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Língua crow

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Crow

Apsáalooke aliláau

Falado(a) em: Estados Unidos
Região: Montana
Total de falantes: 4.350 (2000)
Família: Sioux
 Sioux Ocidental
  Sioux Missouri
   Crow
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: cro

Crow (nome em Crow: Apsáalookěi IPA sio|ə̀ˈpsáːɾòːgè) é uma língua sioux do vale do rio Missouri falada hoje e primariamente pelos Crows no sudeste de Montana, Estados Unidos. Essa é uma das línguas de populações indígenas das Americas que tem mais falantes, com 4.280 registrados no Censo americano de 1990. [1]

A língua Crow é muito relacionada à Hidatsa falada pela tribo Hidatsa dos Dakotas, sendo que as duas são as únicas sobreviventes dentre os idiomas “Sioux do vale do rio Missouri” (Crow-Hidatsa). [2][3] A língua ancestral das Crow-Hidatsa pode ter se originado da primeira divisão das Proto-Sioux. Crow e Hidatsa não são mutuamente inteligíveis, mas compartilham muitos aspectos de fonologia, morfologia, sintaxe e cognatos. A separação das duas deve ter ocorrido há cerca de 300 a 800 anos.[4][5][6]

Conforme Ethnologue (dados de 1998), 77% dos Crows acima de 66 anos, alguns pais e adultos mais velhos, poucos estudantes e nenhuma criança da pré-escola falavam a língua. 80% dos Crow prefere falar a língua inglesa.[1] A língua foi classificada como “definitivamente em perigo de extinção” pela UNESCO em 2012.[7]

Porém, R. Graczyk diz em sua A Grammar of Crow (2007) que "de forma diversa de muitas outras língua nativas da América do Norte em geral e em particular daquelas da planície setentrional, a língua Crow tem uma considerável vitalidade: há falantes fluentes de todas as idades e pelo menos algumas crianças estão tendo o Crow como sua primeira língua." Muitas das pessoas mais jovens que não falam o Crow podem compreendê-lo. Quase todos os que falam a língua também falam o inglês. [8] O contato com não-índios na reserva durante centenas de anos levou a um grande uso da língua inglesa na comunidade. Porém, a língua e a cultura Crow se preservaram por meio de tradições religiosas e do sistema de clãs.


A língua Crow usa o alfabeto latino ensinado por missionários com as seguintes características:

  • Vogais – a, e, i, o, u – para indicar vogais longas as mesmas são representada duplicadas. Para marcar os tons, o tom alto é marcado á / áá; o tom decrescente á marcado áa; o tom baixo não tem marcação
  • Consoantes – Em função da pobre fonologia Crow, não são usadas as consoantes c, f, g, j, q, r, v, y, z – mas existem Ch, Sh, ?.

São cinco as vogais em crow, que podem ser longas ou curtas, com exceção das vogais mediais.

   Vogal Curta   Vogal Longa 
 Anterior   Posterior   Anterior   Posterior 
 Fechada (alta)  i u
 Medial 
 Aberta (baixa)  a
 Ditongo  ia ua

Há ainda um ditongo marginal , ea [ea] que só ocorre em duas raízes nativas do crow: déaxa 'claro' and béaxa 'intermitente'.

Crow tem um inventário bem reduzido de consoantes, no que se assemelha a outras línguas das Grandes Planícies.

Labial Alveolar Palatal Velar Velar labializada Glotal
Plosiva Plana surda p t ch [tʃ] k (ʔ)
Sonora (b) (d)
Fricativa Surda s sh [ʃ] x h
Nasal oclusiva m n
Aproximante Lateral (l)
Semivogal (w) [w]

As plosivas oclusivas são aspiradas quando no início de palavras, no final das mesmas, quando geminadas (ex. [ppʰ]) e quando seguem outra oclusiva (ex. [ptʰ]). Oclusivas em dígrafos com h tal em radical inicial (hp, ht, hk) não sã aspiradas e são relaxadas. Geminação em oclusivas somente ocorre entre vogais. Uma consoante oclusiva sozinha entre vogais, não geminada é relaxadas, não aspirada e geralmente sonora. A diferença entre as oclusivas sonoras b e d (alofones de m e n) e as surdas é percebida com dificuldade quando seguindo uma fricativa, pois ambas são relaxadas e não aspiradas. O fonema k tem um alofone palatizado [kʲ] que ocorre depois de i, e, ch, sh, muitas vezes no final da palavra.

