Book chapters by José Vitor Barros
Anais do VII Seminário Discente do PPGS-USP, 2021
À luz da teoria moderna dos sistemas, o objetivo deste trabalho é descrever como o populismo naci... more À luz da teoria moderna dos sistemas, o objetivo deste trabalho é descrever como o populismo nacionalista contemporâneo instrumentaliza a contradição entre a semântica moderna da inclusão universal e a exclusão estrutural de pessoas. Na modernidade, segundo Luhmann, a vida social se divide em sistemas funcionais autopoiéticos, que atribuem seus critérios de acesso pelo endereçamento de pessoas como públicos ou experts. Daí a semântica moderna postula que virtualmente qualquer um estará incluído num desses papéis. Todavia tal asserção deve ser qualificada. As organizações formais, agentes do endereçamento de públicos e experts, excluem pessoas ao estabelecer seus critérios de inclusão. Ou seja, ao fazê-lo, determinam pessoas e grupos passíveis e não passíveis de endereçamento. Pergunta-se aqui como o nacional populismo visa à redefinição desses critérios (em termos étnicos, morais e/ou ideológicos) ao distorcer a apreensão do conflito entre estrutura social e semântica que afirma solucionar.
Sociologia: Tempo, indivíduo e sociedade, Apr 1, 2022
Este trabalho tem com objetivo analisar, por meio da comparação de entrevistas e conversas com di... more Este trabalho tem com objetivo analisar, por meio da comparação de entrevistas e conversas com diferentes atores (migrantes, militares, moradores locais etc.), por que haitianos entrevistados na cidade de São Paulo negavam sofrer discriminação. A pesquisa de campo (2016-2017) foi conduzida a partir de entrevistas em profundidade e do método de observação etnográfico, cujos resultados foram analisados à luz da sociologia reflexiva de Pierre Bourdieu. Igualmente, a identidade de todos os migrantes entrevistados será protegida. Comprova-se a hipótese levantada de que a negação da discriminação se dá enquanto estratégia de “resistência” (categoria nativa) dos migrantes, os quais apreendem previamente um discurso, visto como legítimo, que retrata o Brasil como um país livre de tensões raciais, discurso esse reproduzido pelas Forças Armadas brasileiras durante a MINUSTAH (Missão de Paz para a Estabilização do Haiti) (2004-2017). Isso é demonstrado no capítulo. Assim, os migrantes se privam de retratar a violência a que estão submetidos para evitar constrangimento e potenciais entraves, advindos de uma afirmação da discriminação, por parte de sujeitos que não vejam tal reivindicação enquanto legítima.
Papers by José Vitor Barros
Plural (USP), 2023
O artigo analisa forças divisivas nas sociedades contemporâneas e as conecta às esperanças incump... more O artigo analisa forças divisivas nas sociedades contemporâneas e as conecta às esperanças incumpridas oriundas das revoluções do início da modernidade: as esperanças por igualdade, liberdade e fraternidade/solidariedade. Antes de tudo, no século XXI, podemos dizer que há desigualdades persistentes que emergem em todos os sistemas funcionais da sociedade e tornam-se divisivas assim que eclode uma cisão descontínua na distribuição de ganhos. Cisão esta que torna improvável que alguém se movimente de um lado ao outro da distribuição. Em segundo lugar, há fortes dependências assimétricas vinculadas a um aumento dos controles por parte de pessoas e grupos que controlam recursos desejados por outros; essas dependências, por sua vez, fortalecem o acréscimo dos controles dos primeiros sobre os últimos, seja sobre ações, comunicações, opções de saída e/ou modos de perceber o mundo. Quanto maiores as dimensões de controle presumidas numa relação social dada, mais fortes e pervasivas as dependências assimétricas, as quais separam a sociedade entre aqueles que exercem controles e aqueles que são objeto de controle. Há ainda, em terceiro lugar, como estrutura de divisão, a ascensão da polarização sociocultural. Ela cria uma cisão entre subcomunidades significantes de uma sociedade, o que possibilita que comunidades percebam os membros de outras como perigosos e estranhos aos valores e formas de vida considerados essenciais para a própria comunidade. O artigo explica, por fim, tais divisões societais ao estudá-las como formas de inclusão e exclusão. Desigualdades advêm de acumulação nas dinâmicas de inclusão dos sistemas funcionais; dependências assimétricas emergem em instituições e grupos que absorvem pessoas excluídas de participações relevantes em experiências e cursos de ação; polarizações baseiam-se nas exclusões recíprocas e totalizantes pelas quais comunidades definem membros de outras comunidades como “outros” radicais.
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