Papers by Heronides Moura
Working Papers em Linguística, 2023
Este artigo analisa as ideias linguísticas implicadas no filme A Chegada (2016). Argumenta-se que... more Este artigo analisa as ideias linguísticas implicadas no filme A Chegada (2016). Argumenta-se que o roteiro do filme abarca muitas ideias românticas sobre como uma língua funciona. O artigo aponta três dessas ideias: i. o mimetismo entre língua e cultura; ii. A escrita como expressão de uma cultura; iii. O mito do bom selvagem e sua relação com a linguagem. Outra conclusão do artigo é que a Hipótese de Sapir-Whorf pode ser ligada a ideias românticas desenvolvidas pelo filósofo suíço Jean Jacques Rousseau.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Working Papers em Linguística, 2023
Resumo: O objetivo deste artigo é mostrar que palavras presentes no poema épico português Os Lusí... more Resumo: O objetivo deste artigo é mostrar que palavras presentes no poema épico português Os Lusíadas (1572) ainda são usadas em uma variedade rural do interior do Maranhão. Para melhor explicar a sobrevivência dessas palavras ao longo de mais de quatro séculos, revisamos o conceito de arcaísmo, que não pode ser considerado como típico apenas de populações iletradas. Ao invés disso, ele deve ser avaliado como uma característica da variação linguística. Essa definição revisada de arcaísmo será útil como forma de evitar a discriminação linguística contra variedades regionais.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revel, 2023
RESUMO: Neste artigo, fazemos uma síntese da história do masculino genérico em português e breves... more RESUMO: Neste artigo, fazemos uma síntese da história do masculino genérico em português e breves comentários sobre possíveis inovações linguísticas que buscam evitar esse uso linguístico. Na introdução, definimos a terminologia e fornecemos exemplos de uso do masculino genérico em português. Na primeira seção, apresentamos duas explicações sobre o masculino genérico que são encontradas comumente na literatura: (1) o masculino é utilizado genericamente porque em português não há mais o gênero neutro, como havia em latim; (2) o masculino é utilizado genericamente porque este é o gênero não marcado em português. Na segunda seção, reconstruímos a história do masculino genérico desde o latim e demonstramos que as duas mencionadas explicações não se sustentam. A terceira seção tem um caráter mais especulativo. Nela comentamos sobre novos usos linguísticos que têm sido criados para evitar-se o masculino genérico e, fazendo comparações com outras línguas, especulamos sobre os possíveis caminhos que podem tomar essas inovações linguísticas
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos de Tradução
O objetivo do artigo é analisar padrões de lexicalização de modo de movimento nas traduções de um... more O objetivo do artigo é analisar padrões de lexicalização de modo de movimento nas traduções de um texto literário em inglês para polonês e para português brasileiro. Apoiados na classificação talmiana de línguas com frame nos satélites e línguas com frame nos verbos, como também na teoria Thinking for Translating de Slobin, comparamos as frequências da presença do componente modo de movimento e a sua lexicalização com o auxílio de verbos de modo ou de verbos de trajetória nos textos sob escrutínio. Como esperado, os textos em inglês e em polonês contêm mais verbos de modo do que o texto brasileiro, embora, surpreendentemente, esse último expresse o modo com frequência apenas ligeiramente mais baixa do que o texto original. A análise de técnicas de tradução demonstrou que o texto brasileiro se mantém mais fiel na tradução do modo, enquanto o texto polonês exibe numerosas modulações e adições do modo, ausentes no texto original. Concluímos, portanto, que os padrões de lexicalização, i...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos de Tradução, 2023
The aim of this paper is to analyse lexicalization patterns of manner of motion in translations t... more The aim of this paper is to analyse lexicalization patterns of manner of motion in translations to Polish and Brazilian Portuguese from a literary text in English. Based on Talmian language classification into satellite-framed and verb-framed, as well as on Slobin's Thinking for Translation theory, we compare the manner of motion's frequencies and its lexicalization with use of manner verbs or path verbs in the analysed texts. As expected, the English and Polish texts contain more manner verbs than the Brazilian text, although, surprisingly, the latter expresses manner of motion only somewhat less frequently than the original. The translation techniques' analysis demonstrated that the Brazilian manner translation is more accurate, whereas the Polish text contains numerous manner modulations and additions, absent in the original text. We conclude that the lexicalization patterns, influenced by the linguistic directionality, result also from the creative translators' decisions.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
