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Progressão aritmética

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Uma progressão aritmética (abreviadamente, P. A.) é uma sequência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual à soma do termo anterior com uma constante O número é chamado de razão ou diferença comum da progressão aritmética.[1][2][3]

Uma progressão aritmética é uma sequência numérica definida recursivamente por:[2][3]

onde o primeiro termo, é um número dado. O número é chamado de razão da progressão aritmética.

Notamos que:

Alguns exemplos de progressões aritméticas:

  • é uma progressão aritmética em que o primeiro termo é igual a e a razão é igual a
  • é uma P.A. em que e
  • é uma P.A. com e

Fórmula do termo geral

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O n-ésimo termo de uma progressão aritmética, denotado por pode ser obtido por meio da fórmula:[1][2][3] em que:

  • é o primeiro termo;
  • é a razão.

Demonstração

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A fórmula do termo geral pode ser demonstrada por indução matemática:

  • Ela é válida para o segundo termo pois, por definição, cada termo é igual ao anterior mais uma constante fixa r e portanto
  • Assumindo como hipótese de indução que a fórmula é válida para ou seja, que resulta que o n-ésimo termo é dado por:

Como consequência direta da fórmula do termo geral, vemos que o -ésimo termo de uma P.A. pode ser obtido como função do -ésimo termo por:

efeito,

Além disso, também é consequência direta da fórmula do termo geral que:

ou seja, a partir do segundo termo, o termo central é a média aritmética do termo antecessor e do sucessor. De fato:

Soma dos termos de uma progressão aritmética

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A soma dos termos dos extremos é igual à soma dos termos equidistantes deles

A soma dos termos de uma progressão aritmética situados no intervalo fechado de até é dada pelo produto do número de termos no intervalo, (q - p + 1), pela média aritmética dos extremos do intervalo. Ou seja, pela seguinte fórmula:

Em particular, para somar os n primeiros termos, pode-se utilizar a seguinte simplificação da fórmula anterior: ou

Exemplo: Seja qual é a soma dos 4 primeiros números?

Demonstrações

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Considerando a PA a soma de todos os termos dessa progressão pode ser escrita assim:

Somando membro a membro, obtemos:

Todos os pares entre parênteses têm o mesmo valor por serem simétricos em relação aos extremos da PA

e assim por diante

Então, como há pares de termos:

Interpolação aritmética

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Dada uma sequência finita chamamos e de termos extremos e os demais de termos meios. Interpolação aritmética é o procedimento de inserir (interpolar) meios entre dois números dados e de forma a obtermos uma progressão aritmética de termos, sendo e seus extremos.[2]

A P.A. que corresponde a interpolação aritmética de termos meios entre dois números dados e tem primeiro termo e razão:

Com efeito, vemos que tomando temos a fórmula do termo geral da P.A. nos garante que:

como queríamos.

Tipos de progressões aritméticas

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Progressão aritmética constante

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Uma progressão aritmética constante ou estacionária é toda progressão aritmética em que todos os termos são iguais, sendo que para isso a razão r tem que ser sempre igual a zero.[2][3]

Exemplos de progressões aritméticas constantes:

  • tem razão r = 0
  • tem razão r = 0

Progressão aritmética crescente

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Uma progressão aritmética crescente é toda progressão aritmética em que cada termo, a partir do segundo, é maior que o termo que o antecede, sendo que para isso a razão r tem que ser sempre maior que zero (r>0).[2][3]

Exemplos de progressões aritméticas crescentes:

  • com razão r = 2
  • com razão r = 3

Progressão aritmética decrescente

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Uma progressão aritmética decrescente é toda progressão aritmética em que cada termo, a partir do segundo, é menor que o termo que o antecede, sendo que para isso a razão r tem que ser sempre menor do que zero (r<0).[2][3]

Exemplos de progressões aritméticas decrescentes:

  • tem razão igual a -2
  • tem razão igual a -3

Progressão aritmética de segunda ordem

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Uma progressão aritmética de segunda ordem é uma sequência de números em que as diferenças entre os termos consecutivos forma uma progressão aritmética.[4] Por exemplo, a sequência:

uma progressão aritmética de segunda ordem, onde a diferença entre os termos consecutivos é uma progressão aritmética de primeiro termo e razão

De forma geral, uma progressão aritmética de ordem é uma sequência de números em que as diferenças entre termos consecutivos formam uma progressão aritmética de ordem .[4][5]

Progressão aritmética de ordem qualquer

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Generalizando-se para o caso de uma sequência de ordem k, as fórmulas abaixo se aplicam para uma sequência de qualquer ordem. O primeiro termo dessa sequência é aqui designado por a razão primária (diferença entre dois termos consecutivos na sequência primária) por a razão secundária (diferença entre dois termos consecutivos na sequência formada pelas razões primárias) por .. a razão de ordem k por De modo semelhante ao fato de dois pontos serem suficientes para se determinar uma reta, com dois valores de uma sequência de ordem 1 (linear) e a posição que ocupam, é possível escrever a equação dessa sequência. Para uma sequência de ordem 2, são necessários e suficientes 3 valores. Em geral, para uma sequência de ordem são necessários valores. Para uma sequência de ordem k, o termo geral é calculado por:

Nota: os coeficientes são chamados coeficientes binomiais e são definidos como: onde e são inteiros, e é o fatorial de x.

