Capítulo de Livro by Wellington da Silva Medeiros
O período de fundação do Movimento de Educação de Base (MEB) coincide com o processo de formação ... more O período de fundação do Movimento de Educação de Base (MEB) coincide com o processo de formação dos sindicatos rurais, em Alagoas. Estes tiveram início no segundo semestre de 1961, o que refletia, de certa forma, a então mobilização pela sindicalização rural em curso no Brasil. Em Alagoas: sindicatos rurais e dominação, Arruda Mello (1990, p. 51) pontua que nas regiões onde a mobilização foi mais intensa, antes do golpe empresarial-militar, “veio a ocorrer, em certa medida, uma internalização da luta de classe com uma acumulação de experiências de lutas e organização”, em um estado da Federação em que até fins dos anos 1980 e início da década de 1990, o conjunto dos canavieiros locais exerceram um tímido papel enquanto ator político, apesar da incidência de conflitos. Desse modo, o capítulo em apreço tem como objetivo discutir os impactos do golpe civil-militar sob o processo de sindicalização rural e as estruturas do Movimento de Educação de Base, em Alagoas. O escrito está organizado em três seções. Na primeira seção, aborda-se o desenvolvimento inicial do MEB e sua implantação no estado. Na sequência, discute-se a formação dos sindicatos rurais e os diversos atores sociais presentes no processo de sindicalização. Por fim, analisa-se o governo Luiz Cavalcante (1961-1964) e os desdobramentos do golpe na desarticulação do MEB e dos sindicatos rurais.
Revista Crítica Histórica, 2023
Na análise de Thompson (2021) sobre a “dissidência”, revela-se o duplo caráter do fenômeno religi... more Na análise de Thompson (2021) sobre a “dissidência”, revela-se o duplo caráter do fenômeno religioso: seu papel social de legitimação da sociedade estabelecida, mas também de crítica e protesto contra esta mesma sociedade. Por um longo tempo, houve certo consenso entre pesquisadores marxistas que a religião seria “o ópio do povo”. Entretanto, a postura dos diferentes grupos religiosos desvinculados da Igreja Anglicana na Inglaterra, durante a segunda metade do século XVIII, demonstrou que é insuficiente e até errôneo tal enfoque teórico. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo discutir as contribuições teórico-metodológicas de Edward Palmer Thompson (1924-1993) para a compreensão das implicações sociais e políticas do fenômeno religioso a partir da luta de classes. Para tanto, dividiu-se o escrito em duas seções. A princípio, discutem-se os pressupostos mais gerais da “sociologia marxista da religião” e a perspectiva analítica do historiador inglês sobre o fenômeno religioso, em contraposição a uma visão mecanicista da “teoria do reflexo”. Na seção posterior, examinam-se os temas relacionados ao campo religioso na obra A formação da classe operária inglesa, e as contribuições teórico-metodológicas à História Social das Religiões.
Capítulo do livro parte da coletânea: SANTOS, Irinéia Maria Franco dos; VASCONCELLOS, Pedro Lima. (Org.). Dinâmicas religiosas na História: perspectivas socioculturais e políticas em debate. 1. ed. Curitiba: CRV, 2022, p. 259-277.
