DOI: http://dx.doi.org/10.20435/1117
O comportamento do consumidor de automóveis
Cars consumer´s behavior
Renan da Cunha Soares Júnior1
Ana Cristina Alves Lima2
Heloisa Bruna Grubits Freire3
1
Psicólogo, Especialista em Psicologia do Trânsito e Psicologia
da Comunicação. Mestre em Psicologia, Aluno do Doutorado em
Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco.
E-mail: renanjr@gmail.com
2
Psicóloga e Mestre em Psicologia pela Ponti ícia Universidade
Católica de Campinas. Atualmente é Professora do Centro
Universitário de Araraquara e Coordenadora da Pós-Graduação
EAD-Psicologia do Centro Universitário de Araraquara.
E-mail: coordeadpsico@gmail.com
3
Psicóloga, Mestre em Psicologia e Doutora em Ciências Biomédicas.
Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em
Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco.
E-mail: grubitshb@hotmail.com
Recebido em 16/06/2016; aprovado para publicação em 22/09/2016
Renan da C. SOARES JÚNIOR; Heloisa Bruna GRUBITS
RESUMO ABSTRACT
O presente trabalho versa sobre o This paper deals with the car
comportamento dos consumidores de consumers behavior. Search was
automóveis. Foi realizada uma pesquisa performed by electronic means in the
de artigos, dissertações e teses, utilizan- articles, dissertations and theses using
do ferramentas como o Scielo, Bireme, Internet tools like, Scielo, Bireme,
Banco Nacional de Teses. Foram utili- National Thesis Database. Were used
zados os trabalhos com datas de 1995 works found with dates from 1995 to
a 2014. Muitos são os motivos para a 2014. Many are the reasons for buying a
compra de um veículo, como a ine iciên- vehicle, such as the inefϔiciency of public
cia das políticas públicas de transporte transport policies and understanding
e da compreensão da posse do auto- of automobile ownership as a status
móvel como um símbolo de status, de symbol of social mobility and power.
ascensão social e de poder. O objetivo foi The objective of this research is to
demonstrar as características do com- demonstrate the characteristics of
portamento do consumidor, por meio consumer behavior of cars in Brazil,
de pesquisas já realizadas. Fica evidente through previous studies. Is evident that
que existe uma mudança na signi icação there is a change in the signiϔicance of
da posse do veículo com o seu uso nas vehicle ownership with its use on roads.
vias. A psicologia centra-se nas questões Psychology focuses a lot on matters
relativas ao status do veículo e deste concerning the status of the vehicle and
como objeto de poder. A comunicação the object of this power. Communication
preocupa-se com motivadores de con- is more concerned with the drivers of
sumo e os desdobramentos necessários consumption and the developments
aos fabricantes e revendedores para que necessary for manufacturers and
idelizem seus clientes e maximizem dealers to maintain your customers and
suas vendas. maximize your sales.
PALAVRASǧCHAVE KEY WORDS
psicologia do consumidor consumers psychology
automóveis car
comportamento behavior
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O comportamento do consumidor de automóveis
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, cada vez mais tem crescido o consumo dessa
categoria de bem móvel, motivada pela estabilidade econômica
presente no Brasil desde a segunda metade da década de 1990, com
a implantação do Plano Real, sendo esse um programa brasileiro
que objetivou a estabilização e as reformas econômicas, iniciado
com a publicação da Medida Provisória n. 482, de 28 de abril de
1994, então convertida na Lei n. 8.880, de 27 de maio de 1994.
É intrigante perceber que a frota de veículos no Brasil tem
se aproximado muito de uma unidade por pessoa, elevando esse
objeto ao patamar de bem de uso individual. É fato que existem
muitos motivos para a compra de um veículo, como a ine iciência
das políticas públicas de transporte e da compreensão da posse
do automóvel como um símbolo de status, de ascensão social e
de poder. Muitas outras razões, inclusive econômicas, levam à
compra de um veículo. O objetivo deste projeto é conhecer as
características do comportamento do consumidor de automóveis
no Brasil, por meio de pesquisas já realizadas. Acredita-se ser
extremamente importante saber por que as pessoas compram
seus automóveis e que tipos de características são fundamentais
para gerar esse tipo de comportamento. Essa compra possivel-
mente venha a reduzir as di iculdades existentes para os usuários
de transporte público, passando a desenvolver um novo tipo de
interação com a cidade e de novos comportamentos de consumo
ligados ao veículo, como a compra de combustíveis, lubri icantes,
peças, dentre outros. É interessante pensar também no veículo
como objeto de status, que levaria, para outro patamar social, a
representação de seu possuidor.
O comportamento do consumidor de automóveis é um
tema que apresenta pouco estudo e que re lete muito das carac-
terísticas culturais, econômicas da população. O entendimento
do comportamento do consumidor é fundamental para elucidar
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o per il de consumo de um dos setores que mais crescem, e que
tratam de um objeto que está intimamente ligado com o status e
poder nos dias atuais. O automóvel enquanto objeto de consumo
traz, nos argumentos que são utilizados para a sua venda, as ra-
ízes dos desejos e do comportamento posterior do consumidor,
que não adquire somente um meio de transporte particular, mas
o considera uma conquista, um estilo de vida, um acesso a uma
classe especial. É preciso entender psicologicamente quais os
implicadores nas escolhas, componentes familiares, de gênero, de
classe socioeconômica, entre outros. Existem mais fatores ligados
a essa escolha do que imaginam conscientemente os próprios
consumidores, fazendo com que seja fundamental elucidar esses
mecanismos de consumo.
