Magistério Mutu-ya-Kevela
Magistério Mutu-ya-Kevela | |
---|---|
MMK | |
Edifício Liceu Salvador Correia (ao fundo), sede da Escola Mutu-ya-Kevela, em 2008. | |
Informação | |
Localização | Angola |
Tipo de instituição | Escola pública |
Abertura | 22 de fevereiro de 1919 (105 anos) |
Número de estudantes | 6 000 (2008) |
O Magistério Mutu-ya-Kevela (MMK) é uma instituição de ensino angolana, sediada na cidade de Luanda. Oferta ensino médio-técnico e superior.
Tendo sido fundada no início do século XX, é uma das mais antigas instituições de ensino do país. Grande parte da elite intelectual do pais passou por esta instituição.
Mutu-ya-Kevela, que empresta o seu nome à escola, foi um líder militar bailundo que promoveu a maior revolta nativista do continente africano contra o poder colonial antes da Primeira Guerra Mundial.[1]
Histórico
[editar | editar código-fonte]A tradição académica da Escola Mutu-ya-Kevela geralmente aceite que, a 25 de abril de 1890, cerca de trinta jovens da capital angolana,[2] resolveram numa assembleia na casa de Caetano Vieira Dias enviar um requerimento solicitando ao então governador de Angola a possibilidade da criação de um "Liceu Nacional" em Luanda. O requerimento foi entregue, porém a resposta nunca foi dada. Estava, no entanto, dada a partida para a luta pela implantação desta escola, que tornar-se-ia um marco na história educacional de Angola.[3]
Fundação
[editar | editar código-fonte]Então, a 22 de fevereiro de 1919, a portaria n.º 51 do Governo-Geral de Angola, assinada pelo governador-geral Filomeno da Câmara de Melo Cabral, criou o Liceu Central de Luanda.[4]
A 13 de dezembro de 1923, o ministro das Colónias, Mariano Martins, equipara o Liceu Central de Luanda ao regime jurídico dos liceus da metrópole, por meio da lei n.º 1.511, passando a ser oficialmente denominado de Liceu Nacional Salvador Correia.[4]
A 17 de julho de 1937, foi adquirido um terreno e uma casa nele construída, situado na Avenida Brito Godins em Luanda, para aí ser edificado o futuro Liceu. O projeto foi elaborado pelo arquiteto José Costa e Silva. As obras começaram a 15 de novembro de 1938 e a inauguração da nova sede ocorreu a 5 de julho de 1942.[2]
Pós-independência
[editar | editar código-fonte]Após a independência, o governo de Angola mudou o nome da instituição, em 1975, para Escola Mutu-ya-Kevela (EMK), em honra ao nome de Mutu-ya-Kevela, grande líder militar do Reino Bailundo.[1]
Em 2008, em função do estado de degradação em que se encontrava o edifício, a EMK foi desativada temporariamente,[5] sendo que os seus alunos foram transferidos para várias escolas de Luanda, sendo elas: Escola Primeiro de Maio, Escola Ngola Kanine, Escola Nzinga Mbandi e Escola Ngola Kiluange.[6]
Em fevereiro de 2018 o Centro Pré-Universitário (PUNIV) foi fundido com a EMK para dar origem ao Magistério Mutu-ya-Kevela (MMK),[7] e; em abril de 2018, as aulas foram retomadas na nova Mutu-ya-Kevela, ganhando a atribuição de formação de professores para o pré-escolar, ensino primário e I ciclo do ensino secundário.[8][9]
Pessoas notáveis
[editar | editar código-fonte]Pelas salas de aula da MMK passaram alunos como Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola, e José Eduardo dos Santos, o mais longevo chefe de Estado do país, entre milhares de angolanos e portugueses que ali fizeram os seus estudos ao longo de várias décadas.[5]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]O Edifício Liceu Nacional Salvador Correia, sede do Magistério Mutu-ya-Kevela, considerado como a expressão máxima do poder do Estado Novo na época de sua construção[10], foi classificado como monumento nacional pelo despacho n.º 47, de 8 de julho de 1992.[8]
Referências
- ↑ a b Kandimba, Aristóteles Totti (12 de fevereiro de 2012). «Estudar é um dever Revolucionário 2: Bula Matadi e Mutu-YA-Kevela». Blogue Kandimba
- ↑ a b Cruz, Sousa Mora (junho de 2003). «Das Origens do Liceu Salvador Correia». O Estudante. 1 (3)
- ↑ Águaboa, Eduardo (2015). Taras de Luanda. Lisboa: Chiado Editora. ISBN 978-989-51-4401-3
- ↑ a b Pinto, Alberto Oliveira. 2008-2009-2010. «A estátua de Salvador Correia de Sá em Luanda: a cidade alta, o poder colonial luso-brasileiro e o mito da "restauração"». São Paulo: Universidade de São Paulo. África: Revista do Centro de Estudos Africanos. 29-30: 101-128
- ↑ a b «Angola: Escola Mutu-ya-Kevela será entregue a comunidade estudantil em 2017». Agência Angola Press. 22 de agosto de 2015
- ↑ «Alunos do Mutu ya Kevela enquadrados em outras instituições de ensino». Agência Angola Press. 10 de fevereiro de 2009
- ↑ Administrador (1 de fevereiro de 2018). «PUNIV e Mutu Ya Kevela fundem-se numa única escola». Portal Banda
- ↑ a b Silva, Solange da (27 de janeiro de 2017). «Escolas reabrem no próximo ano lectivo». Jornal de Angola
- ↑ «Presidente da República inaugura Magistério Mutu-Ya- Kevela». Agência Angola Press. 24 de março de 2018
- ↑ Martins, Isabel (13 de outubro de 2012). «Liceu Mutu ya Kevela (ex-Liceu Salvador Correia)». Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Magistério Mutu-ya-Kevela». no sítio do Património de Influência Portuguesa, da Fundação Calouste Gulbenkian