Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
PROGRAMA ENSINO MÉDIO EM AÇÃO (EM-Ação)
GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA
Jaques Wagner
Organização Geral
Irene Maurício Cazorla
Rodrigo Camargo Aragão
Nildon Carlos Santos Pitombo
Coordenação Geral
Ana Lúcia Purificação da Paixão
Coordenação Pedagógica
Dimitri Sarmento
Leonardo Dias Chaves
Equipe de Designer Educacional e Projeto Gráfico
Adelaide Maria de Oliveira Santana
Ana Lúcia Purificação da Paixão
Gervaine de Souza Ferreira
Kátia Souza de Lima Ramos
Lourival da Silva Andrade Júnior
Simone de Souza Montes
Vanessa Costa Reis
SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO DA BAHIA
Osvaldo Barreto Filho
DIRETORA DO INSTITUTO ANÍSIO TEIXEIRA
Irene Maurício Cazorla
ASSESSORA TÉCNICA
Kátia Souza de Lima Ramos
DIRETORIA DE FORMAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO
EDUCACIONAL - DIRFE
Jeudy Machado de Aragão
Assessoria pedagógica
Adriana Lage, História, EMITEC
Linguagens, códigos e suas tecnologias
Carlos Neves, Biologia, EMITEC
Elidete O. da S.Barros, Geografia, EMICarla Patrícia Santana, Doutora em Letras, UNEB
TEC
Gildeci de Oliveira Leite, Mestre em Letras, UNEB
Luciana Santos de Oliveira, Mestra em Literatura e Diversidade Cultural, UFBA Lucinalva Borges, Física, EMITEC
Mônica Moreau Lima, Biologia, EMITEC
Luciano Amaral Oliveira, Doutor em Letras e Linguística, UFBA
Silvana Andrade, Matemática, EMITEC
Ciências Humanas e suas tecnologias
Autores, titulação máxima e IES de atuação
Revisão ortográfica e gramatical
Acácia Melo Magalhães
Celbo Antônio R. F. Rosa, Doutor em Geografia, UESC
Cristiane Batista, Mestra em História, UNEB
Rodrigo Freitas Lopes, Mestre em História, UNEB
Virginia Queiroz Barreto, Mestra em História, UNEB
Ciências da Natureza e suas tecnologias
Dielson Pereira Hohenfeld, Mestre em Ensino de Ciências, IFBA
Jancarlos Menezes Lapa, Mestre em Ensino de Ciências, IFBA
Marcelo Franco, Doutor em Química, UESC
Marcia Rodrigues Pereira, Mestra em Química Biológica, UERJ/CPII
Marcos André Vannier dos Santos, PHD em Ciências, FIOCRUZ
Ricardo Santos Nascimento, Mestre em Mecatrônica, UEFS
Ródnei Almeida Souza, Mestre em Filosofia e História das Ciências, UNEB
Sandra Lúcia Pita, Química, EMITEC
Sergio Coelho de Souza, Doutor em Ecologia, UNISA
Matemática e suas tecnologias
Humberto José Bortolossi, Doutor em Matemática, UFF
Consultoras
Liliane Queiroz Antônio
Marli Geralda Teixeira
Renata Monteiro
Cinthia Seibert
Web Designers
Bianca Chagas
Camila Penna
Cristiane Aragão
Editoração eletrônica
Via Litterarum editora
Arte final
Marcel Santos
Arnold Coelho
Diagramação
Marcel Santos
Arnold Coelho
Distribuição
SEC - Secretaria de Educação do Estado da Bahia
6ª Avenida Nº 600, Centro Administrativo da Bahia – CAB, Salvador
CEP: 41.745-000, Bahia, Brasil
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Copyright©2012 by Instituto Anísio Teixeira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
B151e Bahia. Secretaria da Educação. Instituto Anísio Teixeira.
EM-Ação: Ensino Médio em Ação; 3º Ano / Irene Maurício Cazorla;
Rodrigo Camargo Aragão; Nildon Carlos Santos Pitombo
(Organizadores). / Secretaria da Educação. Instituto Anísio Teixeira Salvador: SEC/IAT, 2012
1v.,182 p.: il.
Projeto: EM-Ação — Ensino Médio em Ação
ISBN: 978-85-60834-09-9
1. Ensino Médio 2. Educação e tecnologia I. Instituto Anísio Teixeira.
II. Cazorla, Irene Maurício. III. Aragão, Rodrigo Camargo. IV. Pitombo,
Nildon Carlos Santos. V. Título.
CDU: 37.046.14
Ficha Catalográfica: Biblioteca do Instituto Anísio Teixeira
Instituto Anísio Teixeira – IAT
Estrada das Muriçocas, s/n – Paralela
Salvador – BA
CEP – 41.250-420
www.iat.educacao.ba.gov.br
2
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Secretaria da Educação do Estado da Bahia
Prezado estudante,
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia apresenta os Cadernos EM-Ação,
preparados especialmente para você, cujo objetivo é o de cooperar nos seus estudos para
o acesso ao sistema acadêmico do ensino superior. Afirmo, também, que os Cadernos
contribuem para que seu final de escolarização básica possa ser revigorado, a partir desse
esforço de articular conteúdos escolares com temáticas interessantes, em que a ciência é
matriz importante para a compreensão das mesmas.
Destaco o empenho das Instituições Públicas do Ensino Superior – UNEB, UEFS,
UESC, UFBA, UESB, IFBA, IFBaiano e UFRB que, em parceria com o Instituto Anísio Teixeira, conceberam e realizaram a produção desse material pedagógico.
Espero que estes Cadernos cumpram sua finalidade e, ao mesmo tempo,
materializem a esperança de colocar exemplos de atos interdisciplinares ao seu alcance,
tendo o contexto temático como foco dos nexos entre diferentes disciplinas escolares.
Para tanto, discuta a proposição dessa obra com seus colegas e professores, com a
meta de ampliar o alcance que os conteúdos escolares sempre têm na compreensão do
mundo que nos cerca e nas transformações que a humanidade sempre realiza em
benefício da vida e da convivência entre todos.
Osvaldo Barreto Filho
Secretário da Educação
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MAPA COM IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR
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TABELA COM IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR
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LISTA DE ÍCONES
Conhecimento em ação
São atividades a serem realizadas pelos alunos sobre os conteúdos do
caderno.
Reflexão para ação
Traz reflexões sobre o conteúdo proposto. Ex: Vou aprender esse assunto
para quê?
De olho no ENEM
Apresenta questões do ENEM referentes ao tema proposto no caderno,
com respectivos comentários feitos pelos autores.
Curiosidade
Pequeno texto informativo que traz uma curiosidade sobre assuntos
referentes ao tema.
Zoom na informação
Traz informação mais detalhada sobre a temática abordada no caderno.
Siga antenado - Música
São dicas de clipes ou letras de música para análises, reflexões,
comentários, que complementam os conteúdos ou tema dos cadernos.
Siga antenado – Link da Web
São sites de livros, artigos etc., que contemplam e enriquecem os
conteúdos abordados nos cadernos.
Siga antenado – Filme ou vídeo
São indicações de filmes ou vídeos sobre os conteúdos ou temas dos
cadernos.
Siga antenado - Livro
São indicações de livros para o aprofundamento dos conteúdos
abordados nos cadernos.
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SUMÁRIO
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MEIO AMBIENTE
13
Linguagens Códigos e suas tecnologias
15
Língua Portuguesa........................................................................................................
17
Apresentação..................................................................................................................
17
Texto 1. Sobre a preservação da natureza.....................................................................
18
Texto 2. Coordenação e Subordinação: organizando ideias..........................................
21
Texto 3. Leitura de textos não verbais............................................................................
23
Texto 4. Função da linguagem........................................................................................
25
De olho no ENEM............................................................................................................ 26
Referências.....................................................................................................................
27
Literatura Brasileira....................................................................................................... 29
Apresentação..................................................................................................................
29
O Pré-modernismo e temáticas da natureza................................................................... 29
Texto 1. Costumes Avoengos.........................................................................................
32
Texto 2. Oswaldo de Andrade: a poesia Pau Brasil e a relação com a natureza...........
35
De olho no ENEM............................................................................................................ 37
Referências.....................................................................................................................
38
Ciências Humanas e suas tecnologias
41
História...........................................................................................................................
43
Apresentação..................................................................................................................
43
Texto 1. A sociedade industrial e os impactos ambientais nos séculos XIX e XX..........
43
Texto 2. Água e trabalho no período monárquico e no pós-abolição.............................. 46
Texto 3. Questões de saúde pública e higiene urbana no Brasil durante a Primeira
República........................................................................................................................
Texto 4. Anos de guerra na Europa: a contaminação das águas e o crescimento das
epidemias........................................................................................................................
50
53
De olho no ENEM............................................................................................................ 56
Referências.....................................................................................................................
57
Geografia.......................................................................................................................
59
Apresentação..................................................................................................................
59
Texto 1. Disponibilidade hídrica no mundo.....................................................................
59
Texto 2. Disponibilidade hídrica no Brasil.......................................................................
67
Texto 3. Transposição do Rio São Francisco.................................................................
70
Texto 4. Disponibilidade hídrica na Bahia.......................................................................
73
Texto 5. Problemas socioambientais urbanos e a água.................................................
74
De olho no ENEM............................................................................................................ 80
9
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Referências.....................................................................................................................
Ciências da Natureza e suas tecnologias
81
Biologia...........................................................................................................................
83
Apresentação..................................................................................................................
83
Texto 1. Meio Ambiente: Universo água - Caminhando juntos.......................................
83
Texto 2. A saúde reprodutiva, o saber tradicional e o mercado de trabalho...................
88
Texto 3. O petróleo e os problemas ambientais...............................................................
94
De olho no ENEM.............................................................................................................
97
Referências......................................................................................................................
99
Química........................................................................................................................... 101
Apresentação................................................................................................................... 101
Texto 1. Petróleo.............................................................................................................. 101
Texto 2. Colas.................................................................................................................. 109
De olho no ENEM............................................................................................................. 113
Referências...................................................................................................................... 115
Física............................................................................................................................... 117
Apresentação................................................................................................................... 117
Texto 1. Descrição do aproveitamento de Sobradinho.................................................... 118
Texto 2. Raios e Para-raios.............................................................................................. 120
Texto 3. pontes de hidrogênios........................................................................................ 123
De olho no ENEM............................................................................................................. 125
Referências...................................................................................................................... 125
127
Matemática e suas tecnologias
Matemática...................................................................................................................... 129
Apresentação: ................................................................................................................. 129
Texto1. Condução da água e suas classificações........................................................... 130
Texto 2. Elementos geométricos e hidráulicos de um canal............................................ 132
Texto 3. Canais parabólicos um prelúdio ao cálculo diferencial e integral....................... 137
Texto 4. Velocidade média e vazão: a fórmula de Menning............................................. 140
De olho no ENEM............................................................................................................. 145
Referências...................................................................................................................... 146
Respostas e Comentários das questões do ENEM..................................................... 147
Língua Portuguesa........................................................................................................... 147
Literatura Brasileira.......................................................................................................... 147
História............................................................................................................................. 148
Geografia.......................................................................................................................... 148
10
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Biologia............................................................................................................................. 149
Química............................................................................................................................ 150
Física................................................................................................................................ 151
Matemática....................................................................................................................... 151
LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
155
Leitura e Produção Textual I
159
Apresentação................................................................................................................... 159
Texto 1.............................................................................................................................. 159
Texto2............................................................................................................................... 164
De Olho no ENEM............................................................................................................ 168
Referências...................................................................................................................... 169
Resposta e comentários das questões do ENEM .........................................................
170
Leitura e Produção Textual II
171
Apresentação................................................................................................................... 171
De olho no ENEM............................................................................................................. 178
Referências...................................................................................................................... 180
Resposta e comentários das questões do ENEM .........................................................
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Língua Portuguesa
Luciana Santos de Oliveira e Luciano Amaral Oliveira
Apresentação
Olá! Estamos iniciando o último ano antes do ENEM. Por isso, vamos nos concentrar
para fazermos um excelente exame. Neste Caderno, abordaremos um tema recorrente nessas
provas: o meio ambiente. Esse assunto, geralmente, ocorre em várias áreas de conhecimento
distintas, demonstrando a importância de se pensar em novas maneiras de sobrevivência e de
um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Portanto, você verá diferentes pontos de
vista sobre o assunto exposto em diferentes gêneros. Também poderá apresentar suas ideias
através de um texto de opinião que será construído e postado no blog da escola.
Aproveitaremos para falar a respeito das funções da linguagem. Bom estudo!
Conhecimento em ação
O quadro a seguir tem três colunas. Marque com um X as características dos seres
humanos e as características dos outros animais.
CARACTERÍSTICAS
são mortais
não destroem o seu habitat
só matam para sobreviver
são racionais
SERES HUMANOS
OUTROS ANIMAIS
dade
Curiosi
A viúva-negra é uma aranha com fama de má.
Algumas pessoas pensam que a viúva-negra fêmea
mata o macho sem nenhuma razão. Contudo, o que
acontece, muitas vezes, é um acidente na hora da cópula. De
acordo com uma matéria veiculada na revista Superinteressante (2012), a “cópula das aranhas tem uma característica
peculiar. O macho, depois de ‘fazer a corte’ dedilhando a teia
onde está a fêmea (ela
reconhece o macho pela vibração
dos fios), expele seu
esperma em um emaranhado de teias. Então, ele mergulha as patas dianteiras, que parecem pequeninas luvas de boxe, no esperma e as introduz na abertura
genital da fêmea”. O
problema é que as patas do macho
podem ficar presas e, quando ele tenta retirá-las, elas se partem e ele morre de hemorragia. Ainda segundo a revista,
“algumas vezes, ao encontrar o macho morto, a fêmea devora
-o, porque o
considera uma presa como outra qualquer. A
fêmea leva a fama errônea de devorar o macho”.
17
Figura 1. Viúva Negra em sua Teia
Disponível
em:
<http://
www.wpclipart.com/animals/bugs/
s pi der/ bl ac k _ wi do w/
black_widow_spider.png.html>
ção
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Língua
Portuguesa
EM
Texto 1
Sobre a preservação da natureza
Luciana Santos de Oliveira
Toda vez que me deparo com um artigo jornalístico ou uma reportagem que
denuncia a devastação de florestas ou a matança de animais, uma dúvida filosófica me
ocorre: destruímos por que nos sentimos superiores à natureza ou por um impulso
raivoso e inconformado de nos sabermos inferiores a ela? Em qualquer hipótese, a
resposta vai sempre se encaminhar para o lado irracional do homem que, nesse sentido,
tem agido como a mais besta de todas as bestas.
Em relação aos bichos que preservam seu habitat, que só tiram dele
o que lhes é extremamente necessário e que, raramente, matam um
igual, ser gente não significa lá grande coisa. E se, continuando a poluir
o ar e morrendo lentamente, entrarmos em extinção, penso que nenhuma outra espécie moveria uma só
pata para nos salvar. O “bicho” pegaFigura 2. Peixes mortos pela poluição das águas
ria para o nosso lado.
Disponível: <http://www.public-domain-image.com/faunaanimals-public-domain-images-pictures/fishes-public-domainimages-pictures/dead-fish-on-coast.jpg.html>
Conhecimento em ação
1. Você sabe quais são as principais características de uma crônica, esse gênero textual que
acabou de ler? Observe algumas dessas características e marque quais delas encontrou no
texto Sobre a preservação da natureza:
(a) é, geralmente, publicada em jornais e revistas;
(b) trata, em geral, de um assunto que está em evidência em nosso cotidiano;
(c) tem, muitas vezes, o objetivo de divertir o leitor;
(d) apresenta uma reflexão crítica sobre a vida e os comportamentos humanos;
(e) pode apresentar elementos básicos de uma narrativa: fatos, personagens, tempo e lugar;
(f) pode ou não apresentar a visão pessoal do autor, isto é, a crônica pode estar apenas expondo uma possibilidade ou várias possibilidades a respeito de um determinado assunto;
(g) pode ser narrada em 1ª pessoa com um narrador-personagem ou em 3ª pessoa com um
narrador-observador;
(h) faz uso da linguagem literária, isto é, possui liberdade de criação; pode, por exemplo, ressignificar palavras ou frases já existentes, desarticular conceitos ou ironizar o senso comum; pode apresentar figuras de linguagem.
18
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3. No texto, a autora propõe uma “dúvida filosófica”. Por que você acha que ela usou o
adjetivo filosófica para classificar a sua dúvida? O texto apresenta resposta para essa
dúvida?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4. A autora brinca com várias construções informais da linguagem falada para dar um efeito
semântico diferenciado ao que está sendo dito. Indique um exemplo dessas construções
informais.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
5. A respeito dos argumentos utilizados pela autora, pode-se afirmar que o ponto de vista
defendido no texto é:
(a) que, afinal de contas, o homem não tem culpa do atual estado da natureza;
(b) que o homem é superior à natureza e que é sua obrigação protegê-la;
(c) que os bichos são inferiores ao homem e, por isso, são classificados de irracionais;
(d) que o homem age irracionalmente em relação à natureza e, nesse sentido, é inferior
aos bichos;
(e) que uma das consequências do efeito estufa é o aumento do número de bichos, que é
inversamente proporcional ao número de homens.
Zoom na informação
Muitas pessoas estão preocupadas com o efeito estufa. Contudo, conforme a WWF
-Brasil (2012), o efeito estufa é um fenômeno natural que mantém o planeta aquecido, possibilitando a vida por aqui. Esse aquecimento é causado “por gases de efeito estufa,
sobretudo o dióxido de carbono (CO2), na atmosfera. Esses gases formam uma espécie de
cobertor cada dia mais espesso, que torna o planeta cada vez mais quente e não permite a
saída de radiação solar”. O problema, na verdade, é o chamado aquecimento global, provocado pela emissão excessiva de gases do efeito estufa na atmosfera, o qual pode causar a extinção da vida na Terra.
19
ção
EM
2. A crônica usa linguagem literária, pois, apesar de nascer do texto jornalístico, tem
liberdade de argumentos, de opiniões e de linguagem. Como exemplo disso, temos o
trecho “tem agido como a mais besta de todas as bestas”, em que a autora se refere ao
homem. Ela faz um trocadilho, um jogo de palavras e de sentidos. Explique com que
objetivo ela utilizou a palavra besta.
Língua
Portuguesa
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Reflexão para ação
ção
Língua
Portuguesa
EM
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Figura 3. Gases do efeito estufa produzidos por
fábricas movidas a carvão.
Disponível em: <http://digitalmedia.fws.gov/cdm4/
item_viewer.php?CISOROOT=/
natdiglib&CISOPTR=1380&CISOBOX=1&REC=4>
Os principais responsáveis pela produção
de CO2 são o carvão e os derivados do petróleo,
como a gasolina e o óleo diesel. Isso significa
que, quanto mais veículos movidos a gasolina
rodarem nas ruas de nossas cidades, mais gases
de efeito estufa serão lançados na
atmosfera.
Reúna-se com mais dois colegas e procurem, na
Internet, imagens que evidenciam a degradação
do meio ambiente causada pela produção de
CO2, como mostra a Figura 3. Se vocês não tiverem acesso à Internet, procurem por fotos em livros e enciclopédias e façam uma cópia. Em seguida, pensem em duas ações que podemos realizar para diminuir a quantidade desses gases.
Faça a postagem dessas
imagens juntamente
com suas sugestões de ações no blog da escola
ou prepare um cartaz com esse material e afixe-o
na parede da sua sala.
Conhecimento em ação
Texto de opinião
Alguns gêneros textuais se confundem com a crônica, como, por exemplo, o texto de
opinião. No entanto, enquanto a crônica é considerada um gênero literário por poder narrar
fatos fictícios, com personagens fictícias, o texto de opinião expõe o ponto de vista do seu autor
a respeito de um assunto que está sendo discutido na sociedade.
Você vai agora construir um texto breve expondo sua opinião a respeito dos danos
ambientais causados pelo uso de gasolina e de óleo diesel, que produzem gases do efeito
estufa e que são derivados do petróleo, recurso natural não renovável, que pode não mais
existir num futuro próximo. Sugira energias alternativas ou meios alternativos de transporte que
podem contribuir para diminuir a emissão desses gases.
No texto, escreva o título centralizado no alto da página e, abaixo dele, alinhado à direita,
seu nome. Redija três ou quatro parágrafos: no primeiro, contextualize o assunto do seu texto;
no segundo (e no terceiro, se você optar por quatro parágrafos), apresente sua sugestão de
alternativas; no último, exponha argumentos para defender sua sugestão. O objetivo é
convencer as pessoas que lerem seu texto de que seu ponto de vista procede. Imagine que
esse leitor faz parte da banca de examinadores do ENEM. Depois, junto com seu professor (ou
sua professora), organize um debate sobre o tema. Se você precisar de informações para a
construção de seus argumentos, veja a seção “Siga antenado”. Finalmente, a partir dos
comentários do professor sobre seu texto, faça uma autoavaliação: você acha que está
conseguindo construir um texto argumentativo eficiente?
20
Você sabe o que é o Protocolo de Quioto? Segundo o Portal Brasil (2012), é um
tratado internacional criado de acordo com a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança de Clima e assinado na cidade japonesa de Quioto em 1997. O primeiro período de cumprimento do tratado começou em 2005 e terminou em 2012, quando já
havia sido ratificado por 184 países. Seu objetivo é “estabilizar a emissão de gases do efeito
estufa na atmosfera a fim de conter o aquecimento global e seus possíveis impactos”.
Siga antenado
Um site no qual podemos conseguir informações importantes sobre o meio ambiente é o
da organização WWF-Brasil: <www.wwf.org.br>. Ao acessá-lo, nós vemos, no canto
superior direito, uma caixa de entrada na qual digitamos o assunto que nos interessa. Por
exemplo, se digitar “petróleo e poluição”, você obterá como resultados não apenas os
títulos de textos sobre esse assunto, mas também frases que contêm as palavras-chave
petróleo e poluição.
Texto 2
Coordenação e subordinação: organizando ideias
Quando falamos ou escrevemos, procuramos organizar o nosso discurso de maneira
que haja uma sequência lógica de ideias que serão unidas pelo sentido produzido pelo todo do
texto. Na escrita, podemos organizar e estruturar os períodos por meio de sinais de pontuação
e de conjunções, formando períodos compostos por coordenação ou subordinação. O
uso adequado da pontuação e das conjunções é importante para que seu texto seja
considerado coerente por quem o ler.
Vale lembrar que um período é composto por coordenação quando ele é formado por
orações sintaticamente independentes umas das outras, pois cada uma delas apresenta os
termos necessários (sujeito, verbo, objeto) para ter sentido. Observe:
1ª oração
2ª oração
Os homens são racionais, mas destroem o meio ambiente.
As orações destacadas são unidas apenas pela sequência de sentido e pela conjunção
mas, que, no caso, passa a ideia de contradição ou adversidade. As conjunções que unem
as orações coordenadas chamamos de conjunções coordenativas. As orações também podem
ser coordenadas por vírgulas, como as duas primeiras do período a seguir:
1ª oração
2ª oração
3ª oração
Acordei tarde, peguei um ônibus e cheguei atrasada.
21
ção
EM
ade
sid
Curio
Língua
Portuguesa
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ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
EM
Conhecimento em ação
Língua
Portuguesa
1. Agora observe este período e responda à pergunta que o segue:
“Quando o homem tomar consciência, pode ser tarde demais para mudar as coisas e a
vida vai estar irremediavelmente ameaçada.”
Quantas orações existem nele?
______________________________________________________________________
2. No trecho “Em relação aos bichos que preservam seu habitat, que só tiram dele o que
lhes é extremamente necessário e que raramente mata um igual, [...]”, a conjunção e tem
sentido de:
a) adição;
b) oposição;
c) exclusão;
d) conclusão;
e) explicação.
3. Preencha cada lacuna dos trechos abaixo com uma conjunção adequada:
(a) _______________ Revolução Industrial só tenha começado na segunda metade do
século XVIII, a Inglaterra já era um país rico por causa do comércio.
(b) A invenção da máquina a vapor e a invenção do tear mecânico resultaram do
investimento de capitais e de experimentos científicos. ______________, esses inventos
não surgiram do acaso.
(c) A França, que estivera mergulhada na Revolução Francesa desde 1789, teve,
_______________, o seu desenvolvimento industrial retardado.
Reflexão para ação
Conjunções adversativas podem revelar o preconceito de quem as usa.
Tomemos o enunciado “Ela é pobre, mas é limpinha” para analisarmos isso. Note
que não há contraste entre as duas orações (diferentemente do que ocorre com este
enunciado: “Este livro está muito caro, mas eu vou comprá-lo”). O contraste ocorre nas
entrelinhas do enunciado, revelando um discurso fortemente preconceituoso, segundo o qual
ser pobre implica ser sujo. Logo, seguindo-se essa lógica preconceituosa, se uma pessoa é
pobre e não é suja, haveria aí um contraste.
Ouvimos construções com conjunções adversativas nas falas das pessoas, revelando
racismo, homofobia, sexismo, indigenofobia e preconceito de origem geográfica e social.
Pense em alguns exemplos que evidenciam o uso da adversativa que expressa preconceito.
Fique alerta para não aceitar esse tipo de construção, que fere a autoestima das
pessoas, e para não construir esse tipo de sentença. Afinal, é importante respeitarmos as
pessoas, respeitarmos as diferenças.
22
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Leitura de textos não verbais
Contrariamente ao que alguns estudantes pensam, um texto não precisa ser formado
apenas por palavras. Ou seja, os textos não precisam ser exclusivamente verbais: eles
podem ter elementos não verbais como números, imagens, gráficos e tabelas. Podem até
nem ter palavras. Por exemplo, os símbolos que você vê a seguir, encontrados,
frequentemente, em prédios públicos, são textos sem palavras. O primeiro, obviamente,
significa “Proibido fumar”. O segundo, que está ficando cada vez mais conhecido das
pessoas, significa “Reciclável”.
Figura 4. Proibido fumar¹
Figura 5. Reciclável²
Um elemento que ajuda na construção de sentido de alguns textos é a tabela, que é
um conjunto de informações traduzidas em número e organizadas em colunas (verticais) e
linhas (horizontais). As tabelas são muito úteis, mas tenha cuidado com a maneira como
você interpreta os dados: números podem nos enganar. A Tabela 1, a seguir, foi adaptada
a partir do artigo intitulado A água na terra está se esgotando? É verdade que no futuro
próximo teremos uma guerra pela água?, de autoria de Pedro Jacobi (2011). Observe-a
atentamente e responda às perguntas a seguir.
E considere esta informação importante: o volume de água da cada local está
indicado em quilômetros cúbicos (km3); um quilômetro cúbico equivale a um trilhão de
litros.
Tabela 1. Distribuição de água no mundo.
LOCAL
Oceanos
VOLUME (km3)
1.370.000
Calotas polares e geleiras
PERCENTUAL DO TOTAL
97,61
29.000
2,08
4.000
0,29
Lagos de água doce
125
0,009
Lagos de água salgada
104
0,008
Rios
1,2
0,00009
Atmosfera (vapor d’água)
1,4
0,0009
Subsolo
Fonte: Wetzel (1983 apud JACOBI, 2011) (adaptado).
¹Disponível em: <http://www.wpclipart.com/phps.php?q=no+smoking>. Acesso em: 03 mar. 2012.
²Disponível em: <http://www.wpclipart.com/phps.php?q=recycle>. Acesso em: 3 mar. 2012.
23
Língua
Portuguesa
EM
Texto 3
ção
EM
Língua
Portuguesa
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
1. Em que local do planeta existe mais água?
______________________________________________________________________
2. Embora haja muita água na Terra, apenas uma parte dela é doce e, mesmo assim, nem
toda ela está disponível para o ser humano. Onde se encontra a água doce disponível para
o uso das pessoas?
______________________________________________________________________
3. Você acha que existe pouca água disponível para o uso humano no mundo? Com base
em que você afirma isso?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Zoom na informação
Muitas pessoas acreditam que a água do planeta Terra está acabando. Essa
crença se deve ao fato do número de seres humanos aumentar muito a cada década e o percentual dessas pessoas sem acesso à água tornar-se maior também. Contudo,
o que acontece, na verdade, é que há muita água potável no planeta, mas ela está mal distribuída, ficando concentrada, principalmente, em quatro países: Brasil,
Rússia, China e Canadá. Veja a que conclusão chega o autor da tabela 1 (JACOBI, 2011):
Conclusão final: A água da Terra não está acabando. Na realidade, a água da
superfície terrestre pode estar aumentando pela adição de água vulcânica. O valor
da água deverá aumentar consideravelmente, pois existem países carentes que
terão que utilizar tecnologias caras ou importar água de países ricos. O Brasil não
deverá ter problema de falta de água se os governantes investirem
adequadamente no gerenciamento, armazenagem, tratamento e distribuição das
águas. Evitar a poluição das águas deve ser considerado a prioridade número um
dos governantes.
ade
Curiosid
Você sabe o que é eclusa? Se não sabe, então acrescente essa palavra ao
seu vocabulário. Segundo Caroline Faria (2012), eclusa é o nome que se dá a
cada uma das comportas de uma barragem que “funcionam como se fossem
elevadores de água que fazem os navios subirem e descerem”.
De acordo com José Paulo Borges (2012), a eclusa da Barragem de Sobradinho, que
é uma atração turística no Rio São Francisco, tem 120 metros de comprimento e 17
metros de largura, e “permite às embarcações vencer o desnível de 32 metros criado
pela barragem construída pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf),
no período de 1973 a 1979”.
24
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Leia o miniconto de Mayrant Gallo (2010, p. 36), a seguir, e compare a ironia da mãe
do menino com a conclusão de Jacobi apresentada no “Zoom na Informação”. Compartilhe
sua conclusão, oralmente, com a turma.
Anedota da água
Mayrant Gallo
Diante da pia, fechando a torneira, o filho disse à mãe que a água do mundo estava
no fim.
E ela, do alto de sua calma de quatro vintenas, faceira, brincou:
– Sei... E é pra quando isso?
Texto 4
Funções da linguagem
A linguagem desempenha seis funções básicas na comunicação. Vejamos cada uma
delas.
1.A função referencial ou denotativa, que é aquela de transmitir informações, típica de
textos jornalísticos, científicos e didáticos.
2. A função emotiva ou expressiva é aquela que expressa emoções, julgamentos e
opiniões. Ela é muito comum em textos dramáticos e poéticos.
3. A função conativa ou apelativa, isto é, a função de influenciar, persuadir, convencer,
levar o receptor do texto a adotar um determinado comportamento. Ela é muito comum em
anúncios publicitários e discursos políticos.
4. A função fática, ou seja, a função de estabelecer contato com o receptor para se
certificar de que ele está entendendo a mensagem ou para prolongar a conversa. Isso é
muito comum em nossas conversas diárias. Muitas vezes, dizemos algo assim: “Você está
me entendendo?”
5. A função metalinguística é a função de falar sobre a própria linguagem, como estamos
fazendo agora, explicando suas funções. Nas aulas de português, quando a professora fala
sobre verbo, sujeito e conjugação, por exemplo, ela está colocando em ação a função
metalinguística.
6. A função poética, ou seja, a função de expressar sentimentos ao receptor da
mensagem, provocando-lhe uma sensação de prazer estético, como acontece com
poemas e canções.
25
Língua
Portuguesa
EM
Conhecimento em ação
ção
EM
Língua
Portuguesa
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
Com base nessas funções, responda a estas perguntas sobre o texto de Jacobi e sobre o
miniconto de Gallo:
1.Que função predomina na conclusão do artigo de Jacobi? Por quê?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2. Que função predomina no miniconto de Gallo? Por quê?
_________________________________________________________________________
Glossário
apud: expressão latina que significa “junto a”
e que, numa referência bibliográfica, é usada
para indicar a origem de uma citação indireta;
habitat: conjunto de elementos físicos e geográficos que oferece condições favoráveis à
vida e ao desenvolvimento de determinadas
espécies animais ou vegetais;
potável: que pode ser bebido;
reciclável: que pode ser reciclado ou reutilizado após uma série de processos de mudança ou tratamento.
De olho no ENEM
Questão 01 (ENEM – 2010)
(A) emotiva, porque o autor expressa seu
A biosfera, que reúne todos os ambientes
onde se desenvolvem os seres vivos, se
divide em unidades menores chamadas
ecossistemas, que podem ser uma floresta,
um deserto e até um lago. Um ecossistema
tem múltiplos mecanismos que regulam o
número de organismos dentro dele,
controlando sua reprodução, crescimento e
migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
sentimento em relação à ecologia;
(B) fática, porque o texto testa o
funcionamento do canal de comunicação;
(C) poética, porque o texto chama a
atenção para os recursos de linguagem;
(D) conativa, porque o texto procura
orientar comportamentos do leitor;
(E) referencial, porque o texto trata de
noções e informações conceituais.
Predomina no texto a função da
linguagem:
26
Questão 02 (ENEM – 2011)
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Dados
preliminares
divulgados
por
pesquisadores da Universidade Federal do
Pará (UFPA) apontaram o Aquífero Alter do
Chão como o maior depósito de água
potável do planeta. Com volume estimado
em 86.000 quilômetros cúbicos de água
doce, a reserva subterrânea está localizada
sob os Estados do Amazonas, Pará e
Amapá. “Essa quantidade de água seria
suficiente para abastecer a população
mundial durante 500 anos”, diz Milton Matta,
geólogo da UFPA. Em termos comparativos,
Alter do Chão tem quase o dobro do volume
de água do Aquífero Guarani (com 45.000
quilômetros cúbicos). Até então, Guarani
era a maior reserva subterrânea do mundo,
distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai.
Essa notícia, publicada em uma revista de
grande circulação, apresenta resultados de
uma pesquisa científica realizada por uma
universidade brasileira. Nessa situação
específica de comunicação, a função
referencial da linguagem predomina, porque
o autor do texto prioriza:
(A) as sua opiniões, baseadas em fatos;
(B) os aspectos objetivos e precisos;
(C) os elementos de persuasão do leitor;
(D) os elementos estéticos na construção do
texto;
(E) os aspectos subjetivos da mencionada
pesquisa.
Época, no 623, 26 abr. 2010
Referências
BORGES, José Paulo. Onde o Chico virou mar. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/
revistas/66/viagem>. Acesso em: 03 mar. 2012.
PORTAL BRASIL. Protocolo de Quioto. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cop17/panorama/oprotocolo-de-quioto>. Acesso em: 17 mar. 2012.
FARIA, Caroline. Eclusa. Disponível em: <http://www.infoescola.com/engenharia/eclusa/>. Acesso
em: 03 mar. 2012.
GALLO, Mayrant. Nem mesmo os passarinhos tristes. Rio de Janeiro: Multifoco, 2010.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2001.
JACOBI, Pedro. A água na Terra está se esgotando? É verdade que no futuro próximo teremos uma
guerra pela água? Disponível em: <http://www.geologo.com.br/aguahisteria.asp>. Acesso em: 20
dez. 2011.
SUPERINTERESSANTE. Viúva-negra não mata o macho: só prende. Disponível em: <http://
super.abril.com.br/mundo-animal/viuva-negra-nao-mata-macho-so-prende-488471.shtml>. Acesso
em: 03 mar. 2012.
WWF-BRASIL. Saiba mais sobre mudanças climáticas. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/
natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas/>. Acesso em: 03 mar. 2012.
27
Língua
Portuguesa
É água que não acaba mais
EM
.
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
28
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Literatura Brasileira
Carla Patrícia Santana e Gildeci de Oliveira Leite
Apresentação
O Pré-modernismo e temáticas da Natureza
Uma das grandes obras do modernismo brasileiro, ou do chamado pré-modernismo, é
intitulada “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. O seu título evidencia o porquê de aparecer
aqui, neste Caderno, cuja temática central é a importância da água e dos elementos da natureza. Logo de início podemos retomar uma afirmação de Alfredo Bosi encontrada em sua obra
História Concisa da Literatura Brasileira (1978): “Os sertões são obra de um escritor
comprometido com a natureza, com o homem e com a sociedade” (p.348). Obra que nos traz
os acontecimentos da guerra de Canudos, no contexto dos primeiros anos da República no
Brasil, ainda de acordo com Bosi, que pode ser melhor compreendida se aproximada do
romance da seca e do cangaço dos anos de 30 (ibidem). O homem do sertão – do sertão
abandonado – e o seu enfrentamento diário aos problemas decorrentes da falta de água, são
descritos a partir de um olhar preocupado com as questões sociais do País:
O vaqueiro [o sertanejo do norte], porém, criou-se em condições opostas [ao do
sertanejo do sul], em uma intermitência, raro perturbada, de horas felizes e horas
cruéis, de abastança e misérias – tendo sobre a cabeça, como ameaça perene, o
Sol, arrastando de envolta no volver das estações, períodos sucessivos de
devastações e desgraças.
Atravessou a mocidade numa intercadência de catástrofes. Fez-se homem, quase
sem ter sido criança. Salteou-o, logo, intercalando-lhe agruras nas horas festivas
da infância, o espantalho das secas no sertão. Cedo encarou a existência pela sua
face tormentosa. E um condenado à vida. Compreendeu-se envolvido em combate
sem tréguas, exigindo-lhe imperiosamente a convergência de todas as energias.
Fez-se forte, esperto, resignado e prático.
Aprestou-se, cedo, para a luta.
(Euclides da Cunha, Os Sertões).
O texto acima descreve o sertanejo, tipo humano singular configurado pela paisagem do
Sertão, bem como a luta pela sobrevivência em ambiente tão árduo. Para fomentar uma
problematização sobre esse lugar intitulado Sertão, recorremos a um trecho da obra de Nelson
Werneck Sodré (História da literatura brasileira, 1988):
Ora, o sertão não se caracteriza pelo pitoresco; os seus traços pitorescos são
apenas a moldura do quadro e, consequentemente, o secundário nele. E o
pitoresco ligado à gente do sertão – cangaço, fanatismo – irmana-se ao pitoresco
da paisagem, a seca, em larga faixa territorial, aliás, economicamente secundária
e demograficamente rarefeita. O sertão, aceitando-o como sinônimo do interior
brasileiro, define-se pelo latifúndio. A seca, quando ocorre, denuncia com
violência, mais do que uma calamidade climática, a calamidade social. (p. 605)
29
ção
EM
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Ainda neste caderno, veremos como o Sertão e o massacre de Canudos foram
representados na música brasileira.
Também discutiremos como os poetas da primeira geração modernista abordaram
elementos da natureza, em especial, como, a partir de Oswald de Andrade, o Pau-Brasil
apareceu em nossa literatura em um momento no
qual se aguçou um olhar mais contestador sobre a
realidade nacional. Algumas referências a essa
árvore, símbolo do Brasil, nas letras de músicas e
na linguagem visual também foram retomadas aqui.
Ao longo dos textos foram disponibilizados
glossários com o objetivo de facilitar a
compreensão dos mesmos.
Fiquem atentos a todas as atividades
elaboradas e apresentadas neste caderno. Os
conteúdos aqui tratados vão contribuir para o seu
aprendizado.
Vamos mergulhar nesses assuntos?
Figura 1. O homem e a seca.
Fonte: Afoba, Mario Sérgio; 2012.
Glossário
agruras: amargura, desgosto, dissabor.
aguçou: avivou, tornou perspicaz, espertou,
estimulou. Animou, excitou.
fomentar: estimular, incitar; promover o
desenvolvimento ou o progresso de.
