Waco
Waco | |
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Localidade dos Estados Unidos | |
Localização de Waco nos Estados Unidos
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Dados gerais | |
Fundado em | 1849 |
Incorporado em | 1857 |
Localização | |
Condado | Condado de McLennan |
Estado | Texas |
Tipo de localidade | Cidade |
Características geográficas | |
Área | 229,8 km² |
População (2020) | 138 486 hab. (602,6 hab/km²) |
Códigos | |
código FIPS | 48-76000[1] |
Sítio web | www.waco-texas.com |
Waco é uma cidade fundada em 1849[2] no estado estadunidense de Texas, no Condado de McLennan.[3]
A sua área é de 88,73 milha quadradas (229,8 km2) de terra, sua população é de 138 486 habitantes, e sua densidade populacional é de 1 560,7 hab/milha² (602,6 hab/km²) segundo o Censo dos Estados Unidos de 2020.[4]
História
[editar | editar código-fonte]1824-1865: Colonização
[editar | editar código-fonte]Antes da chegada do europeu, a área que hoje corresponde a cidade de Waco pertencia aos nativos americanos do povo Wichita (que eram chamados de "Waco" pelos anglo-americanos e de "Huacos" ou "Huecos" pelos espanhóis e latinos).[5][6] Em 1824, Thomas M. Duke explorou a área depois que a violência na região eclodiu, após o aumento das disputas entre o povo Waco e os colonos europeus. Seu relatório para Stephen Fuller Austin, descreveu a geografia da vila de Waco e defendeu os anglo-americanos, dizendo que os nativos tinham uma terra maior que a quantidade de habitantes e os colonos precisam de uma área maior.[7]
O colono Neil McLennan havia se estabelecido em um local perto ao do sul do Rio Bosque em 1838.[8] Jacob De Cordova comprou a propriedade de McLennan[9] e contratou o Texas Ranger e major George B. Erath para inspecionar a área. No ano de 1849, Erath projetou o primeiro quarteirão da cidade.[10] Os proprietários queriam nomear a cidade de "Lamartine", mas Erath os convenceu a nomear a área de "Waco Village", em homenagem aos índios que moravam lá.[11] Em março de 1849, Shapley Ross construiu a primeira casa em Waco, uma cabana, encima de um penhasco. Sua filha Kate foi a primeira criança colonizadora nascida em Waco. Por esse motivo, Ross é considerado o fundador de Waco.[12]
1866-1900: Povoamento e modernização
[editar | editar código-fonte]Após 1866, a elite local da cidade embarcaram em um projeto ambicioso para a construção de uma ponte que ia percorrer o amplo Rio Brazos.[13] Eles formaram a Waco Bridge Company para, que, no ano de 1870 fosse entregue a Ponte Suspensa de Waco. Os cabos e a siderurgia foram fornecidos por uma empresa de construção que pertencia a John Augustus Roebling em Trenton, Nova Jérsia, e contrataram o Sr. Thomas M. Griffith, engenheiro civil que veio de Nova York para supervisionar o projeto.[14] Após a sua inauguração, os efeitos econômicos causados pela ponte foram imediatos. A população de Waco cresceu rapidamente, pois os imigrantes agora tinham uma travessia segura para suas carruagens e vagões puxados a cavalo.[13]
Por questão de segurança, desde o ano de 1971, a ponte está aberta apenas ao tráfego de pedestres e está incluída no Registro Nacional de Lugares Históricos.[15]
No final do século 19, uma zona de meretrício chamada de "Reservation" cresceu em Waco, e a prostituição se tornou comum pela cidade. O distrito foi suprimido no início do século 20. No ano de 1885, o refrigerante Dr Pepper foi inventado em Waco na "Old Corner Drug Store" de Morrison.[16]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Linchamento de Jesse Washington e Racismo
[editar | editar código-fonte]Apesar do linchamento de Jesse Washington ser um dos acontecimentos mais notórios do racismo presente na sociedade de Waco (e dos Estados Unidos em geral), antes disto, ouve outras ocorrências; Um afro-americano chamado Sank Majors foi enforcado no Washington Avenue Bridge por uma multidão branca em 1905. Outro homem, Jim Lawyer, foi chicoteado porque se opôs ao linchamento.[17]
