Tese by Peterson Silva
In academic discussions about freedom, anarchism is often neglected as a frame of reference, part... more In academic discussions about freedom, anarchism is often neglected as a frame of reference, partly because a single meaning of the concept within the anarchist tradition of political thought is not readily available in academic literature. The aim of this thesis is to conceptualise anarchist freedom. A theoretical and qualitative bibliographical study was carried out, based on Mark Bevir’s concept of tradition and the procedure of conceptual “reverse engineering” of the philosophical, sociological and institutional debates that make up the anarchist tradition. In contrast to views on freedom among liberals, republicans and Marxists, which can be classified within an Eurocentric paradigm that defines liberty as a form of unrestriction, anarchists discuss freedom as something associated with balance (involving their own views on equality and non-domination), diversity (institutional and subjective), and mutual aid (as the basis of common life and as transformative rebellion). Anarchists also understand that emancipation is built through prefigurative direct action, such that it is not possible to consider that one agent can truly “free” another. It follows that anarchists associate the word freedom with the ability to transform relational patterns (in a profound, consequential way). This transformation I call nonconformity, especially in contrast to changes that do not significantly alter patterns and institutions, a historical charge by anarchists against “reformist” impulses. Freedom would therefore be the ease with which relational patterns can be transformed in a non-dominating way, even if they are not changed at any given moment, and its “non-dominating” character refers to the fact that the transformations themselves should not produce a new situation in which this ease is diminished. I name this concept technically as “non-dominating latitude for non-conformity”. Freedom thus understood is a quantitative, complex, and plastic property of relationships, experienced by individual and collective agents as an expansion of consciousness that strengthens agency in (but not control over) society and the environment, and also as institutions that embed in rules and cultural patterns principles that strengthen this agency and especially that develop individuals who can, by valuing it, promote it. This is a unique and distinct concept, not to be confused with others such as equality or diversity, significantly influencing the interpretation of reality and motivating emancipatory political action in multiple dimensions, including anti-racist and (or) anti-colonial action.
Dissertação by Peterson Silva
A legitimidade é uma relação entre sujeito e objeto, com base em um conjunto de valores e crenças... more A legitimidade é uma relação entre sujeito e objeto, com base em um conjunto de valores e crenças, estabelecendo o não-conflito. Alguma medida de não-conflito é essencial ao funcionamento de qualquer sociedade ou grupo. O não-conflito compreende tanto a ausência de conflito quanto o encerramento de conflito. Estados buscam legitimar (estabelecer uma ausência de conflito) sua prerrogativa exclusiva de encerrar conflitos violentamente. Se as críticas pós-modernas são aceitas, o não-conflito é impossível, pois todo não-conflito entre duas ou mais partes, não importa quão não-violento, representa a contínua vitória de um parte sobre outra(s). Assim, a legitimidade é a realidade última da dominação (a ausência de conflito quanto ao encerramento violento de conflito por parte do Estado seria a submissão voluntária à autoridade), e deve ser abandonada enquanto conceito de resistência ao poder. Isso implica um desafio para o anarquismo, que compartilha algumas das preocupações éticas do pós-modernismo. No entanto, se para os pós-modernos as relações sociais são vistas como inescapavelmente competitivas, e a postura ética recomendada é uma defesa de singularidades e diferenças, para os anarquistas isso leva a problemas éticos e práticos no professado combate à dominação, que para estes está associada ao monopólio ou concentração do uso da força, o problema estando em formas específicas de legitimidade, não no conceito em si. A solução anarquista não implica a mera distribuição da violência através da abolição desse monopólio mas o questionamento da própria violência e da dinâmica bélica / mercadológica de relações sociais em favor de um modelo de contrapoder. Quatro modelos gerais de legitimidade são propostos. O objeto do modelo anarquista de legitimidade é o encerramento não-violento de conflito. O princípio da ação direta, em conjunção com uma ética de coerência entre meios e fins, é mobilizado para demonstrar como os anarquistas, mesmo em meio a diferenças internas, mantêm uma noção de legitimidade que não leva à dominação, respondendo assim ao desafio pós-moderno.
Artigos by Peterson Silva
Cronos, 2020
Este artigo apresenta e discute uma ferramenta projetada para auxiliar educadores com o ensino de... more Este artigo apresenta e discute uma ferramenta projetada para auxiliar educadores com o ensino de Sociologia, em especial, a ideia de imaginação sociológica: o jogo de cartas Agência. O estudo apresenta as regras do jogo com vista a situar leitores quanto ao seu funcionamento. Discute de que maneira essas regras representam diferentes perspectivas teóricas da Sociologia acerca do debate entre agência e estrutura, bem como entre outros elementos, como crises e revoltas, objetivando demonstrar de que forma o jogo pode ou não representar a realidade social (como é vista a partir de vários enquadramentos teóricos relevantes). Contextualiza o uso de jogos como recursos didáticos, bem como a produção e a distribuição desse jogo específico, para finalmente apresentar um relato da utilização do jogo em três turmas do nono ano do ensino fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (CA-UFSC), na cidade de Florianópolis (SC), em 2018. O estudo aponta que, apesar das dificuldades relacionadas ao tempo alocado para o jogo, ele trouxe bons resultados, considerando o quanto foi possível envolver alunos e alunas nas discussões conceituais e trabalhar esses conceitos de maneira qualificada.
