Anais by Marlon Santa Maria Dias
Os Anais da II Jornada Gaúcha de Pesquisadores da Recepção foram produzidos
a partir de artigos e... more Os Anais da II Jornada Gaúcha de Pesquisadores da Recepção foram produzidos
a partir de artigos e resumos expandidos enviados por pesquisadores, alunos de iniciação
científica e de programas de Pós-graduação - Mestrado e Doutorado - que apresentaram
seus trabalhos nos GTs: Recepção em Jornalismo, Convergência e recepção na web,
Usos, apropriações e consumo, Recepção e gênero, Ficção televisiva e cinema, Práticas
Culturais e identidades.
A II Jornada Gaúcha de Pesquisadores da Recepção aconteceu nos dias 17 e
18 de julho de 2014 na UFSM e teve como tema “Perspectivas teórico-metodológicas
para o estudo da recepção”. O evento científico foi organizado pelo Programa de Pósgraduação
em Comunicação da UFSM e deu continuidade à iniciativa pioneira realizada
no ano de 2012, na UFRGS, através de uma parceria entre grupos de pesquisa das quatro
universidades gaúchas com programas de pós-graduação em Comunicação: UFRGS,
UFSM, Unisinos e PUCRS. O evento teve apoio financeiro da Fapergs e do CCSH/UFSM.
Papers by Marlon Santa Maria Dias
Modapalavra, 2024
Investigou-se neste texto intersecções entre moda, emoções, consumo e performance a partir de mat... more Investigou-se neste texto intersecções entre moda, emoções, consumo e performance a partir de materiais midiáticos coletados sobre a vida de Elke Maravilha. Alemã, a artista chegou ao Brasil aos seis anos de idade e teve uma carreira meteórica, das passarelas à televisão. Celebridade constituída na cena midiática, Elke chamava a atenção nas passarelas pelo seu estilo único e pelo modo como se apresentava em desfiles. Na TV, foi jurada de programas de calouros e teve seu próprio programa. Orientados metodologicamente pelos estudos cartográficos, produzimos, a partir de sensibilidades constituintes das cartografias benjaminianas, quatro constelações: 1) eu quero é chamar a atenção; 2) sacerdotisa dionisíaca; 3) colar das maravilhas; 4) Elke no país do artifício. Ao investigar a dimensão estética e performática de Elke, compreendemos que a maneira como roupas e adereços eram usados possibilitavam uma elaboração de si e expressão comunicativa.
E-compós, 2022
Este artigo examina operações midiáticas do acontecimento #ForaButler para compreender a fabricaç... more Este artigo examina operações midiáticas do acontecimento #ForaButler para compreender a fabricação da cruzada moral contra a “ideologia de gênero” no Brasil. O objetivo é refletir sobre essas operações através dos rastros materializados nas redes. Realizam-se três movimentos metodológicos: contextualização da noção de “ideologia de gênero”, identificação do campo problemático do acontecimento e reconstrução das operações. A análise aponta que, na cruzada moral contemporânea, a condenação pública da bruxa e sua execução na fogueira operam na reconfiguração das arenas morais públicas, na necessidade de conversão de capitais morais e na velocidade de produção e circulação nas redes digitais.
Contracampo - Brazilian Journal of Communication, 2022
Este texto investiga os mecanismos que facilitam, promovem, autorizam e legitimam a violência a q... more Este texto investiga os mecanismos que facilitam, promovem, autorizam e legitimam a violência a que estão submetidas as travestis brasileiras. Parte-se de uma situação empírica: o brutal assassinato de Dandara Katheryn, ocorrido em 2017, em Fortaleza, Ceará. A abordagem privilegia a leitura de distintas manifestações midiáticas e práticas comunicativas do fenômeno. A metodologia articula pesquisa documental e bibliográfica. A partir de uma leitura benjaminiana, realizam-se duas operações analíticas: a coleção (seleção e arranjo de materiais) e a montagem (exercício de aproximação de diferentes materialidades para a descrição de cenas). Ao discutir a dimensão ético-estética da escrita imagética, o texto propõe a via dolorosa como recurso interpretativo da constituição social do sofrimento e, em especial, da transfobia.
Logos, 2021
Em 2019, Cleusa Cruz publicou no Facebook um relato sobre a dificuldade de se divorciar de seu ma... more Em 2019, Cleusa Cruz publicou no Facebook um relato sobre a dificuldade de se divorciar de seu marido. A repercussão, visibilidade e engajamento com sua história nas mídias sociais culminaram na elaboração de um acontecimento em rede. A partir de uma perspectiva semiótica, este texto objetiva identificar os traços performativos que constituem o acontecimento. Para tanto, analisa a processualidade do acontecimento e examina na circulação as performatizações e campos de sentido disparados pela performance original. Em conclusão, aponta que o acontecimento “Cleusa de mala e cuia” resulta da articulação entre um relato pessoal, narrativo e performatizado, as apropriações dos atores sociais conectados e a forma como a intimidade é negociada nas redes digitais.