As fricativas são tensas, sendo relaxadas somente entre vogais. O sh palatal é frequentemente sonoro entre vogais, onde o s é por vezes também sonoro; o x nunca é sonoro. A fricativa alveolar /s/ tem o alofone opcional /h/ no início de frase.

  • sáapa "o que" > [háapa]
  • sapée "quem" > [hapée]

Os sonoros fortes /m/ e /n/ têm três alofones: w e l quando entre vogais, e b e d no início de palavras e quando seguem uma obstruente. São m e n em todas demais condições. Na fala mais convencional, l é percebido como um r vibrante, porém, nos demais casos é percebido mesmo como l, talvez devido à influência da língua inglesa. O b quando no início de palavras é opcional para /m/, mas o b é de uso mais frequente. A glotal forte /h/ assimila a nasalização do segmento seguinte, mas mantém sua característica surda. Quando segue i ou e ou segue ch, /h/ pode ser percebida como fricativa alveolo-palatal.

Amostra de texto

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Pai Nosso em Crow


Min-upguá akmakukuré danashé izshíu,

andibabazéze máre hîi, ba-an-da-nas'-dó-díu makukuré,

arakóte amé áken kuh marakotîi.

Maré mapam-barú sua hinné mapé mirikiú míru baskotáo arakavirét bavíavuk,

Dih maré arakiverétta mirikiú: arakavía maré diazíssa,

bagavía gagúá maré hizíssa.

Kótak.

  1. a b Ethnologue
  2. Silver and Miller 1997: 367.
  3. Graczyk, 2007: 2
  4. Graczyk, 2007: 2-3.
  5. Matthews, 1979: 113-25.
  6. Hollow and Parks, 1980: 68-97.
  7. UNESCO Atlas of the World's Languages in danger - 2012-09-29 [1]
  8. Graczyk, 2007: 1.
  • Graczyk, R. 2007. A Grammar of Crow: Apsáaloke Aliláau. Lincoln, NE: University of Nebraska Press.
  • Hollow, R.C., Jr.; Douglas R. Parks. Studies in Plains linguistics: a review. In Anthropology on the Great Plains, ed. W. Raymond Wood and Margot Liberty. Lincoln, NE: University of Nebraska Press.
  • Kaschube, D.V. 1978. Crow Texts. IJAL-NATS Monograph No. 2. Chicago, IL: University of Chicago Press.
  • Kaschube, D.V. 1963. Structural Elements of Crow. Doctor of Philosophy Dissertation, Department of Anthropology, Indiana University, June 1960. Ann Arbor, MI: University Microfilms.
  • Kaschube, D.V. 1967. Structural Elements of Crow. Boulder, CO: University of Colorado Press.
  • Lowie, R.H. 1945. The Crow Language: Grammatical Sketch and Analyzed Text. American Archaeology and Ethnology, 39 (1942–1945):1-139. Berkeley and Los Angeles, CA: University of California Press.
  • Lowie, R.H. 1960. Crow Texts. Berkeley and Los Angeles, CA: University of California Press.
  • Lowie, R.H. 1960. Crow Word Lists. Berkeley and Los Angeles, CA: University of California Press.
  • Matthews, G.H. 1979. "Glottochronology and the separation of the Crow and Hidatsa." In Symposium on the Crow-Hidatsa Separations, ed. by Leslie B. Davis. Bozeman, MT: Montana Archaeological Society.
  • Silver, S. & W.R. Miller. 1997. American Indian Languages: Cultural and Social Contexts. Tucson: The University of Arizona Press.

Ligações exeternas

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