RESUMO: Neste artigo, mostro que verbos Despejar (LEVIN,1993), como despejar e derramar, ocorrem ... more RESUMO: Neste artigo, mostro que verbos Despejar (LEVIN,1993), como despejar e derramar, ocorrem com muita frequência em enunciados nos quais o papel temático Meta é afetado pela ação verbal. Este fato não está de acordo com que o diz a literatura sobre os verbos Despejar, pois se assume que estes verbos determinam seja o modo como o agente dá início ao movimento, seja o modo como o objeto se move, mas não o efeito causado pela ação verbal. Para superar esta dificuldade, proponho que tanto a semântica lexical, quanto os tipos de construção, autorizam a interpretação de verbos Despejar como afetando a Meta na qual o Tema é adicionado. PALAVRAS-CHAVE: Verbos; Léxico; Construção; Semântica. INTRODUÇÃO Neste artigo, vou examinar a classe dos Verbos de Colocar, em especial a subclasse dos verbos Despejar (PINKER, 1989; LEVIN, 1993; IWATA, 2008). Farei a análise com base nas ocorrências de dois verbos (despejar e derramar), coletadas no corpus do NILC http://www.linguateca.pt/acesso/corpu...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos de Estudos Lingüísticos, 2017
Neste artigo, examino o conceito de nomes infinitos de Aristóteles (também chamados de nomes inde... more Neste artigo, examino o conceito de nomes infinitos de Aristóteles (também chamados de nomes indefinidos). Proponho que a denotação dos nomes infinitos pode se tornar definida por meio de recursos contextuais. Esses recursos podem ser relações semânticas entre nomes e também enriquecimentos inferenciais com base no contexto de enunciação. Argumento, finalmente, que não há distinção entre nomes infinitos e nomes genuínos, pois ambos estão sujeitos à variação contextual, no processo de determinação da referência.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Fórum Linguístico, 2019
My main question is: from a typological point of view, what is the most significant semantic gene... more My main question is: from a typological point of view, what is the most significant semantic generalization associated with the differential marking of the object (DOM)? My proposal is that DOM is motivated by the presence of highly individuated portions of matter and of time in transitive sentences. It is used here a larger concept of individuated portions, encompassing both the notion of complete events and the individuation of referents. Just as in the domain of matter there are bounded objects, in the domain of time we find bounded events (PINKER, 2008). This larger concept of individuated portions allows a better explanation of DOM. There is no alternative trying to unify the different semantic motivations for the use of DOM. The relation between the semantics of the verbs and the semantics of the nouns remains unknown. My proposal is that these different factors can be unified in a single theory. KEYWORDS: Typology. Differential object marking. Defineteness.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo: Neste artigo, vamos analisar metáforas sobre vírus e sobre corrupção. Mostramos que estas... more Resumo: Neste artigo, vamos analisar metáforas sobre vírus e sobre corrupção. Mostramos que estas metáforas são construídas com base numa percepção de um tempo sem limites. Metaforicamente, tanto os eventos da propagação do vírus quanto da disseminação da corrupção são vistos como incrementais, iterativos e atélicos. Esta representação do tempo é expressa por meio da propagação no espaço, no caso das metáforas sobre vírus, e diretamente representada pelo aspecto verbal imperfectivo, no caso das metáforas sobre corrupção. Utilizamos o conceito de política da eternidade (SNYDER, 2018) para explicar o papel da percepção do tempo no modo de apreensão de eventos sociais. O desenrolar dos fatos sociais está limitado por uma visão que foca nas fases do evento, mas é incapaz de abranger a situação como um todo, tanto temporal quanto espacialmente. Palavras-chave: Metáfora; Corrupção; Vírus; Aspecto verbal; Política da eternidade. ABSTRACT: In this article, we analyze the metaphors used to depict viruses and corruption. We argue that these metaphors are rooted in a perception of time as unbounded. Metaphorically, both the events of the spread of the virus and the spread of corruption are taken as incremental, iterative and atelic. This representation of time is expressed by propagation in space, in the case of metaphors for viruses, and directly by the imperfective verbal aspect, in the case of metaphors for corruption. We refer to the concept of politics of eternity (SNYDER, 2018) to explain the role of the perception of time in the way of apprehending social events. The unfolding of social facts is circumscribed by a view that is focused on the stages of the event but is unable to consider the whole situation in its temporal and spatial boundaries.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Calidoscópio, 2021