Anais do ENESEB, 2021
Neste trabalho será apresentado o uso do jogo de cartas "Agência" como recurso didático para o en... more Neste trabalho será apresentado o uso do jogo de cartas "Agência" como recurso didático para o ensino de Sociologia na Educação Básica. Este jogo foi concebido como uma ferramenta para auxiliar educadores no ensino da Sociologia, em especial por meio da imaginação sociológica. Em 2018 o jogo "Agência" foi utilizado em três turmas do nono ano do ensino fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (CA-UFSC), na cidade de Florianópolis (SC), com o objetivo de possibilitar a construção crítica e coletiva do conhecimento acerca da relação indivíduo/sociedade, por meio de metodologias ativas de aprendizagem. As regras do jogo serão brevemente apresentadas, com vistas a situar leitores quanto ao seu funcionamento. Também será feita uma discussão, das perspectivas teóricas da sociologia acerca do debate entre agência e estrutura. Por fim, apresentaremos um relato da utilização deste jogo junto às turmas citadas e seus resultados, considerando o quanto foi possível envolver estudantes nas discussões conceituais e trabalhá-las de maneira qualificada.
Crítica Histórica, 2021
A legitimidade é uma relação entre sujeito e objeto, com base em um conjunto de valores e crenças... more A legitimidade é uma relação entre sujeito e objeto, com base em um conjunto de valores e crenças, que estabelece um não-conflito (compreendendo tanto a ausência de conflito quanto seu encerramento). Estados buscam legitimar (estabelecer uma ausência de conflito sobre) sua prerrogativa exclusiva de encerrar conflitos violentamente. Alguma medida de não-conflito é essencial ao funcionamento de qualquer grupo, e um modelo anarquista de legitimidade teria por base o questionamento da dinâmica bélica / mercadológica / competitiva de relações sociais, o princípio de ação direta e a ética de coerência entre meios e fins, gerando a defesa de métodos não-violentos de resolução de conflitos. Dentro deste modelo mais amplo defino dois subtipos que surgem de divergências quanto a questões identitárias e organizacionais: o modelo de assembleia e o modelo de rede.
Revista Em Tese, 2020
O novaiorquino David Graeber (1961-2020) foi um antropólogo que fez várias investigações de grand... more O novaiorquino David Graeber (1961-2020) foi um antropólogo que fez várias investigações de grande importância no âmbito das ciências humanas, investigando as noções de burocracia (GRAEBER, 2015a), dívida (GRAEBER, 2016a) e trabalho (GRAEBER, 2018). Um de seus livros póstumos, “Anarchy - in a manner of speaking” (“Anarquia - em um certo modo de falar”, em tradução livre) (GRAEBER et al., 2020), será simultaneamente publicado em inglês, francês e alemão. Trata-se de uma conversa entre ele, o filósofo franco-tunisiano Mehdi Belhaj Kacem, a atriz e escritora francesa Assia Turquier-Zauberman, e a artista soviética Nika Dubrovski. No livro, eles/as discutem o conceito de anarquia na esfera política.
Revista Estudos Libertários , 2020
Buscamos discernir a especificidade da posição anarquista sobre privatizações, considerando que e... more Buscamos discernir a especificidade da posição anarquista sobre privatizações, considerando que esta corrente historicamente se mobiliza tanto contra a privatização de empreitadas públicas quanto contra o próprio Estado. Analisamos a postura ácrata frente tanto à questão da propriedade quanto aos argumentos de outras ideologias a respeito da suposta ineficiência estatal. Concluímos que se justifica a defesa tática da propriedade estatal sob ameaça por razões retóricas e práticas, em uma estratégia mais ampla de fortalecimento da autogestão. Esta tática se diferencia da crítica privatista quanto à ineficiência do Estado, que deseja uma eficiência relativa a iniciativas que podem contribuir com a dominação de classe. A autogestão visa proporcionar o controle popular sobre os recursos socialmente compartilhados, e é necessária para realizar uma distribuição verdadeiramente eficiente das tarefas especializadas. A contribuição anarquista assim demonstra-se coerente, específica, embasada em uma história de defesa teórica e realização prática da autogestão e, para além do reformismo dos pontos de vista mais visíveis no debate público sobre privatizações, volta-se para a resolução de questões estruturais mais profundas, assumindo um caráter decididamente revolucionário.