Desenvolver, excitar.
intercadência:
alternativa,
variação;
intercorrência.
intercalando: que se intercala, ou se
intercalou. Que está ou se coloca entre.
intermitência: descontinuação; interrupção
momentânea. Interrupção numa série.
Intervalo em fenômenos periódicos.
pitoresco: relativo à pintura; pictórico.
Picante, imaginoso, pinturesco, original.
volver: mover para um e para outro lado;
virar, voltar.
Siga antenado
Para leitura, acesse: Os Sertões, Euclides da Cunha.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=2163
Adaptação do livro para quadrinhos: HQ Os Sertões – A luta, Carlos Ferreira e Rodrigo
Rosa, 2010.
Assista: A Guerra de Canudos, 1997. Direção: Sérgio Rezende.
30
Após a leitura dos trechos abaixo, identifique uma das práticas para pedir chuva desenvolvida
pelos sertanejos e descrita no romance Os Sertões. Você deverá fazer anotações em seu
caderno para utilizá-las nas atividades que serão apresentadas pelo seu professor.
Trecho 1:
“Fora longo traçar-lhes a evolução do caráter. Caldeadas
a índole aventureira do colono e a impulsividade do
indígena, tiveram, ulteriormente, o cultivo do próprio meio que lhes propiciou, pelo insulamento, a conservação
dos atributos e hábitos avoengos, ligeiramente modificados apenas consoante às novas exigências da vida. E ali
estão com as suas vestes características, os seus
hábitos antigos, o seu estranho aferro às tradições mais
remotas, o seu sentimento religioso levado até o
fanatismo, e o seu exagerado ponto de honra, e o seu
folclore belíssimo de rimas de três séculos...”
(Os
Sertões, p.45).
Figura 2 : Faianos.
Fonte: Afoba, Mario Sérgio; 2012.
Trecho 2:
“Precautela-se: revista, apreensivo, as malhadas. Percorre os logradouros longos. Procura
entre as chapadas que se esterilizam várzeas mais benignas para onde tange os rebanhos. E
espera, resignado, o dia 13 daquele mês porque, em tal data, usança avoenga lhe faculta
sondar o futuro, interrogando a Providência.
E a experiência tradicional de Santa Luzia. No dia 12 ao anoitecer expõe ao relento, em linha,
seis pedrinhas de sal, que representam, em ordem sucessiva da esquerda para a direita, os
seis meses vindouros, de janeiro a junho. Ao alvorecer de 13 observa-as: se estão intactas,
pressagiam a seca; se a primeira apenas se deliu, transmudada em aljôfar límpido, é certa a
chuva em janeiro; se a segunda, em fevereiro; se a maioria ou todas, é inevitável o inverno
benfazejo.
Esta experiência é belíssima. Em que pese ao estigma supersticioso, tem base positiva, e é
aceitável desde que se considera que dela se colhe a maior ou menor dosagem de vapor
d'água nos ares, e, dedutivamente, maiores ou menores probabilidades de depressões
barométricas, capazes de atrair o afluxo das chuvas.
Entretanto, embora tradicional, esta prova deixa ainda vacilante o sertanejo. Nem sempre
desanima, ante os seus piores vaticínios. Aguarda, paciente, o equinócio da primavera, para
definitiva consulta aos elementos. Atravessa três longos meses de expectativa ansiosa e no
dia de S. José, 19 de março, procura novo augúrio, o último.
Aquele dia é para ele o índice dos meses subsequentes. Retrata-lhe, abreviadas em doze
horas, todas as alternativas climáticas vindouras. Se durante ele chove, será chuvoso o
inverno: se, ao contrário, o Sol atravessa abrasadoramente o firmamento claro, estão por
terra todas as suas esperanças.
A seca é inevitável.” (Os Sertões, p.59)
31
ção
EM
Conhecimento em ação
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
ção
EM
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Texto 1
Costumes Avoengos
Literatura
Brasileira
Por Gildeci Leite
Em Serra Preta, conseguimos a confirmação da atualidade dessas e outras práticas
descritas por Euclides da Cunha, com algumas variações. A busca da previsão do tempo
é feita no dia 31 de dezembro com doze montes de sal e o dia 19 de março, além de
servir como previsão meteorológica, é indicado para plantar, principalmente o milho,
garantindo assim, uma boa colheita em junho. Em outras localidades, a exemplo da Ilha
de Itaparica e em Salvador, recomenda-se que o plantador não seja “banguelo”, que
possua todos os dentes, evitando a germinação de espigas de milho falhadas. Correlato
aos poderes de São Campeiro na busca de objetos desaparecidos, mesmo na capital
baiana, apela-se para São Longuinho com os seguintes versos: “São Longuinho, São
Longuinho, se eu achar (diz o que se pretende achar) dou três pulinhos.” A promessa
deve ser imediatamente paga para evitar novas perdas como castigo.
Tal qual o depoimento centenário de Euclides, o final do dia é indicado com o sinal
da cruz e a oração Ave Maria, há algumas décadas, já com a ajuda radiofônica. Também,
em Salvador, alguns lares ainda conservam a imposição do silêncio e a concentração ao
ouvirem a oração da Mãe de Cristo pelo rádio. Fora do campo bélico, merecem destaque
as orações destinadas a atrair chuvas, culminando com a troca dos santos de suas
capelas originais até chover. Novamente Serra Preta é chamada para analogia e
comprova o depoimento euclidiano. Após o dia de São José - 19 de março - esperam-se
as chuvas por algumas semanas. Caso a seca continue, são acionadas N.S.ª do
Perpétuo Socorro, N.S.ª do Bom Conselho e, também os santos São José e São
Benedito. De acordo com os depoimentos, “os santos são trocados de lugar e as imagens
permanecem em vigília, de castigo, até os primeiros pingos de chuva.”
Glossário
aferro: ato de aferrar. Obstinação, teimosia.
Apego,
inclinação;
afeição,
afeto,
dedicação.
afluxo: ato de afluir, afluência. Correr.
aljôfar: orvalho da manhã.
analogia: semelhança de propriedades.
Semelhança em algumas particularidades,
de funções etc., sem que haja igualdade
atual ou completa.
augúrio: prognóstico feito pelos áugures,
pela interpretação do voo e canto das aves,
inspeção das entranhas dos animais
sacrificados ou de qualquer sinal natural.
Adivinhação, agouro, predição do futuro,
presságio, prognóstico, vaticínio.
avoengos: que procedem ou são herdados
dos avós. Muito antigo.
barométricas: concernente ao barômetro.
Que se afere por meio do barômetro
(instrumento para determinar a pressão
atmosférica, altitudes e indicar de antemão
as variações prováveis do tempo).
bélico: concernente à guerra. Próprio da
guerra.
32
penúria: privação do necessário. Miséria
extrema; pobreza.
prédicas:
ação
de
pregar;
práticas,
pregações, sermões.
radiofônica: pertencente ou relativa à
radiofonia. Que diz respeito à atividade
artística, educativa e informativa através da
radiodifusão.
tirante: que tira ou puxa. Excetuado.
ulteriormente: situado além, mais longe; que
vem depois, no espaço e no tempo; seguinte,
posterior.
usança: uso, costume velho; costumeira.
Hábito antigo e tradicional.
vaticínios: predição, profecia, prognóstico.
ade
sid
Curio
Até agora, você já descobriu
duas práticas de fé para pedir chuva.
Rainha dos anjos
E do céu resplendor (bis)
Vejamos um exemplo localizado na
região da Chapada Diamantina. Conta-se
que se costumava ir ao Cruzeiro (um morro
onde há uma cruz, aonde a população se
dirige para fazer penitência), levando jarros
de água com flores, uma oferenda,
rezando e pedindo chuva. Vejamos uma
das preces para pedir chuva:
Viva São Francisco
Com muita grandeza
Retrato de Cristo
Ele é pai da pobreza (bis)
Prece para pedir chuva
(recolhida por D. Diva Araújo, professora
da Várzea do Caldas, Seabra)
Senhora Santana
De nós tem piedade
Mandai-nos a chuva
Por vossa bondade (bis)
Senhor São Francisco
De bom coração
Livrai-nos da fome
Tem de nos compaixão (bis)
(todos andando rumo ao Cruzeiro, com
garrafas de água e ramos verdes na
cabeça, para despejar ao seu pé).
Senhor Santana
Livrai-nos da fome
Da peste e da guerra
E nos dê chuva na terra (bis)
Senhora Santana
De grande valor
33
ção
EM
caldeadas: levadas ao rubro por meio do
fogo. Ligadas pelo aquecimento até quase ao
ponto de fusão.
culminando: atingindo seu ponto culminante,
mais elevado.
deliu: desfez ou dissolveu; destruiu; apagou;
desvaneceu.
erigido: construído, levantado; criado,
fundado, instituído. Erguido.
estigma: marca indelével. Cicatriz de uma
ferida ou chaga.
insulamento: ato ou efeito de insular.
Segregação de grupos, em consequência de
fatores socioculturais como preconceitos de
raça, de cor, de classe, de nacionalidade etc.
malhadas: lugar onde o gado costuma
dormir, em lotes. Lugar onde comumente
reúne-se o gado, para ser trabalhado.
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
ção
EM
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
E na sua região? Há ou existiu alguma prática de fé para pedir chuva? Quais as
rezas utilizadas nesses momentos? Pergunte aos seus avós, tios ou vizinhos sobre o
assunto. Se não conseguir obter informações a partir
dessas fontes, pesquise na Internet e certamente descobrirá mais. Elaborem uma proposta de um cartaz informativo sobre o assunto, a ser apresentado em sala de
aula. No dia em que o cartaz estiver pronto, realizem
uma roda de bate-papo, na qual cada um contará uma
prática de fé e informará o lugar onde ela era ou ainda é
realizada.
ade
osid
Curi
Há no sertão brasileiro uma figura
muito conhecida e de uma função
social tão importante que já foi tema
de peças de teatro, desenhos e livros. São os
chamados Profetas
da chuva.
Figura 3. O olhar sobre a seca.
Fonte: Afoba, Mario Sérgio.
Conhecimento em ação
Agora que você já ouviu falar em Profeta da chuva, amplie seus conhecimentos
fazendo uma pesquisa na Internet sobre essa figura do sertão brasileiro (há livros, peças e
vídeos sobre o assunto). Em sala de aula, confronte sua pesquisa com seus colegas:
reunidos em grupos, cada um apresenta o que fez. Cada grupo deverá elaborar uma
síntese a ser exposta em cartaz no mural da escola. Poderão usar desenhos, fotografias,
trechos de depoimentos, das rezas e resumos escritos.
dade
Curiosi
Chuva artificial
Além das práticas de fé para pedir chuva, é possível também, atualmente, recorrer às novas técnicas que utilizam recursos tecnológicos para
fazer chuva artificial. A Física, a Química e a Biologia têm discutido o assunto
e desenvolvido técnicas para solucionar o problema da seca no Nordeste.
Você pode pesquisar sobre o assunto na Internet.
34
Assista: Canudos e Contestado:
guerra de
Deus e do Diabo. (Brasil 500 anos: o BrasilRepública na TV) – animação/Grupo Mão
Molenga – teatro de bonecos.
Autoria: Ministério da Educação/Fundação
Joaquim Nabuco/Ministério da Cultura. Apoio: TV
Cultura.
Você assistiu ao filme Os Narradores de Javé? Ali
são discutidas as consequências de uma
inundação, como exemplo da inundação do
Arraial de Canudos (assunto que você pode
pesquisar), e a importância dos conhecimentos
passados pela oralidade, como as práticas de fé
para pedir chuva.
Figura 4. A Guerra de Canudos.
Fonte: Afoba, Mario Sérgio.
Alguns compositores abordaram a Guerra de
Canudos e as particularidades do Sertão em
seus trabalhos. Um exemplo é a música
Salve Canudos, de Fábio Paes e Pe. Enoque Oliveira. Você pode pesquisar e descobrir a letra dessa composição.
Texto 2
Oswald de Andrade: a poesia Pau Brasil e a relação com a natureza
Você já deve ter lido o manifesto da poesia Pau-Brasil no seu livro didático ou em outras
fontes, por isso, não o reproduziremos aqui. Retomamos uma afirmação de um estudioso da
literatura: “postula o espírito Pau-Brasil, isto é, a valorização do nosso substrato
indígena” (MASSAUD MOISES, p.405), a fim de destacar como o tema da nacionalidade
continua a ser discutido pela literatura. No entanto, como já deve ser do seu conhecimento, em
outra perspectiva: o de um olhar crítico sobre realidade nacional. Apresentamos algumas
referências que
abordam o Pau-Brasil como árvore símbolo do Brasil, inserindo-o na música
brasileira e em poesias contemporâneas.
Glossário
substrato: camada linguística que se dissolve
na língua de um povo conquistador ou
colonizador, deixando-lhe, porém, traços do
primitivo modo de falar. São substratos, por
exemplo, as línguas (gaulês, ibero etc.) que se
falavam no Império Romano antes da vitória do
latim.
35
ção
EM
Siga antenado
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
ção
EM
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Literatura
Brasileira
Zoom na informação
Nessa discussão sobre a natureza, nos chama a atenção o próprio nome do emblemático
manifesto modernista, Pau-Brasil. Oswald de Andrade escolhe o nome da árvore, que
também serviu para designar o País no primeiro momento. O nome científico atribuído ao
Pau-Brasil, pelos biólogos, foi Caesalpinia echinata Lam. É também conhecido por
Ibirapitanga e Muirapitanga. Segue uma dica: O dia 3 de maio é o dia do Pau-Brasil Árvore símbolo do Brasil.
Conhecimento em ação
Para mobilizar a comunidade da escola e/ou de seu bairro, escreva, em conjunto com seus
colegas, um folheto sobre a importância da preservação das árvores para a sobrevivência
do planeta. Solicite ajuda do(a) docente de Língua Portuguesa e Biologia para produzir o
folheto.
de
sida
Curio
Você sabia que a madeira do
Pau-Brasil é utilizada para
confeccionar instrumentos musicais?
Muitos textos e vídeos abordam esse
assunto – o Pau-Brasil como a árvore
da música. Pesquise na Internet e
encontrará mais informações.
Figura 5. O tatu e o Pau-Brasil.
Fonte: Afoba, Mario Sérgio.
Conhecimento em ação
Alguns compositores inseriram referências do Pau-Brasil em suas letras. Você conhece
alguma delas? Aqui vai uma dica: A música PAU-BRASIL, de Francis Hime e Geraldino
Carneiro, no disco: Pau-Brasil, 1982.
Componha uma letra de música, ou faça uma paródia, que conjugue os elementos
expostos neste módulo: a importância da preservação da natureza, a árvore do
Pau-Brasil e sua relação com a música, a importância da água para a nossa
sobrevivência, entre outros elementos. A socialização acontecerá na atividade proposta a
seguir.
36
Você chegou ao final deste caderno com muitas informações, além de ter desenvolvido
algumas atividades: paródia, ter feito uma pesquisa sobre O Profeta da Chuva, descoberto
práticas de fé para pedir chuvas, cartazes, ter lido trechos do livro Os Sertões, letras de
músicas sobre A Guerra de Canudos. Agora, que tal promovermos um dia de mobilização
artística semelhante ao que foi A Semana de Arte Moderna de 1922 e expormos um pouco
de tudo o que você aprendeu e fez até agora? Lembrando que o evento contou com
apresentação de conferências, leitura de poemas, dança, pintura e música.
Passo-a-passo:
1. Dividir a turma em equipes:
A) equipe responsável para fazer um resumo do que foi a Semana de 22 e escrever qual a
proposta do trabalho, a serem lidos na abertura da apresentação;
B) equipe para selecionar as músicas a serem tocadas no dia: músicas sobre a guerra de
Canudos (Salve Canudos, de Fabio Paes e Pe. Enoque Oliveira), sobre água, o Pau-Brasil e
outras que dialoguem com o tema da unidade;
C) equipe do recital poético (3 poesias);
D) equipe de decoração: cartaz elaborado para a pesquisa sobre O Profeta da Chuva; um
cartaz sobre o Pau-Brasil;
E) equipe de contação de práticas para pedir chuva: deve-se escolher uma das prática apresentadas neste módulo para ser narrada e representada/encenada.
2. Definir qual o prazo para a organização e melhor dia para a apresentação. Deve-se levar
em conta que todo o conhecimento já foi adquirido ao longo da unidade e o trabalho é uma
sistematização do aprendizado.
3. Deve-se preparar um cartaz a ser preenchido durante o evento, com a seguinte questão:
Como foi o meu envolvimento e o que aprendi com essa atividade? Cada aluno deverá
escrever seu depoimento (a equipe de decoração/cartazes se responsabilizará por preparar
esse cartaz e disponibilizar pilotos de cores diferentes para os/as colegas).
De olho no ENEM
Textos para as questões 01 e 02
Texto I
É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em
embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc.
Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras
substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras
duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não
alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é
aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando
comparado ao total produzido, ainda é irrelevante.
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).
37
ção
EM
Conhecimento em ação
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
ção
EM
Literatura
Brasileira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Texto II
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros,
causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas
e golfinhos, mortos por sufocamento. Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os
consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.
Questão 01
Na comparação dos textos, observa-se que:
A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da reciclagem de materiais plásticos; o texto II
justifica o uso desse material reciclado.
B) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a versatilidade e as vantagens do uso do
plástico na contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os consumidores sobre os problemas
ambientais decorrentes de embalagens plásticas não recicladas.
C) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do uso do plástico; o texto II busca
convencer o leitor a evitar o uso de embalagens plásticas.
D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de embalagens plásticas, mostrando por que
elas devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento de consumidores comuns, que
buscam praticidade e conforto.
E) o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilidade de contaminação de produtos
orgânicos e industrializados decorrente do uso de plástico em suas embalagens; o texto II
apresenta vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves, descartáveis e gratuitas.
Questão 02
Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas, predominantemente, estratégias
argumentativas que:
A) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
B) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de animais.
C) orientam o leitor a respeito dos modos de usar conscientemente as sacolas plásticas.
D) intimidam o leitor com as nocivas consequências do uso indiscriminado de sacolas plásticas.
E) recorrem à informação, por meio de constatações, para convencer o leitor a evitar o uso de
sacolas plásticas.
Referências
ABDALA Junior, Benjamin; CAMPEDELLI, Samira Youssef. Tempos da Literatura Brasileira. 5.
ed. São Paulo: Ática.1997.
AGUIAR, Flávio (Org.). Com palmos medida – terra, trabalho e conflito na literatura brasileira.
São Paulo: Boitempo editorial/ Editora Fundação Perseu Abramo, 1999.
A HISTÓRIA DO USO DA ÁGUA NO BRASIL – do descobrimento ao século XX. 2007. ANA –
Agência Nacional de Águas.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1978.
DICIONÁRIO Michaelis. Disponível em:<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/ index.php>.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1988.
38
Os Sertões, Euclides da Cunha: Disponível em:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2163
Canudos e Contestado: guerra de Deus e do Diabo. (Brasil 500 anos: o Brasil-República na TV) –
EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
quim
Nabuco/Ministério
da
Cultura.
Apoio:
TV
Cultura.
Disponível
em:
http://
www.dominiopublico.gov.br/download/video/me000841.mp4. Acesso: 10 de nov. 2011.
Todas as imagens utilizadas aqui foram produzidas por Mario Sérgio Afoba especialmente para o
caderno de Literatura Brasileira.
39
Literatura
Brasileira
animação/Grupo Mão Molenga – teatro de bonecos. Autoria: Ministério da Educação/Fundação Joa-
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
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Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
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42
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
História
Rodrigo Lopes; Cristiane Batista e Virgínia Queiroz
Apresentação
No
Caderno do 3º ano, analisaremos informações a respeito de como o
desenvolvimento da sociedade industrial na Inglaterra, provocou mudanças no meio social
e ambiental, traçando paralelos com permanências dessas situações nos dias atuais,
através da poluição das águas dos rios. Mergulharemos na História do Brasil, no período
anterior e posterior à abolição da escravatura, através das mulheres aguadeiras, e de
outras atividades econômicas ligadas ao uso da água na sociedade da época. Ainda
percorreremos as práticas de saúde e higiene públicas nos espaços urbanos brasileiros e o
contexto das epidemias provocadas pela sujeira e poluição das fontes de água na Europa
no período da Primeira Guerra Mundial.
Texto 1
A sociedade industrial e os impactos ambientais nos séculos XIX e XX
Você já ouviu falar sobre a grande Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra a partir
da segunda metade do século XVIII, que promoveu importantes transformações
econômicas, políticas e sociais na Europa e no mundo?
Não foi por acaso que essa revolução aconteceu primeiramente na Inglaterra. A
monarquia inglesa organizou as condições para sua industrialização, através de algumas
decisões administrativas ao longo do século XVIII. Entre elas, podemos citar a política
agrária conhecida como “Lei dos cercamentos de terras”, que foi a apropriação de terras
camponesas pelo governo, para transformá-las em áreas de produção de gêneros que
interessavam à indústria nascente, como por exemplo, pastagens para a criação de
ovelhas e produção de lã, que seria usada pela indústria têxtil. Os cercamentos acabaram
expulsando os camponeses do campo, forçando-os a migrarem para as cidades, pois não
tinham mais como viver na zona rural.
Ao chegarem às cidades, tornaram-se presas fáceis dos exploradores capitalistas,
cujas fábricas ofereciam as únicas oportunidades de trabalho a serem alcançadas. A não
ser isso havia a hipótese da mendicância e da “vadiagem” punidas severamente pelo
Estado. A grande quantidade de mão de obra disponível durante o nascimento da
industrialização favoreceu o achatamento dos salários, o surgimento de jornadas de
trabalho absurdas, que chegaram a 16 horas diárias, promovendo um estado de miséria
inimaginável das classes trabalhadoras.
43
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
História
EM
ção
As condições de vida desses sujeitos eram as mais precárias possíveis. Os operários
e suas famílias moravam em cubículos extremamente insalubres, frios e sem qualquer
conforto. Essa realidade acabou por produzir outras situações extremas, como a falta de
cuidados com a higiene e asseio pessoal, trazendo, em consequência, muitas doenças.
Essas condições foram muito bem descritas por Edward Palmer Thompson,
historiador inglês, em sua abordagem sobre as moradias da classe operária inglesa.
Vejamos a seguir um trecho do autor:
Nas vilas, a água de um poço próximo ao cemitério podia ser impura, mas, pelo
menos, seus habitantes não tinham de se levantar à noite para entrar numa fila
diante da única bica que servia a várias ruas, nem tinham de pagar por ela. Os
habitantes das cidades industriais tinham frequentemente de suportar o mau
cheiro do lixo industrial e dos esgotos a céu aberto, enquanto seus filhos
brincavam entre detritos e montes de esterco (THOMPSON, 1987, p.185).
Em poucos anos de industrialização, viver nas grandes cidades inglesas, como
Londres, tornava-se cada vez mais difícil para a classe trabalhadora emergente. As
fábricas e os bairros operários iam surgindo nas proximidades dos rios, contaminando suas
águas através dos esgotos. Tal situação favoreceu o surgimento de várias doenças que
assolaram as famílias dos trabalhadores, que consumiam diariamente a água daqueles
rios. Alegando a precariedade da vida dos operários e a falsa intenção de melhorar a
qualidade de vida desses trabalhadores, os proprietários das fábricas criaram vilas
operárias, cujo verdadeiro objetivo era aperfeiçoar o sistema de vigilância sobre eles, de
modo a não permitir festas, embriaguez, ausência no trabalho e, principalmente,
organização sindical e greves.
Além disso, as indústrias implantadas na Grã-Bretanha usavam o carvão mineral
como combustível para o funcionamento de suas máquinas a vapor. A extração desse
minério, nas minas espalhadas por todo o território inglês consumiu milhares de vidas
humanas, pois a forma precária como eram feitas as escavações e os túneis sem escoras,
facilitavam a ocorrência de acidentes em grande quantidade. Além disso, provocava ainda
o desmatamento das florestas que sustenta os rios e o desgaste dos solos.
Ademais, a falta de circulação e renovação de oxigênio, a inalação do pó produzido
pela quebra das rochas provocava, em curto prazo, doenças respiratórias que até os dias
de hoje matam milhares de trabalhadores mineiros, a exemplo da silicose.
Sem dúvida, a Revolução Industrial proporcionou a conquista de um grande poderio
econômico para a Inglaterra e, posteriormente, para outros países do mundo. Entretanto,
esse poder teve seu preço, tanto do ponto de vista das relações humanas entre
trabalhadores e proprietários das fábricas quanto em relação às questões ambientais, com
a poluição das fontes de água pelos dejetos fabris e humanos, diante do crescimento
rápido das cidades industriais. Podemos dizer que, ao lado dos benefícios, a Revolução
Industrial trouxe sérios problemas ambientais dos quais somos herdeiros até hoje.
44
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
A exploração do trabalho infantil, assim como as questões ambientais, são problemas
enfrentados pelas sociedades em vários países do mundo. Em sua sala de aula ou
comunidade/município, existe alguma criança que trabalha ou algum adulto que tenha
deixado de estudar pela necessidade de trabalhar quando criança? Existem rios,
nascentes, lagoas, poluídas pelo uso de produtos químicos ou pelo desmatamento? Vamos
fazer a seguinte atividade:
Façam uma listagem de todos os rios, ou lotes de terra de sua região que estejam
deteriorados devido à má utilização dos recursos e da poluição;
Ao final dessa etapa, todos os alunos da classe devem socializar suas listas (algumas
irão se repetir), e pedir ao professor para anotar as informações no quadro;
Anotem todos os dados que foram recolhidos pelo professor em seus cadernos;
Com a ajuda do monitor de informática, elaborem um gráfico dividido em: FONTES DE
ÁGUA POLUÍDAS e TERRAS POBRES DEVIDO AOS MAUS-TRATOS CULTURAIS;
Peçam ao professor de História ou de Geografia para discutir o assunto durante a aula.
45
EM
História
A deterioração do meio ambiente, iniciada com a grande Revolução Industrial, pode ser
percebida ainda hoje, em relação às indústrias, ao crescimento urbano e ao meio ambiente,
em diversos países do mundo. Em pleno século XXI, podemos observar seus efeitos aqui
mesmo no Brasil. Podemos citar o Rio Tietê, em São Paulo, como um dos muitos exemplos de
poluição gerada por esgotos urbanos e industriais em nosso país, que resulta na destruição
daquele ecossistema, além de torná-lo impróprio para qualquer tipo de uso pelo ser humano.
Infelizmente, a morte dos rios e cursos d´água pode ser vista em outras regiões
brasileiras, como em Minas Gerais e também na Bahia, onde os Rios São Francisco e
Paraguaçu têm sofrido com os efeitos do assoreamento e poluição das águas por agrotóxicos
utilizados na agricultura de grande escala, causando grandes danos às populações ribeirinhas
que dependem desses rios para sobreviver.
Por conta disso, diversos países iniciaram debates sobre os temas ambientais, a
exemplo da Conferência de Estocolmo promovida pela Organização das Nações Unidas
(ONU), na Suécia, em 1972, primeiro grande debate mundial sobre essa temática. Em
consequência, o dia 5 de junho, dia em que se iniciaram os trabalhos da conferência, foi
oficializado como o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Depois da 1ª Conferência Internacional
para o Meio Ambiente Humano, outros encontros mundiais ocorreram gerando documentos
como o Protocolo de Kyoto, que tem como objetivo firmar acordos e discussões internacionais
para a redução da emissão de gases poluentes que provocam o efeito estufa, causador do
aquecimento global.
çã o
Reflexão para ação
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
História
EM
ção
Glossário
assoreamento: obstrução por detritos, areia
ou sedimentos nos leitos dos rios, lagoas ou
canais de água, causada por desmatamento,
enchentes ou construções.
cercamentos: prática inglesa de colocar
cercas em terras antes destinadas à
agricultura, isolando-as e destinando-as para
a criação de ovelhas que forneceriam lã às
indústrias de tecidos.
dejetos: restos orgânicos de proveniência
humana ou industrial. Lixo.
detritos: resíduos de substâncias diversas,
podendo ser compreendido como lixo, se for
um subproduto da atividade humana sem
aproveitamento. Considerando o ponto
de vista da Geografia pode denominar um
pedaço de rocha desprendido e da Biologia,
pode ser o resultado de material orgânico em
processo de decomposição.
insalubres:
ausência
de
condições
sanitárias, como limpeza e ventilação.
pauperização: empobrecimento.
silicose: doença que se desenvolve em
consequência da aspiração por longo tempo
de pó de sílica, elemento que constitui a areia
e está presente nas rochas em escavações.
Siga antenado
Tempos modernos. (EUA, 1936)
Direção: Charles Chaplin.
Sinopse: O filme é uma crítica à alienação do trabalho nas fábricas, onde o operário é
quem deve lidar com as máquinas e a intensa cobrança dos empresários capitalistas.
História contemporânea através de textos. Coleção, Textos e Documentos.
Autores: Adhemar Martins Marques; Ricardo de Moura Faria, et al. Ed. Contexto,
1996.
Texto 2
Água e trabalho no período monárquico e no pós-abolição
Durante o período monárquico na História do Brasil, quando vigorava ainda a
utilização do trabalho escravo, e mesmo no período republicano, já abolida a escravatura,
os escravos, ex-escravos e seus descendentes continuaram em sua grande maioria a levar
uma vida difícil, marcada por lutas e estratégias de sobrevivência, embora sob outras
formas e em outros espaços. Um dos trabalhos mais comuns nos meios urbanos foi a
ocupação como aguadeiros, lavadeiras e outros serviços ligados aos cuidados com a
higiene.
No período monárquico, os escravos iam às fontes e chafarizes, ainda na
madrugada, buscar água limpa e entregá-las nas casas dos seus senhores ou de outras
pessoas que, em troca, lhes pagavam uma miséria por isso. Ao longo do dia, as mulheres
dedicavam-se à lavagem das roupas dessas casas. Ao entardecer, novamente os homens,
os chamados “tigres”, recolhiam os dejetos das casas e despejavam nas praias ou nos rios
das cidades.
46
Os “aguadeiros” e os “botadores de água” costumavam comprar água nos
chafarizes espalhados pela cidade a partir do ano de 1850 pela Companhia do
Queimado, a primeira distribuidora de água de Salvador, que abastecia a
população de água potável através de chafarizes, casas de venda d’água e pena
d’água (a pena d’água era uma peça móvel que controlava a quantidade de água
liberada pelos chafarizes). Enchiam dois ou quatro barris de madeira, de até 80
litros, prendiam-os ao lombo de um burro e saíam a vender.[...] Saíam todos pelas
ruas da Cidade, oferecendo o precioso líquido nas casas de família e
especialmente no comércio e nos mercados, onde a carência [de água] era total.
(SAMPAIO, 2005, p. 108).
Figura 1. Aguadeiros em fila para encher seus barris no chafariz do Largo Dois de Julho
Fonte: SAMPAIO, Consuelo Novais. 2005.
47
EM
História
Imagine só o mau cheiro! Era tanto, que alguns padres franciscanos procuraram o
poder público local para reclamar dos péssimos odores provenientes daqueles locais de
despejo, forçando aos administradores de algumas cidades, planejarem as primeiras obras
de saneamento urbano. Um exemplo disso é o Aqueduto do Carioca, no Rio de Janeiro,
construído em 1723, e a canalização e cobertura de alguns rios em Salvador, a partir do
ano de 1860.
Os ex-escravos, no final do século XIX e início do século XX, encontraram na água
um dos principais meios de ganhar a vida, de levar comida para casa ao final do dia.
Naquele contexto, a água dos rios era mais limpa e era comum encontrar fontes e
chafarizes como a Fonte Nova em Salvador ou a Fonte Grande de Morro de São Paulo;
nesta última, até o imperador D. Pedro II e a população em geral tomaram banho e era
especialmente frequentada por escravos.
É bom salientar que, no período monárquico, os chamados “escravos e escravas de
ganho” também vendiam água em barril, conhecidos por “aguadeiros”, e abasteciam as
casas de muitos soteropolitanos, porque água encanada ainda estava apenas nos projetos
de saneamento naquela época.
A historiadora Consuelo Novais Sampaio nos traz informações preciosas sobre a
capital baiana e o trabalho em chafarizes e casas de vender água, como podemos
perceber na Figura 1. A autora nos informa que até a década de 1930 “não havia água
encanada. Os banhos eram tomados de cuia ou de bacia. A água potável era vendida de
porta em porta, por aguadeiros, no lombo de burros e jumentos”.
A seguir, uma interessante narrativa sobre esse assunto:
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Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
No período republicano, a partir de 1889, com a intensificação das obras de
esgotamento e saneamento urbano, o serviço ligado à higiene doméstica mais utilizado,
continuou sendo o das lavadeiras, uma atividade essencialmente feminina, herança dos
tempos da Colônia e Império. Veja no trecho a seguir:
História
EM
ção
Era assim antes das máquinas de lavar, quando toda família tinha sua lavadeira.
Na segunda-feira, alguém esvaziava a cesta de roupa suja, despejando-a no chão,
inspecionando meticulosamente, peça por peça, depois de especular o interior dos
bolsos e catar agulhas e alfinetes esquecidos nas golas dos vestidos. Ia formando
pequenos montes de lençóis, toalhas, cobertas, fronhas, guardanapos, toalhas de
banho e assim por diante (...) (VIANA, Hildegardes; 1979)
Você consegue reconhecer a situação descrita? Em vários locais da Bahia e de
outros estados brasileiros, como no Ceará e em Minas Gerais, por exemplo, ainda
podemos encontrar cenas como essa, ocorrendo também a relação entre a sociedade local
e as mulheres lavadeiras, em sua grande maioria, negras ou afrodescendentes.
As mulheres lavavam as roupas nas fontes, chafarizes, cisternas e transitavam pelas
ruas com grandes trouxas que eram entregues passadas ou, melhor dizendo, “engomadas”
e alvejadas nas pedras das margens dos rios e das fontes públicas. Essa atividade era
acompanhada pelos cantos de trabalho, músicas e ladainhas cantadas por elas quando
exerciam seu ofício. Trechos de canções bem conhecidas, como "Mandei caiá meu
sobrado, caiei, caiei...". Geralmente, os cantos falavam sobre as dificuldades cotidianas ou
sobre sonhos a serem alcançados. Nesse trecho, por exemplo, percebemos o sonho de
possuir uma casa caiada, ou seja, pintada. Elas cantavam assim:
Mandei caiá meu sobrado... mandei, mandei, mandei
- Mandei caiá meu sobrado... caiá de amarelo
Mas cadê meu lenço branco... ô lavadeira
Que eu lhe dei para lavar... ô lavadeira
Madrugada madrugou ... ô lavadeira
E o sereno serenou ... ô lavadeira
Não tenho culpa do que se passou
Deu uma chuva muito forte
E o lenço carregou (FARIAS, Carlos)
No caso das famílias cuja liderança era de viúvas ou de mulheres que não tinham
uma boa condição financeira, elas tinham vergonha do trabalho, por isso iam carregar água
durante a noite.
Analisando a Bahia, no início do período republicano, a memorialista Hildegardes
Viana descreveu um cenário na capital baiana que, em muitos aspectos, pode ser
comparado ao de algumas comunidades no interior do Estado.
Era fácil identificar uma lavadeira. A visão de uma mulher descalça com uma
trouxa de roupa à cabeça, nos dias de segunda-feira, era trivial. Andava pelas
ruas, saias meio arregaçadas, seguidas a curta distância por um filho ou filha de
pouca idade, carregando galhos secos miúdos ou pontas de madeiras de
desmancho, reunidos num feixe. Esta era a mulher que levava roupa para a fonte,
tipo que está gradativamente desaparecendo. Era a lavadeira, profissional de um
dos mais duros e penosos trabalhos que se possa imaginar.(VIANA, Hildegardes;
1979)
48
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
“Perseguidas pela chuva e pelos unheiros, vivendo uma vida de trabalheira e mau-passadio,
mesmo assim elas aturavam e ficavam velhas. Asmáticas, reumáticas, cardíacas, mas
sempre dispostas a lavar uma roupinha leve. As lavadeiras cumpriam seu fardo sem grandes
apaixonamentos. Nada de queixas, nada de lamúrias. Que é que elas iriam fazer? Se se
nascia lavadeira, lavadeira se tinha de morrer.” ( VIANA, Hildegardes; 1979)
Será que hoje em dia essa realidade ainda é assim? E quanto aos rios de sua
localidade, lá ainda se encontram mulheres que lavam roupas? Pessoas que dependem do rio
para viver? Como a sua comunidade trata o rio local? Isso quem vai responder é você! Como?
Leia o roteiro a seguir.
Glossário
aqueduto: canal subterrâneo ou fora do
solo, para conduzir água de um lugar para
outro.
insalubre: que não é salubre; doentio,
prejudicial à saúde.
Conhecimento em ação
Elabore junto ao seu professor de Língua Portuguesa uma série de questões que
possam ser utilizadas em entrevistas com lavadeiras de roupa de sua cidade.
Procure inserir na entrevista questões sobre a história de vida e de família dessas
pessoas, seu nível de escolaridade, as dificuldades de sua profissão.
Procure na cidade as mulheres que lavam ou já lavaram roupa de ganho, ouça suas
histórias, pergunte quais canções entoavam, como era/é seu cotidiano. De posse dessas
informações, elabore um mural intitulado Valorizando as mulheres da nossa cidade (pode
ser localidade/distrito/fazenda etc.) com essas informações, homenageando-as. Exponha o
mural em sua sala de aula ou no pátio da escola, socializando os resultados de sua
pesquisa com a comunidade escolar!
49
EM
Essa história continua. As mulheres afrodescendentes espalhadas pela capital e interior
baiano sofriam inclusive por questões de saúde devido às condições insalubres de seu
trabalho. Veja:
História
Reflexão para ação
çã o
Mesmo nos séculos XX e XXI essa atividade permaneceria em comunidades e
distritos do interior da Bahia e de outros estados do Brasil que não possuíam água
encanada. Estudando uma comunidade do sul da Bahia, chamada Camamuzinho,
encontramos a história de vida de Dona Maria do Cheiro. Na memória da comunidade, ela
aparece como a mais famosa lavadeira de Camamuzinho. Também pegou água de ganho,
vestiu a elite cacaueira com as roupas alvas e engomadas no lajedão (pedras encontradas
às margens do Rio de Contas), em um tempo que não havia água, nem luz. Afinal, para
sustentar os 19 filhos, “entre os vivos e mortos” no dizer local, com a ausência do marido
que a abandonou, seria mesmo necessária muita força. O nome dessa mulher é Maria do
Cheiro, mas quantas Marias com uma história parecida você conhece?
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Zoom na informação
Johann Moritz Rugendas foi um pintor alemão que viajou por todo o Brasil
durante o período de 1822 a 1825, pintando os povos e costumes.
CD-Livro “BATUKIM BRASILEIRO - O Canto das lavadeiras”. Coral das
Lavadeiras e Carlos Farias . Produção: Carlos Farias. País de origem: Brasil.
Gênero: MPB. Ano de produção: 2002. Distribuição: Epovale Discos.