2 PERCURSO METODOLÓGICO
O presente artigo foi desenvolvido com o objetivo de co-
nhecer as principais características do comportamento dos con-
sumidores de automóveis no Brasil, por meio de uma pesquisa
bibliográ ica sobre o comportamento do consumidor de automó-
veis. Após a de inição do tema a ser pesquisado, foram de inidas
as palavras chave para a realização de levantamento bibliográ ico,
buscando-se delinear o conhecimento existente a respeito do as-
sunto, nos artigos de pesquisa publicados em revistas nacionais,
bem como teses e dissertações sobre o assunto, considerando
também indicações bibliográ icas encontradas nas referências
dessas obras. As palavras chave adotadas foram: comportamento
do consumidor, psicologia do consumidor, automóveis.
Foi utilizada a pesquisa por meio eletrônico (Internet) de
artigos, dissertações e teses por meio de ferramentas como o
Google Escolar, Scielo, Bireme, Banco Nacional de Teses. Serão
utilizados os trabalhos encontrados com datas de 1995 a 2014,
para que a pesquisa utilize referenciais relativos ao período de
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O comportamento do consumidor de automóveis
estabilidade econômica proporcionada pelo Plano Real e que é
referente ao bom momento vivido pela indústria automobilística
nacional, bem como materiais de pesquisas recentes, mais atua-
lizadas e contemporâneas.
Após o levantamento das obras existentes nessas bases a
partir das palavras chave, foram descartadas aquelas que fugiam
ao âmbito de inido. Os materiais selecionados foram objeto de lei-
tura e ichamento dos pesquisadores, que destacam as principais
contribuições encontradas segundo o interesse desta pesquisa,
articulando-as de modo a contextualizar e justi icar sua realização,
além de subsidiar a posterior análise de dados.
Posteriormente ao levantamento e revisão bibliográ ica para
base de um estudo empírico, pretendeu-se, dentre outras discus-
sões, entender as razões que levam à compra dos automóveis e que
tipos de fatores são preponderantes e se encontram presentes nas
obras pesquisadas. Os dados obtidos foram analisados através de
comparação de fatores apontados pelos autores como diferenciais
para esse tipo de consumo.
3 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
O estudo do comportamento do consumidor é imprescin-
dível para as ações de mercado. É preciso saber o que as pessoas
precisam, o que as agrada para, então, conseguir fazer com que
comprem algo. O marketing fundamentalmente precisa saber
sobre os consumidores, para que o desenvolvimento, a produ-
ção e a comercialização de produtos atinjam seus objetivos. Os
desejos, necessidades e motivações das pessoas precisam ser
profundamente conhecidos para que se possa ter um estudo am-
plo e profundo sobre o que denomina-se de comportamento do
consumidor (SAMARA; MORSCH, 2005).
Os conhecimentos envolvidos ultrapassam o marketing, tra-
zendo também conhecimentos da psicologia, antropologia, socio-
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logia, administração, comunicação dentre outros. O consumidor é
a razão de tudo, é o rei, é para ele, seja um indivíduo ou um grupo,
que as ações são direcionadas. Sempre são levadas em conside-
ração suas ações expressas no ambiente, seus comportamentos,
mais é preciso observar mais do que isso; é preciso conhecer suas
motivações, os eliciadores de seus comportamentos, os desejos
que se quer satisfazer.
Para Spector (2012), Abraham Maslow (1908-1970), em A
theory of human motivation (1943), já dizia que para que o ser
humano tivesse saúde ísica e psicológica era preciso satisfazer as
suas necessidades. De acordo com Maslow, eles possuem neces-
sidades ísicas, sociais e psicológicas que precisam ser satisfeitas
ao longo da jornada. Dessa forma, pode-se entender que o com-
portamento expresso no ambiente é somente uma demonstração
da busca da satisfação dessas necessidades, aquilo que aparece
para o mundo, a ponta do iceberg.
Desse modo, ica bastante evidente que os produtos e servi-
ços existentes no mercado precisam vir ao encontro dessas neces-
sidades. Essa identi icação faz todo o sentido quando se vê que as
campanhas dos produtos geram uma relação profunda com seus
consumidores, que transcende a posse do produto e que atinge,
de maneira muito própria, necessidades internas, possibilitando o
sanar de buscas e o preenchimento de lacunas existentes afetiva-
mente em seu interior. É o envolvimento psicológico da posse, da
realização, da resolução de um con lito (SAMARA; MORSCH, 2005).
Partindo desse ponto de que existem relações muito mais
profundas envolvidas no que parece ser uma simples compra, e
as pessoas consomem o tempo todo, ou seja, toda vez que existe
uma prática de consumo existe alguém estudando como e por
que o processo aconteceu e quais os seus re lexos, ou por que não
aconteceu o que se esperava.
Giglio (2010) assevera que a maioria das teorias que tentam
explicar o comportamento do consumidor são teorias raciona-
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O comportamento do consumidor de automóveis
listas, enfocando a capacidade de raciocínio e consciência do ser
humano. Essas linhas de pensamento baseiam-se na teoria da
consciência, muito presente no inal do século XIX. Isso implica
dizer que segundo essas teorias, os seres humanos seriam cons-
cientes de suas ações e necessidades e as controlariam conforme
sua vontade. As teorias são bastante difundidas e conhecidas,
como as Teorias econômicas que se baseiam principalmente no
fator da renda e sua relação com tipos e categorias de produtos,
a Teoria de avaliação de risco e decisão, que se baseia funda-
mentalmente na análise do risco realizada pelo indivíduo para a
execução daquela ação, ou seja, sua possibilidade de sucesso ou
não levando em consideração fatores psicológicos e inanceiros.
