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O Existencialismo de Sartre

Jean-Paul Sartre nasceu no dia 21 de Junho de 1905 e morreu no dia 15 de Abril de 1980, foi um filósofo, escritor e critico francês. No ano de 1964, Sartre recusou-se a receber o Prémio Nobel da Literatura, era reconhecido pela sua simplicidade e pela sua gentileza, que contradizia com a arrogância dos homens intelectuais franceses. O Existencialismo é um movimento filosófico que normalmente nos faz remontar ao filósofo oitocentista dinamarquês Søren Kierkegaard. O nome em si foi introduzido por Jean-Paul Sartre, embora a expressão “filosofia da existência” tenha sido usada antes por Karl Jaspers, que pertencia à mesma tradição. Jean-Paul Sartre definiu o termo “existencialismo” e usou o método fenomenológico para defender a sua tese central de que os seres humanos são essencialmente livres. Sartre argumenta que a consciência é tal (como “ser para si”) que tem sempre a liberdade de escolher (embora não tenha a liberdade de não escolher) e de “negar” as características dadas do mundo. Segundo o existencialismo de Sartre, o mundo é habitado de "Em si". Podemos entender um Em si como qualquer objeto existente no mundo e que não é nada além daquilo que é. A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu próprio respeito e a respeito do mundo, é chamada de para si. É o Para si que faz as ligações temporais e funcionais entre os seres Em si, e ao fazer isso, edifica um sentido para o mundo em que vive. O Para si não tem uma essência definida, não é resultado de uma ideia pré-existente. O existencialismo de Sartre desacredita a existência de um criador que tenha prefixado a essência e os fins de cada pessoa. É preciso que o Para si seja, e durante essa existência ele descreve, a cada momento o que é a sua essência. Cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu.

Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2014/2015 O Existencialismo de Sartre Licenciatura: Filosofia Unidade Curricular: Filosofia Contemporânea I Docente: Professor Doutor Rui Romão Aluno: Ana Catarina Moreira Azevedo Índice Índice ............................................................................................................................ 2 Introdução..................................................................................................................... 3 Capítulo I ...................................................................................................................... 4 Capítulo II..................................................................................................................... 6 Capítulo III ................................................................................................................... 8 Capítulo IV ................................................................................................................. 10 Capítulo V .................................................................................................................. 12 Conclusão ................................................................................................................... 13 Webgrafia ................................................................................................................... 14 Bibliografia ................................................................................................................. 14 2 Introdução Jean-Paul Sartre nasceu no dia 21 de Junho de 1905 e morreu no dia 15 de Abril de 1980, foi um filósofo, escritor e critico francês. No ano de 1964, Sartre recusou-se a receber o Prémio Nobel da Literatura, era reconhecido pela sua simplicidade e pela sua gentileza, que contradizia com a arrogância dos homens intelectuais franceses. Até à II Guerra Mundial, Sartre demonstrava uma postura política indolente e individualista, contudo já assinalada por uma índole anarquista na qual a moral e a hipocrisia burguesa são denunciadas nos seus textos. Ao entrar no Partido Comunista, juntamente com intelectuais importantes como Merleau-Ponty, Simone de Beauvoir (a sua companheira) e Raymond Aron e fundar a revista Tempos modernos, Sartre irá publicar a sua magnum opus (“grande obra”): “O ser e o nada” um tratado filosófico de 1943 que é tido como o grande marco para o início do crescimento do existencialismo no século XX. Sartre passa a ser o guru de um existencialismo não apenas filosófico, mas também social ao criar uma imagem polémica diante dos padrões morais do seu tempo. Toda uma geração