EM
ção
Siga antenado
História
Texto 3
Questões de saúde pública e higiene urbana no Brasil durante a Primeira
República
Leia o texto a seguir:
“Pisar com o pé esquerdo dá saúde, com o pé direito dá dinheiro.” Assim me disse
meu cunhado, que é francês, numa de suas primeiras vindas ao Brasil, quando
escapou por pouco de pisar em uma titica de cachorro [...] O povo brasileiro, de um
modo geral, parece ser o mais preocupado com a própria higiene pessoal e um dos
menos preocupados com a limpeza do ambiente. Quantas vezes, em dez minutos
de caminhada, não se vê pessoas bem nascidas e diplomadas jogando bitucas de
cigarro no chão ou lixo das janelas de seus carros?
Mas, segundo percebo, até que as pessoas estão se conscientizando mais
rapidamente quanto à retirada da única flor indesejável que é o jasmim-do-campo
canino (sim, o nome do belo jasmim-do-campo é também apelido dado no interior
de São Paulo e Minas para as fezes de cão, que com o tempo ficam brancas e até
bonitinhas de se ver ao longe), e parecem estar percebendo o óbvio - que,
justamente por ser óbvio, é bom lembrar: além da sujeira não muito agradável
(especialmente para quem tem pouca prática de desvios e acaba pisando em
cima), a caca canina é um grande depósito de bactérias que podem atacar os
seres humanos e transmitir doenças como verminoses e infecções gastrointestinais
[...] (MUGNAINI JR, Ayrton; 2011)
O texto refere-se indiretamente a um problema muito comum e antigo na história do
Brasil - a saúde pública - através da necessidade de limpeza dos espaços urbanos. Os
cuidados com a higiene pessoal e urbana foram bastante disseminados no Brasil, a partir
da segunda metade do século XIX. Nas cidades brasileiras, organizavam-se as chamadas
Juntas de Higiene Pública, formada por médicos e funcionários públicos para fiscalizar a
limpeza das ruas e praças e, inclusive, denunciar as pessoas que colaboravam para a
sujeira do espaço urbano.
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51
EM
História
A preocupação com a higiene era justificável; na Bahia, por exemplo, milhares de
pessoas morreram com a epidemia de cólera nos anos 1850, fato que também atingiu
outras províncias brasileiras e isso causava imensos transtornos, pois os cidadãos, com
medo de se contaminarem, evitavam sair de casa, comer carne e ficar em locais em que
havia aglomeração de pessoas.
Assim como o texto refere-se aos riscos que a sujeira das ruas provocada pelos
cachorros causa à saúde pública nos dias atuais, no século XIX e no início do século XX, a
falta de limpeza urbana estava associada às epidemias e doenças. No Rio de Janeiro,
capital da república no início do século XX, aconteceram, inclusive, episódios violentos,
como a Revolta da Vacina, em 1904, envolvendo a população e as medidas sanitárias
sancionadas pelo presidente Rodrigues Alves e colocadas em prática pelo médico
sanitarista Oswaldo Cruz para acabar com a epidemia de varíola que assolava a capital
carioca.
Em Salvador, os cuidados com a higiene pública eram observados desde o século
XIX, através da dessecação dos pântanos e charcos, onde restos de animais mortos e lixo
orgânico apodreciam, e contaminavam os principais rios que abasteciam a cidade, como o
Rio Camurujipe, que hoje se transformou em um esgoto a céu aberto. Em uma conversa
com seu professor (a) de Biologia, pergunte-lhe de que maneira a decomposição de
matéria orgânica pode contaminar os rios? Outro exemplo de cuidados com a higiene
urbana soteropolitana foi a canalização do antigo Rio das Tripas, que recebeu este nome
porque era o destino dos restos da matança de gado no Matadouro Público de Salvador,
no século XIX. A construção de canais para escoamento de água é uma solução utilizada
desde o Antigo Egito, mas na época contemporânea, a engenharia e a matemática
juntaram-se para construir esses canais de forma a serem eficazes e não destoarem do
espaço urbano. Você já pensou nas dificuldades de se construir canais? Ou mesmo as
cisternas que muitas comunidades utilizam nas cidades do interior? Tudo isso envolve
cálculos de geometria, de vazão; é a ciência Matemática junto à História nas questões de
saneamento brasileiro. Ficou curioso? Pergunte ao seu professor de Matemática sobre
isso, você vai perceber que as diversas ciências comunicam-se constantemente!
O abastecimento de água para os soteropolitanos também inspirava cuidados. Desde
1853, esse serviço era responsabilidade da Companhia do Queimado, que providenciava a
manutenção e troca de encanamentos enferrujados e asseio das fontes públicas
municipais, na tentativa de oferecer à população uma água que não fosse suspeita de
contaminação. Junto a isso, ordens do governador do estado e do prefeito da capital
(conhecido na Primeira República como intendente), organizavam as formas como
deveriam ser aplicadas as leis, para que se evitasse a sujeira das ruas e praças. Isso não
seria uma bela ideia para os donos dos cachorrinhos que sujam as calçadas hoje em dia?
A água das fontes sempre foi considerada a origem mais óbvia das epidemias, por
ser um elemento consumido por todos os cidadãos, mesmo que nem sempre isso tenha
sido verdade. Com a especialização cada vez maior da medicina no século XX e a
elitização dos médicos (que, de tão prestigiados, chegam até a ocupar muitos cargos
públicos), foram estabelecidas normas de higiene que deveriam ser seguidas por toda a
sociedade, como banho diário e lavagem das mãos e dos alimentos com água de
proveniência confiável ou, pelo menos fervida, para matar os germes causadores de
doenças.
çã o
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
História
EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Situação mais difícil acontecia nas zonas afastadas dos grandes centros urbanos,
onde esses cuidados médicos não chegavam, deixando grande parte da população do
Brasil sem acesso às informações sobre os cuidados com a higiene e o meio ambiente.
Nas regiões do interior, a água sem tratamento, a sujeira das ruas, a proliferação de ratos e
insetos e a falta de higiene ambiental dificultaram bastante a erradicação das doenças
ligadas à falta de limpeza e ao consumo de água e alimentos contaminados.
Segundo dados levantados pela UNESCO, atualmente, do total de água existente no
mundo, apenas 2,53% são doces, sendo que dois terços dessa água encontram-se
congeladas nos glaciares do planeta. Estima-se que, nos países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento, 50% das pessoas consumam água poluída e, desse percentual, imagine
a quantidade de pessoas que morrem por doenças decorrentes da contaminação da água.
Portanto, muitos dos problemas de saúde que ainda hoje persistem no mundo, estão
diretamente ligados ao consumo de água contaminada pela falta de práticas de higiene e
saúde pública.
Fonte: Água para todos, água para la vida: informe de las naciones unidas sobre el desarrollo de los recursos hídricos em el
mundo. Resumo. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001295/129556s.pdf.>
Acesso em 20 nov. 2008.
Reflexão para ação
Pense bem no que você acabou de ler. Identifica alguma situação que lhe pareça familiar?
Na região onde você mora, todos têm acesso aos serviços essenciais de saúde? Vejamos uma
reportagem veiculada pelo Jornal Hoje, em 20 de maio de 2011.
Faltam médicos em hospitais e postos de saúde no interior do Brasil
No norte do país oferecem salários de mais de 35 mil reais, mas mesmo assim os
candidatos não aparecem. Nos hospitais e postos de saúde do interior dos estados, os pacientes
se frustram todos os dias. A procura por um especialista obriga os pacientes a longas viagens. O
motorista Dejocir mora em Itaituba, no Pará, e para chegar a Santarém são, pelo menos, seis
horas de estrada. “O médico passou, disse que era para eu ir para Santarém, porque aqui não
tinha como, disse que é caso de cirurgia”, conta Dejocir Pereira, motorista. Um levantamento do
Ministério da Saúde mostra que faltam, principalmente, anestesistas, neurologistas,
neurocirurgiões, psiquiatras e pediatras. Segundo o Ministério, a distribuição é desigual. A região
sudeste concentra mais especialistas do que as outras quatro regiões juntas [...].
Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-hoje/>
Assim como na região do interior do Pará mostrada nesse trecho da reportagem, esta é
uma realidade em todo o território brasileiro. É comum vermos, todos os dias, ambulâncias das
cidades do interior da Bahia trazendo pessoas que buscam tratamento ou atendimento médico
em Salvador.
Glossário
territoriais, adotado em vários países do
mundo. No Brasil, serviu de denominação
para os atuais estados brasileiros durante o
século XIX, época do Império Brasileiro. Com
a República no Brasil, passaram a ser
denominadas estados.
aglomeração: reunião de pessoas em um
mesmo local.
charcos: brejo, pântano.
dessecação: secagem, drenagem de lagos,
brejos ou pântanos.
províncias: é o nome dado a divisões
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Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
1.Como você observa a higiene nos espaços públicos em sua sala de aula, escola,
comunidade? Anote em seu caderno suas observações e depois as compare com as de
seus colegas. As observações se parecem? Em caso positivo, divulgue para o grupo.
ERIN BROKOVICH: Uma mulher de Talento. (EUA, 2000)
Direção: Steve Soderbergh.
Sinopse: O filme conta a história de uma advogada envolvida na investigação de
processos que dizem respeito a pessoas acometidas por estranhos problemas de saúde.
As suspeitas dirigem-se à contaminação de fontes de água por produtos tóxicos usados
por indústrias da região.
A República velha e a revolução de 30. Coleção Retrospectiva do século XX.
Autor: Cláudio Bertolli Filho. Ed. Ática, 1999. 64 p.
Água: origem, uso e preservação. Coleção Polêmica.
Autor: Samuel Branco. Ed. Moderna, 2003. 96 p.
Texto 4
Anos de guerra na Europa: a contaminação das águas e o crescimento das
epidemias
Você certamente já esteve doente em algum momento de sua vida, e não deve ter
gostado da situação, correto? Nem poderia, pois os agentes causadores de doenças
atacam seu organismo e põem todas as suas defesas de prontidão para vencer uma
guerra. Nesse caso, o campo de batalhas é o seu corpo e os efeitos disso são as dores, a
febre, a falta de ânimo. Porém, saiba que todas as pessoas que ainda não passaram por
essa situação estão apenas na “fila de espera”.
As doenças e epidemias sempre existiram. Podemos dizer que existe uma História
das doenças, e os melhores historiadores desse ramo da História, na verdade, são os
biólogos. Os vírus e bactérias são organismos mais antigos que o próprio homem e, de
certa forma, o organismo humano aprendeu a conviver com grande parte desses milenares
seres. Quando não conseguiu conviver, foi morto por eles. Em determinadas momentos,
épocas e níveis de desenvolvimento da sociedade humana, vírus e bactérias atacaram
algumas populações e provocaram verdadeiros morticínios.
53
EM
Siga antenado
História
3. Procure saber no posto médico ou hospital local, quais as doenças mais frequentes na
localidade, e quais os seus agentes causadores. Procure saber também, quais delas
podem estar relacionadas ao consumo ou uso de água contaminada.
çã o
2. Que medidas podem ser tomadas por você e seus colegas de classe para diminuir a
sujeira nesses locais?
História
EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Vamos pensar, por exemplo, na Antiguidade, quando a sociedade humana cresceu e
se urbanizou, transformando o espaço natural e a maneira como seus organismos
interagem com o meio. Um dos aspectos mais interessantes desse processo é a grande
aglomeração de pessoas em espaços pequenos (como as cidades clássicas e, tempos
mais tarde, medievais) e a falta de cuidados com a higiene em torno da sua alimentação,
mesmo porque, naqueles tempos, nem a ciência havia ainda prestado atenção na
importância do asseio pessoal e urbano.
A falta de higiene observava-se por todos os cantos, dentro e fora das moradias.
Coisas que hoje são banais, como o hábito de lavar as mãos antes das refeições, cozinhar
ou assar bem os alimentos, lavar frutas e verduras ou até mesmo ferver ou filtrar a água
para consumo, cuidados com o armazenamento dos alimentos, não eram preocupações
das pessoas na Idade Média. Qual o resultado disso? A proliferação de doenças
transmitidas por agentes variados, a maioria vírus e bactérias, hospedados em alimentos,
insetos ou em animais, como as pulgas e os ratos. A água, nesse contexto, era, ao mesmo
tempo, origem e solução dos problemas de saúde.
Entendeu a última afirmação? Vamos à explicação.
1. Em situação de falta de higiene, a não utilização da água para limpeza
possibilitava a proliferação das bactérias e seus agentes, como insetos e ratos. Nesse
sentido, a água está entre os elementos de origem das epidemias.
2. Quando há higiene ambiental e pessoal, sendo a água o agente de limpeza mais
comum, ela é a solução para se evitar epidemias.
Todas as vezes que uma doença se alastrava, era comum um grande número de
mortos, interpretado pelas pessoas e pela igreja como castigo divino por algum pecado
cometido pelos homens. Essas epidemias eram chamadas de pestes, como a famosa
peste negra, que matou 2/3 da população europeia no século XIV. Porém, séculos de
desenvolvimento científico provaram que castigos divinos ou pecados nada têm a ver com
esses episódios.
Mas, mesmo com todo o progresso científico, as epidemias continuaram a acontecer
e, muitas vezes, ainda ligadas a situações de ausência de higiene pessoal e alimentar. No
século XX, em pleno processo da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), novamente o
mundo se viu assustado por epidemias, sobretudo o continente europeu, destruído pelos
anos de combate.
Em um território onde os corpos dos combatentes entravam em decomposição antes
de serem enterrados, em meio a chuvas, lama e sangue dos feridos, os agentes
causadores de doenças multiplicavam-se rapidamente. Nas trincheiras, soldados conviviam
ao lado de ratos e companheiros mortos. A água dos córregos e fontes contaminava-se
com os restos mortais humanos misturados à terra e, diante da brutalidade dos homens em
batalha, era consumida cotidianamente, espalhando o cólera, a difteria, as infecções.
Para reabastecer os cantis, os soldados recorriam frequentemente a poças de água
formadas pelas chuvas, encontradas no meio do lamaçal de sujeira. Esse comportamento
trazia riscos de contaminação por outros agentes, causando outros males como a difteria,
que matou milhares de pessoas na Europa durante a Primeira Guerra e, para esse
problema, só se desenvolveu uma vacina após o conflito. O uso coletivo dos cantis de água
também foi um fator importante na transmissão homem a homem da doença.
54
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Após quatro anos de guerra, em 1918, uma nova epidemia vitimou de 50 a 100 milhões
de pessoas: a gripe espanhola. Tem este nome porque a Espanha foi o país que apresentou
maior mortandade, 8 milhões de pessoas. Com o retorno dos soldados para seus países de
origem, ao fim da guerra, a gripe espanhola espalhou-se rapidamente pelo mundo.
No Brasil, os primeiros casos da gripe, aconteceram no final do ano de 1918,
provavelmente através de marinheiros que voltavam de uma viagem à África, segundo
informações da Fundação Oswaldo Cruz. Somente no Rio de Janeiro, capital do Brasil na
época, morreram 14.348 pessoas.
mortandade: a quantidade de seres que morrem em determinado espaço de tempo por
efeito de uma epidemia ou por outra causa
qualquer; mortalidade.
trincheiras: fosso que permite, durante o
combate, a movimentação da tropa e o tiro a
coberto do inimigo.
morticínios: morte de muitas pessoas numa
mesma ocasião ou lugar, vitimadas pela
matança,
vibrião: bacilo de corpo em forma
bastonete encurvado: o vibrião da cólera.
Reflexão para ação
Agora que você sabe um pouco mais sobre a relação entre a higiene e as doenças,
que tal pensar um pouco sobre sua responsabilidade em evitar os meios de contágio?
Em dezembro de 1998, o Jornal do Brasil publicou uma matéria falando sobre quatro
mortes provocadas por um surto de cólera na região de Brumado, no interior da Bahia. Dizia-se
que 50 pessoas eram suspeitas de estarem infectadas. A cólera é uma doença que se
expandiu na Europa na época medieval, e o seu agente causador, o Cholera morbus,
desenvolve-se em regiões onde não há saneamento, contaminando as fontes de água e os
alimentos.
Uma medida muito simples poderia resolver o problema: higiene. Tal como a peste negra
na Europa Medieval, no caso de Brumado, a doença pode ter voltado a crescer por conta do
consumo de água contaminada de poços artesianos abertos próximos à área de esgotos, em
uma época de grande seca na região.
Para resolver o problema, recorreu-se também a uma medida bem simples, que foi
adicionar cloro à água para matar o vibrião colérico. Compreendeu como você pode contribuir
para evitar que essa história se repita?
Curiosamente, o cloro foi utilizado durante a Primeira Guerra Mundial como arma
química, pois o gás produzido pela substância é tóxico e provoca severas irritações em contato
com as mucosas. Ao mesmo tempo, serviu para evitar muitas mortes no mesmo conflito, pois
dois cirurgiões, Henry Dakin e Alexis Carrel, ganhadores do Prêmio Nobel em 1912,
desenvolveram uma solução à base de cloro para desinfecção de lesões profundas, evitando
as gangrenas que foram responsáveis pela amputação de muitos soldados feridos. Portanto,
cuidado ao manusear o cloro!
Se por acaso, em sua residência ou comunidade existirem poços artesianos e cisternas
de onde se use a água para consumo, utilize o cloro para purificar a água desses locais. Em
sua casa, pode ser também adicionada água sanitária à água que vai ser consumida ou usada
para lavar os alimentos.
55
de
EM
mesma
causa;
mortandade,
carnificina, massacre.
História
aglomeração: multidão de coisas ou pessoas;
agrupamento, ajuntamento.
çã o
Glossário
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
História
EM
ção
Não é porque você já sabe dos benefícios do cloro e da água sanitária para a
purificação da água, que vai despejar baldes de cloro na cisterna de casa. Calma! Tudo
tem medida! É exatamente essa medida que você terá que descobrir. Procure o posto de
saúde mais próximo e informe-se sobre a medida exata de cloro ou água sanitária que
deve ser adicionada por litro de água, para purificá-la. Se preferir, peça o auxílio ao seu
professor de Biologia.
Ainda com auxílio do professor de Biologia, divida a classe em três equipes e realize
uma demonstração prática, durante a aula de História ou de Biologia (isso pode ser
acertado entre vocês e os professores das duas disciplinas), sobre os seguintes assuntos:
a forma correta de utilização do cloro para a purificação da água;
a maneira correta de lavar os alimentos antes de serem consumidos;
a forma correta de fazer a higienização das mãos antes de manusear os alimentos.
Siga antenado
Os 12 macacos. (EUA, 1995)
Direção: Terry Gilliam.
Sinopse: Em 2035, homem é enviado de volta no tempo para encontrar
informação sobre um vírus mortal que veio a matar cinco bilhões de pessoas em
1996-1997.
Ensaio sobre a cegueira. (Brasil/Canadá/Japão, 2008)
Direção: Fernando Meirelles.
Sinopse: O filme conta a história de uma epidemia de cegueira que se abate
sobre uma cidade não identificada e como a ausência de visão transforma os
instintos humanos.
O amor nos tempos do cólera. Tradução Antônio Callado.
Autor: Gabriel Garcia Márquez. Ed. Record, 2009. 429 p.
De olho no ENEM
Questão 01 (ENEM 2008)
Calcula-se que 78% do desmatamento na Amazônia tenha sido motivado pela pecuária —
cerca de 35% do rebanho nacional está na região — e que pelo menos 50 milhões de
hectares de pastos são pouco produtivos. Enquanto o custo médio para aumentar a
produtividade de 1 hectare de pastagem é de 2 mil reais, o custo para derrubar igual área de
floresta é estimado em 800 reais, o que estimula novos desmatamentos.
Adicionalmente, madeireiras retiram as árvores de valor comercial que foram abatidas para a
criação de pastagens. Os pecuaristas sabem que problemas ambientais como esses podem
provocar restrições à pecuária nessas áreas, a exemplo do que ocorreu em 2006 com o
plantio da soja, o qual, posteriormente, foi proibido em áreas de floresta.
(Época, 03/03/2008 e 09/06/2008, com adaptações).
56
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
A falta de água doce no Planeta será,
possivelmente, um dos mais graves
problemas deste século. Prevê-se que, nos
próximos vinte anos, a quantidade de água
doce disponível para cada habitante será
drasticamente reduzida.
Por meio de seus diferentes usos e
consumos,
as
atividades
humanas
interferem no ciclo da água, alterando:
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida privada e ordem privada no Império In: História da vida privada
no Brasil II: Império: a corte e a modernidade nacional, São Paulo: Cia das Letras, 1997.
COOPER, Frederick (org.) Além da escravidão: investigações sobre raça, trabalho e cidadania em
sociedades pós-emancipação. Tradução Maria Beatriz de Medina, Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2005.
DAVID, Onildo Reis. O inimigo invisível: epidemia na Bahia no século XIX. Salvador: EDUFBA/
Sarah Letras, 1996.
FERRO, Marc. A grande guerra - 1914-1918. 2. ed. São Paulo: Edições 70, 1990.
HOBSBAWN, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
MUGNAINI JR, Ayrton. Especial para o Yahoo! Brasil. 22 de set. de 2011, às 03:09:38. Disponível
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PRIORE, Mary del. Ritos da vida privada In: História da vida privada no Brasil I: cotidiano e vida
privada na América portuguesa. São Paulo: Cia das Letras, 1997.
SAMPAIO, Consuelo Novais. 50 anos de urbanização: Salvador da Bahia no século XIX. Rio de
Janeiro: Versal, 2005. p. 107. Disponível em: <http://braparencias.ceart.udesc.br/?p=3320> Acesso
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SANTOS, Cristiane Batista da Silva. Nas terras do cacau: religiosidade, mulher negra e comunidade,
Revista África e Africanidades. Ano 2 - n. 6 - agosto. 2009 - ISSN 1983-2354.
57
EM
(A) a quantidade total, mas não a qualidade
da água disponível no Planeta.
(B) a qualidade da água e sua quantidade
disponível para o consumo das populações.
(C) apenas a disponibilidade de água
superficial existente nos rios e lagos.
(D) a qualidade da água disponível, apenas
no subsolo terrestre.
(E) o regime de chuvas, mas não a
quantidade de água disponível no Planeta.
História
(A) o desmatamento na Amazônia decorre
principalmente da exploração ilegal de
árvores de valor comercial.
(B) um dos problemas que os pecuaristas
vêm enfrentando na Amazônia é a proibição
do plantio de soja.
(C) a mobilização de máquinas e de força
humana torna o desmatamento mais caro que
o aumento da produtividade de pastagens.
(D) o superávit comercial decorrente da
exportação de carne produzida na Amazônia
compensa a possível degradação ambiental.
(E) a recuperação de áreas desmatadas e o
aumento de produtividade das pastagens
podem contribuir para a redução do
desmatamento na Amazônia.
Questão 02 (ENEM 2003)
çã o
A partir da situação-problema descrita,
conclui-se que:
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
THOMPSON, Edward. A formação da classe operária inglesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987. 3 v.
UNESCO. Água para todos, água para la vida: informe de las naciones unidas sobre el desarrollo de
los recursos hídricos em el mundo. Resumo. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0012/001295/129556s.pdf> Acesso em: 20 nov. 2008.
História
EM
ção
VIANA, Hildegardes. A Bahia já foi assim: crônicas de costumes. 2. ed. Brasília, Ed. GRD, 1979.
Disponível em: <www.jangadabrasil.com.br/novembro/of31100a.htm>. Acesso em: 22 nov. 2011.
58
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Geografia
Celbo Antonio R F Rosas; Oriana Araújo e Sônia MariseTomasoni
Apresentação
Prezado(a) aluno(a):
Este Caderno de Geografia tem como premissa a temática “Meio Ambiente/Água”, com
ênfase na questão da utilização da água em suas diversas perspectivas, estabelecendo,
através da paisagem (tudo aquilo que vemos, sentimos, ouvimos, percebemos) a relação entre
o homem e a natureza, e entre os próprios homens, pois estes só existem em detrimento da
natureza. A água é um dos principais e essenciais elementos de manutenção da vida, de
mobilidade humana nos diferentes espaços, nos diversos tipos de produção e ciclos
econômicos, além de estabelecer fronteiras e servir de recursos para a sociedade (através do
consumo, de alimentos, do transporte e do uso em atividades turísticas e econômicas). É
necessário compreender a temática proposta no contexto apresentado, numa visão holística
de produção do espaço numa sociedade capitalista.
Texto 1
Disponibilidade hídrica no mundo
Devido à atual escassez de água em diversas partes do planeta, em decorrência de
problemas ocasionados pelo uso irregular e irracional, além da degradação ambiental nas
bacias hidrográficas, a água
passou a se configurar como
um recurso de extremo valor
econômico no modo de produção capitalista, principalmente
em regiões áridas ou desérticas.
Tal uso irregular foi intensificando-se ao longo dos anos, uma
vez que o crescimento populacional e o consequente aumento na utilização das diversas fontes de água fez diminuir a disponibilidade hídrica no mundo e a
qualidade desse recurso.
Figura 1. Distribuição das águas no Planeta Terra.
A disponibilidade hídriDisponível em: http://revistadasaguas.pgr.mpf.gov.br/edicoes-da-revista/
edicao- atual/materias/Osmose_Inversa.pdf. Acesso em: 18 nov. 2011.
ca no mundo pode ser observada na Figura 1.
59
A quantidade de água doce (2,8%) do total passa pelo processo natural do ciclo
hidrológico e tem nas precipitações o seu grande distribuidor na superfície terrestre, uma
vez que alimenta diversos rios e aquíferos em lugares distintos daqueles onde houve a
evaporação. Esse fato é explicado pela circulação geral da atmosfera, determinada pelos
ventos e pelo movimento de rotação do planeta, que altera latitudinalmente zonas de alta e
baixa pressão.
De acordo com a Figura 2, sobre a disponibilidade hídrica no mundo, nota-se a
estimativa da diferenciação da quantidade de recursos hídricos no globo no decorrer dos
anos: comparando o ano de 1995, com a projeção para 2025, verifica-se a quantidade de
regiões e países que sofrerão pela falta da água em pouquíssimo tempo. Merecem
destaque o Oriente Médio e o norte da África.
Geografia EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Figura 2: Disponibilidade hídrica no mundo - Mapa: planeta seco
Disponível em: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspid_projeto=27&ID_OBJETO=103918&tipo=ob&cp=&cb=
Acesso em: 18 nov. 2011
Conhecimento em ação
Divididos em grupos, façam uma análise comparativa do mapa (Figura 2) entre os
anos de 1995 e a projeção para 2025, verificando as principais causas das mudanças
apresentadas, destacando a região do Mercosul;
- Após a análise, relacionem-a com o mapa dos conflitos pelo uso da água, comparando as
regiões, suas causas e efeitos, verificando também a importância do Aquífero Guarani para
o Mercosul;
- Apresente para a sala os resultados dessa análise, demonstrando os principais resultados
averiguados, instigando a discussão.
60
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
EM
Figura 3. Aumento do nível do mar
Disponível em: <http://www.ecodebate.com.br/2009/03/13/
cientistas-avaliam-que-o-aumento-do-nivel-do-mar-deve-ser-acima
-do-previsto/>. Acesso em: 18 nov. 2011.
Figura 4. Seca e desmatamento na Amazônia
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/818541-seca-naamazonia-pode-se-tornar-a-mais-grave-das-ultimas-decadas.shtml>
Acesso em: nov. 2011.
Como exemplo, verifica-se a falta de água em diversas regiões do Oriente
Médio, do norte da África e norte da China, assim como seu acesso diferenciado
regionalmente e economicamente em diversos países. É preciso que se reveja
essa situação, com garantia de segurança hídrica, para que as diferentes
sociedades possam ter acesso a esse recurso, evitando conflitos pela água.
61
Geografia
Apesar de a água ser o
líquido mais abundante da Terra,
o seu mau uso pelo homem, como
está ocorrendo desde o século
XX, devido ao crescimento populacional e industrial, traz consequências catastróficas à humanidade. Diante dessa situação, vivemos na iminência de duas calamidades antagônicas: ano após ano
o nível dos mares está subindo,
em decorrência do derretimento
das geleiras polares, causadas
pelo processo de aquecimento
global, como se observa na Figura
3; em contrapartida, diversas cidades e regiões do mundo possuem
pouca ou nenhuma água doce para consumo, devido ao esgotamento de reservas de água potável, como demonstra a Figura 4.
çã o
Texto 1.1
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Geografia EM
ção
Podemos encontrar um mapa dos conflitos mundiais pela água em diferentes
perspectivas na Figura 5. De acordo com o mapa, foram registrados 225 conflitos
pela água no mundo, de 3000 a. C. até o ano de 2010, sendo que a maioria
ocorreu no século XX, e vem se acentuando no século XXI, principalmente na
Europa, África e Ásia, com alguns casos na América do Norte, Central e Sul, além
da Oceania.
Figura 5. Conflitos pela água no mundo
Disponível em: <http://www.worldwater.org/conflict/map> Acesso em: 18 nov. 2011
Conhecimento em ação
Conforme visto no texto e nas Figuras 3 e 4, faça uma redação verificando o
antagonismo dessa relação, entre aumento do nível dos oceanos e das secas continentais,
demonstrando como e onde o homem interage nessas circunstâncias.
Siga antenado
Acesse os sites indicados e analise a relação entre a escassez de água e os potenciais
conflitos que tal fato pode gerar.
<http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article311>
<http://www.wilsoncenter.org/sites/default/files ECSP_NavigatingPeaceIssue3_Portuguese.pdf>
<http://www.paraiba.com.br/2012/03/19/97968-escassez-de-agua-pode-gerar-conflitos-na-terrano-futuro-dizem-especialistas>
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/03/120316_agua_escassez_df.shtml>
62
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Fonte: Tomazoni, 02/08/2011. Arquivo Pessoal.
63
EM
Geografia
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 200 bacias hidrográficas são
palco de disputas ou compartilhamento entre 145 países. No Oriente Médio, israelenses e palestinos disputam os lençóis da Cisjordânia, ocupada pelos israelenses em 1967, assim como as
Colinas de Golã, na Síria, onde nasce o Rio Jordão, como se observa na Figura 6. Com a escassez de água nessa região, possivelmente
diversos países e povos declararão guerra
para reconquistar as fontes de água, conforme
pronunciado pelo Egito e Jordânia, além dos
palestinos. Isso demonstra que a água é um
bem supraterritorial, ou seja, que não deve
possuir fronteiras políticas, já que é um bem
necessário à vida de todos os seres vivos.
De acordo com a ONU, existem 286
tratados internacionais sobre o uso da água,
sendo que 61 referem-se a bacias hidrográficas localizadas em mais de um país.
Ainda para a ONU, aproximadamente 1
bilhão de pessoas não têm acesso a água potável, e se o atual ritmo de consumo não mudar, em 2025 estima-se que dois terços da
população mundial (5,5 bilhões de pessoas)
não terão acesso a água potável de qualidade.
Figura 6. Bacia do Rio Jordão
Os problemas com a água provocam
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/
outras consequências como doenças oriundas
ciencias/pratica-pedagogica/gestao-aguas-brasil-mundo
-500982.shtml?page=all>. Acesso em: 18 nov. 2011
da falta ou precariedade do saneamento básico, a exemplo de doenças como a malária e a
diarreia, além da transmissão de vermes, da
esquistossomose e da cegueira como sequela
do tracoma. Para entender tais doenças e suas transmissões, verificar seus aspectos
biológicos com o professor de Biologia. De
acordo com a ONU, 1,7 bilhão de pessoas
não têm acesso ao saneamento básico, o que
resulta na morte de 2,2 milhões por ano em
decorrência do consumo de água não tratada
e doenças ocasionadas pela exposição e contato com os resíduos humanos na água. No
caso da Figura 7, podemos observar um esgoto a céu aberto na cidade de Itabuna, demonsFigura 7. Esgoto a céu aberto no Canal da Avenida Amétrando o despejo de resíduos sem tratamento.
lia Amado em Itabuna - BA
çã o
Texto 1.2
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
Geografia EM
ção
Atividade prática necessária para o conhecimento teórico: práxis. Verifique através de
fotos, se na sua cidade ou região há presença de esgoto a céu aberto e sua consequência
para a saúde humana. Orientações/etapas do trabalho:
- formar grupos de alunos para identificar os rios e córregos que cortam a sua cidade,
através de mapas ou cartas hidrológicas, encontradas nos principais órgãos oficiais da
cidade, como a companhia de abastecimento, casa da agricultura, prefeitura,
agrimensores, entre outros);
- verificar a localização de possíveis fontes poluidoras, como indústrias e esgotos, através
do mapa e da confirmação no local;
- observar e fotografar tais fontes hídricas para verificar se há esgoto e lixo nas águas
superficiais;
- apresentar os resultados na sala de aula, debatendo o papel do poder público, das
empresas e da população, demonstrando alternativas ao cenário apresentado.
Texto 1.3
Uma das principais dificuldades no uso da água está em sua irregular distribuição.
Tal irregularidade pode estar relacionada aos aspectos naturais, que proporcionaram uma
inadequada ocupação dos territórios, ou às questões econômicas e políticas de
determinados países. Um canadense, por exemplo, tem disponível, aproximadamente, 600
litros de água por dia, enquanto que um africano não passa de 30 litros para satisfazer
todas as suas necessidades, de acordo com informações da ONU.
Mesmo com todo o estresse hídrico, a África Subsaariana possui diversos rios que
são pouco explorados devido a questões econômicas e políticas (Figura 8), aproveitando
menos de 5% de sua capacidade de vazão. Isso faz com que a maioria dos países
africanos encontrem-se em situação precária de abastecimento e saneamento, como
demonstra a Figura 9.
Figura 9. Reservas hídricas e cobertura sanitária
na África
Fonte: WHO e UNICEF, 2000. P. 173.
Figura 8. Maiores rios africanos
Disponível em: http://nonoanon2010.blogspot.com/
Acesso em: 18 nov. 2011
64
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
- Fazer uma análise do aproveitamento das águas dos maiores rios do continente africano;
- Pesquisar os rios de importância regional, relevando sua utilidade para as sociedades
locais;
- Apresentar os resultados na sala de aula.
Com outra característica, um cenário de desequilíbrio hídrico pode atingir a China nas
próximas décadas, em decorrência do elevado consumo de 20% da população mundial que
vive nesse país. Aproximadamente, metade das 660 cidades chinesas sofre com problemas
de abastecimento, sendo que, em várias delas, o problema já é intenso, como na porção semiárida do norte do território, onde há necessidade de extração de água
subterrânea, levando à
escassez desse recurso. Por outro lado, nas porções sul e leste, a degradação é decorrente da
poluição industrial e doméstica despejada nos rios e lagos. Certamente, a tendência de abastecimento e consumo de água poderão tornar-se catastróficas em pouco tempo.
Em termos mundiais, o desperdício
e técnicas ineficientes do uso da água são
evidentes. Um dos maiores exemplos de
ineficiência técnica, que ocasionou um
imenso desastre ambiental ocorreu no
Mar de Aral, localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia Central. A
água dos rios (Amu Dária e Sir Dária) que
o abasteciam foi desviada para irrigar
plantações de algodão. Atualmente, o mar
já perdeu aproximadamente 70% de seu
volume, ocasionando a extinção de diversas espécies de peixes e animais, além
de degradar as florestas que o margeavam, inutilizando-o totalmente. Podemos
observar tal desastre na imagem de satélite da Figura 10, que demonstra a evolução da degradação entre os anos de 1998
e 2009. Observa-se que a cor azul esverdeada escura representa o Mar de Aral, e
que o seu tamanho vai diminuindo gradativamente até o ano de 2009, o que representa o seu gradativo, mas rápido, desa- Figura 10: Evolução do retrato do mar de Aral - 1998 a 2009
Disponível em: www.infoescola.com
parecimento.
Acesso em: 18 nov. 2011.
65
Geografia
Texto 1.5
EM
çã o
Sugestão de sites para a pesquisa:
http://www.voyagesphotosmanu.com/rios_da_africa.html
http://www.opais.co.mz/index.php/analise/92-adelson-rafael/9475-mocambique-de-que-vale
-tanta-agua.html
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
A água usada no espaço rural, principalmente para a irrigação de lavouras em
complexos agroindustriais, corresponde a aproximadamente 69% de toda a sua utilização
no planeta.
Os conflitos pela água são questões geopolíticas, territoriais, econômicas e,
principalmente, sociais, que devem ser tratadas por estados e empresas distribuidoras
como uma “mercadoria” primária e essencial à vida.
Geografia EM
ção
Texto 2
Disponibilidade hídrica no Brasil
Apesar de o Brasil possuir grande quantidade de água doce superficial, existe uma
distribuição irregular dos rios perenes que escoam no país, devido às condições naturais
da geomorfologia brasileira e das precipitações.
Só na Amazônia existem 74% de toda a água do país, para uma população nacional
de 5% nessa parte do território. Com o objetivo de gerenciar os recursos hídricos do país, a
Agência Nacional das Águas (ANA) divide o país em 12 regiões hidrográficas, como se
pode observar na Figura 11.
Figura 11. Regiões hidrográficas de acordo com a ANA.
Disponível em: www.revistadasaguas.pgr.mfp.gov.br. Acesso em: 18 nov. 2011.
66
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Texto 2.1
A gestão dos recursos hídricos é feita pelo governo federal e tenta integrar a relação
entre oferta e demanda, além de controlar o acesso ao uso da água no país. Apesar de
números favoráveis, apenas uma pequena parcela dos rios brasileiros são aproveitados
efetivamente. Mesmo assim, existem algumas discussões acerca da privatização da água
no Brasil, assim como ocorreu em países europeus. A água é um direito humano absoluto,
e não uma mercadoria, e seu acesso deve ser garantido pelo Estado a todas as pessoas,
com segurança hídrica de acesso à vida. Porém, deve-se ressaltar que tal direito tem, em
contrapartida, a necessidade dos deveres nem sempre cumpridos pela sociedade de cuidar
e utilizar esse bem sustentavelmente, garantido seu uso para futuras gerações.
Conhecimento em ação
- Realizar uma pesquisa sobre os pontos positivos e negativos da questão da privatização
da água no Brasil;
- Destacar as regiões que poderiam ser mais afetadas com a privatização;
- Diante disso, relacionar a questão da privatização com a política neoliberal, mostrando a
“tendência” indicativa dessa política no país;
- Apresentar os resultados para a sala, debatendo a temática.
Texto 2.2
Apesar de aproveitarmos o nosso potencial hídrico, a gestão e a preservação dos
leitos dos rios não é satisfatória. Como exemplo, citamos as bacias do Tocantins-Araguaia
e do Paraguai: com uma oferta generosa de água, o avanço das fronteiras agrícolas e a
produção monocultora provocam imensos desmatamentos na floresta Amazônica, no
Pantanal e no Cerrado, alterando o ciclo natural das águas, da fauna e da flora, assim
como das comunidades que vivem nas áreas alteradas.
67
Geografia
EM
Forme grupos para:
- solicitar indicações de pesquisa com os professores de Geografia e História sobre os
principais planos do governo federal em ocupar a porção oeste do Brasil (marcha para o
oeste);
- em quais momentos isso ocorreu, e os principais motivos, juntamente com a
disponibilidade hídrica nessa porção do território nacional, uma vez que a maior parte da
população brasileira encontra-se em zonas litorâneas ou próximas a ela;
- apresentar os resultados para a sala, e verificar se algum grupo apresentou um plano
diferente. Cabe ao professor mediar e fazer um fechamento do assunto.
çã o
Conhecimento em ação
Geografia EM
ção
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A região hidrográfica do Paraná, que se localiza em grande parte no estado de São
Paulo, é a que mais consome água, correspondendo a 23% do total do país, devido à maior quantidade de habitantes, dinâmica industrial e agropecuária, com fortes investimentos
no setor hídrico.