Animus - Revista Interamericana de Comunicação Midiática, 2022
O texto ensaia uma reflexão sobre o ensino e a prática laboratorial do jornalismo de revista a pa... more O texto ensaia uma reflexão sobre o ensino e a prática laboratorial do jornalismo de revista a partir de um contexto de crise no mercado editorial e migração para plataformas digitais. A argumentação se baseia em uma hermenêutica que triangula experiências docentes na área, práticas pedagógicas e editoriais e a atuação professor-leitor com a interação e o engajamento estudante-revista. O texto sugere a potencialidade da revista como um dispositivo pedagógico para o ensino e a prática do jornalismo com foco em quatro dimensões: a revista como memória, como produto, como texto e como materialidade.
Intercom , 2021
Este trabalho propõe uma reflexão sobre o conceito de plot (syuzhet/сюжет, no original russo), a ... more Este trabalho propõe uma reflexão sobre o conceito de plot (syuzhet/сюжет, no original russo), a partir de sua formulação proposta pelo semioticista Yuri Lotman. Defende-se que plot pode se converter em um potente operador teórico e metodológico de textos culturais contemporâneos. Na perspectiva lotmaniana, no quadro de cada uma das subestruturas que constituem a semiosfera, existem elementos fixos em seu espaço (relativos a um tempo mitológico, cíclico e reiterativo) e elementos com relativa liberdade de movimento (que cruzam as fronteiras e produzem rupturas com o tempo cíclico através
de um encadeamento de eventos). Nesse movimento, situa-se o plot, mecanismo que possibilitou à humanidade a vivência de experiências que deram novos sentidos à vida.
Estudos em Jornalismo e Mídia, 2021
Title: Lourival’s last death: cisgenerity as a metanarrative about bodies in journalism
O obje... more Title: Lourival’s last death: cisgenerity as a metanarrative about bodies in journalism
O objetivo do artigo é discutir as formas como a cisgeneridade opera nas racionalidades que orientam as práticas jornalísticas. Essa reflexão é realizada a partir da análise de um caso exemplar: descrevem-se as estratégias narrativas de objetivação e subjetivação encontradas na reportagem televisiva O segredo de Lourival, veiculada em 2019 pelo Fantástico (Rede Globo). Na reportagem, Lourival Bezerra de Sá é apresentado não como uma pessoa transgênera, mas como “uma mulher que se passou por homem durante décadas”. As estratégias apontam para a cisgeneridade como uma metanarrativa, plano de fundo que sustenta o entendimento dos corpos pelo jornalismo, dimensão de caráter fabular e moralista que oblitera a interpretação da complexidade da vida social atuando na manutenção da precariedade dos regimes simbólicos ao ponto de criminalizar as identidades gênero-divergentes.
Revista Galaxia, 2019
Title: Narrating a tragedy of the present: transgressions against the regime of practices in Dani... more Title: Narrating a tragedy of the present: transgressions against the regime of practices in Daniela Arbex’s book Todo dia a mesma noite
O artigo examina passagens do livro Todo dia a mesma noite, de Daniela Arbex, e entrevistas concedidas pela jornalista sobre o processo de apuração e escrita da reportagem sobre a “Tragédia de Santa Maria”. Objetiva-se perceber as aproximações do trabalho de Arbex à noção de “livro de repórter”, sinalizando a potencialidade crítica dessa escrita como um processo transgressivo de reconhecimento do presente. Como chave de leitura, utiliza-se a noção de “evento crítico”, a fim de compreender as particularidades dessa crítica quando o sofrimento é um operador significante na construção narrativa do acontecimento.
Revista Famecos, 2019
Title: “IF SHE IS NON-BINARY, WHY DO YOU REFER IN FEMININE?”: A STRANGE BODY IN DISPUTE
O artigo... more Title: “IF SHE IS NON-BINARY, WHY DO YOU REFER IN FEMININE?”: A STRANGE BODY IN DISPUTE
O artigo analisa os sentidos sobre as concepções de gênero oriundos do caso envolvendo um crime contra uma pessoa não binária. O mapeamento é feito em 1512 comentários de leitores em duas publicações referentes ao caso no Facebook – uma do jornal O Globo e outra do programa televisivo Fantástico. Por meio da Análise de Construção de Sentidos em Redes Digitais, metodologia para o estudo de ciberacontecimentos, constatou- -se a emergência de sete constelações de sentido: alteridade e reconhecimento; deboche; caráter pedagógico; enfoque no crime e deslegitimação do gênero; desqualificação do jornalismo; desejo de morte; e normalização. Orientados pela cristalização de construções histórico-culturais sobre o gênero, os sentidos identificados potencializam os processos de desumanização de corpos dissidentes à norma cisgênera e heterossexual.