A cidade conseguiu notoriedade internacional após o linchamento de um jovem negro chamado de Jesse Washington.[18] Ele foi torturado, castrado e queimado até a morte na praça da cidade por uma multidão que o apreendeu do "tribunal", onde ele havia sido acusado de assassinar uma mulher branca.[19] Cerca de 15.000 espectadores, a maioria cidadãos de Waco, estavam presentes. Ficou popularmente chamado de "Horror de Waco", atraiu condenação internacional e se tornou a cause célèbre para o nascimento das campanhas anti-linchamento da NAACP.[20]
Apesar da repercussão negativa dos linchamentos, afro-americanos ainda continuaram sendo vítimas de racismo e a Ku Klux Klan recebia grande apoio da população.[21] Em 26 de maio de 1922, Jesse Thomas foi baleado, teve seu corpo arrastado pela rua por uma multidão de cerca de 6.000 pessoas e o cadáver foi carbonizado em uma praça pública atrás da prefeitura.[22] Em 1933, o xerife de Waco, Leslie Stegall, protegeu Roy Mitchell do linchamento.[23]
No dia 11 de maio de 1953, um violento tornado atingiu o centro de Waco, matando 114 pessoas.[24] Em 2011, foi considerado o décimo primeiro tornado mais mortal na história dos EUA.[25]
Cerco de Waco
[editar | editar código-fonte]O Cerco de Waco foi um evento trágico que ocorreu entre 28 de fevereiro á 19 de abril de 1993. O evento envolveu um confronto armado entre agentes federais do Bureau de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, na sigla em inglês) e membros de uma seita apocalíptica cristã chamada Ramo Davidiano, liderado por David Koresh.[26]
O Ramo Davidiano era uma seita cristã que se originou de um ramo dissidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia.[27] Sob a liderança de David Koresh, o grupo estabeleceu uma comunidade em um rancho nos arredores de Waco. As autoridades suspeitavam que o grupo estava envolvido em crimes, como posse de armas de fogo ilegais e abuso sexual de crianças (que após o incêndio foram confirmados serem verdadeiros).[28]
Em 28 de fevereiro de 1993, agentes do ATF realizaram uma operação para executar mandados de busca e apreensão no rancho do Ramo Davidiano. No entanto, o cumprimento dos mandados foi recebido com resistência armada por parte dos membros do grupo. Um tiroteio ocorreu, resultando na morte de quatro agentes do ATF e seis membros do Ramo Davidiano.[26]
Após o tiroteio inicial, as autoridades federais montaram um cerco ao rancho do grupo religioso, com o FBI assumindo o comando das operações. Durante as semanas seguintes, houve negociações entre o FBI e Koresh na tentativa de resolver a situação pacificamente. No entanto, as negociações foram infrutíferas e o cerco se prolongou.[26]
Em 19 de abril de 1993, o cerco chegou a um trágico fim quando o rancho do Ramo Davidiano foi invadido pelas forças do governo. O edifício pegou fogo matando no total 76 pessoas, incluindo David Koresh e cerca de 25 crianças (exames de DNA confirmaram que 12 destas crianças são filhos biológicos de Koresh)[29]. O cerco de Waco gerou polêmica e debate sobre a ação do governo e as táticas utilizadas. Houve críticas à maneira como o cerco foi conduzido e ao uso da força letal.[30] O incidente também levou a uma maior conscientização sobre seitas e a necessidade de abordagens mais cuidadosas em situações semelhantes no futuro.[26]
Século 21
[editar | editar código-fonte]No ano de 2006, O conselho da cidade pediu desculpas oficialmente pelos linchamentos cometidos contra afro-americanos no passado.[31] No centenário do Linchamento de Jesse Washington, em 15 de maio de 2016, o prefeito da cidade pediu desculpas em uma cerimônia a alguns dos descendentes de Washington e dos seus familiares.[31]
Pessoas Notáveis
[editar | editar código-fonte]A cantora Ashlee Simpson,[32] O ator estadunidense Steve Martin,[33] a atriz Jennifer Love Hewitt[34] e o sociólogo Wright Mills[carece de fontes] nasceram nesta cidade.
Referências
- ↑ «American FactFinder». United States Census Bureau. Consultado em 31 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 11 de setembro de 2013
- ↑ World Book Encyclopedia, World Book, Chicago, edição de 2014, Tomo 21 (W-Z), p. 2
- ↑ World Book Encyclopedia, World Book, Chicago, edição de 2014, Tomo 19 (T), p. 191
- ↑ https://www.census.gov/quickfacts/fact/table/wacocitytexas/PST045221
- ↑ Straley, Wilson (1909). The Archaeological Bulletin. [S.l.: s.n.] p. 132.
[...] the city of Waco, Texas, the former home of the Huaco (Waco) Indians.
