Francisco Dalcol
Vive e trabalha em Porto Alegre (RS), Brasil.
Pesquisador, crítico, historiador da arte, curador, professor, jornalista e editor.
Atual diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS).
É professor-colaborador do curso de pós-graduação (especialização lato sensu) Práticas Curatoriais, do Instituto de Artes da UFRGS, ministrando disciplinas como Crítica de Arte, Estudos Curatoriais e Expositivos, e História das Exposições.
Doutor em Artes Visuais - História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) do Instituto de Artes (IA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com estágio de doutoramento no exterior no Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Sua pesquisa de doutorado trata das interseções entre crítica de arte, exposição e curadoria, tendo defendido em 2018 a tese intitulada: A curadoria de exposição enquanto espaço de crítica: a constituição de um campo de prática e pensamento em curadoria no Brasil (anos 1960-1980).
Mestre em Artes Visuais - História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGART) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), tendo defendido dissertação sobre as articulações entre circuitos de arte periféricos e o sistema de arte global a partir da noção de geopolítica das instituições artísticas em pesquisa voltada ao programa curatorial da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.
Bacharel em Comunicação Social (habilitação Jornalismo), pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com especialização em Comunicação e Projetos de Mídia, ênfase em arte e cultura digital, pelo Centro Universitário Franciscano - Unifra.
Em 2019, foi agraciado com o prêmio de Curadoria no Açorianos de Artes Plásticas, da Prefeitura de Porto Alegre.
Em 2017 e 2018, integrou o Comitê de Indicação do Prêmio PIPA.
Ganhou a 1ª menção honorífica no Incentive Prize for Young Critics 2016, concedido pela International Association of Art Critics (AICA).
Foi editor, repórter e crítico de arte do 2° Caderno do jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS), entre 2012 e 2016.
É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP).
Além de se dedicar à investigação teórica e histórica sobre estudos expositivos, curatoriais e história das exposições, sua atuação curatorial envolve projetos com artistas históricos e contemporâneos e com acervos privados e públicos, desenvolvendo exposições individuais e coletivas em museus, instituições e galerias, assim como a editoração de catálogos, livros e publicações de arte.
Pesquisador, crítico, historiador da arte, curador, professor, jornalista e editor.
Atual diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS).
É professor-colaborador do curso de pós-graduação (especialização lato sensu) Práticas Curatoriais, do Instituto de Artes da UFRGS, ministrando disciplinas como Crítica de Arte, Estudos Curatoriais e Expositivos, e História das Exposições.
Doutor em Artes Visuais - História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) do Instituto de Artes (IA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com estágio de doutoramento no exterior no Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Sua pesquisa de doutorado trata das interseções entre crítica de arte, exposição e curadoria, tendo defendido em 2018 a tese intitulada: A curadoria de exposição enquanto espaço de crítica: a constituição de um campo de prática e pensamento em curadoria no Brasil (anos 1960-1980).
Mestre em Artes Visuais - História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGART) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), tendo defendido dissertação sobre as articulações entre circuitos de arte periféricos e o sistema de arte global a partir da noção de geopolítica das instituições artísticas em pesquisa voltada ao programa curatorial da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.
Bacharel em Comunicação Social (habilitação Jornalismo), pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com especialização em Comunicação e Projetos de Mídia, ênfase em arte e cultura digital, pelo Centro Universitário Franciscano - Unifra.
Em 2019, foi agraciado com o prêmio de Curadoria no Açorianos de Artes Plásticas, da Prefeitura de Porto Alegre.
Em 2017 e 2018, integrou o Comitê de Indicação do Prêmio PIPA.
Ganhou a 1ª menção honorífica no Incentive Prize for Young Critics 2016, concedido pela International Association of Art Critics (AICA).
Foi editor, repórter e crítico de arte do 2° Caderno do jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS), entre 2012 e 2016.
É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP).
Além de se dedicar à investigação teórica e histórica sobre estudos expositivos, curatoriais e história das exposições, sua atuação curatorial envolve projetos com artistas históricos e contemporâneos e com acervos privados e públicos, desenvolvendo exposições individuais e coletivas em museus, instituições e galerias, assim como a editoração de catálogos, livros e publicações de arte.