Comunicação & Inovação, 2019
Title: The dispute of narratives on the constitution of a group of women in Facebook in the 2018 ... more Title: The dispute of narratives on the constitution of a group of women in Facebook in the 2018 presidential campaign
Propomos pensar a constituição do grupo no Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro como um ciberacontecimento. Procuramos articular a narrativa a partir dos sentidos que emergem nas redes digitais e daquilo que a imprensa produz de sentidos em torno do acontecimento, amparados em perspectivas teóricas feministas. O modo como o grupo surge e repercute, tornando-se notícia e potencializando diferentes narrativas no universo on-line. Percebe-se uma articulação em rede que pauta o jornalismo, mas que pelas forças de um embate polarizado, muitas vezes invisibiliza questões de importância política e social.
Rizoma, 2018
Title: Discursive circulation: methodological challenges to understand interactions between newsp... more Title: Discursive circulation: methodological challenges to understand interactions between newspapers and readers
Reflete-se sobre os desafios metodológicos enfrentados no desenvolvimento de pesquisa sobre os processos interacionais entre jornais do Rio Grande do Sul (Brasil) e seus leitores em ambientes digitais diante da emergência da circulação. Descreve-se o percurso e reflete-se sobre avanços e limitações desse tipo de pesquisa qualitativa. Compreende-se que o principal desafio é dar conta da produção discursiva que perpassa as complexas relações entre mídia e leitores dispersos nos ambientes digitais.
Verso e Reverso, 2018
Title: “So I came scourged”: The profane image in mediatic circulation
Em junho de 2015, a atriz... more Title: “So I came scourged”: The profane image in mediatic circulation
Em junho de 2015, a atriz e modelo Viviany Beleboni realizou uma encenação da crucificação durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. A partir dessa situação empírica, o artigo busca refletir acerca da circulação midiática do corpo travesti por meio das reconfigurações divergentes dos estatutos de sacralidade e profanidade. Entendendo a imagem de Viviany crucificada como uma imagem incendiária, observamos como o acontecimento midiático organiza os processos de circulação da imagem originária e das imagens ofertadas pelos atores sociais. É possível observar duas dinâmicas distintas de interpretação: um demarca a possibilidade de “fazer existir o que existe”, que comunga com a mensagem da “Cristo-travesti”, e a outra busca por “fazer inexistir o que existe”, interditando as formas de reconhecimento da precariedade das vidas das travestis brasileiras e das populações LGBTs.
Questões Transversais – Revista de Epistemologias da Comunicação, 2018
Title: The mediatized event in circulation: methodological notes
Este artigo apresenta um exercí... more Title: The mediatized event in circulation: methodological notes
Este artigo apresenta um exercício reflexivo sobre orientações e desafios metodológicos encontrados em uma pesquisa sobre a circulação de sentidos em torno da mobilização Eu não mereço ser estuprada. Descrevemos e avaliamos métodos e técnicas da pesquisa utilizados: fase exploratória, mapeamentos e coleta, observação sistemática e interpretação dos dados. Discutimos conceitos que embasam a compreensão do que denominamos acon-tecimento midiatizado e as particularidades do estudo de caso de caráter midiático. Por fim, apresentamos algumas descobertas da investigação e pistas para pensarmos as metodologias de pesquisas sobre circulação midiática.
Revista Conexão, 2017
Title: Journalistic narratives and possibilities of resistence about event #SomosTodasVerônica: ... more Title: Journalistic narratives and possibilities of resistence about event #SomosTodasVerônica: media, transphobia and violence
O artigo apresenta uma análise da cobertura jornalística sobre o acontecimento envolvendo Verônica Bolina, travesti torturada em situação de cárcere. Amparados na proposta de Ford (1999), a respeito das especificidades do caso midiático e da semiologia dos discursos sociais (VERÓN, 2005), busca-se compreender a construção do acontecimento a partir do trabalho enunciativo dos atores envolvidos. Selecionou-se como objeto empírico a produção discursiva dos portais online G1, R7 e Fórum, bem como a página da campanha #SomosTodasVerônica, na rede social online Facebook. A análise aponta a uma correlação entre a produção jornalística e a dos atores sociais, uma vez que esses contrapõem e questionam os contornos enunciativos dados pelo jornalismo ao caso e articulam formas de resistência à violência e transfobia percebidas nas narrativas midiáticas tradicionais.
