Guy Veloso
Guy Veloso | |
---|---|
Nascimento | 22 de outubro de 1969 (55 anos) Belém, PA Brasil |
Ocupação | Fotógrafo |
Página oficial | |
Website |
Guy Veloso (Belém, Pará, 1969) é um fotógrafo documental e professor brasileiro.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Guy Benchimol de Veloso nasceu em 1969 e trabalha em Belém-PA. É formado em Direito. Dá workshops e palestras no país e exterior. Possui diversas publicações nacionais e internacionais. Em 2011 foi curador-chefe de Fotografia Contemporânea Brasileira na 29ª Bienal Europalia Arts Festival, em Bruxelas na Bélgica.[2] Participou em 2017 da 4th Biennial of the Americas com exposição individual no Museo de las Americas, Denver-EUA. No trabalho "Penitentes - dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo", fotografou 204 grupos religiosos laicos - muitos deles até então secretos - entre 2002 e 2019, sendo o primeiro pesquisador a provar a ocorrência dessas singulares manifestações (também chamadas de "Encomendação das Almas) nas 5 Regiões do país, com livro lançado em 2020.
"Penitentes" participou da 29ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo[3]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Guy Veloso é fotógrafo desde 1989. Sua obra faz parte do acervo de várias instituições espalhadas pelo mundo como "Essex Collection of Art from Latin America" pertencente à Universidade de Essex, Inglaterra[4] ; "Coleção Nacional de Fotografia", Centro Português de Fotografia no Porto[5]; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Coleção Joaquim Paiva); Museu de Arte Moderna de São Paulo[6]; MAR-Museu de Arte do Rio e também o MASP- Museu de Arte de São Paulo (Coleção Pirelli).[7]
O tema principal de suas fotografias é a religiosidade brasileira [8] . Retratou procissões e cerimônias religiosas das cinco regiões do Brasil e até no exterior, como no caminho de Santiago de Compostela na Espanha e também na Índia[9] , quando teve a oportunidade de fotografar o líder religioso Sathya Sai Baba e o 14º Dalai Lama.[10]
Representou o Brasil em diversas mostras no exterior.
Em 2016 lançou o livro "Guy Veloso", Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira, Vol VI, curadoria de Eder Chiodetto, Editora Ipsis. Já em 2019, o livro[11] Penitentes - dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo (disponível também em pdf link), com curadoria de Rosely Nakagawa, resultado da Bolsa Itaú Cultural. "Penitentes" que recebeu o Prêmio Jabuti de "melhor capa", tendo sido também finalista em "melhor livro de artes".
Críticas
[editar | editar código-fonte]- "A fotografia de Guy Veloso desdobra-se em ângulos de captura da cena de exercício da fé. O conjunto transita entre a interioridade do ser, o êxtase e o corpo em estado de sublimação. Se é possível rezar sem entender as palavras (Derrida), em Veloso o espectador, não importa sua religião, comunga dos momentos de encontro com o sagrado. Contra as primazias e fundamentalismos religiosos, o artista aponta para a etimologia da palavra religião e a ideia de “religar” os homens acima de seus conflitos – Paulo Herkenhoff, 2012, Arte Pará.
- Já não é o corpo tomado, mas o próprio corpus de imagens que se transfigura em olhar. Daí, a experiência da arte de Veloso ser o encontro com um corpus em êxtase – Paulo Herkenhoff, curador. Catálogo da mostra Pororoca, MAR-Museu de Arte do Rio, 2014. Texto na íntegra.
- Moacir Dos Anjos, curador, “fica transparente esta relação ambígua entre o que é devoção e o que é violência” (Programa Artes Visuais Brasil, SESC TV, 2011). Semelhante entendimento tem o curador Paulo Miyada: “Suas fotografias exploram gestos e feições limítrofes, muito próximas do esgotamento físico, da dor, do delírio e da paixão” (texto da mostra “É preciso confrontar as imagens vagas com os gestos claros”, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo-SP, 2012).
- Segundo o curador Rubens Fernandes Junior: “as imagens de Guy Veloso surpreendem pelo non sense, pelo surreal, pela completa dissonância entre o mundo real e o outro mundo”. Orlando Maneschy, fotógrafo e pesquisador, completa: “Veloso nos conduz por um país estranho, fascinante e sensual”.
- A fotografia de Guy Veloso nasce de sua discrição em infiltrar-se e cultivar intimidades – Catálogo da 29ª Bienal de São Paulo/2010. Leia texto na íntegra.