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Thesis by Francisco Dalcol
O propósito do presente estudo consiste em identificar e discutir a implicação da crítica de arte na formação da curadoria contemporânea de artes visuais no Brasil. Tendo em conta que essa constituição decorre entre os anos 1960 e 1980, investigo a hipótese de que textos, exposições e curadorias de críticos brasileiros no período oferecem antecedentes, marcos históricos, casos exemplares, situações paradigmáticas e aportes teóricos para se refletir sobre as possíveis relações entre crítica e curadoria.
Ao argumentar quanto aos deslocamentos do discurso crítico em direção a uma esfera ampliada da circunstância de apresentação da obra e do trabalho de arte, parto da constatação de que as décadas de 1960 a 1980 compreendem um momento em que críticos de arte stricto sensu estendem sua atuação e reflexão a projetos de exposição e curadoria. Nesse sentido, esta tese desenvolve e defende o argumento de que a crítica tem importante papel na constituição de um campo de prática e pensamento curatorial no Brasil; primeiramente em uma época em que a atividade curatorial começa a se consolidar ainda sem ser assim nomeada e, a seguir, em uma fase de reconhecimento e institucionalização tanto do termo quanto da função.
Como fundamentação metodológica e conceitual, a pesquisa mobiliza um levantamento de textos publicados referentes a debates críticos, referenciais históricos, aportes teóricos, proposições artísticas, projetos expositivos e práticas curatoriais. Esse material compõe o corpus de análise a partir do qual as questões são formuladas e a reflexão se encaminha. A investigação opera ainda com dois conceitos de aplicação teórica: campo discursivo e espaço de crítica.
Com um viés que perscruta debates em torno da crise da crítica, do fenômeno da exposição e da ascensão da curadoria, a tese se desenvolve inicialmente como uma discussão baseada em estudo e análise de bibliografia selecionada, à qual se seguem dois estudos de caso: um a partir da atuação do crítico Frederico Morais entre os anos 1960 e 70, e outro a partir da atuação da crítica Sheila Leirner entre os anos 1970 e 80. Os itinerários críticos de ambos são debatidos tanto em relação ao contexto mais amplo da época como a revisões posteriores. A investigação aponta serem dois críticos-curadores que se dirigem à prática e pensamento em curadoria como um desdobramento não apenas da atividade na crítica de arte, como também de uma reflexão mais ampla sobre o próprio estatuto da crítica.
Palavras-chave: artes visuais; crítica; curadoria; exposição; Frederico Morais; Sheila Leirner.
ABSTRACT:
The purpose of the present study is to identify and discuss the implication of art criticism in the formation of contemporary curation of visual arts in Brazil. Considering that this constitution runs from the 1960s to the 1980s, I investigated the hypothesis that texts, expositions and curators of Brazilian critics in the period offered antecedents, historical milestones, exemplary cases, paradigmatic situations and theoretical contributions to reflect on possible relations between criticism and curation.
In arguing for the displacements of critical discourse towards an enlarged sphere of the circumstance of presentation of the work and the work of art, I start from the realization that the decades of 1960 to 1980 comprise a moment in which critics of art stricto sensu extend their performance and reflection on exhibition and curatorial projects. In this sense, this thesis develops and defends the argument that critics play an important role in the constitution of a field of curatorial practice and thought in Brazil; first at a time when curatorial activity begins to consolidate without being so named and then in a phase of recognition and institutionalization of both the term and the function.
As a methodological and conceptual basis, the research mobilizes a survey of published texts referring to critical debates, historical references, theoretical contributions, artistic proposals, exhibition projects and curatorial practices. This material composes the corpus of analysis from which the questions are formulated and the reflection is guided. The research also operates with two concepts of theoretical application: discursive field and space of criticism.
With a bias that examines debates about the crisis of criticism, the phenomenon of exhibition and the rise of curatorship, the thesis initially develops as a discussion based on study and analysis of selected bibliography, to which two case studies follow: one from the performance of the critic Frederico Morais between the 1960s and 1970s, and another from the performance of critics Sheila Leirner between the 1970s and 1980s. The critical itineraries of both are debated both in relation to the wider context of the time and the revisions. The investigation points to two curator-critics who address curative thinking and practice as a development not only of activity in art criticism, but also of a broader reflection on the very statute of criticism.
Keywords: visual arts; criticism; curatorship; exhibition; Frederico Morais; Sheila Leirner.