Title: The circulation of the experience of painin narratives on Facebook
Este trabalho reflete... more Title: The circulation of the experience of painin narratives on Facebook
Este trabalho reflete alguns aspectos da problemática da circulação na ambiência da midiatização. A partir de material coletado em um grupo de discussão no Facebook sobre a mobilização " Eu não mereço ser estuprada " , analisamos as estratégias discursivas que compõem os processos de enunciação da mobilização dos atores sociais. Apontamos a reconfiguração narrativa na circulação da experiência da dor e a criação de redes interativas de apoio e aconselhamento.
Title: Private Narratives in Digital Public Spaces: Rape Reports in Fênix Project Facebook Page
... more Title: Private Narratives in Digital Public Spaces: Rape Reports in Fênix Project Facebook Page
Analisa-se a construção narrativa de relatos de estupro publicados na página Projeto Fênix, no Facebook. O objetivo central é refletir sobre o modo como as categorias público e privado são tensionadas nesses relatos, bem como apontar indícios de como essa prática de relatar os abusos sofridos se efetiva nas redes sociais digitais e cria uma rede de aconselhamento, dando contornos de esfera pública a esse espaço digital. Para tanto, parte-se de uma discussão teórica sobre a dicotomia público/privado, a partir de uma perspectiva feminista (Okin, 2008; Aboim, 2012) que defende o atravessamento de uma questão de gênero na correlação entre esses dois conceitos. Essa discussão dá base para compreender como se estrutura o espaço público e as possibilidades de se pensar os ambientes digitais enquanto espaço público, a partir da forma como historicamente esses ambientes vêm se consolidando como lugares de discussão, embate e articulação de lutas. Na última parte, são analisados enunciados extraídos de narrativas das vítimas de estupro por meio da análise semiológica (Verón, 2005).
Mediação, 2013
Title: Old loves: A representation of gay seniors in contemporary short films
Neste artigo, inve... more Title: Old loves: A representation of gay seniors in contemporary short films
Neste artigo, investigam-se as representações de homossexuais idosos que figuram no cinema contemporâneo, mediante a análise de dois curtas-metragens, um ficcional, Depois de tudo (Rafael Saar, 2008), e o outro, um filme-documentário, Bailão (Marcelo Caetano, 2009). Buscou-se compreender de que forma esses personagens são construídos nas narrativas e o que essas representações cinematográficas implicam para a construção da democracia e o reconhecimento desses sujeitos. Para debater essas questões, apoiou-se, principalmente, nos pressupostos teóricos de Boaventura de Souza Santos (2007) e Alain Touraine (1998, 2007 e 2009).
Books by Marlon Santa Maria Dias
Editora Facos-UFSM, 2020
Para ver o arquivo melhor, faça o download em: https://bit.ly/3ezt65C
| Jornalismo Literário: it... more Para ver o arquivo melhor, faça o download em: https://bit.ly/3ezt65C
| Jornalismo Literário: itinerários possíveis – Homenagem a Paulo Roberto Araujo (Ed. FACOS-UFSM) é, antes de tudo, uma obra que homenageia o professor de jornalismo da UFSM, Paulo Roberto Araujo, falecido em 2016. Paulo Roberto dedicou três décadas de sua vida ao ensino do Jornalismo Literário. A obra divide-se em três seções: na primeira, artigos e ensaios com discussões teóricas sobre o Jornalismo Literário; na segunda, reportagens produzidas neste estilo; na última parte, crônicas relembram a figura de Paulo Roberto. O livro é direcionado, especialmente, a jornalistas, estudantes de jornalismo e para o uso didático sobre o tema em escolas de comunicação.
| Referência: DIAS, Marlon Santa Maria; BRESSAN, Olívia; BORELLI, Viviane (Org.). Jornalismo literário: itinerários possíveis. Santa Maria/RS: FACOS-UFSM, 2020. 452 p.
In: Antônio Augusto Braighi; Cláudio Lessa, Marco Túlio Câmara. (Org.). Interfaces do Midiativism... more In: Antônio Augusto Braighi; Cláudio Lessa, Marco Túlio Câmara. (Org.). Interfaces do Midiativismo: do conceito à prática. 1ed. Belo Horizonte: CEFET-MG, 2018, v. 1, p. 838-859.
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Anais by Marlon Santa Maria Dias
a partir de artigos e resumos expandidos enviados por pesquisadores, alunos de iniciação
científica e de programas de Pós-graduação - Mestrado e Doutorado - que apresentaram
seus trabalhos nos GTs: Recepção em Jornalismo, Convergência e recepção na web,
Usos, apropriações e consumo, Recepção e gênero, Ficção televisiva e cinema, Práticas
Culturais e identidades.