O processo racional então compara o homem a uma máqui-
na, que precisa comprar o que é necessário, pelo menor preço,
com a melhor qualidade e condição. Essas teorias têm uma grande
aceitação no meio do marketing, pois são muito fáceis de aplicar
e de mensurar resultados, sendo simples e diretas.
Porém, Giglio (2010) expõe que existem críticas a essas teo-
rias, pois elas desprezariam o lado subjetivo do comportamento e
se concentrariam somente nas questões numéricas, trabalhando
de uma maneira cartesiana e reducionista do comportamento
humano. Esse menosprezar do lado subjetivo pode conduzir a
enganos quando se pensa somente em pesquisas numéricas e
objetivas, pois despreza a relação sentimental de satisfação que
existe na relação de consumo, com um determinado produto ou
marca quando se fala em satisfação, por exemplo, esta pode ser
altamente diferente levando em conta fatores subjetivos de sig-
ni icação. Existe ainda um outro ponto da crítica a essas teorias,
a de que não poderiam ser cienti icamente comprovadas a cons-
ciência das necessidades pelo ser humano e o conhecimento dos
caminhos para a sua solução.
Samara e Morsch (2005) citam o trabalho de Ernest Dichter
(1907-1991), em The strategy of desire (1960), como um abridor
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de caminhos dentro da compreensão dos consumidores. Seus
trabalhos trouxeram às empresas a ideia de que nem sempre
o consumidor está consciente de suas decisões de consumo.
Baseando-se em técnicas psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-
1939), Dichter conseguiu revelar motivações ocultas e subjetivas
dos consumidores. Entrou em cena a pesquisa qualitativa, dando
ênfase a ideias novas em relação a campanhas promocionais. Uma
maneira de se perceber isso é justamente com uma técnica de
produção de sentido, tal como quando perguntamos a um grupo
que adjetivos estão relacionados a um produto como chocolate,
por exemplo. Das respostas dadas, é possível extrair adjetivos que
componham o material de campanha de uma marca de chocolate,
que certamente encontrará eco nas respostas de consumo das
pessoas.
Giglio (2010) traz então outra categoria de teorias para o
consumo, as teorias motivacionais do comportamento do consu-
midor. Dentre elas se destacam as contribuições de estudiosos
com Sigmund Freud, Carl Rogers (1902-1987) e Abraham Maslow.
Para Freud, a irma Giglio (2010), as pessoas não conhecem
os seus desejos verdadeiros, pois são guiadas na maior parte de
suas ações pelo inconsciente. Muitos trabalhos realizados na área
de comportamento do consumidor tendo como ênfase as teorias
freudianas colocaram em xeque as teorias racionais, até então
dominantes nesse cenário de entender o consumo. A fé na cons-
ciência e na razão foi terrivelmente abalada depois dos estudos
de Freud, trazendo a noção de que a consciência é subordinada ao
inconsciente. Uma frase que ilustra bem o pensamento freudiano
é dizer que nós, seres humanos, não somos senhores da própria
casa. Essa realidade tem feito com que muitos pro issionais do
marketing aleguem várias causas inconscientes no que diz respeito
ao consumo. Vale lembrar que as teorias freudianas são muito me-
nos objetivas do que as teorias racionais com seus questionários,
por exemplo, tendo di iculdade em quanti icar comportamentos
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O comportamento do consumidor de automóveis
e motivações. Para o estudo com teorias motivacionais de base
psicanalítica, precisa-se entender o sujeito como ser histórico,
sendo seu presente o re lexo de suas vivências anteriores. A irmam
Samara e Morsch (2005) que, pensando assim, é preciso atentar-
-se para as raízes do indivíduo e suas sementes, para entender as
suas lores e frutos.
Adentrando na teoria freudiana, pode-se dizer que o consu-
mo de um automóvel estaria ligado, por exemplo, à satisfação de
desejos inconscientes de poder que poderiam resultar em sucesso
afetivo num relacionamento com o seu par romântico.
De acordo com Giglio (2010), outro expoente muito im-
portante das teorias motivacionais do consumo seria Abraham
Maslow. Ele desenvolveu uma teoria de que as pessoas teriam
cinco planos básicos em sua vida que guiariam suas ações, tendo
a satisfação das necessidades isiológicas o primeiro deles se-
guidas pelas necessidades de segurança, afeto, relacionamento
e autorrealização. Maslow acreditava que a felicidade total era
a realização plena dos cinco planos, mas que somente um por
cento das pessoas chegariam a essa condição. Ele não escrevia
especi icamente sobre o consumo, como Freud também não o fez,
tampouco criou uma teoria de degraus a serem galgados ao longo
da vida, já que postulava que os níveis eram independentes uns dos
outros. Mas vale ressaltar que haverá uma concentração maior de
energia em necessidades de relacionamento, por exemplo, quando
as necessidades isiológicas estiverem bem atendidas.
As necessidades isiológicas são básicas, pois se relacionam
com fome, sede e sono. As necessidades de segurança ísica e psi-
cológica trabalham muito com experiências repetitivas e seguras,
icando preferencialmente em sua zona de conforto com produtos
conhecidos e não se arriscando com novidades. Um produto que
é exemplo dos que se apresentam nessa esfera é a poupança, que
visa garantir segurança ísica em caso de necessidade, porém com
risco baixo de prejuízo (GIGLIO, 2010).
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As necessidades de afeto e pertencimento a grupos, de se
sentir amado e sexualmente seguro podem ser representadas
por produtos como cerveja, cigarro e perfumes por exemplo. As
necessidades de status e de estima referem-se a ser reconhecido
pelos outros e até de ter suas qualidades de inteligência, força,
competência. Produtos que costumam explorar essas necessida-
des são carros de luxo e joias, que muitas vezes se colocam em
seus anúncios como símbolos de sucesso, riqueza, poder e estilo
(SAMARA; MORSCH, 2005).