Dissertation by Francisco Dalcol
Translation by Francisco Dalcol
O artigo discute em termos históricos e teóricos o desenvolvimento da curadoria, a partir dos anos 1960, como uma atividade que passa a englobar uma dimensão discursiva e criadora, sobretudo em mostras coletivas e temporárias, notadamente bienais e megaexposições. O discurso crítico sobre a obra de arte como objeto autônomo se desdobra em uma modalidade de crítica curatorial, em que a exposição e o conjunto de obras no contexto expositivo adquirem primazia em relação aos objetos de arte em si. Contudo, argumenta o autor, a crítica curatorial respondeu com uma separação do gesto artístico e curatorial-sendo que tais divisões não são mais aparentes na prática das exposições contemporâneas.
Palavras-chave:
Discurso curatorial. Crítica curatorial. Bienais. Megaexposições. Curador-artista.
Tradução:
Francisco Dalcol
O artigo discute como a crescente importância e a transformação das exposições desde os anos 1960 têm motivado um envolvimento mais profundo com sua própria história. Nesse sentido, o autor assinala a importância dos programas de estudos curatoriais estabelecidos desde os anos 1980, uma vez que são ambientes de treinamento prático e pesquisa histórico-teórica. Contudo, argumenta que os discursos sobre as exposições ainda são quase que exclusivamente enunciados pelos próprios curadores, que a partir de seu lugar de fala se colocam ao mesmo tempo como sujeito e objeto. Assim, ao figurarem como protagonistas da História das Exposições, os curadores acabam por criar novos cânones, resultando em possível padronização e homogeneização dos modelos expositivos.
Palavras-chave:
Discurso curatorial. História das Exposições. Estudos curatoriais. Lugar de fala. Cânones expositivos.
Tradução:
Francisco Dalcol
Books Chapters by Francisco Dalcol
onde as conversas seguem ritmo próprio, como um sapateado – dança também regida pela improvisação, onde dançarinos trabalham juntos para criar um som mantendo seus passos em velocidade coincidentes.
Papers by Francisco Dalcol
Na experiência em anos recentes como diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, e movido pelo interesse em explorar abordagens curatoriais voltadas à experimentação de estratégias e formatos expositivos em contexto museológico, tenho me dedicado a compreender a história da instituição procurando abordá-la de um modo criativo, conceitual e inovador para a concepção de exposições, publicações e outros projetos. Essa investigação envolve a implementação de um programa expositivo fundamentado pelas metodologias da história das exposições. O presente artigo apresenta desdobramentos da pesquisa prático-teórica sobre revisitação e remontagem de exposições históricas que fundamenta este programa, discutindo a recriação, trazida a público em 2021, da primeira exposição da história do MARGS — apresentada em 1955, no ano seguinte à criação do Museu.
PALAVRAS-CHAVE
Processos curatoriais. Estratégias expositivas. História das exposições. História institucional. Recriação de exposições.
ABSTRACT: This paper is part of a investigation developed on a practical-theoretical level, on approaches and expository strategies that focus on the remaking and even restaging of historical exhibitions, taking them as a methodology applied to contemporary curatorial procedures and models. Firstly, I approach a curatorial project that starts from my own experience with the implementation of an institutional exhibition program, which takes place in an art museum. Below, I discuss what I consider to be, in recent years, a kind of impulse for the interest of remaking and restaging of exhibitions of the past. It is interesting to discuss and reflect on the remaking and restaging of exhibitions as a strategy and approach to a curatorial methodology based on the parameters and contributions of the Exhibitions Histories.
Enquanto crítico atuante na imprensa e organizador de exposições, Frederico Morais acompanhou a virada vanguardista da arte contemporânea no Brasil como importante agente no incentivo e difusão de novas práticas e linguagens artísticas, notadamente as de viés experimental. Tanto em seus textos, nos quais lançou conceitos como “contra-arte”, “guerrilha artística” e “nova crítica”, como nos eventos que organizou e nos salões de que foi júri, exerceu papel de reflexão e defesa da produção de nomes referenciais da arte brasileira da segunda metade do século XX, como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Carlos Vergara, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Artur Barrio, Cildo Meireles e Antonio Manuel. Teve também uma importante atuação no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, notabilizada pelos Domingos da Criação (1971), projeto em que estimulava a atuação do museu fora de seu ambiente, ocupando os espaços externos em seu entorno com propostas artísticas experimentais e abertas à presença e participação do público.