No Brasil, segundo a ANA, 89% dos domicílios têm acesso à água, mas somente
54% possuem coleta de esgoto. Isso não significa que não jogamos esgotos em nossos
rios, pois em áreas densamente urbanizadas, o esgoto raramente é tratado antes de chegar aos leitos. O maior exemplo de descaso proveniente do esgoto doméstico e industrial
está no Rio Tietê, na cidade de São Paulo, como se observa na Figura 12. Por outro lado,
algumas ações pontuais de despoluição realizadas pelo Poder Público foram bem sucedidas, como ocorreu no Rio Tâmisa, em Londres.
A maior concentração de usinas hidrelétricas do país encontra-se na Bacia do Rio
Paraná. O argumento mais forte
para a construção de usinas é a
geração de energia limpa, oriunda da força das quedas d’água
nas barragens. A abundância
de rios de planalto, propícia para tal prática, e a extrema
necessidade do uso de energia
configuram a construção de barragens no país. Na Figura 13,
encontra-se a Barragem de Itaipu, maior do mundo em geração de potência, localizada na
divisa das fronteiras do Brasil, Figura 12. Rio Tietê em São Paulo – 2009
Disponível em: <http://eco4planet.uol.com.br/blog/2009/02/a-poluicaoArgentina e Paraguai.
ameaca-nossos-oceanos/>. Acesso em: 18 nov.2011.
Figura 13. Usina de Itaipu.
Disponível em:
www.brasilescola.com.
Acesso em: 18 nov. 2011.
68
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Geografia
EM
çã o
Porém, não se consideram as áreas desmatadas para a construção, nem a mudança
no ciclo natural da vazão dos rios, o assoreamento, a dinâmica da fauna e da flora, além de
desalojar diversas comunidades ribeirinhas. A Figura 14 mostra a distribuição das usinas hidrelétricas no Brasil. Atualmente, há uma tendência na utilização de energias limpas, provenientes da ação do sol e do vento, sendo que a Região Nordeste, principalmente o Estado
do Rio Grande do Norte, abriga um dos principais centros de geração de energia eólica do
Brasil.
Figura 14: Distribuição das usinas hidrelétricas e hidrométricas.
Disponível em: www.aneel.gov.br Acesso em: 18 nov. 2011.
69
Geografia EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Além das águas superficiais, o Brasil
possui 27 aquíferos, sendo um dos principais
o Guarani, com implicações geopolíticas presentes e futuras, 1,2 milhão de quilômetros
quadrados de área total, sendo que 70% ficam no subsolo do território brasileiro, sob
os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e
o restante localiza-se no Uruguai, Paraguai e
Argentina, como se observa na Figura 15.
Infelizmente até o momento, as explorações desse recurso são desordenadas e
exploratórias, com a perfuração de poços paFigura 15. Área do Aquífero Guarani
Disponível em: www.demae.com.br
ra uso urbano e a contaminação por resíduos
Acesso em: 18 nov. 2011.
químicos provenientes da prática da agricultura nas regiões onde ele se encontra. Em cidades do interior de São Paulo, como São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, dentre outras, há diversos poços artesianos abandonados
e abertos, aumentando os riscos e proporção da contaminação no subsolo.
Conhecimento em ação
Atualmente, os países onde se encontra o Aquífero traçam metas de exploração e
consumo sustentáveis, objetivando a compatibilidade com a reposição natural em áreas de
recarga através do ciclo natural hidrológico.
- Pontue a importância geopolítica do Aquífero Guarani, relacionando a disponibilidade
hídrica dos países do Mercosul, realizado anteriormente;
- Debata na sala de aula os resultados e a importância do aquífero.
Texto 3
Transposição do Rio São Francisco
Com o objetivo de levar água a regiões semiáridas do Nordeste brasileiro, o governo
federal consolidou o projeto polêmico de transposição do Rio São Francisco. Polêmico,
pois existem diversas críticas de vários setores sobre a obra, que já está em andamento:
políticos, ambientalistas, engenheiros, advogados, professores, religiosos, dentre outros,
temem que o ocorrido no Mar de Aral repita-se no Rio São Francisco. O projeto foi
aprovado, apesar de diversas manifestações populares, partidárias e de organizações não
governamentais. A resolução 47/2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), divide a obra nos Eixos Norte e Leste, conforme se visualiza na Figura 16. O
início das obras ocorreu em agosto de 2007, e seu término total está previsto para 2017.
70
Figura 17. Obra de transposição do Rio São Francisco
Disponível em: <http://futurodaagua.atarde.com.br> Acesso em: 18 nov. 2011.
71
EM
Geografia
Porém, a primeira proposta de transposição advém do ano de 1847, por
Dom Pedro II,
verificando as necessidades da região e do abastecimento para o cultivo da cana-deaçúcar.
Dentre os principais pontos de
discordância estão: a transposição
que afetará apenas 5% da região do
semiárido e, em contrapartida,
poderá afetar negativamente as
regiões a jusante da transposição,
diminuindo
a
vazão
e
o
abastecimento dessas áreas; na
visão de diversos críticos, para que
a região se desenvolva, não é
Figura 16. Obras de transposição do Rio São Francisco
Disponível em: <http://democraciapolitica.blogspot.com>
necessária a transposição, mas a
Acesso em: 18 nov. 2011.
criação de políticas que realmente
contemplem as necessidades das pessoas afetadas, pois os açudes são suficientes para o
consumo e pequenas irrigações; o problema da transposição está no fato de que aqueles
que mais se utilizarão da água não são os mais necessitados, que vivem em pequenas comunidades pobres, mas os grandes fazendeiros e empresários, que utilizarão a água para
agroindústrias, irrigação e a carcinicultura, beneficiando seus anseios.
As obras de transposição já avançam em diversas áreas e, em 2012, já se prevê
algum projeto piloto de implantação em algumas cidades do Nordeste. A ligação do rio com
o seu canal artificial, já está prestes a ocorrer, como se observa na Figura 17.
çã o
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
A defesa do governo está baseada no volume de água que será transposta (apenas
1%) e no fato de que apenas o excedente do uso da água será destinado à irrigação e a
agroindústrias, atendendo a 9 milhões de pessoas que vivem nessa região, assim como
transformando os rios intermitentes em perenes.
Geografia EM
ção
Conhecimento em ação
Realize um debate/mesa redonda onde um grupo defenda os pontos positivos da
transposição e outro, os negativos, de acordo com as perspectivas sociais, econômicas e
ambientais dos locais, considerando sua abrangência, importância, investimento e retorno.
Orientações:
- formar 2 grupos na sala e indicar um intermediador do debate (aluno ou professor). Fazer
perguntas como se fosse um programa de auditório, buscando estimular o debate ou
sanar dúvidas. Caso existam muitos alunos, os restantes podem ser os expectadores;
- cada grupo irá estudar e defender uma ideia sobre a transposição do Rio São Francisco,
através de livros, revistas, entrevistas, opiniões, estudos e relatórios de impactos
ambientais (EIA/RIMA). Uma sugestão é consultar o site:
<http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/rima.asp>;
- deve-se apresentar os motivos das escolhas de cada ideia, levando em consideração os
aspectos sociais, ambientais e econômicos, além de exemplos de outras transposições
que ocorreram no mundo, demonstrando em sala de aula.
Siga antenado
De acordo com o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da obra, 70% das águas atenderão
a irrigação, 26% as indústrias e 4% as residências. Ainda nesse relatório, foram elencados 44
impactos ambientais (positivos e negativos), que se encontram no link para pesquisa: http://
www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/rima.asp.
Para análise do RIMA, solicitar auxílio do professor de Língua Portuguesa e/ou redação,
juntamente com o de Geografia. Pesquise, também, no site: http://www.integracao.gov.br/
saofrancisco/integracao/rima.asp;
Sobre a construção dos canais artificiais, verificar no caderno de Matemática os itens 2
(Canais pelo mundo) e 3 (Condução da água e suas classificações), compreendendo a
relação direta entre Geografia e Matemática.
72
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Texto 4
Siga antenado
Sobre as algarobas:
<http://www.cpatsa.embrapa.br/imprensa/noticias/projeto-da-embrapa-vai-definirmanejo-para-evitar-invasao-da-algaroba-no-ambiente-semi-arido/>
<http://www.ct.ufpb.br/laboratorios/lpfd/index.php?
option=com_content&view=article&id=50&Itemid=68>
73
EM
Geografia
A Bahia possui importantes bacias hidrográficas (Figura 18) e, embora quase 70% de
sua área seja considerada semiárida, a disponibilidade média de água é suficiente para os
seus atuais 13 milhões de habitantes. Isso ocorre porque as áreas de nascente dos principais
rios da Bahia são áreas de altitude elevadas, a exemplo do Rio São Francisco, que se situa na
Serra da Canastra, em Minas Gerais; dos Rios Paraguaçu, Contas, Itapicuru e Jacuípe, em
diferentes setores da Chapada Diamantina, na área central do Estado da Bahia; dos Rios
Pardo, Corrente, Formosa, Grande e de Ondas, no Espigão Mestre ou Chapadão Ocidental do
São Francisco, no Oeste do Estado, já na divisa com os Estados de Tocantins e Goiás. Esse
fato faz com que a maioria desses rios sejam perenes, mesmo atravessando imensas áreas
semiáridas, onde o comum seria a
ocorrência de rios intermitentes.
Entretanto, é preciso destacar
que a retirada das matas ciliares, o
assoreamento dos leitos dos rios, o uso
da água para irrigação, o lançamento
de lixo e dejetos nas águas e áreas
próximas aos rios são impactos que
ameaçam diversas atividades como a
navegação, o uso das águas por
diversas famílias que ainda não
possuem sistema de abastecimento
com água encanada pela Empresa
Baiana de Saneamento (EMBASA). Há
ainda a questão da manutenção da
flora e fauna locais, que possuem
inestimável valor, seja para pesquisas
futuras, seja como bem público.
Algumas pesquisas têm demonstrado
que, em algumas áreas da Bahia as
matas ciliares vêm sendo substituídas
por plantações de algarobas (Prosopis
juliflora), o que significa grande perda
ambiental de espécies e ecossistemas
Figura 18. Rede hidrográfica da Bahia
Fonte: Silva (2008, p. 63).
locais (ARAÚJO, 2010).
çã o
Disponibilidade hídrica na Bahia
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Texto 5
Geografia EM
ção
Problemas socioambientais urbanos e a água
A água é elemento fundamental à
vida no planeta e tem um papel de destaque para o bem-estar das diferentes sociedades no mundo, entretanto, diversos
países têm enfrentado problemas com a
disponibilidade da água, que não deve ser
menor que mil metros cúbicos por habitante ao ano.
Contudo, estima-se que
haverá sérios
problemas com relação
à disponibilidade de água em 56 países
em 2025, que atingirá 817 milhões de
pessoas (SHIVA, 2006).
O declínio da água disponível à
Figura 19. Distribuição do uso da água no Brasil
Disponível em: http://aguaeseusbeneficios.blogspot.com/
humanidade não é resultado apenas do
p/graficos-e-estatisticas-do-consumo-de.html
aumento da população, mas sim, do uso
excessivo por atividades agrícolas e
industriais e não apenas pelo desperdício doméstico (SHIVA, 2006) como defendem os
que possuem uma visão simplista da questão. Observe o gráfico que demonstra a
distribuição percentual dos usos da água no Brasil e note que apenas 11% da água é
destinado ao uso urbano. (Figura 19).
Embora o uso doméstico das águas nas cidades não represente a maior parte do tipo
de uso que se faz da água no Brasil, é preciso pensar seriamente sobre a forma como
cada pessoa utiliza a água potável que lhe é destinada, independentemente da relação de
consumo que possa ser estabelecida: a água é um bem público e não é porque alguém
pode pagar mais pela sua conta de água que está autorizado por essa sociedade a
desperdiçá-la. É preciso que tenhamos cada vez mais consciência sobre o nosso papel na
construção de uma sociedade mais justa e não apenas na força do dinheiro (SANTOS,
2000).
Nas cidades, um dos grandes problemas relacionados à água é a poluição dos rios e
do lençol freático (água subterrânea), devido ao lançamento de diversos tipos de
contaminantes e lixo. Sempre que pesquisadores procuram conhecer a história das
cidades brasileiras e investigam como era a antiga paisagem do sítio urbano, é comum
constatarem e ouvirem relatos: “aqui tinha um rio, agora é um canal de esgoto que corre
por baixo ou ao lado do asfalto”; “ali tinha uma mata fechada...”, “aqui tinha uma lagoa,
agora é uma área de habitações construídas em condições precárias de habitação.”
O crescimento da urbanização e da industrialização demandará mais água para o
consumo. O preço do desenvolvimento econômico passa pela construção de mais usinas
hidrelétricas, alterando o fluxo, a vazão, os ecossistemas e as sociedades ribeirinhas. Será
que o preço cobrado pelo desenvolvimento é justo com o ambiente?
74
sendo debatidas (Figura 21).
Figura 20. Ilhas verdes em Guarulhos – SP
Disponível em: <http://www2.imovelweb.com.br/noticias/
r7/mercado-imobiliario/Em-Guarulhos,-avanca-o-combateas-ilhas-de-calor.aspx.>
Figura 21. Telhado Ecológico
Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/
uploads/2010/06/telhado-ecologico1.jpg>
75
EM
Geografia
Muitas vezes, em nome do “progresso”, os Poderes Públicos fazem grandes projetos
urbanos sem grandes preocupações com as questões ambientais; contudo, os mandatos
de prefeitos passam a cada quatro anos, mas as consequências de suas ações serão
sentidas pela população durante muito tempo. Normalmente, não se faz projetos para a
cidade, mas para o prefeito, apenas durante o seu mandato, e quando há troca política, os
projetos não são mantidos.
Decorrente de uma série de ações equivocadas, hoje, muitas cidades brasileiras
enfrentam o problema da ilha de calor no ambiente urbano, devido à verticalização das
construções e mudança na direção dos ventos, à pavimentação asfáltica - de cor preta, que
absorve mais calor -, à retirada das árvores para dar lugar às ruas e avenidas, ao calor
resultante da descarga dos automóveis e da aglomeração humana, formando-se áreas que
possuem temperaturas muito superiores às de áreas próximas onde esses fatores não
foram adicionados, a exemplo de bairros periféricos não verticalizados, de ruas largas, com
calçamento e arborizadas. É importante atentar para o fato de que na Bahia, cidades que
vêm crescendo muito rápido nas últimas décadas e sem um planejamento urbano
adequado, já enfrentam problemas com a ilha de calor e, mesmo cidades pequenas,
especialmente as do semiárido baiano (que correspondem a quase 70% da área total do
estado), devem investir na arborização urbana para diminuir o calor forte.
Na cidade de Guarulhos, em São Paulo, há uma projeto chamado ‘Ilha Verde’ (Figura
20), em que se tem buscado o plantio de milhares de mudas de árvores, cujos efeitos
serão sentidos em longo prazo, especialmente nas áreas onde já existe a incidência das
ilhas de calor.
A consulta a especialistas ou a observação no local sobre espécies que deram certo
são fundamentais para que se comece um projeto desse tipo porque é preciso que as
mudas plantadas sejam indicadas para cada tipo de clima e área, para que no futuro não
tenham que ser cortadas, porque as raízes expandem-se para áreas indesejadas ou ainda
porque não possuem tamanhos adequados. Alternativas, como o telhado ecológico, vêm
çã o
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
As chuvas ácidas são um problema que resulta da emissão de gases tóxicos na
atmosfera e que, ao misturar-se com o vapor de água presente nas nuvens, acidificam a
água da chuva, cujas consequências são as corrosões de superfícies e a inapropriação
da água para consumo e para reservatórios. Não é incomum nas cidades brasileiras que
as áreas industriais sejam alocadas sem que seja feito um estudo de impacto ambiental
rigoroso, localizando os centros industriais em áreas onde a circulação geral da
atmosfera leve o ar poluído para áreas desabitadas. Pelo contrário, há centros industriais
que, mesmo distantes das cidades, têm seus poluentes atmosféricos transportados paras
as áreas habitacionais, causando transtornos à população. A Figura 22 demonstra como
as mudanças impostas ao sistema natural têm produzido sérios problemas ambientais, a
exemplo das chuvas ácidas e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas.
Geografia EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Figura 22. Mudanças no ciclo hidrológico
Disponível em: http://saa-ambiente.agrinov.wikispaces.net/file/view/Figura16.jpg/87180447/Figura16.jpg
76
77
EM
verificar na Figura 23.
O assoreamento, com a deposição de lixo em rios e córregos, além de
suas margens, a canalização, com a
ocupação e transformação do solo, impermeabilizando-o, ocasionarão inundações muito comuns em períodos chuvosos em cidades onde essas práticas
ocorrem, como é o caso da ocupação
das margens do Rio Tietê, em São Paulo, causando diversos transtornos à população. Mas vale lembrar que tais ocorrências manifestam-se devido à
Figura 23. Leito seco do Rio Jacuípe - Bahia.
Fonte: Araújo, 2010, p.55
implantação irregular da habitação e
indústrias em áreas de várzea, além dos
resíduos sólidos e líquidos lançados nos rios.
O lixo passa a ser um problema ambiental e social, uma vez que a sociedade
consumista intensifica cada vez mais sua destinação, sem nenhum constrangimento, em
rios e nas cidades. Isso reflete a cultura de um povo. As empresas também atuam
diretamente nesse ponto, pois incentivam o consumo de alimentos e produtos em grande
quantidade e embalagens não recicláveis, não degradáveis e sem possibilidade de reuso.
É necessário remodelar uma sociedade com características consumistas e a prática de
empresas em aumentar a concentração de lixo nas cidades.
O Poder Público tenta oferecer um destino a esse lixo, mas ainda é incipiente e
problemática a questão da sua deposição final no Brasil. Em aterros controlados ou não,
depois de inutilizados tornam-se áreas de instabilidade, devido ao assentamento de
camadas do lixo e à emissão do gás metano, principalmente, levando pessoas a buscarem
sua sobrevivência nesses lixões a céu aberto.
Outro problema com a água em áreas urbanas e também rurais é a eutrofização das
águas, que corresponde a um processo antrópico de aumento na quantidade de nutrientes,
Geografia
O descuido em relação aos rios urbanos, em muitas cidades do mundo, provocou
sérias consequências: a retirada da mata ciliar expõe as margens dos rios à erosão e
consequente deposição dos sedimentos no leito, fazendo com que o canal fluvial torne-se
mais largo, processo denominado assoreamento; isso faz com que a área inundável pelo
rio seja cada vez maior, o que aumenta o risco de enchentes nas cidades. De forma
semelhante, as obras de canalização dos rios provocam um fluxo de água muito veloz e,
em caso de chuvas abundantes, pode haver transbordamento do canal. Portanto, as
inundações que têm provocado verdadeiras catástrofes no Brasil, não resultam de
problemas com o excesso de chuva, não são culpa da natureza... São, em verdade, o
resultado do processo de ocupação das bacias de inundação de rios e riachos, sem
nenhum planejamento urbano ou regulamentação dos órgãos públicos, que deveriam
cuidar do ordenamento territorial evitando esses problemas. Em alguns rios, o
assoreamento é total, como pode se
çã o
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Geografia EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
principalmente de nitratos e fosfatos. A eutrofização é ocasionada pelo despejo de adubos,
fertilizantes, detergentes e esgotos domésticos sem tratamento, formando uma camada
microscópica de minerais na superfície, estimulando o aparecimento de algas, impedindo a
entrada de raios solares e impossibilitando a fotossíntese de espécies vegetais presentes
no fundo dos rios. Isso ocasiona a morte
de diversos tipos de algas e o aumento
do consumo de oxigênio por esses organismos, levando a uma perda de oxigenação dos rios, impossibilitando a vida
de animais aquáticos, como pode se observar na Figura 24, exemplificado no
Rio Cachoeira em Itabuna.
É importante ainda pensarmos sobre a paisagem urbana a que temos acesso
diariamente. Afinal é muito melhor transitar por uma cidade em que os
Figura 24: Eutrofização das águas no Rio Cachoeira, em
rios possuem orlas bonitas, margens
Itabuna - BA.
Fonte: Tomazoni, 02/07/2011. Arquivo Pessoal.
conservadas, agradáveis, do que por
vias em que ele foi transformado num
esgoto a céu aberto. Além disso, a legislação brasileira prevê que as matas ciliares devem ser mantidas. Observe que, se a lei fosse respeitada, na cidade e no campo, nossos
rios não estariam na situação em que estão.
As cidades podem ser mais bem planejadas (SOUZA, 2006), mas, para que isso aconteça é preciso que tenhamos governantes mais empenhados em promover o bem-estar
da população e esta aprender a reivindicar o seu direito à cidade, à cidadania (SILVA,
2003); é necessário entender o espaço urbano como promotor de vida e felicidade de milhares de pessoas, independentemente de sua condição social. A cidade precisa ser agradável para todos e não apenas para os que podem se autossegregar em condomínios. Na
Bahia, é imprescindível que todos queiram participar dos processos de tomada de decisão;
a sociedade tem que ser convocada a opinar sobre as questões que influenciam a vida de
todos.
Conhecimento em ação
Fazer uma pesquisa sobre as leis ambientais, sobre a largura da mata ciliar de rios,
lagos, morros e observar se tais leis são aplicadas em sua cidade ou região.
Orientação: Formar grupos para pesquisar as leis ambientais sobre:
- largura da mata ciliar em diferentes locais (rios, lagos, topos de montanhas, entre outros);
- verificar se tais leis são cumpridas em seu município, através de fotos tiradas nos locais;
- apresentar o resultado em sala de aula, verificando quais ações poderiam ser tomadas
para evitar ou corrigir os problemas apresentados.
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Glossário
antrópico: pertencente ou relativo ao homem
ou ao período de existência do homem na Terra.
assoreamento: amontoação de areias ou de
terras, causada por enchentes ou por construções.
aquíferos: uma formação ou grupos de
formação que podem armazenar água
subterrânea. São rochas porosas e
permeáveis, capazes de reter água e de cedêla.
79
eutrofização: fenômeno causado pelo
excesso de nutrientes (compostos
químicos ricos em fósforo ou nitrogênio)
numa massa de água, provocando um
aumento excessivo de algas.
lençol freático: (do grego phréar + atos,
significa "reservatório de água", "cisterna")
nome dado à superfície que delimita a
zona de saturação da zona de aeração,
abaixo da qual a água subterrânea
preenche todos os espaços porosos e
permeáveis das rochas ou dos solos ou
ainda de ambos ao mesmo tempo .
EM
Geografia
Investigue a história de sua cidade ou povoado: reúna fotografias antigas e atuais,
relatos de moradores antigos, recortes de jornal e vários materiais que lhe ajudem a
identificar as mudanças que foram impostas à paisagem original da área em que hoje
está a cidade. Faça uma análise crítica do processo de evolução urbana: a qualidade
ambiental na sua cidade é boa?
Orientação:
Formar grupos para:
- Pesquisar a história de sua cidade, através de livros, textos, fotos;
- Verificar quais foram as principais áreas desmatadas em sua cidade no decorrer do
processo de ocupação e urbanização;
- Se você fosse um geógrafo especialista em planejamento urbano, que sugestões daria
para tornar a sua cidade um espaço com melhor qualidade de vida? Fazer isso
pontuando os principais problemas encontrados ao longo dos anos em sua cidade e as
possíveis soluções, considerando o Poder Público, as leis e a sociedade;
- Apresentar os resultados finais de sua pesquisa para a sala de aula, juntamente com o
convite a um morador antigo ou pesquisador para falar sobre a história e as mudanças
nas paisagens da cidade em sua sala de aula.
çã o
Conhecimento em ação
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De olho no ENEM
ção
Questão 01
A falta de água doce no planeta será, possivelmente, um dos mais graves problemas deste século.
Prevê-se que, nos próximos vinte anos, a quantidade de água doce disponível para cada habitante
será drasticamente reduzida. Por meio de seus diferentes usos e consumos, as atividades humanas
interferem no ciclo da água, alterando:
(A) a quantidade total, mas não a qualidade da água disponível no planeta.
(B) a qualidade da água e sua quantidade disponível para o consumo das populações.
(C) a qualidade da água disponível, apenas no subsolo terrestre.
(D) apenas a disponibilidade de água superficial existente nos rios e lagos.
(E) o regime de chuvas, mas não a quantidade de água disponível no planeta.
Geografia EM
Questão 02
Considerando a riqueza dos recursos hídricos brasileiros, uma grave crise de água em nosso país
poderia ser motivada por:
(A) reduzida área de solos agricultáveis.
(B) ausência de reservas de águas subterrâneas.
(C) escassez de rios e de grandes bacias hidrográficas.
(D) falta de tecnologia para retirar o sal da água do mar.
(E) degradação dos mananciais e desperdício no consumo.
Referências
ARAUJO, Oriana. Médio curso da bacia do Rio Jacuípe, Bahia: proposta metodológica para
estimativa de susceptibilidade à degradação ambiental. Feira de Santana: PPGM/UEFS, 2010.
(Dissertação de mestrado).
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio
de Janeiro: Record. 2000.
SHIVA, Vandana. Guerras por água. Privatização, poluição e lucro. São Paulo: Radical Livros,
2006.
SILVA, Onildo Araujo da. Recursos hídricos, ação do estado e reordenação territorial: o processo
de implantação da barragem e do distrito de irrigação de ponto novo no estado da Bahia Brasil. Tese de Doutorado. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela,
2008.
SILVA, José Borzacchiello da. Estatuto da cidade versus estatuto de cidade: eis a questão. In:
CARLOS, Ana Fani Alessandri e LEMOS Amália Inês Geraiges. Dilemas urbanos: novas
abordagens sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2003.
SOUZA, Marcelo Lopes de. A prisão e a ágora: reflexões em torno da democratização do
planejamento e da gestão das cidades. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2008.
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Biologia
Sérgio Augusto Coelho de Souza,
Marcos André Vannier dos Santos e Marcia Rodrigues Pereira
Apresentação
Hoje em dia sabemos que a água que consumimos é a mesma que está presente na
Terra há milhares de anos. Isso se deve ao ciclo da água e aos estados físicos em que ela
pode ser encontrada no ambiente de nosso planeta.
Logo, a água é um recurso, não vivo, ou fator abiótico, fundamental para a existência
e sobrevivência dos seres vivos, ou fator biótico, no nosso planeta. Essa interação entre
fatores abióticos e bióticos é estudada pela ciência da Ecologia, palavra que significa [Gr.
οἶ ος Oikos – casa + ογία logos - estudo] estudo da casa.
E que casa é essa? É o nosso mundo, não apenas o universo e o planeta Terra,
mas, principalmente, a nossa cidade, bairro, escola e casa. E como podemos preservar o
nosso mundo?
Um bom começo será cuidar da água presente em nosso entorno, evitando sua
contaminação e desperdício, já que ela é fundamental para a nossa vida e para a
manutenção da biodiversidade. Mas será que essa biodiversidade é mesmo importante?
Esse é um debate muito atual entre ecólogos de todo mundo e tentaremos aprofundar essa
discussão neste Caderno abordando o funcionamento dos ecossistemas!
Texto 1
Meio Ambiente: Universo água - Caminhando juntos
O uso sustentável da água é um desafio do mundo atual que precisa ser rapidamente
incorporado por nossa sociedade. Isso porque já sabemos que a forma como a utilizamos
interfere, direta e indiretamente, no seu ciclo.
Alguns exemplos dessa interferência não necessariamente refletem-se sobre o
ambiente em que vivemos, como, por exemplo, o fenômeno da chuva ácida, mais comum
em áreas muito industrializadas. Também é comum vermos noticiários sobre o
derretimento das calotas polares.
Entretanto, outros fenômenos como as secas, as enchentes e a perda de
biodiversidade devido à contaminação dos recursos hídricos são facilmente observáveis no
local onde vivemos. Assim, quando estudamos a água no nosso ambiente próximo,
podemos ver que a qualidade do seu ciclo está associada à manutenção da qualidade
ambiental e da biodiversidade.
A criação de um dia internacional da água já demonstra a preocupação de órgãos
governamentais e sociedade civil na preservação desse recurso natural essencial.
Exatamente nesta data, i.e, 22 de março, foi divulgada uma pesquisa sobre a qualidade da
água.
83
Biologia
EM
ção
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
em dezenas de rios de diferentes estados
brasileiros. A maioria deles tem suas águas
caracterizadas como “regulares” ou “ruins”. A
pior colocação coube a um rio da Bahia, o rio
Itapicuru Mirim, em Jacobina, chamada a
“princesinha do sertão” que não apenas sofre
com o assoreamento, mas apresenta as
águas com a pior qualidade, e
consequentemente, maior poluição e lixo.
Alguns fatores que podem afetar o ciclo
da água são: i) a irradiação solar; ii) os tipos e
os usos do solo e, iii) as práticas humanas de
alteração da paisagem em geral como o
desmatamento, as edificações, o lançamento
de esgotos e de lixo, a drenagem de áreas
alagadas ou a irrigação de áreas secas.
Tais práticas podem inclusive afetar a
nossa saúde, através dos componentes
bióticos e abióticos que estão presentes na
água que bebemos. Portanto, em um contexto
ecossistêmico, a qualidade da água também
pode afetar a biodiversidade local e, assim, o
funcionamento desse mesmo ecossistema.
Na Figura 1a, temos uma imagem
indicando, entre outras, as áreas semiáridas
no Nordeste do Brasil. Na Figura 1b, a
imagem de terreno desertificado foi utilizada
em um cartaz sobre o estudo da
desertificação no Estado da Bahia.
Observe a extensão desse tipo de área
no Estado da Bahia e reflita sobre a influência
que tem a escassez de água sobre a
biodiversidade de um ecossistema e como
pode
afetar
o
desenvolvimento
socioeconômico regional. Isso pode ser
abordado com os professores de Biologia,
Geografia, História e Sociologia.
O uso de cisternas para a captação de
água tem sido bastante incentivado no Brasil,
especialmente em regiões mais áridas, como
as existentes no Nordeste brasileiro, sendo
uma iniciativa particularmente importante na
Bahia (Figuras 1a e 1b).
84
Figura 1a. Mapa destacando as áreas áridas e secas do
Nordeste brasileiro.
Disponível em: www.fapepi.pi.gov.br
Acesso em: 15 mar.2012
Figura 1b. Cartaz do I Seminário sobre mudanças
climáticas e desertificação na Bahia.
Disponível em: www.mp.ba.gov.br
Acesso em: 15 mar.2012
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85
EM
Biologia
Afinal, como é o funcionamento de um ecossistema? Sabemos que determinados
organismos têm funções próprias em um ambiente. Por exemplo, as plantas fazem
fotossíntese, os herbívoros ingerem essas plantas e os carnívoros ingerem os herbívoros. Sem
falar nos onívoros que ingerem plantas e animais! As fezes dos herbívoros e carnívoros, assim
como os restos de todos os seres vivos são processados por decompositores, bactérias e
fungos, que retornam o gás carbônico e o vapor d’água para a atmosfera e a água líquida e os
nutrientes minerais ao solo.
O gás carbônico e esses nutrientes minerais retornarão às plantas: o primeiro através
das folhas, a água e os minerais presentes no solo através das raízes, contribuindo para a
síntese de biomassa e para o trânsito de energia iniciado através do processo fotossintético.
Entretanto, cada planta terá maior ou menor facilidade em absorver nutrientes e água em
função do tipo de solo, clima, ou mesmo devido à pressão de consumo feita pelos herbívoros
da área.
Da mesma forma, herbívoros consumirão determinados tipos de plantas e cada predador
carnívoro terá um determinado número de espécies como presas. Isso mostra que cada
espécie que faz parte de um dado ecossistema contribui com suas diferentes formas de
sobrevivência para compor o quadro geral da sua comunidade, havendo ou não aspectos
coincidentes nas características de sobrevivência de cada espécie em relação às outras. Isso
mostra a importância da discussão sobre o papel da biodiversidade na manutenção da riqueza
de processos em um determinado ecossistema.
Assim, a alteração dos fatores que regem a composição das espécies poderá influenciar
os processos que ocorrem em um dado ecossistema. Um exemplo é a qualidade da água: ao
mudar suas características físico-químicas pode-se alterar a composição biológica do sistema,
extinguindo ou aumentando a população de uma determinada espécie. Isso alterará a
comunidade do local e, possivelmente, as características desse ecossistema.
A contaminação da água do mar por fertilizantes, dejetos industriais e esgotos
domésticos pode promover a proliferação exacerbada de micro-organismos como algas
pirrófitas, que podem produzir toxinas, como vem ocorrendo, com frequência, na China, país
que reúne algumas das cidades mais poluídas do planeta.
Essas toxinas provocam a mortandade de toneladas de peixe e intoxicam pessoas no
litoral, comprometendo significativamente, atividades pesqueiras e turísticas. Dessa forma, o
uso não planejado de recursos naturais pode prejudicar a geração de renda, mesmo em
atividades com sustentabilidade.
Na região litorânea da Bahia, por exemplo (Costa do Coco), eventualmente são
verificadas florações ou marés vermelhas, nas quais esses micro-organismos produzem
toxinas, que são disseminadas via aerossóis (spray) pelo vento, ameaçando a saúde de
residentes e turistas. Você acha que isso ocorre naturalmente ou por razões antrópicas?
Em função disso, curiosamente, existem ao menos seis rios denominados “Rio
Vermelho” (além do Mar Vermelho e da Lagoa Vermelha), bem como um município em Minas
Gerais e um bairro (em Salvador - BA), mencionado no livro “A Casa do Rio Vermelho” de
Jorge Amado (que residia no bairro). A principal razão para tais denominações parece ser o
crescimento de microalgas. Essa questão pode ser discutida reunindo professores de Biologia,
História e Geografia.
Será que poderemos observar alguma dessas possíveis mudanças no meio ambiente?
Tentaremos através das práticas propostas neste Caderno!
Primeiramente, vamos procurar observar o ciclo da água em um sistema fechado e, ao
mesmo tempo, como a presença de luz pode influenciar, entre outros fatores, nessa ciclagem
da água.
ção
Zoom na informação
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Conhecimento em ação
A presença de água é fundamental para a constituição e para o funcionamento dos
seres vivos; e a luz é essencial ao funcionamento do conjunto de organismos produtores
de matéria orgânica que realizam o processo da fotossíntese.
Ciclo e reciclagem da água
Para visualizarmos a importância da água em um ecossistema, podemos observar um
sistema que nós mesmos possamos criar. Para isso, basta inventarmos um sistema
fechado e, a partir dele, refletirmos sobre a importância da água no sistema aberto em que
vivemos.
Pergunta: Como variam as características das plantas em um sistema fechado na presença
e na ausência de luz?
Materiais: Seis potes de vidro transparentes, incolores, grandes, iguais ou seis garrafas
plásticas transparentes incolores de dois litros ou mais, com tampa, iguais; pedrinhas
pequenas; terra para plantar; plantas pequenas e uma medida padrão de água.
Observação: Depois da atividade concluída, os potes/garrafas poderiam integrar outra
atividade. Por exemplo, um terrário e servir de experimento para outras disciplinas.
Biologia
EM
ção
Metodologia
Abra o vidro ou faça um corte parcial com extensão de aproximadamente 80% da circunferência da garrafa, a oito ou dez centímetros abaixo da tampa (muito cuidado para não se cortar). A
parte não cortada funcionará como uma dobradiça.
Ponha as pedras no fundo do recipiente. Adicione terra para plantar e, se possível, composto
orgânico (pode ser pó de café usado).
Coloque algumas pequenas plantas que se encontrem dentro ou no entorno da sua escola e
adicione uma medida padrão de água, compatível com o tamanho do recipiente em uso. Seu
professor(a) poderá auxiliar na decisão sobre a quantidade conveniente de água a ser adicionada. Faça seis potes iguais.
Feche os potes ou as garrafas e coloque três deles em locais com incidência de luz e três na
sombra, ou seja, sem nenhuma incidência de luz em qualquer hora do dia.
Observe seus potes durante duas semanas e anote:
I) se houve presença de água nas paredes do recipiente;
II) quais plantas desenvolveram-se mais e suas cores;
III) meça as plantas e dê categorias de cor a elas.
Refletindo...
a)De posse de suas observações, como você apresentaria seus resultados? Podem ser
apresentados em gráficos ou tabelas? Havendo dificuldades, peça o auxílio aos seus
professores de Matemática ou Física.
b) Quais pontos você, sua turma e seu professor (a) destacariam na discussão sobre os
seus achados?
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c) Lembrando que você simulou um sistema fechado, aponte, com relação ao ciclo da
água, quais fatores devem ser considerados nesse ciclo na natureza (Figura 2).
Figura 2. Ciclo da água na natureza
Disponível em: http:// www.sigam.ambiente.sp.gov.br Acesso em: 15 mar. 2012
A Figura acima mostra a captação (percolação) e acúmulo de água subterrânea, que
pode ser obtida com a construção de poços. Também podemos observar uma importante
contribuição dada pela água da chuva (precipitação). Você poderia imaginar alguma forma
de coletar essa água da chuva para aproveitamento na sua casa, escola ou cidade?
Zoom na informação
87
EM
Biologia
A questão do uso da água é amplamente debatida em muitos locais. Uma alternativa que se tem
encontrado é justamente aproveitar a sua ciclagem natural. Para isso, sistemas de captação de água da
chuva têm sido construídos em distintos locais. Esse sistema é, na realidade, tão simples, que os nativos
da América Latina já o utilizavam antes da chegada dos europeus em nosso continente.
Além de maias e incas, esses sistemas foram desenvolvidos na Antiguidade, na Mesopotâmia,
China, Grécia, Roma, Palestina etc. Ruínas romanas demonstram que eles já tinham saunas (a vapor
d’água), chafarizes, piscinas etc. Algumas ideias que parecem inovadoras, ao serem redescobertas,
tornam-se releituras de práticas há muito desenvolvidas.
Além da captação da água da chuva, havia a construção de aquedutos, que são canais,
subterrâneos ou expostos na superfície, que visam o transporte de água a partir de fontes, como
nascentes e rios distantes até as cidades.
Nenhuma civilização compara-se à romana no que se refere às obras hidráulicas e saneamento.
No século IV a.C. Roma já contava com 856 banhos públicos e 14 termas que consumiam
aproximadamente 750 milhões de litros de água por dia, distribuídos por uma rede com mais de 400 km
de extensão, conforme Liebmann (1979). Em 312 a.C., Appius Crassus construiu o primeiro aqueduto
romano, o Via Appia com 16,5 km de extensão; a partir daí, os aquedutos foram disseminados por todo
Império e construídos também na Alemanha, Itália, França, Espanha, Grécia, Ásia Menor e África do
Norte.
Os Arcos da Lapa no Rio de Janeiro são, na realidade, um aqueduto, como os que foram
construídos em Roma. Que tal localizar os locais citados, nos mapas antigos, e compará-los com os
atuais, tentando identificar a fonte e o destino da água? Os professores de História e Geografia poderão
ser de grande valia nessa empreitada!
A partir disso, você já pode imaginar como o conhecimento de técnicas para transporte e utilização
da água pode ter propiciado o desenvolvimento das cidades na Antiguidade e em épocas posteriores.
Essa questão pode ser discutida com os professores supracitados.