Martin (2009) assevera que, de acordo com as teorias cog-
nitivas do comportamento, têm-se dois tipos de ações em mente,
executiva e habitual. A mente executiva é guiada pelo consciente,
que pensa que está no controle, mas na verdade o consumo é
controlado pela mente habitual que é guiada pelo inconsciente.
A mente executiva só consegue se concentrar em uma ação de
cada vez e, quando vive uma experiência satisfatória ou não, de-
lega uma execução futura de uma operação semelhante à mente
habitual, deixando de ter seu controle. As situações novas ativam
e focalizam a mente executiva.
A maioria dos clientes segue sempre a mesma rota dentro da loja,
como se seguisse um caminho invisível sob seus pés. Isso libera
a mente para pensar nas compras, decidir o que será servido no
jantar ou ponderar sobre os mistérios do universo. Esta estratégia
de e iciência se aplica a qualquer categoria em que as marcas
sirvam de indutoras para automatizar a decisão de compra. A
mente executiva está constantemente transferindo decisões para
a mente habitual exatamente deste modo. (MARTIN, 2009, p. 15).
As mentes executiva e habitual estão em constante interação,
interpretando o ambiente e reagindo numa complexa e ensaiada
dança. Os maiores sucessos do marketing estão ligados à mente
habitual, como a Coca-Cola, por exemplo, que pode ser reconhe-
cida mesmo se somente 5% de sua logomarca estiver visível. Esta
logo não sofreu modi icações desde 1885, com sua caligra ia espe-
cial, tornando-se assim a marca mais valiosa do mundo. A mente
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executiva é um empregado, e a mente habitual é o alto executivo.
O poder da mente habitual tem algumas implicações como, por
exemplo, as empresas devem concentrar-se no comportamento
do consumidor que é repetitivo e visível, e não em crenças, pois
são transitórias.
Outro ponto deve ser o de não fazer o consumidor pensar
conscientemente sobre seu produto, mas manter o comportamen-
to de compra no automático. Para fazer o cliente de seu concor-
rente mudar o seu hábito, deve-se fazê-lo pensar conscientemente
sobre o produto de seu concorrente para que ele pense em mudar,
porém, quanto mais forte for o hábito, mais di ícil será trazê-lo à
consciência para re letir (MARTIN, 2009).
Canclini (2009) diz que as transformações pela industria-
lização, na produção e acesso à cultura, na globalização e na
digitalização se apresentam nos hábitos dos jovens. Estudar o
comportamento dos jovens seria uma maneira de entender para
onde o mundo caminha e descobrir informações inovadoras so-
bre quais os comportamentos que estão presentes. Muitos jovens
quando consomem músicas, roupas e ilmes recorrem a meios
ilegais. Os meios informais de venda têm muitas vezes satisfeito
mais desejos que shoppings e espaços tradicionais de compras. Os
jovens estão se informando muito menos por jornais e mais por
meios eletrônicos, tem tido menos interesses por livros também.
Essas modi icações nos padrões de consumo são novos desa ios,
para uma psicologia que seja capaz de responder quem são esses
jovens, qual o futuro do consumo e quais os desa ios no entendi-
mento dos novos consumidores.
4 O AUTOMÓVEL
Vasconcelos (2005) assevera que, conforme a humanidade
foi se desenvolvendo, os seres humanos foram se agrupando nos
núcleos urbanos e desenvolvendo estruturas de transporte. No
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começo, era su iciente o deslocamento com as próprias pernas,
mas, conforme o trabalho, as necessidades e as construções fo-
ram se tornado complexas, iniciou-se a utilização de tecnologias.
Primeiro com a domesticação e uso de animais, para carregar
pessoas e objetos e depois com o desenvolvimento da roda, estava
aberto o caminho para a interação entre os núcleos urbanos, mas
também, o princípio do desenvolvimento do transporte individual.
No inal do século XIX e início do século XX, os automóveis,
antes raros nas cidades, começaram a fazer parte de seu panora-
ma. Dessa forma, o veículo passou a ser um objeto de desejo, que
passou a integrar a lista dos desejos dos cidadãos. Com a cres-
cente industrialização e o fordismo, esse desejo tornou-se cada
vez mais forte e mais alcançável, para ins comerciais e familiares
(OKUBARO, 2001).
DaMatta (2012) indica que inicialmente a busca pelo auto-
móvel, bem como pelas outras tecnologias de transporte, deveu-
-se às ocupações dos territórios e à necessidade de locomoção.
Porém a utilização do automóvel atingiu um outro patamar de
uso exclusivo e pessoal além de passar a ser utilizado como um
objeto de poder. Esse processo foi evoluindo até que se chegou ao
mar de con litos existentes nas cidades tendo como pivô o veículo
automotor. A impressão que se tem é de que as pessoas, muitas
vezes, são incapazes de imaginar o seu cotidiano sem o uso desse
objeto. E cada vez mais vão se integrando opções de luxo e so isti-
cação a um objeto que deveria somente ser um meio de transporte,
redirecionando seu status para um nível alucinante e alienante.
O veículo é peça fundamental no sistema complexo do trân-
sito, e, como coloca Rozestraten (2006, p. 7), “[...] cada veículo
é massa em movimento. Como tal obedece às leis da ísica de
movimento, de inércia, de forças centrípetas e centrífugas [...]”.