- O Jornal O Estado de S. Paulo, também teceu comentários sobre a obra fotográfica de Guy Veloso, vejam no artigo de Simonetta Persichetti: Do Brasil, convém ressaltar o paraense Guy Veloso, que apresenta as suas fotografias de fé. Não uma fé dogmática ou sistemática, mas a que transparece em imagens surreais e fascinam pelo desconforto que nos causam. De toda forma, quanto mais se discute o papel da fotografia no mercado da arte, mais ela se afirma e se fixa em sua função documental.[12]
- "Penitentes de Guy Veloso reúne imagens com uma força que transcende a fotografia" – Revista ARTE! Brasileiros, no. 07, Destaques da Bienal, 2010..
- “É como se não estivéssemos mais vendo fotografias ‘sobre’ algo mas a coisa em si”, discorre Eder Chiodetto, fotógrafo e curador (livro Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira, SESC Belenzinho, São Paulo-SP, 2011).
- A fotografia deixa de ser apenas um suporte onde se grava impressões, para se tornar extensão da sua imersão profunda nesse universo. Deixa de ser relato de mão única para ser a expressão legítima e dialógica de um encontro com o outro, com o inominável, com o divino – Eder Chiodetto, curador, livro da Coleção Ipsis de Fotografia Contemporânea Brasileira, Vol. 06, Guy Veloso, 2016.
- (Sobre "Penitentes") Ao longo do período de documentação, o fotógrafo ganhou a confiança dos adeptos, conseguindo registrar cem grupos em momentos de profunda introspecção dos devotos, em condições de luz escassa que pouco iluminam suas práticas madrugadas adentro – Rosely Nakagawa, curadora. Revista Brasileiros, 2010.
- Em Veloso, vemos como, através do corpo, instaura-se a presença de vibrações intensivas intempostíveis, a partir da devoção e da crença religiosa – Isabel Diegues. Livro Outras Fotografias na Arte Brasileira Séc. XXI, editora Cobogó, 2015.
- As cenas existem, mas a imagem, a estética é própria de Guy Veloso que potencializa o real lançando-o no limite do medo – Marisa Mokarzel, curadora, 2011 texto completo.
- Há uma ambiguidade de sentido na representação (...) que evocam o clima de insegurança tão presente no mundo globalizado – Angela Magalhães e Nadja Peregrino, curadora, texto da mostra Un Certain Brasil, Pinghyao Festival, China, 2010.
- "O fotógrafo parece ser parte da situação, sem lançar um olhar estrangeiro sobre ela. Cores, contrastes e pontos desfocados evidenciam aspecto imaginário da festa" – Jornal O Globo, 23 de setembro de 2012.[13]
- No Vale do Amanhecer, fiéis se vestem como reis e rainhas. Guy Veloso extrai dessa devoção alegórica um preto e branco faiscante, luz que estoura os limites da fotografia e parece descascar a película até o pó de prata. Veloso registrou homens e mulheres de um dos templos da doutrina. Olhos abertos formam um contraponto entre a crueza da fotografia e a teatralidade barroca da comunidade religiosa. São olhares em êxtase que ultrapassam os limites desse claro-escuro, numa vertigem quase colorida – Silas Martí, sobre a 18ª edição da Coleção Pirelli-MASP, Jornal Folha de S.Paulo, 2010.
- As imagens de Guy Veloso captam um momento no tempo em que a fé, a consciência e o corpo se tornam um através de rituais. A documentação fotográfica dos rituais interrompe nossa realidade urbana contemporânea, convocando outra realidade mais antiga para a ação no final do mundo. Ao experimentar a realidade de Veloso, tornamos penitentes nós mesmos, embora de diferentes hemisférios – Maruca Salazar, curadora. 4th Bienial of the Americas, Denver-EUA, 2017.
- "Não são obras sobre o transe, mas obras-transes" - Matilde dos Santos, curadora, França - texto completo (port/francês).
- Expoente do movimento testemunhal do Brasil, a obra de Guy Veloso resgata boa parte daquelas questões que fazem a identidade dos povos da América Latina (...). Isto o conduziu a ser reconhecido em seu país e no exterior, com uma obra sólida, reveladora e com grandes valores estéticos – Revista Fotomundo, Argentina, 2008.
- O fotógrafo parece ser parte da situação, sem lançar um olhar estrangeiro sobre ela. Cores, contrastes e pontos desfocados evidenciam o aspecto imaginário da festa – Audrey Furlaneto, jornal O Globo (sobre fotos de Candomblé na exposição Documental Imaginário, Oi Futuro, Rio de Janeiro-RJ), 23.07.2012.