ção
Sistemas de captação de água
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Texto 2
A saúde reprodutiva, o saber tradicional e o mercado de trabalho
As Figuras 3 e 4 mostram dois exemplos de cisternas construídas ao lado das casas,
fundamentais ao fornecimento de água para as famílias moradoras desses locais, onde a
disponibilidade de água ao longo do ano é bastante pequena.
Biologia
EM
ção
Figura 3. Cisterna para coleta de água da chuva junto à casa.
Disponível em: http:\\www.piaui2008.pi.gov.br Acesso em: 15 mar. 2012
Figura 4. Cisterna para coleta de água da chuva. Observe os canos ligados à calha junto
ao telhado.
Disponível em: http:\\www.fomezero.gov.br Acesso em: 15 mar. 2012
Por outro lado, sabemos que a quantidade de chuva varia ao longo do ano e isso
pode alterar o volume de água armazenada no nosso reservatório. É o que chamamos de
pluviosidade e podemos construir um pluviômetro simplesmente utilizando um reservatório
marcado a cada centímetro, conforme sugerido por professores de outras disciplinas das
ciências exatas nos cadernos anteriores.
Quando chove, vemos quantos centímetros há de água no reservatório, o que nos
permite calcular o nível de chuva e o volume precipitado. Essas medidas podem ser
diárias, semanais, mensais ou mesmo anuais.
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e
sidad
Curio
EM
ção
Para construir um sistema de captação de água da chuva, como mostra a Figura 5, a seguir, basta escolher um telhado da sua escola ou da sua
casa e inserir um cano de PVC cortado. Coloque outro cano conectado ao
anterior, ligando-o com o reservatório a ser utilizado (por exemplo, uma caixa d’água).
Biologia
Figura 5. Sistema de captação da água da chuva.
Esquema de Patrícia Latuf Marba, uso autorizado.
Figura 6. Cisterna construída no lago
do Puruzinho (Humaitá-AM), Amazônia brasileira, a partir do esquema
mostrado na Figura 5.
Foto: Marcos André Vannier-Santos,
uso autorizado.
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Siga antenado
Hoje em dia, o uso de sistemas de captação da água da chuva é tão estimulado e
estudado que se encontram até trabalhos científicos na área. Um exemplo pode ser
encontrado na página da Internet (CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA NO LABORATÓRIO
DE ENGENHARIA AMBIENTAL; RAINWATER COLLECTION AT THE ENVIRONMENTAL
ENGINEERING LABORATORY; Camila Ferreira Tamiosso, Alan Lambert Jobim, Anderson
Veras Maciel e Pedro Daniel da Cunha Kemerich). Entretanto, muito outros podem ser
encontrados através das suas pesquisas na web e em livros.
Acesse: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000727.pdf>.
Conhecimento em ação
Mas será que a quantidade de chuva em um período de tempo influencia os seres
vivos e a interação entre eles? Convidamos, então, você para fazer uma pesquisa com
seus colegas de turma! Será que os novos achados ajudarão a desvendar o funcionamento
do ecossistema no entorno escolar? A partir desses achados, discuta com a turma sobre a
importância do ciclo da água nos processos ecológicos observados. Essa atividade ajudará
a compreender que os fatores bióticos e abióticos que determinam a vida e as interações
envolvendo os seres vivos fazem parte do cotidiano e que certos conceitos em Ecologia
são facilmente observáveis.
Biologia
EM
ção
Sabemos que existem diferenças climáticas entre o verão e o outono, estações que
se sucedem no primeiro bimestre do ano. Essas diferenças podem ser na quantidade de
chuva, na umidade do ar, ou mesmo, na intensidade do sol, fazendo a temperatura
ambiente variar.
Conhecimento em ação
Interações ecológicas e água
Pergunta: Qual a diferença no número de flores de uma determinada planta e de
seus animais visitantes, semanalmente, ao longo do bimestre? Para completar sua
observação, considere a relação entre as diferenças observadas, a pluviosidade semanal e
a umidade do solo.
Materiais:
Seus sentidos, caderno de anotações e lápis.
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Metodologia:
Escolha uma planta que dê flores durante o período de verão/outono e que seja
abundante no pátio ou no entorno da sua escola. Uma vez por semana, quantifique o
número de flores e conte quantos e quais bichos as visitam durante 10 minutos antes da
sua aula de Biologia. Construa um pluviômetro com garrafa plástica transparente, incolor e
anote os centímetros correspondentes ao nível da água dentro do recipiente ao longo da
semana. Meça a umidade do solo utilizando um pedaço de papel absorvente ou de papel
higiênico com tamanho padronizado. Para isso, deixe o papel no solo por um minuto e
depois quantifique a área do papel que ficou úmida. Você pode dar os valores por
proporção ou mesmo por peso, pesando o papel antes e depois de colocá-lo no solo.
Resultados:
Construa suas tabelas e gráficos de linha e apresente na aula sobre polinização.
Reflexão...
Reflexão para ação
a) E se você alterasse sua forma de medir os aspectos avaliados em relação à
época do ano, horário do dia e tipo de planta, o que poderia mudar?
b) Você tem alguma outra sugestão de como se medir a pluviosidade e a umidade do solo?
c) Qual a relação entre o número de flores e a quantidade e tipo de visitante?
d) Como a disponibilidade de água no ambiente pode interferir nessa interação?
e) A partir dos experimentos realizados, você acha que a contaminação da água está
afetando a saúde da população da sua cidade? E o crescimento econômico?
f) E as interações ecológicas? Alguma comunidade, população ou espécie no seu estado
está sob ameaça em função de problemas em relação à água?
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EM
Biologia
a) Qual a época que teve mais flores?
b) E visitantes?
c) Qual foi o visitante mais presente em frequência e número?
d) O visitante mais comum foi o mesmo ao longo do bimestre?
e) Houve relação entre o número de flores e a pluviosidade?
f) Se houve, qual foi ela?
g) E em relação à umidade do solo?
h) No caso dos visitantes, estes estiveram mais associados à pluviosidade ou à
umidade do solo?
i) Por que você acha que obteve esses resultados?
ção
Pontos de partida:
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dade
Até agora destacamos a importância da água não apenas para os humanos,
mas também para os outros seres vivos e suas interações ecológicas. Vimos
também que temos algumas alternativas de coleta de água, que pode ser da chuva
e de origem subterrânea, através de poços ou aquedutos.
Mas a água correspondente à umidade do ar também pode ser coletada, por exemplo, ao se depositar sobre sacos plásticos, como se faz no Peru. O saco plástico também é
utilizado para a coletar água que se precipita à noite, sob baixas temperaturas, sobre a
areia, nos desertos pelo mundo, escaldantes durante o dia e gelados durante a noite. Assim, o saco plástico, que muitas vezes representa um problema ambiental, pode ser reutilizado para suprir uma carência local (a água). Por outro lado, pergunte ao seu professor
(a) de Química, qual é o processo de elaboração de um saco plástico, quanto se gasta de
água nesse processo e qual é e deveria ser o destino dessa água industrial.
Caso nenhuma dessas formas de coleta seja viável na região em que você mora,
pesquise sobre possíveis alternativas de coleta de água ou use a criatividade de acordo
com essa realidade. Consideradas as ideias de coleta de água apresentadas, podemos
considerar que alguém teve que usar a imaginação para descobrir tais estratégias simples,
você concorda?
A água que coletamos pode servir para o banho, regar as plantas ou mesmo, após
as análises da sua qualidade ou seu tratamento, para beber. E é a manutenção dessa
qualidade que fará com que esse recurso mantenha-se potável e renovável para todos.
Entretanto, o que vem acontecendo ao longo dos anos é que a qualidade da água está
cada vez pior e sua disponibilidade para consumo começa a ficar preocupante.
Isso porque o ciclo da água está estritamente associado aos demais ciclos de
materiais, como os ciclos dos elementos oxigênio e carbono, de forma recíproca. E esses
ciclos estão estritamente relacionados ao fluxo de energia nos ecossistemas.
Assim, quando a natural limitação de recursos não compromete a manutenção dos
seres pertencentes a um dado ecossistema, os materiais e a energia fluem entre os seres
vivos, através do Ciclo Alimentar ou Cadeia Alimentar.
Biologia
EM
ção
i
Curios
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ade
Figura 8. Esquema representando o ciclo do carbono, com destaque
para a queima do carbono fóssil.
Disponível em: <http:\\www.forum.outerspace.terra.com.br>
Acesso: em 13 mar 2012.
93
EM
Biologia
Havendo contaminação dos seres
da cadeia por materiais tóxicos, que se
acumulam nos corpos dos seres vivos, a quantidade desses materiais retida no corpo dos
seres de cada nível da cadeia determinará o
índice de sua sobrevivência.
Ao longo da cadeia alimentar, com a
redução da energia disponível para os níveis
tróficos mais altos, os seres desses níveis tendem a consumir um máximo de presas, tornando o acúmulo de toxinas nos consumidores
cada vez maiores, levando a uma intoxicação
Figura 7. Ciclo de matéria e fluxo de energia na
natureza, através da Cadeia Alimentar.
que pode ser letal. Esse processo recebe o
Fonte: Cientific.com
nome de Magnificação Trófica.
Assim, a energia e o carbono fluem de um nível trófico a outro e, como a água, o carbono vai sendo ciclado no sistema, desde os produtores primários até os decompositores, retornando aos produtores primários. Tal como o fluxo de matéria, o de energia faz parte da evolução da vida na Terra.
Durante a longa história da vida em nosso planeta, houve alguns momentos de grande
mortandade dos seres vivos de então, conhecido como as grandes extinções. Você sabe
quando isso aconteceu? Qual a teoria aceita atualmente para explicar esses fenômenos?
Essa mortandade em massa dos seres vivos permitiu grande acúmulo de matéria, que
fossilizou, dando origem, entre outros, a um produto que hoje em dia é muito utilizado por nós,
humanos, o petróleo. E será que esse petróleo tem a ver com o saco plástico citado acima?
Esse fenômeno de mortandade em massa também deu origem ao que chamamos de
carbono fóssil (Figura 8). Esse tema é muito estudado não apenas por biólogos, mas também
por químicos, geólogos, geógrafos e muitos outros cientistas. Se você tiver acesso à Internet,
recomendamos a vídeo-aula indicada a seguir, além de buscar mais informações sobre a origem desses materiais. Mas,
caso não tenha, nada impede que você consulte os
livros e os profissionais da
área. Afinal de contas, seus
pais e avós não precisaram
desse recurso para adquirir
o conhecimento que
acumularam ao longo da
vida. O próprio Bill Gates
disse que seus filhos teriam
computadores, mas antes
teriam livros.
ção
sid
Curio
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Siga antenado
Vídeo sobre ciclos de materiais
Acesse: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/conteudo/exibir/id/94.
Texto 3
Biologia
EM
ção
O petróleo e os problemas ambientais
Assim como no caso da água, o uso do petróleo também não tem sido feito de uma
forma cuidadosa. A queima desses combustíveis fósseis tem resultado, inclusive, em mais
um problema ambiental, com a contaminação dos ambientes, tanto terrestres quanto
aquáticos.
Outro aspecto de importância é o de que a distribuição da riqueza também está
associada ao uso do petróleo. Por que será? Como o petróleo está associado ao valor de
uma mercadoria? E da mão de obra?
Refletindo mais profundamente, será que todos os que trabalham na indústria do
petróleo recebem a mesma “fatia do bolo”? Ou tem alguém recebendo mais que outro? A
que se deve isso?
Você acha que os problemas ambientais que vivemos hoje em dia estão associados
com os problemas sociais? Desafiamos você a juntar o que aprendeu nas aulas de
Português, Sociologia, História e Geografia para fazer uma crônica associando o meio
ambiente, os modos de produção do petróleo e a exploração do homem pelo homem. Você
acha que a descoberta do petróleo na camada pré-sal vai afetar a utilização desse recurso
natural e o meio ambiente? Debata a sua crônica e enriqueça o seu trabalho com a opinião
dos colegas da sua turma e com a dos professores de Biologia, Português, Química e
Sociologia.
Outra questão de grande importância, relativa ao modo como lidamos com o meio
ambiente, é a da extinção de espécies em função das modificações e usos impostos pela
humanidade sobre os ecossistemas. As espécies que correm maiores riscos de extinção
são, em muitos casos, aquelas que ocorrem em áreas específicas de uma dada região,
chamadas de espécies endêmicas.
Por sinal, existe alguma espécie que só existe na sua cidade, região, no Estado da
Bahia, ou no Brasil? Se sim, por que essa espécie só vive nesse ecossistema? E qual a
importância dela para o seu funcionamento?
Leia o texto a seguir para auxiliar na sua reflexão. Acreditamos que esse exemplo
permitirá a sua melhor compreensão sobre a importância do endemismo no planeta Terra.
Depois debata sobre a função das espécies endêmicas no funcionamento dos
ecossistemas em que são encontradas.
94
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Zoom na informação
(Não se detenha diante das palavras mais difíceis, tenha sempre seu dicionário ao lado!)
PROJETO FLORA DA BAHIA
Apresentação
O Estado da Bahia possui uma área de 567.295,3 km², representando cerca de 6,6% do território
brasileiro e aproximadamente 36,3% da região Nordestina. A Bahia possui uma boa representatividade de
quase todos os ecossistemas existentes no Brasil, sendo na porção mais ao Leste principalmente, Mata
Atlântica, Restingas, Mangues, Várzeas e Matas Mesófilas. Para o Oeste, o Semi-Árido ocupa mais de
50% do Estado e, aqui, ocorre incluindo uma grande diversidade de tipos de Caatingas, as Lagoas
Temporárias nas partes mais baixas, os Cerrados, diferentes tipos de Florestas (montanas, ciliares e
mesófilas) e os Campos Rupestres. Os três últimos tipos vegetacionais geralmente ocorrem como enclaves
no Bioma das Caatingas e geralmente associados à Chapada Diamantina. Bem a Oeste, há maior
continuidade do Cerrado que se liga com o Brasil Central, mas ocorre a permanência das Caatingas
inclusive com as Dunas do São Francisco.
Dos tipos de vegetação mencionados podem ser destacados a Mata Atlântica, Campos Rupestres e
Caatingas.
A Mata Atlântica do Leste da Bahia é considerada como importante centro de endemismo e alguns
exemplos são os gêneros Harleyodendron, Arapatiella e Brodriguesia (Leguminosae) (Lewis 1987),
Anomochloa, Alvimia, Criciuma, Eremocaulon, Sucrea, Diandrolyra e Eremitis (Gramineae) (Calderón &
Soderstrom,1980; Renvoize, 1984; Clark, 1990; Judziewicz et al., 1999; Oliveira, 2001) Andreadoxa
(Rutaceae) (Pirani, 1999). Alguns gêneros endêmicos da Bahia, tem predominância na mata atlântica
como Zomicarpa (Araceae) e Hornschuchia (Annonaceae).
Com tal diversidade de ecossistemas e uma flora espetacular, a Bahia tem hoje apenas 1,64% da área
do Estado conservada com proteção total, o que está muito abaixo da média do país. A estrutura de
conservação do Estado apesar de relacionar cerca de 5% como área protegida, tal proteção é formada
principalmente por APAs (37) as quais se associam 2 reservas biológicas, 3 estações ecológicas, 28
parques (nacionais, estaduais e municipais), 5 reservas ecológicas, 2 áreas de relevante interesse
ecológico, 1 floresta nacional, 1 monumento natural, 1 refúgio da vida silvestre, 2 reservas extrativistas e 49
reservas particulares do patrimônio natural (www.sei.ba.gov.br). Apesar do grande número de áreas de
proteção, grande parte delas foram criadas apenas por decreto, faltando regularização da situação
fundiária, plano de manejo, pessoal especializado e fiscalização adequada.
A diversidade de espécies vegetais na Bahia é extremamente alta, tendo sido estimada por Harley e Mayo
(1980) cerca de 10.000 espécies de Angiospermas.
Tal estimativa atualmente parece subestimada e um bom exemplo é a Flora do Pico das Almas
(Stannard, 1995) com 1123 táxons de plantas vasculares, dos quais 105 táxons (9,3%) descritos como
novos táxons. Assim uma estimativa atualizada sinalizaria para 12.000 espécies de Angiospermas para a
Bahia. Esta rica flora despertou o interesse de muitos visitantes desde o século XIX com plantas coletadas
por Karl von Martius, Maximilian von Wied Neuwied, Blanchet, F. Sellow e G. Gardner entre outros e
95
EM
Biologia
As Caatingas geralmente eram referidas como possuindo poucas espécies endêmicas. Porém Giulietti
et al. (2002) apresentaram mais de 300 espécies endêmicas do bioma e os gêneros Mcvaughia
(Malpighiaceae), Glischrothamnus (Molluginaceae), Rayleya (Sterculiaceae), Anamaria (Scrophulariaceae)
e Stephanocereus (Cactaceae) são gêneros restritos às caatingas. O gênero
monoespecífico Holoregmia (Martyniaceae) foi coletado e descrito em 1820 nos arredores de Jequié e só
foi recoletado em 2001 (Harley et al., 2003), mostrando o desconhecimento da flora do Estado.
ção
Os Campos Rupestres que ocorrem nas partes mais altas da Chapada Diamantina destacam-se pelo
grande número de novas espécies e endemismos, detectados em levantamentos florísticos mais amplos da
região de Mucugê (Harley & Simmons, 1986), Pico das Almas (Stannard, 1995) e Catolés (Zappi et al.
2003). Entre os gêneros endêmicos da Bahia e restritos a essa região, destacam-se vários da família
Asteraceae: Blanchetia, Bishopiella, Litothamnus e Santosia; além de vários gêneros que têm aí seu centro de
diversidade, como Marcetia (Melastomataceae), Eriope (Lamiaceae), Agrianthus (Asteraceae), Chamaecrista e
Calliandra (Leguminosae) (Souza 1999, Conceição et al., 2002; Giulietti & Pirani 1988).
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
usadas para a Flora Brasiliensis. Posteriormente, o interesse pela flora da Bahia foi demonstrado pelos
estudos de Ule e Luetzelburg no início de 1900, mas só a partir de 1971, através da viagem exploratória
realizada por Irwin e Colaboradores do New York Botanical Garden (NYBG) (Estados Unidos) e que contou
com a participação de Raymond Harley do Royal Botanic Gardens de Kew (Inglaterra) foi reforçado o
potencial da diversidade das plantas da Bahia. Visando uma futura Flora da Bahia, foram iniciados, através
da parceria entre o Herbário do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), sob a coordenação de André
Maurício de Carvalho e o Royal Botanic Gardens de Kew (RBGKew) (Inglaterra) coordenado por Raymond
Harley, expedições para várias regiões do Estado em 1974, 1978 e 1980, tendo o material coletado servido
de base para a lista preliminar para uma Flora da Bahia (Harley & Mayo 1980). Entre 1980 e 1982 trabalhou
no CEPEC o botânico americano Scott Mori, que deu uma grande contribuição aos trabalhos desenvolvidos
no herbário e realizou importantes coletas. A associação do herbário CEPEC com o New York Botanical
Garden permanece até hoje, principalmente relacionado aos estudos da Mata Atlântica. Atualmente, o
convênio é coordenado por André Amorim pelo lado brasileiro e por Wait Thomas pelo lado americano.
Desde 1972 o Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (IB-Botânica USP) realiza
estudos de levantamento da Flora da Serra do Cipó, na Serra do Espinhaço em Minas Gerais, onde se
destacam os campos rupestres em altitudes acima de 1.000m. Muitas famílias da flora já foram publicadas
no Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. A partir de 1980 esses estudos foram ampliados
para incluir outras áreas de campos rupestres de Minas Gerais, principalmente, Diamantina, Serra do
Ambrósio, Serra do Cabral e Grão Mogol (Pirani (ed.) 2003, 2004).
Biologia
EM
ção
Devido ao interesse das Instituições em ampliar os estudos para cobrir os campos rupestre da Cadeia do
Espinhaço em Minas Gerais (Serra do Espinhaço) e Bahia (Chapada Diamantina), houve a associação do
CEPEC, RBGKew, IB-Botânica USP, uma parceria que propiciou um grande número de coletas e o estudo
das montanhas de Minas Gerais e as mais altas da Bahia, através dos Projetos Pico das Almas (Stannard,
1995), Catolés/Pico do Barbado (Zappi et al. 2003) e de Grão Mogol (Pirani et al., 2003).
Esta ação evoluiu em 1994, para o projeto Chapada Diamantina (PCD) que agregou ao CEPEC, RBKew e
USP as principais instituições de ensino e pesquisa do Estado da Bahia: Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca
(IBGE), e a ONG Fundação Chapada Diamantina, sob a coordenação de Maria Lenise Guedes (UFBA).
Além da formação de uma rede visando estudos da flora da Bahia, a parceria resultou na publicação da lista
preliminar do Morro do Pai Inácio e da Chapadinha (Guedes & Orge 1998) e as Plantas Úteis da Chapada
Diamantina (Funch et al., 2004).
A continuação do PCD foi a elaboração do projeto Flora da Bahia e o seu desenvolvimento entre 1999 e
2001, com financiamento do CNPq/CAPES através do Programa Nordeste de Pesquisa e Pós-Graduação.
A nova rede incluiu além dos integrantes do PCD, a Universidade Estadual da Bahia (UNEB), a
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e a
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA),todas instituições da Bahia, a ONG Associação
Plantas do Nordeste (APNE-Recife, Pe) e o New York Botanical Garden, sob a coordenação de Ana M.
Giulietti (UEFS). O projeto tinha como objetivos principais a coleta em várias regiões do Estado visando um
aumento no número de exsicatas depositadas nos herbários baianos, melhoria da capacidade instalada dos
herbários e lista de espécies de algumas áreas de mata atlântica, restinga e campo rupestre. O
desenvolvimento das pesquisas com a flora da Bahia foi um dos pontos mais importantes para a
implantação do Programa de Pós-Graduação em Botânica da UEFS nos níveis de Mestrado (2000) e
Doutorado (2002) com uma linha ligada à Flora da Bahia.
Em continuidade ao projeto Flora da Bahia, foram aprovados os seguintes projetos associados: Flora da
Bahia, como um subprojeto do Programa Plantas do Nordeste do CNPq/RBGKew/APNE (2001-2003);
Estudos taxonômicos em grupos da flora da Bahia, através do Edital Universal (2001-2003), sob a
coordenação de Ana M. Giulietti, que concentrou os seus esforços em coletas, e Flora da Bahia II
(2003-2005), sob a coordenação de Tania R. Santos Silva, que tem como foco principal o início da publicação das monografias, por gêneros ou famílias, através da revista Sitientibus da UEFS.
Pelo exposto convidamos os especialistas do país e do exterior a colaborarem na flora da Bahia.
Ana Maria Giuliett (Professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana)
Coordenadora do Projeto Flora da Bahia
96
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Reflexão para ação
Diante de tantas informações, o que se pode concluir a partir do texto apresentado?
O estado da Bahia é importante para a manutenção da biodiversidade da região e do
país?
E quanto às espécies endêmicas, qual a situação do estado da Bahia?
Qual a importância da conservação dos ecossistemas em geral, e, em especial, daqueles
que possuem espécies endêmicas?
De olho no ENEM
Questão 01
Biologia
EM
ção
Quando um reservatório de água é agredido ambientalmente por poluição de origem doméstica ou
industrial, uma rápida providência é fundamental para diminuir os danos ecológicos. Como o
monitoramento constante dessas águas demanda aparelhos caros e testes demorados, cientistas
têm se utilizado de biodetectores, como peixes que são colocados em gaiolas dentro da água,
podendo ser observados periodicamente.
Para testar a resistência de três espécies de peixes, cientistas separam dois grupos de cada
espécie, cada um com cem peixes, totalizando seis grupos. Foi, então, adicionada a mesma
quantidade de poluentes de origem domestica e industrial, em separado. Durante o período de 24
horas, o número de indivíduos passou a ser contado de hora em hora.
Os resultados são apresentados abaixo.
Pelos resultados obtidos, a espécie de peixe mais indicada para ser utilizada como detectora de
poluentes, a fim de que sejam tomadas providências imediatas, seria
(A) a espécie I, pois sendo menos resistente à poluição, morreria mais rapidamente após a
contaminação.
(B) a espécie II, pois sendo o mais resistente , haveria mais tempo para testes.
97
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
(C) a espécie III, pois como apresenta resistência diferente à poluição doméstica e industrial,
propicia estudos posteriores.
(D) as espécies I e III juntas, pois tendo resistência semelhante em relação à poluição permitem
comparar resultados.
(E) as espécies II e III juntas, pois como são pouco tolerantes à poluição, propiciam um rápido
alerta.
Questão 02
Em uma área observa-se o seguinte regime pluviométrico:
Os anfíbios são seres que podem ocupar tanto ambientes aquáticos quanto terrestres.
Entretanto, há espécies de anfíbios que passam todo o tempo na terra ou então na água. Apesar
disso, a maioria das espécies terrestres depende de água para se reproduzir e o faz quando essa
existe em abundância. Os meses do ano em que, nessa área, esses anfíbios terrestres poderiam
se reproduzir mais eficientemente são de
(A) setembro a dezembro
(B) novembro a fevereiro
(C) Janeiro a abril
(D) março a julho
(E) maio a agosto
Biologia
EM
ção
Questão 03
As florestas tropicais estão entre os maiores, mais diversos e complexos biomas do planeta. Novos
estudos sugerem que elas sejam potentes reguladores do clima, ao provocarem um fluxo de
umidade para o interior dos continentes, fazendo com que essas áreas de florestas não sofram
variações extremas de temperatura e tenham umidade suficiente para promover a vida. Um fluxo
puramente físico de umidade do oceano para o continente, em locais onde não há florestas, alcança
poucas centenas de quilômetros. Verifica-se, porém, que as chuvas sobre florestas nativas não
dependem da proximidade do oceano. Esta evidência aponta para a existência de uma poderosa
“bomba biótica de umidade” em lugares como, por exemplo, a bacia amazônica. Devido à grande e
densa área de folhas, as quais são evaporadores otimizados, essa “bomba” consegue devolver
rapidamente a água para o ar, mantendo ciclos de evaporação e condensação que fazem a
umidade chegar a milhares de quilômetros no interior do continente.
A. J. Nobre. Almanaque Brasil socioambiental.
Instituto Socioambiental, 2008, p. 368-9(com adaptações).
As florestas crescem onde chove, ou chove onde crescem as florestas? De acordo com o texto.
(A) onde chove, há floresta.
(B) onde a floresta cresce, chove.
(C) onde há oceano, há floresta.
(D) apesar da chuva, a floresta cresce.
(E) no interior do continente, só chove onde há floresta.
98
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Referências
Biodiversidade e água. Disponível em: <http://www.agua.bio.br/botao_e_I.htm>. Acesso em: 15 mar.
2012.
Ciclo da água. Disponível em: <sigam.ambiente.sp.gov.br, fomezero.gov.br>. Acesso em: 07
mar.12.
Cisterna de água. Disponível em: <piaui2008.pi.gov.br>. Acesso em: 07 mar.12
Cisterna de água. Disponível em: <fomezero.gov.br>. Acesso em: 07 mar.12.
Enem. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores>. Acesso em: 15
mar.12.
Fluxo de matéria e de energia. Disponível em: <http://www.educadores.diadia.pr.gov.br>. Acesso
em: 15 mar. 2012.
Projeto Flora da Bahia. Disponível em: <http://www.uefs.br/floradabahia/apresent.html>. Acesso em:
15 mar.12.
Região árida. Disponível em: <www.fapepi.pi.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 12.
Biologia
EM
ção
Região árida. Disponível em: <www.mp.ba.gov.br>. Acesso em: 15 mar.12.
99
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
100
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Química
Marcelo Franco; Ricardo Nascimento e Sandra Pita
Apresentação
Querido(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao fantástico universo da Química.
Neste Caderno, você será convidado(a) a desenvolver algumas atividades
complementares ao assunto estudado no 3º ano, cujo objetivo é despertar a curiosidade e
o aprendizado da Química no nosso cotidiano. Cada atividade proposta neste material o
conduzirá a pensar em como a Química está envolvida no nosso meio e como o assunto já
estudado pode explicar os fenômenos sugeridos em forma de aula prática.
Este Caderno foi elaborado a partir da experiência vivida pelos autores ao lecionar a
disciplina Química no nível médio e na formação de professores no curso presencial de
Licenciatura em Química da UNEB, UESB, UESC e UEFS, porém, com um foco maior na
interatividade e nos recursos disponíveis na Internet já citados. Entretanto, neste material,
são apresentadas várias referências bibliográficas que também são fundamentais para a
formação voltada para a cidadania.
Texto 1
Petróleo
O petróleo é composto, principalmente, de vários hidrocarbonetos (estruturas
contendo átomos de carbono e hidrogênio) e, em porcentagens menores, também de
nitrogênio, enxofre e oxigênio. Em média, o petróleo é formado pelos seguintes átomos:
Átomo
Percentagem
Carbono
81 – 88%
Hidrogênio
10 – 14%
Oxigênio
0,01 – 1,20%
Nitrogênio
0,002 – 1,70%
Enxofre
0,01 – 5,00%
Disponível em: <http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/pe_formacao.html>
Através da deposição dos restos de animais e vegetais mortos há milhares de anos,
ocorre a formação do petróleo. Tais restos foram cobertos por sedimentos, e estes, em
função do tempo, se transformaram em rochas. O empilhamento deles provocou algumas
reações devido à ação do calor e da alta pressão e esse processo é que forma o petróleo.
Devido às circunstâncias em que foi formado, o petróleo é encontrado em cavidades
existentes entre as camadas do subsolo. Quando o petróleo é extraído, geralmente, vem
acompanhado de água salgada, devido ao antigo mar existente nesse local. O petróleo
pode ser encontrado no continente (Figura 1) ou em alto-mar (Figura 2).
.
101
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Figura 2. Extração do petróleo em alto-mar
Disponível em: <http://www.guiametal.com.br/?
noticia=1413/refinarias-de-petroleo--entenda-comofuncionam>
No Brasil, a Petrobras descobriu uma grande reserva de petróleo
localizada no fundo do mar, em uma
camada chamada de pré-sal. Esse
Siga antenado
termo refere-se a um conjunto de rochas
localizadas em grande parte do litoral
brasileiro, com potencial para geração e
acúmulo de petróleo. As rochas com
petróleo se estendem por baixo de uma
extensa camada de sal, que pode atingir
espessuras de até 2.000m. A
profundidade total dessas rochas, que é
a distância entre a superfície do mar e
Vídeo1. Extração do petróleo no pré-sal
os reservatórios de petróleo abaixo da
Disponível em: Brasil.gov.br
Acesse: http://www.youtube.com/watch?
camada de sal, pode chegar a mais de 7
v=6XaGYcV8TOM&feature=related
mil metros. A extração do petróleo no
pré-sal pode ser visualizada através do
Vídeo 1 indicado no box siga antenado:
Química
EM
ção
Figura 1. Extração do petróleo em continentes
Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/
quimica/petroleo.html>.
Um dos problemas para a exploração do
petróleo em alto-mar – Figura 3 – é a possibilidade
de acidentes. Os vazamentos no mar afetam
plantas, peixes, mamíferos e toda a vida animal e
vegetal.
O petróleo mata, primeiramente, o plâncton,
ou seja, os microrganismos vegetais e animais de
que se alimentam os peixes.
Dessa forma, ocorre uma reação em cadeia:
Figura 3. Manchas de petróleo em alto-mar.
Disponível em: <http://inapcache.boston.com/
universal/site_graphics/blogs/bigpicture/oil_06_21/
s01_23895093.jpg>.
102
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Os peixes do fundo do mar que se alimentam de resíduos acabam sendo envenenados e
morrem;
A luz do sol é bloqueada, assim, as algas não realizam mais a fotossíntese (reação que
retira o gás carbônico – CO2 – e libera oxigênio – O2 – para o ambiente). O resultado é
que os peixes da superfície morrem por falta de oxigênio ou morrem intoxicados pelo óleo
vazado;
Substâncias tóxicas se acumulam nos tecidos de mamíferos, tartarugas e peixes,
causando distúrbios reprodutivos e cerebrais;
As penas das aves ficam impregnadas de óleo e elas acabam afundando e morrendo
afogadas;
Mangues próximos têm as raízes de suas árvores impregnadas pelo petróleo e, assim,
morrem. Peixes, crustáceos e outros animais, que vivem próximos ao mangue, também
não resistem à falta dessa vegetação;
Animais como tartarugas, peixes, aves marinhas e mamíferos morrem envenenados pelo
petróleo vazado no mar.
O que mais preocupa é que os acidentes, causados por grandes petroleiros, poluem, sim,
o meio ambiente, levando a catástrofes, entretanto, a maior parte da poluição é ocasionada
por pequenos vazamentos de óleo, motores de barcos e carros, que são carregados pela
chuva até os mares e oceanos. Assim, o impacto desses vazamentos sobre o ecossistema
aquático é devastador e muito difícil de ser calculado.
Zoom na informação
Conhecimento em ação
Em função disso, realize uma pesquisa sobre os acidentes de petróleo no mundo e
apresente os resultados na sala de aula.
Apesar das possibilidades de impactos ambientais negativos, a utilização do petróleo e
de seus derivados, pela humanidade, é fundamental para o desenvolvimento da sociedade
moderna. Além da gasolina, vários outros produtos são originados do petróleo, como o gás
natural, o asfalto, o querosene, os óleos combustíveis, os lubrificantes, entre outros. A maioria
desses produtos é obtida através da destilação fracionada do petróleo.
O processo de fracionamento do petróleo ocorre em tanques apropriados e, através do
aquecimento, obtêm-se diferentes subprodutos. Em função desse aumento de temperatura,
os seguintes compostos são produzidos, resumidos no Quadro 1:
103
Química
Figura 4. Vazamento de petróleo
Disponível
em:
<http://
pt.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%
A9_negra>
EM
ção
O primeiro vazamento de petróleo explorado no
pré-sal, no Brasil, ocorreu em 2011, da empresa
Chevron no Campo de Frade, na Bacia de Campos. Disponível
em: <http://ips.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=8102 >.
Acesso em: 16 abr. 2012.
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Quadro 1 – Compostos produzidos do petróleo em função do ponto de ebulição
Ponto de ebulição oC
20
120
170
270
340
500
Quantidade de carbonos
1a4
5 a 10
10 a 16
14 a 20
20 a 50
20 a 70
Produto
Gás
Gasolina
Querosene
Diesel
Lubrificante
Óleo
600
Acima de 70
Asfalto
Disponível em: <http://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/destilacao-petroleo.htm>
Química
EM
ção
Os hidrocarbonetos obtidos durante a destilação fracionada do petróleo bruto podem
ser diferenciados em função de suas características estruturais. Na Figura 5, essas
possibilidades são demonstradas de maneira resumida.
Figura 5. Hidrocarbonetos formados durante a destilação do petróleo
Fonte: Acervo pessoal
ade
sid
Curio
O petróleo está presente em centenas de produtos do nosso cotidiano.
Em casa, na rua, em alimentos, na roupa, nos remédios, nas embalagens, nos
cosméticos, computadores e até nos foguetes espaciais. Nos veículos, o petróleo
também está nos pneus, tapetes, freios e em muitas peças, além disso, os derivados
do petróleo são utilizados em chupetas, pneus, absorventes, fraldas, sapatos, material
cirúrgico, tintas, plásticos, tecidos sintéticos, nylon, fibras têxteis, solventes, filmes,
cosméticos, brinquedos, seringas descartáveis, tubos e conexões, adesivos, colas,
batom, asfalto, velas, ceras, fósforos, chicletes, balas, pilhas, papéis, sabonete,
pranchas de surf, cremes, laxantes, detergentes, fio dental, defensivos agrícolas e em
muitos outros produtos. O Vídeo 3 apresenta as diversas aplicações do petróleo e seus
derivados.
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Siga antenado
Vídeo - Petróleo e o cotidiano
Subprodutos obtidos através da destilação
fracionada do petróleo
Acesse: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/
conteudos-digitais/conteudo/exibir/id/94
Vídeo2 (Petróleo e o cotidiano)
Disponível em: <http://ambiente.educacao.ba.gov.br/
>
Animação 1 - Subprodutos obtidos através
da destilação fracionada do petróleo
Fonte:<http://www.labvirtq.fe.usp.br/>
Conhecimento em ação
EXPERIMENTO 1 (Teor de álcool na gasolina)
A quantidade de etanol presente na gasolina deve respeitar os limites estabelecidos
pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) – teor entre 22% e 26% em volume. A falta ou
excesso de álcool em relação aos limites estabelecidos pela ANP compromete a qualidade
do produto que chega aos consumidores brasileiros. Assim, avaliar a composição da
gasolina, verificando se o teor de álcool está adequado, é uma atitude muito importante.
Essa experiência tem como objetivo determinar o teor de álcool na gasolina;
posteriormente, serão discutidos os princípios subjacentes ao método usado para essa
determinação.
105
Química
EM
Apesar das diversas aplicações do petróleo e
seus derivados, é a gasolina o subproduto do
petróleo de grande destaque no cotidiano; sua
presença na movimentação de veículos automotores
se destaca. Infelizmente, no Brasil, existe a prática
de adulteração desse tipo de combustível, feita
através da adição de outros solventes à gasolina. A
Animação “Subprodutos obtidos através da
destilação fracionada do petróleo” apresenta o que é
a adulteração da gasolina e o que esse processo
causa nos veículos automotivos.
Acesse: <http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/
quimica/sim_qui_gasolinaadulterada.htm>
ção
Reflexão para ação
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Objetivos
Determinar a quantidade de álcool na gasolina.
Material utilizado
5 ml de água;
25 ml de gasolina;
1 proveta de 50 ml (caso não tenha, pode utilizar um tubo PET graduado);
1 rolha para tampar a proveta (ou uma tampa, no caso do tubo PET);
1 pipeta de 10 ml (ou seringa hipodérmica de 10 mL).
EM
Caso não tenha à disposição uma proveta, é possível construir uma com pouca precisão. adquira um tubo PET transparente de 13 cm, igual ao da Figura 9. Esse tubo é
facilmente encontrado em farmácia, contendo mel, ou em
mercados, contendo temperos ou doces. Em geral, ele
vem acompanhado de uma tampa, contudo, pode ser
usada qualquer tampa de garrafa PET de refrigerante. O
próximo passo é criar a graduação do volume da proveta.
Através de uma seringa, sem agulha, de 10 ml, será feita a
marcação na proveta de 5 em 5 ml. Com a proveta limpa e
seca, adicione 10 ml de água, medida na ampulheta da Figura 6. Tubo PET transparente
seringa, marque o nível na proveta com uma caneta Fonte: Acervo pessoal
marcador permanente (caneta de CD), mantendo a
proveta reta ao nível dos olhos. Na primeira marcação, deve ser feito um traço horizontal
acompanhado do número 10, em seguida, deve-se completar, com auxílio da seringa, mais
5 ml, marcando o nível com um traço menor e sem número, e assim sucessivamente, de 5
em 5 ml, marcando sempre com um traço maior e numerado, nas medidas múltiplas de 10
(10, 20, 30...) até 50 ml.
Procedimento
Química
ção
Observação
Usando a pipeta (ou a seringa hipodérmica), coloque 25,0 ml de gasolina na proveta.
A seguir, adicione 25,0 ml de água, tampe-a com a rolha e agite a mistura água-gasolina.
Após deixar o sistema em repouso para que ocorra a separação das fases, determine o
volume de cada uma. Então, calcule o teor percentual de álcool na amostra de gasolina.
