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Odor aliáceo

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Alhos, a principal fonte de odor aliáceo.

Odor aliáceo é a designação dada ao aroma típico que caracteriza a generalidade dos alhos e das cebolas quando esmagados, cortados ou apertados. Este odor não é exclusivo destes dois grupos de hortaliças, pois muitos outros membros da subfamília das alióideas apresentam o mesmo odor característico. A designação é igualmente aplicada à halitose causada pela ingestão de alho, ou alimentos temperados com alho. Odores semelhantes, frequentemente também referidos como odores aliáceos, são emitidos pelos compostos de arsénio,[1] estando também presentes no hálito das pessoas intoxicadas com arsénio,[2] com fósforo,[3] com telúrio[4] ou com pesticidas organofosforados (salvo quando dissolvidos em hidrocarbonetos).

Origem do odor

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A origem deste odor nas aliáceas tem sido atribuída a diversos compostos voláteis contendo enxofre, nomeadamente os tiosulfinatos, os hiosulfinatos e os compostos que se originam a partir da degradação dos ácidos sufénicos. Utilizando diferentes métodos de análise química foi possível identificar os tiosulfinatos e o óxido de tiopropanal como as moléculas responsáveis pela maior parte do odor aliáceo.[5]

Sendo assim, os principais compostos voláteis responsáveis pelo odor aliáceo em alhos e cebolas são dissulfureto de alil-metilo, alil-mercaptano, dialil-dissulfureto, dimetil-dissulfeto e metil-mercaptano, juntamente com quantidades menores de dimetil-seleneto.[6][7][8]

Vários outros compostos de enxofre também são produzidos quando a alicina contida no alho é decomposta no estômago e no fígado. Entre os muitos compostos produzidos, o sulfeto de alilo (AMS ou alil-metil-sulfeto) mantém-se no corpo em quantidades significativas durante várias horas após o consumo, resultando num odor que pode durar horas a dias. Esse efeito resulta de o AMS ser o único dos compostos organossulfurados derivados da alicina que não se decompõe rapidamente, permanecendo detectável durante várias horas nos pulmões e na urina, bem como a boca, o que significa que o AMS é reabsorvido na corrente sanguínea e se desloca para outros órgãos de excreção, ou seja para os pulmões, os rins e a pele.[9][10]

Remédios para a halitose

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A lavagem repetida da cavidade oral, mesmo quando é utilizado um enxaguante bucal, ou a utilização de pastilhas refrescantes do hálito, não são particularmente eficazes na remoção do mau hálito causado pelo consumo de alimentos contendo componentes produtoras do odor aliáceo, dado que os compostos sulfurosos responsáveis pelo odor são absorvidos pela circulação sanguínea sendo eliminados através dos pulmões e pelas mucosas e pela pele.

O consumo de salsa é considerada como um remédio caseiro,[11] mas a sua eficácia nunca foi cientificamente verificada. Estudos conduzidos na Ohio State University demonstraram que beber leite pode reduzir o "hálito a alho".[8][12]

Notas

  1. Myriam Gutiérrez de Salazar. Arsénico Arquivado em 12 de dezembro de 2009, no Wayback Machine.. CAPÍTULO 7. URGENCIAS TOXICOLÓGICAS. Encolombia.
  2. Gisbert Calabuig JA, Villanueva Cañadas E (2004). «Intoxicación por arsénico». Medicina legal y toxicología. [S.l.]: Barcelona: Masson. ISBN 84-458-1415-X 
  3. Gisbert Calabuig JA, Villanueva Cañadas E (2004). «Tóxicos volátiles, ácido cianhídrico y fósforo». Medicina legal y toxicología. [S.l.]: Barcelona: Masson. ISBN 84-458-1415-X 
  4. Fichas Internacionales de Seguridad Química Teluro Arquivado em 8 de fevereiro de 2014, no Wayback Machine.
  5. Ferary S., Auger J. What is the true odour of cut Allium? Complementarity of various hyphenated methods: Gas chromatography-mass spectrometry and high-performance liquid chromatography-mass spectrometry with particle beam and atmospheric pressure ionization interfaces in sulphenic acids rearrangement components discrimination (1996) Journal of Chromatography A, 750 (1-2), pp. 63-74.
  6. Cai, X.-C.; Block, E.; Uden, P.C.; Quimby, B. D.; Sullivan, J. J. “Allium Chemistry: Identification of Natural Abundance Organoselenium Compounds in Human Breath after Ingestion of Garlic using Gas Chromatography with Atomic Emission Detection”, J. Agric. Food Chem. 1995, 43, 1751-1753. doi: 10.1021/jf00055a001
  7. Block, E. (2010). Garlic and Other Alliums: The Lore and the Science. [S.l.]: Royal Society of Chemistry. ISBN 978-0-85404-190-9 
  8. a b Hansanugrum, Areerat. «The Effect of Milk on the Deodorization of Malodorous Breath after Garlic Ingestion» (PDF). Ohio State University. Consultado em 28 de maio de 2012 
  9. Suarez, F.; Springfield, J.; Furne, J.; Levitt, M. "Differentiation of mouth versus gut as site of origin of odoriferous breath gases after garlic ingestion," Am. J. Physiol. 1999, 276(2 Pt 1), G425–30.
  10. Maier, Karyn (5 de junho de 2010). «Garlic and Body Odor». Livestrong. Consultado em 8 de outubro de 2012 
  11. Joe Graedon; Teresa Graedon (9 de março de 1998). «How to Kiss Garlic Breath Goodbye». LA Times. Consultado em 24 de janeiro de 2012 
  12. «Drinking a glass of milk can stop garlic breath». BBC News Health. 31 de agosto de 2010. Consultado em 26 de maio de 2012 

Ligações externas

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