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Hélio Fervenza — Conjunto vazio

2023, Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS

“Hélio Fervenza — Conjunto vazio” apresenta um panorama dos 40 anos de produção do artista, pesquisador e professor, que completa 60 anos em 2023. Assim, são reunidos trabalhos que abrangem desde o início dos anos 1990 até o presente, incluindo inéditos. A curadoria é de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do Museu, com produção de José Eckert, Núcleo de Curadoria do MARGS, e colaboração de Rafael Muniz no design gráfico de exposição e produção. Em sua prática artística, Hélio Fervenza utiliza diferentes meios. Começou trabalhando com desenho e gravura e depois com procedimentos conceituais envolvendo instalações compostas por objetos, fotografias e composições gráficas. Uma característica central da pesquisa do artista são as relações entre visualidade e linguagem, explorando conceitualmente questões como visibilidade e invisibilidade, cheio e vazio, dentro e fora, o manifesto e o oculto, em torno de noções relacionadas à apresentação artística e à circunstância expositiva em si. “Conjunto vazio”, que é uma instalação do artista, dá nome à exposição por abranger diversos aspectos que perpassam toda a sua pesquisa e produção. Juntamente à produção artística, Hélio Fervenza tem a sua trajetória também marcada pela atuação universitária como docente da UFRGS. Nascido em Santana do Livramento (RS) em 1963, iniciou-se profissionalmente como artista em Porto Alegre no começo dos anos 1980. No final da década, mudou-se para a França, onde estudou artes plásticas realizando graduação, mestrado e doutorado. Com o retorno, passou a atuar, a partir de 1994, como pesquisador e professor de gravura e poéticas visuais do Instituto de Artes da UFRGS, paralelamente à produção artística. Hélio Fervenza expõe com regularidade desde os anos 1980 no Brasil e no exterior. Em 2012, por exemplo, foi destacado pela 30ª Bienal de São Paulo ao ganhar uma sala individual que apresentou uma retrospectiva de sua produção e, no ano seguinte, foi escolhido para a representação do Brasil na 55ª Bienal de Veneza. Embora tenha realizado exposições individuais em Porto Alegre, ainda não havia tido uma mostra mais histórica e abrangente de sua trajetória como a que o MARGS agora apresenta, marcando também a primeira individual do artista no Museu. Assim, “Hélio Fervenza — Conjunto vazio” integra o programa expositivo do Museu intitulado “Histórias ausentes”, voltado a projetos de resgate, memória e reconsideração histórica que procuram conferir visibilidade e legibilidade a manifestações e narrativas artísticas, destacando trajetórias, atuações e produções artísticas.

Hélio Fervenza conjunto vazio Uma das características das práticas artísticas que se seguiram às vanguardas históricas, notadamente a partir dos anos 1960, foi que, ao extrapolar convenções da pintura, escultura, desenho e gravura, adentrou-se em um novo território de investigação dos meios e da linguagem, mais livre porém desafiador, porque indaga sobre as próprias condições de possibilidade da arte. Isso é acompanhado de um radical deslocamento — do que um objeto artístico representaria ou significaria para a ampla rede de sentidos e experiências que inicia e é capaz de produzir. A partir daí, intensifica-se a complexidade própria à arte, uma vez que a pergunta sobre o que uma obra “diz” ou “significa” tem sua reconfortante resposta substituída por uma inquirição ainda mais profunda e até desconcertante: “quando” e “como” há arte? O que muda também radicalmente o próprio estatuto do espectador, do qual passa a ser exigida uma disposição mais ativa e mesmo reflexiva, no nível do pensamento e de uma (auto)consciência crítica. A produção de Hélio Fervenza se inscreve nessa passagem operada pelas práticas artísticas nas últimas décadas. Ao longo de 40 anos de atuação como artista, pesquisador e professor, vem desenvolvendo uma produção de densidade conceitual que é reconhecida e consolidada pela sua solidez e coerência. A questão central de sua obra são as relações entre visualidade e linguagem, exploradas