Cuidados
A gasolina é um líquido tóxico, bastante volátil; durante a realização desta
experiência, mantenha o laboratório arejado e evite a inalação dos vapores da gasolina.
Por outro lado, ela é altamente inflamável. Logo, durante o procedimento, não deve haver
qualquer chama acesa no laboratório.
106
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Coleta de dados
V inicial água
V inicial gasolina
V final água
V final gasolina
V álcool:
T%
Questões
1. Por que o álcool foi extraído pela água?
2. É possível separar o querosene (mistura de hidrocarbonetos, que são substâncias apolares) de uma mistura querosene-gasolina, colocando-a em contato com água
(substância polar)? Por quê?
3. Uma mistura de duas substâncias, A (polar) e B (apolar), pode ser separada com a
utilização de uma substância C (apolar)? E com a utilização de uma substância D
(polar)? Por quê?
O teor percentual (volume a volume) de álcool na gasolina, T%, pode ser calculado utilizando-se a seguinte expressão:
Química
Reflexão para ação
EM
ção
T% = (Válcool / Vinicial gasolina) * 100%
onde:
Válcool = Vinicial gasolina - Vfinal gasolina
Após análise da charge ao
lado, comente:
qual
aspecto
pode
ser
observado na charge que
não corresponde ao que
ocorre na adulteração da
gasolina na realidade?
Figura 7. Charge: Gasolina adulterada
Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
107
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
Forme grupos e solicite ao seu professor para agendar visita a um posto de
combustível. Lá, peça ao funcionário do posto que realize o teste de determinação do
álcool na gasolina, filmando todas as etapas para apresentar, posteriormente, em sala de
aula.
Química
EM
ção
É obrigação do posto revendedor realizar análises dos produtos em
comercialização sempre que solicitadas pelo consumidor, conforme Resolução
ANP nº 9, de 07/03/2007, artigo 8º.
Outro produto derivado do petróleo e de grande importância para o desenvolvimento
da humanidade são os polímeros. Esses compostos são macromoléculas em que uma
unidade se repete e esta é denominada de monômero. Os plásticos mais comuns são
obtidos a partir de compostos extraídos do petróleo, como o etileno, originando, assim, os
polímeros. A transformação do petróleo em plásticos ocorre na cadeia petroquímica, em
que a refinaria transforma o petróleo bruto em diversas matérias-primas, dentre as quais, o
etileno. No fim, indústrias de polimerização transformam o etileno em plástico, nesse caso,
o polietileno.
Em nosso cotidiano, os polímeros estão presentes em vários objetos como, por
exemplo: sacolas plásticas, acessórios de automóveis, canos para água, panelas,
televisão, computadores, roupas, colas, tintas, chicletes etc. Dentre os diversos polímeros
sintetizados, o polietilenotereftalato (PET) se destaca, tudo porque se tornou o recipiente
ideal para o armazenamento de alimentos e bebidas.
O PET, assim como o vidro, é transparente e útil para guardar alimentos, possui
vantagens em relação ao peso e praticidade em comparação com os recipientes de vidro.
Uma garrafa PET, por exemplo, é bem mais leve que uma de vidro, sendo facilmente
transportada. Infelizmente, a garrafa PET demora cerca de 400 anos para se degradar no
meio ambiente. Ela é formada por diversos monômeros (Figura 8) do PET.
Figura 8. Monômero que origina o PET
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Politereftalato_de_etileno>
Esta figura provém do Wikimedia Commons, um acervo de conteúdo livre da
Wikimedia Foundation.
Após as aulas teóricas, assista ao vídeo “Polímeros naturais”, indicado no Siga
antenado a seguir, que apresenta um resumo sobre os polímeros. Use o livro-texto.
108
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Siga antenado
Texto para debate: Polímeros e fraldas
qnesc.sbq.org.br/online/qnesc15/v15a09.pdf
descartáveis:
Acesse:
http://
Vídeo-Polímeros naturais: Proteínas, celulose
etc. Acesse: http://www.youtube.com/watch?
=ycUN7i74Thw&feature=player_embedded
Vídeo 3. Polímeros naturais: Proteínas, celulose etc.
Disponível
em:
http://www.youtube.com/watch?
=ycUN7i74Thw&feature=player_embedded
Texto 2
109
EM
Química
As colas têm sido utilizadas, por milhares de anos, para uma grande diversidade de
aplicações, sendo que, até o início deste século, as principais matérias-primas utilizadas
eram de origem animal ou vegetal, como o sangue de alguns animais ou resinas naturais
extraídas de folhas e troncos de algumas árvores. Atualmente, uma grande variedade de
colas é produzida industrialmente a partir de substâncias sintéticas, com a finalidade de se
obter propriedades adequadas aos novos materiais, como polímeros, cerâmicas especiais
e novas ligas metálicas.
Algumas das colas produzidas pela indústria moderna apresentam alto poder de
adesão, combinado a uma apreciável resistência a temperaturas elevadas; outras mantêm
uma considerável flexibilidade mesmo depois de curadas. Certas colas, como a de
carpetes, por exemplo, embora eficientes, podem apresentar problemas para a saúde por
eliminarem substâncias orgânicas voláteis por muito tempo depois de aplicadas.
As colas naturais ainda são recomendadas para aplicações consideradas não
especiais, como para colar papéis ou peças de madeira, na construção de pequenos
objetos de uso doméstico. A cola de caseína, por exemplo, tem um grande poder de
adesão e pode ser facilmente preparada.
Na Primeira Guerra Mundial, essa cola era muito utilizada na construção de aviões,
que tinham sua estrutura montada quase exclusivamente por peças de madeira. Uma
desvantagem que ela apresentava, assim como outras colas “naturais”, era a possibilidade
de absorver umidade e, assim, desenvolver fungos que se alimentavam dela. Algumas
ocorrências deste tipo levaram os construtores de aviões a abandonar a cola de caseína, o
que parece ter sido uma decisão bastante razoável.
As proteínas são macromoléculas constituídas de unidades de aminoácidos. O termo
“proteína” deriva da palavra grega proteios e foi sugerido, pela primeira vez, por Berzelius,
em 1838, e quer dizer “mantendo o primeiro lugar”, devido à sua importância como
alimento.
ção
Colas
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
A caseína é a principal proteína presente no leite (aproximadamente, 3% em massa)
e é bastante solúvel em água por se apresentar na forma de um sal de cálcio. Sua
solubilidade é fortemente afetada pela adição de ácidos que, pela redução do pH, diminui a
presença de cargas na molécula, fazendo com que a sua estrutura terciária seja alterada e,
consequentemente, levando-a à precipitação. Esta redução de pH provoca a perda do
cálcio, na forma de fosfato de cálcio, que é eliminado no soro.
A adição de bicarbonato de sódio leva à formação do caseinato de sódio, que tem
propriedades adesivas, além de eliminar resíduos de ácido do limão. Industrialmente, a
precipitação da caseína é feita pela adição de ácido clorídrico ou sulfúrico ou, ainda, pela
adição de uma enzima presente no estômago de bovinos, a renina. Quando a precipitação
da caseína tem por objetivo a produção de alimentos, como o queijo, por exemplo, são
utilizados micro-organismos que produzem ácido lático, a partir da lactose.
Conhecimento em ação
Questão prática: É possível produzir cola a partir de leite?
EXPERIMENTO 2 (Cola a partir do leite)
Objetivo
Produzir cola a partir do leite (material orgânico).
Química
EM
ção
Material utilizado
2 béqueres de 200 ml;
1 g de bicarbonato de sódio;
2 pedaços de pano de, aproximadamente,
30 cm x 30 cm (malha de algodão dá bons
resultados);
1 limão.
Obs. O béquer pode ser substituído por um
copo de vidro e a pipeta, por seringa de
injeção descartável.
1 proveta de 50 ml;
125 ml de leite desnatado;
Procedimento
Esprema o limão e coe o suco utilizando um pedaço de pano. Adicione 30 ml de suco
de limão a 125 ml de leite desnatado e agite bem. Coloque o outro pedaço de pano sobre o
segundo béquer e coe a mistura de caseína e soro obtida. Esse procedimento é lento,
podendo ser acelerado se pequenas quantidades da mistura forem adicionadas sempre
com a posterior retirada da caseína. As porções de caseína retiradas (quase secas) podem
ser colocadas sobre um pedaço de jornal para que a umidade da massa obtida seja
reduzida.
Após a separação da caseína, que deverá ter consistência semelhante à de um
queijo cremoso, adicione o bicarbonato de sódio até que a mistura se torne homogênea.
Acrescente 15 ml de água e agite até que toda a massa seja dissolvida. A reação do ácido
restante (do limão) com o bicarbonato de sódio deverá produzir uma pequena quantidade
de espuma que, em pouco tempo, se desfaz.
Utilize pequenos pedaços de madeira ou de papel para testar a sua cola.
110
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Conhecimento em ação
EXPERIMENTO 3 (Acetona dissolvendo o isopor)
Introdução
O isopor é composto por mais de 90% de ar.
Podemos constatar isso quando o mergulhamos
em acetona concentrada e todo o ar aprisionado no
interior do isopor é liberado.
Objetivo
Observar a reação química do isopor na acetona.
Figura 9. Acetona dissolvendo o isopor.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?
v=F3rvzWRhF6Y
Material utilizado
Copo de vidro transparente;
Isopor;
Acetona.
Atividade em Grupo
Faça uma pesquisa sobre a diferença entre substâncias polares e apolares. Exponha sua
pesquisa para os outros estudantes de sua escola.
111
EM
Coleta de dados
O que acontece com o isopor?
O que aconteceria se a acetona fosse colocada dentro do copo descartável?
Química
Cuidados
A acetona é um líquido bastante volátil. Durante o procedimento, não deve haver qualquer
chama acesa no laboratório. A realização desta experiência requer um local arejado e
muito cuidado na manipulação. Evite a inalação dos vapores da acetona.
ção
Procedimento
Em um copo contendo acetona deposite tiras de isopor.
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Conhecimento em ação
Química
EM
ção
DINÂMICA DE GRUPO 1
Observe que essa dinâmica de grupo, proposta pelo seu professor, correlaciona
diversos assuntos da Química. Assim, ela possibilita revisar todos os assuntos abordados
anteriormente no Caderno.
Forme um grupo com seus colegas e respondam ao jogo de palavra cruzada
seguinte (Figura 10).
Figura 10. Palavra cruzada
Disponível em: <http://www.quimica.net/emiliano/pc.html>
Horizontal
Vertical
2. Nome usual do ácido produzido pela
oxidação do etanol no vinho.
7. Tóxico quando ingerido, é o álcool mais
simples da classe funcional.
8. Recurso natural extraído da natureza e
fonte de hidrocarbonetos.
11. Nome dado a uma das posições do
anel aromático.
12. Responsável pela simetria do anel
aromático, mesmo este sendo composto,
supostamente, por ligações duplas e
simples de diferentes tamanhos.
13. Nome usual de um anel aromático
com um grupo metil substituindo um
hidrogênio.
14. Cadeia sem ramificação.
15. Método utilizado para separar as
frações do petróleo.
1. Solução 40 % de metanal.
3. Método para aumentar a fração de
petróleo.
4. Nome do grupo funcional constituído
por um carbono ligado por uma dupla
com um oxigênio.
5. Nome dado ao carbono que se liga a
outros dois átomos de carbono em uma
cadeia.
6. Sigla da fração do petróleo constituída
por hidrocarbonetos com três a quatro
carbonos.
10. Reação de oxidação envolvendo
oxigênio que ocorre na queima de
combustíveis como a gasolina.
112
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Conhecimento em ação
JOGOS
Observe a Figura 11 a seguir. Se já
assimilou o assunto “funções orgânicas”, inicie
este jogo.
Se tiver dúvidas, peça ao seu professor
para correlacionar o nome da estrutura que
aparece na grade de pontuação, com a estrutura
orgânica que deverá aparecer ao lado do produto
na prateleira.
É uma ótima oportunidade para pôr em prática as
noções de hibridização dos átomos de carbono e
cadeias carbônicas. Bom jogo!
(Funções Orgânicas e Nomenclaturas)
Figura 11. Jogo
Disponível em: <http://www.pucrs.br/quimica/
professores/arigony/super_jogo3.html>
De olho no ENEM
Questão 01 (ENEM 2010)
Os pesticidas modernos são divididos em várias classes, entre as quais se destacam
os organofosforados, materiais que apresentam efeito tóxico agudo para os seres
humanos. Esses pesticidas contêm um átomo central de fósforo ao qual estão ligados
outros átomos ou grupo de átomos como oxigênio, enxofre, grupos metoxi ou etoxi, ou um
radical orgânico de cadeia longa. Os organofosforados são divididos em três subclasses:
Tipo A, na qual o enxofre não se incorpora na molécula; Tipo B, na qual o oxigênio, que
faz dupla ligação com fósforo, é substituído pelo enxofre; e Tipo C, no qual dois oxigênios
são substituídos por enxofre.
Fonte: BAIRD, C. Química Ambiental, Bookmam, 2005.
113
EM
Vídeo 4. Química - Petróleo
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=YquU85f7aW4>
Química
Acesse ao vídeo com o resumo sobre o
assunto “Petróleo”: <http://www.youtube.com/
watch?v=YquU85f7aW4>
ção
Siga antenado
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Um exemplo de pesticida organofosforado Tipo B, que apresenta grupo etoxi em
sua fórmula estrutural, está representado em:
A.
B.
C.
D.
E.
Química
EM
ção
Questão 02 (ENEM 2009)
O uso de protetores solares em situações de grande exposição aos raios solares
como, por exemplo, nas praias, é de grande importância para a saúde. As moléculas
ativas de um protetor apresentam, usualmente, anéis aromáticos conjugados com grupos
carbonila, pois esses sistemas são capazes de absorver a radiação ultravioleta mais
nociva aos seres humanos. A conjugação é definida como a ocorrência de alternância
entre ligações simples e duplas em uma molécula. Outra propriedade das moléculas em
questão é apresentar, em uma de suas extremidades, uma parte apolar responsável por
reduzir a solubilidade do composto em água, o que impede sua rápida remoção quando
em contato com a água.
De acordo com as considerações do texto, qual das moléculas apresentadas a
seguir é a mais adequada para funcionar como molécula ativa de protetores solares?
A.
B.
C.
D.
E.
114
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Referências
BRYN et al. Aí tem química ! - Combustíveis Não Renováveis – Petróleo. Disponível em: <http://
ambiente.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/conteudo/exibir/id/94> Acesso em: 12 dez. 2011.
CDCC. Cola de caseína. Disponível em: <http://www.cdcc.sc.usp.br/quimica/experimentos/
cola.html> Acesso em: 18 out. 2011.
CDCC. Teor de álcool na gasolina. Disponível em: <http://www.cdcc.sc.usp.br/quimica/
experimentos/teor.html> Acesso em: 12 dez. 2011.
CHEMELLO, E. Determinação do percentual de álcool na gasolina: teoria Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19498> Acesso em: 12 dez. 2011.
CÚNEO, R.G. Petróleo. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/quimica/petroleo.html>
Acesso em: 12 dez. 2011.
DAZZANI, M. Et al. Explorando a Química na Determinação do Teor de Álcool na Gasolina.
Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc17/a11.pdf> Acesso em: 12 dez. 2011.
GUIAMETAL, Refinarias de Petróleo: Entenda como Funcionam. Disponível em: <http://
www.guiametal.com.br/?noticia=1413/refinarias-de-petroleo--entenda-como-funcionam> Acesso em:
12 dez. 2011.
LABORATÓRIO DIDÁTICO VIRTUAL. Gasolina Adulterada. Disponível em: <http://
www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_gasolinaadulterada.htm> Acesso em: 12 dez.
2011.
MARCONATO. J.C., FRANCHETTI, S.M.M. Polímeros superabsorventes e as fraldas descartáveis.
Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc15/v15a09.pdf> Acesso em: 12 dez. 2011.
SOUZA, L.A. Destilação do petróleo. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/
destilacao-petroleo.htm> Acesso em: 12 dez. 2011.
UENF. Como o Petróleo é formado? Disponível em: <http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/
pe_formacao.html> Acesso em: 12 dez. 2011.
Website: <http://www.quimica.net/emiliano/pc.html> Acesso em: 12 dez. 2011.
WIKIPÉDIA. Politereftalato de etileno. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Politereftalato_de_etileno> Acesso em: 12 dez. 2011.
YOUTUBE. Acetona e esferovite. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?
v=F3rvzWRhF6Y> Acesso em: 16 jan. 2012.
YOUTUBE. Aula 05 - Química – Petróleo. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?
v=YquU85f7aW4> Acesso em: 12 dez. 2011.
YOUTUBE. Aula 06 - Química – Polímeros. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?
v=ycUN7i74Thw&feature=player_embedded> Acesso em: 12 dez. 2011.
YOUTUBE. Pré-sal - Uma nova etapa na exploração do petróleo. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=6XaGYcV8TOM&feature=related> Acesso em: 12 dez. 2011.
115
EM
PUCRS. Comprando compostos orgânicos no supermercado. Disponível em: <http://www.pucrs.br/
quimica/professores/arigony/super_jogo3.html> Acesso em: 12 dez. 2011.
Química
PORTALSAOFRANCISCO. Polímeros. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/
polimeros/polimeros-2.php> Acesso em: 12 dez. 2011.
ção
NADER, F. Et al. Cola a partir de leite. Disponível em: <http://www.pontociencia.org.br/experimentos
-interna.php?experimento=142#top> Acesso em: 12 dez. 2011.
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Física
Jancarlos Menezes Lapa e Dielson Pereira Hohenfeld
Apresentação
Segundo o dicionário, o verbo “agir”, no sentido mais geral do termo, significa tomar
iniciativa, iniciar, nessa perspectiva, este material foi escrito com o intuito de ajudar a dar
significado ao conhecimento adquirido durante as aulas e, portanto, de subsidiar a
reflexão e a ação perante o espaço à sua volta. Com ele, como apoio didático, seu
professor e você farão muito mais do que discutir conteúdos. Serão convidados a
interagir com o conhecimento, na perspectiva do questionar para compreender o que é
estudado em classe.
Neste material, há a preocupação em propor textos e atividades que valorizem o
conhecimento científico, filosófico e artístico, bem como a dimensão sócio-histórica das
disciplinas, de maneira contextualizada, ou seja, numa linguagem que aproxime esses
saberes da sua realidade. Longe de esgotar conteúdos, propomos discutir a realidade em
diferentes perspectivas de análise. Em cada página, será possível construir, reconstruir e
atualizar conhecimentos em consonância com outras disciplinas.
Em nosso estudo, utilizaremos a água como tema gerador das abordagens aqui
propostas. Faremos leituras, reflexões e atividades que fomentem os conteúdos
trabalhados.
A utilização da eletricidade em nossa sociedade está tão difundida que seria difícil
imaginar nossas atividades cotidianas sem geladeira, televisão, computadores, cinema,
luz durante a noite, aparelhos de som, equipamentos de raios X, entre outros utensílios
elétricos. O “apagão” observado no Brasil e no Paraguai, em novembro de 2009, foi
motivo de grande desconforto para essas duas nações. Visto assim, a produção e a
distribuição de energia elétrica representam uma preocupação constante dos governos
de vários países, que investem grandes quantias em pesquisas e desenvolvimento
nessas áreas.
Os primeiros fenômenos elétricos de que se tem notícia foram observados pelos
gregos antes de Cristo, quando o filósofo Thales de Mileto atritou um pedaço de âmbar
(espécie de resina natural) na pele de um animal, verificando que a resina adquiria a
propriedade de atrair corpos leves, como pedaços de palha e sementes de grama.
Somente dois mil anos depois, observações cuidadosas e sistemáticas, feitas por
cientistas como Gilbert, Coulomb, Ampére, Faraday e outros, possibilitaram as
descobertas dos princípios fundamentais da eletricidade.
Neste Caderno, iremos discutir um dos conceitos fundamentais da eletricidade: a
carga elétrica. Como já dito no início, utilizaremos a água como elemento articulador de
nossas abordagens.
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Texto 1
Física
EM
ção
Descrição do aproveitamento de Sobradinho
O aproveitamento hidrelétrico de Sobradinho está instalado no São Francisco,
principal rio da região nordestina, com área de drenagem de 498.968 km2, bacia
hidrográfica da ordem de 630.000 km2, com extensão de 3.200 km, desde sua nascente,
na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até sua foz, em Piaçabuçu/AL e Brejo Grande/SE.
A usina está posicionada no Rio São Francisco, a 748 km de sua foz, possuindo,
além da função de gerar energia elétrica, a de principal fonte de regularização dos recursos
hídricos da região.
O reservatório de Sobradinho tem cerca de 320 km de extensão, com uma superfície
de espelho d'água de 4.214 km2 e capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de
metros cúbicos em sua cota nominal de 392,50 m, constituindo-se no maior lago artificial
do mundo. Garante, assim, através de uma depleção de até 12 m, juntamente com o
reservatório de Três Marias/CEMIG, uma vazão regularizada de 2.060 m 3/s nos períodos
de estiagem, permitindo a operação de todas as usinas da CHESF situadas ao longo do
Rio São Francisco.
Incorpora-se a esse aproveitamento de grande porte uma eclusa, de propriedade da
Companhia Docas do Estado da Bahia – CODEBA, cuja câmara, com 120 m de
comprimento por 17 m de largura, permite às embarcações vencerem o desnível de 32,5
metros criados pela barragem, garantindo a continuidade da tradicional navegação entre o
trecho do Rio São Francisco compreendido entre as cidades de Pirapora/MG e Juazeiro/BA
- Petrolina/PE.
Compreendem o represamento de Sobradinho as seguintes estruturas:
barragem de terra zoneada, com 12.000.000 de m3 de maciço, altura máxima de 41 m e
comprimento total de 12,5 km; casa de força com 06 unidades geradoras, acionadas por
turbinas Kaplan, com potência unitária de 175.050 kW, totalizando 1.050.300 kW;
vertedouro de superfície e descarregador de fundo dimensionados para extravasar a cheia
de teste de segurança da obra e tomada d'água com capacidade de até 25 m 3/s para
alimentação de projetos de irrigação da região.
A energia gerada é transmitida por uma subestação elevadora com 09
transformadores monofásicos de 133,3 MVA cada um, que elevam a tensão de 13,8 kV
para 500 kV.
Figura 1. Sobradinho
Foto: Ministério das Minas e Energia, 2004
118
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Reflexão para ação
Física
EM
ção
Energia elétrica no Brasil
Ao longo do século XX, o Brasil experimentou intenso desenvolvimento econômico, que
se refletiu numa crescente demanda de energia primária. Entre os fatores que determinaram
tal crescimento, alinham-se um expressivo processo de industrialização e uma notável
expansão demográfica, acompanhada de rápido aumento da taxa de urbanização.
Considerando-se apenas o período a partir de 1970, a série histórica da evolução do consumo de energia e do crescimento populacional indica que, naquele ano, a demanda de energia
primária era inferior a 70 milhões de tep (toneladas equivalentes de petróleo), enquanto a
população atingia 93 milhões de habitantes. Em 2000, a demanda de energia quase triplicou,
alcançando 190 milhões de tep, e a população ultrapassava 170 milhões de habitantes.
Note-se que o crescimento econômico não foi uniforme durante o período. A taxa média anual, de 3,5%, oscilou de 5,5% em 1970-80 a 2,2% e 3% nas décadas seguintes, quando o crescimento apresentou volatilidade em razão de crises macroeconômicas. No entanto,
mesmo nos períodos de taxas menores — como aqueles que se seguiram aos planos
Cruzado e Real — sempre se verificou significativa expansão do consumo de energia nos
intervalos em que houve uma expansão mais vigorosa da economia. Isso indica que, em um
ambiente de maior crescimento econômico, deve-se esperar maior crescimento da demanda
de energia.
Em conformidade com a prospectiva que se pode formular para a economia brasileira,
os estudos de longo prazo, conduzidos pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, apontam forte crescimento da demanda de energia nos próximos 25 anos. Estima-se que a oferta
interna de energia crescerá a 5% ao ano no período 2005-10 e que, nos anos subsequentes,
haverá um crescimento menor — de 3,6% e 3,4% ao ano nos períodos 2010-20 e 2020-30,
respectivamente —, devido, sobretudo, a uma maior eficiência energética tanto do lado da
demanda como da oferta.
Figura 2. Evolução da estrutura de oferta de energia
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética – EPE, 2007. Texto adaptado de:TOLMASQUIM,
Maurício T.; GUERREIRO, Amilcar; GORINI, Ricardo. Matriz energética brasileira: uma
prospectiva. Novos estudos - CEBRAP [online]. 2007, n.79, pp. 47-69. ISSN 0101-3300.
Disponível em:< http:// dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000300003>.
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Conhecimento em ação
Pesquise e responda:
Dentre as fontes de energia no Brasil, a matriz hidráulica e a matriz elétrica respondem a
uma média de 14% da oferta de energia nacional. Pesquise quais as principais usinas
hidrelétricas em nosso País, observando suas características energéticas e seu perfil de oferta
por região brasileira. Relacione essa informação com o racionamento de energia elétrica que
ocorreu em 2001, no Brasil.
Texto 2
Física
EM
ção
Raios e Para-raios
Algumas das características mais marcantes de uma tempestade são, sem dúvida, os
raios (relâmpagos) e os trovões (o barulho).
As nuvens que causam fortes tempestades são as cumulus-nimbus, que têm as bases
mais escuras devido ao grande acúmulo de água e cristais de gelo. Essas nuvens ficam a
cerca de 3 km de altura, onde a temperatura pode chegar a – 30°C, o que propicia a
formação de cristais de gelo e granizo no seu interior. Aí existem correntes, convecção e
ventos muito fortes, subindo pelo centro e descendo pelas extremidades, podendo chegar
a velocidades de mais de 200 km/h.
As colisões entre o granizo e os cristais de gelo, dentro da nuvem, eletrizam os cristais
com carga positiva e o granizo, com carga negativa.
O granizo, que é mais pesado que os cristais, se concentra, preferencialmente, nas
regiões mais baixas da nuvem e os cristais, na parte mais alta.
Por indução, o solo, na região abaixo da nuvem, fica positivamente carregado,
estabelecendo-se uma grande diferença de potencial entre eles. Essa diferença de
potencial pode chegar a 100.000.000 de volts e ioniza o ar, formando um caminho condutor
entre a nuvem e o solo. Quando esse caminho é estabelecido, ocorre uma descarga
elétrica nesse trajeto. O raio ocorre, preferencialmente, entre um ponto mais baixo da
nuvem e um ponto mais alto do solo, pois a diferença de caminho é a menor possível.
A energia do raio é suficiente para aumentar a temperatura do ar entre 8.000 até
30.000°C (mais de dez vezes a temperatura da superfície do Sol). O ar é aquecido em uma
fração de segundos, provocando aumento muito grande da pressão. O resultado é a
produção de uma onda de choque, que é percebida por nós como estrondo. Normalmente,
as árvores ou construções mais altas são as mais fáceis de serem atingidas pelos raios.
Por essa razão, não é boa ideia proteger-se embaixo de uma árvore ou num descampado
enquanto durar uma tempestade.
Os edifícios são equipados com para-raios, que são hastes metálicas terminadas em
pontas, conectadas à terra por meio de um grosso fio metálico. Com isso, se propicia um
caminho mais fácil para que a descarga elétrica do raio chegue ao solo sem passar por
dentro do edifício, evitando danos.
Estima-se que, no território brasileiro, ocorram cerca de 100 milhões de raios a cada
ano, e que centenas de pessoas são mortas direta ou indiretamente por eles.
120
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
Bexiga eletrizada desviando o filete d’água
Encha um balão de festa com ar e depois amarre para não sair o ar. Esfregue o
balão numa toalha felpuda, no cabelo seco ou em ambos para que ocorra a eletrização.
Aproxime o balão eletrizado de um fino filete de água, que pode ser obtido da torneira ou a
partir de um pequeno furo numa garrafa PET com água e veja o que acontece. Use balões
de diferentes fabricantes e varie também o volume.
Figura 3. Balão de ar
Foto: Acervo do autor
dade
Curiosi
Água para bateria
Alguns tipos de baterias automotivas consistem, basicamente, em um conjunto
de placas de chumbo banhadas em uma solução aquosa de ácido clorídrico.
Com o tempo, a água vai evaporando lentamente. Nesse caso, é preciso que a água
seja reposta para que a bateria não seque e as placas não entrem em curto. Entretanto,
é preciso ter cuidado na reposição, pois a água vinda da torneira é ligeiramente básica e,
portanto, reagiria com o ácido. Além disso, há outras impurezas dentro da água da
torneira que contaminariam a bateria. Para que isso não ocorra, o ideal é fazer a
reposição com água destilada, para o que tempo de vida da bateria perdure.
121
Física
EM
1)Qual o tipo de eletrização que acontece quando esfregamos o balão no cabelo ou
na toalha?
2) Explique como ocorre a eletrização.
3)Por que o filete de água sofre o desvio?
4)O volume do balão influencia na eletrização?
5)Os balões de diferentes fabricantes produzem efeitos iguais?
6)Relacione esse fenômeno com situações de seu cotidiano.
ção
Para pensar, pesquisar e responder:
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
Quebrando a água salgada
Você sabe que a água é formada de oxigênio e hidrogênio. Mas será que é possível
separar esse dois elementos, ou seja, “quebrar a água” ? Há um processo de separação
dos elementos da água chamado de eletrólise. Iremos fazer uma eletrólise aquosa do
cloreto de sódio. Para isso, são necessários os seguintes materiais:
01 garrafa PET de 600 ml;
02 pedaços de lápis;
02 pedaços de fios condutores de 20 cm cada;
02 pilhas grandes de 1,5 volts;
500 ml de água com sal dissolvido;
Cola instantânea;
Funil;
Faca;
Apontador de lápis;
Balão de festas.
Física
EM
ção
Procedimentos:
Faça a ponta dos lápis, de forma a deixar as duas extremidades com a grafite
aparecendo.
Faça dois furos na garrafa PET com cerca de 3 cm de distância na vertical.
Coloque os lápis com uma extremidade na garrafa e a outra, livre; use a cola instantânea
para fixar e vedar os lápis.
Conecte os fios condutores na extremidade dos lápis com as baterias colocadas em série.
Coloque 500 ml de água com sal na garrafa e feche-a com o balão de festas.
Aguarde cerca de 30 min. E veja o que mudou no balão e nas pontas dos lápis que estão
em contato com a água.
Questões:
a) Por que é necessário colocar sal na água?
b) Por que o balão fica cheio? E de quê?
c) Podemos chamar esse experimento de
eletrólise da água?
d) Onde você visualiza fenômenos como este
no seu dia a dia?
Figura 4. Processo de eletrólise
Fonte: Jucimar Almeida, 2012
122
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Texto 3
EM
A molécula de água é formada por um átomo
de oxigênio e dois de hidrogênio, onde os mesmos
compartilham os elétrons de suas respectivas
camadas de valência. O fato de o oxigênio ser mais
eletronegativo que o hidrogênio faz com que atraia
para si os pares de elétrons que deveria compartilhar
por igual com os hidrogênios, ocorrendo, então, a
distribuição não uniforme da nuvem eletrônica. Isso
cria na molécula de água um dipolo, onde os elétrons
compartilhados ficam de um lado e os não
compartilhados ficam do outro.
Por conta da presença das pontes de
hidrogênio na água, acontece um fenômeno bastante
interessante chamado tensão superficial. As
moléculas no interior do líquido se atraem
mutuamente. Já as moléculas da superfície só são
Figura 5. Pontes de hidrogênio
atraídas pelas moléculas de baixo e dos lados.
Fonte: Jucimar Almeida, 2012
Consequentemente, essas moléculas se atraem mais
fortemente e criam uma película parecida com uma película elástica na superfície da água.
É importante salientar que esse fenômeno ocorre com a maioria dos líquidos, mas com a
água acontece mais intensamente. A tensão superficial explica alguns fenômenos, por
exemplo, o fato de alguns insetos caminharem sobre a água e a forma esférica das gotas
de água. No experimento a seguir, é possível verificar o poder e a tensão superficiais.
ção
Pontes de Hidrogênio
Física
Conhecimento em ação
Experimento da tensão Superficial
Materiais:
Pequeno copo de vidro
Água
Pequenos grampos para prender papéis.
Detergente de pia
Figura 6. Tensão superficial
Fonte: Acervo do autor
Procedimentos:
1. Coloque uma porção de água no copo (Obs.: O copo dever estar o mais limpo possível,
sem resíduos de sabão ou outras substâncias; a água também deve estar bem limpa).
123
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
2. Coloque os grampos na superfície da água com cuidado até que eles passem a flutuar
(caso não ocorra, troque a água e limpe o copo).
3. Uma vez os grampos flutuando, goteje com cuidado o detergente na água, aos poucos.
Responda:
a) O que acontece com os grampos?
b) Explique o ocorrido.
c) Debata seu experimento e suas explicações com seus colegas.
d) Exponha a realização do experimento no mural da escola.
Siga antenado
Título no Brasil: “Energia Pura”
Título original: “Powder”
Física
EM
ção
Sinopse:
Ao investigar a morte de um velho em uma propriedade rural, Barnum (Lance
Henriksen), o xerife local, descobre Powder (Sean Patrick Flanery) - seu verdadeiro nome é
Jeremy Reed -, um adolescente que era neto do falecido e que tinha passado toda a sua vida
conhecendo o mundo através dos livros, sem nunca ter deixado a fazenda da família, tudo isto
por ter uma aparência estranha (é totalmente branco). Powder é levado para um orfanato,
mas é hostilizado pelos outros internos em virtude do seu aspecto. Ele demonstra ter dons
particulares, além de ter o intelecto mais elevado que qualquer ser humano jamais teve,
passando a alterar a vida de todos que estão ao seu redor.
Glossário
camada de valência: camada mais
externa dos átomos onde ficam os elétrons
participantes das ligações químicas.
eletrólise: processo de separação dos
elementos químicos de um composto,
através da passagem de corrente elétrica.
eletronegatividade: capacidade que os
átomos têm de atrair elétrons.
124
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
De olho no ENEM
Questão 01 (ENEM 2002)
Em usinas hidrelétricas, a queda d’água move turbinas que acionam geradores. Em usinas eólicas,
os geradores são acionados por hélices movidas pelo vento. Na conversão direta solar-elétrica, são
células fotovoltaicas que produzem tensão elétrica. Além de todos produzirem eletricidade, esses
processos têm em comum o fato de
(A) não provocarem impacto ambiental.
(B) independerem de condições climáticas.
(C) a energia gerada poder ser armazenada.
(D) utilizarem fontes de energia renováveis.
(E) dependerem das reservas de combustíveis fósseis.
Questão 02 (ENEM 2003)
“Águas de março definem se falta luz este ano”.
Esse foi o título de uma reportagem em jornal de circulação nacional, pouco antes do início do
racionamento do consumo de energia elétrica, em 2001.
Referências
BRASIL. Sistema de Geração. CHESF - Ministério da Integração Nacional. Brasília, setembro, 2008.
Disponível em: <http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/
sistema_chesf_geracao/conteiner_geracao>. Acesso em: 31 jan. 2012.
______. Exame Nacional do Ensino Médio. Ministério da Educação.
Disponível em: <http://inep.gov.br/web/enem>. Acesso em: 09 abr. 2012.
TOLMASQUIM, Maurício T.; GUERREIRO, Amilcar; GORINI, Ricardo. Matriz energética brasileira:
uma prospectiva. Novos estud. - CEBRAP [online]. 2007, n.79, pp. 47-69. ISSN 0101-3300.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000300003>.
125
EM
Física
(A) a geração de eletricidade nas usinas hidrelétricas exige a manutenção de um dado fluxo de
água nas barragens.
(B) o sistema de tratamento da água e sua distribuição consomem grande quantidade de energia
elétrica.
(C) a geração de eletricidade nas usinas termelétricas utiliza grande volume de água para
refrigeração.
(D) o consumo da água e da energia elétrica utilizadas na indústria compete com o da agricultura.
(E) é grande o uso de chuveiros elétricos, cuja operação implica abundante consumo de água.
ção
No Brasil, a relação entre a produção de eletricidade e a utilização de recursos hídricos,
estabelecida nessa manchete, se justifica, porque
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
126
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127
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128
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Matemática
Humberto José Bortolossi
Apresentação
Canais: Caminhos das águas
Neste Caderno, vamos explorar alguns dos aspectos que compõem a construção de
canais, dando atenção especial ao papel da Matemática nesse processo. Veremos que a
velocidade com a qual a água se desloca em um canal depende, entre outros fatores, da
sua geometria: da declividade do fundo do canal e da área e do perímetro de sua seção
transversal em contato com a água (Figura 1). Descrever e compreender essa
dependência exige conhecimentos de geometria (ângulos, trigonometria, perímetros e
áreas), de funções reais (aproximações de funções, funções definidas por partes) e de
soluções de equações.
Figura 1. Canal trapezoidal tridimensional e elementos geométricos de sua seção transversal.
Assim, ao estudar o texto do Caderno e realizar as atividades propostas, você terá a
oportunidade de apreciar, de forma contextualizada, o uso da Matemática em um problema
prático e de importância tecnológica: o livro (CARLISLE, 2004), por exemplo, coloca
aquedutos e canais entre as 400 maiores invenções da humanidade em todos os tempos.
Reflexão para ação
Qual é a importância dos canais para nossas vidas? Durante o Período Neolítico, com a
organização da espécie humana em aldeias e centros urbanos, as necessidades agrícolas
impulsionaram os primeiros esforços no sentido de controlar o fluxo de água para fins de
irrigação. Desde então, saber captar, transportar e armazenar água se tornou vital para o
desenvolvimento da humanidade e de sua crescente demanda por água. Vestígios de
tecnologia hidráulica podem ser encontrados já em diversas civilizações antigas:
Mesopotâmia, Egito, Índia, Grécia, Itália, Peru, Mesoamérica e Camboja. No Brasil, temos
vários exemplos da ação do homem no processo de condução das águas: o Aqueduto da
Carioca (os Arcos da Lapa), o Canal Campos-Macaé, o Canal de Pereira Barreto, o Canal da
Piracema, o Canal do Trabalhador e, mais recentemente, a transposição do Rio São
Francisco.
129
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Conhecimento em ação
Canais pelo mundo.
Para que você possa perceber um pouco mais a presença e importância dos canais
em nossa sociedade, sugerimos a seguinte atividade de exploração: monte um pequeno
dossiê para alguns canais que foram criados pelas mãos do homem. Como ponto de
partida, indicamos os seguintes canais: o Canal do Panamá, o Canal de Suez, o Grande
Canal da China (o Grande Canal Beijing-Hangzhou), o Canal Reno-Meno-Danúbio, o Canal
de Corinto, o Canal do Meio-Dia, o Canal de Genil-Cabra, o Canal Campos-Macaé, o Canal
de Pereira Barreto, o Canal da Piracema e o Canal do Trabalhador. Você também pode
incluir um canal mais próximo de onde você reside (de sua cidade ou de seu Estado). Para
montar o seu documento, sugerimos o seguinte roteiro: (1) Visite cada um desses canais
usando o Google Earth (<http://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/>). Inclua, então, no
seu documento uma cópia da imagem apresentada pelo Google Earth e os países pelo
quais o canal passa. (2) Use o Google Images (<http://images.google.com.br/>) e o Google
Panoramio (<http://www.panoramio.com/>) para procurar por outras fotos do canal e,
então, inclua-as no seu documento (citando a fonte da imagem). (3) Usando mecanismos
de buscas na Internet, tente responder às seguintes perguntas: (a) Com qual propósito o
canal foi construído? (b) Qual é a extensão do canal? (c) Qual é a largura média do canal?