Como curador, em um período em que o termo não era empregado correntemente no Brasil, organizou um dos mais significativos eventos artísticos no período autoritário de censura e perseguições da ditadura militar (1964-1985): “Do corpo à terra” (1970), em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Ao atuar como um crítico-curador que estimulava novas proposições artísticas, radicalizou os modelos expositivos no país convidando artistas a realizar trabalhos diretamente no espaço público, como intervenções, situações e performances, todas efêmeras. A contundência do projeto no contexto de prisões, exílios, torturas e desaparecimentos de perseguidos pelo regime ditatorial ficou marcada por dois trabalhos: a intervenção “Trouxas ensanguentadas”, de Artur Barrio, e a ação performática “Tiradentes: totem-monumento ao preso político”, de Cildo Meireles.
Ao analisarmos alguns pontos da atuação de Frederico Morais, o objetivo é tomá-los como contribuição para discutir questões prementes sobre as conflituosas relações entre crítica e curadoria. Para isso, pretende-se refletir a partir de duas perspectivas. A primeira considera o empenho de Frederico Morais em redefinir a atividade da crítica diante de um panorama de transformações nas práticas artísticas que tornam inviáveis e colocam em crise os modelos e as abordagens da tradição crítica vigente e precedente, no caso a de vertente moderna. O segundo leva em conta a maneira como ele operacionaliza essa requalificação da crítica, seja escrevendo textos, curando exposições ou até mesmo realizando trabalhos artísticos. Nos dois casos, há uma militância pela necessidade de se repensar os modos do pensar e do agir críticos, propondo novas funções e lugares de atuação. Não como avaliador de critérios valorativos exteriores à obra, mas enquanto participante e também criador que atua junto aos artistas e reflita a partir da produção, redefinindo também o estatuto do espectador, gesto que denominou como “nova crítica”.
PALAVRAS-CHAVE: Curadoria; exposição; expografia; relato curatorial; O tempo das coisas.
ABSTRACT The paper integrates a practical-theoretical investigation that interrogates about crossings and contaminations between artistic processes, curatorial procedures and exhibition strategies. It approaches the curatorial project "The Time of Things" (2018), which consisted of two collective exhibitions, under my organization. In addition to selected artworks, other were developed in response to the curatorial proposition. In this reflection, I approach the conception of curatorship and the process of collaboration between curator and artists around the ways of elaboration, choice and presentation of works; the relation between them and the exhibition space; and the articulation of senses and visuality. As a conceptual foundation, I use a perspective that problematizes the curatorial discourse to inquire about research methodologies in curating that develop along with artistic practices and processes.
Palavras-chave: corpo; arte brasileira; anos 1960; política da arte; participação do espectador; experiência sensoria; ditadura militar; crítica.
O propósito do presente estudo consiste em identificar e discutir a implicação da crítica de arte na formação da curadoria contemporânea de artes visuais no Brasil. Tendo em conta que essa constituição decorre entre os anos 1960 e 1980, investigo a hipótese de que textos, exposições e curadorias de críticos brasileiros no período oferecem antecedentes, marcos históricos, casos exemplares, situações paradigmáticas e aportes teóricos para se refletir sobre as possíveis relações entre crítica e curadoria.
Ao argumentar quanto aos deslocamentos do discurso crítico em direção a uma esfera ampliada da circunstância de apresentação da obra e do trabalho de arte, parto da constatação de que as décadas de 1960 a 1980 compreendem um momento em que críticos de arte stricto sensu estendem sua atuação e reflexão a projetos de exposição e curadoria. Nesse sentido, esta tese desenvolve e defende o argumento de que a crítica tem importante papel na constituição de um campo de prática e pensamento curatorial no Brasil; primeiramente em uma época em que a atividade curatorial começa a se consolidar ainda sem ser assim nomeada e, a seguir, em uma fase de reconhecimento e institucionalização tanto do termo quanto da função.
Como fundamentação metodológica e conceitual, a pesquisa mobiliza um levantamento de textos publicados referentes a debates críticos, referenciais históricos, aportes teóricos, proposições artísticas, projetos expositivos e práticas curatoriais. Esse material compõe o corpus de análise a partir do qual as questões são formuladas e a reflexão se encaminha. A investigação opera ainda com dois conceitos de aplicação teórica: campo discursivo e espaço de crítica.