em grande parte pela polissemia que resulta de jogos de oposição como visibilidade e invisibilidade, cheio e vazio, dentro e fora, o manifesto e o oculto. Inicialmente em desenho e gravura, depois com operações diversificadas que envolvem objetos e materiais cotidianos, composições gráficas, impressos e fotografias, suas obras investem em uma visualidade despojada e formalmente depurada, ressoando descendência de preceitos do construtivismo, do minimalismo e dos conceitualismos. E sempre desafiando a unicidade e a individuação da obra pela articulação da sintaxe espacial de seus elementos, com procedimentos de ordem expográfica, segundo um pensamento de montagem. Desse modo, suas proposições e instalações exploram o espaço e a espacialidade enquanto conceito projetado e praticado, estruturandose pela justaposição das peças, como se fossem partituras de arranjos orquestrados por ritmos, intervalos e silêncios. Isso é acionado por uma reflexão do artista sobre as noções de apresentação artística, problematizando a ideia de espaço de exposição. Do que resulta a manifestação de uma retórica visual de forte componente gráfico. “Conjunto vazio”, que dá nome a esta exposição, é uma instalação de Hélio Fervenza dos anos 1990 que concentra diversos desses aspectos que perpassam toda a sua pesquisa em poéticas visuais. Inclusive o expediente de trabalhos e projetos que se reconfiguram a cada nova montagem, com sua mutabilidade e não permanência em resposta às especificidades do espaço e da circunstância de apresentação. No uso da fotografia, por exemplo, a simples função de registrar e documentar algo ou uma ação acaba sempre sendo subvertida por um embaralhamento dos códigos visuais e perceptivos. Já ao convocar elementos gráficos da linguagem escrita, sobretudo sinais de pontuação ampliados, transforma-os em signos visuais que redimensionam o ambiente, gerando espaços que se prolongam dentro de espaços, como um convite a serem ocupados pelo pensamento. E embora reste evidente que suas obras lidam com algo do banal, é o desconhecido e o incompreensível que se impõem, envolvendo-as em um absoluto sentido de mistério e enigma. Fotografia integrante da instalação “Conjunto vazio” (1998), 32 x 26 cm | Coleção do artista Ao modo como encaminha a pesquisa poética em artes visuais, Hélio Fervenza tem sua produção também marcada pela atuação universitária. Com formação em artes realizada na França, onde fez graduação, mestrado e doutorado, é professor do Instituto de Artes da UFRGS desde os anos 1990, atuando na docência e pesquisa. Como um artista com trajetória na universidade, conjuga prática artística e produção intelectual e teórica. Seu profundo interesse pelo estudo e conhecimento faz dele um pensador das artes visuais, cujas reflexões analíticas inscrevem-se não apenas na gênese de sua obra, mas como reflexão sobre a produção artística e as teorias e a história da arte. Um dos importantes nomes da geração 80 das artes visuais no Rio Grande do Sul, Hélio Fervenza expõe com regularidade no Brasil e no exterior. Em 2012, na 30ª Bienal de São Paulo, ganhou uma sala individual que apresentou uma retrospectiva de sua produção e, no ano seguinte, foi escolhido para a representação do Brasil na 55ª Bienal de Veneza. Embora tenha realizado mostras em Porto Alegre, ainda não havia apresentado uma exposição mais histórica e abrangente de sua trajetória como a que o MARGS agora organiza, marcando também a primeira individual do artista no Museu. Nesse sentido, “Hélio Fervenza — Conjunto vazio” apresenta um panorama retrospectivo da produção do artista, com a reunião de trabalhos que são revisitados contemplando desde o início dos anos 1990 até o presente, incluindo ainda inéditos. Assim, a mostra dá sequência ao programa expositivo do Museu intitulado “Histórias ausentes”, voltado a projetos de resgate, memória e revisão histórica que procuram conferir visibilidade e legibilidade a manifestações e narrativas artísticas, destacando trajetórias, atuações e produções artísticas. Francisco Dalcol Diretor-curador do MARGS Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte Hélio Fervenza (Santana do