Dissonância: Revista de Teoria Crítica, 2019
O objetivo deste artigo é discutir comparativamente o conceito libertário de ação direta e a idei... more O objetivo deste artigo é discutir comparativamente o conceito libertário de ação direta e a ideia de desobediência civil. Defino a desobediência civil como conflito com leis ou ordens governamentais, com ou sem uso de força, visando comunicar discordância e intenção transformativa por meio de apelos à sociedade e ao governo, sem entretanto desafiar intrinsecamente sua constituição, ao invés respeitando-a, já que envolve atos públicos, principiológicos, e aceitação de punições e consequências legais. Abordo a ação direta a partir do seu enquadramento libertário por razões históricas e normativas, definindo-a como ação executada pelas pessoas diretamente envolvidas em uma situação, consideradas de forma amplamente inclusiva, com o objetivo de resolver um problema ou obter um resultado sem referência ou à revelia de instâncias de autoridade hierárquica, sem ter por objetivo criar ou concentrar poder hierárquico e sem classificar a existência de terceiros como problemas. Comparo as formas de ação e concluo que, apesar de similares, a diferença entre suas características fundamentais ainda é evidente. A desobediência civil é tática de contestação ao mesmo tempo em que reafirma a legitimidade sistêmica, enquanto a ação direta visa indicar precisamente sua ilegitimidade. A desobediência civil não aponta, como faz a ação direta em virtude de sua própria lógica, para um modelo político alternativo ao vigente. A desobediência civil busca chamar a atenção para um problema cuja resolução segue como responsabilidade superior, enquanto a ação direta volta-se para resolver diretamente um problema à revelia das estruturas de poder vigente.
Neste artigo, discuto a contribuição de Luis Felipe Miguel para o debate contemporâneo sobre inte... more Neste artigo, discuto a contribuição de Luis Felipe Miguel para o debate contemporâneo sobre interesses no contexto da representação democrática. Primeiro avalio o debate inaugurado por Pitkin e Manin. Pitkin analisa a representação como autorização, accountability, descritividade e simbolismo. Identificando a necessidade de tratá-la como atividade, a autora expõe dois eixos de contenção, mesmo quando a representação é estudada sistemicamente: entre representação de interesses individuais e coletivos, e entre o mandato fiduciário e o imperativo. Partindo do estudo sistêmico e histórico da representação, Manin analisa também elementos constitutivos de sistemas de governo baseados no conceito de representação. Miguel percebe os interesses como simultaneamente individuais e gerais, produzidos em processos sociais de universalização de interesses. Isso implica um adensamento do conceito de representação porquanto ele envolva aspectos como as condições materiais de uma sociedade e seus mecanismos de circulação de ideias, como a organização dos meios de comunicação de massa.
Caderno CRH (Online), 2019
REVICE - Revista de Ciências do Estado, 2017
William Godwin wrote the Gothic novel Things as They Are; or, the Adventures of Caleb Williams in... more William Godwin wrote the Gothic novel Things as They Are; or, the Adventures of Caleb Williams in 1794 as a way to spread political and philosophical ideas. I begin this article by reviewing the literature to demonstrate how his theoretical ideas influenced both his decision to write fiction and the kind of fiction he wrote, showing how the author used and innovated tropes of the Gothic genre in order to convey his ideas to a larger audience. Then, I compare two divergent perspectives in the scholarship regarding the way his fictional storytelling influenced his political and philosophical ideas, in particular through commentary on the meaning and impact of last-minute changes to the ending of Caleb Williams. I argue this ambiguous relationship between storytelling and politics in Godwin’s work is relevant to contemporary political reflections on the relationship between representation and political action, or how the stories people tell about the human condition and their political realities might affect their ideas, actions and social relations.
Apresentações by Peterson Silva
II Congreso Internacional de Investigadorxs sobre anarquismo(s) (Actas), 2020
I Colóquio Pesquisa e Anarquismo: Perspectivas em Debate, 2018
III Congresso Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS), 2018
10º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política, 2016
41º Encontro Anual da ANPOCS, 2017
VI Congresso Internacional do Núcleo de Estudos das Américas - América Latina e o mundo globalizado: crise, perspectivas, alternativas, 2018
Anais do I Seminário de Sociologia e Política da UFSC, 2018
Capítulos by Peterson Silva
Cinema e distopia: exploração de conceitos e mundos paralelos, 2020
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Apresentações by Peterson Silva
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Palavras-chave: Liberdade. Liberdade de expressão. Participação política. World Values Survey.