Ross
•
Westerfield
•
Jordan
Princípios de
Administração Financeira
Segunda Edição
Introdução à
Administração
Financeira
INTRODUÇÃO À
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Espera-se que, ao terminar a leitura do capítulo, você
tenha adquirido boa noção sobre:
e tipos básicos de decisões em administração llnanceira e o papel
do administrador financeiro.
objetivos do administrador financeiro.
implicações financeiras das diferentes modalidades de
organização de empresas.
e conthtos de interesse que podem surgir entre administradores e
proprietários de empresas.
36
PARTE I VISÁ() <õlRAt. IJA AIJMtNISTRAÇÃO FINANCEIRA
P
ara iniciar n osso estudo sob re administra
ÇiiO fi nancei ra, analisamos dois assuntos
fundamentais. Primeiro: o que são finanças
corporati vas ou <'m prcsariais, c qual é o papel do
administrador financeiro? Segundo: qual é o obje
tivo da adminimação financeira?
Investimentos
Falando de maneira ge ral, a área de investi
mentos lida com ativos financeiros, tais como açôes
e obrigações. Algumas das questões mais importan
tes são:
1.
1.1 Finanças: uma Visão
Geral Resumida do
Conceito
Antes de ingressarmos no estudo das finan
ças corporati vas, achamos que seria uma boa idéia
dar uma breve visao geral do campo das finanças.
Nosso objetivo ê alenar sobre quais são algumas
das ;\r�as mais imJ>Ortantes cm finanças, bem como
alg umas das oportunidades de c;lrreira exisLentcs
em cada uma delas. Gostaríamos também de ilus
llar algu mas maneiras pelas quais a �rea de finan
ças interage com ounas �reas, tais como marketing,
adminis1ração c contabilidade.
AS QUATRO ÁREAS BÁSICAS
Tradicionalmcmc, os tópicos em finanç:•s são
agrupados cm qumro áreas principais:
1.
Finanças Corporativas.
2.
3.
Instituições Financeiras.
lnvestimenros.
4. Finonças Internacionais.
Discutimos a seguir cada uma dessas áreas.
o que determina o preço de um ativo financei
ro. como uma açâo ou uma obrigaçao?
2.
Quais são os riscos e retornos potenci;�is asso·
ciados ao investimento em um ativo financei·
3.
ro?
Qual é a melhor composição que se deve ter de
diferentes tipos de ati \os financeiros?
Os alunos que se espe cial iza rem na área de
investimentos terão diversas OJ>Ortunidadcs de car
reira. Operador de Bolsa é uma das maisgenéricas.
Operadores de Bolsa ge ralmente trabalham para
grandes empresas, como Menill Lynch, aconselham
os clientes sobre os tipos de investimentos que de·
vem considerar e ajudam-nos a tomar decisões de
compra e venda. Assessores financeiros descmpe·
nham papel semelhante, mas não são nccessaria
mente operadores.
Administração de carteira é uma segunda
carreira relacionada a investimenlos. Administra
dores de carteira, confor me suge rido pelo nome,
gerem o di n h eiro de investidores. Por exemplo,
investidores individuais freqüe ntc mente compram
quotas de fundos mútuos. làis fundos nada mais
são do que maneiras de agregar recursos monenl
rios investidos pelo <�dministrador de carteira. Ad
ministradores de carteira também investem e
gerenciam recursos de fundos de pensão, de com·
panhias de seguro e de muitos outros tipos de ins
tituições.
Finanças corporativas
A primc.ra dessas quatro áreas, finanças
corporativas. é o rema pri ncipal destelhTo. Inicia
mos a abordagem desse rema em nossa próxima
seçáo e, ponanto, esperaremos até lá para forne
cer mais detalhes. Uma coisa que devemos salien·
tar é que, a pare ntemente, a expressão finanças
corporari•·a., implica que o que será cobeno é rele
vante apenas para corporações (sociedades anóni
mas), mas na realidade quase rodos os tópicos que
consideraremos sao muiro mais ampl os que isso.
Talvezfinança.,
empre.,ariais seja
um pouco mais
de�crit ivo, mas mesmo e sse termo é muito estrei
to, pois pelo menos metade dos assuntos que dis
cutiremos nas i>óginas seguintes constitui, na rea
lidade, idéias básicas de finanças e princípios apli
c<lvt!is em vtirias ou1rns áreas. além de finanças.
Análise de títulos é uma terceira área. Um
analista de títulos pesquisa in\eslimemos indivi
duais, como ações de UJik1 empresa específica, e de
termina se o preço do título é justo . Para isso. pes·
quisa atentamente os relatórios da empresa e do
setor, assim como diversas outras fomes de infor
mação. Geralmente, operadores e administradores
de carteira baseiam-se nas infonnações e recomen
dações dos analistas de títulos.
Essas atividades relacionadas a investimen
tos, assim como muitas outras áreas de finanças,
têm uma caractetistica intere�santc cm comum. Se
são bem executadas, podem ser bastame recom
pensadoras financeir<�ment e (traduzindo: você
J>Ode ganhar muito dinheiro). A noticia ntim, na
turalmcnte, é que elas s�o muito cxigcnLes c com·
J>elitivas e, ponanto, defini!ivamentc, não são para
qualquer pessoa.
INTRQlllJÇÂO À AllMJNISTRAÇÃO FINANCHIRA
Instituições financeiras
Instituições financeiras são basicamente ne
gócios que lidam primeiramente com assuntos fi
nanceiros. Bancos e companhias de seguros ralvez
sejam as mais conhecidas pelos alunos. Tais insti
tuições empregam pessoas que desempenham
grande \'ariedade de tarefas reladonadas a finan
ças. Por exemplo, um gerente de banco responsá
\'el por empréstimos avaliará se determinado negó
cio tem uma posiçào financeira suficientemente
sólida para garantir u m aumento de emp réstimos.
Em uma seguradora, um analista decidirá se deter·
minado riS<:O é adequado para ser coberto e qual
de\eria ser o prêmio.
Finanças internacionais
Finanças internacion a is não são tanto uma
área, mas uma especialização na qual uma das
principais funções é desc r it a a seguir. F.m outra s
palavras, carreiras cm finanças internacionais
geralmente envolvem aspectos internacionais tan
to de finanças corporat ivas quanto de investimen
tos, ou instituições financeiras; por exemplo, ad
ministração de carteira e ar1�lise de rtrulos das
companhias nilo ameticn na s. De maneira análoga,
muitas emJ>resas americanas têm Ol>erações no ex
terior e precisam de empregados familiarizados
com questões imernacionais, como taxas de câm
bio e risco político. Os bancos geralmente são soli
citados para realizar emprés tim os em outros paí
ses, e especialistas internacionais são necessários
para isso.
POR QUE ESTUDAR FINANÇAS?
Quemprecisa conhecer finanças? Em uma só
palavra: você. De fato. existem muitas razões
�squais ,
·
océ pe
r cisa ter conhecimento de fi
nanças, mesmoque n ao planeje seguir carreira
nessa área. Exj>loramos a seguir algumas dessas
razões.
em pesquisas de mercado, projeto de mercado e
de canais de distribuição, precificaçiio de produ
tos, apenas para citar algumas poucas áreas.
Os analistas financeiros apóiam-se bastante
nos analistas de mercado, c geralmente os dois tra
balham juntos para avaliar a lucratividade de pro
jetas e produtos propostos. Como veremos em ca
pítulo posterior, projeções de vendas sào dados
essenciais para praticamente todos os tipos de aná
lise de novos produtos, e tais projeções normalmen·
te sào desenvolvidas conjuntamente por marketing
e finanças.
Além disso, a indústria financeira emprega
profissionais de markering para auxiliar a venda de
produtos financeiros, tais como contas bancárias,
apólices de seguro e fundos múmos. O markeling
de serviços financeiros é um do s segmentos de
marketing que vêm crescendo mais rapidamente,
e profissionais de markering especializados em ser
viços financeiros são muito bem recompensados.
Para trabalhar em tal área, você, obviamente, pre
cisa conhecer p rodut os fina nceiros.
Contabilidade e finanças
Para os contadore s, finanças é uma leitur<l
necessária. Em peque nas empresas em especial,
os contadores geral mente são solicitados tanto a
tomar decisões financeiras como cumprir as obri
gações tradicionais da contabilidade. Cada vez
mais, como a complexidade do mundo financei
ro continua a cres cer, os contadores precisam
conhecer finanças, para entender as implicações
de m uito s dos novos tipos de contratos fina ncei
ros, c seu impacw sobre as demonstrações finan
ceiras. Além disso, contabilidade de custos e finan
ças empresariais estão intimamente relacionadas,
dividindo muitos dos mesmos assuntos e preocu
pações.
Os analistas financeiros fazem uso intensivo
das informações contábeis: estão entre seus usuá
rios mais irnponantes. Conhecer finanças aju da os
contadores a reco nhecer os tipos de informac;ões
mais \"aliosas e, mais genericamente, como as in·
formações contábeis serão realmente usadas (e ma
nipuladas) n a prática.
Marketing e finanças
Se você estiver interessado em markering,
precisará conhecer finanças, porque, por exemplo,
profissionais de markeling constantemente traba
lham com orçamentos, e precisam entender como
obter o maior beneftcio das des1>esas e dO$ progra
mas de marketing. Analisar custos e benefícios de
divers os tipos de proj e tes é um dos 3$pectos mais
importantes em fina nç as , assim como as ferra
mentas que você aprende em flnanç<1s são vitais
Administração e finanças
Uma das áreas mais importantes da adminis
rração é estratégia. Pensar sobre estratégia empre
sarialsem pensar ao mesmo temposobre e stnlté·
gia financeira é receita excelemeQ!Jra o desastre.
Conseqüentemente,_os estrategistasE!ecisam ter
Ca
l ra compreensão das implicações financei r·as de
seusplanos estratégicos.
37
PARTE I- VlSÃO CERA� DA AQMINISTRAÇÃO FINANCEJRA
38
s
os riEm termos gerais,espera-sequetodo
2.0S de administradores tenhamgrande entendi
\
I
mento de como seus negócios afetam a lucra
tividade eque sel
l !m c�azes d�aumentar a Iu
cratividade de suas áreas. Isso éprecisamente oque
o estudo de finanças lhe ensina: Quais são as ca
racterísticas das arividadesque criam valor?
Você e finanças
Talvez a razão mais importante para conhe
cer finanças é a deque você terá que tomar deci
sões financeiras que serão muito importantes em
termos ill'SSOais. Hoje, por exemplo, quando você
for trabalhar para praticamente qualquer tipo de
empresa, será questionado sobre como prefere que
seu fundo de pensão privado seja investido. Mos
traremos cm capítulos posteriores que sua escolha
poderá fazer enorme diferença em seu bem-estar
futuro. Seu sonho é começar seu próprio negócio?
Precisará contar com boa sorte, caso não tenha
conhecimentos básicos de finanças: você acabará
aprendendo pelo caminho mais árduo. Quer saber
qual será o tamanho de s eu crédito educativo an
tes de assumir sua dívida? Talvez não, mas mostra
remos como calculá-lo de qualquer maneira.
Essas são apenas algumas maneiras pelas
quais as finanças o afetarão pessoal e profissional
mente. Queira ou não, você terá que examinar e
entender assuntos financeiros, e precisará tomar
decisões f'i nanceiras. Queremos que aja com inte
ligência; portanto, prossiga com a leitura.
--:,O..."tf I'-"'CWf<
'.Y:;.o'f
Questões conceituais
1.1 a
l.l.b
Q uais são as áreas principais em fi.
nanças?
Além de querer ser aprovado nesse
curso, por que você precisa entender
de finanças?
1.2 Finanças Empresariais e
o Administrador
Financeiro
Agora, definiremos fmanças empresariais e o
trabalho do administrador financeiro.
QUE SÃO FINANÇAS
CORPORATIVAS?
Imagine que você estivesse para começar seu
próprio negócio. Independentemente do ripo, de
alguma forma teria que responder às três questões
seguintes:
1.
Em quais investimentos a longo prazo você
deveria aplicar? Ou seja, em que linhas de ne
gócio você aruará e quais tipos de construções,
maquinários e equipamentos serão necessá
rios?
2. Como você obterá o financiamemo a longo
prazo para pagar seus investimentos? Você tra
rá outros acionistas ou pedirá dinheiro empres·
tado?
3. Como você administrará suas arividades finan
ceiras cotidianas, como cobrança e pagamen
to a fornecedores?
Essas não são as únicas questões, mas estão
entre as mais importantes. As finanças empresa
riais, em tem10s gerais, consistem no estudo das
respostas dessas crês questões. Discutiremos cada
uma nos capítulos a seguir.
O ADMINISTRADOR FINANCEIRO
A função do administrador financeiro fre
qüemememe está associada a um alto executivo da
empresa, geralmente denominado direror financei
ro ou vice·presidente de finanças. A Figura 1.1 é um
organograma simplificado que destaca a atividade
financeira em uma gra nde empresa. Conforme ilus·
trado, o diretor financeiro coordena as atividades
de tesouraria e controladoria. A controladoria lida
com contabilidade de custos e financeira, pagamen
to de impostos e sistemas de informações geren
ciais. A tesouraria é responsável pela administra
ção do caixa e dos créditos da empresa, pelo pla
nejamento financeiro e pelas despesas de capital.
Essas arividades de tesouraria estão todas relacio·
nadas às três questões levantadas acima, e o capf·
tulo a seguir lida principalmente com esses assun·
tos. Nosso estudo enfatiza principalmente as a rivi
dades em geral associadas com a tesouraria. Em
pequenas empresas, a tesouraria e a controladoria
podem ser desempenhadas pela mesma pessoa, e
haverá apenas um departamento.
I A
INTRODUÇÃO À AOMINISTR/IÇÃO FINANCER
Figura 1.1
.
Organograma
simplificado Os
títulos e a
estrutura
organizacional
exatos variam de
empresa para
ões
I
Dirl'lor ti•·
M.nketing
en1presa.
Diretor de
Produção
0il't11()1'
F Í0.11K�·ilO
1..
t
C
onrroller
C.l•rt•nte de
Caix.l
Ga;tos de
Capital
Gerente de
Crédito
Plancjam<•nto
FinancC'iro
Ct•rtmtt! de
PI.Ult.'i�lmcnto
fi'o<:.ll
Gerente de
Contabilidad
e
de C ustos
CNente de
<.:olltd bil idade
I in �lf"'C('Í ra
Gerente de
Processamenl
de Dados
nitude, da distribuição no rempo e do risco dos
fluxos d e caixa futuros é a essência do orçamen
DECISÕES DE ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
,
Conforme indicado por nossa discuSS<iO pre·
cedente, o administrador financeiro deve preocu
par-se com três tipos básicos de questões. A seguir
discutimos esses tipos em detalhes.
to de capital. Na verdade, sempre que avaliamos
decisões empresariais, a magnitude, a distribuição
no tempo e o risco do fluxo de caixa serão, de lon
Orçamento de capital
Orçamento de capital
A prim e i ra questão diz respeito aos Investi·
mcntos a longo prazo d a empresa. O processo de
planejamemo e gerência do s investimentos a lon
go prazo da empresa é d enominado orçamento
de capital. Nessa função, o administrador finan·
ceiro procura identificar oponunidades de investi·
mento que possuem valor superior a seu custo de
aquisição. Em termos gerais, isso significa que o
valor dos fluxos de caixa gerados pelo ath
o excc·
de o custo de tal ativo.
Independen temente do investimento em
consideração o administrador fin anceiro precísa
preocupar-se com o montante de fluxo de caixa
que espera receber, quando irá recebê-lo e qual a
proba bilida de de recebê-lo. A ava liação da mag-
,
)
ge, os fatores mas
i m
i ponanres a serem considera
dos.
O processo d e plancJar e !lCrtr investimento
s
a longo prazo da l'lllJliCS<l.
Estrutura de capital
A s egun da questão p a r a o administrador
financeiro diz res peito a como a empresa obtém
os financiamentos necessários para sustentar os in
'estimemos a longo prazo. A estrutura de ca
pital (ou estrutura financeira) refere-se a combi·
nação específica enrre capiral de terceiros a lon
go prazo e capital próp ri o que a empresa utiliza
para financiar suas o p er ações O ad mi nistrador
financeiro possui duas preocupações nessa área.
Primeiro, qual o mo nta nte que a empres;� deve
.
39
40
PARTE I
VIS.�O GERAL DA ADMINlSTRAÇAO I INI\NCEIRA
tomar emprestado? Segundo, qual a fonte mais ba·
rata de fundos para a empresa?
Ques õe
c:
L
Adiciona lmente à combinaç<io de recursos,
o admini s trador financeiro deve decidir exata
1.2a
mente como e onde levantará os recursos. As des·
pesas associadas à obtenção de financiamentos a
longo prazo podem ser consideráveis; portanto,
Qual é a decisão associada a orça
mento de catlital?
1.2b
Como você denomina a combinação
especi fica entre capital próprio e ca
devem ser analisadas diversas J>Ossibilidades.
Além disso, as empresas tomam recursos empres
tados de diversos tipos de fontes e das mais diver
sas maneiras. A escolha entre fonles e 1 ipos de
empréstimos é outra tarefa que cabe ao adminis·
pital de tercci•os a longo prazo esco
lhida pela empresa?
1.2c
financeira se enquadra a gestão de
caixa?
trador financeiro.
Estrutura de
Em qual c;Hegoria da administração
capital
Combmaçào entre capital de terreiro c
caplt.ll proprio que a emprt.>a po UI
'.
Administração do capito.l I
tro
A terceira questão diz respeito à admi nisrra·
ção do capital de giro. A expressão ca1mul degiro
refere-se aos ativos a curto prazo da empresa, tais
como estoques, e aos passivos a CUJlO prazo, tais
como pagamentos devidos a fornecedores. A admi
nistração do capital de giro da emp•·esa é uma aci
vidade cotidiana que assegura que os recursos se
jam suficientes para continuar a operação, visan
do evitar interrupções dispendiosas. Isso envolve
diversa s atividades relacionadas aos recebimentos
e desembolsos da empresa.
A seguir, colocamos algumas questões que
precisam ser respondidas sobre capital de giro: (I)
Quais devem ser os volumes disponíveis de caixa
e estoque? (2) Devemos vender a crédito para nos
sos clientes? (3) Como obteremos os recursos finan
ceiros a cuno prazo que venham a ser necess.1rios?
Se tomarmos emprestado a curto praz;o, como e
onde devemos fazê-lo? Isso é só uma pequena
amosm1 dos assuntos que surgem na adminis�raçiio
do capital de giro de uma empresa.
pit al d e giro
Ca
AI\os e pass1vos a cuno prazo d.1 emprc n.
Conclusí\o
As rrês áreas da adminisrraçào de finanças
corporati\.asQliedescrevemos- orcam�ntode ca
pital�esrrurura d e capital e administração do ca
pital de giro são categorias amplas. Cada uma
inclui grande variedade de tópicos, e indicamos
apenas algumas questões que surgem nas diferen·
res áreas. Os capftulos a seguir comerão mais de
talhes.
1.3 Modalidades de
Organização de Empresas
Nos Estados Unidos, as grandes empresas,
como por exemplo IBM e Exxon, quase sempre são
sociedades por açõcs. Examinaremos as três dife
rentes modalidades legais de organização de em
presas - firma individual, sociedade por quotas e
sociedade por ações- para que se entenda por que
isso acontece.
FIRMA INDIVIDUAL
Firma
individu •I é a empresaqueperten·
c e a uma únicapessoa. Éa maneir
a mais im
s ples
de se comea
ç r uma empresa>e é a menos re8\lla:
menrada das modalidades de empr�sas. Por essa ra
zão, há mais firmas individuas
i d�equalquer
out ra modalidade d e em presa, e muiros negó
n
a
cios que posteriormente se tra nsformam em gr
des sociedadespor�ões começam como firmas in
dividuais.
O proprietário de firma individual tem direi·
to a todo o lucro da empresa. Essa é a notícia boa.
A notícia ruim é que o proj>rietário tem re.1ponsa·
bilidude ilimitada pelas dfvid�s da empresa. Isso
significa que os credores podem recorrer aos bens
pessoais do proprietário 1>ara pagamento de seus
direitos. De maneira análoga, não há disti nção
entre rendimentos d a pessoa ffsica e da pessoa ju
rídica e, portanto, todo o lucro d a empresa é tribu
tado como rendimento de pessoa física.
A vida da firma individual é limitada à vida
do proprietário e, o que é mais importante, o mon
tante do patrimônio Hquido que pode ser obtido
está limitado à riqueza pessoal do propri e·
tário. Essa limitação geralmente significa que a
empresa é incapaz de explorar novas oportunida·
des em vista da insuficiência de capital. É difícil
INTRODUÇÃO À ADMINISffiAÇÃO FINANCEIRJI
rransferir a propriedade de uma firma individual,
pois isso implica a venda de toda a empresa a novo
envolverá muito com as decisões da empresa, a
Firma individual
mo que diga que é um sócio com responsabilidade
limitada.
dono.
l·mpresa com um único dono.
menos que pretenda assumi r as obrigações de um
sócio geral. O motivo é que, se as coisas forem mal,
você poderá ser tratado como um sócio geral, mes
Sociedade por quotas
Uma empresa formada por dois ou mais
SOCIEDADE POR QUOTAS
indivíduos ou entidades.
Uma sociedade por quotas é semelhan
te a uma firma individual, exceto pelo fato de que
existem dois ou mais donos (sócios). Numa sacie·
dade geral, todos os sócios dividem lucros e pre
juízos e possuem responsabilidade ilimitada por
todas as dividas da empresa, não apenas por uma
proporção delas. A maneira pela qual lucros (e
prejuízos) sào divididos é descrita no
corrrroro da
sociedade. Esse contrato pode ser um acordo 'er·
bal n
i formal, como e m"vamos monrar um negócio
p.1ra conar grama?" ou um longo c;l�
rmento formal, por escrito.
""L\&-
cios
sociedade limirad_(!,_
Numa
u m ou mais s6·
i
gera s serão responsáveisPeJã&esrão da em
Com base em nossa discuss�o. as principais
desvantagens da firma individual e da socieda
de dequotas como modalidades de organização
de empresas são: (1) responsabilidade ilimi1ada
dos proprietários emrefação às dívidas da et�e
(2) vida limitada da empresa e (3) dificulda·
de de transferência de proP!!..edade. Essas três
áeSvantagens resumem-se a um únicoproblema
sa,
crucial: a capacidade de crescimento de tais em
_presas pode ficar seriamente prejudicada pela
impossibilidade de levantar recursos para investi·
mento.
presa e terão responsabilidade ilimitada, mas ha·
verá um ou mais sócios limitados que não terão par
SOCIEDADE POR AÇÕES
ta ao montante com que tenha contribuído para o
A sociedade por ações é a modalidade
mais importante (em termos de tamanho) de orga
ticipaçllo ativa no negócio. A responsabilidade de
um sócio limitado por dívidas da empre�a é restri·
capital da sociedade. Essa forma de organização é
comum em empreendimentos imobiliários, por
exemplo.
As vamagens e desvantagens da sociedade
por quotas
são basicamente as mesmas de uma
nização de empresas nos Estados Unidos. A socie
dade por ações consiste cm uma entidade legaI
separada e distinta de seusproprietários eJ>2SSui
muitos dos direitos, obrigações e privilégios de uma
tratos relativamente informais podem ser consti·
ruídas facilmente e a baixo custo. Sócios gerais
pessoade verdade. Sociedades por ações podem
tomar dinheiro emprestado e possuir imó,·eis, po
dem processar e ser processadas, e podem firmar
contratos. A sociedade por ações pode até mesmo
cio geral mostra o desejo de vender o u morre.
dade limitada em outra sociedade, pode possuir
ações de outras sociedades por ações.
firma individual. As sociedades com base e m con·
possuem responsabilidade ilimitada nas dívidas
da empresa, e a sociedade acaba quando um só
Todo o lucro é tributado como rendimento da
pessoa flsica dos sócios, e o montante do patri
mónio Hquido que pode ser obtido é limi1ado à ri·
queza agregada dos sócios. Aparticipação de um
sócio gera I não pode ser transfer da com faciIida·
i
de
�
is é necessário�se forme uma nova so·
ciedade. A participação de um sócio com respon·
sabilidade limitada pode ser vendida sem que a SO·
ciedade seja desfeita,
dor pode ser diffcil.
mas enconrrar um compra·
Como um sócio de uma sociedade&eralo
p
de
ser responsávelpor todas as dívidas da empresa, a
existência de um conrrato por escrito é muito im·
portante.Se osdri eitos
e as obrigações dos sócios
nãoforem explicitados, freqüentemente ocorrerão
desentendimentos futuros. Além disso, se você for
um sócio com responsabilidade limitada, não se
ser um sócio geral ou um sócio com responsabili·
Nào é surpreendente o fato de que começar
uma sociedade por ações é muito mais complica
do do que começar outras modalidades de orga
nização de empresas. A formação de uma socie·
dadc por ações envolve a preparação de um
cumento de incorporação e um estatuto. O doeu·
do
mento de incorporação precisa conter diversos
itens, entre eles o nome da sociedade, sua dura·
ção (que pode ser indeterminada), sua fmalida
de e o número de ações que podem ser emitidas.
Geralmente, essas informações precisam ser forne
cidas ao Estado no qual a empresa será incorpo
rada. Para a maior pane dos objetivos legais, a so
ciedade por ações é "residente" desse l;stado.
O estatuto consiste em regras que descrevem
como a empresa norteia sua existência. Por exem
plo, o estatuto descreve c omo a diretoria será elei·
41
42
I'ARTE I -VISÃO GERAL DA
AO�UNISTRAÇAO riNANCFIRA
ta. O estatuto pode ser emendado ou ampliado de
Essa modalidade possui uma desvantagem
significativa. Como a sociedade por ações é urna
entidade legal, precisa recolher impostos. Além
tempos em tempos pelos acionlstas
Em grandes sociedades por ações, os acionis·
disso, o dinheiro pago aos acionistas sob a forma
tas e os administradores geralmente são grupos
distintos. Os acionlstas elegem o con<elho de ad
de dividendos é tributado novamente como rendi
mento desses acionistas. Isso é dupla tributação,
significando que os lucros da empresa são tributa
ministração que, por sua vez, seleciona os adminis·
rradores. A administração é responsável pela con
duta das atividades da empresa de acordo com o
imcrcsse dos acionistas. Em princ ípio, os acionis
tas controlam a empresa, pois são eles que elegem
o conselho de administração.
Como conseqüência da separ�çJo entre pro-
priedade e admi nistração, a sociedade por ações é
uma modalidade que traz diversas vanragens. A
propriedade (representada pelas ações da compa
dos duplamente: n a pessoa jurídica, ao ser gerado
lucro, e na pessoa física, quando esse lucro é dis
tribuído.
-
r
Sociedade tJOr ações
Empresa criada como uma 111dade legal dJStin
ta, possuída por um ou m.11s hui"oduos. ou
enu<! de
nhia) pode ser prontamente transferida, e a vida da
empresa, portanto, é ilimitada. A sociedade por
ações toma dinheiro emprestado em seu próprio
nome. Conseqüentemente, os acionistas da empresa tem responsabilidade limitada pelas dfv1das da
emp1esa. O máximo que podem perder está limi
tado a seu investimento.
A facilidade relativa de transferência da J>ro
pliedade, a responsabilidade limitada pelas dívidas
da empresa e a vida ilimi tada da empresa silo as
razões pelas quais a modalidade d e sociedade por
t1çõcs é uma alternativa superi or às demais no que
se refere a levantar capital. Se a empresa necessi
tar aumentar o capital próprio, poderá vender no
vas ações, atraindo novos investidores. O número
de donos pode ser enorme; as maiores sociedades
por ações possuem milhares e até mesmo milhões
de adonistas. �r exemplo, a JIJ'&T po.o;.sui por volta
de rres milhões de aóonistas e a General Motors, por
volta de dois milhões.
Tabela 1 . 1
Sociedades
por ações
internacionais.
Emprew
1---"
Porschc> AG
UMA
SOCIEDADE POR AÇÕES COM
OUTRO NOME...
A sociedade por ações rem muitas variações
em rodo o mundo. As leis e os regulamentos parti
culares são naturalmente difercnrcs, mas as carac
terísticas essenciais de propried a de difusa e respon
sabilidade limitada petmaneccm as mesmas. Geral
mente, essas empresas são de nominadas compa
nhias decapitai co/etivo, companhias abertas deres
ponsabilidade limitada, oucompanhias de responsa
bilidade limitada.
A Tabela 1.1 apresenta o nome de algumas
sociedades por ações conhecidas, seus países de
origem e uma tradução da abreviarura que se se
gue ao nome da empresa.
Pa11 dr- origem
Tipo ... Of11Jlfftol
Trllliu{.IO
Alenl<lnh<l
Akt ieng.,..llseh afi
SO<'í('(t,1de por •�ões
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limatada
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(ompJnhli-l dr cr�pil<ll
<.o k•hvo
tNTRODUÇAO À AI)MINIS'fi\AÇÀO HNANCEII\A
t
l.
(
·-:>nce"tuél'"s
Quais são as três modalidades de or·
ganização da empresa?
1.
Quais são as principais vantagens e
desvantagens da firma individual c
da sociedade por qu otas?
1.
Quais são as diferenças entre uma so
ciedade geral e uma sociedade limi·
tada?
t.3d
Por que a sociedade por ações é uma
alternativa superior quando se tr ata
de levantar r ecursos?
1.4 Os Objetivos da
Administração
Financeira
P:ua estudarmos a t o mada de decisões finan
ceir�s, inic ialmente precisamos entender o obj c li
vo da administração financeira. 'Jàl compreensão é
importante porque gera uma base concreta para
tomar e avaliar decisões financeiras.
MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS
Maximização de lucros talvez seja o objetivo
O OBJETIVO DA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA NUMA SOCIEDADE
POR AÇÕES
O adminisuador financeiro de uma socieda
de por a ções toma decisões e m nome dos ado nis
tas da empresa. Em vista disso, em vez de enume
rarmos os possíves
i objetivos para o administrador
financeiro, devemos, na re alidade, responder a
uma questão mais fundamental: do pomo de vi sta
do a cion ista, o que é uma boa decisão de adminis·
tração financei ra ?
Se supusermos que acionis1as compram ações
porque buscam ganhos financeiros, a resposta é
óbvia: boas decisões aumentam o valor da ação e
decisões ruins o diminuem.
Com base em nossas observações, segue que
os admin istrad ore s financetros agem de acordo
com os melhores interesses dos acionistas ao toma
rem decisões que aumentam o valor da açào. O
objetivo apropriado para o administrador financei
ro em uma empresa pode, portanto, ser facilmen
te enunciado:
O objetivo da administraçuo financdra é ma
ximizar o valor corrcncc dt• mdu uçào e:ris·
tente.
O objetivo de maxi m izar o valor da ação evi
ta problemas associad os com os diferentes objeti·
vos discutidos anteriormente. Não existe ambigu
i
dade no critério, e não há questões sobre curto ou
longo prazos. Fomos explícitos ao dizer q ue nosso
objetivo é maxi mizar o valor acual da açào. Na·
ntralmente, maximizar o valor da ação é a mesma
coisa que maximiza r o preço de mercado da ação.
empresarial mais freqüememente citad o, mas não
é um objetivo muito preciso. Estamos fal;mdo do
ano cm curso? Se for isso, atintdes como postergar
manutenção, a não-reposição de estoques c outras
medidas de corte de custos a curto prazo tenderão
a aurnemar o lucro agora, ma s essas atitudes não
são necessariamente desejáveis.
O objetivo de maximi1..ar os lucros pode refe
rir-se a algum tipo de lucro a longo prazo ou mé·
dio , mas não é claro o sentido exato disso. F.m pri·
meiro lugar, queremos dizer lucro liquido con
tábil ou lucro por ação? Como veremos, esses nú
meros pouco têm a ver com o que é bom ou mau
para a empresa. Em segundo lugar, o que queremos
dizer com longo prazo? Como disse um famoso
economista, a longo prazo todos estaremos mortos!
I ndo direto ao assumo, esse objetivo não nos diz
qual é o equilíbrio adequado entre lucros corren
tes e lucros fut\liOS.