Capítulo do livro, parte da coletânea: BEZERRA, Antonio A.; MELO, Deywid W. de; ALMEIDA, Jacqueline P. de; BOIA, José F.; GAUDENCIO, Júlio C.; MOTA, Maria Danielle A. (Org.). PIBID/UFAL no contexto do ensino remoto emergencial: vivências, práticas e aprendizagens. Curitiba: CRV, 2022, p. 249-261., 2022
Dissertação de Mestrado by Wellington da Silva Medeiros
Dissertação de Mestrado, 2018
Esta dissertação tem como objetivo central compreender o processo de desenvolvimento das Comunida... more Esta dissertação tem como objetivo central compreender o processo de desenvolvimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Arquidiocese de Maceió, entre os anos de 1967 e 1991. Nessa Arquidiocese, o desenvolvimento das CEBs passou por dois momentos decisivos, responsáveis por seu início e expansão: (1) as conjunturas socioeconômica e eclesial dos anos 1960, que propiciaram as primeiras experiências das comunidades de base, e (2) a inclusão das CEBs entre os programas dos Planos de Pastoral da Arquidiocese de Maceió (PPAM), a partir de 1975. Até esse período, existiam poucas experiências incipientes de comunidades de base. Entretanto, com a inclusão das CEBs entre os programas dos PPAM e o episcopado de Dom Miguel Fenelon Câmara Filho (1976-1984) foram organizadas conferências sobre as CEBs. Com isso, progressivamente, foi se desenvolvendo ações favoráveis à criação de uma “rede de comunidades”, em regiões periféricas da cidade de Maceió e na zona rural dos demais municípios que compõem a Arquidiocese. Desse modo, comprovou-se a hipótese que o processo de desenvolvimento das CEBs ocorreu de forma dialética (base-hierarquia). Diante da estrutura hierárquica da Igreja Católica, o apoio de Dom Miguel Câmara e, posteriormente, de Dom Edvaldo Gonçalves Amaral (1986-2002) foi crucial para a expansão e articulação das comunidades de base. A análise histórica das Comunidades Eclesiais de Base em Alagoas possibilitou demonstrar suas concepções político-religiosas, fundamentada nas contribuições teórico-práticas da Teologia da Libertação (TL ou TdL). A conscientização e o estímulo à auto-organização, características da cultura político-religiosa das comunidades de base, proporcionou uma afinidade eletiva entre as CEBs e os movimentos populares. Os diversos relatórios, depoimentos dos membros das CEBs e artigos do Jornal de Alagoas, evidenciaram, frequentemente, as articulações entre as comunidades de base e os movimentos populares, sindicatos, associações de bairro, pastorais sociais e o Partido dos Trabalhadores (PT), demonstrando ampla capacidade de mobilização social e criatividade da classe trabalhadora em Maceió, fazendo entrar em cena novos atores políticos de base popular. Diante da impossibilidade de discutir as diversas ações conjuntas entre as CEBs e os movimentos populares, optou-se pelo estudo de caso sobre a ocupação do espaço territorial onde hoje se localiza o bairro Santa Amélia, pelas CEBs em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), entre os anos de 1989 e 1991. Realiza-se, portanto, uma análise a partir do método historiográfico, dentro dos marcos da história social, sobre a ação política de segmentos da classe trabalhadora em Alagoas, especificamente no espaço social que constitui a Arquidiocese de Maceió.
Papers by Wellington da Silva Medeiros
Revista Crítica Histórica
Na análise de Thompson (2021) sobre a “dissidência”, revela-se o duplo caráter do fenômeno religi... more Na análise de Thompson (2021) sobre a “dissidência”, revela-se o duplo caráter do fenômeno religioso: seu papel social de legitimação da sociedade estabelecida, mas também de crítica e protesto contra esta mesma sociedade. Por um longo tempo, houve certo consenso entre pesquisadores marxistas que a religião seria “o ópio do povo”. Entretanto, a postura dos diferentes grupos religiosos desvinculados da Igreja Anglicana na Inglaterra, durante a segunda metade do século XVIII, demonstrou que é insuficiente e até errôneo tal enfoque teórico. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo discutir as contribuições teórico-metodológicas de Edward Palmer Thompson (1924-1993) para a compreensão das implicações sociais e políticas do fenômeno religioso a partir da luta de classes. Para tanto, dividiu-se o escrito em duas seções. A princípio, discutem-se os pressupostos mais gerais da “sociologia marxista da religião” e a perspectiva analítica do historiador inglês sobre o fenômeno religios...
