Neemias
Por Silvano Barbosa
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GRANDES MOBILIZADORES
R
ecentemente li o livro de Neemias e fiquei maravilhado ao perceber o quanto essa história é
útil na tarefa de esclarecer a nossa vocação ministerial. A vida de Neemias evoca de maneira
intensa a experiência vocacional de um pastor, especialmente do ponto de vista das qualificações necessárias para a mobilização missionária.
A vocação espiritual de Neemias foi desenvolvida num período crítico da história de Israel.
As marcas da destruição impostas por Nabucodonosor ainda estavam por toda a parte quando Neemias retornou do exílio. Alguns anos antes, Deus havia suscitado dois homens, Ageu e Zacarias,
com o propósito de mobilizar Seu povo para reconstruir o templo (Ed 1:1-3). Mediante a pregação deles,
os líderes Zorobabel, governador, e Josué, sumo-sacerdote, bem como todo o povo, se lançaram à obra e
a completaram (Ed 5:1-2; 6:14-16). Agora, tendo a
autorização de Artaxerxes e o apoio de um pequeno grupo de ex-exilados, a tarefa de Neemias era
reedificar os muros de Jerusalém e reorganizar o
serviço sacrifical. Esse trabalho aconteceu de maneira lenta, sob ameaças e forte oposição.
Muitas foram as tentativas de intimidação, entretanto, “vez por outra Satanás havia sido derrotado, e agora, com mais profunda malícia e engano,
ele tramou para o servo Deus um ardil mais sutil e
perigoso”.1
Um-dia fui à casa de Semaías, que estava
trancado portas adentro. Ele disse: “Vamos nos
encontrar dentro do templo, a portas fechadas,
pois estão querendo matá-lo; eles virão esta noite.” Todavia eu lhe respondi: acha que um homem
como eu deveria fugir? Alguém como eu deveria
entrar no templo para salvar a vida? Não, eu não,
irei. Percebi que Deus não o tinha enviado, e que
ele tinha profetizado contra mim porque Tobias
e Sambalate o tinham subornado. Ele tinha sido
pago para me intimidar, a fim de que eu cometesse um pecado agindo daquela maneira e então
eles poderiam difamar-me e desacreditar-me.
Neemias 6:10-13, NIV.
Semaías havia se trancado em sua casa com o
objetivo de mostrar a Neemias que ele sentia que
a sua própria vida estava em perigo. Ele buscava
assim induzir Neemias a concordar com a sua proposta de que ambos deveriam escapar da armadilha preparada para eles, fugindo para o templo.
Essa era a sua suposta mensagem de Deus.
O Comentário Bíblico Adventista acrescenta
que a expressão “dentro do templo” significa aqui
“dentro do Santuário”, e não em uma das salas
anexas ao templo. Se ele estivesse se referindo a
essa área, o termo utilizado seria “casa de Deus”.2
Portas separavam o Pórtico do Lugar Santo no
templo de Salomão (I Reis 6:33,34) e, obviamente,
Neemias não poderia entrar ali (Ex. 29:30). Atender essa proposta traria desonra a Deus, pois seria
uma profanação da Sua casa. Isso daria aos inimigos de Neemias a oportunidade para difamá-lo
como alguém que não tinha grande consideração
pelos mandamentos de Deus.
Era um momento decisivo na vida de Neemias.
Um passo em falso e ele teria sacrificado a sua fé,
pecado contra Deus e, aos olhos do povo, seria tido
como covarde e desprezível. Assim ele perderia a
sua influência e o trabalho no qual o seu coração
estava posto teria sido lançado por terra.
Nesse momento crítico da vida de Neemias,
ele tinha um referencial no qual podia se apoiar e
que lhe indicava como deveria agir, a sua vocação.
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A sua resposta foi: “Um homem
como eu deveria fugir? Alguém
como eu deveria entrar no templo
para salvar a vida? Não, eu não
irei”. Neemias sabia exatamente
quem ele era: um líder político,
um líder espiritual, mas, acima de
tudo, um representante de Deus
ao Seu serviço e, portanto, não deveria se intimidar. Neemias sabia
quem ele não era: um sacerdote
e, portanto, não deveria entrar no
templo. Ele também sabia o que se
esperava dele: ser um ponto de referência para o povo naquele momento crítico da história de Israel.