A II Jornada Gaúcha de Pesquisadores da Recepção aconteceu nos dias 17 e
18 de julho de 2014 na UFSM e teve como tema “Perspectivas teórico-metodológicas
para o estudo da recepção”. O evento científico foi organizado pelo Programa de Pósgraduação
em Comunicação da UFSM e deu continuidade à iniciativa pioneira realizada
no ano de 2012, na UFRGS, através de uma parceria entre grupos de pesquisa das quatro
universidades gaúchas com programas de pós-graduação em Comunicação: UFRGS,
UFSM, Unisinos e PUCRS. O evento teve apoio financeiro da Fapergs e do CCSH/UFSM.
Papers by Marlon Santa Maria Dias
de um encadeamento de eventos). Nesse movimento, situa-se o plot, mecanismo que possibilitou à humanidade a vivência de experiências que deram novos sentidos à vida.
O objetivo do artigo é discutir as formas como a cisgeneridade opera nas racionalidades que orientam as práticas jornalísticas. Essa reflexão é realizada a partir da análise de um caso exemplar: descrevem-se as estratégias narrativas de objetivação e subjetivação encontradas na reportagem televisiva O segredo de Lourival, veiculada em 2019 pelo Fantástico (Rede Globo). Na reportagem, Lourival Bezerra de Sá é apresentado não como uma pessoa transgênera, mas como “uma mulher que se passou por homem durante décadas”. As estratégias apontam para a cisgeneridade como uma metanarrativa, plano de fundo que sustenta o entendimento dos corpos pelo jornalismo, dimensão de caráter fabular e moralista que oblitera a interpretação da complexidade da vida social atuando na manutenção da precariedade dos regimes simbólicos ao ponto de criminalizar as identidades gênero-divergentes.
O artigo examina passagens do livro Todo dia a mesma noite, de Daniela Arbex, e entrevistas concedidas pela jornalista sobre o processo de apuração e escrita da reportagem sobre a “Tragédia de Santa Maria”. Objetiva-se perceber as aproximações do trabalho de Arbex à noção de “livro de repórter”, sinalizando a potencialidade crítica dessa escrita como um processo transgressivo de reconhecimento do presente. Como chave de leitura, utiliza-se a noção de “evento crítico”, a fim de compreender as particularidades dessa crítica quando o sofrimento é um operador significante na construção narrativa do acontecimento.
O artigo analisa os sentidos sobre as concepções de gênero oriundos do caso envolvendo um crime contra uma pessoa não binária. O mapeamento é feito em 1512 comentários de leitores em duas publicações referentes ao caso no Facebook – uma do jornal O Globo e outra do programa televisivo Fantástico. Por meio da Análise de Construção de Sentidos em Redes Digitais, metodologia para o estudo de ciberacontecimentos, constatou- -se a emergência de sete constelações de sentido: alteridade e reconhecimento; deboche; caráter pedagógico; enfoque no crime e deslegitimação do gênero; desqualificação do jornalismo; desejo de morte; e normalização. Orientados pela cristalização de construções histórico-culturais sobre o gênero, os sentidos identificados potencializam os processos de desumanização de corpos dissidentes à norma cisgênera e heterossexual.
Propomos pensar a constituição do grupo no Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro como um ciberacontecimento. Procuramos articular a narrativa a partir dos sentidos que emergem nas redes digitais e daquilo que a imprensa produz de sentidos em torno do acontecimento, amparados em perspectivas teóricas feministas. O modo como o grupo surge e repercute, tornando-se notícia e potencializando diferentes narrativas no universo on-line. Percebe-se uma articulação em rede que pauta o jornalismo, mas que pelas forças de um embate polarizado, muitas vezes invisibiliza questões de importância política e social.
Reflete-se sobre os desafios metodológicos enfrentados no desenvolvimento de pesquisa sobre os processos interacionais entre jornais do Rio Grande do Sul (Brasil) e seus leitores em ambientes digitais diante da emergência da circulação. Descreve-se o percurso e reflete-se sobre avanços e limitações desse tipo de pesquisa qualitativa. Compreende-se que o principal desafio é dar conta da produção discursiva que perpassa as complexas relações entre mídia e leitores dispersos nos ambientes digitais.
Em junho de 2015, a atriz e modelo Viviany Beleboni realizou uma encenação da crucificação durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. A partir dessa situação empírica, o artigo busca refletir acerca da circulação midiática do corpo travesti por meio das reconfigurações divergentes dos estatutos de sacralidade e profanidade. Entendendo a imagem de Viviany crucificada como uma imagem incendiária, observamos como o acontecimento midiático organiza os processos de circulação da imagem originária e das imagens ofertadas pelos atores sociais. É possível observar duas dinâmicas distintas de interpretação: um demarca a possibilidade de “fazer existir o que existe”, que comunga com a mensagem da “Cristo-travesti”, e a outra busca por “fazer inexistir o que existe”, interditando as formas de reconhecimento da precariedade das vidas das travestis brasileiras e das populações LGBTs.