- ↑ Henry, Joseph; Baird, Spencer Fullerton (1856). Reports of explorations and surveys. [S.l.]: A.O.P. Nicholson. p. 27.
the Huéco tribe [...] Hueco Indians
- ↑ «Thomas M. Duke to Stephen F. Austin, 06-xx-1824». Digital Austin Papers (em inglês). Consultado em 28 de maio de 2023
- ↑ Bracken 2010, p. 7
- ↑ «TSHA | De Cordova, Jacob Raphael». www.tshaonline.org. Consultado em 29 de maio de 2023
- ↑ Erath, Lucy (1923). The Memoirs of Major George B. Erath. Austin:Texas: Texas State Historical Association
- ↑ Kelley, Dayton (1966). Waco, & McLennan County. Waco, Texas: Texian Press. p. 12
- ↑ Davis, Tom Joe (1989). Legendary Texians, Vol. 4. Austin, Texas: Eakin Press. p. 151. ISBN 0-89015-669-7
- ↑ a b Bracken 2010, p. 16
- ↑ Roger, Conger (1992). The Waco Suspension Bridge. Texas: Friends of the Texas Ranger Library. p. 224
- ↑ SMITH, J. B. (18 de março de 2021). «Waco Suspension Bridge goes wireless as $12.4 million renovation proceeds». Waco Tribune-Herald (em inglês). Consultado em 29 de maio de 2023
- ↑ Perez, Samara (13 de abril de 2020). «Made in Texas: The man who created Dr Pepper wanted his drink to smell like a drug store he liked». KPRC (em inglês). Consultado em 29 de maio de 2023
- ↑ Minutaglio, Bill (4 de maio de 2021). A Single Star and Bloody Knuckles: A History of Politics and Race in Texas (em inglês). Texas: University of Texas Press. p. 77
- ↑ Bernstein, Patricia (2007). «Waco Lynching». In: Paul Finkelman. Encyclopedia of African American History, 1896 to the Present: From the Age of Segregation to the Twenty-First Century. 5. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-516779-5
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- ↑ Bernstein 2006, pp. 62–3.
- ↑ Bernstein 2006, pp. 185–91.
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- ↑ Bernstein 2006.
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- ↑ U.S. Department of Justice (1993), «Evidence of Historical Child Sexual and Physical Abuse», Report to the Deputy Attorney General on the Events at Waco, Texas February 28 to April 19, 1993 (From ATF Affidavit in Support of Arrest of Koresh, taken from ATF Special Agent Aguilera's interview of former compound resident Jeannine Bunds, included in Agent Aguilera's affidavit in support of the Koresh arrest warrant "Davy Aguilera, Special Agent Bureau of ATF, Subscribed and sworn to before me this 25th day of February 1993 Dennis G. Green United States Magistrate Judge Western District of Texas - Waco" Redacted ed. , Washington, D.C.: U.S.DoJ, consultado em 30 de maio de 2023, cópia arquivada em 24 de fevereiro de 2007
- ↑ England, Mark. «12 children killed in fire Howell's, ex-member says». Waco Tribune-Herald. Consultado em 30 de maio de 2023
- ↑ «Cerco de Waco: como morte de 86 pessoas em seita nos EUA virou referência para extrema direita». BBC News Brasil. 19 de abril de 2023. Consultado em 30 de maio de 2023
- ↑ a b «The "Waco Horror" still reverberates, 100 years later». www.cbsnews.com (em inglês). 23 de maio de 2016. Consultado em 30 de maio de 2023
- ↑ «Ashlee Simpson Biography, Songs, & Albums». AllMusic (em inglês). Consultado em 30 de maio de 2023
- ↑ Sarah Janssen, redator, The World Almanac and Book of Facts 2018, World Almanac Books, New York, 2018, p. 229
- ↑ Sarah Janssen, redator, The World Almanac and Book of Facts 2018, World Almanac Books, New York, 2018, p. 227
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Sharon Bracken (2010). «Waco». Historic McLennan County: An Illustrated History. San Antonio: Lammert. pp. 7–15. ISBN 978-1-935377-22-1
- Betty Dooley Awbrey; Stuart Awbrey (2013). «Waco». Why Stop?: A Guide to Texas Roadside Historical Markers 6° ed. [S.l.]: Taylor Trade Publishing. p. 480. ISBN 978-1-58979-790-1
- Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Waco». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)
- T. Bradford Willis (2009), Some Notable Persons in First Street Cemetery of Waco, Texas (PDF) – via Biblioteca da Universidade do Norte do Texas
- Historical Markers of McLennan County. Waco: McLennan College. 1986. OCLC 14699197 – via Waco History Project
- Bernstein, Patricia (2006). The First Waco Horror: The Lynching of Jesse Washington and the Rise of the NAACP. [S.l.]: Texas A&M University Press. ISBN 978-1-58544-544-8
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