O coeficiente binomial corresponde, em análise combinatória, ao número de combinações de n-1 elementos agrupados m a m.

A soma dos primeiros termos da sequência () é calculada por:

Análise Polinomial

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Até o momento discutimos Progressão Ariméticas de ordem qualquer por meio de uma abordagem por fórmulas extensas e de pouca implementação computacional.

Porém, podemos estudar elas por meio de polinômios na variável n e grau k ou k+1 (no qual k representa a ordem da sequência analisada). Assim reduzindo o problema à uma resolução de sistema linear, extremamente importante ao utilizar um computador.

Vamos começar com um caso simples que é o da progressão aritmética clássica.

Imediato que a fórmula do termo geral é um polinômio na variável n com grau 1.

Que novamente é imediato que temos uma fórmula da soma dos n primeiros termos como um polinômio na variável n com grau 2.

O sutil é ver aqui que temos apenas 2 coeficientes a determinar já que o termo independente é nulo nesse caso. Portanto, para determinarmos tanto quanto precisamos de duas equações, logo dois elementos da sequência, para determinarmos a fórmula geral (como um polinômio em n) por meio de um sistema linear 2 X 2.

Com essas duas fórmulas já demonstradas verifica-se as mesmas coisas concluídas para uma progressão aritmética de ordem 1. Portanto para o termo geral achamos um polinômio de grau 2, e para a soma dos n elementos um polinômio de grau 3 com termo independente nulo.

Para uma progressão aritmética de grau K, podemos concluir por indução e um pouco de álgebra as seguintes ideias:

a) O termo geral pode ser interpretado por um polinômio na variável n com grau K, portanto temos K+1 coeficientes a determinar.

B) A fórmula da soma dos n elementos pode ser interpretado por um polinômio na variável n com grau K + 1 (termo independente nulo), portanto também K+1 coeficientes a determinar.

A beleza dessas conclusões se dá no fato de que com K + 1 elementos da sequência pode-se obter todos seus elementos tanto quanto a soma dos mesmos. O que acontece é que com essa quantia obtemos implicitamente todas as razões parciais, dessa forma, obtendo todas as informações necessárias sem nem mesmo percebemos.

Exemplificando: 1) Determinar o termo geral da sequência {4, 9, 16, 25, 36, 49...}. Sendo o n-ésimo termo dessa sequência. É possível ver que se trata de uma sequência de segunda ordem porque a razão secundária é constante (neste caso é igual a 2), como mostrado abaixo. Generalizando, em uma sequência de ordem k, a sua razão de ordem k é constante.

Aplicando-se a fórmula:

2) Encontrar a soma dos n primeiros termos dessa sequência (). De modo semelhante ao realizado acima:

3) Em uma sequência de terceira ordem, o sétimo termo é igual a 345, o décimo termo é igual a 1002, o décimo quinto termo é igual a 3377 e o vigésimo quinto termo é igual a 15627.

a) Determine o trigésimo termo dessa sequência.
b) Escreva a equação que determina o n-ésimo termo dessa sequência em função de

a) Usando-se os dados fornecidos (em azul) na fórmula do

Como vem:

Da mesma forma, para os outros dados:

Desenvolvendo-se as expressões acima, obtemos esse sistema de equações lineares: O conjunto solução desse sistema é: Aplicando-se a fórmula para o caso obtemos Calculando-se a expressão acima, obtém-se:

b) De modo semelhante ao usado no exemplo 1, agora que possuímos os valores das razões e basta substituir os seus valores na fórmula de

Logo: Obs. Uma das propriedades dos números binomiais, a relação de Sfifeel, diz que: Isso permite verificar uma propriedade de autoconsistência das fórmulas:

Considerando-se também o princípio da indução matemática e uma das propriedades dos somatórios,

que, multiplicando-se os dois lados da equação por um número esta se torna:

esse fato já demonstra as fórmulas apresentadas sobre as sequências aritméticas de ordem A fórmula é válida para ou seja,

que equivale à expressão mostrada acima.

Progressões Aritmético-Geométricas

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São progressões aritméticas e geométricas ao mesmo tempo. Considere uma seqüência cujo termo geral é com

Veja que se ela se reduz à fórmula do termo geral de uma progressão aritmética () e se temos a fórmula de uma progressão geométrica, ().

A fórmula para a soma dos primeiros termos dessa sequência[6] é:

Referências

  1. a b Spiegel, Murray R. Teoria e problemas de álgebra 2 ed. [S.l.]: Bookman. p. 251. ISBN 9788536303406 
  2. a b c d e f g Iezzi, G.; et al. (2012). Fundamentos de Matemática Elementar - Vol. 4 8 ed. [S.l.]: Atual. ISBN 9788535717488 
  3. a b c d e f Medeiros, V. Z.; et al. (2013). Pré-Cálculo 3 ed. [S.l.]: Trilha. ISBN 9788522116126 
  4. a b Lima, E. L.; et al. (2006). A Matemática do Ensino Médio - Volume 2 6 ed. [S.l.]: SBM. ISBN 8585818115 
  5. Courant, Richard. Cálculo Diferencial e Integral. [S.l.]: Globo. p. 29 
  6. Revista Eureka! nº 14 (página 34), da Sociedade Brasileira de Matemática. < http://www.obm.org.br/export/sites/default/revista_eureka/docs/eureka14.pdf >

Ligações externas

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