Esses componentes continuam sendo essenciais para que o
pastor desenvolva a sua vocação
ministerial, viva por ela e esteja
qualificado para a grande tarefa
de mobilizar a igreja para o cumprimento da missão.
{ Um Homem Como Eu }
Neemias tinha uma concepção clara sobre quem
ele era e isso o habilitava a viver vocacionalmente. Da
mesma forma, se o pastor deseja seguir a sua vocação
mais essencial enquanto desempenha o seu ministério, ele precisa entender o que realmente significa “ser
pastor”.
Quem é o pastor? É ele um líder? Um administrador? Um terapeuta? Um promotor de eventos? Um profissional com plano de carreira?
1. Um líder? Fala-se cada vez menos em formação pastoral e cada vez mais em formação de líderes.
Contudo, líder não é uma palavra que aparece na Bíblia
para descrever aquele que serve a Deus e à Sua igreja.
Também não foi usada ao longo da história para descrever qualquer dos mártires que dedicaram a vida a
Deus e finalmente a entregaram por amor à Sua causa.
Isso não a torna incorreta ou inapropriada. Liderar é
uma atribuição inerente ao trabalho pastoral. Mas, ao
identificarmos o pastor como um líder, as imagens que
imediatamente veem a mente não são as do Salmo 23,
as de Arão ministrando no tabernáculo ou as de Jesus
no Monte das Oliveiras, mas as de um profissional. O
pastor pode continuar pregando, visitando, batizando, orando, mas se ele se enxerga antes de mais nada
como um líder, a sua vocação essencial está sendo
substituída por um novo paradigma que, de forma quase imperceptível, nega o chamado de Cristo.3 Antes de
ser chamado para liderar, o pastor foi chamado para
servir.
2. Um Administrador? Administrar está para o pastor como entender o funcionamento do corpo humano
está para o médico. Contudo, ser pastor vai além de ser
um administrador. Um olhar totalmente voltado para a
administração levará o pastor ao profissionalismo religioso-institucional, e não à vocação ministerial. Como
administradores estamos mais preocupados com estrutura, estatística, ferramentas, funcionalidade. Como
pastores, lidamos com pessoas cansadas que estão em
busca de oração, orientação espiritual, uma palavra de
alento e um encontro com Deus.
3. Um terapeuta? Certamente os livros de psicologia devem fazer parte da nossa rotina de estudos, mas
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o que precisa ficar claro é que ser
pastor e ser psicólogo são coisas
totalmente diferentes. As pessoas sentem-se traídas quando entram numa sala pastoral e ouvem
conselhos extraídos de um livro
de autoajuda. Quando alguém vai
até o pastor, não está procurando um psicólogo, mas um pastor.
Certamente o pastor deve ter informação sobre o assunto, mas
ele não deveria se ver como alguém que está ali para dar conselhos sem jamais se envolver com
o paciente.
4. Um Promotor? Historicamente, os programas missionários
têm desempenhado um papel central em nossa estrutura eclesiástica. Eles não são um fim em si mesmos, mas sim o meio através
do qual inserimos a igreja na comunidade, edificamos o rebanho,
criamos mais formas de participação, crescemos no processo do
discipulado, progredimos em direção à maturidade e cumprimos
a missão. Contudo, a Igreja Adventista não deve ser movida por
programas, mas por um propósito: proclamar a mensagem divina
de restauração e esperança a todos os habitantes deste planeta
(Ap. 14:6-12). O pastor jamais deveria promover qualquer programa que, de alguma maneira, não contribua para o cumprimento
deste propósito.
5. Um Profissional com Plano de Carreira? Definitivamente
não. O ministério não é uma carreira com degraus de ascensão. O
ministério é uma missão e tem nela a sua motivação. Gostamos de
falar do “trabalho de Deus”, “santo ministério”, “serviço sagrado”.