Os motivos que levam os indivíduos a circularem nas vias
urbanas são vários e mudam conforme suas necessidades que
podem variar de uma hora para outra, como o homem que sai para
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O comportamento do consumidor de automóveis
o trabalho de manhã. Antes ele tem que levar o ilho na escola,
sua necessidade nesse momento é de levar seu ilho de forma
mais rápida e segura, a im de que possa chegar no horário no seu
emprego. Para isso ele mobiliza toda uma logística para que suas
metas sejam alcançadas (VASCONCELOS, 1992).
Dessa forma, Vasconcelos (1992) explica que o “homem”
traça uma lista de tarefas e objetivos a cumprir a im de ter a
satisfação total, porém, quando deixa seu ilho na escola, sua
necessidade muda; agora precisa chegar ao emprego em tempo
hábil e encontrar um espaço para estacionar o carro. Já quando sai
para seu almoço, se por um acaso for almoçar com seus colegas
de trabalho, sua necessidade muda.
Ele sai andando pela calçada, também busca um restaurante
próximo e de fácil acesso, necessita agora de uma boa mobilidade
nas calçadas com sinais e semáforos de trânsito. No inal do dia,
necessita se locomover para buscar o ilho na escola, encontrar
um lugar perto da saída do colégio e, inalmente, ir para casa
tendo as vias um acesso rápido e seguro. Todos os indivíduos têm
necessidades distintas, mas todos querem chegar ou ir a algum
lugar da melhor maneira possível.
Porém existem con litos nessas viagens: “O primeiro deles é o
con lito ísico, mais conhecido, de disputa pelo espaço, como no
caso de dois veículos que se aproximam ao mesmo tempo de um
cruzamento, ou de um pedestre que deseja passar entre vários
veículos em movimento. Esse tipo de con lito é o mais aparente
no trânsito, mas não é o único: existe outro, a que chamo de
político, pois re lete os interesses das pessoas no trânsito, que
por sua vez estão ligados a sua posição no processo produtivo da
cidade”. (VASCONCELOS, 2005, p. 13).
A convivência no espaço público se constrói a cada instan-
te, precisando sempre da ordenação para evitar que os con litos
cheguem a um grau superlativo, no qual o maior se sobreponha
sobre o menor.
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4.1 Automóvel e status
Atualmente, segundo Carvalho e Prado (2005), o automóvel
tem papel importante para a sociedade, que vai além de sua uti-
lidade como meio de locomoção. As pessoas têm estabelecido no
campo psicológico, uma relação com seu carro, ou seja, o condutor
idealiza e projeta no veículo, a força, o status e o poder, que estão
ligados à necessidade de serem aceitos perante a sociedade como
alguém com importância e valor.
Essa ligação entre veículo e status é acentuada, pois o modelo
de mobilidade escolhido é o automóvel como principal transporte.
A posse do veículo representa, além de status, poder. Conduzir
um veículo tem sido erroneamente considerado por uma grande
parte das pessoas, como a possibilidade de ser independente, de
ser “dono do próprio destino”, por meio do domínio do espaço e
da velocidade (DAMATTA, 2012).
A pesquisa realizada por Corassa (2003) com condutores,
elucidou os signi icados atribuídos ao automóvel e quais os valo-
res culturais que permeiam a relação em motorista e automóvel.
Concluiu-se que o carro é visto como parte da casa, sua extensão,
portanto, um espaço de proteção ísica, psicológica, abrigo da
chuva e frio, suprindo muitas das necessidades humanas.
O sentimento e a sensação de liberdade podem ser vividos
pelos motoristas ao dirigir. O carro propicia prazer, no entanto esse
sentimento também pode liberar sentimentos reprimidos, como
a agressividade e a impulsividade (CARVALHO; PRADO, 2005).
O signi icado atribuído ao automóvel é ambíguo, pois,
como objeto de poder, pode tanto ser instrumento de expressão
de liberdade e autonomia, como de descarga de agressividade e
tensão. Essa ambiguidade torna o conduzir desgastante, pois a
necessidade de manter o equilíbrio psicológico no trânsito exi-
ge autoconhecimento nas mais diferentes situações (CORASSA,
2003).
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O comportamento do consumidor de automóveis
A representação social sobre carro encontra-se intimamente
ligada aos valores, fantasias e costumes culturais da sociedade. Isto
estaria demonstrado no fato de que os homens, quando crianças,
ganham carrinhos de brinquedo, o que proporciona uma familia-
ridade com o mundo dos automóveis (CARVALHO; PRADO, 2005).
Gorz (2005) explica que, quando o automóvel foi inventado,
tinha a inalidade de proporcionar aos burgueses um privilégio
inédito: circular pelas ruas e estradas mais rapidamente que to-
dos os demais. Isso trouxe uma realidade sequer imaginada em
sonho, pois as carruagens, fossem de ricos ou pobres, circulavam
relativamente com a mesma velocidade. Os trens eram velozes,
mas levavam gente de todas as classes ao mesmo tempo e na
mesma velocidade. Até inal do século XIX e o início do século
XX, a elite não conseguia ainda se diferenciar do povo pelo do-
mínio da velocidade. O automóvel mudou esta realidade e levou
a burguesia a estabelecer mais esse distanciamento em relação
aos demais.
Aparentemente o automóvel confere ao seu usuário uma
independência ilimitada, mas diferentemente dos meios de trans-
porte utilizados anteriormente, agora ele depende de outros,
especialistas na manutenção e troca de peças de sua máquina. Ao
contrário dos meios de locomoção anteriores, o motorista deixa o
papel de possuidor e dono, para ocupar o de usuário e consumidor,
mesmo sendo proprietário do veículo.
Os magnatas do petróleo então perceberam o tamanho do
negócio que se propunha, como haveria tantos motoristas como
o número de famílias, teriam em cada família um consumidor. O
sonho capitalista estava em curso, todos passariam a depender
de uma única indústria fornecedora.
