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Mergulhia

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Esquema de uma mergulhia de solo simples.

Mergulhia[1] ou mergulhão[2] é o tipo de multiplicação vegetativa ou assexuada artificial[3], que consiste em raspar e ou dobrar um ramo da planta-mãe até o enterrar no solo, de modo a que a parte enterrada ganhe raízes e, uma vez enraizada, se possa separar da planta-mãe, obtendo-se assim uma planta independente.[4][5]

Tipos de Mergulhias

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A mergulhia pode ser realizada de formas distintas, porém, todas elas partem do mesmo princípio essencial: a cobertura parcial ou total do ramo, com solo ou com outro material semelhante, a fim de se proporcionarem condições de humidade, arejamento e ausência de luz, propícias à criação de raízes.[5]

Há dois processos principais de mergulhia: a mergulhia comum ou mergulhia de solo, a qual, como o nome indica é realizada no chão; e a alporquia ou mergulhia aérea, que é realizada fora do solo.[5]

Mergulhias de solo

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Sendo certo que tipo de mergulhias se desdobra numa série de variantes, o conceito base é essencialmente o mesmo e consiste, em fazer um corte parcial num ramo, dobrá-lo em direcção ao solo, prendendo-o com um grampo de metal e cobrindo-o com terra.[4]

O contacto da região do corte com o solo estimula o enraizamento, de tal maneira que, quando este já tiver criado o seu próprio sistema de raízes, o ramo é cortado da planta-mãe.[5]

Mergulhia de solo simples

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A mergulhia de solo simples passa por dobrar o ramo raspado para o solo, sendo que uma parte dele - aquela que fica em contacto com o solo - é fixada por um grampo, por molde a evitar danos às raízes, por exemplo causados pelo vento, e coberta com terra, deixando-se a extremidade do ramo descoberta e em posição vertical.[5]

Depois de o ramo mergulhado ter formado o seu próprio sistema radicular, destaca-se da planta-mãe, podendo fazer-se novo plantio desta nova planta num local definitivo ou num recipiente, de maneira a dar continuidade ao seu desenvolvimento.[5]

Mergulhia simples invertida ou de ponta

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Este método é muito parecido com a mergulhia de solo simples comum, distinguindo-se, contudo, por cobrir a extremidade do ramo com terra.[5] Deste modo, no ramo ocorre uma inversão de polaridade das gemas, as quais, entretanto, acabam por crescer e formar novas plantas.[5]

Após a formação do sistema radicular no ramo mergulhado, procede-se tal como na mergulhia de solo simples: separa-se da planta-mãe e a nova planta é plantada num novo local.[5]

Mergulhia contínua chinesa

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Neste método, dobra-se o ramo, mergulhando-no no solo, de maneira a cobrir a maior extensão possível, ficando apenas de fora a parte apical (ou ponta) do ramo.[5] Isto pode implicar o recurso a vários grampos, para fixar o ramo em quase toda a sua extensão, debaixo da terra.

Com a cobertura do ramo, as suas gemas permanecem sob o solo, o que leva ao rebentamento e formação de novas raízes, originando assim novas plantas, as quais serão, quando estiverem suficientemente desenvolvidas, destacadas da planta-mãe e replantadas num local adequado.[5]

Mergulhia contínua serpenteada

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Este método de mergulhia de solo é semelhante ao anterior, pelo menos no que toca à maneira como o ramo é conduzido ao longo do solo, porém, a cobertura do ramo só é feita em algumas partes do ramo e não em toda a sua extensão.[5]

Desta forma, o ramo fica coberto em certas partes pelo solo, sendo que essas partes estão intervaladas umas das outras, por partes do ramo que ficam a descoberto do solo, formando uma espécie de padrão em ziguezague ou serpenteio, ao longo de toda a extensão do ramo.[5]

Mergulhia de cepa

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Para poder levar a cabo este tipo de método, é preciso primeiramente ter uma planta oriunda de semente ou de propagação vegetativa, seja por estaca ou por mergulhia.[5]

Após o desenvolvimento desta primeira planta, faz-se uma poda drástica do tronco, de forma a que a planta seja estimulada a emitir inúmeros novos rebentamentos.[5] À medida que esses rebentos forem crescendo, vai-se depositando amontoados de terra, sucessivamente, sobre eles. Assim, quando os rebentos estiverem com uma altura entre 10 a 15 centímetros, faz-se a primeira amontoa com terra.[5] De seguida, quando atingirem 20 a 25 centímetros, faz-se a segunda amontoa. Ao passo que a terceira e última amontoa só ocorre, quando os rebentos chegam aproximadamente aos 40 centímetros.[5]

A primeira amontoa deve realizar-se ainda durante a Primavera, de maneira a que se forme um montículo de terra com cerca de 25 a 30 centímetros de altura, por molde a possibilitar um bom desenvolvimento do sistema de raízes da planta.[5] No inverno subsequente, faz-se a separação dos diversos rebentos da planta-mãe, que tiverem formado sistemas de raízes próprios, retirando-se a terra com cuidado para evitar danificá-los.[5]

O corte de separação deve ser feito o mais próximo possível da planta-mãe, a qual deve permanecer descoberta, de maneira a emitir novos rebentos.[5]

Este método só se pode utilizar com espécies com capacidade para emitir gemas como gomos adventícios, uma vez que na poda drástica que é realizada, toda a parte aérea da planta é eliminada.[5]

Mergulhias aéreas ou alporquia

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Ver artigo principal: Alporquia

As mergulhias aéreas ou alporquia[6] (grafias alternativas alporque[7] e alporca[8]) são o método de mergulhia a que se recorre, quando o ramo não pode ser levado até ao solo, seja por este não estar acessível ao ramo, seja por o ramo não ter comprimento ou flexibilidade que permita dobrá-lo até ao solo.[5]

Assim, na alporquia descasca-se parte do ramo, a qual é em seguida circundada com terra e vedado com um plástico escuro ou recipiente.[5] A este ramo alporcado, por vezes, também se dá o nome de alporque[9].

O substrato da terra que rodeia o alporque deve manter-se sempre húmido, pelo que deverá ser irrigado amiúde. Após algum tempo, formar-se-ão, na zona descascada e circundada por terra, várias raízes. [5]

Quando estiver devidamente desenvolvida, pode-se proceder à separação do ramo alporcado do resto da planta-mãe, replantando-o no solo.[5]

A alporquia, por ser uma técnica que se afigura assaz trabalhosa e de baixo rendimento, não se costuma utilizar na propagação em escala comercial de plantas frutíferas. Contudo, pode utilizar-se, com sucesso, para propagação de espécies exóticas e de difícil propagação.[5]

Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  2. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  3. «Reprodução assexuada». RTP Ensina. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  4. a b Peixe, Augusto (2004). Arboricultura I (PDF). Évora: Universidade de Évora. pp. 6–7 
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z Lopes, Violeta Rolim (2022). «Noções básicas de propagação vegetativa». Instituto Nacional Investigação Agrária e Veterinária, I.P., Portugal. Formação Fresan: 22-40. doi:10.13140/RG.2.2.15568.93441. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  6. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  7. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  8. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  9. S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «alporque». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023 
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