Livramento/RS, 1963) Vive e trabalha em Porto Alegre, a partir de onde atua como artista, pesquisador e professor. Em sua prática artística, utiliza diferentes meios explorando conceitualmente questões como visibilidade e invisibilidade, cheio e vazio, dentro e fora, o manifesto e o oculto, em torno de noções relacionadas à apresentação artística e à circunstância expositiva em si. Começou trabalhando com desenho e gravura e depois com procedimentos conceituais envolvendo instalações compostas por objetos, fotografias e composições gráficas. Sua pesquisa em poéticas visuais também envolve produção intelectual e teórica, com artigos em revistas universitárias, trabalhos em eventos acadêmicos e publicações editoriais. Iniciou os estudos artísticos em 1975, aos 12 anos, tendo aulas de desenho e pintura na “Escuela Taller de Artes Plásticas” de Rivera. Posteriormente, entre 1983 e 1985, frequentou o Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, período de experiências e parcerias importantes. Sua atuação profissional como artista começou em 1983, em Porto Alegre, na exposição coletiva “Arte livro gaúcho: 1950—1983”, apresentada no MARGS. Entre os anos 1980 e 1990, teve formação universitária como artista plástico na França. Fez graduação na École des Arts Décoratifs de Strasbourg, mestrado na Université de Sciences Humaines de Strasbourg e doutorado na Université de Paris I Panthéon-Sorbonne. Realiza regularmente exposições individuais e coletivas em diversos países desde os anos 1980, como Bienal de Veneza (Itália), Bienal de São Paulo, Bienal de Yakutsk (Rússia), Bienal do Mercosul, Spinnerei – Leipzig (Alemanha), Museu da Gravura de Curitiba, Weserburg – Museum of Modern Art de Bremen (Alemanha), Museu Victor Meirelles (Florianópolis), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Bienal de Amsterdã (Holanda), Université de Paris I (França), Instituto Itaú Cultural (SP, Belo Horizonte, Brasília), Centro Cultural del Ministerio de Educación y Cultura (Uruguai), FUNARTE (Rio de Janeiro), MARGS, Fundación DANAE (França, Espanha), Musée des Beaux-Arts de Verviers (Bélgica), Centro Cultural Recoleta (Argentina), MAC-USP (São Paulo), Centro de Extensión PUC (Chile), University of Wisconsin (EUA), Sociedade Nacional de Belas Artes (Portugal), Paço das Artes (SP), Galeria Sztuki BWA (Polônia), Grand Palais (França), Biennale Internationale de Gravure (Eslovênia). Desde 1994, é professor de gravura e poéticas visuais no Instituto de Artes da UFRGS, atuando na graduação e pós-graduação. Dá aulas também no Programa de Mestrado em Arte e Cultura Visual da Universidade da República do Uruguai. Pesquisador CNPq de 1996 a 2022. Desenvolve atividades artísticas junto ao programa FPES — Perdidos no Espaço. Autor de publicações como o livro “O + é deserto” (2002), Documento Areal 3. Hélio Fervenza Hélio Fervenza | Fotografia integrante da obra “Olho mágico” (1997), 32 x 26 cm | Coleção do artista conjunto vazio Curadoria Francisco Dalcol Cristina Barros Diretor-curador MARGS Curadora-assistente MARGS Coordenação de montagem e produção José Eckert, Núcleo de Curadoria MARGS Design gráfico de exposição e produção Rafael Muniz Visitação 12.08 a 12.11.2023 MARGS Galeria Iberê Camargo e sala Oscar Boeira Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS Praça da Alfândega, s/nº, Centro Histórico | Porto Alegre, RS | Brasil Terça a domingo, 10h às 19h (último acesso 18h) | Entrada gratuita www.margs.rs.gov.br /museumargs ASSOCIE-SE Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul | AAMARGS www.margs.rs.gov.br/aamargs VISITAS MEDIADAS O Núcleo Educativo e de Programa Público do MARGS oferece visitas mediadas às exposições para visitantes individuais, grupos e escolas, mediante agendamento prévio. São também oferecidas visitas técnicas. As solicitações devem ser feitas pelo email: educativo@margs.rs.gov.br Hélio Fervenza | Fotografia integrante da instalação “(peixe, sombra) dentrofora (do céu da boca) d’água ( , )” (2013), 70 x 46,5 cm | Coleção do artista Governo do Estado do RS, Secretaria de Estado da Cultura, Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS e Banrisul apresentam