UM OBJETIVO MAIS GERAL DA
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Com bas e em nosso ob jctiv o estabelecido
anteriormente (maximizar o valor da ação), surge
uma questão óbvia: qual é o o bjetivo adequado
quando a em pre sa não tem açõcs negociadas? So·
ciedades por ações certamente não sào a única
modalidade de empresa, e ações de diversas com
panhias raramente mudam de mãos e, portamo, é
diffcil avaliar o valor da empresa em um momento
qualquer.
Desde que estejamos lidando com empresas
com fins lucrativos, basta fazer uma pequena mo
dificação. O valor total das açõcs de uma socieda
de por ações é si m plesme nte igual ao valor do ca
pital dos proprietários. Portanto, umn versão mais
geral de nosso objetivo é:
43
44
PARTE I- VISAO CRRAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCPJRA
Maximizar o valor d,· ""rcado do capilal dos
propricJurlo., exi.\tenteo;.
Com esse objerivo em mente, n;
l o impona se
a empresa é uma firma individual, sociedade por
quotas ou sociedade por ações. Para cada uma, as
boas decisões financeiras aumentarão o valor de
mercado docapital própriodos donos, e asdecisões
ru
ins o diminu1rao.
Finalmente, nosso objetivo não significa que
o ad ministrador financeiro deva agir de maneira
ilegal ou aética na esperança de aumentar o va
lor do capital própr
io da empresa. O que quere
mos dizer é que os administradores financeiros
ser.em melhor aos donos da empresa identifican·
do produtos e serviços que agregam valor àempre
sa, porque eles são desejados e valorizados no
mercado.
Quest(:
1.41t
:orc•ltuais
Qual é o Ob)etívo da admlnistraçao fi
existe toda vez que alguém (principal ) contrata
outra pessoa (agente) para cuidar de seus interes
ses. Por exemplo, você poderia comratar alguém
(um agente) para vender seu carro enquanto esti
vesse fora do pais, esrudando. Nessa relação, exis
te sempre a possibilidade de conniro de interesse
enrre o principal e o agente. Tal conflito é denomi
nado problema de agency.
Suponha que'
oc
ê contrate alguém p
a
ra '
en
der seu carro e concorde em pagar-lhe uma comis
são fixa quando o carro forvendido. O n
i centivo do
agenre, nesse caso, é realizar a \enda, e nao neces·
sariamente conseguir o melhor preço. Se você pa
gar urna comissão, digamos, por exemplo. de I 0%
do valor da venda, em vez de uma comiSS<io fixa,
talvez esse problema não exista. Esse exemplo ilus
rra que a maneira pela qual o agente é remunera
do é um dos fatores que mais afetam o problema
de agency.
Problema de agency
A possibilidade de haver conflitO de interesse
entre os proprietários e os administradort·s da
empresa.
nanceira?
1.4b
Quais são ;llgumas das I i mitações do
objetivo de m<Lximlzar o lucro?
OBJETIVOS DOS
ADMINISTRADORES
1.5 O Problema de Ageney e
o Controle da Sociedade
por Ações
Vimos que o administrador fmanceiro numa
sociedade por ações age de acordo com o interes
se dos acionistas, tornando decisões que aumentam
o valor da ação da empresa. No entanto, vimos
rambém que em grandes sociedades por ações a
propriedade pode estar repartida por grande nú
mero de acionistas. F.ssa dispei'Si
i o da proprieda
de significa na prática que os administradores,
i a das vezes, controlarão a empresa.
na maior
Nesse caso, será que os administradores necessa
riamente agirão de acordo com o melhor interesse
dos adonisras' Em outras pala,Tas, será que os ad
ministradores podem atender a seus próprios ob
jerivos prejudiando
c
os acionistas? Consideremos
resumidamente alguns dos argumentos a esse res·
peito.
Para ilustrar como os interesses de adminis
tradores e acionistas podem ser diferentes, imagi.
ne que uma sociedade por ações esteja consideran
do um novo investimento. Espera-se que o novo
investimento afere favoravelmente o preço da ação,
mas, por outro lado, esse também é um imestimen·
to relativamente arriscado. Os donos da empresa
gostariam de realizar o n
i vestimento (pois o preço
da ação irá aumentar), mas os administradores
talvez não queiram, pois existe possibilid.1de de que
as coisas saiam errado e, nesse caso, haverá demis·
sões. Se os administradores não realizarem o inves
timento, os acionistas poderão ter desperdiçado
urna oporrunidade valiosa. Isso é um exemplo de
custo deagency.
Argumenta-se que, se deixados por sua con·
ta, os administradores renderiam a maximizar os
recursos sobre os quais têm conrrole, ou, em ter
mos mais amplos, renderiam a maximizar seu po·
der ou riqueza na empresa. Esse objetivo poderia
levar a enfatizar excessivamente o tamanho ou
crescimento da empresa. Por exemplo, não são ra
RELAÇ ÕESDE AGENCY
A rela ção entre acionistas e administrado
res é denominada r·elaçllo de agency. Tal relação
ros os casos em que administradores são acusados
de pagar preços excessivos para adqui ri r outra
empresa apenas para aumentar o wmanho do ne·
gócio que di•igem, ou demonsrr11r poder empresa·
rial. Obviamente, se o preço pago foi excessivo, a
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ANANCEIRA
aquisição não beneficiou os proprietários da empre
sa compradora.
Nossa discussão indica que os administrado
res tendem a enfatizar em excesso a sobrevivência
da organização para preservarem seu emprego.
Além disso, os administradores podem não gostar
de interferências externas e, portanto, independên
cia e auto-suficiência podem ser objetivos impor
tantes.
OS ADMINISTRADORES ATUAM DE
ACORDO COM O INTERESSE DOS
ACIONISTAS?
A atuação efetiva dos administradores de
acordo com o interesse dos acionistas depende de
dois fatores. Primeiro: até que pomo os objetivos
dos administradores esrão alinhados com os obje
tivos dos acionistas? Essa questão está relacionada
à maneira pela qual os administradores são remu
nerados. Segundo: os administradores podem ser
substimídos se não atendem aos objetivos dos
acionistas? Essa questão refere-se ao controle da
empresa. Conforme discutiremos, existem várias
razões para se pensar que, mesmo nas maiores em
presas, haja grandes incentivos para que os admi
nistradores atuem de acordo com o interesse dos
acionisras.
Remuneração dos administtadores
Geralmente, os adrrúnistradores terão incen
tivos financeiros significativos para aumentar o
valor da ação por duas razões. Em primeiro lugar,
a remuneração dos administradores, particular
mente daqueles de escalões mais altos, geralmen
teestá ligada ao desempenho financeiro geral e, em
muitas vezes, ao próprio valor da ação. Por exem
plo, freqüentemente os administradores recebem
opções para comprar ações da empresa a preço
fiXo. Quanto maior for o valor da ação, maior será
o valor da opção. O segundo incentivo relaciona
se às perspectivas de emprego dos adnúnistradores.
Os quetiverem melhor desempenho tenderão a ser
promovidos. Em termos gerais, existe maior de
manda no mercado de trabalho por administrado
res bem-sucedidos no atendimento dos objetivos
dos acionistas, os quais, portanto, conseguirão sa
lários mais altos.
Na realidade, os administradores que forem
bem-sucedidos em atender aos objetivos dos acio
nisras podem receber recompensas enormes. Por
exemplo, os mais bem pagos executivos america
nos, em 1996, talvez tenham sido Millard Drexler,
da Gap (por causa de todas (lquelas roupas que
você comprou), e Lawrence M. Coss, da Green
Tree Financial. Os dois levaram para casa uma
remuneração total anual da ordem de $ 100 mi
lhões (mais ou menos o mesmo que Oprah
Winfrey!). Apenas o bônus de Coss, em 1996, foi
$ 102 rrúlhões, e sua remuneração total pelo pe
ríodo de cinco anos encerrado em 1996 foi supe
rior a $ 200 núlhões. Isso pode parecer demasia
do, mas os acionistas da Green Tree tiveram um
retorno anual por volta de 50% ao ano nesse pe
ríodo, uma proeza que foi em grande parte credi
tada a Coss. Os campeões de remuneração nesse
período de cinco anos aparentemente foram
Stephen C. Hilbert, da seguradora Conseco , e
Sanford I. Weill, da potência fmanceira Travelers
Group. Os dois receberam por volta de $ 275 mi
lhões no período.
Conttole da empresa
O controle da empresa pe1tence, em última
instância, aos acionistas. Eles elegem o conselho de
adrrúnistração que, por sua vez, contrata e derrúte
administradores. O mecanismo pelo qual os acio
nistas n
i satisfeitos podem agir para substituir os
adrrúnistradores é denominado disputa de procura
ções. Procuração é um instrumento que dá direito
de voto a terceira pessoa. A disputa de procurações
ocorre toda vez que um grupo solicita procurações
para substituir o conselho existente e, desta manei
ra, substituir a administração.
Outra maneira pela qual a administração
pode ser substituída é por meio de um takeover. As
companhias mal geridas são alvos mais atrativos
para aquisições do que aquelas bem gerenciadas,
pois existe um potencial de aumento da lucra
tividade. Dessa maneira, o desejo de evitar um
cakeover consiste em outro incentivo para agir de
acordo com o interesse dos acionistas.
Conclusão
A teoria e as evidências existentes são com
patíveis com o ponto de vista de que os adonis
tas controlam suas empresas e de que a maximi
zação da riqueza dos acionistas é o objetivo mais
relevante para a empresa. Mesmo assim, sem
dúvida, existirão momentos em que os adminis
tradores atenderão a seus próprios objetivos, pre
judicando os acionistas, pelo menos temporaria
mente.
Problemas de agency não são exclusivos de
sociedades por ações. Estão presentes toda vez que
a propriedade e a administração são separadas.
Essa separação é mais evidente em sociedades por
ações, mas certamente existe em firmas indivi
duais e sociedade por quotas.
45
46
PARTE I -VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Incentivos de Mercado para o Comportamento Ético,
segundo Clifford W Smith Jr.
Ética é um tópico que vem
ganhando interesse cres·
cente na comun idade em·
presaria!. Grande parte dessa discus·
são tem sido liderada por filósofos e
tem-se concentrado em princípios
morais. Em vez de rever essas ques
tões, gostaria de discutir um conjun
to complementar (mas geralmente
ignorado) de questões, do ponto de
vista económico. O mercado impõe
custos potencialmente elevados a in
dividuas e institui�ões que possuem
comportamento antiético. Essas for·
ças de mercado, portanto, fornecem
ncentivos
i
importantes ao comporta
mento ético na comunidade empresa
rial.
Economia é sobretudo o estudo
de fazer escolhas. Gostaria, portanto,
de examinar o comportamento ético
simplesmente como uma das esco·
lhas disponíveis ao indivíduo. As
análises econômicas sugerem que, ao
considerar uma alternativa, você
identifica seus custos e benefícios. Se
os benefícios estimados excederem os
custos estimados, você adotará <l ai·
temativa; caso contrário, não a ado
tará. Para nos concentrarmos nessa
discussão, consideremos a seguinte
situa-ão
� específica: suponhamos que
você tenha sido contratado para en
tregar um produto de determinada
qualidade. Você trapacearia reduzin·
do a qualidade para abaixar os cus
tos, em uma tentativa de aumentar o
lucro?
A economia implica que,
quanto maior o custo de trapacear,
maior a probabilidade de as atiwdes
éticas serem escolhidas. Esse prind·
pio banal possui diversas implica
ções.
Em primeiro lugar, quanto
maior a probabilidade de ser apa
nhado menor a probabilidade de
um individuo trapacear. Essa impli·
cação nos ajuda a entender diversos
esquemas institucionais para fisca·
lizar o mercado. Por exemplo, uma
empresa concorda em ter suas de·
monstrações contábeis auditadas
por firmas de auditoria externa.
Essa fiscalização profissional perió
dka aumenta a possibilidade de se
,
GRUPOS DE INTERESSE
(STAKEHOLDERS)
Até agora nossa discussão dá a entender que
administradores e acionisras são as únicas partes
que têm interesse nas decisões da empresa. Isso é
naturalmente uma simplificação. Empregados,
clientes, fornecedores e até governo possuem inte·
resse financeiro na empresa.
Esses vários grupos, em conjunto, são deno·
minados grupos de interesse associados à em
presa, ou stakeholders. Em geral, grupo de inte·
resse é alguém que não é nem acionista nem cre
dor, mas tem direito potencial sobre os fluxos de
caixa da empresa. Esses grupos também tentarão
exercer controle sobre a empresa, muitas vezes em
detrimento dos acionistas.
detectarem problemas, reduzindo,
portanto, qualquer incentivo a fraudar
as condições financeiras reais da em
presa.
Em segundo lugar, quanto maio
res as sanções impostas, menor a
probabilidade de os indivfduos trapa·
cearem. Uma transação comercial
que se espera repetir entre as mesmas
partes possui probabilidade menor de
trapaça, pois a perda de lucros pro·
venientes do fluxo de vendas futuras
fornece poderoso incentivo para obe·
decer às regras do contrato. No en
tanto, se a existência futura da em
presa for mais incerta, os custos es
perados de vendas futuras também o
serão. Portamo, empresas em dificul·
dades estão mais sujeitas a trapacear
do que empresas com boa saúde fi.
nanceira. As empresas, portamo,
têm incentivos a adorar políticas fi.
n an ceiras que auxiliem a garantir,
com credibilidade, que não trapacea·
râo. Por exemplo, se for difícil ava
liar a qualidade do produto antes da
compra, os clientes duvidarão das
alega�ões da empresa sobre a quali·
Grupos de interesse (stakeholders)
Alguém que não seja nem acionista nem credor,
mas que também possui direitos potenciais sobre
os fluxos de caixa da empresa.
Questões conceituais
l.Sa
1.5b
Que é relação de agency'!
Que são problemas de agency e como
podem surgir?O que são custos de
agency?
LSe
O que incentiva os administradores
de grandes sociedades por ação a
maximizar o valor das ações?
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PINANCEIRA
47
dade do produto. Se a qualidade for
mais incerta, os clientes só estarão dis
claras transgressões por alguns, mas
como a Nordstrom), a Sears implantou
poderiam ser consideradas como
uma política geral de venda com base
postos a pagar preços menores. Tais
empresas, f)Ortanto, possuiriam fortes
compomunentosjustifidveispor ou
tros. Os padrões éticos podem va
incentivos para adotar politicas finan
ceiras que implicassem menor proba
em comissões. ConLudo, o que fun·
ciona emvestuário e utensílios domés·
ticos nem sempre funciona da mesma
Iiar muito de mercado para mercado.
Por exemplo, um pagamento que, se
forma em uma oficina mecânica. Um
bilidade de insolvência. Assim sendo,
tais empresas deveriam possuir níveis
divulgado nos Estados Unidos, pode
ria ser encarado como suborno, po
cliente que deseja comprar um terno
masculino sabe tanto sobre o produto
de endh1damento mais baixos, fariam
deria ser considerado como uma prá
tica usual de negociação em outro
quanto o vendedor. Entretanto, mtJitos
clientes de uma oficina mecânica co·
menor número de contratos de arren
damento c recorreriam mais a opera
país. Os custos impostos serão tanto
perados serão maiores se as informa
ções sobre trapaças puderem ser rá
não é ético.
O estabelecimenLo e a manu
ções de ltedging.
Em lerceiro lugar, os custos es
pida e amplamente disseminadas a
mais elevados quanto maior for o
consenso de que o comportamento
tenção de um compo1tamento ético
potenciais clientes futuros. Port..nto,
serviços de informação, como relató
é um ativo institucional valioso na
comunidade empresarial. Essa análi
rios de consumidores, que monitoram
se sugere que a empresa que se preo
nhecem pouco a respeito do funciona·
mento interno de seu automóvel e são,
portanto, mais dependentes das reco·
mendações dos funcionários. A políti
ca de remuneração da Sears resultou
em recomendações de reparos desne
cessários. A Sears não teria tido que
lidar com esses problemas em suas
oficinas nem com a conseqüente que
e divulgam suas análises de qualida
cupa com a conduta ética de seus em
de do produto, auxiliam a limitar
componamenms anriéticos. Por redu
pregados deve prestar bastante aten
ção aos conniros potenciais entre ad
visto que StJa politica de comissio
namento das vendas iria encorajar os
zirem os custos do moniroramento da
qualidade por clientes potenciais,
ministração da empresa, emprega
dos, clientes, credores e acionistas.
empregados das oficinas a enganar
seus clientes.
da de sua reputação caso tivesse pre
esses serviços aumentam os custos es
Considere-se o caso da Sears, a gi
perados de comportamentos antié·
ticos.
gantesca loja de departamentos que
foiapanhada cobrando de seus clien
Clifford W. Smith Jr. é titular da Cátedra
Por fim, os custos impostos a
uma empresa que seja apanhada tra
tes serviços de reparo de automóveis
de necessidade duvidosa. Num esfor
Business Administration, University of
paceando dependem da avaliação
desse comportamento pelo mercado.
ço para tomar a empresa mais orien·
tada para a prestação de serviços
Algumas atitudes são vistas como
(como ocotTe com seus concorrentes,
1.6 Mercados Financeiros e
Sociedades por Ações
Clarey de Finanças na Simon School of
Roh
c ester, e editor doJoumal o/Financial
Economic.s. Sua linha de pesquisa está liga
da a polllica de finanças empresariais e es
Lrutura de institlliÇões (inanceiras.
FLUXOS DE CAIXA DA EMPRESA E
PARA ELA
A relação entre as sociedades por ações e os
Vimos que as principais vantagens da socie
dade por ações como modalidade de organização
de empresas são a transferência de propriedade,
que pode ser feita de maneira mais rápida e mais
simples do que nas outras modalidades, e o capi
tal, que pode ser levantado de maneira mais rápi
da. Essas duas vantagens são significativamente
acentuadas pela existência de mercados financei
ros, e os mercados financeiros desempenham pa
pel de extrema m
i portância nas finanças das so
ciedades por ações.
mercados financeiros está ilustrada na Figura J .2.
As setas na Figura 1.2 indicam o fluxo de recursos
dos mercados financeiros para as empresas e das
empresas para os mercados financeiros.
Suponha-se que iniciemos nosso processo
com a empresa vendendo ações e tomando dinhei
ro emprestado para levantar recursos. Os recursos
fluem dos mercados financeiros para a empresa
(A). A empresa investe os recursos em ativos fixos
(a longo prazo) e a curto prazo (B). F.sses ativos
geram caixa (C). Uma parcela do caixa gerado ser
ve para pagar impostos da pessoajurídica (D). Após
o pagamento de impostos, uma parte do caixa é
reinvestida na empresa (E). O restante volta para
os mercados financeiros, como pagamemos a cre
dores e acionistas (F).
----
-
i
48
PARTE 1 -VISÃO GERAl DA ADMINISTI\AÇÃO FINANCEIRA
Figura 1.2
Fluxo de
Valor Total dos
Ativos da Empresa
Valor Total da Emr>resa
para investidores no
Mercado Financeiro
recursos entre a
empresa e os
mercados
financeiros.
B. A Empresa
los
vA
,_,
:::
e=
--'"
A'm =:
it,_,
.'
re=
ri,
s.a :c
c'
.:
n
'-"
c: "'
u,
t
::._
-L Mercados
_
_
_
irW("'.teem
Ativo�
fin.;�r'l{t>iro'
E. Reinveste c..aixa
Ativos. J {Urto 1.J
C. Caixa proveniente
e longo prazo
rlru; ativo;; da
empresa
...._
_
,
1 _ "'-
A. Empresa emite titulos para levantar caixa.
6. (mpreS(I irweste em ativo�.
C. Operações da empresa geram caixa.
D. EmpreSJ paga impostos ao governo.
O mercado financeiro, assim como qualquer
mercado, é apenas uma forma de reunir compra·
dores e vendedores. Nos mercados financeiros, os
produtos vendidos e comprados são títulos de dí·
vida e ações. Os mercados financeiros, no entanto,
são diferentes entre si em alguns deralhes. As dife·
renças mais importantes dizem respeito ao tipo de
título negociado, ao modo pelo qual as transações
são conduzidas, a quem são os compradores e ven·
dedores. Algumas dessas diferenças são discutidas
a seguir.
MERCADO PRIMÁRIO VERSUS
MERCADO SECUNDÁRIO
Os mercados financeiros funcionam tanto
como mercados primários quanto como mercados
secundários para títulos de dívidas e ações. A ex·
pressão mercado primário refere-se à venda origi·
naI dos títulos por governos e empresas. Os merca·
dos secundários são aqueles nos quais os títulos são
comprados e vendidos após a venda original.
Ações, obviamente, são emitidas apenas por socie·
dades por ações. Títulos de dívida são emitidos
tanto por governos quanto por empresas. Nas dis·
cussões a seguir, discutiremos apenas os títulos
emitidos por empresas.
Mercado primário
Em uma transação no mercado primário, a
empresa é o vendedor, e a transação levanta recur·
F. Paga dividendos Dívida., ,) n.1rto
e divida
prazo
Dí\'rd�1' a longo
_ _
prato
Ações
E. Caixa reinvestido volta para a
empresa.
F. Caixa é pago a investidores sob
forma de juros c dividendos.
sos para ela. As empresas envolvem-se em dois ti·
pos de nansação de mercado primário: ofertas
públicas e colocações privadas. Ofertas públicas,
como o nome sugere, envolvem a venda de títulos
ao público em geral, e uma colocação pr ivada é
uma negociação que envolve um comprador espe·
cífico.
De acordo com a lei, ofertas públicas de dí·
vida e capital próprio precisam ser registrados na
Securities and Exchange Commission (SEC). O
regisno requer que a empresa divulgue uma gran·
de quantidade de informações antes da venda de
qualquer título. Os custos contábeis, legais e de
venda de uma oferta pública podem ser considerá·
veis.
Em parte para evitar vários dos regul amen·
tos requeridos e as despesas de oferta pública,
dívidas e ações geralmente são vendidas priva
damente para grandes instit u ições financeiras,
como companhias de seguro de vida ou fundos
mútuos. Essas colocações privadas não necessi·
tam ser registradas com a SEC nem requerem o
envolviment o de underwrirers (bancos de inves·
rimemo especializados na venda de títulos ao
público).
Mercados secundários
As rransações de mercado secundário envol
vem um proprietário ou credor que vende a outra
pessoa. Porranro, é o mercado secundário que
fornece os meios para a transferência da proprie·
dade dos títulos de empresas. Embora as socieda·
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO HNANCE.It\11
des por ações estejam apenas diretamenrc envol
vidas nas rransações do mercado primário (quan
do elas vendem os títulos para levantar recursos),
os mercados secundários também são críticos para
io é que os investido
as grandes �mpresas. A rau
res estão muito ma1s dispostos a comprar drulos no
mercado primário quando sabem que esses drulos
podem posteriormente ser revendidos, caso assim
o desejem.
Mercado de balcao versus balsas organiza
das Existem dois tipos de mercado secundário:
boL..as 0'8anLSOda.s e mercado., de balcão. Em ter
mos
gerais, os distribuidores no mercado de bal
cão compram e vendem a seu próprio risco. Um dis
tribuidor, ou revendedor de carros, por exemplo,
compra e vende automó,eis. Já corretores e agen
tes procuram casar compradores e vendedores, e
não necessariamente possuem a mercadoria que
será comprada ou vendida. Um correto• de imóveis,
porexemplo, normalmente não compra e vende ca
sas.
O mercado de distribuidores de ações c dívi
das a longo prazo � denominado mercado de bal
cão (over-rile-couruer - OTC). A maior pane dos
negócios de títulos de dívida aconrece no mercado
de balcão. A CXI>ress3o mercado ele balciio refere-se
aos tempos antigos. quando os tfrulos eram literal
mente comprados e vendidos nos balcões de escri
tórios por todo o pais. Hoje, uma parcela significa
tiva do mercado de ações e qua;e todo o mercado
de dívidas a longo prazo não têm localização cen
Em 1971, a Nacional Assodacion ofSecurilie> Oealers
(Nasd) disponibilizou aos distribuidores e correto
res um sistema de cotação eletrõnico denominado
Nasdaq (Na.sdAucomaced Quocations). Grosso modo,
o número de empresas regisrradas no Nasdaq é tres
vezes maior do que o de regisrradas na Nyse, mas
as empresas do Nasdaq tendem a ser menores em
tamanho e são negociadas com menor frequência.
Existem, obviamente, exceções. Por exemplo,
Microsoft e I
m
el são negociadas no OTC. No entan
to, o valor total das ações do Nasdaq corres
ponde a apenas 20% do valor total das ações da
Nyse.
Existem vários mercados financeiros grandes
e imponantes fora dos Estados Unidos e, natural
mente, as empresas americanas procuram cada 'ez
mais esses mercados para levantar recursos. A Bol
sa de Valores de Tóquio e a Bolsa de Valores de
Londres (TSE e LSE, respectivamente) são dois
exemplos famosos. O fato de os mercados de bal
cão não possuírem localização física significa que
as fronteiras dos países não representam grandes
barreiras e que existe atualmente enorme merca
do inremacional de balcão para dívidas. Em decor·
rência da globalização, os mercados financeiros
atingiram um ponto em que a negociay.
io de diver·
sos insrrumentos nunca pára: apenas viaja pelo
mundo.
Registro Diz-se que as ações negociadas em bol
sa de valores estão registradas. Para ser registrada,
a empresa precisa obedecer a determinados crité
tral; os diversos clisrrihuidores estão ligados eletro
rios mínimos que dizem respeito, por exemplo, a
nicamente.
seu tamanho e à quantidade de acionistas. lisses
As bolsas de valores diferem dos mercados de
balcão de duas maneiras. Em primeiro lugar, a bol
critérios diferem de bolsa para bolsa.
A Nyse possuios requerimentos mais r!gidos
sa de valores possui uma localização
por exemplo, Wall Street). Em segundo lugar, no
de todas as Bolsas dos Estados Unidos. Por exem
plo, para obter registro na Nyse, as ações de uma
mercado de balcao. a maior parre da compra e ven
da é realizada por distribuidore;. O primeiro obje
empresa devem ter valor de mercado estimado de
pelo menos S 18 milhões e um total de pelo menos
tar os
2.000 acionistas com pelo menos 100 ações cada
um. Existem, além disso, critérios mínimos em re·
física (como,
úvo de urna bolsa de valores, por ourro lado, éjun
que desejam vender aqueles que desejam
comprar. Os distribuidores desempenham papelli
lação a lucro, aóvo e número de ações.
nutado.
1\egodaçao de túulos corporatilos
As ações da
maior parre das grandes empresas dos Estados
Unidos sao negociadas em bolsas de \'alares orga
nizadas. A maior delas é a Bolsa de Valores de New
York (Nyse), que res1>0nde por mais de 85% de
todas as ações negociadas em bolsas de valores.
Outras bolsas incluem a American Stock Exchange
(Arnex) e bolsas regionais, como a Pacific Stock
Exchange.
Além das bolsas de valores, existe um gran
de mercado de balcão para negociação de ações.
Questões conceituais
1.6a
1.6b
Que é um mercado de balcao? Como
diferem os mercados de balCilO e as
l>Olsas de valores?
Qual a maior bolsa de valores dos lis
tados Unidos?
1.6e
Que quer dizer OTC? Qual é o
maior OTC existente para açoes?
49
50
PARTE 1- VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Resumo e conclusões
de empresas? Que beneficias oferecem, em
Este capítulo introduziu algumas das idéias
3
básicas de finanças. Vimos que:
I
a.
b
Orçamento de capital. Que investimentos
pelo menos duas vantagens dessa fom1a de or
ganização.
4. Estrutura Organlz�cional da Área
Financeira na Soded de por Ações.
a longo prazo deve a empresa rea litar?
Numa grande empresa, quais sào os dois gru
Estrutura de capital. Onde a empresa ob
pos subordinados ao diretor financeiro? Qual
terá os financiamentos a longo prato para
pagar seus investimenros? Em outras pa
lavras, qual a combinação entre capital
próprio e capital de terceiros que deverá
c.
2. O objetivo do administrador financeiro numa
organização com fins lucrativos � tomar deci
sões que aumentem o valor da ação, ou, de
J.
dos grupos se preocupa com fmanças empre
sariais'
5
maneira mais geral, aumentem o valor de mer
cado do património líquido.
A alternativa de sociedade por ações é supe
rior às outras modalidades de organização de
empresas, no que diz respeito a levantar recur
sos e transferir panicipações dos acionistas,
mas possui a desvantagem significativa de du
pla tributação.
4. Existe a possibilidade de conflitos entre ado
DIStas e adrninisrradores de uma grande em
presa. Chamamos esse conflito de problema de
agency, e discutimos como ele pode ser contro
lado e reduzido.
Dentre os tópicos discutidos, o mais impor
tante é de longe o objetivo da administraçJo finan
ceira. Ao longo do texto, analisaremos diferentes
decisões financeiras, mas sempre faremos a mesma
pergunta : como a decisão em pauta afeta o valor
do patrimônio lfquido da empresa?
O Objetnu <I<> \<lmtnbtnn;..o !m..neei
Que objetivo deve nortear sempre as ati
tndes dos administradores financeiros daem
ra
ser utiliuda para financiar as operações?
Administração do capital de giro. Como a
empresa deve administrar suas atividades
fmanceiras cot
idianas?
desvantagem da sociedade por ações comomo
dalidade de organizaçao de empresas? Cite
As finanças empresariais possuem três áreas
principais de preocupação:
comparação à sociedade por ações'
Sociedade por· \<
,; ,.,, Qual a principal
presa?
6
Que,.tõe de 4gcncy na Sode... de por
Ações.
Quem é o dono de uma sociedade
por ações? Descreva o processo pelo qual os
proprietários controlam a administração da
empresa. Qual é a principal razão para a exis·
tência de relações de
a,�ency na sociedade por
ações como modalidade de organização?
Nesse contexto, que tipo de problema pode Sur·
gir?
lnterme<ltano
7. Objetivos de Or anlzaçôes sert -ons
-uer" vos. Suponha que você seja o admi
nistrador financeiro de uma entidade sem fins
lucrativos (talvez um hospital sem fins lucra
tivos). Qual tipo de objetivos você considera
ria apropriados?
8. Objetivos d .. Imp
\<alor da Ação.
Avalie a seguinte afirmação: Os administrado
res não deveriam concentrar-se no valor cor
rente da ação, porque, ao agirem dessa forma,
tenderiam a enfatizar de maneira excessiva
lucros a curto prazo, em detrimento de lucros
a longo prazo.
s d• Irupl'd& e t.ucu. É possi
Objeiv•
t r
vel que nosso objetivo de maximizar o valor
da ação da empresa seja conflitante com ou·
tros objeri\os como ev
i tar um componamen·
,
Questões e problemas
1. O Processo Decisório "'111 Ad
çAo Fln
...r
Quais sJo os três tipos de
decisões em administração financeira? Dê um
exemplo de rransação que seria relevante para
�
cada tipo de decisão.
I ma lnd iduai
Quota .
�
o ••d•de
ror
Quais são as quatro principais des
vantagens da firma individual e da sociedade
por quotas como modalidades de organização
to amiérico ou ilegal? Particularmente, você
acha que assuntos como segurança de clien
tes e empregados, meio ambiente e bem-estar
social se encaixam nesse modelo, ou são es
sencialmente ignorados? Tente imaginar al
guns cenários específicos para ilustrar sua res
posta.
10. Objetivos
de Empresa• e Empresas
Multinacionlll�
Nosso objetivo de maxi·
rnizar o valor das ações seria diferente, caso
INTRODUÇÃO À ALJMINISTRAÇÃO f'IM..;CURA
estivéssemos pensando em administração fi.
nanceira em um pafs estrangeiro? Por quê?
I I. Problemas de Agency e Controle da
Emprc�a.
Suponha que você lenha ações de
uma empresa. O preço corrente da ação é$ 25.