Este artigo apresenta um exercício reflexivo sobre orientações e desafios metodológicos encontrados em uma pesquisa sobre a circulação de sentidos em torno da mobilização Eu não mereço ser estuprada. Descrevemos e avaliamos métodos e técnicas da pesquisa utilizados: fase exploratória, mapeamentos e coleta, observação sistemática e interpretação dos dados. Discutimos conceitos que embasam a compreensão do que denominamos acon-tecimento midiatizado e as particularidades do estudo de caso de caráter midiático. Por fim, apresentamos algumas descobertas da investigação e pistas para pensarmos as metodologias de pesquisas sobre circulação midiática.
O artigo apresenta uma análise da cobertura jornalística sobre o acontecimento envolvendo Verônica Bolina, travesti torturada em situação de cárcere. Amparados na proposta de Ford (1999), a respeito das especificidades do caso midiático e da semiologia dos discursos sociais (VERÓN, 2005), busca-se compreender a construção do acontecimento a partir do trabalho enunciativo dos atores envolvidos. Selecionou-se como objeto empírico a produção discursiva dos portais online G1, R7 e Fórum, bem como a página da campanha #SomosTodasVerônica, na rede social online Facebook. A análise aponta a uma correlação entre a produção jornalística e a dos atores sociais, uma vez que esses contrapõem e questionam os contornos enunciativos dados pelo jornalismo ao caso e articulam formas de resistência à violência e transfobia percebidas nas narrativas midiáticas tradicionais.
Este trabalho reflete alguns aspectos da problemática da circulação na ambiência da midiatização. A partir de material coletado em um grupo de discussão no Facebook sobre a mobilização " Eu não mereço ser estuprada " , analisamos as estratégias discursivas que compõem os processos de enunciação da mobilização dos atores sociais. Apontamos a reconfiguração narrativa na circulação da experiência da dor e a criação de redes interativas de apoio e aconselhamento.
Analisa-se a construção narrativa de relatos de estupro publicados na página Projeto Fênix, no Facebook. O objetivo central é refletir sobre o modo como as categorias público e privado são tensionadas nesses relatos, bem como apontar indícios de como essa prática de relatar os abusos sofridos se efetiva nas redes sociais digitais e cria uma rede de aconselhamento, dando contornos de esfera pública a esse espaço digital. Para tanto, parte-se de uma discussão teórica sobre a dicotomia público/privado, a partir de uma perspectiva feminista (Okin, 2008; Aboim, 2012) que defende o atravessamento de uma questão de gênero na correlação entre esses dois conceitos. Essa discussão dá base para compreender como se estrutura o espaço público e as possibilidades de se pensar os ambientes digitais enquanto espaço público, a partir da forma como historicamente esses ambientes vêm se consolidando como lugares de discussão, embate e articulação de lutas. Na última parte, são analisados enunciados extraídos de narrativas das vítimas de estupro por meio da análise semiológica (Verón, 2005).
Neste artigo, investigam-se as representações de homossexuais idosos que figuram no cinema contemporâneo, mediante a análise de dois curtas-metragens, um ficcional, Depois de tudo (Rafael Saar, 2008), e o outro, um filme-documentário, Bailão (Marcelo Caetano, 2009). Buscou-se compreender de que forma esses personagens são construídos nas narrativas e o que essas representações cinematográficas implicam para a construção da democracia e o reconhecimento desses sujeitos. Para debater essas questões, apoiou-se, principalmente, nos pressupostos teóricos de Boaventura de Souza Santos (2007) e Alain Touraine (1998, 2007 e 2009).
Books by Marlon Santa Maria Dias
| Jornalismo Literário: itinerários possíveis – Homenagem a Paulo Roberto Araujo (Ed. FACOS-UFSM) é, antes de tudo, uma obra que homenageia o professor de jornalismo da UFSM, Paulo Roberto Araujo, falecido em 2016. Paulo Roberto dedicou três décadas de sua vida ao ensino do Jornalismo Literário. A obra divide-se em três seções: na primeira, artigos e ensaios com discussões teóricas sobre o Jornalismo Literário; na segunda, reportagens produzidas neste estilo; na última parte, crônicas relembram a figura de Paulo Roberto. O livro é direcionado, especialmente, a jornalistas, estudantes de jornalismo e para o uso didático sobre o tema em escolas de comunicação.
| Referência: DIAS, Marlon Santa Maria; BRESSAN, Olívia; BORELLI, Viviane (Org.). Jornalismo literário: itinerários possíveis. Santa Maria/RS: FACOS-UFSM, 2020. 452 p.
a partir de artigos e resumos expandidos enviados por pesquisadores, alunos de iniciação
científica e de programas de Pós-graduação - Mestrado e Doutorado - que apresentaram
seus trabalhos nos GTs: Recepção em Jornalismo, Convergência e recepção na web,
Usos, apropriações e consumo, Recepção e gênero, Ficção televisiva e cinema, Práticas
Culturais e identidades.