(d) Qual é a profundidade média do canal? (e) O quanto foi gasto na construção do canal?
Texto 1
Matemática EM
ção
Condução da água e suas classificações
Os sistemas de condução da água são classificados de acordo com suas várias
características. Uma primeira classificação que pode ser feita é segundo o mecanismo que
promove o deslocamento do fluido: se o movimento ocorre unicamente pela ação da
gravidade (isto é, pelo peso do fluido) e
se sempre existe uma superfície livre
do fluido sob o efeito da pressão
atmosférica
dentro
do
conduto,
dizemos que o escoamento se dá em
um conduto livre. Por outro lado, se o
conduto
está
completamente
preenchido com o fluido que está
sendo transportado e o movimento
ocorre por conta da gravidade ou por
conta de uma diferença de pressão
nas seções do conduto, dizemos,
então, que o escoamento se dá em um
conduto forçado (Figura 2).
Figura 2. Condutos livres e forçados
130
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Exemplos de condutos forçados incluem o deslocamento de água em canos, por
bombeamento, e o movimento do sangue em nossos vasos sanguíneos. Exemplos de
condutos livres incluem rios, calhas e galerias de esgoto que não estão completamente
preenchidos com líquido. Em Engenharia Hidráulica, condutos livres também são
denominados de canais, tema de nosso estudo aqui.
Canais, por sua vez, podem ser classificados de diversas maneiras. Um canal é
artificial se ele foi criado pela ação direta do homem (como o Canal do Panamá) e natural
se foi criado pela ação da natureza (como o Rio São Francisco). Com relação ao seu
formato geométrico, um canal é dito ser prismático se suas seções transversais são
congruentes e se suas seções longitudinais são segmentos de reta de mesma inclinação
(alguns autores exigem ainda que a rugosidade da superfície do canal seja constante),
caso contrário, ele é denominado não prismático. As seções transversais e longitudinais
são consideradas com relação a um eixo em uma superfície de referência (denominada
datum altimétrico em
Geografia). A Figura 3, a seguir, ilustra um exemplo de canal
prismático e três exemplos de canais não prismáticos. Um canal prismático não precisa,
necessariamente, ter faces
planas: um cano cilíndrico, por exemplo, também é
classificado como um canal prismático.
Figura 3. Canais prismáticos e não prismáticos
Por que classificar coisas é tão importante? O processo de classificação é
importante, pois ele nos permite organizar o conhecimento, intervindo na
construção dos vários conceitos que constituem nossa estrutura intelectual. Com isso,
podemos ter acesso rápido a todo o conhecimento que se tem sobre um determinado assunto
em estudo, permitindo-nos entender mais facilmente novas informações a partir desse
conhecimento prévio organizado. Observe como classificações estão sendo usadas não
somente aqui neste Caderno de Matemática, mas, também, em todos os outros cadernos das
demais disciplinas.
131
Matemática EM
Reflexão para ação
ção
Também podemos usar o tempo e o espaço para classificar canais. Usando o tempo
como critério de classificação: um canal é denominado estável se a profundidade do fluido
em cada seção transversal não muda com o tempo (mas podendo, em princípio, ser
diferente de seção transversal para seção transversal); se esta condição não for satisfeita,
o canal é denominado instável. Usando o espaço como critério de classificação: um canal é
denominado uniforme se a profundidade do fluido não varia ao longo do comprimento do
canal (mas podendo, em princípio, ser diferente em tempos diferentes); se esta condição
não for satisfeita, o canal é denominado não uniforme. Em nosso estudo, vamos nos
concentrar nos canais prismáticos. Eles constituem o modelo básico para muitos canais
artificiais.
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Reflexão para ação
Modelos: simplificando a realidade para poder entendê-la. O estatístico inglês
George E. P. Box escreveu a seguinte frase em seu livro “Empirical ModelBuilding and Response Surfaces” (publicado em 1987, em coautoria com o também estatístico
Normam R. Draper): “Essentially, all models are wrong, but some are useful.” (“Essencialmente,
todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis.”). Stricto sensu, não existem canais
(perfeitamente) prismáticos, nem (perfeitamente) estáveis e nem (perfeitamente) uniformes.
Essas definições dão origem a versões simplificadas e idealizadas dos canais reais: os modelos
de canais. Apesar dos modelos não capturarem todos os aspectos de suas contrapartes reais,
suas simplificações permitem que ele seja estudado com o conhecimento e a tecnologia atuais,
possibilitando, assim, a busca e o entendimento da essência do fenômeno em estudo.
Naturalmente, à medida que o conhecimento e a tecnologia evoluem, novos e melhores
modelos substituem os antigos. Modelos constituem uma ponte entre a realidade e a teoria.
Texto 2
Elementos geométricos e hidráulicos de um canal
Matemática EM
ção
Nesta seção, vamos estudar os elementos geométricos e hidráulicos que compõem
um canal prismático. Como veremos mais adiante, eles serão fundamentais para o cálculo
da vazão do fluido no canal (um dos problemas centrais em Engenharia Hidráulica). Apesar
de um canal ser um objeto tridimensional, ele pode ser estudado a partir de duas de suas
representações bidimensionais: a seção longitudinal, passando pelo ponto mais baixo do
canal e uma de suas seções transversais (lembre-se que, em um canal prismático, todas
as seções transversais têm o mesmo formato). A Figura 4, a seguir, ilustra um canal
prismático e essas duas seções especiais.
Figura 4. Seções longitudinal e transversal de um canal prismático
132
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Vamos às definições!
1. A inclinação S do canal é a tangente do ângulo entre o fundo do canal e uma
superfície de referência (denominada datum altimétrico em Geografia): S = tg(). É pelo
fato de o canal estar inclinado que o líquido aí flui pela ação da gravidade.
2. A variável y representa a profundidade do canal: a altura do líquido acima do fundo do
canal.
3. A variável d representa a altura de escoamento: a menor distância entre a superfície do
líquido e o fundo do canal (assim, um segmento que realiza esta medida deve ser
perpendicular ao fundo do canal).
4. A variável A representa a área molhada: a área da seção transversal ocupada pelo
líquido (na seção transversal da Figura 4, a área molhada é a área da região desenhada
em azul).
5. A variável P representa o perímetro molhado: o comprimento da linha de interseção
entre a seção transversal ocupada pelo líquido e a superfície (leito) do canal (na seção
transversal da Figura 4, o perímetro molhado é o comprimento da curva desenhada em
azul).
6. Importante: No cálculo do perímetro molhado, não se inclui o comprimento B do
segmento de reta que representa o contato entre a seção transversal ocupada pelo
líquido e a atmosfera. Esse comprimento B é denominado largura superficial do canal.
Com essas definições geométricas, podemos considerar dois elementos hidráulicos
importantes: a profundidade hidráulica (yh) e o raio hidráulico do canal (Rh), definidos,
respectivamente, pelas seguintes expressões:
yh
área molhada
A
largura superficial B
Rh
e
área molhada
A
.
perímetro molhado P
Figura 5. Os diferentes formatos para as seções transversais de um canal artificial
133
Matemática EM
ção
As seções transversais de um canal artificial podem ter diferentes formatos:
retangulares, trapezoidais, triangulares, circulares e parabólicos (Figura 5).
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
A escolha do tipo de canal depende de vários fatores: do tamanho do canal, do tipo
de líquido e sedimentos que serão transportados, dos recursos financeiros disponíveis etc.
No livro “Fundamentos da Engenharia Hidráulica”, os professores Márcio Baptista e
Márcia Laura (2006) apontam alguns usos dos diversos tipos de canais:
Em termos de utilização prática, as seções trapezoidais são bastante empregadas
em canais de todos os portes, com ou sem revestimento. Da mesma forma, as
seções retangulares têm também emprego bastante amplo, sendo, no entanto,
construídas em estruturas rígidas, de forma a garantir a estabilidade das seções.
Para a condução de vazões mais reduzidas, empregam-se as seções circulares,
de uso comum em redes de esgoto, redes de águas pluviais e em bueiros. Da
mesma forma, as seções triangulares são utilizadas em canais de pequenas
dimensões, tais como as sarjetas rodoviárias e urbanas.
O engenheiro Adrian Laycock (2007) defende, em seu livro “Irrigation Systems”, o uso
de canais parabólicos, principalmente devido à excelente resistência estrutural que este
tipo de canal oferece. Aqui vale mencionar que os canais escavados usando seções
trapezoidais e triangulares tendem a se tornar parabólicos com o tempo.
Zoom na informação
Que tal ver algumas fotos de canais construídos usando esses tipos de seções
transversais? Começamos com os canais retangulares. A foto da esquerda, na Figura 6, nos
mostra o aqueduto retangular do reservatório de Malaprabha, na Índia; a foto da direita é do
Canal Superior de Pehur, no Paquistão (note a transição da seção retangular para uma seção
parabólica).
Matemática EM
ção
Figura 6. Canais retangulares
Fonte: Adrian Laycock
Um exemplo de canal no formato
trapezoidal é dado pelo canal adutor na
cidade de Delmiro Gouveia, em Alagoas
(Figura 7).
Figura 7. Canal trapezoidal
Fonte: Agência Nacional de Águas
134
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
O canal de Zújar, na Espanha, tem o formato circular. A foto na Figura 8, à esquerda,
mostra um equipamento pavimentando esse canal durante sua construção, em 1971. Também
tem formato circular uma tubulação de esgoto que desemboca no Rio Belém, em Curitiba (foto
à direita na Figura 8).
Figura 8. Canais circulares
Fonte: Adrian Laycock e Agência Nacional de Águas
As fotos na Figura 9 são da construção de um trecho parabólico do Canal Superior de Pehur,
no Paquistão. As fotos B e C ilustram duas técnicas que foram empregadas para garantir o formato
parabólico do canal.
Foto A
Foto B
Foto C
Figura 9. Canais parabólicos
Fonte: Adrian Laycock
Siga antenado
Quer ver outras fotos de canais artificiais? A página web do engenheiro Adrian
Laycock reúne uma excelente coleção de fotos desse tipo: <http://
www.adrianlaycock.com/pictures/>.
Nesta seção, você é convidado(a) a usar seus conhecimentos de geometria e
trigonometria para calcular os vários elementos geométricos e hidráulicos dos canais
retangulares, trapezoidais, triangulares e circulares. Faça os cálculos e anote os resultados
na tabela a seguir! Assuma que o ângulo é sempre medido em radianos.
135
Matemática EM
Cálculos dos elementos geométricos e hidráulicos
ção
Conhecimento em ação
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Sugestão: para se familiarizar com o problema, antes de proceder aos cálculos,
acesse a atividade interativa disponível no endereço <http://www.uff.br/cdme/iat/cda/>.
Nessa atividade, você poderá modificar o formato do canal e observar como os elementos
geométricos e hidráulicos variam, incluindo um modelo 3D do canal e os gráficos de B, A, P,
yh e Rh em função de y. Você também poderá testar se sua resposta está correta,
comparando-a com os valores numéricos dados pela atividade interativa.
Tabela 1: Cálculos dos elementos geométricos e hidráulicos dos canais retangulares,
trapezoidais, triangulares e circulares
Tipo do Canal
Largura
Superficial
(B)
Área
Molhada
(A)
canal retangular
canal trapezoidal
Matemática EM
ção
canal triangular
canal circular
136
Perímetro
Molhado
(P)
Profundidade Hidráulica
(yh=A/B)
Raio
Hidráulico
(Rh=A/P)
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Conhecimento em ação
Em textos de engenharia, para canais trapezoidais e triangulares, não é usual
empregar ângulos para especificar a inclinação das paredes (os taludes) dos canais. O que
se faz é considerar um triângulo retângulo, onde um dos ângulos internos é o ângulo , que
determina a inclinação da parede do canal e cujo cateto oposto a este ângulo tem sempre
medida igual a 1 (Figura 10). Ao invés do ângulo ,
usa-se, então, a medida z do cateto adjacente a esse
ângulo. Note, portanto, que a inclinação da parede do
canal é igual à tg() = 1/z, de modo que z = 1/tg() = cotg
().
De posse dessa informação, use a variável z, ao
invés da variável , para reescrever as expressões que
você obteve para a largura superficial, a área molhada, o
perímetro molhado, a profundidade hidráulica e o raio
hidráulico, na tabela anterior, para o canal trapezoidal e
para o canal triangular.
Figura 10. Relação entre z e : z = 1/
tg() = cotg()
Texto 3
Canais parabólicos um prelúdio ao cálculo diferencial e integral
Talvez você esteja se perguntando o porquê do canal parabólico não ter sido
considerado no estudo feito na seção anterior. A dificuldade aqui é obter o comprimento de
um arco de parábola (para calcular o perímetro molhado do canal parabólico) e a área de
uma região limitada por uma parábola e um segmento de reta (para calcular a área
molhada do canal parabólico). Será que existem fórmulas para essas medidas? A resposta
é sim! Para o canal parabólico indicado na Figura 11, os valores do perímetro molhado P e
da área molhada A são dados, respectivamente, pelas expressões
16 y
e
A
2B y
.
3
Figura 11. Elementos geométricos do canal parabólico
137
Matemática EM
ção
P
8 B 2 16 y 2 y B 2 ln 4 y B 2 16 y 2 B 2 ln 4 y B 2 16 y 2
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Matemática EM
ção
Mas como essas fórmulas foram obtidas? Resposta: com recursos do Cálculo
Diferencial e Integral, uma teoria que você, certamente, estudará na universidade caso
opte por um curso das áreas de ciências exatas e tecnológicas (Matemática, Física,
Química, Estatística, Informática, Ciências da Computação, Engenharias, Geofísica,
Geologia, Oceanografia, Metereologia, Tecnologia em Navegação Fluvial, Astronomia).
Mesmo cursos como Administração, Contabilidade, Economia, Ciências Atuariais,
Arquitetura, Farmácia, Biologia, Biomedicina, Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Agronomia e Zootecnia estudam o Cálculo
Diferencial e Integral.
Uma das ideias centrais do Cálculo
Diferencial e Integral é a de tentar obter a
resposta de um problema mais complicado,
resolvendo-se problemas mais simples, cujas
soluções dão aproximações cada vez
melhores do problema complicado inicial.
Vamos acompanhar um exemplo: a seção
transversal do leito de um canal parabólico Figura 12. Gráfico de u = f(x) = a x2 (com a = 4y/B2), para
pode ser modelada como o gráfico de uma x no intervalo [–B/2, B/2]
função quadrática u = f(x) = a x2 (com a = 4y/
B2) para valores de x no intervalo [–B/2, B/2],
como mostra a Figura 12.
Calcular o comprimento desse arco de
parábola é um problema complicado! A ideia
é, então, pensar em uma situação mais
simples e, para isto, vamos aproximar a
função quadrática por uma função poligonal,
cujo gráfico é constituído por dois segmentos
de reta, como mostra a Figura 13.
Figura 13. Aproximação do perímetro molhado usando-se
Observe que calcular a soma dos dois subintervalos
comprimentos dos segmentos de reta que
constituem o gráfico da função poligonal é um problema muito mais simples! Mais ainda:
essa soma dá uma aproximação para o comprimento de arco de parábola e, quanto mais
subdividirmos o intervalo [–B/2, B/2] em subintervalos de mesmo tamanho, mais a soma
dos comprimentos dos segmentos de reta do gráfico da função poligonal correspondente
irá se aproximar do comprimento do arco de parábola (Figura 14)!
Figura 14. Aproximações do perímetro molhado usando-se quatro e oito subintervalos
138
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Uma ideia análoga pode ser usada para aproximar o valor da área molhada do canal
parabólico! De fato, observe nas figuras a seguir, como a área molhada pode ser
aproximada por triângulos e trapézios cujas áreas são bem mais fáceis de se calcular.
Quanto mais subdividirmos o intervalo [–B/2, B/2] em subintervalos de mesmo tamanho,
mais a soma das áreas dos triângulos e trapézios irá se aproximar do valor exato da área
molhada (Figura 15)!
Figura 15. Aproximações da área molhada usando-se dois, quatro, oito e dezesseis subintervalos
139
Matemática EM
Para perceber o poder dessas ideias, sugerimos que você realize experimentos
numéricos com as atividades interativas disponíveis no endereço eletrônico
<http://www.uff.br/cdme/iat/cda/>. Nessas atividades, você poderá configurar o formato
do canal parabólico e comparar as aproximações construídas anteriormente com os
valores exatos obtidos via Cálculo Diferencial e Integral!
Enquanto nossa discussão aqui se concentrou em aspectos numéricos, o
desenvolvimento teórico dessas ideias de aproximações permite obter fórmulas exatas
para o cálculo do comprimento de curvas e para o cálculo de áreas de regiões mais
gerais. Mas isso é outra história, que você verá se cursar a disciplina de Cálculo
Diferencial e Integral na universidade.
ção
Conhecimento em ação
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Conhecimento em ação
Agora que você conhece as expressões para o perímetro molhado e para a área
molhada de um canal parabólico, que tal preencher os dados da Tabela 2?
Tabela 2: Cálculos dos elementos geométricos e hidráulicos dos canais parabólicos
Largura
Superficial
(B)
Tipo do Canal
Área
Molhada
(A)
Perímetro
Molhado
(P)
Profundidade Hidráulica
Raio
Hidráulico
(Rh=A/P)
Texto 4
Velocidade média e vazão: A fórmula de Manning
Matemática EM
ção
Devido à presença da superfície livre em contato com o ar
e ao atrito com as paredes do canal, a velocidade do fluido não
se distribui uniformemente sobre sua seção transversal. A
Figura 16 ilustra distribuições típicas para os canais circulares.
Na figura, as curvas indicam pontos da seção transversal
com mesma velocidade. Elas são denominadas isotáquias (do
Grego, ísos = igual e táchos = velocidade). Note que a
velocidade máxima ocorre no interior da área molhada e que,
quanto mais próximo das paredes do canal, menor é a
velocidade do fluido. Dada a essa não uniformidade, é usual,
então, considerar a velocidade média v do fluido, definida por
v
Figura 16. Distribuição das
velocidades do fluido em um
canal circular
Q
,
A
onde Q é a vazão do fluido (a taxa de variação em relação ao tempo do volume do
fluido que passa pela seção transversal do canal) e A é a área molhada do canal.
140
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Ao construir um canal, engenheiros procuram dimensioná-lo corretamente para garantir
que a velocidade média de escoamento esteja dentro de um determinado intervalo. Esse
controle é importante, por exemplo, para garantir que um volume mínimo de água seja
escoado em um determinado intervalo de tempo e para se evitar erosões e acúmulo de
depósitos no fundo do canal.
Nesse aspecto, uma das fórmulas mais usadas em Engenharia Hidráulica é a fórmula de
Manning, que relaciona a velocidade média v do fluido com a geometria da seção transversal
do canal:
v
k 2/3 1/ 2
Rh S ,
n
onde k é uma constante de conversão, n é o coeficiente de rugosidade de Manning (que
depende da rugosidade das paredes do canal), Rh é o raio hidráulico do canal e S é a
declividade (a tangente do ângulo f entre o fundo do canal e um datum altimétrico). No
Sistema Internacional de Unidades, k = 1, n é dado em s/m1/3, Rh em m e S é adimensional
(isto é, desprovido de unidade). Não é difícil de verificar, com base nessas informações, que v
é, então, expressa em m/s. Essa fórmula empírica foi proposta pelo engenheiro irlandês
Robert Manning, em 1889, para a Instituição de Engenheiros Civis, na Irlanda. Em 1891,
Manning publicou sua fórmula no artigo “On The Flow of Water in Open Channels and Pipes”
da revista “Transactions of The Institution of Civil Engineers”.
O coeficiente de rugosidade n na fórmula de Manning é determinado empiricamente. Na
Tabela 1, encontramos valores típicos para n de acordo com o tipo de canal (CHOW, 1959).
Como esperado, quanto mais rugosa a superfície do fundo do canal, maior o val or do
coeficiente de rugosidade. Por exemplo, a rugosidade das planícies inundadas aumenta de
pasto para cerrado e de cerrado para floresta.
Tabela 3 — Valores do coeficiente de rugosidade de acordo com o tipo de canal
Tipo do Canal
n
A. Condutos naturais
Limpo e reto
Escoamento vagaroso com poças
Rio típico
B. Planícies inundadas
Pasto
Cerrado leve
Cerrado pesado
Floresta
C. Condutos escavados na terra
Limpo
Cascalho
Vegetação rasteira
Pedregoso
D. Condutos revestidos artificialmente
Vidro
Latão
Aço liso
Aço pintado
Aço rebitado
Ferro fundido
Concreto com acabamento
Concreto sem acabamento
Madeira aplainada
Tijolo de barro
Alvenaria
Asfalto
Metal corrugado
Alvenaria grosseira
0,035
0,050
0,075
0,150
0,010
0,011
0,012
0,014
0,015
0,013
0,012
0,014
0,012
0,014
0,015
0,016
0,022
0,025
141
ção
0,022
0,025
0,030
0,035
Matemática EM
Fonte: CHOW, 1959
0,030
0,040
0,035
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A fórmula de Manning também pode ser expressa em termos da vazão Q do canal:
Q
k
ARh2/3 S 1/ 2 ,
n
onde A é a área molhada da seção transversal do canal. No Sistema Internacional de
Unidades, Q é medida em m3/s e A em m2.
Vamos ver agora um exemplo típico do uso da fórmula de Manning em Engenharia
Hidráulica. Considere o canal trapezoidal cujas dimensões da seção transversal estão
indicadas na Figura 18.
Figura 18. Exemplo de canal trapezoidal
Sabe-se que o fundo do canal cai 1,4 m para cada 1000 m de comprimento e que ele
é revestido de concreto com acabamento. Qual é a vazão do canal? A resposta é dada
pela fórmula de Manning! Note, primeiramente, que k = 1, n = 0,012 (conforme a tabela
com os coeficientes de rugosidade de Manning), S = 1,4/1000 = 0,0014, b = 4, y = 2,
2
B b 2 y cotg
9
P b
2
4 4 cotg
9
2y
4
4
2
2
sen
sen
9
9
e
,
A
( B b) y
2
8 4cotg
2
9
2
2
2
cos
8 4 cotg
2sen
A
9
9
9
Rh
4
2
P
4
sen
1
2
9
sen
9
ção
Dessa maneira,
Matemática EM
,
Portanto, a velocidade média v do canal é dada por v = Q/A ≈ 3,62 m/s.
142
.
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Um problema mais interessante (e também um pouco mais complicado) é o de se
determinar a profundidade y do canal que realiza uma vazão Q com valor preestabelecido.
Por exemplo, qual deve ser a profundidade y do canal do exemplo que acabamos de
estudar para que sua vazão seja igual a Q = 100 m3/s? Repetindo os cálculos feitos
anteriormente, aproximando os valores das funções trigonométricas, mas não substituindo
o valor de y por 2, concluímos que y deve ser solução da equação
Enquanto existem técnicas que permitem resolver numericamente e de forma
eficiente equações desse tipo, você pode tentar algo não tão eficiente, mas bem mais
simples, com sua calculadora ou planilha eletrônica: tentativa e erro. Mais precisamente,
você pode calcular a função
8 2,38 y y
f ( y ) 0,98 8 2,38 y y
4 3,11 y
2/3
para valores de y iguais a 0, 0,1, 0,2 etc., e, então, parar quando f(y) estiver próximo de
100. Uma vez que f(2,9) = 94,24... e f(3,0) = 101,79..., podemos considerar y = 3.0 como
uma aproximação da solução da equação. Podemos procurar por uma aproximação melhor
no intervalo [2,9; 3.0]: uma vez que f(2,98) = 99,46... e f(2,99) = 100,12..., concluímos que y
= 2,98 é uma outra (e melhor) aproximação para a solução da equação. Dessa maneira,
podemos inferir que a representação decimal da solução da equação é da forma y =
2.98....
143
Matemática EM
É importante ressaltar a natureza empírica da fórmula de Manning: ela foi formulada a
partir de muitas observações e medições em canais existentes. Assim, cuidado é
necessário! À medida que técnicas de medição e de análise estatística mais sofisticadas
são desenvolvidas, todo o processo pode ser revisto. Não obstante, é sempre bom ter
em mente que certas leis físicas que hoje nos são bem familiares, como a Lei da Queda
Livre dos Corpos, de Galileu Galilei (1564-1642), e a Lei da Gravitação Universal, de
Isaac Newton (1643-1727), tiveram uma componente empírica em suas formulações:
Galileu Galilei fez experimentos com planos inclinados no processo de estabelecer a lei
que governa a queda livre dos corpos e Isaac Newton, em sua obra “Principia”, diz:
“Nessa filosofia [experimental], as proposições particulares são inferidas dos fenômenos
e, depois, tornadas gerais por indução”.
ção
Reflexão para ação
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Zoom na informação
A ideia de se representar graficamente
pontos onde uma determinada quantidade
é constante (como o caso das isotáquias) é
muito usada em outros ramos da ciência.
Por exemplo, em cartografia, topografia e
agricultura, uma curva de nível é um
conjunto de pontos de um mapa que
representa pontos com mesma altitude
(Figura 17).
Temos também as isotérmicas (curvas
onde a temperatura é constante), as
isoietas (curvas onde a precipitação pluvial
é constante), as isobáricas (curvas onde a
pressão atmosférica é constante), etc.
Figura 17. Curvas de nível
e
sidad
Curio
Após analisar os custos de construção de 33 canais na Espanha, Montañés
(2006) obteve os seguintes percentuais com relação ao custo total de
construção:
Nivelamento do canal
Escavação do canal
Corte do canal
Revestimento do canal com concreto
31,0%
10,5%
5,3%
53,0%
Matemática EM
ção
Observe que mais da metade do custo total da construção é gasta com o
revestimento do canal. Apesar disso, o revestimento do canal permite diminuir a perda
de água por infiltração em torno de 30% a 40%, apenas (SWAMEE; MISHRA;
CHADAR, 2002). Além da infiltração, um canal pode perder água por transbordamento
e evaporação. Estima-se, por exemplo, que um terço da água dos canais de irrigação
em todo o mundo se perde durante o processo de transporte. Outro terço é perdido no
terreno ou na fazenda, de modo que apenas um terço da água é efetivamente
consumido (MONTAÑÉS, 2006).
Glossário
Uma seção longitudinal de um objeto
tridimensional com relação a um
determinado eixo é a interseção do objeto
com um plano paralelo ao eixo.
144
Uma seção transversal de um objeto
tridimensional com relação a um
determinado eixo é a interseção do objeto
com um plano perpendicular ao eixo.
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De olho no ENEM
Questão 01 – ENEM 2009
A vazão do Rio Tietê, em São Paulo, constitui preocupação constante nos períodos
chuvosos. Em alguns trechos, são construídas canaletas para controlar o fluxo de água.
Uma dessas canaletas, cujo corte vertical determina a forma de um trapézio isósceles,
tem as medidas especificadas na Figura I. Neste caso, a vazão da água é de 1.050 m 3/s.
O cálculo da vazão, Q em m3/s, envolve o produto da área A do setor transversal (por
onde passa a água), em m2, pela velocidade da água no local, v, em m/s, ou seja, Q =
Av. Planeja-se uma reforma na canaleta, com as dimensões especificadas na Figura II,
para evitar a ocorrência de enchentes.
Na suposição de que a velocidade da água não se alterará, qual a vazão esperada para
depois da reforma da canaleta?
(A) 90 m3/s
(B) 750 m3/s
(C) 1.050 m3/s
(D) 1.512 m3/s
(E) 2.009 m3/s
Questão 02 – ENEM 2009
(A)
(D)
12 m 2
300 m 2
(B)
(E)
108 m 2
(24 2 3) 2 m 2
145
C)
(12 2 3) 2 m 2
Matemática EM
Considere que a base do reservatório tenha raio r 2 3 m e que sua lateral faça um
ângulo de 60°com o solo.
Se a altura do reservatório é 12 m, a tampa a ser comprada deverá cobrir uma área de
ção
Uma empresa precisa comprar uma tampa para o seu reservatório, que tem a forma de
um tronco de cone circular reto, conforme mostrado na figura.
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Referências
BAPTISTA, Márcio; LARA, Márcia. Fundamentos da Engenharia Hidráulica. Belo Horizonte: UFMG,
2010.
CARLISLE, Rodney P. Scientific American Inventions and Discoveries: All The Milestones in
Ingenuity ─ From The discovery of Fire to The Invention of The Microwave Oven. Hoboken: John
Willey & Sons, Inc., 2004.
CHOW, Ven Te. Open Channel Hydraulics. New York: McGraw-Hill, 1959.
LAYCOCK, Adrian. Irrigation Systems: Design, Planning and Construction. Oxfordshire: CABI, 2007.
MONTAÑÉS, José Liria. Hydraulic Canals: Design, Construction, Regulation and Maintenance. New
York: Taylor & Francis, 2006.
Matemática EM
ção
SWAMEE, Prabhata K.; MISHRA, Govinda C.; CHADAR, Bhagu R. Design of Minimum Water-Loss
Canal Sections. Journal of Hydraulic Research, v. 40, n. 2, p. 215-220, 2002.
146
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Respostas e Comentários das Questões do ENEM
LÍNGUA PORTUGUESA
Questão 01
Comentários:
O texto de Duarte apresenta ao leitor informações sobre a biosfera e sobre o
ecossistema, explicitando o que cada noção significa. Por isso, fica claro que a função
linguagem, usada pelo autor do texto, não é emotiva, nem fática, nem poética e nem
conativa, mas, isto sim, referencial.
Resposta correta: E
Questão 02
Comentários:
O texto apresenta informações sobre uma pesquisa científica e a previsão que um
pesquisador faz com base em dados objetivos e precisos oriundos dessa pesquisa. Por
isso, as alternativas (A) e (E) estão erradas e a alternativa (B) está correta. As
alternativas (C) e (D) não procedem, porque o texto é simplesmente informativo: ele nem
é argumentativo – seu autor não tenta convencer o leitor acerca de nada – nem é
estético, pois a linguagem predominante é denotativa.
Observe que o conteúdo do texto dessa questão está estreitamente relacionado com a
Geografia e a Física. Por isso, lembre-se que todas as disciplinas contribuem para você
fazer uma ótima prova de Língua Portuguesa no ENEM.
Resposta correta: B
LITERATURA BRASILEIRA
Questão 01
Comentários:
Os textos apresentam o lado positivo e o negativo do uso do plástico. Mas cada um
deles vai destacar aquilo que interessa ao seu autor. Assim, é preciso prestar atenção
para o emissor da mensagem: no texto 1, é a Minuano (um fabricante).
Resposta correta: B
Questão 02
Comentários:
No texto 2, é de um instituto defensor da conscientização do consumo.
Resposta correta: E
Observação: Sempre que estiver em dúvida, procure saber quem diz o que, e por qual
motivação. Assim ficará mais fácil descobrir o que está por trás do texto, qual sua intenção.
147
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HISTÓRIA
Questão 01
Comentário:
Resolução: A recuperação de áreas degradadas e a utilização de insumos para
elevação da produtividade das pastagens impedem que haja uma expansão das
fronteiras agropecuárias, resultando automaticamente na diminuição dos níveis de
desmatamento.
Resposta correta: E
Questão 02
Comentário:
Resolução: O desperdício e o uso inadequado podem esgotar ou degradar esse recurso.
Problemas desse tipo já ocorrem em certas áreas ou regiões. E acredita-se que em
médio prazo, mantidas as atuais formas de uso da água, poderão abranger todo o
planeta, gerando uma crise global da água.
Resposta correta: B
FONTE: BARBOSA, Marcos. Atualidades para concursos públicos, ENEM e Vestibulares.
São Paulo: Saraiva, 2011. P. 249.
GEOGRAFIA
Questão 01
Comentário:
A água doce representa apenas um pequeno percentual da água disponível no planeta
Terra, sendo que boa parte encontra-se nas geleiras. Sua qualidade vem caindo com a
degradação causada pela atividade humana (desmatamento, urbanização,
industrialização etc.).
Resposta correta: B
Questão 02
Comentário:
Recentemente o Brasil sofreu racionamento de energia em virtude de ausência de
chuvas significativas, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste brasileiros. Mas
também a degradação dos mananciais e desperdício no consumo são fatores que
influem decisivamente no problema. Precisamos mudar nossa postura em relação ao
uso da água doce urgentemente.
Resposta correta: E
148
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BIOLOGIA
Questão 01
Comentário:
A questão destaca a importância da conservação ambiental frente à poluição, no caso,
de ecossistemas aquáticos. No monitoramento com biodetectores, a eficiência dos seres
utilizados será tanto maior quanto maior for sua sensibilidade à poluição, permitindo
alerta e providências imediatas para resolver o problema o mais rapidamente possível.
Assim, a espécie I seria mais sensível à poluição e quem melhor indicaria os riscos
associados a essa mudança no ecossistema.
Resposta correta: A
Questão 02
Comentário:
A importância da presença de água é destacada aqui para a sobrevivência dos anfíbios,
na medida em que sua reprodução depende da abundância de água, sendo, portanto,
os meses de maior pluviosidade mais favoráveis à realização do seu processo
reprodutivo, em função da maior possibilidade de acúmulo de água.
Resposta correta: B
Questão 03
Comentário:
A presença da floresta aumenta a dinâmica do ciclo da água, garantindo maior índice de
pluviosidade. Isso disponibiliza maior quantidade de água em uma área maior,
favorecendo a presença desse componente essencial à sobrevivência dos seres vivos.
Resposta correta: B
149
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QUÍMICA
Questão 01
Comentário:
O pesticida organofosforado Tipo B é representado, em sua fórmula estrutural, na
alternativa de letra E, cujo enxofre faz uma dupla ligação com o fósforo (Tipo B) e
apresenta o grupo etoxi ligado ao átomo central do fósforo.
Resposta correta: E
Enxofre faz uma dupla
ligação com o fósforo
Grupo etoxi
Questão 02
Comentário:
Das moléculas apresentadas, a alternativa de letra E demonstra ser a mais adequada
para funcionar como molécula ativa de protetores solares, que pode ser identificada
pela baixa solubilidade do composto em água, garantida pela extremidade apolar à
direita da molécula (composta por hidrocarbonetos H-C). Além disso, a estrutura
possui um anel aromático conjugado com o grupo carbonila (C=O) em ocorrência de
ligações simples e duplas (conforme o enunciado).
Resposta correta: E
Grupo carbonila (C=O)
Extremidade apolar
hidrocarbonetos)
Anel aromático
150
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FÍSICA
Questão 01
Comentário
Em todos os processos descritos, a energia elétrica pode ser armazenada em
dispositivos como as baterias. A hidrelétrica tem impacto ambiental devido ao
alagamento de grandes áreas secas, causando conflitos sociais e ambientais. A água
não é uma energia renovável. Todos os processos citados no texto dependem das
condições climáticas (vento, chuvas, irradiação solar). E, por fim, nenhum dos
processos de obtenção de energia elétrica citados no texto resulta de combustíveis
fósseis, pois não dependem da transformação de energia de calor proveniente da
queima de um combustível.
Resposta correta: C
Questão 02
Comentário
A resposta correta é a alternativa (A), pois a produção de energia de uma hidrelétrica
está justamente na sua capacidade de armazenamento do volume de água em suas
barragens e a posterior queda, a partir da qual irá acontecer a transformação de
energia potencial em cinética. Para isso, além da altura de queda, é importante a
massa d´água envolvida, que depende do período de chuva. As demais alternativas
são erradas, pois não existe relação do fluxo de água das hidrelétricas com mais
nenhuma atividade, a não ser para a produção da energia elétrica nas hidrelétricas e
nelas o abastecimento de água é exclusivamente pelo volume represado, não tendo
relação com as outras atividades.
Resposta correta: A
MATEMÁTICA
Questão 01
Comentário
Vamos usar as seguintes notações: v1, Q1 e A1 representam, respectivamente, a
vazão, a velocidade da água e a área do corte vertical (no caso, um trapézio) do canal
da Figura I. Por sua vez, v2, Q2 e A2 representam, respectivamente, a vazão, a
velocidade da água e a área do corte vertical (no caso, outro trapézio) do canal da
Figura II.
Para responder à questão, devemos calcular o valor da vazão Q2. Como Q1 = A1 v1, Q2
= A2 v2 e, por hipótese, v2 = v1, segue-se que:
v2 v1
Q2 Q1
QA
Q2 1 2 .
A2 A1
A1
151
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Mas Q1 = 1.050 m3/s,
A1
Logo,
Q2
(30 20) 2,5
62,5 m2
2
A2
e
(41 49) 2, 0
90 m 2 .
2
Q1 A2 (1.050) (90)
1.512 m3 s.
62,5
A1
Note que o enunciado da questão está assumindo, implicitamente, que os dois canais
estão operando com água até o topo. Como foi visto na parte deste Caderno dedicada
à matemática, a vazão não depende da área do corte transversal do canal, mas, sim,
da área da parte do corte transversal que está sendo preenchida com água (a área
molhada do canal).
Os valores errados nos demais itens podem ter as seguintes explicações: o valor dado
no item (A) coincide numericamente com o valor de A2; o valor dado no item (B)
coincide com o valor de Q1/2; o valor dado no item (C) coincide com o valor de Q1; o
valor dado no item (E) coincide numericamente com o ano de aplicação da prova.
Resposta correta: D
Questão 02
Comentário
Considere os pontos coplanares O, P, Q, U e V indicados na figura a seguir.
Na figura, os pontos O e U são centros das duas bases circulares do tronco de cone
circular reto, o ponto P é tal que
UV R
OP r = raio da base circular de centro em O, o
ponto V é tal que
= raio da base circular de centro em U e o ponto Q é a
projeção ortogonal do ponto V sobre o solo.
Para responder à questão, devemos calcular a área da base circular de centro em U e,
para isso, precisaremos calcular primeiro a medida R de seu raio.
152
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OU QV h
Note que
= altura do reservatório. Observe também que, no triângulo
retângulo PQV,
tg(60)
Como
tg(60)
tg(60) 3,
h = 12 m e
QV
h
.
PQ R r
r 2 3 m,
segue-se que
12
18
QV
h
3
3R 6 12 R
6 3 m.
PQ R r
3
R2 3
Assim, a área S da base circular de centro em U do tronco de cone circular reto é igual
a
S R2 6 3
2
108 m 2 .
Observação: Houve um erro de impressão na prova original fornecida pelo MEC e
o símbolo π não apareceu nos itens de resposta dessa questão.
Os valores errados nos demais itens podem ter as seguintes explicações: o valor
dado no item (A) coincide com o valor da área da base circular de centro no ponto O; o
valor dado no item (C) coincide com o valor da área de um círculo cujo raio é igual à
soma h + r; o valor dado no item (D) é obtido se, no desenvolvimento acima, o valor de
tg (60°) for substituído erroneamente por
3 2,
o valor dado no item (E) é obtido se,
no desenvolvimento acima, o valor de tg (60°) for substituído erroneamente por ½.