de jovens universitários pelo ocidente irá querer fumar, vestir, falar, beber à parisiense e se aliciar como Sartre. O Existencialismo é um movimento filosófico que normalmente nos faz remontar ao filósofo oitocentista dinamarquês Søren Kierkegaard. O nome em si foi introduzido por Jean-Paul Sartre, embora a expressão “filosofia da existência” tenha sido usada antes por Karl Jaspers, que pertencia à mesma tradição. Jean-Paul Sartre definiu o termo “existencialismo” e usou o método fenomenológico para defender a sua tese central de que os seres humanos são essencialmente livres. Sartre argumenta que a consciência é tal (como “ser para si”) que tem sempre a liberdade de escolher (embora não tenha a liberdade de não escolher) e de “negar” as características dadas do mundo. 3 Capítulo I Os existencialistas compartilharam uma inquietação pelo sujeito e pela responsabilidade individual. Propendem a ser receosos ou hostis diante a submersão do indivíduo em agregados ou forças públicas de maiores extensões. Sartre salientou a utilidade da opção individual livre (livre arbítrio) independentemente do poder de outras pessoas para incutir e impelir os nossos desejos, crenças e decisões. Sartre, em específico, acentuou a importância da necessidade de o indivíduo fazer escolhas. Aqui foi no rasto de Kierkegaard, para quem a escolha pessoal, apaixonada, e o compromisso são fundamentais à verdadeira “existência”. Søren Kierkegaard é o representante essencial do existencialismo religioso, uma abordagem muito pessoal à religião que destaca a fé, a emoção, o compromisso e pende a minorar a teologia e o lugar da razão na religião. Kierkegaard atacou os teólogos por pretenderem demonstrar que o cristianismo era uma religião completamente racional, atestando ao invés que a fé é importante justamente porque o cristianismo é insensato (irracional) e até absurdo. O importante, não é o desafio formado de provar que Deus existe mas a “verdade subjetiva” da nossa própria existência perante a incerteza objectiva. “Existir” é defrontar as dúvidas do mundo e esforçar-se apaixonadamente num modo de vida. Jean-Paul Sartre definiu o termo “existencialismo” e seguindo Husserl e Heidegger usou o modo fenomenológico para sustentar a sua tese central de que os seres humanos são essencialmente livres. Insurgindo-se do ataque de Heidegger à perspetiva cartesiana da consciência, Sartre alega que a consciência é tal (como “ser para si”) que tem sempre a liberdade de escolher (embora não tenha a liberdade de não escolher) e de “negar” as características dadas do mundo. Podemos ser cobardes ou tímidos, mas essa conduta é sempre uma preferência e pode-se sempre decidir mudar. Podemos nascer judeus ou muçulmanos, franceses ou deformados, mas o que faremos de nós próprios é uma questão em aberto — se estas distintivas vão ser transformadas em estorvos ou benefícios, provocações a superar ou pretextos para nada fazer. 4 O colega de Sartre, Maurice Merleau-Ponty, convenceu-o de que devia alterar a sua teimosia “absoluta” na liberdade nas suas obras tardias, mas a insistência na liberdade e responsabilidade permanece central na sua filosofia existencialista. Albert Camus foi procurar a Heidegger o sentido de ser-se largado no mundo, e repartia com Sartre o sentido de que o mundo não confere significado aos indivíduos. Ao passo que Sartre superou Heidegger ao persistir que temos de conceber significado para nós próprios, Camus concluiu que o mundo é “absurdo”, um termo que veio (erradamente) a afigurar todo o pensamento existencialista. Na realidade, um dos erros constantes da perceção popular do existencialismo é confundir a sua ênfase na “ausência de significado” do universo com uma apologia do desespero ou “Angst existencial”. Mas mesmo Camus persiste que o absurdo não é a licença para o angústia, e Nietzsche insiste na “jovialidade”. Para Sartre a muito celebrada emoção da Angst é primária para a condição humana como indício de liberdade e noção de si, mas não de desespero. Para Sartre, em particular, a essência do existencialismo não é o desgosto ou o desespero, mas uma confiança confirmada na importância de ser humano. 