A povoação de Minde foi elevada à categoria de vila em 1963.[4]
Da freguesia de Minde fazem parte, além da vila, as aldeias do Covão do Coelho e do Vale Alto, situando-se perto das localidades de Porto de Mós, Fátima, Batalha e Alcobaça.
A vila de Minde possui uma língua própria, designada de minderico, reconhecida internacionalmente pelo SIL International como língua individual, autónoma e viva. Esta língua foi desenvolvida pelos feirantes mindericos que, em tempos viajavam por todo o país, com o propósito principal de se entenderem de forma privada, impedindo outros indivíduos de perceber o que estes falavam e combinavam.[5][6] Minde designa-se Ninhou na linguagem minderico.
Nota: Nos anos de 1864 a 1890 pertencia ao concelho de Porto de Mós. Pelo decreto lei de 07/09/1895 passou a fazer parte do concelho de Torres Novas. Pela lei nº 156, de 08/05/1914 passou a fazer parte do concelho de Alcanena. Pelo decreto nº 4149, de 26/04/1918, foram desanexados lugares desta freguesia para criar a freguesia de Serra de Santo António.
O início da sua história como povoação documentalmente referenciada remonta a 1165 com o decreto do rei D. Afonso Henriques a instituir uma albergaria para apoio aos transeuntes na travessia das serras envolventes[9], hoje denominadas por Maciço Calcário Estremenho no Sistema Montejunto-Estrela.
Tendo pertencido inicialmente ao concelho de Porto de Mós, por extinção deste em 1892, passou a integrar o concelho de Torres Novas. Em 1914 é criado o concelho de Alcanena e Minde passa a estar integrado no mesmo.[9]
Já contou com um hospício de frades arrábidos cuja denominação oficial era Hospício de Santa Ana dos Frades Arrábidos de Minde, mandado construir pessoalmente por D. João V em 1731, que acabaria por sofrer um "pavoroso incêndio" nas mãos de Fr. João do Chavinha, irmão do posterior proprietário do hospício (a partir de 1841) António Carreira Chavinha. Este ofício seria alvo de vários processos relevantes a nível nacional, como um alvará concedido e assinado por D. Maria I, concedendo ao convento religioso um número de bens essenciais à vida dos frades que nele viviam. É tido que toda esta documentação e qualquer espólio deste hospício foi perdida aquando do incêndio supramencionado. Deste hospício terão saído importantes clínicos, desembargadores, advogados e religiosos portugueses. Neste hospício também terá sido criada uma língua, denominada como Minderico, possivelmente para que pudessem dialogar normalmente sem pressões da Santa Inquisicão, essa que condenou inúmeros frades e padres portugueses advindos de Minde, sobretudo devido a blasfémias por estes alegadamente cometidas. [11] Do Hospício de Sant'Ana saíram importantes examinadores das ordens religiosas portuguesas e religiosos (mais notavelmente A Sua Excelência Reverendíssima D. Frei Silvestre de Maria Santíssima).
O grande desenvolvimento da sua indústria têxtil nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial proporcionou-lhe a elevação à categoria de vila em 1963.[9]
Coreto de Minde em dia de neve na Serra de Aire.O chamado Mar de Minde, numa enchente de inverno.
Igreja de Nossa Senhora da Assunção ou Igreja Matriz de Minde - com um bonito conjunto de azulejos dos séculos XVII e XVIII e rica talha dourada, considerada imóvel de interesse público (IIP)[12].
Coreto de Minde;
Pincha - depósito de material sedimentar que atesta a existência de um lago permanente no princípio da Era Quaternária.
Polje de Minde - forma cársica que ocupa uma depressão fechada instalada na base de uma grande escarpa de falha de grande juventude. A erosão cársica foi afeiçoando estas formas. O lago permanente que aqui existiu, deu lugar a um lago temporário que inunda a parte mais baixa do polje em períodos de chuva mais prolongados e de maior quantidade. Sendo um dos poucos sítios Ramsar em Portugal [13];
Desde o início do século XX os habitantes desta vila tiveram como principais fontes de riqueza a agricultura e a indústria têxtil. Esta segunda foi caracterizada, principalmente na 1ª metade do século, pela fabricação de mantas, as famosas Açorianas, e respectiva venda em grande parte do país por feirantes Mindericos.
Na segunda metade do século a indústria têxtil minderica desenvolveu-se ao nível tecnológico na fabricação de malhas e fiação, o que lhe permitiu crescer tanto a nível populacional como da sua própria riqueza. Minde atingiu o seu pico produtivo no final da década de 80 do século XX.
Nos últimos 15 anos, em consequência da abertura dos mercados imposta pela OMC, a indústria têxtil tem vindo a perder dimensão ano após ano. No entanto, mantém-se ainda uma grande dependência da vila nessa actividade.
Em boa parte graças à sua bela paisagem, Minde é um lugar de excelência para a prática de diversos desportos de aventura.
BTT: Pratica-se durante todo o ano. Pelos montes e vales no entorno de Minde existem trilhos e caminhos para todos os gostos e graus de dificuldade. Há bastantes adeptos da modalidade, encontrando-se sempre companhia para pedalar, sobretudo durante o fim-de-semana.
Parapente: Pratica-se sobretudo no inverno, devido aos ventos vindos de leste e nordeste que predominam nessa época. A encosta de Minde é voltada para nordeste.
Casa Rústica, Minde, 1892. Pintado por Alfredo Roque Gameiro.
Minde é uma vila com forte atividade cultural. Existem associações culturais e recreativas para vários gostos. Música, teatro, dança, museus, entres outras atividades, para aprender ou desfrutar como simples espectador.
Eventos culturais anuais:
Em maio, acontece o Jazz Minde, um festival internacional cuja 1ª edição foi realizada em 2005;
Em setembro, acontece o Festival Materiais Diversos, rico em espectáculos de dança, teatro, música e atividades recreativas. Organizado pela associação cultural homónima, este festival conta com participações frequentes de artistas internacionais.