A persuasão para a venda de automóveis seria pouca, so-
mente baixando o preço. As pessoas se debruçariam a comprá-lo,
acreditando que teriam o mesmo privilégio de se deslocar como
os senhores e os burgueses e mais rápido que as pessoas comuns,
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Renan da C. SOARES JÚNIOR; Heloisa Bruna GRUBITS
teriam agora destaque. Dessa forma, na sociedade do automóvel
o privilégio da elite estava colocado ao alcance de outros (GORZ,
2005).
No pós-Segunda Guerra, com a implantação do estado de
bem-estar nos Estados Unidos, o automóvel, a grande vedete do
fordismo, passou a igurar como uma das necessidades primeiras
das famílias, o maior bem consumido após a casa própria, relati-
vo a vários meses de salário. Ficou dependente da produção do
carro uma série de indústrias, como a da borracha, aço, plástico,
petróleo, materiais elétricos dentre outros. Isso passou a ser
tão sério, que a produção da automóvel tornou-se um indicador
econômico nos Estados Unidos, surgindo a expressão “quando
a General Motors espirra a América ica resfriada” (AUFHEBEN,
2005).
Fica evidenciada a proporção que a presença do automóvel
representa na esfera do consumo, fazendo com que seja muito im-
portante conhecer que conceitos mais se compram junto com ele.
Control (2005) cita um anúncio do Mazda Mx-5 como referência
do atrelado à compra do automóvel, certamente muito mais do
que um simples meio de transporte:
O Mx-5 distingue-se na sua capacidade de envolver o motorista
em cada ação, de modo que você logo sinta que é apenas uma ,
de uma quantidade de partes que se movimentam, tudo em total
harmonia. Troque a marcha: a maneira que ela se move através do
seu caminho perfeito é uma revelação. (CONTROL, 2005, p. 104).
Furtado (2010) esclarece que também houve ações do go-
verno brasileiro, ações cirúrgicas e bastante e icientes, que foi a
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
a produção de automóveis. O governo brasileiro pegou um setor
que é um setor central na economia brasileira, justamente por-
que a cadeia produtiva das montadoras é uma cadeia produtiva
extensa. Ela vai desde a produção do automóvel nas montadoras,
Volkswagen, General Motors, Fiat, dentre outros, até a produção
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O comportamento do consumidor de automóveis
de carvão. Portanto garantir a venda dos veículos produzidos ga-
rante emprego, e garantir emprego garante consumo da produção
nacional. Garantia de mercado interno.
O automóvel então é mais do que um simples bem de con-
sumo relativo ao poder individual que representa para o usuário,
mas também uma indústria que inancia o lucro de diversos países,
jogando os consumidores para o seu consumo como forma de fazer
a máquina econômica funcionar (FURTADO, 2010).
5 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE AUTOMÓVEIS
Desde o início dos anos 1990, o mercado de consumo de
automóveis no Brasil tem se tornado cada vez mais competitivo.
Durante o governo do presidente Fernando Collor de Mello – de 15
de março de 1990 a 29 de dezembro de 1992 – houve uma mudan-
ça na política com as montadoras de automóveis, permitindo-se a
entrada no país de veículos importados, gerando um novo panora-
ma nesse mercado. Atualmente temos cerca de 50 montadoras no
país responsáveis pela fabricação de veículos automotores. Dessa
forma, o mercado brasileiro se desconcentrou das quatro grandes
marcas que antes reinavam no mercado interno, Chevrolet, Ford,
Fiat e Volkswagen. O desejo da compra do automóvel novo é pra-
ticamente um sonho, que vivia antes nas classes A e B e agora tem
invadido também a classe C (SAMPAIO et al., 2004).
A necessidade de aquisição do automóvel, levando em consi-
deração a hierarquia das necessidades de Maslow, se encontraria
no nível de estima, pois faz referência ao status quo e ao prestígio.
Em relação ao processo de decisão de compra, Mattar (1982)
esclarece que esse ocorre em cinco fases, sendo a primeira a de
reconhecimento do problema; a segunda, a da procura de solu-
ções; a terceira, de avaliação das alternativas, a quarta reside no
processo de compra; e a última; no comportamento e experiência
de pós-compra.
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Renan da C. SOARES JÚNIOR; Heloisa Bruna GRUBITS
Num estudo de Sampaio et al. (2004), realizado com 43
pessoas que acabaram de comprar um carro novo, as causas mais
apontadas para a compra de um carro novo são o lançamento de
um modelo novo (32,6%), o fato de o carro anterior estar velho
e ruim (20,9%) e a procura de diminuir a distância entre o preço
do veículo usado e o do novo (41,9%), mas também aparece a
necessidade social de aquisição com uma parte dos entrevistados
(11,6%) informando que a posição social ou o cargo que ocupam
trazem a necessidade de um veículo novo. Entre as fontes consul-
tadas para obter informações sobre o produto, as que mais apare-
ceram foram a consulta entre parentes e amigos (46,5%), revistas
especializadas (32,6%) e propagandas na televisão (27,9%). Na
avaliação de alternativas, 64% dos entrevistados a irmam visitar
mais de uma loja antes de comprar, e os demais (36%) visitam
apenas uma loja. O atendimento mostra-se como item principal
na opção de compra sendo valorizado pela maioria da amostra
(55,8%). Os fatores que norteiam a compra de um automóvel
zero quilômetro mais indicados foram a qualidade do produto
(81,4%) e o preço (72,1%). Já em relação à forma de pagamento,
a maioria (48,9%) prefere fazer a prazo e uma parte considerável
da amostra (43%) prefere fazer a vista. Em relação a comparem
veículos da mesma marca, a grande maioria dos entrevistados
(72,2%) pretende continuar comprando assim.