A II Jornada Gaúcha de Pesquisadores da Recepção aconteceu nos dias 17 e
18 de julho de 2014 na UFSM e teve como tema “Perspectivas teórico-metodológicas
para o estudo da recepção”. O evento científico foi organizado pelo Programa de Pósgraduação
em Comunicação da UFSM e deu continuidade à iniciativa pioneira realizada
no ano de 2012, na UFRGS, através de uma parceria entre grupos de pesquisa das quatro
universidades gaúchas com programas de pós-graduação em Comunicação: UFRGS,
UFSM, Unisinos e PUCRS. O evento teve apoio financeiro da Fapergs e do CCSH/UFSM.
de um encadeamento de eventos). Nesse movimento, situa-se o plot, mecanismo que possibilitou à humanidade a vivência de experiências que deram novos sentidos à vida.
O objetivo do artigo é discutir as formas como a cisgeneridade opera nas racionalidades que orientam as práticas jornalísticas. Essa reflexão é realizada a partir da análise de um caso exemplar: descrevem-se as estratégias narrativas de objetivação e subjetivação encontradas na reportagem televisiva O segredo de Lourival, veiculada em 2019 pelo Fantástico (Rede Globo). Na reportagem, Lourival Bezerra de Sá é apresentado não como uma pessoa transgênera, mas como “uma mulher que se passou por homem durante décadas”. As estratégias apontam para a cisgeneridade como uma metanarrativa, plano de fundo que sustenta o entendimento dos corpos pelo jornalismo, dimensão de caráter fabular e moralista que oblitera a interpretação da complexidade da vida social atuando na manutenção da precariedade dos regimes simbólicos ao ponto de criminalizar as identidades gênero-divergentes.
O artigo examina passagens do livro Todo dia a mesma noite, de Daniela Arbex, e entrevistas concedidas pela jornalista sobre o processo de apuração e escrita da reportagem sobre a “Tragédia de Santa Maria”. Objetiva-se perceber as aproximações do trabalho de Arbex à noção de “livro de repórter”, sinalizando a potencialidade crítica dessa escrita como um processo transgressivo de reconhecimento do presente. Como chave de leitura, utiliza-se a noção de “evento crítico”, a fim de compreender as particularidades dessa crítica quando o sofrimento é um operador significante na construção narrativa do acontecimento.
O artigo analisa os sentidos sobre as concepções de gênero oriundos do caso envolvendo um crime contra uma pessoa não binária. O mapeamento é feito em 1512 comentários de leitores em duas publicações referentes ao caso no Facebook – uma do jornal O Globo e outra do programa televisivo Fantástico. Por meio da Análise de Construção de Sentidos em Redes Digitais, metodologia para o estudo de ciberacontecimentos, constatou- -se a emergência de sete constelações de sentido: alteridade e reconhecimento; deboche; caráter pedagógico; enfoque no crime e deslegitimação do gênero; desqualificação do jornalismo; desejo de morte; e normalização. Orientados pela cristalização de construções histórico-culturais sobre o gênero, os sentidos identificados potencializam os processos de desumanização de corpos dissidentes à norma cisgênera e heterossexual.
Propomos pensar a constituição do grupo no Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro como um ciberacontecimento. Procuramos articular a narrativa a partir dos sentidos que emergem nas redes digitais e daquilo que a imprensa produz de sentidos em torno do acontecimento, amparados em perspectivas teóricas feministas. O modo como o grupo surge e repercute, tornando-se notícia e potencializando diferentes narrativas no universo on-line. Percebe-se uma articulação em rede que pauta o jornalismo, mas que pelas forças de um embate polarizado, muitas vezes invisibiliza questões de importância política e social.
Reflete-se sobre os desafios metodológicos enfrentados no desenvolvimento de pesquisa sobre os processos interacionais entre jornais do Rio Grande do Sul (Brasil) e seus leitores em ambientes digitais diante da emergência da circulação. Descreve-se o percurso e reflete-se sobre avanços e limitações desse tipo de pesquisa qualitativa. Compreende-se que o principal desafio é dar conta da produção discursiva que perpassa as complexas relações entre mídia e leitores dispersos nos ambientes digitais.
Em junho de 2015, a atriz e modelo Viviany Beleboni realizou uma encenação da crucificação durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. A partir dessa situação empírica, o artigo busca refletir acerca da circulação midiática do corpo travesti por meio das reconfigurações divergentes dos estatutos de sacralidade e profanidade. Entendendo a imagem de Viviany crucificada como uma imagem incendiária, observamos como o acontecimento midiático organiza os processos de circulação da imagem originária e das imagens ofertadas pelos atores sociais. É possível observar duas dinâmicas distintas de interpretação: um demarca a possibilidade de “fazer existir o que existe”, que comunga com a mensagem da “Cristo-travesti”, e a outra busca por “fazer inexistir o que existe”, interditando as formas de reconhecimento da precariedade das vidas das travestis brasileiras e das populações LGBTs.