Neste artigo, tento mostrar que alguns discursos políticos radicais, seja de direita ou de esquer... more Neste artigo, tento mostrar que alguns discursos políticos radicais, seja de direita ou de esquerda, manipulam a linguagem sobre o coronavírus, com o objetivo de justificar afirmações enviesadas e sem evidências sobre a pandemia da Covid-19. Este tipo de manipulação está em conformidade com a percepção de que a manipulação política da linguagem se baseia numa fusão de verdades parciais e de mentiras completas (Katukani, 2018). Os dados foram coletados no site de notícias brasileiro de extrema-direita criticanacional.com.br e no livro Vírus soberano?, escrito pela filósofa pós-moderna e de esquerda Donatella di Cesare. A análise dos dados mostra que a manipulação mais importante encontrada nestes discursos políticos é a ocultação de informação relevante sobre a localização do vírus. A grande maioria das sentenças sobre vírus encontradas no corpus não oferece nenhuma indicação sobre a localização do vírus e sobre sua propagação. Será mostrado que esta ocultação favorece as informaçõe...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
■ ABSTRACT: The distinction between verbal arguments and adjuncts is essential to ground various ... more ■ ABSTRACT: The distinction between verbal arguments and adjuncts is essential to ground various linguistic theories. However, although we may have reliable intuitions regarding prototypical cases, such intuitions fail in the judgment of certain verbal relations. We are, thus, in need of a reliable criterion (beyond mere intuition) that is capable of differentiating verb complementation from adjunction. Therefore, our goal is to present and to discuss some of the main tests that seek to distinguish verb arguments and adjuncts (JACKENDOFF, 1977; DOWTY, 1982; CAPPELEN; LEPORE, 2005; HAEGEMAN, 2006; KENEDY, 2013; MIOTO; FIGUEIREDO SILVA; LOPES, 2013), especially concerning the thematic roles of beneficiary and locative – because they occur both in internal argument and in adjunct positions. We are going to present the following tests: (i) term optionality, (ii) subcategorization, (iii) s-selection, (iv) entailment and (v) anaphora, and try to show what problems each one of them faces. ...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Fórum Linguístico, 2016
http://dx.doi.org/10.5007/1984-8412.2016v13n1p1055O objetivo deste artigo é propor as linhas gera... more http://dx.doi.org/10.5007/1984-8412.2016v13n1p1055O objetivo deste artigo é propor as linhas gerais de um modelo teórico para explicar a conjunção “e” de um ponto de vista semântico, pragmático e cognitivo. Se a análise contextualista proposta por Robyn Carston (2002) puder ser defendida e se mostrar como a melhor opção diante dos problemas inerentes às demais abordagens, seguir-se-á que o processo pragmático primário que Recanati (2010) chama de “modulação” é uma realidade, ao menos neste caso, na composição semântica das línguas naturais. Isto é, ficará comprovada a existência de ao menos um caso em que fatores contextuais opcionais – aqueles que, ao contrário da indexicalidade, não são demandados pelas regras estritamente linguísticas – afetam o conteúdo proposicional dos enunciados.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
ReVEL-Na sua concepção, qual é a linha divisória entre Semântica e Pragmática? Heronides-Essa é u... more ReVEL-Na sua concepção, qual é a linha divisória entre Semântica e Pragmática? Heronides-Essa é uma questão ainda em aberto, há muitas respostas. Há alguns anos, no meu livro Significação e contexto, defendi que devemos reservar para a pragmática o estudo dos conteúdos informativos e inferenciais que dependam estritamente da intenção do falante, ou seja, que envolvam uma suposição sobre o que está representado, sob a forma da linguagem, na mente do falante. O meu interesse era evitar que a linha divisória fosse traçada pelo contexto, o que dá a fórmula, que eu queria evitar, semântica + contexto = pragmática. A idéia é que proposições que são acessíveis para os falantes, que são pressupostas, podem entrar no cálculo semântico normalmente, pois tais proposições de conhecimento comum, linguisticamente codificadas, não dependem em nada de inferências sobre a mente do interlocutor. Uma aplicação recente desse princípio se encontra na tese de Maria Leonor dos Santos, intitulada "Con...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos de Estudos Lingüísticos, 2011
This article is an attempt to establish a link between types of anaphora with demonstrative prono... more This article is an attempt to establish a link between types of anaphora with demonstrative pronouns and the way in which the determination of lexical meaning in context occurs. I intend to show that this analysis may highlight the nature of different kinds of indeterminacy of meaning, namely, polysemy, homonymy and vagueness.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Prolingua, 2022