Anais do Congresso Nacional das Licenciaturas, 2022
Na história da educação brasileira se pode observar a relação entre a história ensinada e a const... more Na história da educação brasileira se pode observar a relação entre a história ensinada e a construção da cidadania, que assume diferentes contornos a depender das conjunturas políticas. No projeto educacional implementado nos anos 1970, durante o Regime Civil-Militar (1964-1985), norteadas pela então Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 5.692/1971, a História e a Geografia transformaram-se em Estudos Sociais, com o objetivo de sintetizar o ensino e diminuir o número de professores. Isto ocasionou certa dificuldade em estabelecer de modo efetivo os conteúdos históricos e geográficos dessa disciplina, em decorrência da condição de síntese que a área tendia a desempenhar. Em outras palavras, a disciplina de Estudos Sociais trouxe em seu bojo a prerrogativa de esvaziar, diluir e despolitizar os conteúdos de História e Geografia. Atualmente, a "História escolar" sofre novos ataques, semelhantes aos de 1971. Com a Lei da Reforma do Ensino Médio, sancionada em 2017, pelo então presidente Michel Temer, História e Geografia deixam de ser disciplinas obrigatórias para compor a grande área do conhecimento denominada Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, em conjunto com Filosofia e Sociologia. Não precisa ser especialista para perceber o imenso retrocesso. Além disso, está em curso no Brasil, um "revisionismo" histórico, com finalidades políticoideológicas. Com uma visão distorcida da História, tal revisionismo/negacionismo se baseia no silenciamento de fatos importantes, como, por exemplo, o Holocausto, o Regime Civil-Militar, a Escravidão, entre outros eventos. Os profissionais que tem como ofício o ensino de História devem assumir a responsabilidade sociopolítica com o tempo presente, a partir de uma metodologia de ensino que valorize a problematização, a análise crítica da realidade e compreende os/as estudantes como sujeitos do processo de ensino e de aprendizagem, valorizando seu conhecimento prévio. Diante disso, é imprescindível compreender que todo e qualquer método de ensino foi e é desenvolvido segundo uma determinada concepção de estudante e de aprendizado. Nessa perspectiva, o escrito pretende contribuir com as atuais propostas de renovação metodológica no ensino, principalmente, nas recentes discussões sobre as múltiplas linguagens para o ensino de História na Educação Básica. Durante a década de 1980, ocorreram intensos debates sobre a renovação do ensino de História, bem como acerca de seu método de ensino, por sua caracterização como disciplina que exigiria do estudante simplesmente a memorização de datas e nomes de personagens ilustres. Notadamente, os métodos de ensino são resultados de uma determinada concepção de história associada a uma concepção de aprendizagem. O método de ensino baseado na simples memorização se encontra associado a concepção de história política historicizante, eurocêntrica e linear, centrada nos eventos históricos isolados e nas ações de grandes personagensimperadores e generais. Essa corrente historiográfica predominou durante o século XIX e a primeira metade do século XX. Embora a didática em História fora muitas vezes desconsiderada pelos/as historiadores e historiadoras, nas últimas décadas, vem se constituindo em torno dos cursos regulares e/ou disciplinas de Metodologia do Ensino de História e Práticas de Ensino de História, tanto na formação inicial quanto na formação continuada. Essas
Revista Quaestionis Documenta, 2017
O presente artigo tem por objetivo analisar os Planos de Pastoral da Arquidiocese de Maceió, que ... more O presente artigo tem por objetivo analisar os Planos de Pastoral da Arquidiocese de Maceió, que correspondem ao período entre os anos de 1975 e 1986, levando-se em consideração o contexto de aggiornamento do catolicismo brasileiro pós-Vaticano II, e com isso apontar indícios da “cultura política” da Igreja local. Dividido em três momentos, o presente trabalho se inicia abordando o Primeiro Plano de Pastoral da Arquidiocese de Maceió (1975-1976), que ancorado sob o método da Juventude Operária Católica (JOC), Ver–Julgar–Agir, tem como diferencial, em relação aos planos posteriores, a seção intitulada Nosso Ver, em que se discute a conjuntura econômica, sociocultural e religiosa de Alagoas. Em seguida, analisam-se os planos de 1977 a 1986, os quais priorizaram o desenvolvimento de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e um modelo de Igreja “à imagem do Vaticano II”. Por fim, busca-se a difícil tarefa de avaliar a execução dos planos de pastoral, cotejando-os com os relatórios de supervisão do Movimento de Educação de Base (MEB), os relatórios paroquiais e os depoimentos de dois padres da Igreja local, Manoel Henrique de Melo Santana e Delfino Barbosa Neto.
