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Milagre econômico japonês

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Distrito de Minato Mirai 21 em Yokohama.

O Milagre econômico japonês (高度経済成長 Kōdo keizai seichō?) foi o fenômeno econômico ocorrido no Japão de crescimento econômico recorde após a Segunda Guerra Mundial, impulsionado primeiramente pela assistência dos Estados Unidos e consolidado pelo intervencionismo do governo japonês, em particular por meio de seu Ministério do Comércio e Indústria.[1] Estes acordos deveram-se a fatores geopolíticos como impedir o avanço ideológico da União Soviética e China comunista sobre este país.[2] As características distintivas da economia japonesa durante a "reconstrução econômica" foram: a estreita colaboração de empresas, fabricantes, fornecedores, distribuidores e bancos em grupos chamados keiretsu, os sindicatos de poderosas empresas chamados shuntō; relações estreitas com burocratas do governo, e a garantia de emprego vitalício (shūshin koyo) em grandes empresas e fábricas altamente sindicalizadas.[3] Desde 1993, as empresas japonesas começaram a abandonar algumas dessas normas para aumentar sua rentabilidade e eficiência.

Contribuição estadunidense

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O governo estadunidense desempenhou um papel crucial na reconstrução do Japão do pós-guerra, com a participação efetiva do governo japonês promovendo medidas eficientes de consolidação da recuperação do país. Os Estados Unidos forneceram assistência política e concederam créditos para a reconstrução do país não somente para democratizá-lo, mas também para impedir o ressurgimento do militarismo, do antiamericanismo e a ascensão do comunismo no Japão.[4]

As hostilidades militares na península coreana em 1950 impulsionaram de forma mais forte a economia porque o governo estadunidense interveio de forma mais efetiva sobre a política japonesa.[5] O comércio entre os dois países totalizava 27% do total das exportações do Japão durante as décadas de 1960 e 1990. Os Estados Unidos também insistiram para que o Japão fosse admitido no GATT como um "membro temporário", posição que se tornou definitiva após o fim da Guerra da Coréia.

Participação governamental

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Os Shinkansen da série 0 foram os primeiros comboios a ser construídos para circular na rede de trens de alta velocidade japonesa. Eles representaram toda a robustez econômica do Japão no pós II guerra

A recuperação financeira japonesa continuou mesmo depois do fim da ocupação americana no Japão e do "boom" econômico impulsionado pela Guerra da Coreia. A economia do Japão enfrentou uma breve recessão causada pela perda dos investimentos e dispêndios dos EUA para aquisição de equipamentos militares.

A participação do governo também se mostrou crucial quanto na implantação e consolidação de medidas como, adoção de uma política de rigoroso controle populacional; prioridade à educação e ao domínio da tecnologia; produção voltada à exportação e eficiência. A partir da década de 1950, o Japão atingiu um estágio de grande desenvolvimento e é hoje uma das maiores potências mundiais.[6]

No final da década de 1960, o Japão tinha "ressurgido das cinzas" da Segunda Guerra Mundial para conseguir uma rápida e completa recuperação da economia. O governo japonês consolidou o milagre econômico do pós-guerra, estimulando o crescimento do setor privado, em primeiro lugar pela regulamentação da atividade empresarial e políticas fortemente protecionistas na indústria nacional que efetivamente conseguiram frear os efeitos das crises econômicas posteriores e, mais tarde, expandindo suas relações comerciais.[7]

A criação de um ministério específico o MITI (Ministry of International Trade and Industry) foi fundamental para a recuperação econômica do Japão. O papel do ministério começou com a "Política de Racionalização Industrial" que coordenou esforços de cooperação formalizados entre o governo japonês e o setor privado.[1] O MITI também impulsionou a política industrial, e a desvinculação da importação de tecnologia, da importação de outros bens.[1] As leis sobre o capital estrangeiro do MITI (1950) concederam poder ao ministério para negociar o preço, condições e acordos para importação de tecnologia. Este elemento de domínio tecnológico permitiu-lhe promover as indústrias que considerava promissoras. O baixo custo da tecnologia importada permitiu um rápido crescimento industrial. A produtividade foi melhorada por meio de novos equipamentos, de gerenciamento e padronização de processos industriais desenvolvidos no Japão.[5]

Em 1951 o MITI fundou o Banco do Desenvolvimento do Japão que também forneceu ao setor privado capital de baixo custo em longo prazo. O Banco de Desenvolvimento do Japão introduziu o acesso ao Plano de Crédito e Investimento Fiscal (FILP) - um enorme agrupamento de poupanças individuais e nacionais. Na época o Plano de Crédito detinha em sua posse quatro vezes mais crédito disponível que o maior banco comercial do mundo.[8]

Abertura para o mercado externo

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O período de rápido crescimento econômico entre 1955 e 1961 abriu o caminho para o "Golden Sixties" (década de ouro japonesa), na segunda década do pós-guerra, que geralmente é associada com o milagre econômico japonês. Em 1965, o PIB nominal do Japão foi estimado em pouco mais de US $ 91 bilhões. Quinze anos depois, em 1980, o PIB nominal subiu para um recorde de US $ 1, 065 trilhões.[9]

O governo japonês iniciou um ambicioso "plano de duplicação da renda" baixando as taxas de juros e impostos para motivar os investimentos na iniciativa privada. Além disso, devido à flexibilidade financeira oferecida pela FILP, o governo expandiu rapidamente o investimento público em infraestrutura: construção de rodovias, ferrovias de alta velocidade, metrôs, aeroportos, sistemas de comunicação, portos e barragens[7].

