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Mariana Alcoforado: del amor divino al amor terrenal

2024

Mariana Mendes da Costa Alcoforado (1640–1723) fue una religiosa portuguesa que profesaba en las Clarisas. Se le atribuye la redacción de las Lettres portugaises, consistente en cinco escritos con un profundo trasfondo amoroso. Lettres portugaises se publicaron en París en 1669. De familia adinerada y de buena posición social, a los 11 años, Alcoforado ingresa en clausura por deseo de su padre. Las cartas, dirigidas al Marqués Noël Bouton de Chamilly, conde de Saint-Léger, cuentan cómo sor Mariana Alcoforado se enamoró locamente de él, expresándole abiertamente su pasión. Lettres portugaises tuvieron un éxito considerable, llegando a influir en autores como Choderlos de Laclos o Stendhal. Posteriormente, en 1974, varias autoras se hacían eco de la magistral producción de Mariana. Pretendemos acercar estas misivas que no pueden entenderse sin tener en cuenta la noción de género.

VI Congresso Internacional El monacato femenino en América, España y Portugal 25 de setembro de 2024 Guatemala Mariana Alcoforado Do amor Divino ao Amor Terreno Filomena Fernandes Gonçalves (UNL) Francisco Javier Sánchez-Verdejo Pérez (UNED) Mulher Religião Direitos Quem é Mariana Alcoforado? As "Cartas Portuguesas" são uma sequência de cinco cartas, nas quais Mariana expressa o seu amor não correspondido e o sofrimento causado pelo abandono. Resumo breve de cada carta: ▪ Carta 1: Primeira reação de dor e abandono. ▪ Carta 2: Esperança de que o amante volte. ▪ Carta 3: Início da aceitação do abandono, mas ainda profundamente marcada pelo sofrimento. ▪ Carta 4: A dor do abandono transforma-se em raiva e reprovação. ▪ Carta 5: finalmente, a aceitação do seu destino e a tentativa de encontrar a paz no convento. Análise Literária da Primeira Carta O Desespero Inicial o o o o O tom é de desespero imediato diante do abandono. Mariana relembra momentos passados, expressando a sua vulnerabilidade. Uso de metáforas para descrever a sua dor, comparando o seu sofrimento à morte. Tensão barroca entre memória e esquecimento. Análise Literária da Segunda Carta A Esperança e a Ilusão o o o Mariana começa a ter uma ténue esperança de que seu amado voltará. Expressa a contradição entre a ilusão do retorno e a realidade do abandono. Faz a exaltação do seu amor, quase beirando a idolatria. Análise Literária da Terceira Carta A Aceitação Dolorosa o o o Mariana percebe que a ausência do amante é definitiva, mas ainda revela resquícios de esperança. A tensão emocional começa a serenar, mas ainda se observa a tristeza pelo abandono. Linguagem repleta de antíteses e paradoxos. Análise Literária da Quarta Carta A Raiva e o Ressentimento o O tom muda para raiva e crítica ao amado. o Mariana acusa o amante de traição e egoísmo. o Uso de vocabulário mais agressivo e imperativo. o Maior intensidade barroca, com a exaltação de sentimentos opostos. Análise Literária da Quinta Carta A Resignação e Reflexão o o o Mariana resigna-se à sua situação e tenta encontrar consolo na vida no convento. Expressa uma compreensão mais madura da sua situação, aceitando o afastamento do amado. Reflete sobre o destino e a solidão. As supostas cartas de Chamilly a Mariana Relação entre as cartas de Mariana e as cartas do Marquês 1. Amor não correspondido vs. desdém do amante 2. Desejo espiritual vs. desejo carnal Angústia e Emoção vs. Racionalidade e Distanciamento 4. Idealização vs. Realismo Mariana vs. Desinteresse Final de Chamilly Interpretação Barroca da Relação • O contraste entre as cartas de Mariana Alcoforado e as do Marquês de Chamilly pode ser visto como uma representação clássica do dualismo presente na literatura da época. barroco, • De um lado, há o amor idealizado, o sofrimento, a entrega total e as contradições entre a carne e o espírito (Mariana). • Do outro lado, há o pragmatismo, o distanciamento emocional e a rejeição da paixão intensa (Chamilly). Essa dinâmica reflete temas barrocos como: o o conflito entre o desejo e a razão o a tensão entre o terreno e o divino o a ideia de que as paixões humanas podem ser intensamente dramáticas, mas, ao mesmo tempo, fugazes. A relação literária entre as duas vozes sublinha o contraste entre as diferentes formas de amar e viver as emoções. • As Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado, quando comparadas com as supostas respostas de Chamilly, revelam uma profunda assimetria emocional. • Enquanto Mariana expressa o máximo de dor e desejo, o Marquês parece indiferente, movido pelo realismo e desinteresse. • Essa relação ecoa na literatura barroca, ao enfatizar o contraste entre sentimentos humanos intensos e a frieza racional, revelando como o amor pode ser, ao mesmo tempo, grandioso e trágico. Cartas Portuguesas Obra-prima da literatura portuguesa Obra-prima da literatura portuguesa • Expressão de Sentimentos Universais e Intensos • Estética Barroca: Contradição e Dualidade • Autenticidade Emocional • Simbologia do Conflito entre Amor • Pioneirismo, Valor Cultural e Religião • Impacto Literário e Posteridade • Estrutura Narrativa Intensa e Progressiva • Dilema Existencial e Metafísico Mariana Alcoforado: precursora do Romantismo Mariana Alcoforado é frequentemente considerada uma precursora do Romantismo devido à natureza emocional, intensa e pessoal de suas Cinco Cartas. Embora as cartas tenham sido escritas no século XVII, muito antes do movimento romântico florescer no final do século XVIII e início do XIX, elas contêm elementos literários e temáticos que antecipam características centrais da estética romântica. Abaixo estão algumas razões que comprovam essa visão: • • • • Exaltação dos Sentimentos Intensos Sofrimento Individual e Solidão Rebeldia Contra a Razão Natureza Barroca e Transição ao Sentimentalismo Romântico • Expressão da Natureza Feminina e do Desejo • Idealização do Amor e Sofrimento como Forma de Existência • Confissão e Autenticidade Emocional Conclusão • Embora Mariana Alcoforado tenha vivido no século XVII, as suas Cinco Cartas contêm muitos elementos que a convertem numa obra-prima da literatura portuguesa. • A sua exaltação de sentimentos intensos, a expressão do sofrimento individual, a rebeldia contra as convenções sociais e religiosas e a idealização do amor e do sofrimento fazem dela uma precursora do Romantismo, antecipando temas que seriam explorados e desenvolvidos pelos autores românticos. • A obra de Mariana, mesmo inserida no contexto barroco, já contém o germe do que seria a grande valorização do eu emocional e do amor trágico, características centrais da estética romântica, que servirá de inspiração a muitos escritores e artistas da Europa dos séculos XIX e XX. Muito obrigado pela sua atenção. ____ / ____ filomenafernandes@esars.pt fjsanchezverdejo@valdepenas.uned.es