Com um viés que perscruta debates em torno da crise da crítica, do fenômeno da exposição e da ascensão da curadoria, a tese se desenvolve inicialmente como uma discussão baseada em estudo e análise de bibliografia selecionada, à qual se seguem dois estudos de caso: um a partir da atuação do crítico Frederico Morais entre os anos 1960 e 70, e outro a partir da atuação da crítica Sheila Leirner entre os anos 1970 e 80. Os itinerários críticos de ambos são debatidos tanto em relação ao contexto mais amplo da época como a revisões posteriores. A investigação aponta serem dois críticos-curadores que se dirigem à prática e pensamento em curadoria como um desdobramento não apenas da atividade na crítica de arte, como também de uma reflexão mais ampla sobre o próprio estatuto da crítica.
Palavras-chave: artes visuais; crítica; curadoria; exposição; Frederico Morais; Sheila Leirner.
ABSTRACT:
The purpose of the present study is to identify and discuss the implication of art criticism in the formation of contemporary curation of visual arts in Brazil. Considering that this constitution runs from the 1960s to the 1980s, I investigated the hypothesis that texts, expositions and curators of Brazilian critics in the period offered antecedents, historical milestones, exemplary cases, paradigmatic situations and theoretical contributions to reflect on possible relations between criticism and curation.
In arguing for the displacements of critical discourse towards an enlarged sphere of the circumstance of presentation of the work and the work of art, I start from the realization that the decades of 1960 to 1980 comprise a moment in which critics of art stricto sensu extend their performance and reflection on exhibition and curatorial projects. In this sense, this thesis develops and defends the argument that critics play an important role in the constitution of a field of curatorial practice and thought in Brazil; first at a time when curatorial activity begins to consolidate without being so named and then in a phase of recognition and institutionalization of both the term and the function.
As a methodological and conceptual basis, the research mobilizes a survey of published texts referring to critical debates, historical references, theoretical contributions, artistic proposals, exhibition projects and curatorial practices. This material composes the corpus of analysis from which the questions are formulated and the reflection is guided. The research also operates with two concepts of theoretical application: discursive field and space of criticism.
With a bias that examines debates about the crisis of criticism, the phenomenon of exhibition and the rise of curatorship, the thesis initially develops as a discussion based on study and analysis of selected bibliography, to which two case studies follow: one from the performance of the critic Frederico Morais between the 1960s and 1970s, and another from the performance of critics Sheila Leirner between the 1970s and 1980s. The critical itineraries of both are debated both in relation to the wider context of the time and the revisions. The investigation points to two curator-critics who address curative thinking and practice as a development not only of activity in art criticism, but also of a broader reflection on the very statute of criticism.
Keywords: visual arts; criticism; curatorship; exhibition; Frederico Morais; Sheila Leirner.
O artigo discute em termos históricos e teóricos o desenvolvimento da curadoria, a partir dos anos 1960, como uma atividade que passa a englobar uma dimensão discursiva e criadora, sobretudo em mostras coletivas e temporárias, notadamente bienais e megaexposições. O discurso crítico sobre a obra de arte como objeto autônomo se desdobra em uma modalidade de crítica curatorial, em que a exposição e o conjunto de obras no contexto expositivo adquirem primazia em relação aos objetos de arte em si. Contudo, argumenta o autor, a crítica curatorial respondeu com uma separação do gesto artístico e curatorial-sendo que tais divisões não são mais aparentes na prática das exposições contemporâneas.
Palavras-chave:
Discurso curatorial. Crítica curatorial. Bienais. Megaexposições. Curador-artista.
Tradução:
Francisco Dalcol
O artigo discute como a crescente importância e a transformação das exposições desde os anos 1960 têm motivado um envolvimento mais profundo com sua própria história. Nesse sentido, o autor assinala a importância dos programas de estudos curatoriais estabelecidos desde os anos 1980, uma vez que são ambientes de treinamento prático e pesquisa histórico-teórica. Contudo, argumenta que os discursos sobre as exposições ainda são quase que exclusivamente enunciados pelos próprios curadores, que a partir de seu lugar de fala se colocam ao mesmo tempo como sujeito e objeto. Assim, ao figurarem como protagonistas da História das Exposições, os curadores acabam por criar novos cânones, resultando em possível padronização e homogeneização dos modelos expositivos.