Tendenciou-se no Japão um modelo de economia mista com uma forte participação centralizada do estado em conjunto com a iniciativa privada. A intervenção e regulação do governo na economia retardou a abertura comercial. A liberalização comercial somente veio depois de garantir um mercado protegido por meio de regulamentos internos que favoreceram produtos e empresas japonesas. Em 1964, o PIB japonês cresceu a uma taxa de 13,9 % conseguida principalmente por meio de um forte modelo protecionista.[10]

A taxa de crescimento do PNB do Japão foi de 10,5% na década de 1950 e 1960, 7,6% em 1970, 4,5% em 1980 e 1990.[11]

O fim do milagre

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O período de crescimento chegou ao fim com o estouro da bolha nos preços dos ativos japoneses em 1991. Depois da Bolha dos ativos seguiu-se a chamada "Década perdida" (1991-2000). Durante o transcorrer da Década Perdida o Japão viu seu atraso econômico contrastar com o desenvolvimento econômico dos Quatro tigres asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura), até que a explosão da Crise financeira asiática, começada no verão de 1997 gerou o temor de uma crise em escala mundial e contágio financeiro mundial. Mais recentemente, em 2010, o Japão viu seu maior rival, a China, o ultrapassar economicamente, se tornando a segunda maior potência do mundo.[12]

Referências

  1. a b c «Revisitando o "milagre" japonês». Revista Espaco Academico 
  2. «Como a Alemanha e o Japão se recuperaram tão rápido depois da Segunda Guerra?». Editora Abril. Consultado em 6 de agosto de 2010. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2009 
  3. «Economia». Japão Online. Consultado em 1 de outubro de 2011. Arquivado do original em 17 de março de 2005 
  4. «Japão - Milagre econômico e sacrifício social» (PDF). Gláucia Vale/Fundação Getúlio Vargas 
  5. a b «Globalização e regionalização». Geografia e conjuntura UOL 
  6. ANTUNES, Celso (1991). Geografia e participação: Europa, Ásia, África e Oceania. 4. São Paulo: Scipione. p. 88 
  7. a b «Economia do Japão». Portal São Francisco 
  8. «A crise da economia japonesa dos anos 90:impactos da bolha especulativa» (PDF). Ernani Filho/REP 
  9. «Novos Potências Econômicas no Pacífico». Supletivo Virtual 
  10. «O milagre japonês». Hero factory 
  11. Anne Carol, Jean Carrigues, Martin Ivernel, PRÉCIS D'HISTOIRE DU XX SIÈCLE (título original), HATIER (editora original), 1997 (data da versão original), pág 285
  12. «Japão, um milagre econômico que durou 40 anos». Exame Online 
  • Allen, G.C. Japan’s Economic Recovery. Oxford: Oxford University Press, 1958.
  • Allinson, Gary. Japan’s Postwar History Ithaca: Cornell University Press, 1997.
  • Collisson, Nancy. Examination of the Influence of Japanese Culture and the Failures of Economic Reforms Proposed by Supreme Command Allied Powers (SCAP) Economic Missions from 1947 to 1949, on High Rates of Personal Savings in Japan by Nancy Collisson / EALC MA Thesis. University of Kansas Library (Call No.: ML410.T467 T58 1999), 1996.
  • Dower, John. Embracing Defeat: Japan in the Wake of World War II New York: W.W. Norton, 1999.
  • Forsberg, Aaron. America and the Japanese Miracle. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2000.
  • Hane, Mikiso. Eastern Phoenix: Japan Since 1945. Boulder: Westview Press, 1996.
  • Huber, Thomas. Strategic Economy in Japan. Boulder: Westview Press, 1994.
  • Jansen, The Making of Modern Japan, Belknap, 2000 (ISBN 0-674-00334-9)
  • Johnson, Chalmers. MITI and the Japanese Miracle: The Growth of Industrial Policy, 1925-1975. Stanford: Stanford University Press, 1982.
  • Okazaki, Tetsuji and Takafumi Korenaga. “The Foreign Exchange Allocation Policy in Postwar Japan.” Changes in Exchange Rates in Rapidly Developing Countries. Ed. Takatoshi Ito and Anne Krueger. Chicago: University of Chicago Press, 1999.
  • “Foreign exchange allocation and productivity growth in postwar Japan: a case of the wool industry” Japan and the World Economy 11 (1999): 267-285
  • Pyle, Kenneth. The Making of Modern Japan. 2nd ed. Lexington: D.C. Heath and Company, 1996.
  • Rasche, Paul. “Japan Inc. in the Debt Trap” April 2000. 26 November 2005.
  • Tsuru Shigeto, Japan's Capitalism: Creative defeat and beyond, 1993.
  • Vestal, James. Planning for Change: Industrial Policy and Japanese Economic Development, 1945-1990 Oxford: Clarendon Press. 1993.
  • Van Wolferen, The Enigma of Japanese Power, Vintage, 1990 (ISBN 0-679-72802-3).