5 Capítulo II Jean-Paul Sartre, em tempos aluno de Heidegger, desenvolveu um tipo de existencialismo que era de acentuado pendor de esquerda. Sartre foi aluno na École Normale Supérieure entre 1924 e 1928 e, durante alguns anos, sustentou-se financeiramente dando aulas de filosofia no ensino secundário. Entre 1933 e 1935 em Berlim e Friburgo, que começou a dar forma à sua própria filosofia, cuja primeira expressão surge em duas monografias filosóficas publicadas em 1936: “A Transcendência do Ego” e “A Imaginação: Uma Crítica Psicológica”. A estes trabalhos, seguiu-se, em 1938, um romance, “A Náusea” e, em 1939, a publicação de “Esboço de uma Teoria das Emoções”. Os ensaios de antes da guerra são análises meticulosas em filosofia da mente, de matriz fenomenológica. Sartre, como Heidegger, queixava-se de que Husserl não tinha levado a redução fenomenológica suficientemente longe. Husserl aceitara o eu cartesiano, a res cogitans, como um dado da consciência, quando, na verdade, não era nada disso: quando estou absorto por algo que esteja a ver ou a ouvir, não tenho pensamento/ideia de mim mesmo. É quando refletimos, e apenas nessa altura, que transformamos o eu em objeto, pelo que, se quisermos ser fenomenólogos absolutos, temos de iniciar pela consciência pré-reflexiva. O eu, o sujeito que pensa, está fora da consciência, pertencendo, por isso, ao mundo transcendente. Em “A Imaginação”, Sartre ataca a conceção (bastante divulgada entre os filósofos, e especialmente clara em Hume) de que ao imaginar estamos a pesquisar os assuntos de um mundo mental interior. Sartre mostrou que é uma incorreção pensar que tanto a perceção como a imaginação resumem-se na presença mental de imagens ou simulacros, sendo a única discrepância entre elas o facto de, na perceção, as imagens serem mais ativas, ou vívidas, do que na imaginação. 6 Sustentou que, pelo contrário, imaginar nos punha em relação com objetos extramentais, e não com imagens interiores; a imaginação fá-lo, tal como a perceção, embora de maneira divergente. É fácil reconhecer que assim é: basta pensar nos casos em que se imagina uma pessoa real, mas ausente; nos casos em que aquilo que imaginamos não existe de facto; o que estamos a fazer é conceber um objeto no mundo. De acordo com Sartre, também se gera equivocamente as emoções quando as gerámos como sensações internas passivas. A emoção é uma maneira singular de apreensão do mundo: sentir ódio em relação a alguém, por exemplo, é percecionar esse alguém como uma pessoa odiosa. Todavia, é evidente que a emoção não estabelece uma conquista de consciência justo e isenta do ambiente que nos abrange; pelo contrário, Sartre chega mesmo a descrevê-la como “uma transformação mágica” das condições em que nos deparamos. E 1939 aquando do eclodir da guerra, Sartre foi recrutado para prestar serviço militar e, em 1940, combateu no exército até ser aprisionado pelos alemães. Libertado no seguimento do armistício, retornou a Paris como professor de Filosofia, e tomou parte na oposição contra a ocupação nazi. Em 1943, publicou “O Ser e o Nada” de inspiração heideggeriana (o que é logo reconhecido na forma dada ao titulo) ao contrário dos ensaios do período anterior à guerra que eram de inspiração husserliana. “O Ser e o Nada” tem passagens tão difíceis quanto o que se lê no “Ser e Tempo”. Porém, e como convém a um romancista, Sartre tinha uma aptidão para ilustrar teses filosóficas com narrações pormenorizadas e evidentes, coisa que escasseava a Heidegger. Depois da guerra, Sartre voltou a apresentar os temas principais do seu trabalho num formato mais abreviado em “O Existencialismo é um Humanismo” no ano de 1946. 7 Capítulo III Para Sartre, o ser (l'être) é o que antecede e subjuga a todas os estilos e aspetos divergentes das coisas que descobrimos na consciência. Juntamos e dispomos as coisas segundo géneros e classes, de acordo com os nossos interesses e enquanto instrumentos que auxiliem os nossos propósitos. Se rejeitarmos todas as correções efetuadas pela consciência, ficaremos diante o ser puro, ser em si, “l'en soi”, que é denso, massivo, simples e, acima de tudo, contingente. É “sem razão, sem causa, sem necessidade” (O Ser e o Nada, p. 619). Dizer que é sem causa não é afirmar que é causa de si próprio; meramente está aí — “gratuito” chama-lhe Sartre, e, às vezes, “de trop”1. O “l’en-soi é uma das duas noções decisivas de “O Ser e o Nada”; a outra noção decisiva é “le pour-soi” o para si, ou seja, a consciência humana. Como se relaciona esta com o nada que aparece no título? Sartre responde que o homem é o ser por meio do qual o nada vem ao mundo. A negação é o fator que faz a diferença entre le pour soi e l'en soi. Enquanto os filósofos ingleses encararam o dictum heideggeriano “o nada nadifica” como a quintessência do ridículo, Sartre tomou a objetificação do nada, e empregou zelos no sentido de lhe conferir um sentido marcante. Quando a