Essas palavras fazem parte do nosso vocabulário com muita frequência. Contudo, se formos bem sinceros, veremos que, com mais
frequência ainda, o que fazemos mesmo é correr atrás de uma carreira. No entanto, no final da jornada, quando estivermos exaustos
e cansados, descobriremos que trocamos um chamado de Deus,
por uma simples tarefa que pode ser manipulada de acordo com a
conveniência do trabalhador.
O que significa ser pastor? Ser pastor é...
Paixão Por Deus. Ser pastor é o processo de uma vida inteira no
qual coração, mente e corpo são submetidos a Cristo e ordenados
segundo a Sua instrução. É ao longo desse processo que o pastor se
torna um homem de Deus, alguém que lida diretamente com Deus
e tem profundo conhecimento nas coisas de Deus. O pastor é reconhecido como um legítimo representante de Deus, enviado para
falar em Seu nome. O pastor vive unicamente para agradar a Deus.
Ele é dedicado a Deus de todo o coração. O pastor vive vocacionalmente, e a nossa vocação é uma missão de vida chamada, moldada
e dependente dEle. No momento que deixarmos de lidar primeiramente com Deus, deixamos de viver vocacionalmente. Ao mesmo
tempo, quando tivermos fixado o nosso coração sinceramente em
Deus e no céu, a parte mais importante do nosso trabalho terá sido
feita e tudo mais fluirá naturalmente.
Paixão Pelas Pessoas. Para ser um
ministro de Deus, o pastor também precisa amar a sua igreja. O pastor tem paixão
pelas pessoas porque Jesus tem paixão
por elas. No contexto do grande conflito,
o foco de Deus e o de Satanás está nas
pessoas. Por que o pastor deveria ter o
seu foco em outro lugar? Por isso, para o
pastor não existem pessoas insignificantes ou medíocres. Ele descobre em cada
pessoa um ser glorioso que foi criado à
imagem de Deus.
Um Homem Espiritual. Embora a
espiritualidade seja algo bastante intangível, as pessoas podem ver claramente
quando um pastor é espiritual ou não.
A igreja percebe quando o pastor passa
bastante tempo com Deus. Sua vida interior, ou a falta dela, molda tudo o que
ele faz. Ter um relacionamento experimental com Jesus Cristo é a fonte principal da espiritualidade. As disciplinas
espirituais são as ferramentas que Deus
deixou para desenvolvermos a espiritualidade, são o caminho para a espiritualidade, e não há atalhos. Tornamo-nos
o que fomos chamados a ser por meio
de estudo da Bíblia e oração. Demoramos para aprender e esquecemos rapidamente que a nossa paz, serenidade,
alegria, força e sabedoria vêm de um
período a sós com Deus.
Um Guardião da Verdade. Recentemente li um livro sobre possessão espiritual, escrito por M. I. Lewis, um sociólogo francês.4 O autor não está interessado
em saber se o espírito é da parte de Deus
ou do diabo. Ele só está analisando o fenômeno da possessão. Um sociólogo
pode ser indiferente quanto aos problemas espirituais da igreja, mas não o
pastor. O pastor deve se preocupar com a
questão da verdade e da falsidade. É seu
dever declarar o que está em harmonia
com a fé e o que não. Como pastores, não
podemos abrir mão do nosso papel como
líderes morais e espirituais da igreja e da
sociedade. Não podemos nos conformar
com padrões insatisfatórios ou com um
estilo de vida estranho à instrução da palavra de Deus. “Tem cuidado de ti mesmo
e da doutrina. Persevera nestas coisas;
porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”,
1 Tim. 4:16.
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{Um Homem Cheio de Discernimento Espiritual }
Neemias era um homem que vivia vocacionalmente. O seu primeiro impulso sempre se direcionava a Deus. Ele era um homem espiritual, um
guardião da verdade. Ele sabia quem ele era, quem
ele não era e o que se esperava dele. Mas havia
algo mais acerca de Neemias. No momento decisivo em que estava sendo testado, ele disse: “Percebi
que Deus não o tinha enviado”, Neemias 6:12-13.
O que levou Neemias a perceber uma cilada
tão sutil? Tato, experiência ou percepção aguçada?