Em pesquisa realizada por Pires e Marchetti (2000), so-
bressaem as preocupações inanceiras dos consumidores de
automóveis, tendo grande importância fatores como manutenção
e a relação de quilômetros rodados por litro de combustível e a
consequente economia, o preço, as condições de pagamento e a
garantia de um bom preço de revenda do automóvel depois de
usado.
Em pesquisa desenvolvida por Silva, Farias e Cerqueira
(2012), sobre o consumo de veículos por pessoas de baixa renda,
elucidou-se que a fonte de informação que mais in luencia tanto
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O comportamento do consumidor de automóveis
nas classes C e D, como na E são as informações passadas por
amigos e parentes. Na forma de aquisição, as classes D e E prefe-
rem fazer em sua maioria o uso do consórcio, o que implica uma
espera maior pelo bem, mas um pagamento menor de juros. Em
síntese, parece existir uma busca pela qualidade do produto, uma
necessidade de um bom pós-compra e da presença da tecnologia
no produto quando avaliadas as alternativas de aquisição.
Oliveira (2005) destaca em sua pesquisa as diferenças no
consumo de automóveis entre homens e mulheres, sendo os
homens mais preocupados com preço (95,8%), valor de revenda
(95,8%) e marca (91,6%), enquanto para as mulheres os atributos
mais importantes são cor (100%), direção hidráulica (95,8%) e
design (91,6%), revelando uma boa diferença no per il de compra
entre os sexos. Aparecem ainda alguns pontos importantes como
a informação de que as mulheres estão envolvidas na decisão da
compra do carro em 87,5% dos casos e que, sobre informações,
concorrência e facilitadores de vendas, 100 % dos pesquisados
a irmaram que os indivíduos do sexo masculino se destacam
mais nesses aspectos. Em relação ao pós-compra, a maioria das
mulheres (79,2%) admite fazer uso do Serviço de Atendimento
ao Consumidor, enquanto entre os homens o uso desse serviço é
de apenas uma parte (45,8%) dos consumidores.
Popcorn e Marigold (2003, p. 58) evidenciam o crescimento
do papel da mulher como consumidora e in luenciadora de con-
sumo de automóveis “[...] as mulheres compram ou in luenciam
na aquisição de 80% de todas as mercadorias de consumo [...]”.
O automóvel, antes marcadamente símbolo masculino, está cada
vez mais presente no universo feminino.
Em sua pesquisa com mulheres consumidoras de automó-
veis, Naves (2012, p. 94) aponta que:
[...] foi possível levantar que as aquisições de carros novos se
efetivam como resultado de uma necessidade real de ter um meio
de locomoção, que atenda às necessidades das consumidoras, se-
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jam para locomoção para o trabalho, para levar os ilhos à escola
ou mesmo lazer em ocasiões onde apenas a mãe está presente
com ilhos ou sozinha. A probabilidade de aquisição por status
não foi apontada pelas entrevistadas, identi icando a primeira
etapa do processo decisório do consumidor, o reconhecimento
da necessidade.
Naves (2012) esclarece que a pesquisa demonstra que as
mulheres que adquirem um carro novo, levam em conta aspec-
tos como a praticidade, bene ícios e vantagens que o carro zero
quilômetro oferece como a garantia de não precisar se preocupar
com manutenções dispendiosas durante um período razoável.
As cinco características observadas como destaques da
aquisição de veículos automotores novos por mulheres são a ca-
pacidade inanceira de pagar o bem adquirido, sem prejudicar o
orçamento familiar, a qualidade do produto, sendo inclusive mais
exigentes que os homens nesse quesito, a segurança, exigindo o
maior número possível de itens nesse sentido, o design moderno
e a cor do veículo que devem ser de seu total agrado e inalizando
com as características técnicas sobre as quais as mulheres têm
pouco conhecimento, mas que podem ser decisivas na hora da
compra, apoiando-se em informações de diversas fontes como
maridos, amigos e vendedores (NAVES, 2012).
Muitas outras pessoas in luenciam o comportamento de
compra, como esclarecem Churchill Jr. e Peter (2003) sobre o pa-
pel da família, amigos, confrarias, e colegas de trabalho. Por meio
de opiniões, vivências e testemunhos, ocorre indiretamente uma
in luência, devido ao convívio e as impressões que são passadas
referentes a certos produtos, marcas e serviços.
Para Severiano (2007), o fetiche existente na mercadoria
automóvel teria como mecanismo deixar esparsas as relações
sociais de trabalho, e também sua posse passaria a incorporar
valores imateriais e simbólicos que trazem alienação da subje-
tividade, mascarados pela encarnação de qualidades subjetivas
como a felicidade, poder, segurança e autonomia.
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O comportamento do consumidor de automóveis
Morais, Pascual e Severiano (2011) acreditam que a necessi-
dade de aquisição do automóvel e da valorização desta aquisição
como paixão, respondendo a slogans como “apaixonado por carro
como todo brasileiro” é um produto de marketing oferecido pela
indústria cultural e não emanado da cultura popular, que é feito
justamente com a intenção de aumentar o consumo de automóveis,
combustíveis e outros produtos agregados do setor.
Para Engel, Blackwell e Miniard (2000), o status também
seria um dos grandes impulsionadores da compra, transferindo, de
certa forma, do automóvel como um item caro, para seu possuidor,
muitas características que são buscadas através do consumo e que
cotidianamente povoam os slogans das montadoras, como estilo,
elegância, potência, luxo, exclusividade. Seria como se o possuidor
desse item apresentasse uma diferenciação dos demais, sendo
digno de admiração, de diferenciação do comum.