Palavras-chave:
Discurso curatorial. História das Exposições. Estudos curatoriais. Lugar de fala. Cânones expositivos.
Tradução:
Francisco Dalcol
onde as conversas seguem ritmo próprio, como um sapateado – dança também regida pela improvisação, onde dançarinos trabalham juntos para criar um som mantendo seus passos em velocidade coincidentes.
Na experiência em anos recentes como diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, e movido pelo interesse em explorar abordagens curatoriais voltadas à experimentação de estratégias e formatos expositivos em contexto museológico, tenho me dedicado a compreender a história da instituição procurando abordá-la de um modo criativo, conceitual e inovador para a concepção de exposições, publicações e outros projetos. Essa investigação envolve a implementação de um programa expositivo fundamentado pelas metodologias da história das exposições. O presente artigo apresenta desdobramentos da pesquisa prático-teórica sobre revisitação e remontagem de exposições históricas que fundamenta este programa, discutindo a recriação, trazida a público em 2021, da primeira exposição da história do MARGS — apresentada em 1955, no ano seguinte à criação do Museu.
PALAVRAS-CHAVE
Processos curatoriais. Estratégias expositivas. História das exposições. História institucional. Recriação de exposições.
ABSTRACT: This paper is part of a investigation developed on a practical-theoretical level, on approaches and expository strategies that focus on the remaking and even restaging of historical exhibitions, taking them as a methodology applied to contemporary curatorial procedures and models. Firstly, I approach a curatorial project that starts from my own experience with the implementation of an institutional exhibition program, which takes place in an art museum. Below, I discuss what I consider to be, in recent years, a kind of impulse for the interest of remaking and restaging of exhibitions of the past. It is interesting to discuss and reflect on the remaking and restaging of exhibitions as a strategy and approach to a curatorial methodology based on the parameters and contributions of the Exhibitions Histories.
Enquanto crítico atuante na imprensa e organizador de exposições, Frederico Morais acompanhou a virada vanguardista da arte contemporânea no Brasil como importante agente no incentivo e difusão de novas práticas e linguagens artísticas, notadamente as de viés experimental. Tanto em seus textos, nos quais lançou conceitos como “contra-arte”, “guerrilha artística” e “nova crítica”, como nos eventos que organizou e nos salões de que foi júri, exerceu papel de reflexão e defesa da produção de nomes referenciais da arte brasileira da segunda metade do século XX, como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Carlos Vergara, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Artur Barrio, Cildo Meireles e Antonio Manuel. Teve também uma importante atuação no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, notabilizada pelos Domingos da Criação (1971), projeto em que estimulava a atuação do museu fora de seu ambiente, ocupando os espaços externos em seu entorno com propostas artísticas experimentais e abertas à presença e participação do público.
Como curador, em um período em que o termo não era empregado correntemente no Brasil, organizou um dos mais significativos eventos artísticos no período autoritário de censura e perseguições da ditadura militar (1964-1985): “Do corpo à terra” (1970), em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Ao atuar como um crítico-curador que estimulava novas proposições artísticas, radicalizou os modelos expositivos no país convidando artistas a realizar trabalhos diretamente no espaço público, como intervenções, situações e performances, todas efêmeras. A contundência do projeto no contexto de prisões, exílios, torturas e desaparecimentos de perseguidos pelo regime ditatorial ficou marcada por dois trabalhos: a intervenção “Trouxas ensanguentadas”, de Artur Barrio, e a ação performática “Tiradentes: totem-monumento ao preso político”, de Cildo Meireles.
Ao analisarmos alguns pontos da atuação de Frederico Morais, o objetivo é tomá-los como contribuição para discutir questões prementes sobre as conflituosas relações entre crítica e curadoria. Para isso, pretende-se refletir a partir de duas perspectivas. A primeira considera o empenho de Frederico Morais em redefinir a atividade da crítica diante de um panorama de transformações nas práticas artísticas que tornam inviáveis e colocam em crise os modelos e as abordagens da tradição crítica vigente e precedente, no caso a de vertente moderna. O segundo leva em conta a maneira como ele operacionaliza essa requalificação da crítica, seja escrevendo textos, curando exposições ou até mesmo realizando trabalhos artísticos. Nos dois casos, há uma militância pela necessidade de se repensar os modos do pensar e do agir críticos, propondo novas funções e lugares de atuação. Não como avaliador de critérios valorativos exteriores à obra, mas enquanto participante e também criador que atua junto aos artistas e reflita a partir da produção, redefinindo também o estatuto do espectador, gesto que denominou como “nova crítica”.