Certamente todos estes fatores podem ter contribuído, mas, quando observamos o texto bíblico
e lemos o comentário de Ellen White sobre este
evento, fica claro que o conflito era de natureza espiritual. A cilada foi executada por Tobias e Sambalate, mas Satanás era o autor. O futuro da nação estava em jogo. O conflito era entre Deus e Satanás.
A pura percepção humana pode dar ao homem
a capacidade de perceber muitas coisas, mas não
as espirituais, porque “as coisas espirituais se discernem espiritualmente” (I Cor. 2:13-14), e discernimento espiritual é um dom do Espírito Santo (I
Cor. 12:10). Como Neemias, pastores são homens
que têm discernimento espiritual.
O nosso trabalho é espiritual em sua natureza.
Estamos lutando contra as forças espirituais do
mal, e nessa guerra é o Espírito Santo quem faz
de homens, pastores. É o Espírito Santo quem nos
qualifica para o ofício ministerial e nos dá discernimento espiritual para percebemos as estratégias
do inimigo.
“O que precisamos é o batismo do Espírito Santo. Sem isso, não estamos mais habilitados a sair
ao mundo do que os discípulos depois da crucifixão
do Senhor.”5
Todos nós temos em algum grau e até certo ponto o Espírito Santo. Foi o Espírito Santo quem nos
convenceu do pecado e nos levou a Cristo. É o Espírito Santo quem nos conduziu até onde estamos agora
em nossa caminhada com Deus. Mas isso não significa que tenhamos do Espírito Santo tudo aquilo que
poderíamos ter, tudo o que Deus está disposto a nos
dar. Além disso, ainda corremos o risco de diariamente “extinguirmos o Espírito” (1 Tess. 5:19), sempre que recusarmos a ouvir a Sua instrução. Assim,
além de não termos tudo o que poderíamos ter, podemos perder aquilo que já tínhamos. Por isso, precisamos diariamente da plenitude do Espírito Santo.
Esta plenitude, também descrita como batismo do
Espírito Santo, descreve a vida do crente sendo preenchida pelo Espírito Santo.
Catherine Marshalk, autora de vários livros,
descreve assim a sua experiência:
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Supliquei pelo dom do
Espírito de maneira rápida
e sem emocionalismos.
Eu sabia que, quando
aceitamos um dos dons
celestiais como esse - de
maneira assim tão silenciosa – não podemos exigir provas de que o Senhor
tenha escutado e atendido,
pois isso significaria andar
por vista e não por fé. [...]
Eu sabia que embora não
devesse negar a utilidade
dessa experiência, deveria
precaver-me contra exigir
uma experiência altamente emocional ou dramática
como prova do meu batismo no Espírito Santo.
No primeiro dia nada
aconteceu. Mas nos dias
subsequentes, de maneira
silenciosa, mas segura, o
convidado celestial tornou
conhecida a sua presença em meu coração. Ele
entrou em minha vida de
oração e começou a dirigi-la. Tornou-se o principal
agente criativo da minha
produção literária. Nos
anos seguintes, ele passou
a controlar metodicamente cada área da minha vida:
saúde, finanças, ambição
e reputação. Compreendi
que o batismo do Espírito
Santo é um processo que
continuaria ao longo de
toda a minha vida.6
Outro aspecto importante
é que devemos renovar diariamente essa busca pela plenitude do Espírito Santo. Somos
vasos furados e precisamos
estar sempre debaixo da fonte.
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{Um Homem Irrepreensível}
O discernimento espiritual dado
por Deus a Neemias levou-o a perceber que toda a sutileza de Satanás, toda a sua estratégia, tinha um
único objetivo: fazê-lo pecar. “[...]
Ele tinha sido pago para me intimidar, a fim de que eu cometesse
um pecado agindo daquela maneira e então eles poderiam difamar-me e desacreditar-me”, Neemias
6:10-13, NIV. Houvesse Neemias
pecado, ele teria perdido a sua reputação, consequentemente a sua
influência, e assim estaria desqualificado para executar o trabalho no
qual o seu coração estava posto.
Prezado pastor! O diabo não
nos tenta por meio de um mau
abusivo, mas por meio de um bem
aparente. Ele fará a sua principal
e mais dura investida contra nós.
