Hipérpiro
Hipérpiro[1] (em grego: νόμισμα ὑπέρπυρον; romaniz.: hyperpyron; plural: hyperpyra) foi uma moeda bizantina em uso durante o final da Idade Média, substituindo o soldo como a cunhagem de ouro do Império Bizantino.
História
[editar | editar código-fonte]A tradicional moeda de ouro do Império Bizantino foi o soldo ou nomisma, cujo teor de ouro tinha permanecido estável em 24 quilates por sete séculos e foi consequentemente altamente valorizada. Dos anos 1030, contudo, a moeda estava cada vez mais desvalorizada, até nos anos 1080, seguindo os desastres militares e guerras civis da década anterior, seu teor de ouro foi reduzido a quase zero.[2] Consequentemente, em 1092, o imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) realizou uma drástica revisão do sistema de cunhagem bizantina e introduziu uma nova moeda de ouro, o hipérpiro (significa "super-refinada"). Este era do mesmo padrão de peso (4.45 gramas) do soldo, mas de menor teor de ouro (20.5 quilates ao invés de 24) devido à reciclagem de moedas anteriores degradadas.[3][4]
O hipérpiro permaneceu o padrão da moeda de ouro até as moedas de ouro deixarem de ser cunhadas pelos bizantinos em meados do século XIV. Também, contudo, esteve sujeita a gradual degradação: sob o Império de Niceia (1204-1261), seu teor de ouro caiu gradualmente de 18 quilates, sob Miguel VIII Paleólogo (r. 1285–1328) para 12 quilates. Ao mesmo tempo, a qualidade das moedas declinou também, e no século XIV, o peso delas estava longe de ser uniforme.[5] Os últimos hipérpiros, e assim as últimas moedas de ouro bizantinas, foram cunhadas pelo imperador João VI Cantacuzeno (r. 1347–1352). O nome permaneceu em uso depois disso apenas como unidade de conta, dividido em 24 quilates.[6][7]
O nome foi adotado de várias formas pelos europeus ocidentais (em latim: perperum; em italiano: perpero) e países eslavos dos Bálcãs (perper, iperpero, etc.) designando várias moedas, geralmente de prata, bem como unidades de conta.[8] Mais frequentemente no ocidente o hipérpiro foi chamado de besante, especialmente entre os mercadores italianos. No começo do período Comneno, o hipérpiro foi o equivalente de três traqueia de eletro, 48 traqueia de bilhão ou 864 tetarteros de cobre, embora com a degradação dos traqueia eventualmente veio a valer 12 traqueia de eletro e 288 para 384 traqueia de bilhão.[9] No século XIV, o hipérpiro equivalia 12 das novas basílicos de prata, 96 torneses, 384 traqueia de cobre e 768 assaria de cobre.[10]
Referências
- ↑ Egea, p. 488.
- ↑ Grierson 1999, p. 10.
- ↑ Grierson 1999, p. 11.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 964.
- ↑ Grierson 1999, p. 11–12.
- ↑ Grierson 1999, p. 12.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 964–965.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 965.
- ↑ Grierson 1999, p. 44.
- ↑ Grierson 1999, p. 45.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Egea, José M. La crónica de Morea. [S.l.]: Editorial CSIC - CSIC Press. ISBN 840007615X
- Grierson, Philip (1999). Byzantine Coinage. Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks. ISBN 978-0-88402-274-9
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8