Outra empresa acabou de anunciar que dese·
ja adquirir sua empresa, e eStá dispoSta a pa
gar S 35 por ação para adquirir Iodas as ações
existentes. A admimsrraçao de sua empresa
imediatamente começa a IU1ar contra essa ofer
ta pública. E.s1aria a administração agindo de
acordo com o imeresse dos acionistas' Por
quê'
12. Problema• de Agency e Remuneração
de Executivos. E.xlstem crilicas de que a re-
muneração de administradores de aho escalão
nos Estados Urtidos é simplesmente muito alta,
e deveria ser reduzida. Por exemplo, Michael
D. Eisner, da Walt Disne)•, foi um dos presiden
tes mais bem remunerados dos Estados Unidos,
recebendo por volta de $ 9 milhões em 1996.
e bem acima de S 200 milhões no período en
•
1992e 1996. Taisquanriassãoexcessivas' Ao
responder a essa questão, seria úti
l lembrarque
tre
grandes amos do espone, como por exemplo
Michael Jordan, artistas famosos, comoCanh
Brooks e Jerry Seinfeld, e muitos ou1ros que
eStão no topo de suas respectivas profissões rém
remunerações tão elevadas ou até bem supe·
riores a essa.
51
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS, IMPOSTOS E
FLUXO DE CAIXA
Existem basicamente quatro pontos que devem ficar
claros quando você acabar a leitura deste capítulo:
'ferença entre o valor comábil (ou valor de livro) e o valor de
mercado.
ferença entre lucro contábil e fluxo de caixa.
entre alíquotas médias e marginais de Imposto de
Renda.
lrimmo determinar o fluxo de caixa da empresa a partir das
demonstrações financeiras.
56
1'>\RTI: 11 - COMPREE.NDENOO Df.MONSTI\AÇÓf!, fiNANCfJRAS E HJJXOS DE CAIXA
caminhão ou um compUiador, ou imang(ve/, como
N
este capírulo, iremos examinar demonstra·
ções financeiras, impostos e fluxo de caixa.
uma marca ou patente. Os ativos circulantes têm
\ida menor do que um ano. Isso significa que, nor·
Nossa ênfase não é a preparação de de·
monstrações financeiras. Em vez di<-<o, re<.-onhece
mos que demonstrações
financeiras. geralmente,
consistem em uma fonte básica de informações
para a tomada de decisões financeiras, e portanto,
nosso objetivo é examinar sucintamente tais de·
monstrações e indicar algumas de suas caracterís·
tica' mais relevantes. Damos atenção especial a
alguns detalhes práticos do nuxo de caixa.
malmente, dentro de um período inferior a 12
meses, o ativo circulante será comertido em caixa.
O estoque, por exemplo, pro•melmenre é compra·
do ou vendido dentro de um ano e, ponanro, elas·
sificado como ativo circulame. Obviamente, o cai·
xa é em si mesmo um ativo circulante. Contas a
receber (o dinheiro que os clientes devem à empre·
sa) também são alivos circulantes.
,
.
2.1 Balanço Patrimonial
EXIGIVEL E PATRIMONIO
LÍQUIDO: O LADO DIREITO
O balanço patrimonial é um retrato da
empresa. É uma maneira conveniente de organizar
Os exigiveis da empresa são o primeiro item
apresentado no lado direito do balanço. Eles são
classificados tanto como passrvo crrrulance quan·
e resumir o que a empresa possui (seus ali>'<>-<). o
que a empresa deve (seus exigiveiS), e a diferença
entre os dois (património líquido da empresa), num
dado momento. A Figura 2.1 ilustra a maneira pela
qual o balanço é constmído. Na forma apresenta·
da, o lado esquerdo enumera os arivos da empre·
sa, e o lado direito enumera os exigíveis e o patri·
mônio liquido.
Balanço patrimonial
Demo tr.çao Finanrc1ra que mo tra o
co bc da empr�a em um det
olore
do
exigivel a longo prazo. Contas a pagar (o dinhei·
ro devido aos fornecedores) é um exemplo de pas·
sivo circulame.
Dívidas que não vencem em menos de 12
meses são classificadas como exigível a longo pra·
zo. Um empréstimo tomado pela empresa, que será
pago demro de cinco anos. é um exigível a longo
ferirmos a uma dívida a longo prazo e aos credo
res a longo prazo, resperovameme.
ATIVOS: O LADO ESQUERDO
O.. ativos são classificados como cirrulames ou
permanentes. Um ativo permanente tem uma vida
relativamente longa. Pode ser cang(vel, como um
O Balanço
Patrimonial.
Lado esquerdo:
valor total dos
ativos. Lado
direito: valor
total do exigível
e do património
liquido.
lanre, assim como o ativo circulante, tem •ida me·
nor do que um ano (significando que precisa ser
pago em até um ano), e é apresentado acima do
prazo. A empresa toma emprestado a longo prazo
por meio de di,•ersas fomes. lenderemos a utilizar
os termos obrigaçtk> e obrigacioni.>tas para nos re·
mame....to.
.
Figura 2.1
to como exigivel a longo pra:o. O passivo circu
Finalmente, por defimçào, a diferença entre
o valor total dos ativos (circulante e permanente)
e o valor total do exigfvel (circulante e a longo pra·
zo) é o pacrimdnio
Valor total dos ativos
l(quido, também chamado de
Valor total do exigível e
do património lfquido
t\IIVO (lf(UIJnle
P.h..iVO\
cor<ul.lnt..,,
hogl\el a
\lt\o pPrm.lnente
lnugn pr.l!u
I . \ttvo pt·rrnJ.nentt!
t,lngívPI
2. Aiovo permanente
lllt.mgfwl
�--.J
P,11nmomo
II!Jllldo
DEMO>ISTRAÇÕES FINANCEIRAS. IMPOSfOS E FLUXO D� CAIXA
capital dos aciom.\W.\, ou capital próprio. Esse setor
do bal anço procura renetir o fato de que, se a em
presa vendesse seus ativos c utilizasse o dinheiro
para pagar todas as suas dívidas, o valor residual
capital de giro líquido é normalmente positivo em
empresas saudáveis.
Capital de giro líquido
Ati11 rirr11lar•e m,p
penenceria aos acionistas. Assim. o balanço fecha,
pois o 'alor do lado esquerdo é sempre igual ao
•"lllor do lado direito. Ou seja, o valor dos ativos da
empresa é igual à soma dos exigíveis c:om o p.11ri·
móruo liquido:'
Pmnmômo líqmdo
[2.1]
Esta é a chamada identidade ou equação do
balanço. e sempre se •erilica, pois o património lí
quido é delinido como sendo a diferença emre ati
'"0 e exigível.
MPLO 2.1
Confom1e é apresentado na Figura 2.1, a di
líquido? Qual é o capotai <k> giro liquido/
r-..este caso, o ato\O total e ogual a S 100 +
S 500 S 600 e o exigível total é S 70 + S 200 "
S 270. Portanto, o património líquodo é a doferença
=
=
S 330. O balanço tocan.l d.l '><-guonl�>
�tT\0 ntn.�lante
$ 1()()
A.LIVO fJ(."Itnanente
liquido
....2QQ
que O nuxO de C<1iXa que ficar diSpOnÍvel dentrO de
12 meses excede o nuxo de caixa que precisa ser
pago dentro do mesmo perlodo. Por essa raziío, o
$ 600
Ativo tOial
Exig.í\el e Património Uquido
s 'li
Pa
..
'>l\10 c-u
<
Uldnll
higi\<'l a lol"t�O pt.llo
ln<
I
PJirimõmo hqmrJo
JJV
Total du <:xiwvcl t:
pJtrimõn•o liqu•tlc•
�
O capital de giro líquido é .1 dof{'oPnça entre o
giro líquido. O capital de giro líquido é positivo
quando o ativo circulante �xcede o passivo cir·
culante. Com base nessa definição, isso significa
ativo circulante e o passivo circulante, ou
$ 1 00 - $ 70
=
A Tabela 2.1 apresenta um bal anço patri·
monial simpüficado para uma empresa fictícia, a
Conta' a receber
E\tO<
jU
l
...
Tocai
O perman entt•
A
ti\
ln\lal.l�<X'' ..
equopamt:niO'o
s
104
455
s
160
688
551
ss�
SI 1 12 sldQJ
.S..l..!i:H
S.l..ZQ2
Passivo
Pa<si•o circulante
Total
lxogl\el ,1
longo prazo
$
P atrimónoo líquido
Total
P.1" t.,ivoTo1(1l
i
:.___
232
126
s 428
Totulos a pagar
Lucro' retidos
$ ). 1 1 2
s
Contas a pagar
Capil(11 mili"
reservas
$ 2.756
T
abela
U. S.
1998
s
Corporation.
2b6
121
s 1!!9
408 s
4'j4
600
640
132
Q
l!i22
$l.
22
Q
s22
6
2
$ 2.756
2. 1
Balanço
patrimonial da
1 1J'f7
1998
Ati>O
'\ti\
o c orcul.mtt
CJI\-l
<t•j.1,
$ 30. ...
U. S. CORPORATION
Balanço Patrimonial de 3 1 de dezembro de 1997 e 1998
($milhões)
11J'f7
rr 1 ntc
Elaboração do balanço
Ali\O
ferença entre o atlvo circulante c o passivo cir
culante da empresa é denominada de capital de
oassto
Uma empresa po"u ah•o corculante d�
S 100. ati'o permanente líquodo de S 500, divod."
a curto prazo de S 70 e dividas .1 longo praLo de
S 200. Como rica seu balanço? Qual é o patromónoo
S 600-S 270
maneira:
CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO
nc
1
$ 3 . 11 2
__:::
==...
...=
=-1
=
_
_
I.
As cxpre"�s wpital f)r6plro,
l<lpiral dM aâ()n/Jlas, C.{!Pl
tal d!H 1Jfl)l)nrHino$, JJatruu�nlo lic1uuto sno usadas como
sinônimos numa sock'dadc por açrx.�. Há outtU\ V<'ri:uues.
além dessas.
57
58
I'ARH 11 - COMPREENDENDO DEMONS"IRAÇÓl.'i HN�NCLIRAS E H.LXOS D� CAIM
U. S. Corporat
ion. Ao examinar-se um balanço
patrimonial, deve-se ter em mente três pomos par
ticularmente importantes: liquidez, capit.tl próprio
vcnu> capital de terceiros e valor de mercado.,.,.,...,
\alor de livro.
LIQUIDEZ
Liquidez refere-se à velocidade � facilidade
('Om u qual um ativo pode ser convertido em cai
xa. Ouro é um ativo relativamente líquido; uma
instalação fabril não o é. Na realidade, a liquidez
possui duas dimensões: facilidade de conversão
lTI�US perda de valor. Qualquer ati•o pode '
e
r con
\ertido em caixa rapidamente, desde que se redu
za suficientemente o preço. Um arivo de alta li
quidez. portanto, é aquele que pode ser \Cndido
rapidamente sem perda signifkaliva de valor. Um
ati•
o iltquido é aquele que não pode ser con\eni
do em caixa rapidamente, sem que haja reduçao
substancial do preço.
:llormalmeme, os ativos são apresentados no
balanço em ordem decrescente de liquidet, signi
fic;mdo que os mais líquidos vêm em primeiro lu
gm. O ativo circulante é relativamente l!quido, e
inclui caixa e ourros arivos que SCI50 convertidos
cm caixa nos próximos 12 meses. Comas a receber,
por exemplo, representam o montam<' de vendas
JJ realizadas e não recebidas ainda de chentes.
Naturalmente espera-se que sejam romemdas em
caixa no futuro próximo. Estoques talvez sejam os
menos líquidos dos arivos circulantes, pelo menos
pam a maior pane das empresas.
Ativos permanentes s..
io, em sua maoor parte,
relati'amente iliquidos. Consistem em bens tangt
\cis. como prédios e equipamenros, que normal
mente não são convertidos em ca1x.l ao longo da
.uivid.1de normal do negócio (são, naturalmente,
utilizados no negócio para gerar caixa). Ativos in
tangíveis, tais como marcas, embora não tenham
existência física, podem ter valor. Assim como os
ativos permanentes tangíveis, mio serao normal·
mente convertidos em caixa e são considerados
il!quidos.
A liquidez tem valor. Quanro mais líquido o
negócio. menor é a possibilidade de que venha a :.e
encont-rar em uma situação de insol\ência (isto é,
dificuldade de pagar dívidas ou comprar ativos
necessarios). lnfehzmenre, os ativos líquidos geral
mente são menos renráveis. Jll>r exemplo, o saldo
de caixa é o mais líquido dos arivos. mas algumas
vezes ele não geraretomo algum, pois apenas está
la, par;1do. Existe, portanto, uma escolha entre as
vantagens da liquidez e a perda de lucros poten
ciais.
CAPITAL DE TERCEIROS VERSUS
CAPITAL PRÓPRJO
Uma empresa que toma dinheiro emprestado
geralmente dá prefer�ncia ao fluxo de caixa a ser
pago aos credores. Os acoonistas possuem direito
apenas ao valor residual, a porçao que restou após
os pagamenros aos credores. Ova lor desse resíduo
consiste no património Hquido da empresa.
Património l.íquiclo
Ativo- Exigível Total
Isso é verdade em termos comábeis, pois o
património líquido é dennido como sendo essa
parcela residual. O mais importame, no entanto, é
que isso também é verdadeiro em termos econõmi
cos: se a empresa •ende �eus arivos e paga suas
di'
i
das, todo o caixa fica à dispostção dos acionistas.
A ulilização de dívidas na estrutura de capi
tal da empresa é denominada endi•·idamento.
ida (como percentagem do ativo),
Quanto mais df\
maior o grau de endi,idamemo. Conforme discu
tiremos nos próximos capuulos, a dívida funciona
como uma alavanca, no sentido de que utilizá-la
pode aumentar tanto ganhos como perdas. l'l>nan
to, a a1avancagcm financeim aumenta o potencial
de remuneração p;ora os acionisras, mas ao mesmo
tempo aumenta o JlOicnclal de situações de insol
vência e falência.
VALOR DE MERCADO VERSUS
VALOR CONTÁBIL
O wrdadeiro valor de um ativo é seu valorde
mercado, que é simplesmente a quantidade de cai
xa que receberíamos se realmente vendêssemos
aquele ativo. No entanto, os valores de alivos apre
sentados no balan(o da empresa süo valores de li
vro e, geralmente, não rep1
esentam seus verdadei
ros vaIores. De acordo com os Princípios Con
tábeis Geralmente Aceltol> (PCGA), as de
monstrações financeiras auditadas nos Estados
Unidos geralmente apresel11ilm os seus ativos a
custos históricos. Em outras palavras, os ativos são
contabilizados pelo que a empresa pagou por eles,
não importando há quanto tempo tenham sido
adquiridos ou quanto 'alem hoje.
Quanto a ativos circulantes, o valor de mer
cado e o valor de livro deveriam ser razoavelmen
te parecidos, uma vez que os ativos circulantes são
comprados e convertidos em caixa em um período
de tempo relativamente curto. Em outras circuns
tâncias, eles podem divergir bastante. Além disso,
J)�.MONSfRAÇÕES FINANCEIRAS, JMI>t>S1"0!> f. HVXO ()L CAIXA
quamo a ativos permanentes, seria uma mera CO·
incidência que o valor real de mercado de um ari·
vo (o 'alor pelo qual o aó•·o seria vendido) fosse
igual ao valor rontábil. Por exemplo, uma compa·
nhía de cransporte ferroviário poderia ser proprie·
caria de enormes lotes de terra comprados um sé·
culo .11rás. O valor que a companhia pagou pelos
lotes pode ser centenas ou mi
l hares de veze5 me·
nor do que o valor da terra hoje. O balanço iria,
apesar disso, apresentar o custo histórico.
Os <ldministradores e investidores freqUente·
KUNGTON CORPORATION
Balanços
Valor de Mercado vf.'rsus Valor Concábil
Ativo
s
C.tpit.ll de giro liquido
Ativo permanente lfqu ido
400
_7.l)Q
$ 1 . 1 00
rnence estarão interessados em conhecer o valo1· de
mercado da empresa. Essa inform�çlio não con5ra
do bnl,mço patrimonial. O fato de que os ativos são
600
$
J.QQQ
$ l.óOO
Pa>sivo
soo
L!
$ OO
apresentados por seu custo significa que não exis·
r�. neressariameme, conexão entre o valor rotai dos
Divida a longo prazo
boa repuraço
<"o, empregados talentosos - não apa·
dade vale quase dua' veze-. m.:us do qui.' o aprt...n
..,
!Jdo no balanço. A disunção entre ,,,)or tonc.íbol e
ativos apresentados e o valor de mercado da em
presa. Realmente, muiro dos ativos mais valiosos
que a empresa pode possuir - boa administração,
rece no balanço de forma alguma.
De maneira semelhante, o valor do pacri
mõnio Hqllldo apresentado no balanço e seu valor
verdadeiro não estão necessariamente relaciona
dos. Para os ad ministradores financeiros, porranto,
o valo1 contábil do pauimônio líquido não� uma
preocupação especialmente imponame; é o valor
de mercado que conta. Portanto, sempre que men·
cionannos o valor de um ativo ou o valor da cm·
presa, estaremos, normalmente, referindo-nos ao
\'alor de mercado. Assim, por exemplo, quando di·
remos que o objerivo do adminisrrador financeiro
� aumentar o valor da ação, estamos falando do
valor de mercado da ação.
Prtnetpios Contábeis Geralmente
Aceitos (PCGA)
<.on umo geral de padrões e procedimentos com
b.1se nos quat-; ,Js demonstrações financeln1s
$
P.11nmônoo liquido
">00
óOO
$ 1.100
$
s 1.600
Nesse exemplo, o património liquodo na ver
valorde mercado é import,mle prtot'"
1 meme pon:Jue
o valor contábil pode ser mu ito diletl'ntc do wrcJJ.
deiro valor econômico. _.
Questões conceituais
2.1a
Qual é a identidade do b�lnnço?
2.lb
O que é liquidez? Por que é importante?
2.lc
O que significa alavancagem finan·
ceira?
2.ld
Explique as diferenças entre valor
conrábil e valor de mercado. Qual é
o mais imponame para o administra·
dor financeiro? Por quê'
<lll
dltadas sáo preparadas.
EMPLO 2.2
Valor de Mercado versus
Valor Contábil
A Klington Corporation possui acivo perma
ncllt<• com um valor contábil de S 700 t• um valor
t••cimMlo dt> S 1 .000. O cap11al de gtro liqUido
cMtJbol é S 400. mas <e todos os alivo' <irwlanc<"
to,'>(•m lltjuodadn>. senam realizado por volta di.'
S úOO. '' di'ida a longo prazo. tanco em 'alor
wnc:ohil qu.mto em •alor de mercado, é S 500. Qu.1l
é o ,,,lor contábil do patrimônio líquido? Qu.11 o
•alor dt· mer<,tdo do patrimõnio líqUido?
f'od�mos construir dois balanço< simpl 1iit.1
do..,, um l'n1 tt•rmos conUlbeis e outro ern termo>
t-tontll111l0> (valores ele mercado):
2.2 Demonstração do
Resultado
A demonstração do resultado mede o
desempenho ao longo de um decerminado período,
geralmente um trimestre ou um ano. A equação da
demonstração de resultado é:
Receita - Despesas
=
Lucro
[2.2]
Se você considerar o balanço corno um instan·
tâneo, então deverá considerar a demonstração ele
resultado como uma fita de vídeo que abmngc o
59
-
60
PARf'E 11-COMPREENDENDO DEMONS'IRAÇ(}FS FINANCEIRAS E FLUXOS DE CAIXA
período entre uma foto "antes• e outra "depois". A
Dividendos por açao
Tabela 2.2 apresenta uma demonstração simpli
MPLO 2.3
Lucros e dividendos por
ação
Suponha que a U. S. live>sc 200 milhões de
ações .10 final de 1 998. Co m base n,l dpmon,tração
dl' resultado indicada. qual foi o lucro por aç�o?
Qual foi o dividendo por açãol
A panor da demon;traçâo de resultados, vemo'
que ,, U. S. teve um lucro lfquido cl!' S 4 1 2 milhões
no ano. O total de dividendos foi $ I OJ milhl\t>,,
S,>ht•ndo-se que são 200 milh� clt' ··�·c)Co. ('Xrsten
t('S, podemos calcular o lucro e os dovodendo' por
·•�3o (Oniorme a segwr:
luuo por ação
=
Luuo líqurdo I total de
ações exi>tent<....
= $ 41 2/200
$ 2,0b pOI' ,,ç,lo
=
T
abela 2.2
Corporation.
=
S 0,51 5 por aç.io. •
Ao analisar a demonstração de resultado, o
adnúnisrrador financeiro precisa ter três fatores em
vista: os Princípios Gerais Geralmente Aceitos; a
distinção entre itens monet�rios e não monetários;
e a relação entre prazo c cusros.
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS
GERALMENTE ACEITOS E A
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO
Uma demonstração de resultados elaborada
de acordo com os princípios conrábeis geralmente
aceitos indicará as receitas quando são obtidas. Isso
não coincide necessariamenre com o momento da
entrada de caixa. A regra geral (o principio da rea
lização) consiste em reconhecer a receita quando
o processo de lucro está virtualmente completo e
o valor de uma transação com bens e serviços é
conhecido e pode ser determinado com confiança.
Na prática, esse princípio gcmhnen1e significa que
receitassão reconhecidas durante a venda, que não
necessariamente coincide com o perlodo de rece
bimento.
As despesas divulgadas na demonstração de
resultado estão baseadas no regime de competên
cia. A idéia básica consiste em determinar as recei
ras conforme descrito, e então associar as receitas
apropriadas ao custo relacionado à produção. Os
cusros da produção e ourros custos associados com
a venda do produto serão reconhecidos de manei
ra semelhante naquele período. Mais uma vez, as
saídas reais de caixa podem rer ocorrido em mo
mentos diversos.
U. S. CORPORATION
Demonstração
de resultado d a
U. S.
Oovidendn tOtJI / total de
ações existentes
.. $ 101/200
ficada do resultado da U. S. Corporation.
Os primeiros itens divulgados no relatório da
demonsrração de resultado, normalmente, seriam
a receita e as despesas das atividades operacionais
da empresa. Em seguida, entre outras coisas, apre
sentam-se despesas financeiras, tais como os juros
pagos. Os impostos pagos são divulgados separa
damente. O último termo é o lucro Hquido (o tão
famoso bouom fine). O lucro líquido, normalmen
te, é expresso também em uma base por uma ação,
o famoso lucro por ação (EPS).
Conforme é indicado, a U. S. pagou dividen
dos de $ 103. A diferença entre o lucro lfquido e
os dividendos, $ 309, é a adição a lucros retidos no
ano. Essa quantia é somada à conta de lucros reti
dos acumulados, no balanço. Se você comparar
com o balanço de dois anos atrás, verá que os lu
cros reridos cresceram à quantia de S 1.320 +
$ 309 - s 1.629.
•
Demonstração de Resultado
(em $ milhões)
Venda> liqwdas
Custo d� mt>rcadoria vendida
s 1.509
Dcprl'Coação
Lucro .Jntl-s de juros e impostos
s
Juros pago>
LU( ro trobutável
Imposto'
Iutro lfqu ido
Oividt>ndo'
AcliçJo a lucros retidos
$ 101
$ 309
750
(, ';
694
s
ZO
624
$
212
4 12
OI·.MONSl RAÇÕES FINANCE
I RAS, IMPOSTOS E fLUXO DE CAIXA
Como resultado da maneira pela qual recei·
tas e despesas são divulgadas, os números apresen
tados na demonstração de resultado podem não ser
represent<ltivos das entradas e saídas de caixa que
ocorreram durante o mesmo período.
ITENS NÃO MONETÁRIOS
Uma razão fundamental pela qual
o
lucro
contôlbil difere do fluxo de caixa deve-se ao fato de
que a demonstração de resultado contém itens
nao monetários. O mais importante deles é a de·
preciaçcio. Suponha que uma empresa compre um
ativo fixo por $ 5.000 e pague a vista. Obviamen·
te, a empresa tem uma saída de caixa de S 5.000
no momento da compra. No entanto, em vez de de·
duzir $ 5.000 como despesa, o contador provavel·
mente depreciará esse ativo ao longo de um perio·
do de cínco anos.
Se a depreciação for linear, e o valor do ativo
for reduzido a zero ao final do período, então
$ 5.000/5 - $ 1.000 seriam deduzidos a cada ano
como despesa.2 O importante é reconhecer que
essa dedução de$ 1.000 não é um fluxo de caixa
é um valor contábil. A verdadeira saída de caixa
ocorreu no momento em que o arivo foi comprado.
A dedução da depreciação é simplesmente
outra aplicação do princípio de competência em
contabilidade. As receitas associadas ao uso do ati·
\O ocorreriam genericamente durante um decermi·
nado período. Assim, os contadores procuram as·
sociar <lS despesas de compra do ativo ao benefício
produzido pela sua posse.
Conforme veremos, para o administrador fi.
nanct>iro o momento efetivo de entrada e saída de
caixa é critico para se obter uma estimativa razoo.
Hl do valor de mercado, e precisaremos estudar
como separar o fluxo de caixa dos itens cont�beis
não monetários.
Questões conceituais
2.2a
2.2b
Itens não monetários
lltspt•s,Js lançadas contra receitas qu('
podem ser fixos ou variáveis. A longo prazo, todos
os custos são variáveis. Em um intervalo de tempo
suficientemente longo, os ativos podem ser vendi·
dos, as dívidas podem ser pagas, e assim por diante.
Se nosso horizonte for relativamente curto, no
encanco, algunscustosserão efetivamente fixos eles
terão que ser pagos de qualquer maneira (imposto
predial, por exemplo). Outros custos, como salá·
rios de operáriose pagamentos a fornecedores, são
variáveis. Conseqüentemente, mesmo a curto pra·
zo, a empresa pode variar seu nlvcl de produção
variando seus gastos nessas árcas.
Às vezes, a distinção entre custos fixos c va·
riáveis é importante para o administrador financei·
ro, mas o modo pelo qual os custos são divulgados
nas demonstrações de resultado não é muito útil
para distinguir qual custo é de que tipo. A razão
para isso é que, na prática, os contadores tendem
a classificaros cuStos como sendo custos do produ·
to ou custos do período.
Os custos do produto incluem itens como
matéria prima, mão-de-obra direta e custos gerais
de produção. São divulgados na demonstração de
resultado como custo da mercadoria vendida, mas
incluem tanto custos fixos como variáveis. De ma·
neira <máloga, os custos do período são incorridos
durante um determinado período e podem ser di·
vulgados sob os nome� de despesas de venda, ge·
rais e administrativas. Mais uma vez, alguns des·
ses custos do período podem ser flxos e outros va·
riáveis. O salário do presidente da empresa, por
exemplo, talvez seja um cusco flxo de período, pelo
menos a curto prazo.
11.10
, I<t.Jm d�rctamente o fluxo de caixa, como, pm
�semplo, depreciaçao.
2.2c
Qual é a equação da demonstração
de resulado?
t
Quais são os três pontos aos quais e
s
deve estar atento ao e
s ex(lminar de·
monstrações de resultado?
Por que o lucro contábll não é igual
ao fluxo de caixa?
PRAZO E CUSTOS
frequentemente, é útil considerarmos o futu·
partes distintas: curto prazo e
longo prazo. Esses dois períodos não são exacos. A
disrinç.1o está relacionada ao fato de que os custos
ro como tendo duas
"'
J\1r drprcria<;âo linear. queremos di1.et que .1 dcspcsn dt::
dl'Pit."(i:u;iio é n mesma em todos � ano:.. l�r ..reduZI•seu
\!,Jior n zero'' queremos dizerque o nti\'o niio tem nenhum
v.,lor uo n,�nl de cinco anos.
2.3 Impostos
Os impostos podem represen{;lr uma das
maiores saídas de caixa da empresa. A magnitude
do pagamento de impostos é dctcrminad<J pela le·
gislação tributária, um conjunco de normas fre·
qüentemente revisto e alterado. Nessa seçfio, exa·
61
62
PARTE 11 - COMPREENDENDO DEMONSTRAÇÕES FINANCEJRAS E fi.UXOS DE CAIXA
minaremos as alíquotas de impos1o da sociedade
por ações, bem como o modo pelo qual o imposto
imposto devido, dividido por seu lucro rributável,
ou, em ourras palavras, a p<:>rcenragem de seu lu
devido é calculado. Os impostos de firmas indivi
cro que é utilizada para pagar impostos. Sua ali
duais e sociedades por quotas são calculados com
quota marginal é um imposto extra que você paga
base na tabela do Imposto de Renda de pessoa fí
sica; não os discutiremos aqui, mas os procedimen
tos gerais são os mesmos.
ria se ganhasse um dólar a mais. As alíquotas
Se as várias normas de tributação parecem
lhe estranhas ou complicadas, tenha em mente que
o código rributário é resultado de forças políticas,
percentuais mostradas na Tabela 2.3 são todas
alíquotas marginais. Falando de ourra maneira, as
allquotas da Tabela 2.3 são aplicadas à parte do
lucro apenas na faixa indicada, c não sobre todo o
lucro.
não econômicas. Conseqüentemente, não existe
razão para que ele tenha sentido econômico.
Alíquota média
lcllal de impostos de'idos dividido pelo lucro
tributável total.
ALÍQUOTAS DE IMPOSTO DE
RENDA DE PESSOA JURÍDICA
Alíquota marginal
As alíquotas de pessoa jurídica efetivas para
1998 são apresentadas na Tabela 2.3. Uma carac
terística peculiar é a de que as aHquotas não cres
cem linearmente. Conforme apresentado, as alí
quolas de pessoa jurídica aumentam de 15% para
39%, mas diminuem novamente para 34% para
lucros acima de$ 335.000. Elas então crescem para
38% e em seguida diminuem para 35%.
De acordo com os aurores das atuais normas
tributárias, há apenas quatro alfquotas de imposto
Montante de imp<>sto devido sobre o próximo
dólar auferido.
A cliferença enrre alíquota média e alíquota
marginal pode ser melhor explicada por meio de
um exemplo simples. Suponha que nossa empresa
tenha um lucro tributável de$ 200.000. Qual será
o imposto devido? A partir da Tabela 2.3, podemos
calcular nosso imposto devido como:
0,15 ($ 50.000)
de renda de pessoa jurídica nos EUA: 15%, 25%,
34% e 35%. As alíquoras de 38% e 39% surgem em
função de "sobretaxas" aplicadas às alíquotas de
34% e 35%. Um imposto é um imposto, e na ver
0,25 ($ 75.000 - 50.000)
=
0,34 ($ 100.000 - 75.000)
=
0,39 ($ 200.000 - 100.000)
dade, porém, existem seis aüquotas, tal como mos
tramos.
=
$
7.500
6.250
8.500
39.000
Nosso imposto total, portanto, é $ 61.250.
Em nosso exemplo, qual foi a alíquota média?
ALÍQUOTA MÉDIA E ALÍQUOTA
MARGINAL
Temos um lucro tribuável
t
de$ 200.000 e um im
posto devido de S 61.250; portanto, a aHquota
Ao tomar decisões financeiras, freqüentemen
te é importante distinguir enrre alíquotas médias
e marginais de imposto. Sua alíquota méclia é seu
T
abela 2.3
Allquotas de
imposto de
pessoa jurídica.
=
média é $ 61.250/200.000
30,625%. Qual é a
alíquota marginal? Se ganharmos mais um dólar,
=
o imposto sobre esse dólar será de 39 centavos;
portanto, nossa aHquota marginal é 39%.
Lucro trl�vel
$
o 50.001 75.001 -
•t 00.001 -
Alfquota
50.000
75.000
100.000
335.000
335.00 I - 10.000.000
10.000.001 - 15.000.000
1 5 .000.001 - 18.333.333
Mais ele 18.333.334
15'Yc.
25
.14
39
34
35
38
35
0�\IO�Sl'RAÇÕF$ FINANCEIRAS. I�IPOSTOS E FLUXO DE CAIXA
MPLO 2.4
Mergulhando no mundo
dos impostos
A Algcrnon lnc. 1�m um lucro lribut�vel de
$ 1!5.000. Qu�l é o imposto cl� renda devido? Qu.11
� J alíquota médta? Qt�<ll é,, ,1líquot� marginal?