PALAVRAS-CHAVE: Curadoria; exposição; expografia; relato curatorial; O tempo das coisas.
ABSTRACT The paper integrates a practical-theoretical investigation that interrogates about crossings and contaminations between artistic processes, curatorial procedures and exhibition strategies. It approaches the curatorial project "The Time of Things" (2018), which consisted of two collective exhibitions, under my organization. In addition to selected artworks, other were developed in response to the curatorial proposition. In this reflection, I approach the conception of curatorship and the process of collaboration between curator and artists around the ways of elaboration, choice and presentation of works; the relation between them and the exhibition space; and the articulation of senses and visuality. As a conceptual foundation, I use a perspective that problematizes the curatorial discourse to inquire about research methodologies in curating that develop along with artistic practices and processes.
Palavras-chave: corpo; arte brasileira; anos 1960; política da arte; participação do espectador; experiência sensoria; ditadura militar; crítica.
This article discusses the relations between criticism, exhibition and curatorship, reflecting on the critical potentiality of curatorial thought and practice. Initially, it points out the rise of curatorship related to the decline of art criticism in the context of globalization and transformations in the artistic field, arguing about the emergence of the independent curator in parallel with the increase of temporary events and exhibitions on an international scale. The discussion follows with a problematization of the so-called post-critical space, result of the curated ehxibition (O " NEILL, 2007). Finally, it reflects on the need to establish a distinction between criticism and curation, defending it as a political demand for a public sphere of critical debate in which both act in equal confrontation. The discussion integrates an ongoing doctoral research.
Texto publicado no jornal da Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA), n° 42 – Ano XV – Junho de 2017.
(http://abca.art.br/?p=2631\)
Simbolicamente pensada para ocupar só com obras do acervo a totalidade do prédio do Museu, a exposição tem lugar nos seus 2 andares, dividida em 2 partes estendidas no tempo e que se integram:
> PARTE 1: uma primeira seleção de obras, apresentada em todos os espaços expositivos do 1º andar, entre 23.03.2024 e 18.08.2024.
> PARTE 2: um complemento com outra seleção de obras, apresentada em todos os espaços expositivos do 2º andar, a partir de 18.05.2024 e em simultâneo até 18.08.2024.
“MARGS 70 — Percursos de um acervo” pretende oferecer ao público a oportunidade de ver reunido um espectro de obras marcantes e emblemáticas do Museu, a partir de uma amostragem panorâmica do universo de mais de 5.800 obras. Ao mesmo tempo que reúne peças historicamente destacadas do acervo, justapõe obras menos conhecidas e pouco ou há muito tempo não exibidas.
No conjunto, tem-se uma diversidade de abordagens artísticas, com objetos de diferentes tempos, suportes e linguagens colocados em diálogos e tensionamentos, compondo seções identificadas ao longo do percurso e com as quais a exposição se organiza. Esses segmentos são também conformados pela arquitetura dos espaços expositivos, distribuindo-se segundo as salas e galerias do Museu.
Por “percursos” empregado conceitualmente no plural no subtítulo da exposição, a curadoria da exposição aponta para 3 dimensões:
1. A trajetória de constituição do acervo no decorrer dos últimos 70 anos, pontuada na exposição com o ano de aquisição de cada obra informado nas fichas técnicas às paredes.
2. Os caminhos que envolvem percorrer o acervo, selecionar as obras e estabelecer as suas aproximações, correlações e justaposições propostas entre o conjunto, efetivadas no “desenho” da exposição.
3. E o deslocamento do visitante no espaço da exposição, a partir das variadas rotas de navegação de encontro com as obras pelo público, das diferentes possibilidades de relações entre as obras e da experiência diversa de cada um ao percorrer ao seu modo os trabalhos em exibição.
“MARGS 70 — Percursos de um acervo” tem curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, com assistência curatorial de Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, e envolvimento de todas as equipes e setores do Museu, além de colaboradores externos.