Resposta correta: B
153
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LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Prezado(a) Estudante,
Com o objetivo de aprofundar seus conhecimentos em Língua Portuguesa, o presente material visa potencializar seus estudos e instrumentalizá-lo melhor na prática da escrita
e da oralidade. Além disso, permite articular teoria e prática, vinculando o trabalho intelectual com as atividades práticas experimentais, através da utilização de novas mídias e tecnologias educacionais, que facilitarão a sua aprendizagem. Nesse afã, programamos uma
série de leituras e de atividades de produção textual baseadas em duas temáticas atuais,
importantes para o Ensino Médio: Saúde e Sociedade; Ciência e Tecnologia. Essas atividades foram elaboradas de forma que você possa associar os conteúdos curriculares às
atividades complementares aqui propostas.
Tais materiais são de grande valia e podem ser discutidos em sala de aula com o seu
professor, nas aulas de monitoria, num círculo de estudo com os colegas ou até mesmo
individualmente.
A prática da leitura, da escrita e da oralidade são bem sucedidas desde que você
desperte dentro de si a motivação, a vontade e o dinamismo em vencer novos obstáculos.
Desejamos bons estudos!
157
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Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Leitura e Produção Textual - I
Luciana Santos de Oliveira e Luciano Amaral Oliveira
Apresentação
Olá!
Nesta seção, discutiremos o tema “Saúde e Sociedade”. Daremos foco à maneira como a
saúde é vista e praticada na atualidade, e às novas perspectivas que surgem e integram as
questões da medicina a outras ciências. O tema será introduzido a partir de um relato que
um médico fez para registrar importante mudança em sua rotina profissional. Refletiremos
um pouco sobre regência verbal, orações relativas cortadoras e o uso de pronomes oblíquos com o objetivo de contribuir para que você escreva da forma adequada exigida pelo
ENEM. Afinal, precisamos garantir que você tenha consciência de que sua redação deve
sempre estar coesa e adequada à norma culta. E, por falar em ENEM, apresentamos duas
questões desse exame para você resolver.
Reflexão para ação
Forme um grupo com mais dois colegas. Discutam o provérbio latino “Mente sã em corpo
são”. O que significa esse provérbio? Vocês concordam com ele? Ele se aplica a vocês?
Por que (não)?
Texto 1
Você vai ler agora um relato muito interessante que um médico faz de algo que aconteceu num dia de trabalho no hospital em que atende. O médico se chama José Ricardo de
Carvalho Mesquita Ayres (2011) e o relato é parte de um artigo científico que ele publicou
em uma revista especializada. Leia o relato e responda às perguntas que seguem.
"Saí do consultório e caminhei pelo corredor
lateral até a sala de espera, cartão de identificação à mão, para chamar a próxima paciente. Já era final de uma exaustiva manhã de
atendimento. Ao longo do percurso, fiquei imaginando como estaria o humor da paciente
naquele dia – o meu, àquela hora, já estava
péssimo. Assim que a chamei, D. Violeta veio,
uma vez mais, reclamando da longa espera,
do desconforto, do atraso de vida que era
Figura 1: Médico conversando com paciente.
Fonte:
http://visualsonline.cancer.gov/details.cfm?
imageid=2528
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ção
EM
Leitura e
Produção
Textual
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
esperar tanto tempo. Eu que, usualmente, nesse momento sempre repetido, buscava compreender a situação da paciente, acolher sua impaciência e responder com uma planejada
serenidade, por alguma razão, nesse dia, meu sentimento foi outro. Num lapso de segundo, tive vontade de revidar o tom rude e agressivo de que sempre era alvo. Quase no mesmo lapso, senti-me surpreso e decepcionado com esse impulso, que me pareceu a antítese
do que sempre acreditei ser a atitude de um verdadeiro terapeuta. Essa vertigem produziu
em mim muitos efeitos. Um deles, porém, foi o que marcou a cena. Ao invés da calculada e
técnica paciência habitual, fui invadido por uma produtiva inquietude, um inconformismo
cheio de uma energia construtora. Após entrar no consultório com D. Violeta, me sentar e
esperar que ela também se acomodasse, fechei o prontuário sobre a mesa, que pouco antes estivera consultando, e pensei: 'Isto não vai ser muito útil. Hoje farei com D. Violeta um
contato inteiramente diferente'. Sim, porque me espantava como podíamos ter repetido tantas vezes aquela mesma cena de encontro (encontro?), sem nunca conseguir dar um passo além. Inclusive do ponto de vista terapêutico, pois era sempre a mesma hipertensa descompensada, aquela que, não importa quais drogas, dietas ou exercícios prescrevesse,
surgia diante de mim a intervalos regulares. Sempre a mesma hipertensão, o mesmo risco
cardiovascular, sempre o mesmo mau humor, sempre a mesma queixa sobre a falta de
sentido daquela longa espera. A diferença hoje era a súbita perda do meu habitual autocontrole; lamentável por um lado, mas, por outro lado, condição para que uma relação inédita se estabelecesse.
Para espanto da minha aborrecida paciente não comecei com o tradicional 'Como
passou desde a última consulta?' Ao invés disso, prontuário fechado, caneta de volta ao
bolso, olhei bem em seus olhos e disse: 'Hoje eu quero que a senhora fale um pouco de si
mesma, da sua vida, das coisas de que gosta, ou de que não gosta... enfim, do que estiver
com vontade de falar'. Minha aturdida interlocutora me olhou de um modo como jamais me
havia olhado. Foi vencendo, aos poucos, o espanto, tateando o terreno, talvez para se certificar de que não entendera mal, talvez para, também ela, encontrar outra possibilidade de
ser diante de mim. Dentro de pouco tempo, aquela mulher já idosa, de ar cansado – que o
característico humor acentuava, iluminou-se e pôs-se a me contar sua saga de imigrante.
Falou-me de toda ordem de dificuldades que encontrara na vida no novo continente, ao
lado do seu companheiro, também imigrante. Como ligação de cada parte com o todo de
sua história, destacava-se uma casa, sua casa – o grande sonho, seu e do marido – construída com o labor de ambos: engenheiros e arquitetos autodidatas. Depois de muitos anos, a casa ficou finalmente pronta e, então, quando poderiam usufruir juntos do sonho realizado, seu marido faleceu. A vida de D. Violeta tornara-se subitamente vazia, inútil – a
casa, o esforço, a migração. Impressionado com a história e com o modo muito "literário"
como a havia narrado para mim, perguntei, em tom de sugestão, se ela nunca havia pensado em escrever sua história, ainda que fosse apenas para si mesma. Ela entendeu perfeitamente a sugestão, à qual aderiu pronta e decididamente. Não me recordo mais se ela ainda voltou a reclamar alguma vez de demoras, atrasos etc. Sei que uma consulta nunca
mais foi igual à outra, e eram, de fato, 'encontros' o que acontecia a cada vinda sua ao serviço. Juntos, durante o curto tempo em que, por qualquer razão, continuamos em contato,
uma delicada e bem-sucedida relação de cuidado aconteceu. Receitas, dietas e exercícios
continuaram presentes; eu e ela é que éramos a novidade ali."
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1. O texto que você leu é o relato de um médico que decidiu registrar um acontecimento
diferente em sua rotina profissional. O que motivou o relato?
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2. O acontecimento relatado teve uma consequência positiva. Mas pode-se afirmar que esse fato positivo faz parte da rotina da maioria dos médicos? Explique por quê.
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3. O que fez o humor de D. Violeta mudar?
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4. Ayres finaliza o relato afirmando que “Receitas, dietas e exercícios continuaram presentes; eu e ela é que éramos a novidade ali.” O que ele quis dizer com isso?
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5. O ritmo de vida contemporâneo tem afetado a saúde física das pessoas? Justifique.
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6. A fim de tratar o paciente como um todo, pesquisadores da área de saúde, há algum
tempo, têm falado em “humanizar a medicina”. O que você entende por “humanizar a medicina”?
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Conhecimento em ação
Leitura e
Produção
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Leitura e
Produção
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ade
Curiosid
Psicossomatização é o processo de adoecimento do corpo
físico por causa de um estado emocional negativo. Uma pessoa
submetida a muito estresse e a
forte tristeza pode ter problemas
físicos que vão desde dores musculares na região da nuca até úlcera estomacal. Por isso, estar
bem emocionalmente é essencial
para que nosso corpo fique sadio,
como aparentam estar as crianças
cujas silhuetas aparecem na imagem .
Figura 2: Silhuetas no pôr do sol em Fuvahmulah, nas
Ilhas Maldivas.
Fonte:
http://www.flickr.com/photos/nattu/895220635/
lightbox/
Zoom na informação
Ler bem é muito mais do que saber interpretar as informações que aparecem de forma clara
ou explícita em um texto. É necessário também saber ler nas entrelinhas, ou seja, ler as informações que estão implícitas ou não ditas. A isso se chama inferenciação. Veja esta frase,
retirada da manchete de um jornal:
O lado bom do salitre.
Infere-se, dessa oração, por meio da expressão “o lado bom”, que o salitre é, geralmente, visto como algo ruim. Ou seja, a informação que está implícita na oração é a de que o salitre é
ruim, pois isso não está dito na superfície da oração. (Quem mora perto da praia sabe disso,
pois já se acostumou a ver como o salitre intensifica a ação da ferrugem nos eletrodomésticos).
Conhecimento em ação
Agora, analise as frases a seguir e descubra que informação pode-se inferir de cada uma
delas.
a) Os consumidores estão mais cautelosos.
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c) Até a diretora foi à nossa apresentação no auditório da escola.
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d) Estudar já foi mais difícil.
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ade
Curiosid
Você já notou que há pessoas das Regiões Sudeste e Sul do País que costumam
falar da seca, da pobreza e do analfabetismo quando se referem ao Nordeste? Dessa forma, elas criam, nas entrelinhas, uma imagem negativa dessa região, como sendo um lugar onde só há problemas ambientais e sociais, e onde não há nada positivo.
Em 2010, no dia em que a vitória da presidenta Dilma Rousseff foi confirmada pelo
Tribunal Superior Eleitoral, uma jovem paulista entendeu (equivocadamente) que o Nordeste foi o responsável por essa vitória e, irritada com isso, divulgou mensagens preconceituosas, por meio do twitter, contra os nordestinos. Uma dessas mensagens foi a seguinte: “Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”.
Reflexão para ação
Será que o Nordeste só tem pontos negativos? Será que a imagem negativa que pessoas do
Sul e Sudeste do Brasil fazem do Nordeste é justa? Pense a respeito do que há de positivo no
Nordeste, em termos de universidades, de empresas e de movimentos sociais, por exemplo, e
faça uma lista dos pontos positivos que você encontrar. Leve a lista para a sala e discuta com
seus colegas para responder às duas perguntas que iniciam este box.
Conhecimento em ação
Seguindo a redação exigida pelo ENEM em 2011, propomos que você elabore um
texto dissertativo-argumentativo de acordo com a norma culta da língua portuguesa sobre o
tema EDUCAÇÃO E SAÚDE, defendendo a ideia de que as pessoas terão menos problemas de saúde se tiverem acesso à educação. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. E aqui vão algumas dicas importantes:
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ção
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b) A professora de matemática passou um novo trabalho para nota.
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Leitura e
Produção
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Leitura e
Produção
Textual
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1. Pare um pouco antes de colocar a caneta no papel e planeje o que você vai escrever. Decida o que vai colocar no seu texto, ou seja, selecione os argumentos e fatos que
usará ao escrevê-lo.
2. Depois de selecionar os argumentos e fatos que vão fazer parte do seu texto, organize a sequência deles de forma lógica.
3. Lembre-se de não colocar no texto orações sobre assuntos que fogem do tema
solicitado.
4. Não se esqueça de usar adequadamente elementos de coesão, como conjunções,
por exemplo, para conectar ideias e pronomes para evitar repetir palavras.
Siga antenado
É importante que você fique atento às discussões e reportagens sobre a redação do
ENEM. A seguir, encontram-se links para sites que trazem dicas e informações sobre
o assunto. Alguns são sobre exames passados, mas isso é irrelevante. Acesse-os,
leia as dicas de maneira crítica (ou seja, veja se elas fazem sentido e se você concorda com as mesmas) e siga antenado.
(a)
(b)
(c)
(d)
O texto Nove temas da atualidade que podem cair no Enem e nos vestibulares de
2012/2013 está disponível em <http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/nove-temas-daatualidade-que-podem-cair-no-enem-e-nos-vestibulares-de-2012>.
O texto Prepare-se para vários temas na redação do Enem 2012 está disponível no em
<http://www.enem.vestibulandoweb.com.br/temas-redacao-enem-2012.html>.
O texto Confira dicas para não fazer feio na redação do Enem está disponível em
<http://www.jb.com.br/pais/noticias/2011/10/21/confira-dicas-para-nao-fazer-feio-naredacao-do-enem/>
O texto Especialistas dão dicas para a prova de redação no Enem está disponível em
<http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=7575&e=9>.
Texto 2
Você já sabe que uma das funções da redação do ENEM e dos vestibulares é testar
o conhecimento que o estudante tem da norma culta escrita. Por essa razão, é importante
ficar atento a algumas regras.
Uma dessas regras diz respeito ao uso dos pronomes pessoais retos e oblíquos, que
são importantes elementos de coesão textual. Ao falarmos em situações informais, é comum que nós usemos os pronomes pessoais retos como complementos dos verbos, conforme esta oração:
Eu vi ele cedo.
Na oração, o pronome reto ele está completando o sentido do verbo vi, exercendo,
portanto, a função de objeto direto. No entanto, ao escrever, é bom lembrar que, seguindo
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Sujeito Predicado
Sujeito
Predicado
Eu estudei muito hoje. / Nós conseguimos a aprovação.
Já os pronomes oblíquos podem exercer a função de objetos diretos e indiretos. Veja
os exemplos:
Eu emprestei-lhe o livro / Eu o vi cedo.
Observe que o pronome lhe está exercendo a função de objeto do verbo emprestei,
enquanto, na segunda oração, o pronome o é objeto do verbo vi.
Existem três regras relacionadas ao uso dos pronomes retos e oblíquos que podem
ajudar você na hora de escrever. Segundo essas regras:
REGRA 1: Os pronomes o, a, os e as sempre exercem a função de objeto direto.
REGRA 2: Os pronomes lhe e lhes sempre exercem a função de objeto indireto.
REGRA 3: Já os pronomes me, te, nos e vos podem exercer a função de objeto direto ou
de objeto indireto, dependendo da regência do verbo que os pronomes acompanham
Conhecimento em ação
Para praticar um pouco usando pronomes, leia o parágrafo a seguir e responda às
perguntas.
Hoje, eu saí de casa apressado e me esbarrei em um senhor. Como era mais idoso,
ele caiu e eu o ajudei. Ele sujou as mãos. Peguei meu lenço e entreguei-o ao senhor para
se limpar. Disse-lhe que sentia muito e desejei-lhe um ótimo dia.
1. De acordo com a regra gramatical, analise os pronomes das orações a seguir e classifique-os como objeto direto ou indireto. Justifique sua resposta.
(a) “Disse-lhe que sentia muito e desejei-lhe um ótimo dia.”
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(b) “Peguei meu lenço e entreguei-o ao senhor.”
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2. O pronome me pode ser objeto direto ou indireto, dependendo da regência do verbo que
ele acompanha. Classifique-o na oração “Eu me esbarrei nele” e justifique sua resposta.
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_________________________________________________________________________
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ção
EM
a norma culta, devemos utilizar os pronomes pessoais retos apenas como o sujeito de uma
oração. Assim, seguindo a norma culta, escrevemos “Eu o vi cedo”, em vez de “Eu vi ele
cedo.” Veja isso nestas duas orações:
Leitura e
Produção
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ção
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Leitura e
Produção
Textual
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Zoom na informação
A regência verbal é a relação que o verbo estabelece com seu objeto e é um elemento muito
importante para a produção de textos. Há verbos que não precisam de objeto, pois têm um
sentido completo: são chamados de verbos intransitivos. É o caso de dormir e desaparecer,
por exemplo, na seguinte oração: “Meu cachorro desapareceu e minha esposa não consegue
dormir porque está preocupada”. Há, contudo, outros verbos que precisam de um objeto para
completar seus sentidos: são chamados de verbos transitivos e podem ser diretos ou indiretos. Os verbos transitivos diretos se ligam ao seu objeto sem a ajuda de uma preposição. O
verbo construir é um exemplo disso: “Nossa empresa vai construir uma nova sede”. Os verbos transitivos indiretos se ligam ao seu objeto por meio de uma preposição, como, por exemplo, o verbo gostar: “Gosto muito de ler e de ir ao cinema”.
Conhecimento em ação
Um elemento importante para a construção das orações é a preposição. Por isso, você precisa ficar atento aos verbos que são regidos por preposição e usá-la adequadamente com
cada verbo.
1. Eu gosto _______ picolé.
2. Zé está conversando _______ uma vendedora.
3. Maria trabalha _______ um escritório muito luxuoso.
4. Eu mandei a encomenda _______ o Canadá.
5. Eu concordo _______ a ideia de Maria, não _______ a de Zé.
6. Zé não conseguiu se adaptar _______ esta nova situação: a mudança de diretoria.
7. A empresa precisa evitar chegar _______ uma situação de endividamento.
8. Os soldados devem obedecer _______ quem estiver em um cargo de oficial.
Zoom na informação
Orações relativas são orações subordinadas que possuem pronomes relativos – por exemplo, que e quem – em sua estrutura, como vemos em “O cachorro que tem pelos longos
atrai muitas pulgas”. A parte sublinhada é uma oração relativa. Eis outro exemplo: “O homem com quem você discutiu no shopping é o pai da sua nova namorada”.
Uma característica comum da língua falada, contudo, é a omissão de preposições que fazem parte de orações relativas. Por exemplo, costumamos fazer construções sintáticas como “Duas comidas que a gente nunca enjoa é arroz e feijão”. Contudo, a construção, de
acordo com a gramática normativa, é “Duas comidas das quais a gente nunca enjoa é arroz
e feijão”, pois quem enjoa, enjoa de alguma coisa. A preposição de é necessária.
Note que a omissão da preposição é comum na língua falada e, por isso, é uma característica dela, não é um erro. Mas, na língua escrita escolar, acadêmica e científica, você não
deve omitir a preposição.
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Analise cada uma das sentenças abaixo e, se houver uma oração relativa cortadora, reescreva a sentença colocando a preposição no seu lugar apropriado.
1. O picolé que eu mais gosto é Capelinha.
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2. A vendedora que Zé conversou ontem está aqui hoje.
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3. O escritório que Maria trabalha é muito luxuoso.
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4. O lugar que eu enviei a encomenda é muito longe daqui.
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5. A ideia que eu concordo é a de Maria.
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6. A situação que Zé não conseguiu se adaptar foi a mudança da diretoria.
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7. A situação que a empresa chegou provocou a sua falência.
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8. As pessoas que os soldados devem obedecer são os oficiais.
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Glossário
compulsivo: motivado por uma imposição interna irresistível
síndrome: conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica
As definições das palavras desse glossário são adaptações baseadas no Grande Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa (HOUAISS; VILLAR, 2001).
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Produção
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Produção
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De olho no ENEM
O tema “Saúde e Sociedade” é tão importante que os exames do ENEM de 2010 e de 2011
trouxeram questões a ele relacionadas. Selecionamos duas questões exatamente sobre os
cuidados com saúde em nossa sociedade. Resolva-as e, em seguida, leia nossos comentários.
Questão 01 (ENEM –2010)
Transtorno do comer compulsivo
O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como uma síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos, porém,
diferentemente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os
métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.
Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de
peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer
compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas
que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno
do comer compulsivo.
Disponível em: <http//:www.abcdasaude.com.br>. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).
Considerando-se as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade de
(A) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.
(B) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.
(C) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.
(D) expor, de forma geral, o transtorno compulsivo por alimentação.
(E) encaminhar pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.
Questão 124 (ENEM – 2011)
O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o
seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia
que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e
não verbais, com vistas a
(A) ridicularizar a forma física do possível cliente do
produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de
mudanças estéticas.
(B) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea
de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando
tal postura.
(C) criticar o consumo excessivo de produtos industria- Figura 2
lizados por parte da população, propondo a redução Fonte: http://www.ccsp.com.br (adaptado).
desse consumo.
(D) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a substituição
desse produto pelo adoçante.
(E) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvolve atividades
físicas, incentivando a prática esportiva.
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Referências
AQUINO, Ruth de. O preconceito das Mayaras. Época. São Paulo, 8 nov. 2010, p. 138.
AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas
de saúde. Saúde e sociedade, v. 13, n. 3, São Paulo, set./dez. 2004. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104 12902004000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 30 dez. 2011.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
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Leitura e
Produção
Textual
Uma coisa que ajuda muito na hora de fazer o ENEM é estar bem informado, ter conhecimentos gerais. Por isso, tente sempre assistir a telejornais e ler jornais e revistas
semanais, como a Carta Capital, a IstoÉ, a Época e a Veja. Revistas mensais, como a
Superinteressante e a Galileu, são uma ótima fonte de informações também. Fique
ligado!
EM
Siga antenado
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Respostas e Comentários das Questões do ENEM
Questão 01
Comentários:
O texto claramente apresenta informações gerais sobre o transtorno compulsivo por alimentação. E ele faz apenas isso. Logo, a alternativa correta é a D. A alternativa A não
procede, porque o texto não fornece orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia. Além disso, o texto nem aconselha as pessoas obesas a perder peso com métodos simples nem encaminha pessoas a mudança de hábitos alimentícios, logo, as alternativas C e E são inconsistentes. A alternativa B está incorreta, porque o texto não
faz nenhuma narração: ele apenas descreve e expõe um fenômeno.
Observe que essa questão evidencia a importância de você sempre prestar atenção aos
objetivos dos textos que lê. Eles narram, descrevem ou expõem algo? Eles apresentam
argumentos a favor de alguma coisa ou tentam levar as pessoas a realizar uma ação?
Fique sempre atento a isso.
Resposta Correta: D
Questão 02
Comentários:
A função de um anúncio de um produto comercial é vendê-lo. Ora, nenhum anúncio vai
ridicularizar um cliente em potencial ou criticar o consumo excessivo de produtos industrializados. E esse anúncio não é exceção. Logo, as alternativas A e C não procedem. A
letra B também não procede, porque o anúncio não fala nada sobre a busca de alimentos saudáveis. A letra E também não tem lógica, porque o anúncio não fala nada sobre
prática esportiva. O que o anúncio faz, por meio das palavras e da imagem, é incentivar
o não consumo do açúcar, deixando implícito que se deve consumir adoçante.
Resposta Correta: D
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Leitura e Produção Textual - II
Luciana Santos de Oliveira e Luciano Amaral Oliveira
Apresentação
Olá!
O tema desta seção é “Ciência e Tecnologia”, em que propomos atividades de leitura e de
escrita para ajudar-lhe a se preparar para o ENEM e outros exames. Discutiremos aqui os
estrangeirismos para ampliar seus conhecimentos sobre vocabulário e para você refletir
sobre as relações de poder que envolvem a língua portuguesa. Refletiremos também sobre
pontos essenciais que devem ser observados na elaboração de uma redação, afim de que
aprenda a se autoavaliar em termos de escrita a partir da proposta de redação do ENEM
de 2010. E finalmente, comentaremos duas questões do ENEM, uma do exame de 2010 e
uma do exame de 2011.
Conhecimento em ação
Existem palavras que são características de determinadas áreas técnicas. Observe as palavras a seguir e as separe em dois grupos: um de palavras usadas na informática e outro
de palavras usadas na gastronomia.
back-up / flambar / download / grelhar / deletar / sanduíche / mouse / hambúrguer / hacker /
chop-suey / Facebook / sushi / efó / munguzá / e-mail / lasanha / site / acarajé
INFORMÁTICA
GASTRONOMIA
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——————————————————
——————————————————
————————————————————
————————————————————
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———————————————————-
Imagem disponível em: <http://
www.allfreeclipart.com/electronics-technology/
computers/Computer3/>.
Acesso em: 26 de maio de 2012.
Imagem disponível em: <http://www.allfreeclipart.com/
food/burger/>. Acesso em: 26 de maio de 2012.
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ção
EM
Leitura e
Produção
Textual
Secretaria de Educação do Estado da Bahia / Instituto Anísio Teixeira
Zoom na informação
Muito se fala em globalização. Ainda mais agora com o grande avanço das tecnologias da informação. Com elas, em tempo real, sabemos o que acontece no outro
lado do planeta e podemos enviar documentos para qualquer lugar do mundo. Podemos ver e
falar com as pessoas através de um aparelho de telefonia celular ou um computador. Pagamos
um preço maior pela gasolina por causa da briga diplomática entre países produtores do petróleo,
como o Irã, por exemplo, e os Estados Unidos. Enfim, o globo está conectado.
E isso, acredite, tem consequências para a língua portuguesa. Uma delas é a entrada de
palavras de outras línguas em nosso vocabulário. Não há como evitar essa entrada – a não ser
que impeçamos que a cultura de um país interaja com a cultura de outro.
Conhecimento em ação
1. O texto a seguir aborda a relação entre a globalização, tecnologias e a Língua Portuguesa. Algumas palavras foram retiradas do texto e listadas logo após ele. Leia - o e complete
as lacunas com uma palavra adequada da lista.
Globalização, tecnologias e Língua Portuguesa
Luciano Amaral Oliveira
O _______________ Milton Santos nos ensina que a história se desenvolve concomitantemente ao desenvolvimento
das técnicas. Após a invenção da _______________, há
cerca de 6000 anos, as técnicas humanas impulsionaram a
nossa história de maneira irreversível: Gutenberg criou a
prensa de tipos móveis por volta de 1450, abrindo o caminho para a produção em _______________ de livros, jornais e revistas; a máquina a vapor, inventada por Thomas
Newcomen em 1705, e o tear mecânico, criado por Edward
Cartwright em 1785, possibilitaram o advento da revolução
_______________, transformando definitivamente a economia do mundo; o avião a jato e o computador contribuíram
para que o contato entre diversas culturas se intensificasse
de maneira extraordinária. Não é por acaso que Santos
(2001, p. 25) afirma que, em nossa _______________, “o
que é representativo do sistema de técnicas atuais é a chegada da técnica da informação, por meio da cibernética, da
informática, da eletrônica”.
172
Símbolo do cidadão internacional.
Imagem disponível em: <http://
commons .wikimedia.org/wiki/
File:World_Citizen_symbol.png>.
Acesso em: 22 de jan. de 2012.
Há algo estreitamente vinculado às tecnologias da informação: a _______________. E um
aspecto da linguagem profundamente afetado pela globalização é o vocabulário. Quanto
mais as culturas de países diferentes interagem, mais as línguas desses países interagem,
fazendo com que, às vezes, palavras de uma língua sejam apropriadas por outra língua.
O _______________ é uma palavra, expressão ou construção sintática tomada de empréstimo de uma língua estrangeira. Ele é um fenômeno linguístico normal a qualquer língua
falada por um povo que se relaciona com outros povos que falam línguas diferentes. Contudo, há pessoas que acreditam que os estrangeirismos podem corroer a língua portuguesa, levando-a ao _______________.
Ora, esse alarmismo não procede, não faz sentido. Os estrangeirismos não representam
nenhuma ameaça a um _______________ nacional. A língua que toma a palavra emprestada se apropria dessa palavra, impondo-lhe mudanças na pronúncia e até na grafia. Ou
seja, os estrangeirismos são submetidos às regras do português. Por exemplo, a palavra
estresse tem origem na palavra inglesa stress, mas é pronunciada e escrita de acordo com
as regras do português. Muitos brasileiros, inclusive, não sabem que a origem dela é estrangeira. Vale lembrar que o português brasileiro é resultado da interação do português
europeu com línguas indígenas e africanas. Para essa interação, contribuíram palavras de
origem árabe, espanhola, francesa, italiana e inglesa que surgiram de áreas de conhecimento distintas, como a culinária, a música e a informática. Se o português brasileiro tivesse de desaparecer por conta da presença de palavras oriundas de outras línguas, ele não
existiria mais.
Portanto, não precisamos nos _______________ por causa de palavras de origem estrangeira. Vamos continuar navegando na Internet, fazendo downloads, deletando coisas chatas das nossas vidas e dançando axé music nos shows do Bahia Café Hall.
(a) estressar
(b) idioma
(c) desaparecimento
(d) estrangeirismo
(e) linguagem
(f) efeitos
(g) tecnologias
(h) época
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(i) industrial
(j) massa
(k) roda
(l) geógrafo
ção
EM
Milton Santos está certo. As informações circulam a uma velocidade muito alta graças às
novas _______________ disseminadas pela globalização. É por essa razão que se fala
hoje da globalização como se a ela se atribuísse uma onipresença quase mítica. Se há um
problema na economia norte-americana, _______________ são imediatamente sentidos
nas bolsas de valores na Europa e na América Latina. Se um terremoto ou um ciclone ocorre em um país da Oceania, isso é divulgado em tempo real para a África e para a Ásia.
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2. Qual a definição de estrangeirismo fornecida no texto?
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3. O autor afirma que os estrangeirismos não representam nenhuma ameaça para a existência da língua portuguesa. Que razões ele dá para sustentar essa afirmação?
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4. Qual a sua posição a respeito dos estrangeirismos após ler esse texto?
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Siga antenado
A redação é uma parte muito importante no ENEM. Por isso, acesse os vídeos disponíveis
no youtube.com, nos links que seguem, e veja dicas importantes sobre a redação. O primeiro link dá acesso a uma entrevista com um professor de português e o segundo e o terceiro
links dão acesso a aulas específicas sobre a redação. Fique antenado.
(1) http://www.youtube.com/watch?v=1NpytBjVEPs
(2) http://www.youtube.com/watch?v=HNRZEPc9z9M&feature=related
(3) http://www.youtube.com/watch?v=Ht2xXsfk1R4&feature=related
174
Para se fazer a redação do ENEM, é essencial ter o que dizer. Por isso, assistir a
telejornais e ler jornais e revistas semanais é de suma importância para a construção dos
nossos conhecimentos gerais.
Agora, pare e pense um pouco: você tem assistido a telejornais e tem lido jornais e revistas
(impressos ou on-line)? Se não tem, comece logo a fazer isso. Se tem, continue assim.
Conhecimento em ação
Você agora irá fazer a redação do ENEM-2011. Para isso, siga os passos:
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
Leia, com muito cuidado e atenção, a proposta de redação. Se você não entendê-la,
poderá fugir do tema, portanto, caso seja necessário, faça uma releitura.
Não gaste muito tempo lendo os textos motivadores.
Não use os dados e sentenças dos textos motivadores na sua redação.
Faça o rascunho.
Escreva o texto definitivo.
Redação – ENEM 2011
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua
portuguesa sobre o tema VIVER EM REDE NO SÉCULO XXI: OS LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO, apresentando proposta de conscientização social que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTOS MOTIVADORES
Liberdade sem fio
A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano – assim como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi,
organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões onde
ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito.
ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. Nº 240, jul. 2011 (fragmento).
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ção
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Reflexão para ação
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A Internet tem ouvidos e memória
Uma pesquisa da consultoria Forrester Research revela que, nos Estados Unidos, a população já
passou mais tempo conectada à Internet do que em frente à televisão. Os hábitos estão mudando.
No Brasil, as pessoas já gastam cerca de 20% de seu tempo on-line em redes sociais. A grande
maioria dos internautas (72%, de acordo com o Ibope Mídia) pretende criar, acessar e manter um
perfil em rede. “Faz parte da própria socialização do indivíduo do século XXI estar numa rede social.
Não estar equivale a não ter uma identidade ou um número de telefone no passado”, acredita Alessandro Barbosa Lima, CEO da e.Life, empresa de monitoração e análise de mídias.
As redes sociais são ótimas para disseminar ideias, tornar alguém popular e também arruinar reputações. Um dos maiores desafios dos usuários de Internet é saber ponderar o que se publica nela.
Especialistas recomendam que não se deve publicar o que não se fala em público, pois a Internet é
um ambiente social e, ao contrário do que se pensa, a rede não acoberta anonimato, uma vez que
mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo pode ser rastreado e identificado. Aqueles que,
por impulso, se exaltam e cometem gafes podem pagar caro.
Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 30 jun. 2011 (adaptado).
INSTRUÇÕES
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
- A redação com até 7 (sete) linhas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
- A redação que fugir do tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo
receberá nota zero.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de
Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
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É importante que você saiba avaliar seu próprio texto. Por isso, siga o guia de autoavaliação
sugerido a seguir para avaliar a redação que você escreveu na atividade anterior, Conhecimento em ação. O guia é composto de perguntas e sugestão de ação.
(1) O texto aborda o tema proposto?
SUGESTÃO: Em caso negativo, fazer um novo texto.
(2) Há fugas pontuais do tema?
SUGESTÃO: Em caso afirmativo, retirar os trechos que fogem do tema e refazer os parágrafos onde eles se encontravam.
(3) A linguagem usada é adequada para o gênero textual em questão?
SUGESTÃO: Em caso negativo, substituir as palavras e expressões inadequadas por outras
adequadas.
(4) Todos os pronomes usados no texto fazem referência clara a elementos do texto ou a
elementos fora dele que são facilmente identificados?
SUGESTÃO: Em caso negativo, substituir o pronome que não estabelece uma referência
clara por substantivos ou locuções substantivas.
(5) Todas as sentenças estão completas ou há fragmentos oracionais? (Lembre-se de que
fragmento oracional é um pedaço de oração, ou seja, não possui sujeito nem verbo principal.)
SUGESTÃO: Se houver fragmentos oracionais, complete-os com os termos que estiverem
faltando ou torne-os parte da sentença anterior ou da sentença subsequente.
(6) As concordâncias entre substantivos e adjetivos e entre sujeito e verbo estão adequadas?
SUGESTÃO: Em caso negativo, fazer as devidas correções.
(7) A pontuação, a acentuação das palavras e a grafia das palavras estão corretas?
SUGESTÃO: Em caso negativo, fazer as devidas correções.
Ao final, da autoavaliação, converse com seu professor sobre seu desempenho. E se você
achar que precisa melhorar algum aspecto da sua escrita, peça sugestões a ele.
Glossário
flambar: aspergir alimentos com bebida alcoólica, como conhaque ou rum, que, em seguida, se
queima
sushi: bolinho de arroz, típico da culinária japonesa, feito com vinagre, envolvido em folha de alga
e ornado com finas fatias de peixe cru.
(As definições das palavras desse glossário são adaptações baseadas no Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (HOUAISS; VILLAR, 2001)).
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De olho no ENEM
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Questão 01 (ENEM – 2010)
A Internet que você faz
Uma pequena invenção, a Wikipédia, mudou o jeito de lidarmos com informações na rede. Trata-se
de uma enciclopédia virtual colaborativa, que é feita e atualizada por qualquer internauta que tenha
algo a contribuir. Em resumo: é como se você imprimisse uma nova página para a publicação desatualizada que encontrou na biblioteca.
Antigamente, quando precisávamos de alguma informação confiável, tínhamos a enciclopédia como
fonte segura de pesquisa para trabalhos, estudos e pesquisa em geral. Contudo, a novidade trazida
pela Wikipédia nos coloca em uma nova circunstância, em que não podemos contar integralmente
no que lemos.
Por ter como lema principal a escritura coletiva, seus textos trazem informações que podem ser editadas e reeditadas por pessoas do mundo inteiro. Ou seja, a relevância da informação não é determinada pela tradição cultural, como nas antigas enciclopédias, mas pela dinâmica da mídia.
Assim, questiona-se a possibilidade de serem encontradas informações corretas entre sabotagens
deliberadas e contribuições erradas.
NÉO, A. et al. A Internet que você faz. In: Revista PENSE! Secretaria de Educação do Estado do Ceará. Ano 2,
no. 3., mar-abr. 2010 (adaptado).
As novas Tecnologias de Informação e Comunicação, como a Wikipédia, têm trazido inovações que
impactaram significativamente a sociedade. A respeito desse assunto, o texto apresentado mostra
que a falta de confiança na veracidade dos conteúdos registrados na Wikipédia
(A) acontece pelo fato de sua construção coletiva possibilitar a edição e reedição das informações
por qualquer pessoa no mundo inteiro.
(B) limita a disseminação do saber, apesar do crescente número de acessos ao site que a abriga,
por falta de legitimidade.
(C) ocorre pela facilidade de acesso à página, o que torna a informação vulnerável, ou seja, pela
dinâmica da mídia.
(D) ressalta a crescente busca das enciclopédias impressas para as pesquisas escolares.
(E) revela o desconhecimento do usuário, impedindo-o de formar um juízo de valor sobre as informações.
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A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computação
que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e windows
(oventã):
Quando a Internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), em parceria com
a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz.
Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparação e envio de documentos, mas
perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena.
A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles está expressa num
caso de rara incorporação: a do vocabulário.
– Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente não está querendo chamar computador de
‘computador’”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa pra
acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e outros termos, que eles começaram a
adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e oventã (janela) — conta Rodrigo Baggio, diretor
do CDI.
Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010.
O uso de novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos termos que
foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, windows, download,
site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à língua indígena
como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela
(A)
a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real.
(B) o uso da Internet para a preparação e envio de documentos, bem como a contribuição para as
atividades relacionadas aos trabalhos da cultura indígena.
(C) a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a utilização
de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais.
(D) adesão ao projeto do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), que, em parceria com
a ONG Rede Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mesmo em ambiente inóspito.
(E) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis incorporaram a
novidade tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade de acesso à Internet.
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Leitura e
Produção
Textual
Palavra indígena
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Questão 02 (ENEM –2011)
ção
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Leitura e
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Textual
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Referências
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
SANTOS, Milton. Por uma nova globalização: do pensamento único à consciência universal. 6.
ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
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Respostas e Comentários das Questões do ENEM
Questão 01
Comentários:
O texto nos informa sobre a enciclopédia virtual Wikipédia e o ponto mais relevante para
a resolução da questão é o fato de qualquer pessoa no mundo poder inserir informações
na Wikipédia. Isso faz com que sua credibilidade seja questionada, que não haja muita
confiança na veracidade das informações que oferece aos usuários. A alternativa B não
procede, porque não há nenhuma menção, no texto, sobre limitação da disseminação do
saber. A alternativa C também não procede, porque a facilidade de acesso à página não
tem nada a ver com a veracidade das informações. A alternativa D não tem sentido pelo
fato de o texto não dizer nada a respeito de uma crescente busca das enciclopédias impressas para pesquisas escolares. Pelo contrário, exatamente por dar foco à Wikipédia,
o texto deixa transparecer uma provável diminuição nessa busca. Finalmente, a alternativa E não procede, porque o texto não fala absolutamente nada a respeito de um suposto desconhecimento do usuário.
Resposta Correta: A
Questão 02
Comentários:
Apesar de informar sobre a introdução de novas tecnologias de comunicação e informação em uma comunidade indígena e sobre todas as facilidades que a Internet pode proporcionar aos seus usuários, o texto procura evidenciar a preocupação manifestada pelos índios guaranis em preservar sua cultura através de seu idioma. Aliás, o título do texto já anuncia seu assunto principal. Dessa forma, está correta a alternativa C ao afirmar
que o texto revela a preocupação da referida comunidade indígena em preservar sua
identidade cultural através da conservação de seu idioma. As demais alternativas são
julgadas improcedentes, uma vez que tratam dos usos que os indígenas fazem da
Internet ou da forma como aderiram a essa tecnologia.
Resposta Correta: C
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Impressão e acabamento
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CEP: 40.352.000—Tels.: (71) 3116-2837 / 2838 / 2820
Fax (71) 3116-2902
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