Com bas"' na T�bt•la 2.3, a alíquola aplidvel
1obrc os primeiros$ 50.000 (• I S%; � alíquola apli
<a,el ao; $ 25.000 'cguin�es e l5%, e a alfquot.•
•plicá•el acima disso e õlé $ 100.000 é 34%. Por·
tanln, a Algemon prcci1a p.1g.1r 0, 1 5 x S 50.000 +
0,25
X
$ 25.000 + 0,14
�
(85.000 - 75.00{))
S ' �.1 50. A alíquola médta, po11an1o, é $1 7. 1 50 I
S 1!5.000: 20,1 8%. Aalíqu01a marginal é 34%, pois
'" impostos da Algernon it i,lm aumentar 34 centa
vo, par.l cada dólar a mais d� lucro lribulável. �
fluxos de caixa ou mudanças nos existentes, essa
aliquora nos mostrará o efeito marginal sobre nos
so imposto devido.
Mais uma última observação deve ser fei1a
sobre como o código tribtuá io
t afeta as sociedades
I>Or ações. É ácil
f
perceber que o imposto devido de
uma sociedade por açõcs é uniforme e igual a 35%
se o lucro tributável é maior do que S 18,33 mi
lhõcs. Além disso, para grande parte das pequenas
empresas com lucro tributável na faixa entre
$ 335.000 e $ 10.000.000, a alíquora é wúforme
no nível de 34%. Como, geralmente, estaremos fa
lando de grandes empresas, você pode supor que
as alíquoras média e marginal são iguais a 35%, a
menos que explicitemos o contrário.
A Tabela 2.4 fornece alguns valores de Iucro
tríbmável, alíquotas marginal e média para socie
Questões conceituais
dades por ações. Note-se como as alfquotas margi
2.3a
nal e média convergem no nível de 35%.
Quando o imposto é cobrado com urna única
aliquora, essa alíquota vale para rodos os níveis de
lucro. Com tal tipo de impos10, a alíquota margi
nal é sempre iguaI à aliquota média. Atualmenle,
a nibmação de pessoas jurídicns nos Estados Uni
dos é baseada em ttma allquora única modificada,
Qual a diferença entre uma alí
quota
marginal e um<t allquota média?
2.3b
As empresas mais ricas recebem tra
tamento fiscal privilegiado, sob a for
ma de uma aHqu01a mais baixa? Ex
plique sua resposta.
que se torna realmente L1nica para os níveis mais
nhos de lucro.
Ao examinar a Tabela 2.4, note que, quanto
maior o resultado da sociedade por ações, maior a
2.4 Fluxo de Caixa
como imposto. Em outraS palavras, sob a legislação
nibutária corrente, a alíquota média nunca dimi
A essa altura, estamos prontos para discutir
o que talvez seja um dos mais importantes tópicos
porcentagem do lucro tributável que será paga
nui, e nem a alíquota marginal. Conforme ilustra
do, para as sociedades pot ações a alíquota média
começa em 15% c aumenta até o máximo de 35%.
Normalmente, a alíquota relevante para a
tomada de decisões financeiras é a marginal. O
motivo é que qualquer fluxo de caixa adicional será
tributado de acordo com a alíquota marginal. Como
as decisões financeiras geralmente envolvem novos
(1)
Lucro Tributável
$
(2)
Ali
quota
1 5%
fluxo de caixa, queremos simplesmente dizer a di
ferença entre a quantidade de dólares que entrou
no caixa e a quantidade de dólares que saiu. Por
exemplo, se você é o proprietário de um negócio,
pode estar bastante interessado em quanto caixa
vocé realmente retirou do negócio durante o ano.
(3)
(3)/(1)
Im
osto Total
p
Allquota MHia
$
&.750
45.000
70.000
25
95.000
34
250.000
19
20.550
340.000
50.000.000
100.000.000
J4
38
JS
35
1 .000.000
17.500.000
a respeito de infonnaçõcs que podem ser extraídas
de demonstrações financeiras: .fluxo de caixa. Por
12.500
80.750
6.100.000
17.';00.000
35.000.000
15,00%
17,86
21,63
12.30
34,00
34,86
35,00
35,00
Tabela 2.4
Imposto de
Renda de pessoa
jur(dica e
alíquotas.
63
64
I'AKr� 11- COMPREENDFJ>/1>0 DE
MONS
f
RAÇÕF.'> fiNANCEIRAS E !'LUXOS DE CAIXA
Como determinar essa quamia é um dos assumos
de que trataremos a seguir.
:-Ião ex.isre nenhuma demonsrraçao financei
ra padronizada que apresente essa informaçao da
maneira que desejamos. P<manro, discutiremos
como calcular o fluxo de caixa de empresas norte
americanas, e saliemaremos como o resultado di
fere dos cálculos nas demonstrações financeiras
No transcorrer normal da� atividades, uma
pane do fluxo de caixa da empresa é reinvestida na
empresa. Osgasro. dt capua/ referem-se ao desem
bolso líquido em alivos permanemes (compras
menos venda de ativos permanemes). Finalmente,
a variação do capiral dt /WO liqurdo é o montante
gasto no capital de giro líquido. Represema o au
convencionais. É importame observar c1ue há uma
mento líquido dos arivos circula111es em relação aos
demonstração financeira padronizada, denomina
do fluxo de caixa silo examinados em detalhe. Ao
da demonstração do fluxo de caixa, mas que diz
respeito a um assunto diferente, que nüo deve ser
passivos circulantes. A seguir os uês componentes
longo de todo o exemplo, os montantes esrão em
milhões de dólares.
confunilido com o que será discutido nesta seção.
A partir da identidade do i>alanço, sabemos
que o valor dos ativos da empresa deve ser igual
ao valor dos ex.igÍ\·eis mais o valor do património
liquido. De maneira análoga, o fluxo de caixa dos
ati\
os da empresa precisa ser igual à soma do Ou·
Fluxo de caixa operacional
Para
calcular o nuxo de caixa operacional
xo de caixa para os credores com o fluxo de caixa
(FCO), queremos calcular a ruferença entre recei
para os acionistas (ou donos, se a empresa mio for
ta e custos, mas não desejamos incluir a deprecia
ção, pois não é uma salda de caixa, e nem deseja
uma sociedade por ações):
f' AO ,le C·IX
do atJ\os
=
mos incluir juros, pois sao despesas financeiras.
tuxo de cmx ao
credore� + fluxo de
Queremos incluir impostos. porque, infelizmente,
são pagos com caixa.
[2.3]
caixa aos acion1ste1
Esta é a identidade do fluxo de caixa. Renete
o fato de que a empresa gera caixa por meio de suas
atividades, e o caixa é usado ranro para pagar cre
dores como para remunerar os proprietários da
empresa. A seguir, discutimos os vários itens que
compõem esse fluxo de caixa.
Se analisarmos a demonstração de resultado
da U. S. Corporarion (1ilbela 2.2), veremos que o
lucro antes dejuros e impostos (LAJI) é $ 694. Isso
é quase o que desejamos, uma vez que não inclui
despesas de juros. Precisamos fazer dois ajustes.
Em primeiro lugar, devemos leml>rar que a depre
ciação é um item não monetário. Para ol>ter o flu
xo de caixa precisamos adicionar de novo$ 65 em
,
depreciação, pois não corresponde a uma salda de
caixa. O outro ajuste consiste em subtrair $ 212 em
impostos, pois esres foram pagos em caixa. O resul
tado do fluxo de caixa operacional é:
FLUXO DE CAIXA DOS ATIVOS
O fluxo de caixa dos ••tivo" envolve três
componentes: fluxo de caixa operacional, gastos de
capital e variação do capital de giro líquido. O flu
xo de caixa operacional refere-se ao nuxo de
caixa resultante das atividades cotidianas de pro
duçi
•o e venda. As despesas associadas ao finan
ciamento dos ativos da empresa não es1ào incluí
das, pois não são despesas operacionais.
e o
p tII e ' n ç
capital de g:ro h
d
do
Fluxo d e caixa operacionol
-Imposto•
Fluxo de caiXtl OfX'r,l< 10rMI
$ 694
65
lli
547
A U. S., portanto, teve um fluxo de caixa ope
Clonistas que consiSte em tluxo de c IX
OI)Cr,CIOllii gastos e
Lucro Ante> de juro• t• impc»to'
+ Depred,,�·Jo
racional de $ 547 em 1998.
Fluxo de caixa dos otivos
Oto
tI do fluxo de c x
U. S. CORPORATION
Fluxo de Caixa Operacional - 1996
c.(ux.1 �wnulo pelas ati\·id.ldt·� uslwi. t1,1 cmpH·s,J.
O fluxo de caixa operadonal é um número
importante, pois ele mosrra, em um ní\el bastante
i>ásico, se as entradas de caixa das operações são
suficientes para coi>rir as saídas de caixa do dia-a
dia. Por esse motivo, fluxos de caixa operacionais
negativos geralmente sao um indicador de dificul
dades.
Existe uma possibilidade desagradável de
haver confusão quando se fala cm fluxo de caixa
DEMONSTRAÇÕES FLNANCEJRAS, IMPOSTOS E FLUXO DE CAIXA
65
Insight da Indústria
Importância do Fluxo de Caixa
Samuel C. Weaver, Ph.D.
Diretor de Planejamento e Análise Financei
ra
Hershey Chocolate North America
Ao se tomar uma decisão de in
vestimento, o fluxo de caixa é uma
medida crítica. O fluxo de caixa é o
que determina o sucesso de uma deci
s.
'io económica. Decisões contábeis, ou
seja, decisões baseadas em lucro
contâbil, analisam o projeto ano a ano.
Muitas decisões de grandes empresas
são diluidoras, significando que redu
zem o lucro no primeiro ou nos dois
primeiros anos, pois a recompensa
pelo investimento começa a vir apenas
em períodos posteriores, quando o n
i
vestimento se torna totalmente opera
cional. Com uma visão apenas voltada
para lucro, novos investin1entos, novas
pesquisas, novos produtos e novas
aquisições podem não ser realizados.
Quando se tomam decisões tra
dicionais de reposição de ativos, pro
jeta-se o fluxo de caixa incremental ge
rado pelo investimento de capital. As
fontes usuais de fluxo de caixa nessas
decisões são a redução de custo ou a
redução de investimento em capital
de giro. Esse fluxo de caixa incre
mental é revisto, discutido, e reali
zam-se análises de sensibilidade. A
análise final procura entender todas
as vulnerabilidades, assim como o
grau de conservadorismo presente
nas estimativas de fluxo de caixa.
Felizmente, as decisões tradicionais
de reposição de ativos são apoiadas
em estudos de engenharia, estimati
vas de custo e anos de experiência.
Quando se toma decisão de in
vestimento em novos produtos, há
um grau muito maior de variabilida
de presente nas projeções de fluxo de
caixa. O direcionador mais importan
te é a projeção das vendas. A Hershey
Foods utiliza empresas de pesquisa
de mercado e seus válios anos de ex
periência para estimar o nível de ven
das em potencial. Os custos de equi
pamentos, as complicações associa
das com o início da produção e os
operacional. De acordo com a prática contâbil,
normalmente fluxo de caixa operacional é defini
do como lucro líquido mais depreciação. No caso
da U. S. Corporation, isso equivaleria a $ 412 + 65
$477.
A definição contábil de !luxo de caixa opera
cional diverge da nossa em um importante aspec
to: os juros são deduzidos ao calcular-se o lucro
líquido. Note que a diferença entre o fluxo de cai
xa operacional por nós calculado ($ 547) e a cifra
de$ 477 é $ 70, exatamente o valor dos juros pa
gos duranre o ano. A definição comábil de fluxo de
caixa portanto considera os juros pagos como des
pesa operacional. Nossa definição os trata adequa
damente como despesas financeiras. Se não hou=
custos de produção quando o projeto
ena-a em regime normal são algumas
das premissas criticas presentes nas
projeções do !luxo de caixa.
Na Hershey, também utilizamos
técnicas de avaliação económica de
fluxo de caixa de maneiras não tradi
cionais. Projetamos fluxos de caixa no
processo de tomada de decisões sobre
investimentos cm software, pesquisa e
desenvolvimento e principais iniciati
vas de marketing.
Além disso, o coração da aná
l ise
para nossos programas bem-sucedidos
de aquisição é a avaliação económica
de fluxos de caixa projetados. Do pon
to de vista financeiro, uma aquisição
é análoga à introdução de vários no
vos produtos. Ao final de 1996, a
Hershey adquiriu a Leaf North Ame
rica. A Leaf, com suas diversas marcas,
tais como Jolly Rancher, Pay Day e
Heath, será urna das melhores aquisi
ções na história da Hershey. No entan
to, em uma visão de lucro, a l.eaf em
1996 teria diminuído o lucro em$ 17
milhões (ou $ 11 por ação). Felizmen
te, o fluxo de caixa é que foi levado em
contai
As empresas pequenas entendem
a importância do fluxo de caixa. "O
caixa é rei!" é uma frase popular. Nós,
também, induidos entre as 200 maio
res empresas, compreendemos a im
portância do fluxo de caixa.
vesse despesas de juros, as duas definições seriam
equivalentes.
Para finalizar nosso cálculo do fluxo de caixa
gerado pelos ativos da U. S. Corporation, precisa
mos considerar quanto do fluxo de caixa operacio
nal de$ 547 foi reinvestido na empresa. Conside
ramos em primeiro lugar os gastos com ativo per
manente.
Gastos de capital
O gasto líquido de capital é exatamente o di
nheiro g;�sto em ativos pennanemes menos o di
nheiro recebido com a venda dos ativos permanen-
-----,�
66
PARTf. 11- COMPREENDENDO DEMONSI RAÇÕES fii\ANCEIRAS E FLUXOS DE CAIXA
tes. Ao final de 1997, os ativos permanentes líqui
dos da U. S. Corporation (fabela 2.1) eram S 1.644.
Durante o ano, abatemos (depreciamos) $ 65 em
arivo permanente na demonstração do resultado.
Portanto, se não tivéssemos comprado nenhum
arivo permanente novo, o ativo permanente lfqui
do ao final do ano teria sido $ 1.644-65 - $ 1.579.
O balanço de 1998 apresentou um ativo permanen
te líquido de $1.709, e portanto, devemos ter gas
to um total de$ 1.709 - 1.579
$ 130 em arivos
l>Crmanentes durante o ano:
�
At1vo permanente líquido
no iinal do período
Ativo permanente líquido
no 1nício do período
+ Depredação
t
t
11 I
$ 1.709
1.644
(,<;
�
Adicionalmente ao investimento em arivos
permanentes, uma empresa também investirá em
arivos circulantes. Por exemplo, retomando ao ba
lanço da Tabela 2.3, ,-emos que ao final de I 998 a
U. S. tinha um ativo circulante de $ 1.403. Ao fi.
nal de 1997, o ativo circulante era $ 1 . 1 1 2, e, por
tanto, durante o ano, a U. S. investiu S 1.403 l . l 12
$ 291 em ativo circulante.
À medida que a empresa muda seu investi
mento em ativo circulante, seu passivo circulante
geralmente também varia. Para determinar<1 varia
ção do capital de giro liquido, a abordagem mais
fMil consiste simplesmente em calcular a diferen
ça enrre o capital de giro líquido no final do perío
do e valor no início do período. O capital de giro
líquido ao final de 1998foi $ 1403-389 - $ 1.014.
De maneira similar, o capital de giro líquido ao fi
nal de 1997 foi S 1.112-428 : S 684. Portanto,
dados esses números_, temos:
�
CCL ,10 início do pt>ríodo
h
A partir dos números a que chegamos,
estamosprontos 1>ara calcular o fluxo de caixa dos
ativos. O lluxo de caixa total elos ativos é obtido por
fluxo de caixa operacional menos o valor investi
do em ativos permanentes c capital de giro líqui
do. Portamo, para a U. S. temos:
U. S. Corporation
Fluxo de Caixa dos Ativos em 1998
Fluxo de<tf'" op�r
I
u'l
r aç o do C(.,L
do capital de giro líquido
ol ao í1nal do período
((
Conclusão
C"tO' l•q�
Essa cifra de S 130 representa nosso gasto
liquido de capital em I 998.
O gasto líquido de capital poderia ser nega
tivo? A resposta é sim. Isso poderá acontecer se a
empresa vender mais ativos do que comprar. O ter
mo líquido se refere ao fato de que estmnos calcu
lando a diferença entre as compras c quaisquer
vendas de ativos permanentes.
V
lizou um investimento líquido de $ 330 em CGL
durante o ano.
$ 1.014
6114
> I
Portanto, o capital de giro líquido aumentou
$ 330. f.m outras palavras, a U. S. Corporation rea-
Fluxo de ca".> dm ,Jti\O>
s s-r
110
no
A partir da identidade de fluxo de caixa aci
ma, o lluxo de caixa dos mivos $ 87 é igual à soma
do lluxo de caixa aos credo•es com o lluxo de cai
xa aos acionistas. Consideramos isso a seguir.
Não é raro que empresas em crescimento te
nham um fluxo de caixa negativo. Conforme vere
mos a seguir, um fluxo de caixa negativo significa
que a empresa levantou mais recursos por meio de
empréstimos e vendas de ações do que pagou a
credores e acionistas naquele ano.
FLUXO DE CAIXA AOS CREDORES
E AOS ACIONISTAS
Os fluxos de caixa aos credores e aos adonis
tas representam pagamentos lfquidos aos credores
e aos proprietários durante o ano. Eles são calcu
lados de maneiras análogns. O fluxo de caixa
aos credores corresponde aos juros pagos menos
novos empréstimos lfquidos; o fluxo de caixa
aos aeion
istas corresponde a dividendos pagos
menos novo ingresso de capital.
Fluxo de caixa no� <:rcdore�
Analisando a demonstração de resultado na
Tabela 2.2, vemos que a U. S. pagou S 70 emjuros
aos credores. No balanço da Tabela 2. I, vê-se que
a dívida a longo prazo aumentou $ 454 - 408
$ 46. Portanto, a U. S. Corporation 1>agou $ 70 de
jt.�ros, mas tomou emprestados mais $ 46. O nuxo
de caixa líquido aos credores, portanto, foi:
�
DFMONSTRAÇÕES l'lt\ANChiRAS, IMPOSTOS F IJliXO f>E CAIXA
U. S. Corporation
Fluxo de Caixa aos Credores 1998
Juro-. Jl•lGO'
- No
'
os hnanciamentos Híquidol
Flu\o c! C�l\.\1 a� credort·..,
CONCLUSÃO
s 70
_MI
� 24
O fluxo de caixa aos credores algumas vezes
é chamado defluxo de caixa aos obrigaciom.Ha�.
Us<1remos essas duas expressões como sinónimos.
!'luxo de caixa aos acionistas
De acordo com a demonstração de resultado,
os dividendos pagos aos acionisras foi de S 103.
Para obtermos o ingresso de novo capital, precisa·
mos analisar as contas de capital e reservas. F.ssas
contas dizem·nos quanto a empresa captou com a
'enda de novas ações. Durante o ano, essa conta
aumentou S 40 e, portanto, o ingresso de capital
o foi $ 40. Dado isso, temos:
no'
U. S. Corporation
Fluxo de Caixa aos Acionistas 1998
DIVidl•nclos pagos
lnwe"o de c11pit<�l novo
Fluxo de caixa aos acionist<�s
$ IOJ
_.i!}
�
A última coisa que precisamos fazer é verifi·
car se a idemidade do fluxo de caixa e obedecida.
para nos assegurarmos de que nilo fizemos nenhum
erro. Conforme calculamos, o fluxo de caixa dos
ativos é S 87. Os fluxos de caix;l aos credores e aos
acionisras são$ 24 + 63 S 87; portanto, nossos
cálculos estão corretos. A Tabela 2.5 contém um
resumo dos vários cá
l culos de fluxos de caixa para
referência futura.
A relação entre o fluxo de caixa dos ar ivos da
empresa e o fluxo de caixa aos credores e aos acio·
nistas destaca uma quesrâo impOII<Inle. Conforme
mostra a seção correspondente de Prmdpios em
Ação, toda vez que uma empresa, como, por exem·
pio, a Chrysler, decide reforçar suas reservas de
Cc."\ixa, ela decide, na verdade, não aumentar seu
fluxo de caixa aos acionisras. Como a Chrysler
aprendeu da maneira mais difícil, os acionistas
podem ou não aprovar decisões adminisrrathas
nesse sentido.
Conforme mostram nossas discussoes, é es·
sencial que uma empresa preste atençao a seu flu·
xo de caixa. Otexto a seguir serve como lembrete
excelente de por que isso é uma boa idéia, a me
nos que os proprietários da cmpresa desejem al'a
bar na rua da amargura.
Ponanto, o nuxo de caixa aos acionistas cm
1998 foi $ 63.
Dis o Banqueiro: "Cuidado
com
o Fluxo de Ccúx.a"
Cerra vez, numa noice muico escuro, enquanto refletiafraco e cansado
Sobre um grande e curioso volume defolclore concábil,
Buscando saídas (inescrupulo.,a.,) para aproveitar alguma nova brecha fiscal,
De repente escutei algurm bacer a minha porca, e nada mais.
De repente senci um calafrio, e sertrr o caixa cilincar,
Enquanto encrava um acerrorizallle banqueiro a quemjamais vira,
Seu rosco era verde como o dinl1ciro e em seus olhos podia-se ver
cifrões que brilhavam enquanto ele anotava.
"FhLYO de caixa" disse o banqueiro, e nada mais.
Eu sempre pensara que era bom rcr um lucro posicivo,
Mas o banqueiro disse com VllZ re.,<c>nante: "Não.
Suas conras a receber são tlevadas, crescendo cada vez mais em direçào ao céu;
Suas perdas crescem. O que importa éfluxo de caixa."
Ele repetiu: "Cuidado cam o fluxo de caixa.
•
Então cencei contar a hwcíria do maravilhoso estoque
o qual, embara grandt, escá repleto doo melhores produras.
Mas, o banqueiro viu seu crt.scimento, e com uma voz poderosa
Sacudiu seus braços e gritou: ''Pare/ Chega!
Pague osjuros, e não me embrome."
A seguil; olhei poro os icens não monetários que podiam somar ad infinitum
Para compensar o caixa que nao parava de sClir,
67
68
PARTR 11 -COMPREENDENDO DEMONS'IIVIÇO�� FINA"'CEIRAS E FLUXOS DE <:AJXA
Mas, para manter meu dtmonscralivo no azul. tinha contido a dewecwção,
E meu banqueiro di.s>e que linha agido ma�
'lremeu e seus drnres começaram a ranger.
Quando lhe pedi um empréstimo, ele re:.pondeu, com um gemido,
Que a taxa de JUros ;eria a prime• mais oiro
E para as.�egurar minha integridade, ele insistira em garantras
Todos os meus ativos até meu último fio de cabelo
Apenas s
i so, uma taxa-padrão.
Embora meu resulwclo esteJa no azul, estou completamente prostrado,
Meu caixa indo embor" e meus clientes pagando lerrlamerue;
O crescimento de minhas conta.� a receber é quase inacreditável:
O resultado é certo problemas insolúveis/
E continuo a ouvir o banqueiro repetir baixinho:
"Cuidado com ofluxo de caixa."
Fonte:
Herberc S. Bailey Jr.
Rampre:ssodfartagodoi>&JbluhrrnW.k{Y.l3Jan.l975publirodoporR R Bowkn: uma
ltiT1pr..-sa dogrupo );cnu-. Dirnros aucoraiJ 1975. Xtrox Corporahon Tmta se dlo unu
paródia do I""'"'" O Corvo. de fd�arAllan --
Ao que só podemos acrescentar: "Am�m."
Fluxo de cruxa operacaonal
Durante o ano, a Dolc Cola, Inc. apresentou
vendas e custo da mercadoria vendida de$ 600 e
$ 300 respectivamente. A de1>reciação foi $ 150 e
os juros pagos foram $ 30. Os imposros foram cal
culados com a alfquota de 34%. Os dividendos
UM EXEMPLO: FLUXO DE CAIXA
DA DOLE COLA
pagos foram $ 30. (Todos os números estão em
Esse exemplo ampliado cobre os diversos cál
u
l
os
de
fluxo de caixa discutidos no capítulo. Tam
c
bém ilustra algumas variações que podem ocorrer.
Tabela 2-5
milhões de dólares.) Qual foi o fluxo de caixa ope
racional da Dole? Por que é diferente de seu lucro
líquido?
�
Identidade do fluxo de caixa
I.
Fluw de caix.l do, ,1tivo'
Resumo do fluxo
de caixa.
11.
=
Fluxo de caixa ao' 'rl'<.lor�'
+ Fluxo de caixa aos acaoniM,h
Fluxo de caixa dos ativos
Fluxo de carx,l dos .uivm
ond<•:
Fluxo de r.lix,r =
opt.•rtKiontll
=
Fluxo de caixa opera<ion,•l
- Gastos l íquido' de capital
- Variação do capit,JI d.- giro líquido (CGl)
lucro antes de juros e impo'lO dl' renda {EBIT)
+ D<'predaçiio - Impostos
Ga,to' liqllldO> = Allvo permanente líquido ao tinaI do período
de Capotai
Ativo permanente líquido .lo 111icio do período
+
Depreciação
r
Vari.w.io do (Gl- CGL ao lnal
do período
III. Fluxo de caixa aos credores (obrigacionistas)
CGI .10 mício do período
'
o
'c
mprC>llffiO> líquidos
Fluxo de<ai\, '"" credores = Jur05 pago'- No
IV. Fluxo de caixa aos acionistas (proprietários)
fluxo d<· <,,;,a ao> acoonostas
l
AwwH• •t umn mxa de reeJenclal
de jmu� unwri('llnll, llS·
'im tomo a 'ffi é uma taxa
rcfcrcndnl hro�ll<•lm. (N.T.)
=
Dividendos pago>
lngre"o liquido de
novos rec-uro..o... JJróprioc;
DhMONSTRAÇÕES FINANÇE.IRAS, IMPOSTOS n FLUXO DE CAIXA
A maneira mais simples de responder consiste
em montar wna demonstração de resultado. Pode·
mos aí �lecionar os números de que precisamos.
A demonstraçao de resultado da Dole Cola é apre·
stmada a seguir.
Var
iação do CGL e fluxo de caixa dos
ati os
Suponha que a Dole renha iniciado o ano com
um ativo circulante de $ 2.130 e um passivo dr·
culante de S 1 620 Os números correspondentes
ao final do ano são $ 2.260 e $ 1.710. Qual foi a
variação do CGL durante o ano? Qual foi o nuxo
de caixa dos arivos? Como isso se compara ao lu·
.
OOLE COLA
Demonstração de Resultado 1998
��ce1t.1 líquida
Custo d,l l'rWr<,1dori� vendida
$ 600
100
_lli)
$ I SO
Dt•prt•t i<�ç.lo
Iucro anlf.'s de ju1·o; e impostos
___.lQ
s 120
luro... p.1go�
Lucro lributávd
ltnjX>'tO'
Lucro
_.1J.
s 79
liquido
O.v1dl'11do\crt·-< 11110 a lucros retidos
S 30
49
O lucro liquido da Dole,ponanto, foi de$ 79.
Agora temos todos os números necessários. Volmn·
do ao exemplo da U. S. Corporation e à Tabela 2.5,
temos:
OOLE COLA
Fluxo de Caixa Operacional de 1998
lutro ,1111('' d� juros e impostos
+ Deprcc1açao
- hnpo,to'
fluxo de (.._li'J Opt�ritelonal
$ t �o
ISO
___ii
$ 25'1
Conforme é ilustrado nesse exemplo, o nuxo
de caixa operacional não foi igual ao lucro líquido
devido à depreciação e aosjuros, que foram dedu·
zidos no cálculo do lucro lfquido. Em nossas discus·
sões anteriores, não subtraímos esses valores ao
calcularmos o fluxo de caixa operacional, pois a
Mpreci.1ç�o não é uma despesa desembolsada c os
juros pagos são uma despesa financeira, c não ope·
raciono!.
GMtos líquidos de capital
Suponha que oativofixo líquido inicial fosse
igu.ll a $ 500, e seu ,·alor final fosse S 750. Qual
rena sido o gasto líquido de capital durante o ano'
Com base na demonsuação de resultado da
Oole, a despesa de depredação foi de S 150. O ati·
vo fixo líquido aumentou S 250. Ponanro. a Dote
gastou $ 250, que acrescido de S 150 dão um total
de$ 400.
.
cro líquido?
o capital de giro líquido inicial era $ 2.130 -
1.620 = $ 510 e o final $ 2.260 1.710 $ 550.
Portanto, a vari ação de CGL foi $ 550 510
$40. Reunindo as info1mações para a Dote Cola te·
mos:
-
•
=
DOLECOLA
Fluxo de Caixa dos Ativos em 1998
s 259
400
___..12
Fluxo de caixa operacion.ll
- G,l'tos líquidos de capital
- Variação do CGL
Fluxo de ca1xa dos ati\.O'
1..!.!!.!
A Dole apresentou um nuxo de C<lixa dos ati·
vos de -$ 181. O lucro lfquido era positivo e igual
a $ 79. O fato de que o fluxo de caixa dos ativos é
negativo é alarmante? Nilo necessariamente. O flu·
xo de caixa, neste caso, é negativo principalmente
l>Or causa dos grandes investimentos cm ativos
permanentes. Se esses investimentos forem bons,
então o nuxo de caixa negativo resultante nao será
preocupante.
Fluxo de caixa a credores c
ncioni
stas
Vimos que o nuxo de caixa dos ativos da Dole
Cola é -$ 181. O faro de que é negativo significa
que a Dole captou mais recursos, sob a forma de
novas dfvidas e aumento de capital próprio do que
disn·ibuiu durante o ano. Por exemplo suponha que
você saiba que a Dote não tinha emitido novas
ações durante o ano. Qual foi o fluxo de caixa aos
acionistas? E aos credores?
Como não emitiu novas ações, o fluxo de cai·
xa aos acionisras da Dole e exmamente igual aos
dividendos pagos:
,
,
OOLE COLA
Fluxo de Caixa aos Acionistas em 1998
Di',d..nclos pagos
Cap1tal próprio adicion1 1
,
Flu'o de ca1xa ao� auurw�tll't
$ JO
_j)
iJQ
69
PARTE 11- COMPREENDENDO DEMONSTRAÇÕES F
I NANCEIRAS E FUIXOS DE CAIXA
70
O Fluxo de Caixa da Chrysler aos Acionistas Era
Insuficiente?
�
t,i
"J
Em abril de I99S ofinancis
,
ta Kirk Kerkorian e o ex-pre
sidente da Chrysler, Lee A.
Iacocca, chocaram o mundo das fman
ças ao fazerem uma oferta de compra
das ações ordinárias da Chtysler Cor
poration por $ 55 por ação. A aquisi
ção seria financiada principalmente
com capital de terceiros, mas a oferta
mine a quem pertence o saldo de
o preço das ações não se mexia.
caixa da empresa. A cada trimestre,
os diretores corporativos da Chrysler
Kerkorian declarou que a acumulação
de caixa niio estava aumentando a ri
decidem o que fazer com qualquer
queza dos acionistas, e que uma for
excesso de caixa gerado pelas opera·
ma melhor de fazê-lo era pem1itir que
ções. O caixa pode ser distribuído aos
os acionistas o reinvestissem por si
acionistas sob a forma de dividendos,
ou pode ser retido na empresa. Se
forem pagos dividendos, será um flu
apresentava uma n
i ovação. Eles tam xo de caixa aos acionistas. Entretan
bém planejavam utilizar $ 5,5 bilhões to, se o caixa for retido na empresa,
do caixa da própria Chrysler para fi embora o dinheiro ainda pertença
nanciar a aquisição. Essa oferta inten aos acionistas, os diretores na reali
sificou o debate sobre qual é o saldo de dade estarão reinvestindo o dinheiro
caixa apropriado para uma empresa, e dos acionis tas na própria empresa,
o que exatamente devem fazer os ad aumentando o capital de giro líqui
minisu-adores financeiros da empresa do.