Contemplando os mais de 50 anos de trajetória do artista, sendo também a sua primeira individual apresentada pelo MARGS, a mostra apresenta uma abordagem que revisa e aprofunda o entendimento público da sua diversificada e extensa produção, desenvolvida em desenho, gravura, pintura e objeto.
Além de trazer a parte mais reconhecida e consagrada de seu trabalho, sobretudo o viés figurativo e expressionista em gravura e pintura; redimensiona a sua obra ao trazer a público produções menos conhecidas, a exemplo de seus desenhos-pinturas, suas pinturas-objetos, os procedimentos construtivos e os flertes com a abstração, assinalando a importância em sua poética pessoal e a relevante contribuição no contexto das transformações do meio de arte e das convenções do fazer artístico vivenciadas por sua geração na história da arte sul-rio-grandense.
Assim, a mostra revela um artista inquieto, polivalente, em constante produção e que pauta a sua prática artística em grande parte pelo emprego dos procedimentos experimentais e mesmo conceituais que desenvolve.
São apresentadas mais de 200 obras, realizadas desde os anos 1970, incluindo parte de seus trabalhos que integram o Acervo Artístico do MARGS, onde está representado com mais de 30 obras.
Embora esteja presente na coleção e atuante em atividades e exposições do Museu nos últimos 50 anos, Wilson Cavalcanti ainda não havia tido na instituição uma mostra monográfica, de caráter panorâmico, histórico e retrospectivo, como esta dedicada à extensão e diversidade de sua produção e trajetória.
Assim, “Wilson Cavalcanti — Os jardins que me habitam” é apresentada como parte de 2 programas expositivos em operação no MARGS e que são interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e reconsiderações históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda as intersecções entre a história institucional do Museu e as trajetórias de artistas.
Organizada e realizada pelo MARGS, a exposição tem curadoria de Felipe Caldas, curador convidado, e Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, com produção de José Eckert, Núcleo de Curadoria do Museu.
A curadoria é de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do Museu, com produção de José Eckert, Núcleo de Curadoria do MARGS, e colaboração de Rafael Muniz no design gráfico de exposição e produção.
Em sua prática artística, Hélio Fervenza utiliza diferentes meios. Começou trabalhando com desenho e gravura e depois com procedimentos conceituais envolvendo instalações compostas por objetos, fotografias e composições gráficas.
Uma característica central da pesquisa do artista são as relações entre visualidade e linguagem, explorando conceitualmente questões como visibilidade e invisibilidade, cheio e vazio, dentro e fora, o manifesto e o oculto, em torno de noções relacionadas à apresentação artística e à circunstância expositiva em si.
“Conjunto vazio”, que é uma instalação do artista, dá nome à exposição por abranger diversos aspectos que perpassam toda a sua pesquisa e produção.
Juntamente à produção artística, Hélio Fervenza tem a sua trajetória também marcada pela atuação universitária como docente da UFRGS.
Nascido em Santana do Livramento (RS) em 1963, iniciou-se profissionalmente como artista em Porto Alegre no começo dos anos 1980. No final da década, mudou-se para a França, onde estudou artes plásticas realizando graduação, mestrado e doutorado. Com o retorno, passou a atuar, a partir de 1994, como pesquisador e professor de gravura e poéticas visuais do Instituto de Artes da UFRGS, paralelamente à produção artística.
Hélio Fervenza expõe com regularidade desde os anos 1980 no Brasil e no exterior. Em 2012, por exemplo, foi destacado pela 30ª Bienal de São Paulo ao ganhar uma sala individual que apresentou uma retrospectiva de sua produção e, no ano seguinte, foi escolhido para a representação do Brasil na 55ª Bienal de Veneza.
Embora tenha realizado exposições individuais em Porto Alegre, ainda não havia tido uma mostra mais histórica e abrangente de sua trajetória como a que o MARGS agora apresenta, marcando também a primeira individual do artista no Museu.
Assim, “Hélio Fervenza — Conjunto vazio” integra o programa expositivo do Museu intitulado “Histórias ausentes”, voltado a projetos de resgate, memória e reconsideração histórica que procuram conferir visibilidade e legibilidade a manifestações e narrativas artísticas, destacando trajetórias, atuações e produções artísticas.