Pode-se entender claramente, no conceito de Karsaklian
(2000, p. 11), “Essas preferências estarão diretamente relacio-
nadas ao auto-conceito : o consumidor tenderá a escolher um
produto que corresponda ao conceito que ele tem ou que gosta-
ria de ter de si [...]”, o objeto seria, dessa forma, um acoplador de
características subjetivas.
Em complementação, entende-se como o meio e a perso-
nalidade também in luenciam a compra, como expõem Engel,
Blackwell e Miniard (2000, p. 50-51): “O que leva as pessoas a se
decidirem por um determinado produto vem de sua personali-
dade, de seu estilo de vida e das forças sociais [...]”. Dentro desse
estilo de vida, estariam categorias de produtos premium, por
exemplo, mais adequados aos altos níveis sociais.
O estilo de vida, padrão, grupo social, papel social podem
dizer muito sobre o status e o consumo:
[...] toda função social ou papel social desempenhado por um
indivíduo leva associado certo status. O status é uma posição
socialmente classi icada. O papel social é o padrão de compor-
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Renan da C. SOARES JÚNIOR; Heloisa Bruna GRUBITS
tamento que se espera de pessoas que ocupam um determinado
status. A estrutura social é um sistema organizado de papéis ou
funções sociais, que de inem as relações entre grupos e indiví-
duos. (SOLOMON, 2002, p. 124).
Torres e Allen (2009) observam que cada vez mais a liga-
ção entre a satisfação de valores culturais e o comportamento
de consumo devem ser estudadas. Existe a necessidade de que o
marketing se ocupe também das relações culturais e das práticas
de consumo, enfatizando os comportamentos preditores da com-
pra. Não deve ser considerado somente o momento do consumo,
mas também aquilo que acontece anteriormente, seus eliciadores.
Dittmar (1992) enfoca que a signi icação em nível simbólico
de um objeto é carregado de experiências sociais, que levam a uma
subjetivação do produto, em sua interiorização. Existem atributos
intangíveis e que estão imersos culturalmente, respondendo a
imagens e simbolismos. O processo de compra está carregado de
escolhas conscientes entre alternativas variadas.
O modelo de duas rotas de Allen (2000, 2001) e Allen, NG e
Wilson (2002) está em testes com uma grande gama de produtos
como carros, óculos de sol e comida além de serviços e viagens de
turismo. Os resultados mostram que o caminho em que os valores
humanos in luenciam a escolha de um produto apresenta algumas
condições quando este tem uma função instrumental: signi icado
utilitário de produto e julgamento passo a passo. Se o produto tem
uma signi icação simbólica, o consumidor julga afetivamente, e os
valores humanos in luenciam diretamente a compra, suplantando
os aspectos tangíveis do produto.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de realizadas leituras mais aprofundadas sobre o
assunto, ica evidente que existe uma mudança na signi icação
da posse do veículo com o seu uso nas vias. A psicologia centra-
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O comportamento do consumidor de automóveis
-se muito nas questões relativas ao status do veículo e deste
como objeto de poder. A comunicação preocupa-se mais com os
motivadores de consumo e com os desdobramentos necessários
aos fabricantes e revendedores para que idelizem seus clientes
e maximizem suas vendas.
Com o uso nas ruas, percebe-se que, depois de adquirido,
o automóvel se torna uma ferramenta de domínio do espaço
público, de sobressair sobre o próximo, um instrumento de dife-
renciação. É extremamente importante que sejam desenvolvidas
pesquisas que estudem a produção de sentido da posse e do uso
do automóvel, bem como da sua aquisição; aue deem conta de
esclarecer as representações sociais existentes acerca desse objeto
cada vez mais individual nas cidades. Seria essa mudança fruto da
indústria cultural? Ou a convivência em meio ao coletivo seria a
grande responsável pelo uso e o papel que atribuímos ao veículo
automotor? É preciso lembrar que o carro é um objeto inanima-
do e que as características intangíveis que lhe são atribuídas são
fruto da cultura. Qual o limite para o exercício desse poder? Qual
o preço a pagar por ele? O trânsito é ambiente de con lito. Isto
está posto, é incontestável. Mas até aonde se vai para sobrepujar
a própria vontade à do próximo? Até o limite de lhe tirar a vida.
É o que se tem visto todos os dias. A incapacidade de mediar os
con litos e de viver o coletivo.
E isso tem sido demonstrado todos os dias nas escolas, nas
empresas, nos supermercados, com a intolerância em ter que dar
a vez ao outro, em dividir, em alternar o protagonismo. A diferença
é que, no trânsito, têm-se utilizado armaduras brilhantes, velozes,
potentes e confortáveis, adquiridas para ser instrumento de prazer
e não meio de transporte. A cultura do transporte coletivo bem
estruturado consegue mediar melhor essa convivência coletiva ao
que parece. O individualismo no consumo dos automóveis legiti-
ma a experiência de sobrepujar-se sobre os demais, de sentir-se
diferente, mais, premium. Mas vale lembrar que sem o outro não
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Renan da C. SOARES JÚNIOR; Heloisa Bruna GRUBITS
existe relação. O uso dos veículos no trânsito como ambiente
social é uma demonstração de que o ser humano foge de suas
raízes gregárias e passa a exercitar cada vez mais o biologismo
da seleção natural. Como produto da própria indústria, passa a
cumprir papel especí ico, quando deveria ser multideterminado.
Que o ronco dos motores e o ruído das buzinas sejam mais que o
som de um con lito, mas um alerta de que a colisão consigo mesmo
está cada vez evidente.
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