consciência liga o mundo, fá-lo por meio da negação. Se tenho uma conceção de “azul”, então dissocio o mundo entre “azul” e “não azul”. Se diferencio entre cadeiras e mesas, então tenho de encarar as cadeiras como não mesas e as mesas como não cadeiras. Se pretendo fazer uma distinção entre consciência e ser, terei de dizer que a consciência é não ser: “o ser por meio do qual o nada vem ao mundo tem de ser o seu próprio nada” (O Ser e o Nada, p. 23). Do ponto de vista do historiador, fica a impressão de que Sartre reintroduz na filosofia um conflito criado por Parménides e há muito solucionado por Platão. Na obra “O Ser e o Nada” há muitas ideias importantes, e completamente autónomas da exposição que Sartre adianta para a “nadificação”. A ideia mais atraente é, uma vez mais, retirada de Heidegger. 1 Expressão que significa “a mais”. 8 Enquanto que para a maior parte dos objetos a essência precede a existência, “existe pelo menos um ser cuja existência vem antes da sua essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceção dele. Este ser é o homem.” (O Existencialismo é um Humanismo, p. 66). 9 Capítulo IV A liberdade humana antecipa a essência do homem e torna-a possível. Os seres humanos não competem a um modelo desta mesma forma: cabe a cada pessoa definir que género de coisa ser. A liberdade humana cria uma fissura no mundo dos objetos. De acordo com Sartre, a vida de um ser humano individual não é destinada, nem por um criador, nem por causas necessitantes, nem por leis morais absolutas. A única necessidade a que não posso fugir é a necessidade de escolher. A liberdade humana é plena, mas também inquietante, e nós tentamos esquivarnos de nós mesmos, adotando um papel prefixado que nos é oferecido pela moral, pela sociedade ou pela religião. No entanto, os nossos empenhos no sentido de nos defraudarmos a nós próprios estão sentenciados a falir, do que origina expirarmos indefinidos: implicitamente informados da nossa liberdade e, ao mesmo tempo, debatendo-nos para nos abreviarmos à conjuntura de simples objetos. Sartre classifica por “má-fé” esta condição. A opção consta em cada um de nós receber e atestar a sua liberdade, e tomar a responsabilidade pela sua própria vida e pelos seus próprios atos, sem se auxiliar numa ordem moral primitiva e sem se deixar condicionar por quaisquer condições contingentes. É certo que haverá limites físicos às minhas ações possíveis, mas, ao fazer os devidos ajustes aos meus anseios e projetos, sou eu quem concede importância à conjuntura em que me encontro. Tenho de fazer de mim uma opção radical: “Emirjo sozinho e aterrorizado diante do primeiro e singular projeto que constitui o meu ser: todas as barreiras, todas as proteções, se desintegram, aniquiladas pela consciência da minha liberdade; não tenho, nem posso ter, recurso a qualquer valor contra o facto de que sou eu quem mantém os valores em existência” (O Existencialismo é um Humanismo, p. 66). Nos anos seguintes ao fim da guerra, Sartre, simultaneamente com Simone de Beauvoir, converteu-se o meio da vida cultural e intelectual de Paris. Sartre fundou e editou um periódico mensal “Les Temps Modernes”, e redigiu diversos romances e peças de teatro de sucesso, a mais conhecida das quais será, quiçá, “Huis Clos” (Sem Saída), na qual se abarca a tão citada deixa “O inferno são os outros”. No livro “O Ser e o Nada”, além do en soi e do pour soi, Sartre inseriu até a 10 interpretação de ser-para-os-outros. Trata-se, particularmente, da maneira como eu sou presente a outros e por estes observado, tornando-me nada mais do que um objeto para eles — talvez o objeto da inveja ou do desdém deles. Sartre havia registado que o sentido original de ser-para-os-outros é o de conflito. Na obra subsequente, Sartre desenvolveu este tema, dando-lhe grande relevância. Nos domínios social e político, Sartre adotou posições adjacentes das do partido comunista, embora o determinismo marxista não fosse precisamente fácil de harmonizar com a liberdade absoluta que instituía o existencialismo. Numa experiência de decidir esta tensão, Sartre escreveu, em 1960, a “Crítica da Razão Dialética”. Em 1964, Sartre rejeitou receber o Prémio Nobel da Literatura e, em 1968, apoiou as rebeliões estudantis que ameaçavam o governo de Charles de Gaulle. Ainda chateado com Camus, só em 1960, após a morte deste num trágico acidente de carro, é que Sartre procura reconciliar-se com a recordação do escritor argelino. A imprensa da época difundiu o quanto o funeral de Sartre, em 1980, foi emocionante. O principal rival do filósofo, Raymond Aron, referiu-se de forma laudatória a Sartre quando o aprecia como um moralista que acabou por se perder na selva da política. Aron morreu pouco tempo depois, em 1983, de ataque cardíaco. Aron e Sartre, que protagonizaram duelos escabrosos, são, na verdade, duas faces da mesma moeda: a do intelectual que personaliza uma época. 