Saltar para o conteúdo

Partenogénese

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Partenogênese)
O dragão-de-komodo é um animal capaz de reprodução por partenogénese, descoberta em 2007.

Partenogénese (português europeu) ou partenogênese (português brasileiro) (do grego παρθενος, "virgem", + γενεσις, "nascimento"; uma alusão à deusa grega Atena, cujo templo era denominado Partenon) refere-se ao crescimento e desenvolvimento de um embrião sem fertilização. São fêmeas que procriam sem precisar de machos que as fecundem.

Atualmente, a biologia evolutiva prefere utilizar o termo telitoquia, por considerá-lo menos abrangente que o termo partenogênese.

A partenogênese ocorre naturalmente em plantas agamospérmicas, invertebrados (e.g. pulgas de água, afídeos, abelhas) e alguns vertebrados (e.g. lagartos, salamandras, peixes, serpentes). Os organismos que se reproduzem por este método estão geralmente associados a ambientes isolados como ilhas oceânicas. Na maioria dos casos, no entanto, a partenogénese é apenas uma possibilidade eventual, sendo a reprodução com contribuição gênica paterna a mais comum. Esta alternância pode surgir por pressão ambiental.

Tipos de Partenogênese

[editar | editar código-fonte]

De acordo com o sexo dos organismos gerados, a partenogênese pode ser de três tipos:

  • Partenogênese arrenótoca: origina apenas machos como abelhas (zangões)
  • Partenogênese telítoca: origina apenas fêmeas, por exemplo, afídeos (pulgões).
  • Partenogênese deuterótoca: origina machos e fêmeas como afídeos (pulgões).

Partenogênese em invertebrados

[editar | editar código-fonte]

Na sociedade das abelhas ocorre um fato curioso: tanto os óvulos fecundados como os não fecundados podem originar novos indivíduos. As rainhas e as operárias resultam do desenvolvimento de óvulos fecundados, sendo, portanto, diploides. A diferenciação entre elas é estabelecida pelo tipo de alimento fornecido às formas larvais:

  • As larvas que originam operárias são nutridas com mel e pólen.
  • As larvas que originam rainhas recebem geleia real como alimento.

Os zangões, cujas larvas são nutridas com pólen e mel, são haploides, uma vez que resultam do desenvolvimento de óvulos não fecundados. Os zangões, originando-se de óvulos não fecundados, herdam todos os genes que possuem da "mãe" (rainha), uma vez que não têm "pai".

Lista de casos

[editar | editar código-fonte]
Ano Caso Quantidade Fonte
1984 Documentação de que os lagartos de manchas amarelas fêmeas podem procriar sem machos. Múltiplos filhotes [1]
2006 Partenogênese em dragão-de-komodo, no Zoológico de Chester, no Reino Unido. Múltiplos filhotes [2]
2007 Partenogênese em tubarões-martelo, no jardim Zoológico de Henry Doorly, em Nebraska. Um filhote [3]
2008 Partenogênese em tubarão-galha-preta, no aquário da Virgínia, nos Estados Unidos. Um filhote [4]
2017 Partenogênese em tubarão zebra, na Austrália. Três filhotes [5]
2019 Partenogênese em cobra sucuri, no Aquário de New England, nos Estados Unidos. Dois filhotes [6]
2019 Partenogênese em dragão-d'água-chinês, no instituto Smithsonian, nos Estados Unidos. Múltiplos filhotes [7]
2024 Partenogênese em cação-liso, onde fêmeas do aquário de Cala Gonome têm gerado filhotes desde 2020. Múltiplos filhotes [8]

Referências Bibliográficas

[editar | editar código-fonte]


  1. Holmback, Erik (1 de janeiro de 1984). «Parthenogenesis in the Central American night lizard at San Antonio Zoo». International Zoo Yearbook (em inglês). 23 (1): 157–158. ISSN 1748-1090. doi:10.1111/j.1748-1090.1984.tb03023.x 
  2. Watts, Phillip C.; Buley, Kevin R.; Sanderson, Stephanie; Boardman, Wayne; Ciofi, Claudio; Gibson, Richard (21 de dezembro de 2006). «Parthenogenesis in Komodo dragons». Nature (em inglês). 444 (7122): 1021–1022. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/4441021a 
  3. Chapman, Demian D.; Shivji, Mahmood S.; Louis, Ed; Sommer, Julie; Fletcher, Hugh; Prodöhl, Paulo A. (22 de agosto de 2007). «Virgin birth in a hammerhead shark». Biology Letters (em inglês). 3 (4): 425–427. ISSN 1744-9561. PMID 17519185. doi:10.1098/rsbl.2007.0189 
  4. Chapman, D. D.; Firchau, B.; Shivji, M. S. (1 de outubro de 2008). «Parthenogenesis in a large-bodied requiem shark, the blacktip Carcharhinus limbatus». Journal of Fish Biology (em inglês). 73 (6): 1473–1477. ISSN 1095-8649. doi:10.1111/j.1095-8649.2008.02018.x 
  5. Dudgeon, Christine L.; Coulton, Laura; Bone, Ren; Ovenden, Jennifer R.; Thomas, Severine (16 de janeiro de 2017). «Switch from sexual to parthenogenetic reproduction in a zebra shark». Scientific Reports (em inglês). 7. ISSN 2045-2322. PMID 28091617. doi:10.1038/srep40537 
  6. «Cobra sucuri fêmea engravida a si mesma e tem filhotes saudáveis». revistagalileu.globo.com. Consultado em 27 de maio de 2019 
  7. «Fêmea de espécie de lagarto consegue gerar filhotes sem a presença de macho». revistagalileu.globo.com. Consultado em 10 de junho de 2019 
  8. Esposito, Giuseppe; Meletiadis, Arianna; Sciuto, Simona; Prearo, Marino; Gagliardi, Flavio; Corrias, Ilaria; Pira, Angela; Dondo, Alessandro; Briguglio, Paolo (26 de julho de 2024). «First report of recurrent parthenogenesis as an adaptive reproductive strategy in the endangered common smooth-hound shark Mustelus mustelus». Scientific Reports (em inglês) (1). 17171 páginas. ISSN 2045-2322. doi:10.1038/s41598-024-67804-1. Consultado em 6 de outubro de 2024