A questão é se o investimento
para maxinúzar a riqueza dos adonis
tas.
em capital de giro líquido propor·
No momento em que a oferta foi dona ou não um retomo adequado
feita, a Chrysler havia acumulado um aos acionistas. Os diretores da
saldo de caLxa superior a $ 7 bilhões. Chrysler argumentam que o caixa
O conselho de adnúnistração da em dinúnui a possibilidade de dificulda
presa argumentava que a empresa des financeiras, o que é um benefício
necessitava de cerca de $ 7,5 bilhões para os acionistas. No entanto, do
para sobreviver à recessão vindoura, ponto de vista de Kerkorian, enquan
uma meta que claramente deveria ser to o saldo de caixa da Chrysler au
i teresse dos acionis1as. Entretan menta, o mesmo não ocorre com o
de n
to, o maior acionista da empresa, Kirk preço da ação. No final de 1994,
Kerkorian, que nessa época possuía Kerkorian convenceu o conselho da
pouco menos de 10% das açõcs (um Chrysler a utilizar parte do excesso
investimento avaliado em $ 1,5 bi de caixa para aumentar os dividen
lhões), discordava disso. Acreditava
que o saldo de caixa da Chtysler era
excessivo e deveria ser reduzido, de
volvendo-se o dinheiro a seus proprie
tários, os acionistas.
Para entender o ponto de vista
de Kerkorian, é essencial que se deter-
dos em 60% e iniciar um programa
de recompra de ações no valor total
de $ l bilhão, resultando ambas as
coisas em fluxo de caixa aos adonis
tas. Apesar dessas medidas, o saldo
de caixa da Chryslcr continuou a au
mentar no inicio de 1995, enquanto
Entretanto, a partir da identidade do fluxo de
caixa, sabe-se que o fluxo de caixa total pago aos
credores e acionistas foi ig\tal a -$ 181. O fluxo de
caixa aos acionistas é $ 30; portanto, o fluxo de
caixa aos credores precisa ser igual a -$ 181 - 30
=
$211:
Fluxo de caixa aos credores + fluxo
de caixa aos acionistas
=
-$ 181
próprios.
O desfecho da disputa pelo con
trole entre Kerkorian e a Chrysler não
resolve a questão mais genérica sobre
qual deve ser o saldo do caixa da em
presa, e a Chrysler não é a única em
presa que possui um grande volume
de caixa. Em abril de 1995, o Wal/
ScreecJournal divulgou que a Chrysler
tinha um saldo de caixa equivalente a
30% do valor de mercado de suas
ações, a Ford um caixa equivalente a
22%de seu valor, a Intel 9%, a United
Healthcare 33% e a Apple Computer
por volta de 25%. Essas empresas
reinvestiam recursos substanciais de
seus acionistas. Empresas como essas,
que acumulam um grande saldo de
caixa, poderão ser obrigadas a justifi
car suas decisões a um grupo m
i por
tante, e àsvezes vociferante: seus acio
nistas.
Fonte: Ouysler boosts dividend, sets buyback
of stock in effort to mollífy Kerkorlan. Tl!e Wall
Dcc. 1994, p. A3; Rich and
Street Journal, 2
riçher: how muc:h cash a firm should kccp is an
ssue
i
n
i wa.ke of Chrysler bid. The Woll Srreer
Joumal, 20Apr. 1995, p. Al; Al lhe f:tClOl)'ga.ce:
Kerkorian and lacocca makc a run at Chrysler:
Motives are unclear. The WlJll.<irreetJournal, 13
Apr. 1995, p. AI.
Fluxo de caixa aos credores + $ 30
!'luxo de caixa aos credores
=
=
-$ l8l
-$ 211
Como sabemos que o fluxo de caixa aos cre
dores é -$ 21 l e os juros pagos são iguais a $ 30
(a partir da demonstração de resultado), podemos
agora determinar quanto foi captado de recursos
de terceiros, em termos líquidos. A Dole deve ter
tomado $ 241 emprestados durante o ano para fi
nanciar a expansão de seu ativo permanente:
DFMONSTRAÇÓFS FINANCEIRAS. IMI'OSTOS E FLUXO DE CAIXA
OOlECOlA
Flu•o de Caixa aos Acionistas em 1998
juro' pago'
- NO\o, re<ur"'s de tC>rCeirO>
flu\u <k· <,lixa aos credores
Quc�tõe
2.4a
s 30
...l:!.l
il.!!
-
conceituais
O que é a identidade do fluxo de cai·
xa? Explique seu conteúdo.
2.4b
Quais são os componentes do fluxo
de caixa operacional?
2.4c
Por que os juros pagos nao sao um
componente do fluxo de caixa opera
cional?
rio tomar cuidado com o traramcnto de despesas
não monetárias, tais como depreciac;ào, e não con·
fundir custos operacionais com custos financeiros.
O mais imponante de tudo. porém, é não confun
dir valor contábil com valor de mercado, e lucro
contábil com fluxo de caixa.
Problema de revisão do
capítulo e auto-avaliação
2.1 Fluxo de Caixa pu<1 a I
pulin Corpo
ration. Esse problema lhe dará alguma prá
tica ao lidar com demonstra�õcs financeiras
e calcular o fluxo de caixa. Com base nas se
guintes inronnações sobre a Rasputin Cor
poraóon, elabore uma demonsrração de re·
sultado em 1998 e os balanços patrimoniais
em I997 e 1998. A seguir, acompanhando os
exemplos da U. S. Corporation apresentados
no capítulo, calcule o fluxo de caixa aos cre
Resumo e conclusões
dores e o fluxo de caixa aos acionistas em
Esse capítulo apresentou ao leitor alguns dos
1998. Use sempre a alíquota de 34% para
fundamenros de demonsuaçõcs financeiras, impos·
to de renda e fluxo de caixa. Vimos que:
calcular o imposto de renda. Suas respostas
poderão ser conferidos u seguIr.
I
O valor contábil representado no balanço pode
divergir bastante do valor de mercado. O ob
jetivo do administrador financeiro é maximiza•
o valor de mercado das ações, não o valor
2.
contábil.
O lucro líquido calculado na demonstração de
re>ultado não é igual ao fluxo de caixa A ptin
c1pal razão para tal é que a depreciaçao. uma
"'
despesa sem saída de caixa, é deduzida do cáI
cuJo do lucro contábil.
As alíquoras marginal e média de Imposto de
renda podem ser muito diferentes, e é a alí·
quora marginal que é relevante para a maioria
Vendas
Custo da mercadori.l vencl1da
Oepreoação
Juros
Di,ideodos
Ati\O circulante
Ativo permanente líqu1do
Passivo circulante
Exigível a longo prazo
1'1'17
1 '1'18
1.790
2.().13
3.990
2.137
975
l25
200
2.140
1.018
26i
2.346
6.770
994
2.11&9
225
7.087
1.126
.l.956
das decisões financeiras.
�- A allquota marginal das sociedades por ações
de lucro mais elevado é 35%.
S. F.xiste uma identidade do fluxo de caixa, tal
como acontece com o balanço. De acordo com
essa identidade. o fluxo de caixa dos ativos é
igual ao fluxo de caixa aos credores e acionis·
tas.
O cá
l culo do fluxo de caixa com base nas de
monmações contàbeis não é complexo. É necessá·
Solução do problema de
auto-avaliação
2.1 Ao elaborar o balanço, lembre-se de que o
patrimõnio líquido é residual. Com issoem
mente, o balanço patrimonial da Flasputin é
o seguinte:
72
M
PI
F.11
COMPREENDENDO llEMONSTRAÇÓFS FII<ANCEIRAS E FLUXOS Dfl CAIXA
RASPUTIN CORPORATION
Balanço Patrimonial em 3t de Dezembro de 1997 e 1998
�-----1997
Ali\o tinulante
\ti\O permanente líqurdo
Atrvo tot,ll
pies:
s 1 140
(, 7"0
$ 11 <)to
$l
146
7 (11!-
$ 'J IH
A demonstração de resultado é baslilllle sim·
RASPUTIN CORPORATION
Demonstração de Resultado em 1998
Drvick•ndos
Passivo corculante
Exigível (I longo pra1o
Patrimônio líquido
Pl1�sivo tolaI
).04i
$ H.'J I O
Fluxo de carxa operacional
s
- G,l,tos líquidos d(• (••P•t.ll
- Variação de CGL
Fluxo de <dixtl do!'! ,uivo�
s
Agora podemos selecionar os números de que
precisamos para o Huxo de caixa operaoonal.
RASPUTIN CORPORATION
Fluxo de Caixa Operacional em 1998
$
!115
1.018
l9l
1.1 rr.o
Em seguida, calculamos o sasto de capital
para o ano. a panir da variaç;
i o do ntho pem1anen·
te, n.ro nos e5quecendo de consrderar a deprecia
çao:
s 7.08"
6.770
_l.lllll
Após calcularmos o CGI ao i nício � fin,rl do
' i;l�;ro do CGL:
S I 126
2 9)6
S.JSI
$ 'l.4l3
$ 1.220
1.14ó
·�
�
RASPUTIN CORPORATION
cnlcular o va
$ l.óóO
1.335
74
2>1
$
Para obter o fluxo de caixa aos credores, note·
se que o valor do exiglvel a longo prazo aumentou
$ 87 durante o ano, e que o juros pagos foram
$ 267; portanto:
RASPUTIN CORPORATION
Fluxo de Caixa aos Credores
do menos clhiclenclos.
tlno, determinamos a diferença para
9'14
J..l!f>'J
Fluxo de Caixa dos Ativos em 1998
Note que utilizamos uma aliquota constante
de 34%. Note também que o acréscimo a lucros
retidos e exatamente igual ao valor do lucro líqui
Ati\o pcrm�nente ao irnaI do ano
A11vo JX'rm<ul(·nte ao início do ano
+ o..prec·�çJo
lnvt•..,timC'nto líqwdo cm clii\U
fJt•rm.lnenle
1998
CGL ao linal do ano
- CGL ao 111ício elo ano
Variação do CGl
s
Acré,cimo a lucros relido'
Lucro antes ele 1uros e rmpchto'
+ I )t>prc.•c i tl�·fio
Impostos correntes
fluxo de Cilixa operacional
s
1997
Agora combinamos o fluxo de caixa operacio
nal, o gasto liquido de capital e a variação do CGL
para gerar o Huxo total de caixa dos ativos:
Ven<l.
<"''" clr mercadoria wndici,,
DepreoaçJo
lucro llnlt� de juros e imp<hto-
Juro' pago,
llttro tnbuável
t
lml""tos (34%)
Lucro líquido
--------�
19'18
----
Juros pagos
- Novos rlnanciam!'ntc,.. lli<1u•do-.J
Fluxo de c.lixa ,,.,, trl'(lon"
s 267
___l!l
Finalmen te, os d ividendos pagos foram
$ 225. Para obter a variação llqulcla do capital pró
prio, precisamos fazer mais um cál cu lo. O
patrimônio líquido aumentou $ 5.351 - 5.047
$ 304. Desse aumento, $ ISO provieram de acrés·
cimos a lucros retidos. de modo que se percebe que
$ 154 ele capital próprio novo foram obtidos duran
te o ano. Por conseguinte, o fluxo de caixa aos acio
nistas foi:
=
RASPUTI"' CORPORATION
Fluxo de Caixa aos Acionisras em 1998
...
lg<
s p.
o;,idendo
adrCion,ll UrqurdoJ
Fluxo ele C:tlixa tlO.., (lCIOni-.,tll'
- Capital próp11o
s 225
-..l.i-1
Para conferir, note que o fluxo de caixa dos
ativos ($ 251) é igual ao fluxo de caixa a credores
mais fluxo de caixa a acionistas ($ 180 + 71
=
$ 251).
DEMONSTRAÇÕES FINAN<.:EIRAS, IMPOSTOS E FLUXO DE 0\IXA
Questões e problemas
Básicos (Questóe' 1
13)
I. Elaboração de u m Balanço.
A Green
Day, lnc. tem ativo circulante d e $ 2.500, ati·
vo permanente líquido de $ 6.350, passivo
circulante de$ 1.000 e exigível a longo prazo
de$ 4.800. Qual é o valor do patrimônio llqui·
do da empresa? Quanto é o seu capital de giro
líquido?
2. Elaboração de uma Demonstração de
Resultado. A Kuipers Manufacruring Co.
tem vendas de S 350.000, custo de$ 175.000,
despesa de depreciação de$ 25.000, despesas
dejuros de$ 17.000 e alíquota de imposto de
renda de 34%. Qual é o lucro líquido da em·
presa?
3. Dividendos e Lucros Retidos. Suponha
que a empresa da questão 2 tenha distribuído
$ 21.000 em dividendos. Qual é o acréscimo a
lucros retidos?
4. Lucro e Dividendo por Ação. Suponha
que a empresa da questão 3 possua 20.000
ações ordinárias disponíveis. Qual é o lucro por
ação, ou LPA? Qual é o dh�dendo por ação?
S. Valor de Mercado e Valor Contábil. A
Klingon Widgets, lnc. comprou novos equipa·
mentos há três anos por $ 2 milhões. O equi
pamento pode ser vendido hoje para a l'erengis
por $ 1 milhão. O balanço atual da Klingon
mostra ativo permanente liquido de$ 750.000,
passivo circulante de $ 750.000 e capi tal de
giro líquido de $ 500.000. Se codos os ativos
circulantes fossem liquidados hoje, a empresa
recebelia $ 1,5 milhão em dinheiro. Qual é o
valor contábil dos ativos da Klingon atualmen·
te? Qual é seu valor de mercado?
6. Cálculo do Imposto Devido. A Smolira
Co. possui um lucro tributável de$ 190.000 em
1998. A partir da Tabela 2.3 do capítulo, cal·
cule o imposto realmente pago pela empresa
em 1998.
7. Alíquotas de Imposto. No problema 6,
qual é a alíquota média? Qual é a alíquota mar
ginal?
8.
9.
A Wildcat Water Works,
lnc. apresenta vendas d e $ 10.000, custo de
$ 6.350, despesa de depreciação de $ 2.100 e
despesa dejuros de$ 340. Sendo a alíquota de
Imposto de renda de 35o/o, qual é o fluxo de
caixa operacional, ou FCO?
Cálculo do FCO.
Cálculo do Gasto Líquido de Capital. O
balanço patrimonial da Maxwell llammer Co.,
cm 31 de dezembro de 1997, apresentou um
ativo permanente líquido de $ 3,6 milhões e,
em 31 de dezembro de 1998, o balanço apre·
sentou um arivo permanente líquido de$ 4,9
milhões. A demonstração de resultado em
1998 apresentou uma despesa de depreciação
de$ 780.000. Qual foi o gasto líquido de capi
tal da Maxwell em 1 998?
10. Cálculo da Variação de CGL. O balanço
de 31 de dezembro de 1997 da Jordan and
Jordan Manufacruling lnc. apresentou um ati·
vo circulante de $ 900 e um passivo circulante
de $ 400. O balanço de 31 de dezembro de
1998 apresentou ativo circulante de$ 1.150 e
passivo circulante de $ 475. Qual foi a vmia·
ção de capital de giro líquido, ou CGL, da em
presa em 1998?
1 1 . Fluxo de Caixa a Credores. O balanço de
31 de dezembro de 1997 da ABC lnc. apresen
tou dívidas a longo prazo de $ 3 milhões, e o
balanço de 31 de dezembro de 1998 dívidas a
longo prazo de$ 3,4 milhões. A demonstração
de resultado em 1998 apresentou despesas de
juros de$ 360.000. Qual foi o fluxo de caixa a
credores da ABC durante 1998?
12. Fluxo de Caixa a Acionistas.
O balanço
da ABC 1nc. em 31 de dezembro de 1997 apre·
sentou $ 750.000 na coma de capital social e
$ 7,2 milhões em contas de reservas de capi
tal. O balanço de 31 de dezembro de 1998
apresemou $ 825.000 e $ 7,7 milhões nas
mesmas contas. Se a empresa distribuiu
$ 300.000 como di,�dendos em 1998, qual foi
o fluxo de caixa aos acionistas durante o ano?
13. Cálculo dos Fluxos de Caixa Totais. A
partir das informações sobre a ABC lnc., for·
necidas nos problemas 11 e 12, e supondo que
você também saiba que a empresa realizou
$ 600.000 em novos investimentos de capital
durante 1998, e que a empresa reduziu seu in·
vestimento em capital de giro líquido em
$ 135.000, qual foi o fluxo de caixa operado·
nal, ou FCO, da ABC, lnc.?
Jntennediárias (Questões 1 4
22)
14. Cálculo dos Fluxos de Caixa Totais. A
T. Baker lnc. apresemou as seguintes informa·
ções em sua demonstração de resultado em
1998: vendas = $ 125.000, custos = $ 76.000,
outras despesas = $ 12.000, despesas de de·
preciação = $ 5.000, despesas de juros
$ 3.000, impostos pagos = $ 9.860, dividendos
pagos $ 4.300. Adicionalmente, você foi in
formado que a empresa emitiu $ 1.200 em
novas ações durante 1998 e resgatou $ 4.500
de df\�das a longo prazo.
a. Qual foi o fluxo de caixa operacional em
1998?
=
=
73
...
-------------------------------
74
PARTE 11 -COMPREENDENDO DEMONSTRAÇÓFS PINANCEIRAS E FLUXOS DE CAIXA
Qual foi o fluxo de caixa a credores em
1998?
c.
Qual foi o fluxo de caixa a acionistas em
1998?
d. Se o ativo permanente tivesse aumentado
$ 5.050 durante o ano, qual 1eria sido a va
riação do CGL?
15. Elaboração do Balanço. Elabore o balan
ço da Nimby Corp. em 3! de dezembro de
1998, baseando-se nas seguintes informações:
caixa $ 420.000, direitos aurorais e patentes
= $ 1.050.000, contas a pagar $ 1.000.000,
contas a receber = S 210.000, ativo permanen
te tangível líquido
$ 6.000.000, estoque
$ 660.000, tíntlos a pagar = $ 250.000, lucros
reódos
$ 5.500.000, dívidas a longo prazo
= $ 1.050.000.
16. Direitos Residuais. A OnTheBrink Inc. é
obrigada a pagar $ 4.500 a seus credores du
rante o ano. Qual será o valor do patrimônio
líquido se o ativo for igual a $ 4.800? E se o
ativo foi igual a $ 3.800, qual será o patrimônio
líquido? Suponha que rodos os números este·
jam expresso em valor de mercado.
17. Alíquota Marginal versus AI/quota Mé
dia (Ver Tabela 2.3.) A Corporation X rem
$ 80.000 em lucro tributável, e a Corporation
y $ 9.000.000.
a. Qual é o imposto devido de cada empre
sa?
b. Qual é a alíquota média de cada empresa?
Suponha que ambas as empresas renham
c.
identificado um novo projeto que irá au
mentar o lucro tributável em $ 10.000.
Quanto cada empresa irá pagar em impos
to adicional? Por que essa quantia é a mes
ma?
18. FCO e Lucro Liquido. Durante o ano de
1998, My Money Inc. efetuou vendas no valor
de $ 725.000. O custo de mercadoria vendida,
as despesas administrativas e de venda e a des
pesa de depreciação foram $ 427.000,
$ 223.000 e S 60.000, respectivamente. Além
b.
=
=
=
=
=
.
disso, a empresa teve uma despesa dejuros de
$ 55.000 e a alfquota do imposto de renda, era
de 35% (suponha que o imposto devido seja
nulo em caso de prejuízo).
a. Qual foi o lucro lfquido da My Money em
1998?
b. Qual foi seu fluxo de caixa operacional?
c. Explique seus resultados em (a) e (b).
19. Valores Contábeis ver·sus Fluxos de
Caixa. No problema 18, suponha que a My
Money lnc. tenha distribuído $ 25.000 em di
videndos. Isso teria sido possível? Se nenhum
investimento em ativo permanente líquido ou
capital de gíro líquido tiver sido feito durante
o ano, o que você conhece saberá a respeito da
conta de dívidas a longo prazo da empresa?
20. Elaboração de Fluxo de Caixa. A Cat
Paw Corporation apresentou os seguintes resul
tados operacionais em 1998: vendas
$ 6.000, custo da mercadoria vendida =
$ 4.500, despesas de depreciação = $ 800, des
pesas de juros
$ 100, dividendos
$ 150.
No começo do ano, o ativo permanente líqui·
do era $ 4.000, o ativo circulante $ 1.000, e o
passivo circulante $ 750. Ao final do ano, o
ativo permanente lfquido era igual a $ 4.200,
o ativo circulante a $ 1.550 e o passivo cir
culante a S 900. A alfquota de imposto em
1998 era igual a 34%.
a. Qual foi o lucro líquido em 1998?
b. Qual foi o fluxo de caixa operacional em
1998?
c. Qual foi o fluxo de caixa dos ativos em
1998? Isso teria sido possível? Por quê?
d. Se não houve emissão de novas dívidas du
rante o ano, qual foi o fluxo de caixa a cre
dores? Qual foi o fluxo de caixa aos credo
res? Explique e interprete os sinais positi
vos e negativos de suas respostas de (a)
a (d).
21. Elaboração de Fluxo de Caixa. Conside·
re as demonstrações financeiras resumidas da
Jumbo. Inc. apresentadas a seguir:
=
=
=
JUMBO INC.
Balanço Parcial em 31 de dezembro de 1997 e 1 998
Ativo
Ativo circulanlc
Alivo permanen1e líquido
1997
1998
$ 475
2.100
$503
2.330
Passivo
Passivo circulante
Dívidas a longo prazo
1997
1998
$ 205
1.200
$ 301
1.400
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIIIAS, IMI'OSI'OS P l'tuXO DE CAIXA
JUMBO INC.
Demonstração de R�ultado em 1998
\endas
Cu''"'
U.,pr.,etaç.io
Juroa.
--
s 7.100
1.560
600
108
Qual foi o patrimônio líquido em 1997 e
em 1998?
b. Qual foi a variação de capital de giro líqui·
do em 1998?
Em 1998, a Jumbo adquiriu $ 1.000 em
novos ativos fixos. Quanto de ativos fixos
a Jumbo vendeu? Qual foi o fluxo de cai·
xa dos arivos no ano? A alíquota de lmpos·
to de renda é 35%.
d. Em 1998, a Jumbo assum iu no\
as dívidas
no valor de$ 300. Quanto de dívidas a lon·
go prazo a Jumbo resgatou durante o ano?
Qual foi o fluxo de caixa aos obrigado·
nistas?
22. Liquidez. O que mede a liquidez? Explique
a relação custo-benefício para a empresa em
termos de alta versus baixa liquidez.
c.
75
O mais importante a ser retido deste capítulo
entendimento de:
é
um
bom
padronizar demonstrações financeiras para fins de
comparação.
calcular e, principalmente, interpretar alguns dos índices
financeiros importantes.
is são os fatores determinantes da lucratividade
c
do
crescimento de uma empresa.
dos problemas e limitações da análise de demonstraçües
financeiras.
78
PARTE 11 - COM I
)hMONS'l
RA
ÇÕES 11NANCE1RAS E FLUXOS DE CAIXA
'RI
·i'.Nlli\NI)O l
N
o Capítulo 2, discunmos alguns conceitos
essenciais de demonstrações financeiras e
nuxo d� caixa. Este capítulo retoma nossas
discussões anteriores. Kosso objctivo aqui consis
te cm expandir nos"l! compreensão sobre os usos
(e abusos) das infonnações comidas em demons
rrações financeiras.
Um bom conhecimento de como utilizar de
somos capazes de visualizar os efeitos de uma de·
cisão sobre o valor de mercado.
Reconhecemos que os dados contábeis sao,
freqüentememe, apenas uma imagem pálida da
realidade econômica, mas geralmente eles são a
melhor infonnação disponh·el. Para empresas de
capital fechado, empresas com fins não lucrarh
os
e empresas menores, por exemplo. há pouca infor
monsrrações financeiras é d�-.ejá>el simplesmeme
porque tais dcmons1raçõcs. e os números deriva
mação de mercado. A função de geração de rela·
de comunicaçao de infonnaçõe financeiras ramo
dentro quanto fora da empresa. Resumidamente,
contadores é transmitir informações financeiras de
maneira úti
l para os usuários tomarem decisões.
muito da linguagem da ürea de finanças tem raízes
nas idéias que discutiremos neste capítulo.
Ironicamente, a informação, com frequéncia. nao
chega ao usuário dessa maneira. Emoull'll5 palavras,
dos destas demonstrações. SilO os principais meios
No melhor dos mundo>, o administrador fi.
nanceiro possui infonnações completas a valores de
mercado sobre todos os ativos da empresa. Isso
raramente (provavclmeme nunca) acontecerá. Por
tanto, a razão pela qual nos fiamos nos números
contábeis para muitas das infonnações financeiras
é que praticamente nunca conseguiremos obter
todas (ou mesmo parte) as informações de merca
do que desejamos. O único padrão significativo
para avaliar decisões empresariais é verificar se elas
criam 011 não valor (veja Capítulo 1). No cntamo,
s
possí
em muiras situações importantes, não erá
vel fazer esse julgamento diretamemc, pois não
Tabela 3.1
rórios comábeis é vital em rais circuns1âncias.
Oaramente, uma das metas importantes dos
as demonstrações financeiras não vem acompanha
das de um manual de instruções. Este capfrulo é um
primeiro passo para preencher essa l,1cuna.
3.1 Demonstrações
Financeiras
Padronizadas
Uma coisa óbvia que desejaremos fazer com
as demonstrações financeiras de uma empresa é
PRUFROCK CORPORATION
Balanço em 31 de dezembro de 1997 e 1998
1917
Ativo
Al.-o circulanle
C.1i,,,
Conla' a receber
E'toque5
To1.1l
s
84
165
l'll
Ati\O permanente
Jn,tal.lÇ<X'' e equip.1men1os (líquido)
Total do atovo
s_H;!
s
'18
188
ill
i Zllll
SU
l
l
s�
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l!
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5
8
R
S.1
s
144
l)
(
,
i__.:i:l!l
.s -lll
LWll
Passivo
Pa>�ovo corculanre
Fr>rnl'l..-dore'
Tiltolos a pagar
Tot,,l
Dívida' a longo prazo
Patrimônio loquido
(
· tlptt.ll �o< it�I e reservas
lucro� retidos
Tnt.ll
Total elo passi vo
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ll2
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s S1l
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il.S!!l
!l
5
(j
ll
:
o
�
�
---------==
�
-�
�
�
UTIUZAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
compará-las às de outras empresas similares. No
entanto, de imediato eneonuaremos um problema.
É praticamente imposshel comparar direramente
demonstrações financeiras de duas empresas por
causa das diferenças de tamanho.
Por exemplo, a Ford e a GM são obviamente
competidoras sérias no mercado automobilfstieo,
mas a GM é muito maior (em termos de ativos) e,
portanto, é difícil compará-las diretamenre. A pro·
Demonstrações financeira� de tamanho
comum
Demonstrações financetms padromzadas que
apresentam todas as comas em termos
pcrcenntais. As contas de b<lanço s.1o exibtdas
como porcentagem do amo c as contas da
demonstração de resultado como porcentagem
das vend,ts.
pósito, também é diffcil comparar demonstrações
financeiras de diferemes períodos, mesmo que se·
jam da mesma empresa, caso o tamanho d� cmpre·
BALANÇO DE TAMANHO COMUM
sa tenha se alterado. O problema de tamanho será
Para uma referência prática, o balanço da
digamos. As demonstrações financeiras da Toyota
são elaboradas em ienes, e então teremos diferen
ças de tamanho e moeda.
Para começarmos a fazer comparações, uma
coisa óbvia que procuraremos fazer é padronizar de
alguma maneira as demonstrações financeiras.
Uma maneira bastante comum e útil de fazer isso
é trabalhar com porcentagens ao invés de valores
monetários. As demonstrações financeiras resultan·
tess3o denominadas demonstrações finuncei·
Prufrock Corporation de 1997 e 1998 é apresenta·
do na Tabela 3.1. A partir dele, elaboramos o ba·
ampliado se tentarmos comparar a GM à Toyota,
ras de tamanho comum. Discutiremos isso a
seguir.
lanço de tamanho comum expressando cada con·
ta como porcentagem do total dos ativos. Os balan·
ços da Prufrockde 1997 e 1998 são reapresentados
na Tabela 3.2.
Perceba que alguns dos rotais não são exatos,
devido a erros de arredondamento. Note também
que a variação total precisa ser 1.ero, já que os nÚ·
meros inicial e final precisam ter soma igual a
100%.
Apresentadas dessa forma, as demonstrações
financeiras facilitam a sua leitura e comparação.
Tabela 3.2
PRUFROCK CORPORATION
Balanço em 31 de dezembro de 1997 e 1998
1997
19'.18
Ativo
Auvo circulante
2 5o
(,ll,,l
Cantas a receber
Estoqu.-s
lotai
Allvo JX'rmanente
ll"ialações e equipamentos (lfquiclo)
Total elo alivo
4,')
II.Z
1
2
I
2,7wo
5.2
11 R
VWçJo
+ 0,2%
+ 0,3
+ 0.1
19Z
±Jl()
t!O.l
!Ul2
IU!!.
--.J.ri\..
]QQQ%
-º.6
o
o
�
.
9,2<}�
9.6"/c>
+ 0,4%
Passivo
P,)r,;.,ivo circulante
rornt•ct-dores
lltulos a pagar
Total
Dívidas a longo pra2o
Patrimóniolíquido
Capctal social e re<oervas
Lucro' relidos
Total
rotai do pas;ivo
!t.ll
I
ú
!l
5
5
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SI
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H.l
llQ%
79
80
PAliTE 11 - COMPREENDENDO DEMONSTRAÇÕES FlNANCEJRAS E FLUXOS DE CAJXA
Por exemplo, basta olhar os dois balanços da
Prufrock para perceber que os ativos circulantes
atingiram 19,1% do total em 1997, subindo para
19,7% do total em 1998. O passivo circulante caiu
de 16,0% para 15,1% em relação ao total no mes·
mo período. De maneira análoga, o capital total dos
proprietários aumentou de 68,1% para 72,2% do
total.
Emgeral, a liquidez da Prufrock, medida por
arivo circulanre versus passivo circulante, aumen·
tou nesse ano. Ao mesmo tempo, seu endivida·
mento diminuiu como proporção do ativo rotai.
Poderíamos ser tentados a concluir que o balanço
se tornou mais sólido.
mesma porcentagem para os principais concorren·
tes da Prufrock para saber como ela se compara em
termos de controle de custo.
DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO
DE TAMANHO COMUM
3.2 Análise com Base em
Uma maneira prática de padronizar a de·
monstração de resultados apresentada na Tabela
3.3 é expressar suas contas como porcenragem das
vendas torais, conforme é ilustrado no caso de
Prufrock na Tabela 3.4.
Essa demonstração de resultado nos diz o que
ocorre com cada dólar de receita de venda. No caso
da Prufrock, a despesa de juros absorve $ 0,061 de
cada dólar de vendas, e os impostos absorvem ou·
rros $ 0,081. No fmal das contas, $ O,157 de cada
dólar acabam na última linha (lucro líqwdo), e esse
montante é dividido entre $ O,lOS retidos na em·
presa e $ 0,052 distribuídos sob a forma de dividen·
dos.
Essas porcentagens são muito úteis em com·
parações que se deseje fazer. Por exemplo, uma
informação muito relevante é a porcentagem de
custo. No caso da Prufrock, $ 0,582 de cada dólar
de venda destinam-se a pagamentos do custo de
produtos vendidos. Seria interessante calcular a
T
abela 3.3
Questões conceituais
3.la
Por que geralmente é necessário pa·
dronizar demonstrações financeiras?
3.lb
Descreva como os balanços e de·
monstrações de resultado de rama·
nho comum são elaborados.
Índices Financeiros
Outra maneira de evitar o problema de com·
paração de empresas de tamanhos diferentes é cal·
cular e comparar índices financeiros. Esses ín·
dices consistem em ferramentas de comparação e
investigação das relações entre diferentes infom1a·
ções financeiras. A seguir, discutimos os índices
mais comuns, mas há muitas ourros que sequer
mencionaremos.
Índices financeiros
Relação determinada a parrir das demonstrações
financeiras de uma empresa e utili1.ad<JS para fins
de comparação.
Um dos problemas com o uso de índices con·
siste no fato de que pessoas distintas e publicações
diferentes não os calculam da mesma forma, e isso
leva a grande confusão. As definições específicas
PRUFROCK CORPORATION
Demonstração de Resultado em 1998
($milhões)
$ 2.311
1.344
Vendas
Custo da mercadoria vendida
Depreciação
lucro antes de juros e imposto de renda
Juros pagos
lucro tributável
Imposto de renda (34%)
Lucro líquido
Acréscimo a lucros retidos
Dividendos
$
276
691
141
550
__JJ!Z
$
$ 121
242
!6�
'CEIRAS
A.
