petróleo na universidade, Al-Kasim retornou ao Iraque com sua esposa.[8] Eles viviam nos arredores de Basra.[9] Pouco tempo depois, ele começou a trabalhar para a Iraq Petroleum Company.[8] Ele teve três filhos com sua esposa no Iraque, dois garotos e uma garota.[5] Após seu retorno ao Iraque, ele foi obrigado a servir dez anos no exército para pagar sua educação gratuita em Londres, mas com o passar do tempo, ele começou a ficar mais cauteloso com o governo.[3]

Vida na Noruega

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Em 1968, Al-Kasim e sua família deixaram o Iraque por necessidades médicas de seu filho. Decidir ir à Noruega, pois era o único país a oferecer os cuidados de que seu filho precisava[8] por ter nascido com paralisia cerebral.[5]

Em 1968, o Ministério da Indústria da Noruega contratou Al-Kasim como consultor. Seu trabalho inicial foi analisar os resultados da exploração do Mar do Norte. Ele e seus colegas desenvolveram um artigo destacando o papel importante da participação do Estado. Este trabalho levou a uma lei, aprovada por unanimidade, resultando na criação de uma Direção Norueguesa de Petróleo e de uma empresa nacional, a Statoil (renomeada para Equinor).[8]

Al-Kasim foi definido como diretor de gestão de recursos da Direção Norueguesa de Petróleo e recebeu o mérito pelo elevado nível de extração de petróleo dos diferentes campos – atingindo 45% em comparação com 25% em todo o mundo, estimulando a taxa de desenvolvimento tecnológico.[8]

Referências

  1. a b Vianna, Brana (2011). «O iraquiano que foi para o frio». Revista Piauí. Consultado em 10 de agosto de 2024. Cópia arquivada em 15 de março de 2024 🔗 
  2. «Farouk Al-Kasim honoured at Ledaal». www.npd.no (em inglês). Consultado em 2 de fevereiro de 2020. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2020 
  3. a b Even Bøe, Arnt (2015). «Statens oljepionerer». Time is Money: Historien om hvorledes Norge sikret seg eiendomsretten til Nordsjø-oljen, men holdt på å miste Ekofisk. Og om de statlige oljepionerene som har æren for at Norge er et av verdens rikeste land. (em Norwegian Bokmål). [S.l.]: Wigestrand. ISBN 978-82-8140-194-5 
  4. Tonstad, Per Lars (26 de março de 2020). «Farouk al-Kasim». Great Norwegian Encyclopedia (em norueguês bokmål). Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  5. a b c Letvik, Tore (2 de setembro de 1989). «Norsk oljedirektør med erfaring fra Irak: - Norge smilte tilbake» [Norwegian Oil Director with Experience from Iraq: "Norway Smiled Back"]. Helgeland Arbeiderblad (em Norwegian Bokmål). 60. p. 19 
  6. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Tonstad, Per Lars (2010). Farouk Al-Kasim: Hemmeligheten bak det norske oljeeventyret (em Norwegian Bokmål). [S.l.]: Tun Forlag. ISBN 978-82-529-3327-7 
  7. a b «Ekteskap» [Marriage]. Åndalsnes Avis (em Norwegian Bokmål). 32. 4 de julho de 1957. p. 2 
  8. a b c d e Sandbu, Martin (29 de agosto de 2009). «The Iraqi who saved Norway from oil». www.ft.com. Financial Times. Consultado em 2 de agosto de 2020. Arquivado do original em 23 de janeiro de 2010 
  9. «Fra Romsdalens vintergrep til Iraks sol og varme» [From the Winter Grip of Romsdalen to the Sun and Warmth of Iraq]. Ånddalsnes Avis (em Norwegian Bokmål). 35. 21 de janeiro de 1960. pp. 2–3