Este artigo apresenta um exercício reflexivo sobre orientações e desafios metodológicos encontrados em uma pesquisa sobre a circulação de sentidos em torno da mobilização Eu não mereço ser estuprada. Descrevemos e avaliamos métodos e técnicas da pesquisa utilizados: fase exploratória, mapeamentos e coleta, observação sistemática e interpretação dos dados. Discutimos conceitos que embasam a compreensão do que denominamos acon-tecimento midiatizado e as particularidades do estudo de caso de caráter midiático. Por fim, apresentamos algumas descobertas da investigação e pistas para pensarmos as metodologias de pesquisas sobre circulação midiática.
O artigo apresenta uma análise da cobertura jornalística sobre o acontecimento envolvendo Verônica Bolina, travesti torturada em situação de cárcere. Amparados na proposta de Ford (1999), a respeito das especificidades do caso midiático e da semiologia dos discursos sociais (VERÓN, 2005), busca-se compreender a construção do acontecimento a partir do trabalho enunciativo dos atores envolvidos. Selecionou-se como objeto empírico a produção discursiva dos portais online G1, R7 e Fórum, bem como a página da campanha #SomosTodasVerônica, na rede social online Facebook. A análise aponta a uma correlação entre a produção jornalística e a dos atores sociais, uma vez que esses contrapõem e questionam os contornos enunciativos dados pelo jornalismo ao caso e articulam formas de resistência à violência e transfobia percebidas nas narrativas midiáticas tradicionais.
Este trabalho reflete alguns aspectos da problemática da circulação na ambiência da midiatização. A partir de material coletado em um grupo de discussão no Facebook sobre a mobilização " Eu não mereço ser estuprada " , analisamos as estratégias discursivas que compõem os processos de enunciação da mobilização dos atores sociais. Apontamos a reconfiguração narrativa na circulação da experiência da dor e a criação de redes interativas de apoio e aconselhamento.
Analisa-se a construção narrativa de relatos de estupro publicados na página Projeto Fênix, no Facebook. O objetivo central é refletir sobre o modo como as categorias público e privado são tensionadas nesses relatos, bem como apontar indícios de como essa prática de relatar os abusos sofridos se efetiva nas redes sociais digitais e cria uma rede de aconselhamento, dando contornos de esfera pública a esse espaço digital. Para tanto, parte-se de uma discussão teórica sobre a dicotomia público/privado, a partir de uma perspectiva feminista (Okin, 2008; Aboim, 2012) que defende o atravessamento de uma questão de gênero na correlação entre esses dois conceitos. Essa discussão dá base para compreender como se estrutura o espaço público e as possibilidades de se pensar os ambientes digitais enquanto espaço público, a partir da forma como historicamente esses ambientes vêm se consolidando como lugares de discussão, embate e articulação de lutas. Na última parte, são analisados enunciados extraídos de narrativas das vítimas de estupro por meio da análise semiológica (Verón, 2005).
Neste artigo, investigam-se as representações de homossexuais idosos que figuram no cinema contemporâneo, mediante a análise de dois curtas-metragens, um ficcional, Depois de tudo (Rafael Saar, 2008), e o outro, um filme-documentário, Bailão (Marcelo Caetano, 2009). Buscou-se compreender de que forma esses personagens são construídos nas narrativas e o que essas representações cinematográficas implicam para a construção da democracia e o reconhecimento desses sujeitos. Para debater essas questões, apoiou-se, principalmente, nos pressupostos teóricos de Boaventura de Souza Santos (2007) e Alain Touraine (1998, 2007 e 2009).
| Jornalismo Literário: itinerários possíveis – Homenagem a Paulo Roberto Araujo (Ed. FACOS-UFSM) é, antes de tudo, uma obra que homenageia o professor de jornalismo da UFSM, Paulo Roberto Araujo, falecido em 2016. Paulo Roberto dedicou três décadas de sua vida ao ensino do Jornalismo Literário. A obra divide-se em três seções: na primeira, artigos e ensaios com discussões teóricas sobre o Jornalismo Literário; na segunda, reportagens produzidas neste estilo; na última parte, crônicas relembram a figura de Paulo Roberto. O livro é direcionado, especialmente, a jornalistas, estudantes de jornalismo e para o uso didático sobre o tema em escolas de comunicação.
| Referência: DIAS, Marlon Santa Maria; BRESSAN, Olívia; BORELLI, Viviane (Org.). Jornalismo literário: itinerários possíveis. Santa Maria/RS: FACOS-UFSM, 2020. 452 p.