Este artigo apresenta reflexões inicias de uma pesquisa relacionada às metáforas do coronavírus. ... more Este artigo apresenta reflexões inicias de uma pesquisa relacionada às metáforas do coronavírus. Os objetivos deste trabalho são: (i) refletir sobre a perspectiva ecológica da cognição e das metáforas; (ii) sistematizar estatisticamente as ocorrências metafóricas dos termos <coronavírus> e <gripe> encontradas no jornal Folha de São Paulo (www.uol.folha.com.br) no período compreendido entre 10 de maio a 10 de junho de 2020; (iii) analisar e descrever instâncias de ocorrências metafóricas da categoria Pessoa e, por fim, (iv) relacionar a Teoria Ecológica da Metáfora à Gramática das Construções no estudo das metáforas sobre o coronavírus. O referencial teórico que dá suporte a esta pesquisa é a Teoria Ecológica da Metáfora.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O “masculino generico” pode ser definido como o uso do genero gramatical masculino para denotar a... more O “masculino generico” pode ser definido como o uso do genero gramatical masculino para denotar ambos os generos (homens e mulheres). Este uso e tradicionalmente explicado pelo conceito de “genero nao marcado” – o masculino seria semântica e morfologicamente o genero nao marcado. Neste artigo, sao apresentados alguns problemas dessa explicacao. A hipotese que apresentamos e a de que o masculino generico e um efeito prototipico de um processo metonimico pelo qual denotamos uma categoria (que inclui homens e mulheres) atraves de uma subcategoria (o genero masculino). O genero gramatical masculino, neste novo modelo, seria portanto considerado, em vez de “genero nao marcado”, o “genero prototipico”.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Signo, 2016
As línguas neolatinas pertencem a um padrão de lexicalização em que a raiz verbal expressa os pri... more As línguas neolatinas pertencem a um padrão de lexicalização em que a raiz verbal expressa os primitivos semânticos de MOVIMENTO e TRAJETÓRIA, deixando o MODO ou CAUSA serem expressos por um advérbio ou gerúndio. Em línguas de origem germânica, ao contrário, os verbos lexicalizam os primitivos semânticos de MOVIMENTO, MODO ou CAUSA; já a TRAJETÓRIA é expressa por um elemento gramatical associado ao verbo. Com base em alguns conceitos de evento de movimento, norteados pela semântica cognitiva, análise de exemplos retirados da obra O Hobbit e O Senhor dos anéis, o presente estudo mostrará, pelo menos, três padrões de lexicalização ao qual o português brasileiro se encaixa.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
REVISTA DE ESTUDOS DA LINGUAGEM, 2016
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Calidoscópio, 2010
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Heronides Moura
site Critica Nacional (criticanacional.com.br). I contend that this outlet
employs a particular rhetorical strategy that may be considered as
persuasion and not as manipulation. The strategy is that of flipping the
frames (Pinker 2007). To flip the frames is to change from one to another
construal of the same event, by using particular linguistic constructions. The
argumentative maneuvering used by Crítica Nacional is not to deny the
pandemics, but to call the reader attention to another way of looking at the
pathogen. The virus is framed as a social phenomenon, which brings about
a set of economic and political challenges. In a constructional approach
(Goldberg 1995), I describe the linguistic constructions used to frame the
coronavirus. The analysis of the data has shown that the outlet consistently
avoids using constructions that instantiate the biological frame. Particularly,
the outlet circumvents information about the circulation of the virus. My
main conclusion is that it is not necessarily the case that hate speech is
grounded on manipulation. As I show, far-right discourse may use
persuasion techniques to foster extremist beliefs. Although some instances
of cyberhate speech are apparently indistinguishable, on linguistic grounds,
from ‘normal’ persuasion, they need to be examined from an ethical point
of view. Even if an argumentation is not truth-functionally defective, its
conclusions may be considered devious from a moral point of view
(Graham 2018).
sintática e papel temático não é direta, sendo intermediada por fatores semânticos e pragmáticos, atuantes no âmbito construcional e fraseológico.
Tomamos como base, como já ressaltamos, a Gramática de Construções,
por concordarmos que não há uma divisão nítida entre léxico e sintaxe.
As construções, pareamentos entre forma e sentido, são as unidades básicas do conhecimento linguístico e a gramática é organizada em redes
de construções, em que as unidades são conectadas por meio de relações de herança. Portanto, nessa teoria, não existem relações sintáticas
independentes das construções, e estas são específicas de cada língua e
não universais – mesmo que evidências translinguísticas mostrem que
há padrões derivados de noções universais, como causação, atividade
etc., as construções emergem dos usos, que são sensíveis ao contexto.