IJllUZAÇIIO UE DE.\IONSI'RA<;iJE:> Fili
Tabelo 3.4
PRUFROCK CORPORATION
Demonstração de Resultado em 19')6
100
)8!
11 9
29 9
úI
2�.R
81
15 -
Vendas
Cu<to da mert.ldona \endida
D(·prcdaçao
lucro antes ele 1uco, e imposto de renda
juros pagos
Lucro tributjwl
Imposto cl<.> r<.'nda (34%1
lutro liqucdu
A<no
..
cuno ,1 lu(.rOS rettdo'
D ivide ndo'
10>
�
--------· -�
aqw utilizadas podem ou não ser as mesmas que o
_
a
t
leitor Já \1U em outras publicações. Se algum d
estver utilizando índices como ferramentas de
análbe, procure saber como cada um deles foi cal·
cul ado, e se estiver comparando seus números ao
i
de alguma outra fonte, assegure-se de que saiba
como es<es outros números foram calculados.
Iremos postergar boa pane de nossa discus·
são sobre a uólização dos índices e alguns dos pro·
blemas ní existentes J>ara algumas seções finais do
capítulo. Por ora, para cada índice, iremos discutir
as seguintes quesrões que nos vieram à mente:
1. Como é calculado?
O que visa medir, e por que poderíamos estar
imeressados ns
i so?
3. Qual a unidade de medida?
i
4. O que um valor alto ou baxo poderia signifi
car? Como tais valores poderiam ser engan<>
=?
S. Como essa medida poderia ser melhorada?
2.
'l'radicionalmente, os índices financeiros são
i
agrupados nas seguintes categoras:
1. lndices desolveno- a runo prazo, ou liquidez.
2. lndices de solvencia a longo prazo, ou endi\idamento.
3. lndices de gestão de ativos, ou giro.
4. lnctices de rentabilid�de.
S. lndices de valor de mercado.
Constderaremo• cada uma dessas categorias
por vez. Ao calcularmos esses números no caso da
Pruftock, utilizaremos os dados do balanço final
(1998), a menos que seja explicitamente indicado
em contrário. Note-se também que os vários índi
ces sao apresentados em cor para indicar quais
dados vêm da demonstração de resultado, e
quats 'ém do balanço.
MEDIDAS DE SOLVÊNCIA A CURTO
PRAZO, OU UQUIDEZ
Conforme sugere seu nome, os índices de
solvência a curto prazo, em geral, destinam-se a
fornecer informaçoes sobre a liquidet da empresa.
e esses ndices
í
algumas vezes são denominados
medidas de liquidn. A principal preocupação con
siste na capacidade da empresa de pagar suas con
tas a curtoprazo, sem demasiada dificuldade. Con
seqüentemente, esses índices concem111m sua aten
ÇiiO no ativo circulante e no passivo circulante.
l'l>r razões ób•·ias, os índices de liquidez são
particularmente interessantes para credores a cur
to prazo. Como os administradores financerros es·
tilo constantemente trabalhando com bancos e
outros credores a curto prazo, uma compreensão
desres n
í dices é essencial.
Uma das vantagens em exammar ativos e
passivos circulantes é que, prova\cimente, seus
valores conrábeis e de mercado serao similares.
Geralmente (porém, não semp re), esses ativos e
passivos simplesmente não têm vida suficientemen
te longa para que esses dois valores divirjam sig·
nificativamente. l'l>r outrolado, como qualquer tipo
de item quase monetário, ativos e passi,·os cirru
!ames podem variar e variam muito raptdamente;
portanto, o valor de hoje pode nao ser um guia
confiável para o futuro.
Índice de li<,
•
t:z
corre te
Um dos índices mais conhecidos e mais lar
gmnente utilizados é o (ndc
i e de lic1uidez corrente.
Como você pode adivinhar, o fndice de liquidez
corrente é definido por:
AU\O circulante
lndíce de
..
Passivo circulant<'
liquidez corrente
[3.1]
81
82
PARTE 11-COMPRrl:NDENDO DE.\tONSTRAÇÕI'.S FINANCEIRAS E FWXOS DE CAIXA
No caso da Prufrock, o índice de liquidez cor
reme em
1998 é:
.
lndice de liquidez oorreme =
s
S
708
540
=
1,31 vc1es
Como os alivos e passivos circulaones, em
princípio, serão convertidos em caixa durante os
próximos 12 mc:.cs, o índice de liquidez corrente
é uma medida de liquidez a curto prazo. A unida
de de medida é apresentada em dólares ou núme
ro de veres. Portanto, podemosdizer que a Prufrock
possui S 1,31 de amos circulantes para cada $ 1
de passivo circulame, ou poderíamos dizer que o
passivo circul<tnte da Poufrock é coberto 1,31 vezes.
Par� u m credor, especialmente credo•es a
curto prazo, como fornecedores, por exemplo,
quanto maior o índice de liquidez corrente, melhor.
Para uma emprcs,o, um alto índice de liquidez cor
rente indica uma siruação de liquidez, mas também
pode indicar ineficiência no uso de caixa e outros
ativos a cuno prazo. Salvo algumas circunstâncias
extraordinárias, esperaríamos ver um índice de
liquidez corrente de ]>Cio menos 1, pois um índice
menor do que I significa que o capital de giro lf.
quido Cativo circulallle menos passivo circul;mte)
seria negativo. Isso não seria normal para emr>re·
sas saudáveis, pelo menos para a maior parte dos
negócios.
O índice de liquidez corrente, como qualquer
índice, é afetado por diversos tipos de transaçóes.
Por exemplo, suponha que a empresa tenha levan
tado recursos por meio de empréstimos a longo
prazo. o ef�ito a curto prazo seria um aumento do
saldo de caixa graças aos recursos provenientes da
emissão de titulo de divida, bem como um aumen
to do endividamento a longo prazo. Os passivos
circulantes não seriam afewdos e, portanto, o ln
dice de liquidei. corrente aumentaria.
Por fim, note que um índice de liquidez cor·
reme aparentemente baixo pode não ser um sinal
ruimpara uma empresa com grande capacidade de
endividamento não utilizada.
MPLO 3.1
Eventos Correntes
Suponha qut• um,o t>mprcsa pagasse algun• ele
seus fotnE'Ct'(lort•, <' credores a curto prazo. O que
,Konteceria com '''li índice de liqu idez com·ntt•?
Suponh,l tJUC a �mpresa compre algum e�toquc. O
que aconteceri,l n
t
•
,
...
l ..ituação? O que,l<onl(."<t• "-<"
a empre<-.1 comprar algum,l mercadoria?
O prirn�iro CihO é uma annadilh,J p'-u'-1 o lc•·
IOr. O que ocoroc-é qu<> o índice de liqUidez co,.·nw
se afasta dE> I . Sl• for maoor do que 1 (o ''"o mai�
geral), ficar� maior, m,h 'e for menor do que I, lor
nar-se..á nwnor �linda. Para verificarmos bso, �upo-
nha <rue uma empre"' tenh,, $ 4 de ati,·o orculante
e S 2 de pa"ivo circulanle e, porranlo, um índ1<e
de liqui dez correme igual ,, 2. Se utilizarmos $ 1 dt>
caixa par.1 reduzir o passivo circulante, o novo ín
dice de liquide..: <OI'rt'nte será ($ 4 - 1 )/($ 2
I) =
3. Se revertermos a siluaç�o original para $ 2 de
ativo circulante to S 4 <k� passivo circtiiJnte, ent,lo i1
variaçJo ir� ocasoonar uma queda do índoce de
liquidez correnle de• 1/3 para 1/2.
O segundo ca,o nJo é tão ardilo<o. Nada
acontece com o ondoce de liqud
i ez corn.-nte, flO"
enq uanto o caixa duninui o t'Sioque aumema o
a1ivo cirçulantc 1o1al nJo é afe1ado.
No terceiro c .l'<l, o índice de liquidez wrrmtt•
geralnwnte aumentará, pois normalmentt• o t'�toque
é contabi I izJdo ao n.1-.1o de aquisição, e J� vt•nd,,,
geralmente são fcotas a valores superiort's ao custo
(a diferença é o m,lfktlp). O aumento, seja �m c,,i.
xa ou contas a rEX:eber pon.lnto, ser� maior do que
a diminuiçJo do estoque. Isso aument,l o .uivo
circulante, e o indic
t
• de liquidez corrente ell'\J·
se.
<C
Índice de liquidez seca
O estoque gemimente é o item menos llclui
do do ativo circulamc. Também é o item para o qual
o valor contábil é o menos confiável como medida
de valor de mercado. uma vez que as condições do
estoque não siio consideradas. Parte do estoque
pode ter estragado, tomando obsoleta ou perdida.
Mais exatamenrc, estoques relativamente
grandes geralmeme são sinal de problemas a cur
to prazo. A empresa pode ter superestimado as
vendas c, conseqüentemente, comprado ou produ
zido em excesso. Nesse caso, a empresa pode rcr
uma porção subMancial de sua liquidez empatada
em estoque de giro muiro lento.
Para avaliar a liquidez com mais precisão,
calcula-se o nd
í ice de liquide:: seca tal como se faz
com o índice de liquidez correme, excluindo-se, no
entanto, os estoques:
lndice de
liquidez seea
a
Estoque
Alivo wculante
P'"1ssivo c1rculame
[3_21
Note <1ue a ut ilização de caixa para a compra
de estoques não afetn o índice de liquidez corren
te, mas reduz o índice de liquidez seca. Outra vez,
a idéia é a de que o estoque é relativamente ilí
quido, se comparado a caixa.
í dicede liquidez seca
No caso da Prufrock, o n
em 1998 é:
Índice de liquidct :.cc.o
�
$ 708
422 0,53 vetes
$540
UTIUZAÇÃO DE DEMONSTIIAÇ(W..S FINANCEIRAS
O índice de liquidez seca relata, nesse caso,
uma siruação diferente da apontada pelo n
í dice de
liquider corrente, pois os estoques representam
maiS da metade do ativo circulante da Prufrock.
Pala exagerar. se o estoque consistisse, digamos, em
instalações nucleares não vendidas, isso seria um
motivo de preocupação.
inwressado no índice de caixa:
Caixa
P.
dssivo Circulante
[3.3]
Voe@ pode verificar que no caso da Prufrock
esse indice é igllal a 0,18.
MEDIDAS DE SOLVÊNCIA A LONGO
PRAZO
Os indicadore5 de solvência a longo prazo
têm a função de analisar a capaddade da empresa
de saldar suas obrigações, a longo prazo, ou mais
genericamente, seu grau de alavancagem financei·
ra. Algumas vezes esses indicadores são denomina.
dos indicadores ele grau de alavancagcmfinunccira,
ou simplesmente alamncagem/inanceira. Conside·
ramos três medidas comurnente empregadas na
pr�tica, além de algumas variações.
O índice de endividamento geral leva cm con·
m rodas as dividas, de diferentes prazos e de todos
os credores. Pode ser definido de diversas manei·
ras, sendo a m;ois fácil a seguinte:
Índic� de endividamento geral
At ivo wt
al
$ 3588 - 2.591
$ 3.588
[3.5]
Multipliador
c
de capital próprio
- Alivo total!Parrimônio líquido
= $ 1 /$ 0,72 = 1,39 vezes
[3.6]
O faro de que o multiplicador de capital pró·
prio é 1 mais o quociente de capital de terceiros/
capital próprio não é uma mera coincidência:
=
= Ativo total Patrimônio hquido
Multiplicador de capital próprio
- $ 1 '$ 0.72
1,39
= {l'atrirnõnio líquido
Patrimônio líquido
=
Exigível rotai)'
= 1 + Capital de terceiros/Capital próprio
e
1,39 vezes
O fato importante, neste caso, é o de que, a
panir de qualquer um desses ul!s lndices, é possl·
vel calcular imediatamente os outros dois; l>Ortan·
to, eles dizem exaramente a mesma coisa.
Outra medida usual de so
h
ência a longo pra·
zo é a coberrura de juros {CJ). Mais uma vez, exis·
tem diversas combinações possíveise utilizadas na
pática,
r
mas iremos nos basear na m�1is tradicional:
Cobermra de juros
=
At ivo total - P atri m ô nio líquido
= $ 0,28/$ 0,72 = 0,39 vezes
Cobertura de juros
Índice de endividamento geral
•
de capital próprio.
=
Um credor a prazo muito curto poderia cstar
=
dívida. Com isso em mente, podemos definir duas
variações úteis do índice de endividamento geral,
o quociente divida/ capital próprio e o multiplicador
Quociente dívida/Capital próprio
Exigível toraVPatrimõnio II<Juido
lndice de caixa
.
.
fnd1te d� ca1xa
A Prufrock rem $ 0,28 de capital de terceiros
para cada S 1 de ativo. P�>namo, existem $ 0,72 de
capital próprio {$ 1 - 0,28) para cada S 0,28 de
[3.4]
= o,28 vezes
Nesse ca:>O. um analista poderia dizer que a
Prufrock utilizou 28% de capital de terceiros. Se
isso é alto ou baixo, ou se isso faz alguma diferen·
ça. depende da relevância ou não da estrutura de
capital, o que será tema de discussões em outros
capirulos.
Patrlmhnio lHwido total, nes� caso. inclui nç6f''l prr(rren·
cl.J&s (que ser
ão discu:tida.s no Capitulo 7). se exf�lil' algu
ma. Um numewdor equivalente nesse íud1ée �erln (Passl
vo dttul.nuc t E.xlg(vel a longo prazo).
=
=
L
I\JI
[3.7]
Juros
s 691
$ 141
- 4,9 vezes
Conforme o nome sugere, esse indicador
mede quão bem a empresa cobre suas obrigações
de pagamentos de juros. Para a Prufrock, essas
obrigações são cobenas 4,9 vezes.
Cobertura de caixa
Um problema com o índice CJ é o fato de es·
tar baseado no LAJI, que não corresponde, na rea·
!idade, a uma medida do caixa disponível para
pagamento de juros. A razão para tnl é que a de·
preciação, uma despesa não monetária, é deduzida
83
84
PARTE 11 -COMI'RllNDt.NDO DEMO�STRAÇÕCS FINANcriRAS E FLL'XOS DF. CAIXA
do lucro. Uma \ez que os pagamentos de Juros de·
fuútivamente sao uma salda de caixa (para O> cre
dores), uma maneira de definir a cobertura de cai
xa é:
O resultado é o número médio de dias de><nda em
estoque:
Dias de venda
365 dias
em estoque
Cobertura
de caixa
365
[3.8]
•
3,2
9
..
a
I
antes de depreciação, juros e impostos).
É uma
medida básica da capacidade da empresa para ge
rar caixa em suas operações, sendo frequentemente
empregada como medida de fluxo de caixa dispo
nível para cumprir obrigações financeiras.
MEDIDAS DE GESTÃO DE ATIVOS
OU GIRO
A seguir, volmmos nossa arenção para a efi·
ciência com a qual a Prufrock utiliza seus ativos. As
medidas nessa seçllo são algumas vezes denomina
das índices de utilização de ativos. Todos os fndiccs
específicos que discutimos podem ser ínterprerados
como medidas de giro. Eles pretendem descre,er
quão efiCiente ou intensivamente a empresa utili
seus ati,os para gerar vendas. Em primetro lu·
za
gar, examinamos dois ativos circulantes importan
tes: estoque e caixa.
to, levaríamos cerca de 114 dias para liquidar nos
so estoque atual.
Por exemplo, frequentemente ouvimos frases
tais como "A Majestlc Motars tem um estoque de
carros para 60 dias. Um período de
30 dias é con
siderado normal." Isso quer dizer que, ao rirmo
atual de venda, seriam necessários 60 dias para
acabar com o estoque disponível. 1\:xleríamos dizer
também que remos 60 dias de •endas em estoque.
n
Giro de cont as
receber e dias de
vendas em contas a receber
Nossa medida a respeito do estoque fornece
alguma indicação sobre quão rapidamente pode
mos vender produtos. Agora exatnínamos quão
rapidamente podemos cobrar as vendas efetuadas.
O giro de conras a rrceber é definido da mesma
maneira que o giro de esroque:
\cndas
Giro de contas
a receber
Comas a receber
-
vendas em estoque
Durante o ano, a Prufrock teve um custo de
i
1.344. O estoque ao fnal
mercadoria vendida de $
do ano era $ 422. A partir desses dados, o grro do
esroque pode ser calculado por:
Giro de
[3.9]
estoque
$ 422
114 d'ras
da. Alternativamente, supondo que ti,·éssemos uti
lizado os números mais recentes de estoque e cus
Giro do estoque e número de dias de
$ I 44
=
[3.10)
Isso nos dil que, grosso modo, o estoque é
mantido por 114 dias, em média, antes de sua •en
6,9 vezes
Neste caso, o numerador (LAJI mais depreci
ação), geralmente, é abreviado para LAOJI (lucro
•
Giro do esroque
- 3,2 vezes
Em certo scntido, liqlridamos ou giramos todo
o estoque 3.2 vezes. Desde que não esteja haven·
do falta de estoque, e portanto nào existam enco
mendas nao atendidas, quanto maiorror e�se índi
ce, mais eficientemente estaremos administrando
o eStoque.
Se sabemos que giramos nosso estoque 3,2
vezes durante o ano, podemos estimar imediam
mente quanto LCmpo levou para girá-lo, em média.
S 2 311
$ 188
=
[3.11)
12,3 vezes
Em termos aproximados, cobramos nosso
saldo de contas a receber e damos crédito no•a·
mente 12,3 •ezes durante o ano.2
Esse índice faz mais sentido quando o ronver·
temos em dias; portanto, os dias de •endas em
contas a receber são dados por:
Dias de
vendas em
contas a
receber
=
365 dias
Giro de contas a receber
[3.12)
365 t
as
30 d
'
12,3
--
Em média, portamo, cobramos nossas vendas
a prazo em 30 dias. Por esse mOti\O, este mdice
2.
SupomOl JmplK1111llt'nte, nc.c;.::seca�. que todas'" \todtt�
são a crédito. Se- nilo o fossem. teriamo\ �inlplr(mcmc
miliz.ado o tot�-'1 de vendas a crédi[o nesse cálculo. t' nfto
as vcndns totais.
UTILIZAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES rtNANCE
I RAS
também é comumerlle denominndo 1>razo médio de
recebimento (PMR).
Note também <1ue, se tivéssemos utilizado as
cifras mais recentes, poderíamos afinnar que temos
30 dias de vendas ainda não recebidas. Descobri
remos mais a respeito dessa questão quando esru
dannos política de crédito, em capítulossubseqüen
tes.
�MPLO
3.3
Mais giro
Suponha que você encontre un1.1 cl�wrmona
da empresa que gera S 0,40 ele vendas para cad,,
dólar de ativo total. Quão frequentemt•ntt• "" '
empresa gira seu ativo total/
O giro do ativo total. aqui nc>tc GI'>O. é 0,40
'
veLes por ano. Portanto. a empresa leva 1/0.·10 •
anos para girar completamcntt• 5<."-" atov(l'. .,..
MPLO 3.2
l.S
Giro de contas a pagar
Apresentamos aqUI uma \ariação do prazo
mt'dio de rt-ct:bomcnto. Quanto tempo leva, t•m
média, para a l'rutrock Cooporatoon pagar suas con
tas? Para rt·spcmdt:r, prccr,amos calcular o giro de
contas a pagar ulil11ando o custo da mercadoria
\Cndoda. Estart:mo< supondo que a Prufrock com
pra tudo a uédoto.
O cu,to da mt•rt,1doria vt·ndida � $ 1.344, c
,,, (Ont�h .1 fMHM �o,c)O igu,th.. ,, $ '344. O giro, por
tanto, é $ l .J44/S )44 • J,9 vezes. Assim sendo, as
contt�� « pilgilr giraram ,, Ccld{l 361)/3,9 94 dia'>. Em
média, portanto, a l'outrock lev.l '14 dias para pagar
0.., form.�< l•tlort�.,. Como um pol< n<"Í ll n<•rlor, d('ve
remos estao atentos a e��e 1.llo.
MEDIDAS DE RENTABILIDADE
As três medidas que discutimos nesta seçao
talvez sejam os mais conhecidos e mais utilizados
de rodos os índices financeiros. De um modo ou de
outro, eles pretendem medir o quão eficientemen
te a empresa utiliza seus ativos e administra suas
operações. Esse grupo se preocupa com a última
linha da demonstração do resultado, ou seja, o lu
cro líquido.
=
'
(
Giro do ativo total
Margem de lucro
As empresas dedicam muita <ltençiio n sua
margem de lucro:
Margem de lucro
Af<�stando nos de contas específicas, como
estoques ou comas a receber, podemos considerar
um índice gloll<JI importante, o índice de giro do
ativo total. Como seu nome sugere, o giro do ativo
total é:
Giro do
\1nd
_
atilo total =
[3.13]
Ativo tot.ll
$
11
$ 3.588
=
0,64 vezes
Em outras palavras, para cada dólar de arivo,
geramos $ 0.64 em vendas.
Um índice que e>tá intimamente relacionado
a esse é o ndice
í
de imensidade decapical, que é jus
tamente o reciproco do giro total de ativo (isto é,
1 dividido pelo giro do ativo total). Pode ser inter
pretado como sendo o investirnento cm dólares em
ativos necessários para gerar $ 1 de vendas. Valo
res altos correspondem a indústrias de capital in
tensivo {tais como serviços de utilidade pública) .
No caso da Prufrock, o giro total de at ivo é 0,64;
portanto, se inve11et1110s esse número, obteremos
a inten�idade de capitnl, que é 1/64 = $ 1,56. Isso
significa que a l'rufrock utiliza $ 1,56 de arivos para
gerar $ 1 de vendas.
=
=
Lucro hquido
Vendas
s 3ó3
s 2 31
[3.14]
15,7%
Isso nos mostra que a Prufrock. em termos
contábcis, gerou um pouco mais do que 16 cema
vos de lucro para cada dólar de venda.
Se todo o resto for mantido inalterado, uma
margem de lucro relativamente alta é obviamente
desejável. Essa situaç
ão corresponde a um baixo
índice de despesas em relação a vendas. Entret.m
to, apressamo-nos a acrescentar que, frequente
mente, as outras coisas não permanecem inalter(l·
das.
Por exemplo, ao diminuirmos nosso preço de
venda, geralmente aumentaremos o volume de
vendas
m
as
d
a
nonnalmente isso causará urna dimi
margem de lucro. O lucro total (ou, mais
nuição
importante, o fluxo de caixa operacional) pode
subir ou cair; portanto, o fato de que a margem
diminui não é necessarian1eme mau. Afmal de con
tas, não seria possível, como diz o ditado, que "Nos
so preço é tão baixo que perdemos dinheiro em
tudo o que vendemos, mas o compens<�mos com
volume elevado!"3
3.
Não, não épossível. A<> m.argcns podem )C!r IX:qucua�,
terão que ser necessariamente posith•{IS.
lll{l.li
115
86
PARTE 11 - COMPREENDENDO DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E FLUXOS DE CAIXA
Retorno do ativo
O retorno do arivo (ROA) é uma medida de
lucro por dólar em ativos. Pode ser definida de cti·
versas maneiras, mas a mais usual é:
Retorno do ativo =
=
Lucro líquido
Total do ativo
$ 363
$ 3.588
[3.15]
Supomos que a Prufrock pOSS\ti 33 milhões de
ações e que as açôes são negociadas a $ 88 por ação
ao final do ano. Se lembrarmo-nos que o lucro lí·
quido da Prufrock é igual a $ 363 milhões, pode·
remos então calcular seu lucro por ação:
LPA =
= 10 12%
'
=
Lucro líquido
[3.17]
Número de ações
$ 363
$33
;
$ 11
Retorno do capital própri o
Índice preço/lucro
O retorno do capital próp!io (ROE) é uma
medida de desempenho do investimento dos acio·
nistas durante o ano. Uma vez que beneficiar os
acionisl·as é o nosso objetivo, o ROE é, em termos
contábeis, a verdadeira medida de desempenho em
tennos de lucro. O ROE, geralmente, é medido da
seguime maneira:
Nossa plimeira mectida de valor de mercado,
o índc
i e preço/lucro, ou índice (ou múltiplo) P/L é
defmido por:
Retorno do
Lucro li
quido
=
capital próprio
Patrimônio líquido
$ 363
$ 2.591
Índice P/L =
Para cada dólar de capital próprio, portanto,
a Prufrock gerou 14 cemavos de lucro, mas, nova·
mente, isso está correto apenas em termos coo·
táheis.
Como o ROA e o ROE são números comumen·
te citados, enfatizamos o faro de que é importante
lembrar que são taxas de retorno contábeis . Por tal
ra?.ão, essas medidas deveriam ser adequadamen·
te denominadas retorno do ativo cortrábil e raxa de
retorno do patrirnônio IÍ<juido contábil. lndependen·
temente de sua denominação, seria inadequado
comparar o resultado, por exemplo, a uma taxa de
juros observada no mercado financeiro. De fato,
conforme indicado no Princípios em Ação deste
Capítulo, o que é um bom ROE parece ter mudado
ao longo do tempo.
O ato
f de que o ROE é superior ao ROA re·
flere o uso de capital de terceiros pela Prufrock.
Examinamos mais detalhadamente a relação entre
essas duas medidas um pouco mais adiante.
Diríamos, em um sentido contábil, que as
ações da Prufrock estão sendo vendidas a 8 vezes
o lucro, ou também poderíamos dizer que as ações
da Prufrock têm um múltiplo P/L de 8.
Como o índice P/L mede quanto os investido·
res estão dispostos a pagar por dólar de lucro cor·
rente, P/L mais elevados geralmente são vistos
corno associados a empresas que possuem ótimas
perspectivas de crescimento futuro. É claro que se
uma empresa possui lucro muito pequeno, ou ne·
nhum, seu P/L tende a ser muito elev<1do; portan·
to, é necessário tomar cuidado ao interpretar este
ndice.
í
Preço/valor patrimonial
Uma segunda medida bastante citada corres·
ponde ao índice preço/valor parrimonial:
Nosso grupo final de mectidas está baseado,
em parte, em informações não necessariamente
contidas nas demonstrações financeiras-preços de
mercado de ações. Obviamente, essas medidas só
podem ser calculadas diretamente para empresas
com ações negociadas em bolas.
[3.19]
Preço/valor patrimonial =
ç
ões
Valor de mercado das a
Valor patrimonial das ações
=
MEDIDAS DE VALOR DE MERCADO
[3.18]
$88
= -- = 8 vezes
$ 11
[3.16]
= 14%
Preço por ação
Lucro por ação
$88
($ 2.591 I 33)
=
$88
---
$ 78,5
= 1,12 vezes
Note que o valor patrimonial da ação é igual
ao pauimônio líquido (não apenas ações ordiná·
rias) dividido pelo toal
t de número de ações.
Como o valor patrimonial da ação é uma
medida contábil, ele reflete o custo histórico. Em
um semido vago, o índice preço/valor patlimonial
compara portanto o valor de mercado do investi·
memo em uma empresa a seu custo. Valores infe·
I.ITILIZAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINAI!C.EIRAS
87
Princípios em Ação
Um Clube Exclusivo Reabaixa seus Padrões de
Admissão
O
A taxa de retorno do pao·i
ximadamente, a um max1mo um
mônio líquido, ou RO.E, há
muno vem sendo uuhzada
pouco nferior
i
a 20%, sendo a média
do período g
i ual a 14,5%. Tem sido
por analistas de investimento para
avaliar a saúde das empresas. I Iistori
observada Um<l tendência de eleva
ção do RO!i desde 199L
carnente, o ROE médio das empresas
no índice Standard & Poor's 500 tem
c
medidas de
O problema, om
desempenho de empresas como o
oscilado enrre 10 c 15% por muitos
anos, e uma taxa superior a 20% cos
rumava ser suficiente para colocar a
empresa num grupo de elite. Enrretan
Lo, no primeiro trimestre de 1995, o
lo do ndice
í
estão sujeitas a variação
de um ano para outro. Por exemplo,
Tudo isso nos leva de volta à
questão fundamemal: foi o primeiro
se uma empresa resolver dar baixa
nário, se comparado com os padrões
históricos. Dessa maneira, teria sido
seu patrimônio líquido diminuirá
para sempre. Como o palrimônio lí
possível afirn1ar que as empresas são
quido é o denominador do ROE, o
mais rentáveis do que no passado, em
1995, ou tornou-se subitamente mais
ROE se elevaria. As empresas perten
fácil alcançar o até então difícil padrão
de 20% de ROE?
SOO fir.eram vários desses lançamen
tos contábeis no inicio da década de
90, o que provocou um aumento do
cada pelos acionistas. De 1978 até o
final de 1994, o ROE médio no merca
do variou de um mínimo de 9%, apro-
mas não indican1 necessariamente um
at•mento de remabilidade das empre
sas. Na verdade, essas mudanças difi
cultam a comparação de valores de
ROE de um ano para outro.
num ativo obsoleto, como uma fábri
ca ulrrapassada, o valor contábil de
seca de rentabilidade. Mede o lucro
que um<1 empres<l gera pOr uói;Lr apli
tassem no futuro. Em conjunto, esas
s
mudanças contábeis elevaram o ROE,
ROE, está no fato de que as contas
utilizadas como dados para o cálcu
ROE médio dessas empresas era igual
a 20,1%, um desempenho extraordi
O ROE é encarado por muitos
como uma importante medida intrín
bilizavam os benefícios de assistência
médica de funcionários que se aposen
cenres ao Índice Standard & Poor's
rrimesrre de 1995 um período de ren
tabilidade realmeme incomum para as
empresas incluídas no Standard &
Poor's SOO? É indiscutível que nem
todos os aumentos recentes de ROE
são devidos a mudançM de práticas
contábeis. Entretanto, dadas as altera
ções de valor contábil do parrimônio
líquido ocorridas no início da década,
o limite até então tão elevado, de 20%,
pode ter-se tornado temporariamente
ROE. Os valores comábeis também
mais fácil de alcançar do que cosnuna
são sensíveis a alterações de práticas
con1ábeis. Os valores comábeis de
va ser.
paoimônio líquido também diminuí
ram em 1992, quando as empresas
alteraram o modo pelo qual conta-
riores a 1 significam que a empresa não tem sido
bem-sucedida em criar valor para seus acionistas.
CONCLUSÃO
ATabela 3.5 restune os índices discutidos por nós.
Quais são os cinco gn•pos de índices?
Dê umou dois exemplos de cada gru
po.
3.2b
índices mais comuns. Falaremos mais a respeito
deles, mas por ora basta. Pararemos aqui e prosse
guiremos com a discussão sobre as maneiras de
utilizar esses índices em vez de apenas calculá-los.
Til<' Wall Stn!.et Jnumal, 'I May 1995, p. CJ
Questões conceituais
3.2a
Isso encerra nossa definição de alguns dos
hc2(YM, Club �o Longcr Js bclu�ive.
Fonte: '1
Todos os índices de giro possuem
uma de duas cifras como numerador.
Quais são essas duas cifras? O que
esses índices medem? Como você
n
i terpreta seus resultados?
3.2c
Todos os índices de lucratividade
possuem a mesma cifra no numera
dor. Qual é? O que esses ndices
í
me
dem? Como você interpreta seus re
sultados?
3.2d
Dado o índice de endividamento ge
ral, que ourros dois índices podem
ser calculados? Como isso pode ser
feito?
88
PARTE LI - COMPREENDENDO DEMONSI'HAÇÕI'.S PINANCaiRAS f. P I
UXOS OH CAIXA
Tabela 3.5
fndices
financeiros
comuns.
I. Índit4!11 d•· o;oi\·Cntia .1 (-urto prazo ou liquide7
•
"'===:..
p
Ot.n dt• veod.,
lnci
t nl.. a r«I
{< do
elo
t
to
""
'
11. indiln dt> sol\I'I'Ki.a a longo pr.uo uu
f'nd"MLUutnto
"""""" doI
""
do< <le
T. ,
•
•de rt:lomo •kJ
( ptl.iiiW'ÓfJrl(l
J
lA
"
Cnhc11111 ti caill
t
3.3 A Identidade Du Pont
das de rentabilidad� renete a utilização de finan
ciamento com capital de terceiros, ou alavancagem
financeira. IluStramos essa relação entre essas duas
medidas nessa seçao, investigando a famosa de
composiç.ta do ROE.