- É impossível não intuir o cheiro da poeira e da terra pisadas pela multidão, o clamor de benditos e ladainhas elevando-se das imagens dramáticas e sofridas. (...) É o retrato granulado de uma redenção que não se consuma, de um Purgatório que continua ardendo, de um fim dos tempos que não se acaba – José de Souza Martins, sociólogo. Zum – Revista de Fotografia, Instituto Moreira Salles, 2012.
- “Qual a fronteira entre a fotografia documental e a artística? Com Robert Capa, já não se podia traçar a linha, e com Guy Veloso também não é simples. No entanto, recentemente, o trabalho do paraense foi vetado por um importante site por supostamente não se tratar de arte. Seu apuro formal, as cores febris e o enquadramento dramático realçam a expressão, mais do que a informação, mas nem por isso convenceu a todos os críticos. Podemos inferir que tal rejeição se deva ao fato de Guy Veloso aparentemente aderir à religiosidade que retrata, em vez de analisá-la com olhar crítico. O transe fotográfico de Veloso concilia-se com o transe religioso, levantando uma questão que não é apenas teológica. A arte deve nos convidar a um estado de enlevo, como o frenesi do fiéis, ou a um olhar reflexivo, de uma distância estratégica? Ou, talvez, ambos, simultaneamente"?” – Rafael Campos Rocha, Revista DAS ARTES, Ed. Outubro de 2010.
- O transe, o movimento do corpo, a movimentação do grupo de onde a cena emerge e, rapidamente imerge, o ato social. Tudo é motivo de atenta investigação que ultrapassa o mero documentar – Armando Queiroz, curador-assistente do 33º Arte Pará (sobre mostra “Entre dois mundos: Pierre Fatumbi Verger e Guy Veloso” - fotógrafo homenageado).
Exposições Coletivas (seleção)
[editar | editar código-fonte]- 1989 - Teatro da Paz, Belém, Pará
- 1993 - Galeria IBAC de Fotografia, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
- 1996 - Casa da Fotografia Fuji de São Paulo, curadoria Rosely Nakagawa, São Paulo
- 1996 - Museu da República, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
- 1996 - 1ª Bienal Internacional de Fotografia, Curitiba, Paraná
- 1996 - Galeria Funarte de Fotografia do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
- 1999 - 2º Foto Norte, Museu de Arte do Estado, Belém, Pará
- 1999 - Nikon Photo Contest, Tóquio, Japão
- 1999 - 5º Mês da Fotografia de Quito, Equador
- 1999 - Instituto Cultural Brasileiro de Berlim, Alemanha
- 2000 - Centro Português de Fotografia, Porto, Portugal[5]
- 2004 - Firstsite Gallery, Colchester, Inglaterra
- 2005 - Une Certain Amazonie. Bibliothéque Saint John, Saint-Denis,França
- 2007 - Act of Faith. 13º. Noorderlicht Photofestival, Groningen, Holanda
- 2007 a 2009 - Imágenes de este Lado del Mundo. Red Cultural del Mercosur (Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Brasil e Bolívia.
- 2008 - Modern Photographic Expression of Brazil, Yokohama, Japão
- 2008 - Miradas del Mundo. Pamplona-Espanha (2008), produção UNESCO. Curadoria Alejandro Castellote.
- 2010 - Abdijmuseum Ten Duinen, Bélgica
- 2010 - "Série Penitentes" 29ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo[14]
- 2011 - "GERAÇÃO 00 – A Nova Fotografia Brasileira", curador Eder Chiodetto no Sesc Belenzinho em São Paulo-SP [15]
- 2012 - 31º Salão Arte Pará (artista convidado)[14]
- 2014 - "Entre Dois Mundos: Pierre Fatumbi Verger e Guy Veloso," Casa das 11 Janelas, Belém-PA, 2014. Curadoria Paulo Herkenhoff e Armando Queiroz.
- 2015 - “Horizonte Generoso”, Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro-RJ. Curadoria Bernardo Mosquera.
- 2016 - "Orixás". Casa França Brasil, Rio de janeiro-RJ. Curadoria Marcelo Campos e Laura Cosendey
- 2017 - “Feito Poeira ao Vento”, MAR-Museu de Arte do Rio de Janeiro, 2017. Curadoria Evandro Salles
- 2018 - “Terra em transe”, MAC-Museu de Arte Comtemporânea Dragão do Mar, Fortaleza-CE, Solar Foto Festival. Curadoria Diógenes Moura.
