Caderno de Resumos do CMD 2024 – Vol. 1
ISBN 978-65-6063-063-5
DOI 10.47247/LV/6063.063.5
POLÍTICAS LIBERAIS E(M) ESCOLAS: A QUESTÃO DAS REFORMAS NA EDUCAÇÃO
RICARDO TAVARES MARTINS1
RESUMO
Atualmente, muitos países adotam políticas (neo)liberais como parte de seus sistemas
sociopolíticos/econômicos e o Brasil, em partes de sua história, em menor ou maior grau, fez e faz também
esse tipo de adoção. Com isso, muitos preceitos liberais ou neoliberais passam a ditar regras sobre bens e
serviços que passam a responder à lógica do mercado/capital (Laval, 2014; Mészáros, 2018). Muitos desses
preceitos (neo)liberais acabaram chegando à Educação (Apple, 2005), sobretudo por meio de reformas que
comumente são marcas de governos (neo)liberais. Tive como objetivos, tomando a reforma do Ensino
Médio brasileiro como norte e com base nos dispositivos teórico-analíticos da Linguística com a sua Análise
do Discurso (Pêcheux, 1969 [2014], 1975 [2014]; Orlandi, 1999 [2020]), 1) analisar como o discurso
(neo)liberal se materializa nas práticas educativas de escolas por meio das reformas introduzidas através de
textos de documentos oficiais de valor legal e 2) discutir criticamente sobre o tipo de educação que estamos
ofertando aos nossos alunos, bem como o tipo de sociedade que estamos construindo por meio do papel de
educadores assumido por nós. Os resultados das análises feitas a partir do corpus advindo de textos do
evento reformista do Ensino Médio brasileiro, a saber a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a LDB
(Lei de Diretrizes e Bases) e a Lei de implementação de escolas de Ensino Médio em tempo integral, nos
levaram a entender que as políticas (neo)liberais se instalam nas escolas por meio de materialidades
linguísticas de textos de valor legal (leis, currículos etc.), podendo nos levar a crer que reformas, sejam de
que cunho for, são sempre positivas.
Palavras-chave: Educação, Discurso, (Neo)Liberalismo, Escola, Reforma.
REFERÊNCIAS
APPLE, Michael William. Para além da lógica do mercado: compreendendo e opondo-se ao
neoliberalismo. Tradução de Gilka Leite Garcia, Luciana Ache. Rio de Janeiro: DP&A, 95 p. 2005.
LAVAL, Christian. A Escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Trad.
Maria Luiza M. de Carvalho e Silva. Londrina: Editora Planta, 2004, 324 p.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Trad. Isa Tavares – 2ª ed. São Paulo: Boitempo,
2018.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos. 13ª ed. Pontes Editores,
Campinas–SP, 2020.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni Puccinelli
Orlandi et al. – 5ª ed. – Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2014.
PÊCHEUX, Michel. Análise automática do Discurso. Trad. Eni Puccinelli Orlandi e Greciely Costa.
Campinas−SP: Pontes Editores, 2019.
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSPE)
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