11 Capítulo V Sartre, acreditava que o homem é livre quando autentica o seu poder de escolha, as suas opções constituir-se-ão no que ele edificou sobre si mesmo. “Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é semelhantemente infinita em cada um.” Dizia Sartre “O homem está condenado a ser livre.” Dizia o filósofo francês no seu texto “O existencialismo é um humanismo”. Sartre negava a existência de qualquer determinismo, para este filosofo não seríamos inspecionados por um Deus com planos já determinados. O que isso afetaria nossas vidas, caso tomássemos como certo tal pensamento? A solidão. Ou nas palavras de Sartre: o desamparo. Muitos têm a crença em algo maior e ainda outros adicionam a ideia de que podem ser perdoados pelos seus erros. Nesse caso, estaríamos sozinhos e seríamos culpados pelos nossos atos, sem qualquer ideia de salvação ou perdão num juízo final. O homem seria responsável pelas suas escolhas, e tais escolhas iriam ao encontro da vida do seu semelhante, logo o homem seria responsável por si e pelo mundo. O filósofo francês ainda declarava que o homem é um ser delicado e não passa de um projeto de vida, e a nossa vida auferiria sentido quando efetuássemos tal projeto com a liberdade que nos é inerente. Muitas são as formas de liberdade que imaginamos, que podemos declarar. No entanto, para Sartre elas estariam sob as nossas escolhas. A liberdade dá ao homem o poder de escolha, mas está constrangida às restrições do próprio homem. Esta independência de escolha é demarcada pelas alcance físicas do ser. Para Sartre, porém, estas limitações não diminuem a liberdade, são elas que tornam essa liberdade praticável, porque estabelecem as nossas possibilidades de escolha, e impõem, na verdade, uma liberdade de escolha da qual não podemos escapar. A liberdade defendida por Sartre é um caminho possível. Ela (a liberdade) sempre foi motivo de grandes textos, e como disse Tocqueville: "Creio que, em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la." 12 Conclusão O existencialismo sartriano procura explicar todos os aspetos da experiência humana. A maioria deste projeto está organizada nos seus dois grandes livros filosóficos: “O ser e o nada” e “Crítica da razão dialética”. Segundo o existencialismo de Sartre, o mundo é habitado de "Em si". Podemos entender um Em si como qualquer objeto existente no mundo e que não é nada além daquilo que é. Este modo de manifestação do ser, que não é o único, é alicerçado em três características: o ser é, o ser é o que é, o ser é em si. Pode-se dizer que possuem o modo de ser do Em si todos aqueles objetos , que não têm consciência, que não se fundam na alteridade, na presença do outro. Um ser Em si não tem potencialidades nem consciência de si ou do mundo. Ele apenas é. A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu próprio respeito e a respeito do mundo, é chamada de para si. É o Para si que faz as ligações temporais e funcionais entre os seres Em si, e ao fazer isso, edifica um sentido para o mundo em que vive. O Para si não tem uma essência definida, não é resultado de uma ideia pré-existente. O existencialismo de Sartre desacredita a existência de um criador que tenha prefixado a essência e os fins de cada pessoa. É preciso que o Para si seja, e durante essa existência ele descreve, a cada momento o que é a sua essência. Cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu. Nada me compete a manter esta essência, que só é conhecida em retrospeção. Podemos afirmar que o meu ser passado é um Em si, possuí uma essência conhecida, mas essa essência não é preestabelecida. Ela só existe no passado. Por isso se diz no existencialismo que "a existência precede e governa a essência". 13 Webgrafia   Stanford Encyclopedia of Philosophy. [em linha]. [Consulta em: 2 de Abril de 2015]. Disponível em: < http://plato.stanford.edu/entries/sartre/> Stanford Encyclopedia of Philosophy. [em linha]. [Consulta em: 22 de Abril de 2015]. Disponível em: < http://plato.stanford.edu/entries/existentialism/> Bibliografia  Sartre, Jean Paul. O ser e o nada. [Trad.: Paulo Perdigão] Petrópolis: Editora Vozes Lda, 2004 (12.ª Edição). ISBN: 9788532617620 14