Para começar, recordemos a definição de
ROE:
Retorno do
capital próprio
=
I idn
=
!..1 o liquido
Patr>m � l!qu1do Patrim6no hqmdo
Auvo
Luno lu1mdo
•
X
AI!v<
Paum
i ônio liquido
Voltando ao caso da Prufrock, por exemplo,
de terceiros capital
próprio era igual a 0,39 e o ROA era J 0,12%. Nos
so trabalho preseme n
i dica que o ROE da Prufrock,
conforme pre\iamente calculado, é:
ROE
=
x 1,39
=
141il
nd,ts x lucro hqt. lo
X
Ativo
[3.20]
\
c ndas
X
All\o
Patrimomo liquido
Rearranjando a equação, remos:
Ativo
x --
Note que expr
.;amos o ROE: pelo produto de
e
dois omros fndices ROA e o multiplicador do ca
pital próprio.
10,12%
Podemos, a seguir, decompor o ROE multipli
cando o numerador e o denominador pelas \endas:
ROE =
A
t
i\
o
Luuu "'1111d )
fl 11mõnio tfU do
temos que o quociente capital
Se quiséssemos, poderíamos multiplicar esse
o Ativo. sem alterar nada:
índice por Ati\
Retomo do capital próprio -
•
=
ROA x Multiplicador do capital próprio
- ROA x (I + Capital de te
>
r
c
eiro
1
Capital próprio)
Lt.c.ro h
q do
Pmrimômo líquido
n • lijutU• KUL
.
ROE
IO sobre
Conforme mencionamos na discuSS{
ROA e ROl·. as diferenças entre essas duas medi
t
ROI:l
=
ve
..:::=.::....:::!:!:::.::o x _
. x
l
_
_-
Ativo
Amo
Património líquido
làxa de retomo dos at�>'O•
- Margem de lucro x Giro do acivo x
Multiplicador do capital próprio
UTIUZAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕfS FINANCEIRAS
O que fizemos foi decompor o ROA em mar
gem de lucro e giro do ativo. Essa última expres·
s.
io é denominada identidade Du Pont, pois foi
a Ou Pont Corporation que popularizou seu uso.
Questões con i;:u. •
3.3
o retomo do ati \
o, ou ROA, pode ser
apresentado como produto de dois
índices. Quais?
Identidade Du Pont
3.3b
T i>r s o popular que decompoe o ROl cm 11 s
emt•nlos: eficiência operac10nal, �11m•nrla d.1
o
s e alavancagem fínancl'im.
dos ati\
o re10rno do capital próprio, ou
ROE, pode ser expresso como produ
to de três fndices. Quais são?
ui hzaçao
Podemos verificar essa relação para a
Prufrock norandoque a margem de lucro era 15,7%
e o giro do ativo rotai 0,64. Portanto, o ROE deve
.er:
RO[- Margem de lucro x Giro do ativo total
Multiplicador do capital próprio
- 15,7'"' X 0,64
X
x
1,39
14%
O resuhado de 14% confere exa1amen1e com
o ROE que tfnhamos obtido antes.
A identidade Ou Pont mostra-nos que o ROF.
é afetado por rrês aspectos:
Eficiência operacional (medida pela margem
de lucro).
2. Eficiência no uso de ativos (medida pelo giro
do arivo total}.
3. Alavancagem financeira (medida pelo multi·
plicador do capital próprio).
3.4 Crescimento Interno e
Sustentável
Os retornos do ativo e do capital próprio de
uma empresa geralmente são utilizados para cal
cular duas cifras adicionais, ambas relacionadas à
capacidade de crescimento da empresa em crescer.
Examinaremos isso a seguir, mas anres introduzi
mos dois indic.1dores básicos.
ÍNDICE DE DISTRIBUIÇÃO DE
DIVIDENDOS E DE RETENÇÃO DE
LUCRO
1.
Dificuldades em termos de eficiência ramo
opemcional como na utilização de ativos (ou am
bas) produzirão uma diminuição do retomo do
i baixo.
arivo, que se traduzirá em ROE mas
Considerando a identidade Du Pont, parece
que a empresa pode alavancar seu ROE i>Or meio
do aumento de seu endividamento. Isso apenas
acomecerá se o ROA da empresa exceder a taxa de
juros da dívida. Mais importante, a u tilizaç�o de
financiamento por capital de terceiros exerce diver·
sos outros efeitos e, conforme discutiremos mais
profundamente em capítulos posteriores, a alavan
cagem utilizada por uma empresa égovernada pela
polftica de estrutura de capital.
A decomposição do ROE discutida nessa se
(âo é uma das maneiras convenientes de abordar
sistematicamente a análise financeira. Se o ROE é
insarisfarório de acordo com alguma medida, a
Identidade Ou Pont mostra-nos por onde podemos
comc�ar a investigar as razões.
Confonne vimos em diversos lugares, o lucro
líqui do da empresa é dividido cm duas partes. A
primeira corresponde aos dividendos pagos aos
acionistas. O que sobra é a adiç;io a lucros retidos.
Por exemplo, na Tabela 3.3, o lucro líquido da
Prufrock foi de S 363, sendo S 121 pagos como
dividendos. Se expressarmos os dividendos pagos
como porcentagem do lucro líquido, o resultado
será o índc
i e de distribuição de dividtndo.<:
Índice de distribuição de dividendos
DividendosLucro iquido
=
=
[3.21]
$ 121/$363
- 33 1/3%
=
Isso nos mostra que a Prufrock dis1ribuiu um
terço de seu lucro como dividendos.
Qualquer sobra que a Pn1frock não tenha dis·
tribuído sob a forma de dividendos fica retida na
empresa e, portanto, p ode mos definir o índice de
recençâo:
Índice de retenção
'dição a lucr rctdo LJJcro líqu
=
=
=
=
$ ?42.s 363
[3.22]
662/3%
Ou seja, dois terços do lucro líquido foram
retidos pela Prufroek. O fndice de retenção ambém
t
é conhecido como índice de rcinvestimenco, pois, na
89
90
l'"RTE 11-COMPREE!'>DE.'IDO PFMONSIH
AÇÓf.S FINANCEIRAS E FI..UXOS DE CAIXA
realidade, é a pane do lucro liquido que é rea
plicada na empresa.
Perceba que o lucro líquido só pode ser dis
tribuído ou reinvestido e, com isso, o índice de dis
tribuição de dividendos e o de reinvestimento pre
císão somar 1 . Falando de ourra maneira. se você
conhece uma dessas medidas, pode deduzir a ou
tra imediatamente.
EMPLO 3.4
Distribuição e retenção
A M;.lnson-Marilyn Corpor(llion rolinPir.mwn�
ll' di>tribui 40% de seu lucro líquido < orno dividen
do>. Qu.ll é o índi<'e de reinve>linwnwl S., o lucro
líqu•d<> ioi $ 800, quan1o O> acion"la> rPCeberam
t'ielivamenle?
'
o, emão o
Se o índ•ce de distnbUJçJo l' 40
eim
es1imen1o, precisa ser
mdice de retenção, ou r
•gual a bO'}u, pois os dois índ1ce> prec"am -.omar
I 00'}.,. O, dividendos ioram iguai> a 40'}• de S 800,
ou wp, $ 120. <li
ROA, ROE E CRESCIMENTO
Os investidores e os demais inJeressados, rre
qücntemente, desejam saber o quão rnpid;unente
<IS vendas da emprea
s podem crescer. O falo impor
tante a ser reconhecido é que, para as vendas cres
escer, pelo
rerem, os ativos também precisam c•
menos a longo prazo. Além dis.ro, se os ativos vão
crescer, a empresa precisará obrer de alguma ma
neira o dinheiro para pagar as aquisições necessá
rias. Em outras palavras, o crescimento precisa ser
financiado, e o corolário direro é o de que a capa
cidade de crescimento da empresa depende de sua
política de financiamento.
A empresa conra com duas grandes possibi
lidades de financiamento, incemo e exremo. O fi.
nanciamcnto interno refere-se ao que a empresa
arrecada e subseqüentemenre reinveste no negócio.
O financiamento externo refere-se aos fundos le
vantados por meio de empréstimos ou vendas de
ações.
Taxa de
crescimento interno
Suponha que uma empresa renha como polí
tica de financiamento de crescimento o uso apenas
ROA x b
1 - ROA x b
Taxa de crescimento
n
i terno
[3.23]
onde o ROA é, usualmente, o retomo do ati\'O, e b
é o índice de retenção ou reinvestimento que aca
bamos de díscutir.
Por exemplo, no caso da Prufrock Cor
poration, calculamos anteriormente o ROA de
10,12%. Também vimos que o lndice de retenção
era 66 2/3%, ou 2/3 c, portanto, a taxa de cresci
mento interno é:
ROA x b
Taxa de crescimento
interno
ROAxb
0,1012x(2/3)
•
1 - 0,1012 x (2/3)
•7,23%
Ponanto, se a Prufrock basear-se apenas no
financiamento gerado internamente, poderá cres·
cer no máximo 7,23% ao ano.
Taxa de crescimento Interno
Taxa máxima pos�lwl de nesrimento para uma
empresa que se baseia apenas em llnanciamento
int('IIIO.
Taxa de
crescimento sustentável
Se uma empresa basear-se apenas no finan
ciamento interno, então, a longo prazo seu ndice
í
de endi\idamento geral diminuirá. Isso acontece
rá porque os ativos crescer.10, mas a dívida total
permanecerá a mesma (ou até diminuirá se for
parcialmente liquidada). Frequentemente, as em
presas possuem um determinado índice de endivi
damento geral ou multiplicador de capital próprio
que é visto como ótirno (o porquê disso será assun
to do Capímlo 13).
Com isso em mente, consideremos quão ra
pidamente uma empresa pode crescer se (l) dese
ja manter um determinado índice de endivida
mento geral e (2) n�o deseja vender novas ações.
Existem diversas razões pelas quais uma empresa
deseja evitar a emissão de novas açócs, e na reali
dade, a emissão de ações por empresas estabe
lecidas, é uma ocorrência rara. Dadas essas duas
premissas, a raxa máxima de crescimento que pode
ser alcançada, denominada taxa de crescimen
to sustentável é:
Taxa de crescimento
sustentável
ROf x b
de financiamento interno. Isso significa que a em
presa não tomará recursos emprestados e nJo ven·
derá nenhuma nova ação. Quão n1pidamente pode
a empresa crescer? A resposta é dada pela taxa de
crescimento in1erno, excc1o pelo uso do ROE em
crescintento interno:
lugar do ROA.
• 1 - ROE x b
[3.24]
Perceba que isso é o mesmo que a taxa de
I RAS
O DE DEMONSmAÇ(WS J INANCE
Lfi'IIJZA�
F.xaminando o caso da Prufrock, c.'lculamos
anteriormente um ROE de 14%, e sabemos que o
1.
índice de rerenc;ão é 213; ponanro, podemos rapi·
dameme calcular a taxa de crescimento susrenrá·
\'ti:
tará o crescimento sustentável.
2.
Taxa de crescimento
ROE x b
sustentável
1- ROE X b
=
=
0,14
X
Giro do ativo totaL Um aumento do giro do
ativo roral de uma empresa eleva as vendas
geradas por dólar de arivo . Isso diminui a ne
cessidade de novos arivos da empresa à medi
da que as vendas crescem e. portanto, amnen
ta a taxa de crescimento sustentável. Perceba
(2/ 3)
l - 0,14x(2/3)
que aumentar o giro do arivo torai é a mesma
coisa que diminuir a intensidade de capitaL
10,29%
3.
Taxo de crescimento sustentável
emue no1as ações.
Se comparar essa raxa decrescimentosu�1en·
r;ilel de 10,29% à taxa de crescimento interno de
A
razão par.r tJI é que, à medida que uma empresa
cresce, ela irá tomar recursos adicionais empresta·
dos, para n><�nter um índice de endividamento
conswnte. Esses novos empréstimos slio fomes ex
Iras de financiamento em adição aos fundos gera·
dos internamente e, portanto, a Prufrock pode ex·
Pl>lítica financeira. Um ;mmenro do quociente
capital de terceiros/capital próprio aumenta a
�1x.1 moh:1ma de crescimento possrve1 para uma
empres.• que mantém um n
í dice de
end"idamento geral constame e nao
7,23%, você vai querer saber por que é maior.
Margem de lucro. Um aumento da margem de
lucro aumentará a c.'pacidade da empresa de
gerarfundos internamente e, portamo, aumen·
alavancagem fmanceira da empre.�a. Com isso,
torna novosfinanciamenroscom capital de ter·
ceiros disponíveis, aumenta a taxa de cresci
4.
mento susrentál'el.
Política de di1idendos. Uma diminuiçao da
porcentagemde lucro líquido distribuido como
dividendo aumentará o nd
í ice de retençao. Isso
amplia o capital próprio gerado internamente
e, portanto, aumenta a taxa de crescimento ln·
temo e sustentáveL
A taxa de crescimento susrcruável é uma ci
fra muito útil llusrra a relação explkila entre as
quatro principais áreas de preocupação de uma
.
1>nndir-se mais rapidamente.
empresa: sua eficiência operacional, medida pela
Determinantes do crescimento
Em seções pré1ias, vimos que o retomo do
de financiamento, medida pelo quocienre capital de
terceiros/capital próprio, e a política de dividendos,
medida pelo índice de retenção. Para que as ven
de modo tao importante na determinação da raxa
de crescimento sustentável, os fatores m
i portantes
mento suStentável, a empresa precisará aumentar
sua margem de lucro, aumenrar o giro do ativo
total, aumentar sua alavancagem financeira, ou
capiral próprio, ou ROE, pode ser decomposto com
base na identidade Du Pl>nt. Como o ROE aparece
para se determinar o ROE também são importan·
tes para determinar o crescimento.
Conforme vimos, o ROE pode ser escrito
como produto de três fatores:
ROi;
Margem de lucro x Giro do ativo total x
Mulriplicador do capital próprio
Se examinarmos nossa expressão para a taxa
de cresdmento susremável, veremos que qu.llqucr
coisa que aumente o ROE irá aumenrar a raxa de
rrescímemo sustentável, tomando o numerador
margem de lucro, sua eficiência na utilização dos
ativos medida pelo giro do ativo torai, sua polírica
das cresçam a uma taxa superior à taxa de cresci·
aumentar a retenção de lucro ou emitir novas
ações.
As duas taxas de crescimenro. interno e sus·
tcntável, estão resumidas na 'l'nbcla 3.6.
Questões conceituais
3.4a
O que nos mostra a taxa de cresci
mento n
i terno de uma empresa?
3.4b
O que nos mostra a raxa de cresci·
menro sustentável de uma empresa?
maior e o denominador menor. O aumento da raxa
de reinvestimento produzirá o mesmo efeito.
Juntando tudo, temos que a capacidade de
uma empres;l de sustentar seu crescimento depen·
d� explicitamente dos quatro seguintes farores:
3.<k
Pl>r que a mxa de crescimento susten·
tável prova,·elmente será maior do
que a taxa de cre�cimento interno'
91
...
------------------------------
92
PARTE 11-COMPREENDENDO DMONSTRAÇÓ�S
E
FINANL�IIIAS 1:: FWXOS DE CAIXA
I.
Resumo das
taxas de
crescimento
interno e
sustentável.
Ta�a de crescimento interno
T•'·' dt 1r.·.,çimt•nto
R.:;
x b..,.;. ..
A: ;_.;
;:;
.: ,;.:.O
interno = ..,.:.
ROA b
X
OIKII':
ROA • la\a de retorno dos ativo> = LU<ro liquodo/Ativo total
b
Ta•a de retenção de lucro = Adição a lucoo retodo/Lucro
=
liquodo
A l�lx.l dt\ < rc�(imento i nterno é a taxa máxima de t I(>Sc imento que uma
emprcs,1 pode .1lcanç.1r sem o uso de folite' Pxt<•rn,,, dt• ftn.•nciilmcnto.
11. Taxa de crescimento sustentável
Taxa de crescimento sustentável
onde:
ROE
=
x
ROC
h
1 - ROF X b
T,1x,1 de retorno do Património líquodo = Luuo liquido/
Patromônio líquido
I>
T.",t ciP relen<,.-ão de lucro
= '\dição a lucro retido/Lucro loqUido
ecr<.
• dt• < uA ld\.
-.< in
w
nto 'u-..tentá"
el é a ta'a máxam.1 d
·
...c u
n
ento que uma
e
mp
ll
"''
·p
o
d
e alcançar se
m fin
ento �'
"'mo d
a nciam
t
• 1apo1.11 pr
ópno e man
tendo o quoco<!nte capital pópri
' corNante.
o/c a pital de terct:lro
r
•
=
3.5 Uso de Informações
Extraídas de
Demonstrações
Financeiras
Nossa última tarefa neste capitulo é discutir
cm maiores detalhes alguns aspectos práricos da
análise de demonsuações financeiras. Parricular
mente, examinaremos as razões para realizar aná
lises de demonstrações fmanceiras, como obter
padrões de referência e alguns problemas que sur
gem neste processo.
POR QUE AVAUAR
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS?
tativos. Aqueles índices que são os que aparente
mente mais diferem da média silo selecionados
para análises futuras.
Usos internos
As informações extraídas das demonstrações
financeiras possuem diversos usos dentro da em
presa. Dentre as mais imporranres está a a,·aJiaç.
ío
de desempenho P\:>r exemplo, os administradores
freqüentemente são a"aliados e remunerados com
.
base em medidas contábeis de desempenho, como
margem de lucro e retomo do capital próprio, por
exemplo. Além disso, as empresas que possuem
várias divisões, frequentemente, comparam o de
sempenho dessas divisões utilizando informações
extraídas de demonstrações ílnanceiras.
Outra aplicação importante das informações
extraídas das demons trações ílnanceiras envolve o
.
planejamento para o futuro As infmmações histó
Como já foi discutido, a razão principal para
examinar informações contábeis é a de que não
ricas extraídas de demonstrações financeiras são
remos informações de mercado, dt:\emos utiliz.
í-las
em vez dos dados contábeis. Além disso, se existir
um conflito entre os dados contábeis e de merca
Usos externo:.
possuímos e não podemos esperar obter, de uma
ma neira razoá,·el, as informações de mercado ne
cessárias. É importante enfatizar que, sempre que
do, deve-se dar preferência aos dados de mercado.
A análise de demonstraçoes financeiras é es
sencialmente uma aplicação do princípio "adminiS·
tração por cxccção". Em muitos casos, tal análise
se reduzirá à comparação dos índice� de urna em·
1>resa a algum tipo de média ou índices represen-
muito úteis para gerar projc�õcs para o futuro e
avaliar o realismo das premissas contidas nessas
projeç
ões.
As demonstrações financeiras são úteis para
n
i divíduos e organi1A1çôcs externas à empresa, in
cluindo credores a curto e longo prazo e n
i vestido
res em potencial. Por exemplo, con�ideraríamos
essas informações muito thcis ao decidir se conce
deríamos ou não um crédito n um novo cliente.
94
IAAÇ0ES HNANCf.IRAS E FUJXOS DE CAIXA
PARTE 11- COMPREENDENDO DE
MON;,
rável, mas a Neiman-Marcus tem o mesmo código
SIC. Será que a Wai-Mart e a Neiman-Marcus sao
realmente compará•eis?
Conforme mostra esse e�emplo, tah·ez não
seJa apropriado usar indiscriminad.tmente médias
baseadas em códigos de classiflcaçao industrial. Em
vez disso, os analistas, normalmente, identificam
um conjunto básico de concorrentes c depois cal
cul"m uma série de médias apenas a partir desse
conjunto. Além disso, também poderíamos estar
interessados num grupo das principais empresas do
setor, e não na empresa média. Tal g1upo é deno
minado grupo de aspiração, porque aspiramos ser
como essas empresas. Neste caso, uma análise de
demonstrações financeiras rcvclarin o quanto ain
da precisamos progredir.
Feitas essas ressalvas sobre os códigos SIC,
podemos agora dar uma olhada num setor especi
fico. Imaginemosque nossa empresa opere no ramo
eis. A 'labela 3.8 for·
de comércio varejista de mó\
nece algumas demonstrações finance1ras de tama
nho comum e condensadas para esse setor, prove
nientes da Robert Morris Associares, uma
das vá·
rias fontes de tal ópo de informaçao. A Tabela 3.9
fornece alguns índices calculados por essa mesma
fonte.
Vemos aí uma grande quantidade de informa·
ção. No lado direiro da Tabela 3.8 encontramos
in formações correntes divulgadas para diferentes
grupos com base nas vendas. Em cada faixa de ven
das. são divulgadas informações de tamanho co
mum. Por exemplo, empresas com 'endas na faixa
entre S 10 milhões e $ 25 milhões possuem caixa
e aplicações financeiras em nível igual a 7.2% do
total dos aóvos. São 73 empresas pertencentes a
esse grupo, de um total de 681.
Tabela 3.7
Códigos SIC de
dois díg
itos
selecionados.
No lado direito, remos trés anos de dados
históricos resumidos de rodo o grupo. Por exemplo,
o lucro antes de impostos caiu de 2,5% para 2,1%
das vendas durante o penodo.
A Tabela 3.9 contém alguns fndices seleciona
dos, novamente apre�ntados por faixas de vendas,
no lado direito, e por perfodo histórico à esquerda.
P<tra ver como poderfamos u�ar �ssas informações,
imaginemos que nos�a empres;t tenha um índice de
liquidez corrente igua l a 2. Com base nos dados
fornecidos, esse valor é anormal?
Examinando o fndicc de liquidez corrente
para o grupo como um todo (terceira coluna a con
tar da esquerda), 'emos tres números. o número
apresentado no meio, 1,7, é a mediana, o que sig·
n
ifica que metade das 681 empresas tinha índices
de liquidez corrente mfenores a 1.7 e metade su·
periores a 1,7. Os outros dois números são os
quartis superior e inferior, respectivamente. Portan
to, 25% das empres.'lS tinham índice superior a 2,6
e 25% ónham índice inferior a 1,2. Nosso valor, 2,
está confortavelmente situado dentro desses limi
tes, e, portanto, não parece ser anormal. Esta com
paração ilusrra como é importante conhecer a am
plitude dos fndices, além de saber qual é a média.
Note como o fndice de liquidez corrente tem per·
manecido estável nos últi mos três anos.
MPLO 3.5
Mais índices
Examine o' d.ldo' •'fl"""""lddO> para Vendas/
Contas a ren·lx-r e l
A)(
Juro- na Talx·la 3.9. Quais
são as mediclnoi' gt'r,,,,, Qu._,,, ,3o <h n� �ses
índices?
Agri<ultur�1, Silvi< ullurt� (• Pe"ol:c.l
O1 Produ�.)n .tgri<ol,t Safras
(111LMI't
02 Silvu ulwr.l
I ,\1111!'1.lÇ.lO
I O '1.\rlltr.us melálu"'
1 l E\lraç�o de IX
trók�) e gás
con,lruç�o ovo)
on>lru\ao de prt'dios
15 c
16 Oulr,h 4:d•ír<..
1\<X''
lndúçtria de Tr.m�ror'llação
28 ProdulüS qUI MI<o' e ,Járm.
29 Relln,t�,m di.' pHróleo
35 M.t<juin.h, ''"CIO elélricas
J7 [<jUip.tntclllo' d.e trJnsporte
Servie;:o'> d<' Tr,lll'-fM>rll', Comunk<lçiío,
Llctricidade, (h).. t� Sl1neamento
45 Tran..p<>rtl' tl6l•n
49
Fl<"lncrd.ufC', g.h e ,,lne.tonenlo
Coonéruo V.liiii'IJ
'i4 Superont•oc,u)o,
55 R<>\tndt-dort.., cf•• \CICU)o, e
postos dt.• ,d),i),tC'CHtlt>nto
58 R('<.taur.tnle' e barc'
S<ogurn t• hnO\t"i'
60 lnlern�lraçào bancária
b3 Seguro'
Finiln<..h
(,) (urrt't,lgt:m dl• IIHO\et�
Serviço'
78 (Hl(
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80 A'Si,ll·ncr,t m(•drca
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UTIUZAÇÁO DE DEMONS1'RAÇÓES fiNANCEJRAS
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Se você voltar para nossa discussão, você ver�
que esses índices são os de giro de contas a rece·
bere cobertuta de juros (CJ). A mediana do giro
financeiras. Essa é a razão pela qual não podemos
i poname, e o que
afinnar qual é o índice mais m
apr
esem
a
do em negrito. A mediana para o CJ é 2,3
lado ao fato de que muitas empre.�s são conglome
rados, possuindo mais de uma linha de negócios
de comas a receber para todo o gmpo é 31,3 ve
ze�. Ponamo. o número de dias de vendas em con
tas a receber é 365/31,3 = J2, que é o número
dica que o cál·
,ezes. O número entre parênteses in
culo tem significado para apenas 605 empresas
entre 681. Neste caso, isso talvez se deva ao faro
de que apenas 605 empresas pagaram alguma
quantia significativa em termos de juros.
PROBLEMAS COM A ANÁLISE DE
INDICADORES FINANCEIROS
muito pouco auxilio em relação a demonstrações
seria um valor alto ou baixo.
Um problema particular e grave está vincu
nao relacionados. As demonstrações financeiras
consolidadas desses negócios não se ajustam na
realidade a nenhuma categoria de empresa. Voltan
do ao caso de lojas de depanamcntos, por exem
plo, a Sears tem um código SIC de 6710 (Holding
Offices), devido a suas diversas operações linancei·
rase de varejo. Mais genericamente, o tipo de aná
lise de grupos comparáveis que descrevemos fun·
clonará melhor quando as empresas anwrem eslri
tamcnte nos mesmos ramos, o se10r ror competiti
Encerramos es1e capítulo com uma discussão
de problemas adicionais que podem surgir ao se
ulili7•1rdemonstrações financeiras. De um modo ou
de ourro, o problema básico com a aná
l ise de de·
mons1raçocs financeiras é o de que não há uma
1�ria que nos ajude a identificar qual item ou in·
dic.tdor de\
e ser examinado e servir como guia no
estabelecimento de padrões.
Confonne discutimos em outros capírulos,
existem muitos casos em que a teoria financeira e
a lógica econômica fornecem uma referência para
realizar julgamentos sobre valor e risco. Existe
vo e só houver uma forma de operar.
Outro problema que se esr;l tornando cada
vez mais freqüente deve-se ao faro de que os prin·
cipais concorrentes e membros naiUrais do grupo
comparável, num setor, podem estar espalhados
pelo mundo. A indústria amomobilfstica é um
exemplo óbvio. O problema nesse caso é que as
demonstrações financeiras de outros pal.se� que não
os Estados Unidos não estão necessariamente de
acordo com todos os princípios comábeis ger;,
t lmen
te aceitos (GAAP). A existência de 1>adrõcs e pro
·
cedimentos direremes torna muito difícil a compa
·
95
96
PARTE 11 COMPREENDENDO llf�MO'ISTRAÇÓES FINANCEJRAS E fLUXOS DE CAIXA
Tabela 3 .9
Índices
selecionados.
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ração de demonstrações financeiras entre pafses
Mesmo empresas que pertençam elaramente
à mesma linha de negócio podem não ser compa·
ráveis. Por exemplo, as empresas de energia elérrica
engajadas principalmente nn <ltiviclade de geração
são rodas classificadas no mesmo grupo (SIC
4911). Esse grupo geralmente é considerado rela·
tivameme homogêneo. No entanto, as empresas de
serviços de utilidade pública geralmeme operam
em monopólios regulamentados c, ponanto, não
competem umas com as outras. Muitas possuem
acionistas e várias estão organizadas como coope·
rarivas sem acionistas. Existem inluncras maneiras
diferentes de gerar energia, desde hidroclérricas até
usinas nucleares; portanto, as atividades operacio·
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nais podem divergir bast�nte. Finalmente, a lucra·
tividade é fortemente afctada pela regulamenração
à qual a empresa está sujeita; com isso, empresas
em localizaçõesdiferemes podem ser semelhantes,
mas apresentar lucros clisrinros.
Há vários outros problemas que aparecem
frequentemente. Primeiro, empresas diferentes uti
lizam procedimentos conrábeis disrinros - para
contabilizar estoque, por exemplo. Isso dificulta a
comparJção de demonstrações. Em segundo lugar,
empresas diferentes encerram o ano fiscal em da·
tas distintas. Para empresas com negócios sazonais
(por exemplo varejocom grande pico de vendas no
Natal), isso pode Lrazer dificuldades à comparação
de balanços por causa das flutuações nas contas
durante o ano. Finalmente, para qualquer empre·
liTIUZAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
97
ções da empresa em realidade. O plane
Planejamento Financeiro a Longo Prazo
Samuel C. Weaver, Ph.D.
Diretor de Planejamento e Análi
se Financeira
jamento finant-eiro a longo prazo auxi
lia a ordenar as altemativas, priorizar
objetivos e dar uma direção à empresa.
O l>lanejamento a longo prazo
também pode ser utilizado para esta
belecer padrões e objetivos de desem·
penho. O resultado das decisões de in·
vestimenta em novos produtos é Lrans
Hershey Chocolate Norrh America
formado em objetivos de vendas e lu
i vestimento pesado em pro
cro. Um n
paganda não deveria apenas refletir-se
O planejamento estratégico é
em despesa de propaganda, mas tam
produtos novos. A produção, por ou
tro lado, preferiria fabricar um pro·
bém prever a elevação de vendas as
dmo padronizado de uma única ma
neira e evitar muitas das mudanças
sociada àquele esforço de propaganda.
As ins1alações deveriam ser revistas à
planejamento permeiam a organiza
associadas à diferenciação ou às di
luz da projeção de vendas e das pro
vidências tomadas para maximizar a
planejamento estratégico serve para
fictrldades ele início de fabricação de
novos produtos. A área de vendas
muito importante para qualquer orga
nização. Embora o planejamento em si
i
possa ter vida curta, os benefcias do
ão
ç e produzem efeitos duradouros. O
contribuição da produção.
canalizar a comunicação para diversos
gostalia de satisfazer a qualquer ne
cessidade dos clientes por amostras
Na Hershey Foods, algtms anos
atrás preparamos um plano financei
administração geral com a alta admi
niStração operacional na discussão das
e entregas especiais, enquanto a lo
gística preferiria uma abordagem
ro decenal. O esforço se transformou
num exercício esoLérico a partir do
padronizada e exigências de entrega
mais modestas.
terceiro ano de projeção. Portanto,
mais recernememe, condensamos o
níveis. No nível mais alto, reúne a alta
aspirações da empresa e os caminhos
para se chegar lá.
O planejamento estratégico reú
ne marketing, produção, logística,
vendas, l)esquisa e desenvolvimemo e
outras áreas para estabelecer e validar
uma meta e uma direção comum a
todos. O planejamento estratégico é
uma ferramenta utilizada pela alta
administração para abordar e pliorizar
os conflitos básicos inerentes ao negó·
cio. Por exemplo, marketing gostaria
de criar qualquer combinação e per·
mutação possível de uma linha de pro
duto estabelecida e introduzir diversos
sa especifica,
O planejamento esnarégico pro
porciona um ónun
f
para a discussão de
Lodos os aspectos do negócio, para
ouvir as diversas vozes e compartilhar
pomos de vista. Ainda bem que a em
presa é abençoada com empregados
dedicados que possuem muito mais
idéias do que os recursos da empresa.
O planejamemo a longo prazo é um
benefícios e ao mesmo tempo aumen
tava o rúvel de sentimento de partici·
pação de cada membro da administra
ção. O objetivo tornou-se viável. Os ge
entes
r
foram mantidos como respon
sáveis à medida que o primeiro ano do
plano estratégico se converteu no pró
quantifica benefícios financeiros, cus·
ximo plano/orçamento anual. Planos
estratégicos subseqüemes foram ali
ciarnento para transformar as aspiJ:a·
recimento contfnuos da direção.
modelo orgmúzado e sistemático que
tos e necessidades de capital ou finan
eventos extraordinários ou temporá
rios podem afetar o desempenho financeiro. Ao
comparar empresas, estes efeitos podem fornecer
sinais enganosos.