- 2018 - “Vadios e beatos”, Galeria da Gávea, Rio de Janeiro-RJ, curadoria Marcelo Campos, 2018.
- 2020 - “Rua!”, MAR-Museu de Arte do Rio de Janeiro-RJ.
- 2020 - “Clube de colecionadores de fotografia do MAM – 20 anos”. Museu de Arte Moderna de São Paulo-SP, 2020. Curadoria Eder Chiodetto.
Principais Mostras Individuais
[editar | editar código-fonte]- 2007 - Penitents: world ends ritual of faith. Museo de las Americas, Denver-EUA. Curadoria Maruca Salazar. Mostra participante da 4th Biennial of the Americas.
- 2010 - ALQUIMIA: Espaço Cultural Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro-RJ
- 2010 - Pavilhão das Artes – Palácio da Instrução, Cuiabá-MT
- 2008 - III Bienal Argentina de Fotografia Documental, Tucumán-Argentina
- 2007 - Galeria do Conselho- Festival Agosto da Fotografia, Salvador-BA
- 2006 - Leica Gallery, Solms-Alemanha[16]
- 2006 - Galeria Fidanza, Museu de Arte Sacra de Belém-PA
- 2006 - II Fotoamerica - Festival Chileno de Fotografia, Santiago-Chile
- 2005 - Teatro Nacional, Fotoarte Brasília (Festival of Light), Brasília-DF[16]
Referências
- ↑ «Guy Veloso». Foto em cena. Consultado em 29 de Dezembro de 2013. Arquivado do original em 30 de dezembro de 2013
- ↑ «Fotógrafos Paraenses expõem na Bienal Europalia». Guia Art. Consultado em 15 de Janeiro de 2014
- ↑ «Guy Veloso: Dez anos de Penitências». Photo Channel. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ «Penitentes (2002)». Essex Collection of Art from Latin America. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ a b «Kamara Kó Galeria». Artistas Kamara Kó Galeria. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ «Acervo do MAM-SP». MAM-SP. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ «Guy Veloso». Museu de Arte de São Paulo. Consultado em 2 de Dezembro de 2013
- ↑ «Em imagens, o mistério da fé». Diário Contemporâneo. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ «Fotos na Índia» (em inglês). All Travels. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ «Índia». Photo Channel. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ VELOSO,Guy Penitentes - dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo, 2017. Ed. Tempo dImagens
- ↑ «Uma Questão de Imagem». Jornal O Estadão. Consultado em 25 de Janeiro de 2013
- ↑ «Mostra Documental Imaginário destaca o Realismo Fantástico em imagens contemporâneas». Jornal O Globo. Consultado em 25 de Janeiro de 2014
- ↑ a b «Exposição de Guy Veloso desconstrói distâncias entre religiões». G1 Portal de Notícias da Globo. 16 de Outubro de 2012. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ «GERAÇÃO OO: Livro organizado por Eder Chiodetto destaca fotógrafos brasileiros». Portal Photos. 18 de Novembro de 2013. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
- ↑ a b «Guy Veloso expõe na Alemanha». Revista MUSEU. 4 de Maio de 2006. Consultado em 30 de Dezembro de 2013
Ligações Externas
[editar | editar código-fonte]- Livro Penitentes - dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo, de Guy Veloso. Curadoria Rosely Nakagawa.
- Trabalho Científico de Afonso Medeiros da Universidade Federal do Pará sobre a fotografia paraense, entre estes Guy Veloso
- Livro "Guy Veloso", Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira, Vol VI. Editora Ipsis, 2016. Curadoria Eder Chiodetto.
- Artistas participantes da 29ª Bienal Internacional de São Paulo
- «Festival de la luz 2006 "Realidad (i)realidad"» (em espanhol). In XIV Encuentros Abiertos: festival de la luz 2006 editado pelo Gobierno de la ciudad de Buenos Aires, 2006 - 238 páginas
- «Fotografia brasileira nos séculos XIX, XX e na alvorada do XXI». Fotografia no Brasil: um olhar das origens ao contemporâneo editado em 2004 pela Fundação Nacional de Arte FUNARTE, Ministério de Cultura
- «Site Oficial de Guy Veloso»
- Coleção «Pirelli Masp de fotografia» Verifique valor
|url=
(ajuda)