Se estamos lutando contra ele,
ele não nos poupará. Ele usa a
sua maior astúcia contra o homem que está empenhado em
causar-lhe o maior dano. Satanás odiou a Cristo mais do que a
qualquer um de nós porque Ele é
o “capitão da nossa salvação”. Da
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mesma forma Satanás odeia os
pastores subordinados a Cristo
mais do que os soldados rasos.
Portanto, cuidado pastor, porque o inimigo nos espreita de maneira especial. Ele pode se transformar em um anjo de luz antes
que você perceba o que aconteceu. A sua tentação sempre será
adequada ao seu temperamento e
às suas fraquezas de caráter. Por
isso, cuidado!
Desacreditar as testemunhas
tem sido uma constante estratégia usada nos tribunais tanto
pela defesa quanto pela promotoria. Quando uma testemunha
é desacreditada, ela perde a sua
utilidade, pois tudo o que ela
disser não terá credibilidade e
dificilmente será levado em consideração pelo júri. O diabo tem
usado essa mesma estratégia
contra nós, pastores. Da mesma
forma como tentou desacreditar
Neemias, ele tenta nos desacreditar porque quando ele nos leva
a pecar, a consequência sempre é
perder o nosso bom nome. Assim
perdemos a nossa utilidade como
testemunhas de Cristo.
Amigo pastor, quer queiramos
ou não, o mundo nos observa e o
nosso pecado sempre vai sobressair mais na opinião pública. “Um
grande homem não pode cometer
um pecado pequeno”7. Há muitos olhares fixos em nós, e serão
muitos os que assistirão a nossa
queda. O mundo nos observa e os
ágeis olhos da malícia estão sempre prontos para fazerem o pior
uso possível da situação.
Portanto, se queremos continuar sendo testemunhas úteis de
Cristo, não podemos acariciar em
nosso coração o desejo por qualquer coisa que venha desagradar
a Deus e prejudicar o nosso ministério. Da mesma forma como
nos preparamos para pregar de
maneira irrepreensível, precisamos nos preparar para viver de
maneira irrepreensível. Tenhamos cuidado em cada palavra que
dissermos, em cada passo que
dermos, pois carregamos a arca
do Senhor.
Conclusão
A história de Neemias permanece sendo uma fonte de inspiração para todo aquele
que deseja ser eficaz no processo de mobilizar a igreja para o cumprimento da missão.
Neemias entendia claramente qual era a sua vocação mais essencial e isso o habilitava
a viver vocacionalmente em meio às suas muitas funções e a despeito das mais variadas
tentativas de intimidação.
Neemias sabia quem ele era, quem ele não era e o que se esperava dele. Da mesma
forma, como pastores, precisamos entender que, antes de qualquer outra coisa, devemos ser homens que têm paixão por Deus, pelas pessoas, reconhecidos como homens
espirituais, guardiões da verdade, cheios de discernimento espiritual e que buscam viver
de maneira irrepreensível. Estas foram algumas das características de Neemias que se
tornaram evidentes no momento decisivo descrito em Neemias 6:10-13.
A tarefa na qual Neemias colocou o seu coração foi completa. Os muros da cidade foram reconstruídos em 52 dias. Jamais nos esqueçamos que aquilo que fazemos sempre
parte daquilo que somos.
Referências
1 Ellen White, Patriarcas e Profetas, 654.
2 Francis D Nichol, Ed. The Seventh-day Adventist Bible Commentary, Vol. 3. Washington, D.C: Review and Herald Publishing
Association, 1976, 418.
3 Veja Eugene Peterson, A vocação Espiritual do Pastor: Redescobrindo o Chamado Ministerial. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2005.
4 Veja M.I. Lewis, Ecstatic Religion: A Study of Shamanism and Spirit Possession. New York, NY: Penguim Books, 1971.
5 Ellen White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, 411.
6 Denis Smith, O Batismo do Espírito Santo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005, 34-35.
7 Richard Baxter, The Reformed Pastor (London: Banner of Truth, 1974), 62.
SILVANO BARBOSA
O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no
IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente, está cursando PhD em Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também
atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de Publicações
por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois filhos, Davi e Liz.
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