Revista Eletrônica Discente História, 2013
Este artigo aborda a centralização do catolicismo na segunda metade do século XIX,
como resposta... more Este artigo aborda a centralização do catolicismo na segunda metade do século XIX,
como resposta a nova conjuntura histórica da sociedade europeia neste período. Seu
objetivo é demonstrar como a Igreja Católica, uma antiga instituição, adaptou-se e
perpetuou-se em uma nova conjuntura social, através de antigas tradições. Para
tanto, analisaremos as duas constituições dogmáticas produzidas durante o Concílio
Vaticano I (1869-1870) – Dei Filius (abril de 1870) e Pastor Aeternus (julho de 1870) –
a partir do conceito de “tradição inventada”, exposto por Eric Hobsbawm, em seu
livro “A invenção das tradições”. A relevância deste tema se faz em compreender
como velhas instituições, neste caso a Igreja Católica, se adaptam ou se reafirmam
perpetuando antigos costumes e tradições em uma nova conjuntura histórica.
Anais do IV Encontro de História: História, Racismo e Religiosidades Negras, 2012
Este artigo aborda o surgimento e desenvolvimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Arq... more Este artigo aborda o surgimento e desenvolvimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Arquidiocese de Maceió, a partir de finais dos anos 1970. Seu objetivo é compreender e analisar como essas comunidades, com sua eclesiologia libertadora, se desenvolveram e atuaram na Igreja e nesta sociedade, nos anos de 1980. A relevância de tal tema dá-se na atual comemoração dos 50 anos do Concílio Vaticano II (1962-1965), que "reformou" o catolicismo, e, por privilegiar novos estudos diante da escassez de produções historiográficas nessa perspectiva em Alagoas. Palavras-chave: Comunidades Eclesiais de Base; Eclesiologia; Arquidiocese de Maceió Desde 1900, quando foi erigida a Diocese de Alagoas, até o período em questão (1980 a 1990) a Igreja Católica manteve relações amistosas com o Estado alagoano(Poder Civil/Órgão Regulador), perpetuando o modelo eclesial "Igreja como mater etmagistra" 648. Tal modelo era incompatível com o aggiornamento 649 do catolicismoprocessado durante os anos sessenta do século XX. E,com a eclesiologia 650 das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) que se multiplicaram,nesse mesmo período, por toda Igreja Católica no Brasil. Diante disso cabe-nos questionar: (a)Qual foi a eclesiologia desenvolvida pelas CEBs em Alagoas? (b) Essas comunidades se desenvolveram em compasso com as diretrizes nacionais? (c) até que ponto os clérigos, religiosos(as) e leigos(as) engajados foram capazes de confrontar o histórico intricamento Estado-Igreja, e construir uma igreja libertadora de base popular, comprometida com a "libertação do homem todo e de todos os homens"? 651 O presente trabalho busca responder a esses questionamentos, confrontandoos novos rumos tomados pela a Igreja Católica no Brasila partir dos anos de 1960, com a eclesiologia da Arquidiocese de Maceió-"circunscrita ao leste de Alagoas, com uma superfície de aproximadamente 10.400 km 2 , compreendendo grande parte dos
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Dissertação de Mestrado by Wellington da Silva Medeiros
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como resposta a nova conjuntura histórica da sociedade europeia neste período. Seu
objetivo é demonstrar como a Igreja Católica, uma antiga instituição, adaptou-se e
perpetuou-se em uma nova conjuntura social, através de antigas tradições. Para
tanto, analisaremos as duas constituições dogmáticas produzidas durante o Concílio
Vaticano I (1869-1870) – Dei Filius (abril de 1870) e Pastor Aeternus (julho de 1870) –
a partir do conceito de “tradição inventada”, exposto por Eric Hobsbawm, em seu
livro “A invenção das tradições”. A relevância deste tema se faz em compreender
como velhas instituições, neste caso a Igreja Católica, se adaptam ou se reafirmam
perpetuando antigos costumes e tradições em uma nova conjuntura histórica.
como resposta a nova conjuntura histórica da sociedade europeia neste período. Seu
objetivo é demonstrar como a Igreja Católica, uma antiga instituição, adaptou-se e
perpetuou-se em uma nova conjuntura social, através de antigas tradições. Para
tanto, analisaremos as duas constituições dogmáticas produzidas durante o Concílio
Vaticano I (1869-1870) – Dei Filius (abril de 1870) e Pastor Aeternus (julho de 1870) –
a partir do conceito de “tradição inventada”, exposto por Eric Hobsbawm, em seu
livro “A invenção das tradições”. A relevância deste tema se faz em compreender
como velhas instituições, neste caso a Igreja Católica, se adaptam ou se reafirmam
perpetuando antigos costumes e tradições em uma nova conjuntura histórica.