Questões conceituais
3.5a
Quais são alguns dos usos das análi
ses de demonstrações financeiras?
3.5b
O que são os códigos SIC e como eles
podem ser úteis?
exercício num modelo de três anos e
achamos que isso oferecia os mesmos
3.5c
nhados para se obter reforço e escla
Por que dizemos <)ue a análise de de
monstrações financeiras é uma admi
nistração por exceção?
3.5d
Quais são alguns dos problemas que
podem surgir com a análise de de·
monsrrações financeiras?
Resumo e conclusões
Este capítulo discutiu aspectos da análise de
demonstrações financeiras, incluindo:
98
""IITE U - COMI'IlEI'l>DENOO DEMONS'I'RACÓES FINA."CEIIIAS E FLUXOS DECAIXA
1
l'adronização de demonstrações finance
iras.
WllOHACK CORPORATION
F.xplicamos que as diferenças em termos de
tamanho de empresas dificultam a comparação
Balanço cm 31 de dezembro de 1997 e 1998
($milhões)
das demonstrações financeiras, � discutimos
como elaborar demonsrrações que facilitam a
2
comparação.
Análise de índices contábeis. Analisar índices
de números comábeis é uma outra maneira de
comparar informações extraídas de demonstra
ções financeiras. Ponanro, definimos e discu
timos vários dos índices financeiros mais divul
Ativo
Ativo circul,1nt<•
Caixa
tdentidade DuPont como uma maneira de
avaliar desempenho financeiro, c analisamos a
s
Contas a receb..r
Attvo permanentt!
lnstalaçõ('' t• t>quipamentos
(líquido)
3. Uso de demonstrações financeirns. Descreve
mos como estabelecer padrões com finalidade
de comparação e discuómos alguns tipos de
informações disponíveis. Examinamos a seguir
alguns dos problemas que podem surgir.
\t.-o total
notado que seu vocabulário de rermos empresa
riais e financeiros cresceu significativumente.
�..
Demon l
.-.
.• ..,
.Je tamnr..
368
s 768
s 6-18
S5
,
2
2
!!
$li154
S
5
,
296
S6.00
2
Contas a JlO!;,lr
Títulos a pagdr
s
s
Total
fxi gível a l ongo prol/O
Patrimônio I íquido
LucrO<> retido,
124
I,t
l
2
SI
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S
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$I,
8
04
144
l!l
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S1 I
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J
,
s2077
JOO
300
.z.m!
2.4-I
Z
Capital mai' reo,ervas
Problemas de revisão do
capítulo e auto-avaliação
192
Passivo
l'assivo cir(Uitll11e
Após estudar este capítulo, es)X'ramos que
você tenha alguma noçao dos usos e abusos das
demonstrações financeiras. Você também deve ter
88
$
224
Total
conexão entre rentabilidade, politica financei
ra e crescimento.
120
_...::!u2;!14
Estoque
gados e utilizados. Oiscuómos também a famo
sa
19981
1997
�2Z
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2
26 �6.0Q.il
s
2
.
1i
:i
li
Total
f\1SSÍVO total
<.omum.
A seguir, encontram-se as demonsrrações fi.
nanceiras mais recentes da Wildhack. Prepa
3 n .ndic
p: 'lceir•
Com bast' nos ba·
na demonstração de resultado do
problema anterior, calcule os seguintes índi·
lanços e
re uma demonstraçao de resultado de tama
nho comum com base nessas informações.
Como você imerpreta essa demonstração de
resultado padroni1.1da? Qual a porcentagem
das \'endas que vai para o cusro da mercado
ria vendida'
ces para 1998:
Índice de liquidez corrente
Índice de liquidez seca
fndice de caixa
Giro do estoque
WllDHACK CORPORATION
Demonstração de Resultado em 1998 ($ milhões)
s 3.756
Vt'nd,l\
Cu,to da mercador.� \cndtda
2.453
Dt•prt<<tação
Lucro antes de J"ro' e impostos
$
Juro\ JMgos
s
Lutro tributável
lm!JO'tOS 134%1
Luuo l iqwdo
Dtvidendos
AchçJo a lu<ro' r�>ltdos
s 46
86
s
;120
613
!íiJ
200
!!!!
132
Giro de contas a receber
Dias de venda em estoque
Dias de ''enda em conras a
receber
Endividamento geral
Cobenura de juros
Cobenura de caixa
�
O..w
uer•,.�ade .,,. �Mon•
CaJcule
parn 1998, o ROE da Wildhack Corporation
e, em seguida, decomponha sua resposta a
panir da identidade Ou Pont.
IJl'IUZAÇ.ÀO I)P. I)RMONS'III/IÇÕES riNANCEIRAS
3.4 Crescimento Sustentável
Com base
nas informações a seguir, qual é raxa de cres·
cimento que a Corwin poderá manter se não
utilizar financiamento externo? Qual é a taxa
de crescimento sustentável?
CORWIN COMPANY
Cu>lo d,, Mt!rc�doria Vendida
hll)JO"O (34%)
Lutro Hquido
lembrardas definições, consulte a 1àbela 3.5.
índice de liquidez c()fl'('fl(e
fndice de liquidez secJ
lndice de caixa
Giro de contas a receber
$ 2.750
2.400
--1.!.2
.i 2l1
Divid(mdos
77
$
CORWIN COMPANY
Oias de vend;;. em estoque
OiJs de vend;;a em contJs .
receber
Cirnolanlt!
A
li\
O
Perman('nte
liquido
Torai
Exigível a
$
600
longo pra?o
Parrimônio
Líquido
800
$ 1 .400
Total
C�lurd 00 caixa
lmpo,ro' (34%)
Lucro liqUido
D1vidE'ndoo.
\
5L
4
Qil
1
Ou I'Qnt, o ROE pode
seguinte maneira:
A partir da identidade
L2QQ
ser escrito da
ROE
=
Margem de lucro x Giro do atívo total x
Multiplicador do capitaI próprio
= $ 32'$ 3.756 X $ 3.7S6,$ 6.00/ X
$ 6.002/$ 2.742
=
3,5% X 0,6'>6 X 2
= 4,8o
=
do lu4 A Convio retémb = (I 0,33) =
cro liquido. O rerorno do ativo é S 231/
A taxa de crescimento in·
$ 1.400 =
•
temo é:
(ROA X b)
(1- ROA X b)
11
h) J
li o
(1- 0,165 X 0,67)
I'> 16 ..
O retorno do capital 1>róprio da Corwin é
19,25%; portanto, podemos
$ 231/$ 1.200
)1, I
=
calcular a taxa de crescimento sustentável
'I
I I
como:
(0,1925x 0,67)
(ROE xb)
(I - 0,1925 X 0,67)
(1-ROE x b)
Adição a lucros retidos
Como esta é a porcentagem de cada dólar de
vendas que atinge a úlrima linha da demons
rraç;
lo, o lucro líquido padronizado corres·
ponde à margem de lucro da empresa. O cus·
to dos produtos vendidos representou 65,3%
das vendas.
(0,165 X 0,67)
=
=
2 l (,
O lucro líquido alcançou 3,5% das vendas.
I \1
Note que o retomo do ativo, ROA, é 3,5% x
0,626
2,2%
WILDHACK CORP
ORATION
1998
Juro' fMgc"
Lueto lribur�vef
j',
{
S 2.742 = 4,8%, o que não é espetacularmen·
te alto.
200
s
Demonstração de Resultado em
Lucro anlt's de juros c impostos
,
entre lucro líquido e pauimônio liquido. No
caso da Wildhack, isso equivale a S 132/
resultado de tamanho comum. Lembre-se de
que simplesmente dividimos cada item pelas
'endas rotais.
VcndJ�
s /,
IH,h di.I
a.3 O retorno do capital próprio é o quociente
Apresentamos a seguir as demonstrações de
Cu>IO da mercadoria vendid<1
l)�ll<E'<iaç.lo
11 h
)J,n.·f. f•.on
l
CoberturJ de juros
Soluções dos problemas de
auto-avaliação
3
Ih
Endividamento ger�'l
Balanço Patrimonial
Ati•o
Calculamos os n
í dices a seguir com base nos
números do final do período. Se você não se
Giro do estoque
Demonstração de Resultado
Venda�
3l
=
4
I
Questões e problemas
L ito.. (Questõe 1
1.
1J
Mudanças no Ind1ce dP Liquid"z Cor
es
rente. Que efeito produziriam as seguint
99
100
PARTE 11
COMPREENDENDO DEMONSTMÇÔES FINANCEIRAS E FWXOS DE CAIXA
ações no índice de liquidez correme' Suponha
que o capital de giro líquido seja positivo.
a. Compra de mercadoria para estoque.
b. Pagamento de fornecedor.
e. Pagamento de empréstimo bancário a cur
to prazo.
d. Liquidaão antecipada de empréstimo a
longo prazo.
c. Cliente paga à empresa vendas reali?.adas
a prazo.
f. Es10que é vendido a preço de custo.
g. Estoque é vendido com lucro.
2. Índice de Liquidez Corrente. Explique
ç
o que significa uma empresa ter um índice de
liquidez corrente igual a 0,50. A empresa es
taria em melhor siruação se tivesse um índice
de liquidez corrente igual a 1,50? E se fosse
15,0? Explique suas respostas.
3. Interpretação de Índices 1-inunceiros.
Explique o tipo de informação que os seguin
tes índices fornecem a respeito da empresa:
a. Índice de liquidez seca
b. Índice de caixa.
c. Giro do ativo total.
d. Multiplicador do capital próprio.
e. Cobertura de juros.
f. Margem de lucro.
g. Retorno do ativo.
h. Retorno do capital próprio.
i. Índice preço/lucro.
Cálculo
4.
de Índices de Liquide�. Uma
empresa possui um capital de giro lfquido de
.
$ 950, passivo circulante de$ 2.500 e estoque
de$ 1.100. Qual é seu índice de liquidez cor
rente? E seu n
í dice de liquidez seca?
Cálculo de Índices de Rentabilidade.
Uma empresa possui vendas de$ 30 milhões,
ativo total de $ 42 milhões c dívida total de
$ 12 milhões. Se a margem de lucro é 7%, qual
é �eu lucro lfquido'/ Qual é o ROA? Qual é o
ROE?
6. Cálculo do Período Médio de Recebi
mento. A Fred's Print Shop 1><>ssui um saldo
de contas a receber d e $ 575.358. O total de
vendas a prazo realizadas durante o ano foi $
2.705.132. Qual é o giro de comas a receber?
Qual é o número de dias de vendas em contas
a receber? Quanto tempo levou em média para
os clientes liquidarem suas contas durante o
ano passado?
S.
7.
Cálculo do Giro de H�toque. A Mary's
Print Shop encerrou o ano com um estoque de
$ 325.800 e o custo da mercadoria ,-endida
totalii-OU $ 1.375.15 I. Qual é o giro do esto
que? O número de dias de venda em estoque?
Quanto tempo ficou uma unidade de estoque
na prateleira, em média, antes de ser vendida?
8. Cálculo de fndices de Endividamento.
Uma empresa tem um índice de enc:tividamemo
geral de 0,45. Qual é o quociemc capital de ter
ceiros/capital próprio? Qual o multiplicador do
capital próprio?
9. Cálculo de Índices de Valor de Merca
do. A Mcga Widgets Co. fez uma adição a lu
cros retidos de $ 180.000 ao fmal do ano. A
empresa distribuiu $ 150.000 como dividen
dos, e seu patrimônio lfquido era de $ 5,5 mi
lhões. Se a Mega WidgetS possui arualmente
125.000 ações ordinárias, qual é o lucro por
ação? De quanro foi o dividendo por ação?
Qual é o valor patrimonial da ação? Se sua ação
está sendo vendida a S 65, qual é o índice pre
ço/valor patrimonial? Qual é o índice preço/
lucro?
10.1dentidade Ou Pont. Se uma empresa
possui um multiplicador de capital próprio de
1,90, giro do arivo torai de 1,20, e margem de
lucro de 13%, qual é seu ROE?
11. 1dentidade Ou Pont. A Smith Manufac
turing tem uma margem de lucro de 11,5%,
um giro do atlvo total de 1,8 e ROEde 23,25%.
Qual é o quocienre entre capital de terceiros/
capital próprio da empresa?
12. Cá
l culo do Perlodo Médio de Pagamen
to. Em 1998, a DRK lnc. teve um custo de mer
cadoria vendida de$ 9.273. Ao final do ano o
saldo de contas a pagar era $ 1.283. Quanto
tempo levou, em média, para a empresa pagar
seus fornecedores em 1998? O que um valor
alto deste fndice significaria?
13. Multiplicador de Capital Próprio e Re
torno do Capital Próprio. A Belyk Fried
Chicken Company tem um quociene
t capital de
terceiros/capital pró11rio de l ,25. O retorno do
ativo é 7,3%, e o patrimônio líqttido $245.000.
Qual é o multiplicador do capital próprio? O
retomo do capital próprio? O lucro líquido?
A Montana Dental Floss Corporation divulgou
os seguimes balanços em 1997 e 1998. Utilize
esses dados nos Problemas 14 e 1S.
,
lifllJZAÇÁO DE DEMONSTRAÇÕES HNANCEIRAS
MONTANA DENTAL FLOSS CORPORATION
--.
1 998
1997
Ativo
Ati\O circulante
(Jixa
Contas a recE"Ix•r
s
F'toquc
Total
Ativo permanente
Instalações e l'qUipamentos (líquodol
rot.ol do ativo
Passivo circulilnle
ConlilS a pagar
Títulos a p.1g.1r
Total
Oi\ldas a longo prazo
Património líqu1d0
$ 145.004
ZO.!I02
6
S2
1
M
Q
s 1()()000
$ 1 3 2.678
!ll,:i:iO
í21fl228
-
14. Elaboração de Demonstrações Padroni
zada�. Prepare balanços de tamanho co
mum em 1997 e 1998 para a Montana Dental
Com
base nos balanços fornecidos da Montana Den
tal Floss, calcule os seguin1es índices para cada
ano:
a. Liquidez corrente.
b. Liquidez seca.
c fndice de caixa.
d Quociente capital de terceiroS/Capital pró
p•io e multiplicador de capital próprio.
lndice de endividamento geral.
16. Cálculo da Taxa de Crescimento lnter·
e.
As demonstrações financeiras da Pler
Manufacturing Co. s.
lo apresentadas a seguir:
Demonstração de Resultado
Vendas
Custo
$ 8.235
lmpo>to !34%)
Lucro líqutdo
L
l2
0
s 2 .. 561
Lucro tnbutável
2
1
Z
,
Q
I
fl
$ 733.172
$ 669.488
Total do passivo
no
�18.8!!!1
2!!!1.062
$l
5
1
.
Q
!l
2
Lucro retido acurnul,ldO
Tola!
354
4
.
s 3.881
1 7.866
47. 7 1 ()
120.560
s11!6.J56
$ 150.000
Capital soc:ial c reservas
s
2
l.
f
J
J6
0
6
24
$ 15
s 669.466
Passivo
Floss.
15. Calculo de Índico l'inanceir�
14.170
44.818
-
s 50,()()()
150.000
.....31&�4
�4(1(1.2!1!1
s
$ 733.172
_
_
_
B:::
•Ianço Patrimonial
_
_
_:
:.:
Ativo
$ 7.SOO
circulanle
Ati\O
jX'n11anente 2!1,500
lotJI
$ 32.000
Dívida
s 21 .000
f'atrimônio
líquido
Total
$ 32.000
ll.
OQ()
Os ativos e custos são proporcionais às vendas.
A dívida e o patrimônio líquido não. A Filer
\1anufacturing mantém um índice constante
de distribuição de dividendos de 50%. Não é
possível tomar financiamentos externos. Qual
é a taxa de crescimento interno?
17. Cnleulo da Tuxa de Crescimenlo Susten
tável. No caso da Filer Manufacturing no
Problema 16, qual é a taxa de crescimento sus
tentável?
18. Crescimento Interno. A Kaleb's KomDogs,
lnc. apresentou um ROA de 12% c um índice
de distribuição de dividendos de 40%. Qual é
a taxa de crescimento interno?
1
escimento su
'rentável. A Missy's Baby
Supply apresentou um ROE de 21% e um ín
dice de distribuição de dividendos de 55%.
Qual a taxa de crescimento sustentável?
1 01
�
...
------------------------
102
PMTE 11 -COMPREEND�NOO DEMONSTilAÇÕES FINANCFIIlAS E FLUXOS DE CAIXA
Você recebeu
as seguintes informações da Paglia's Potatoes
lnc.:
20. cres<:"1lento Sus entáve
Margem de lucro - 8,5%
lndice de intensidade de capital = 0,65
Quociente capital de
terceiros/capital próprio - 0,50
Lucro liquido
$ 18.500
Dividendos
=
$ 4.300
Qual é o ROE? Qual é a taxa de crescimento
sustentável?
21 J'ax!l de Crescimento Su tent vel. Su·
pondo que os indices a seguir permaneçam
constantes, qual é a taxa de crescimento sus·
rentável?
Giro do ativo total
Margem de lucro
Multiplicador de capital próprio
Índice de distribuição
de dividendos
ln!cJnltd1ánas - Qucstoes 22
- 1.40
- 7,5%
=
2,50
= 0,40
Uma empre
$ 900, e um quociente de capital próprio/ca
pital de terceiros de 1,00. Se o retomo do ca
pital próprio é 17%, qual é o lucro lfquido?
•em de lucro. Respondendo a queixas
sobre preços altos, uma rede de supermercados
fez a seguinte campanha publicitária: "Se você
pagar a seu filho 50 centavos para comprar
$ 2S em mercadorias, seu filho terá ganho duas
vezes mais do que nós em suas compras. Você
coletou as seguintes informações a panir das
demonstrações financeiras da rede de super·
•
mercados:
Vendas:
$ 460 milhões
Lucro líquido: $ 4,6 milhões
Ativo rotai :
$ 100 milhões
Dívida total:
imposto de renda era 34%. A empresa pagou
um total de $ 4.645 em despesas de juros, e
deduziu $ 1.975 como despesa de depreciação.
Qual foi o índice de cobertura de caixa da
rskandar no ano?
26. Cálculo do indice de Cobertura de Ju
ros. No último ano, uma empresa teve ven·
das no valor de S 475.000, custo de mercado
ria vendida de$ 195.000, despesa de deprecia·
ção de $ 69.000 e adição a lucros ret
idos de
$ 54.570. Atualmente, a empresa possui
20.000 ações ordinárias, e o dividendo por
ação do último ano foi S 2,00. Qual foi o ndi·
í
ce de cobenura de juros? Suponha uma alí·
9uota de 34%.
A
London Brigde Company PLC apresentou em
sa apresentou vendas de$ 1.500, alivo total de
l-"
Qual o giro de seu ativo total? Qual é seu ROE?
25. Cálculo do lndi
de Cubto tt> a de Cai
xa. O lucro líquido da lskandar lnc. no ano
mais recente foi $ 18.570. Sua alíquota de
27. Indices e .l::mpres..• I'trangeiras.
32
22. uso da Identidade Du Pont.
$ 625.000, as contas a receber$ 91.000, e o
quociente capital de terceiros/capital próprio
é 0,65 Qual é a margem de lucro da Jordan?
$ 70 milhões
Avalie a declaração da rede de supermercados.
Qual é a base para sua declaraçúo? A declara
ção é enganosa? Por que sim ou por que não?
•çilo da Ide1.
A
Jordan Company possui lucro lfquido de
$ 87.500. Atualmente tem 16,80 dias de ven·
das em contas a receber. Seus ativos totais são
1998 um prejuf�o lfquido (ou seja, um lucro
líquido negativo) de .€12. 152 cm relação a ven
das de fl47.946 (ambos em milhares de Ji.
bras). Qual foi a margem de lucro da empre
sa? O fato de que esses números estão em
moeda estrangeira faz alguma diferença? Por
quê? Em milhares de dólares, as vendas foram
d e $ 1.159.305. Qual foi o lucro líquido em
dólares?
A seguir são fornec
idas algumas demonstra·
ções financeiras recentes da Smolira Enter
prises. Utilize essa informação nos problemas
28 a 30.
SMOURA ENTERPRISES
Demonstração de Resultado cm 1998
$ 14.500
Vendas
Custo da mercadoriJ v�ndida
Depreciaç�o
LAJIR
4.700
920
$ 8.880
1 .070
Juros pagos
Lucro tribuável
t
s
Dividendos
Adiç,jo a lucros rct1dos
7.810
2.655
s 5.155
Impostos (34%)
Lucro Iíquido
s 1 .430
1.725
UTIUZAÇÃO D� Df.MONSTRAÇOLS FINANCEIRAS
SMOliRA ENTERPRISES
Balanço em 1997 e 1998
1998
1997
1997
Passivo
A1ivo
At i\'
O circulante
Clix�l
Cun1.1' a receber
390
1.527
f,IO<llll>
3,8!15
s
lotai
s s 722
Alivo f)(\fl"''hlnPn1e
ln,talaçõcs e
<'quipamentos (líquidos) 12.1 Sú
Total
1998
�17,!!71.!
219
s
2.0 I O
l..W
I
�1
2
�
]J.��1
Passivo circulante
ContJ> a pagar
Titulos a pagar
Outros
Total
Dívicl<�s a longo pr.lLO
Patrimônio líquido
Capital soeiaI
Reservas
lucros retidos
Total
�1
1
'.
!
!!
5
28. Q
llculo de índices -;nane..
os. Calcule
os seguintes índices financeiros para a Smolira
F.nterprises:
Índices de solvência a curto prazo
fndice de liquidez corrente
fndice de liquidez seca
fndice de caixa
Total
$ 1.525
S20
fndice de endividamento
geral
Quociente capital de
terceiros/capital próprio
indice de cobertura de juros -----fndice de cobertura de caixa
_
_
_
_
lndices de gestão de atlvos
Giro do ativo total
Giro do estoque
Giro de contas a receber
Índices de rentabilidade
Margem de lucro
Retorno do arivo
Retorno do capital próprio
29. Identidade Du Pont. Desenvolva a iden
tidade Du Pom para a Smolira Enrcrprises
3� 1dic•·s de Valor de Mercado. A Smolira
l'nterprises possui 1.000 ações ordinárias, e o
preço da ação ao final de 1998 era $ 73,00.
Qual é o índice preço/lucro? Qual é o dividen·
1.425
602
181
5lfi
4.000
7.000
4.000
7.000
> $ 2.56J
$ 2.22(
JQ
Q
Q
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582
!!
2
S
l sll5
2.
1
.S1
�1
Z
.
!l
Z
!l
�19.145
do por ação? Qual é o índice preço/valor patri
monial?
:S •• Crescimento Su,t<·n<."�1. Com base nas
informações a seguir, calcule a taxa de cresci
mento sustentável.
Margem de lucro
Giro do ativo total
Índices de solvência a longo J>razo
$
indice de endividamento geral
Índice de distribuição de
dividendos
= 7,5%
1,25
= 0,70
-
50%
Calcule o ROA.
? Crescimento �ustent&vcl c
·n n ia·
mento �xte,...,t... Você coletou as seguintes
informações sobre a Sandy's Lasagna Shoppe,
lnc.:
Vendas =
Lucro lfquido
Dividendos �
Endividamento total
Patrimônio líquido -
s 175.000
$35.000
$24.500
$40.000
$ 60.000
Qual é a taxa de crescimento sustentável da
Sandy's Lasagna Shoppe, lnc.? Se a empresa
crescer a essa taxa, quanto precisará tomar de
novos empréstimos no ano a seguir, supondo
que manterá constante o quociente capital de
terceiros/capital próprio? Que taxa de cresci·
menta será capaz de sustentar se nào obóver
nenhum financiamento externo?
103
11
Risco
E
REToRNo
Após estudar este capítulo, você deverá ter adquirido
boa noção sobre:
lllti1mo calcular retornos esperados.
Bimpacto da diversificação.
Bprincípio do risco sistemático.
-linha de mercado de títulos e relação entre risco e retorno.
llihlilli•>llillillilllil•lllllilolillil••liiii'.••i•· .
PARTE VI - RlSCO E RETORNO
prendemos em nosso último capítulo algu
RETORNO ESPERADO
mas lições importantes sobre a história dos
mercados de capitais. Vimos que existe uma
recompensa, na média, por assumir risco. Chama
mos esta recompensa de prêmio por risco. A segun
da lição é a de que o prêmio por risco é maior nos
investimentos mais arriscados. Este capítulo explo
ra as implicações econômicas e gerenciais desta
idéia básica.
Até agora, concentramo-nos principalmente
no comportamento do retorno de algumas cartei
ras amplas. Precisamos expandir nossas considera
ções para incluir títulos individuais . Especificamen
te, temos duas tarefas. Em primeiro lugar, precisa
mos definir risco e discutir como medi-lo. Em se
guida, necessitamos quantificar a relação entre os
riscos e os retornos exigidos dos ativos.
Quando examinamos os riscos associados a
ativos individuais, descobrimos que existem dois
tipos de risco: sistemático e não sistemático. A dis
tinção é crucial porque, conforme veremos, o ris
co sistemático afeta praticamente todos os ativos na
ii
I,
economia, pelo menos em algum ní:v el, enquanto
o risco não sistemático afeta no máximo um n úme
ro pequeno de ativos. Desenvolvemos a seguir o
princípio da diversificação, que nos mostra que
carteiras muito diversificadas tenderão a não ter
praticamente nenhum risco não sistemático.
O princípio da diversificação tem uma impli
cação importante : para investidores diversificados,
apenas o risco sistemático interessa. Conseqüente
mente, ao decidir se compra ou não determinado
ativo, o investidor diversificado estará preocupado
apenas com o risco sistemático do ativo. Essa é uma
observação fundamental, que nos permite dizer
muito a respeito de riscos e retornos de ativos in
dividuais. Em particular, é a base da famosa rela
ção entre risco e retorno, denominada linha de
m ercado de títulos, ou SML. Para des envolver a
SML, introduzimos o igualmente famoso coeficien
te "beta", uma das colunas mestras das finanças
modernas. Beta e SML são conceitos fundamentais
porque ajudam a responder, pelo menos em parte,
à pergunta sobre como determinar o retorno exi
gido de um investimento.
Iniciamos com um caso simples. Consider,:
um único período, digamos, um ano. Temos dua:
ações, L e U, que possuem as seguintes caracterís
ticas : a ação L tem uma expectativa de retorno dE
2 5 % no próximo ano e a ação U tem uma expecta
tiva de retorno de 20% no mesmo período.
Em tal situação, se todos os investidores cor•
cordassem quanto às expectativas de retorno, po�
que alguém iria querer manter a ação U? Afinal dê
contas, por que investir em uma ação quando a ex
pectativa é que a outra tenha retorno melhor? Cla
ramente, a resposta depende dos riscos dos doiõ
investimentos. Embora o retorno esperado da açãc
L seja de 25%, ele efetivamente poderá ser maio:
ou menor do que isso.
Por exemplo, suponha que a economia Sé
aqueça. Nesse caso, achamos que a ação L terá urr.
retorno de
-
- •.
Se a economia se tornar recessiva.
achamos que o retorno será de -
nificando que estes dois estados são as duas únicaõ
situações possíveis. Essa suposição, obviamente, E
extremamente simplificadora, mas nos permitE
ilustrar algumas idéias básicas sem entrarmos err.
grande quantidade de cálculos.
Suponha que acharemos que o estado de cres
cimento e o estado recessivo da economia tenharr:
a mesma possibilidade de ocorrência, ou seja, 50� :
para cada um. A Tabela 1 1 . 1 ilustra a idéia básicc.
que descrevemos, além de fornecer informaçõe5
adicionais sobre a ação U. Observe que a ação C
renderá
se houver recessão, e
Variância
se hou
ver crescimento.
Obviamente , se você comprar uma dessas
ações, digamos, a ação U, seu ganho em um dadc
ano dependerá do desempenho da economia na
quele ano. No entanto, suponha que a probabilida
de de cada estado se mantenha inalterada com
c
passar dos anos. Se você mantiver a ação U por
vários anos, ganhará
tempo e
que o
em cerca de metade de
na outra metade. Nesse caso, dizemo5
da ação U, ou seja.
_
E(Ru) , é de 20%:
30lYó
1 1 . 1 Retornos Esperados e
<. Nesse caso.
dizemos que existem dois estados da economia, sig
+
X
10%
=
2QC
Em outras palavras, você deveria esperar re
ceber, em média, 20'1'ó nesta ação .
Em nosso capítulo anterior, discutimos como
calcular retornos médios e variâncias utilizando
dados históricos. Começamos agora a discutir como
'� , -, c--'- - - - -
•'••• �, """ ,,....
_:_ _c'� '=-- "-'' o
analisar retornos e variâncias quando as informa
ções disponíveis dizem respeito a possíveis retor
nos futuros e suas possibilidades de ocorrência.
No caso da ação L, as probabilidades são as
mesmas, mas os retornos possíveis são diferentes.
RISCO E RETORNO
Estado da
Economia
Recessão
Cresci mento
Probabilidade
do Estado da
Economia
Retorno do Título de Acordo
com o Estado
Ação L
Ação U
0,5
_Q,_S_
1 ,0
10
Nesse caso perdemos - - na metade das vezes e
ganhamos
�. •. na outra metade. O retorno espe
rado de L, E(RL) , é de 25%:
.
A Tabela 1 1 .2 ilustra esses cálculos.
Em nosso capítulo anterior, definimos prêmio
por risco como a diferença entre o retorno de um
investimento com risco e o retorno de um investi
mento livre de risco, e calculamos o prêmio por
risco histórico de alguns investimentos. Com base
em nossos retornos projetados, podemos calcular
o prêmio por risco projetado, ou esperado, como
sendo a diferença entre o retorno esperado do in
vestimento com risco e o retorno certo de um in
vestimento livre de risco.
Por exemplo, suponha-se que um investimen
to livre de risco esteja atualmente oferecendo 8%
de retorno. Diremos então que a taxa de retorno
livre de risco, que representaremos por R1, é de 8%.
Portanto, qual é o prêmio por risco projetado para
a ação U? E para a ação L? Como o retorno espe
rado da ação U, E(Ru) , é de 20%, o prêmio por ris
co projetado é :
--' \.--
[ 1 1 . 1]
De maneira análoga, o prêmio por risco da
ação L é · =.-
Geralmente, o retorno esperado de um título
ou ativo é igual à soma dos retornos possíveis mul
tiplicados pelas respectivas probabilidades de ocor
rência. Portanto, se tivéssemos 100 retornos pos
síveis, multiplicaríamos cada um deles por sua pro
babilidade de ocorrência e somaríamos os resulta
dos. O resultado final seria o retorno esperado. O
prêmio por risco seria a diferença entre o retorno
esperado e a taxa livre de risco.
EXEMPLO 1 1 . 1 Probabilidades
desiguais
Exam i n e novamente as Tabelas 1 1 . 1 e 1 1 . 2 .
Su pon ha que você acreditasse que havia cresci men
to em apenas 20% das ocasi ões, em vez de 50%.
Q uais são os retornos esperados das ações U e L
neste caso? Sendo a taxa l ivre de risco de 1 0%, quais
são os prêm ios por ri sco?
Em primeiro l ugar, devemos observar que uma
recessão precisa ocorrer em 80% das ocasiões (1 0,20 = 0,80), uma vez que existem apenas duas pos
s i b i l idades. Com i sso em mente, vemos que a ação
U tem retorno de 30% em 80% dos casos, e de 1 0%
em 20% dos casos. Para calcu lar o retorno espera
do, mais u m a vez m u ltipl icamos as poss i b i l idades
pel as probab i l idades e somamos os resu ltados:
E(Ru)
Recessão
Cresc i mento
(3)
Taxa de
(2)
Probabilida- Retorno Caso
o Estado
de do Estado
da Economia
Ocorra
0,5
CLS
1 ,0
(4)
Produto
(2) X (3)
=
0,80
X
30%
+
0,20
X
1 0% = 26%
A Tabela 1 1 . 3 resu me os cálcu los para ambas
as ações. Observe que o retorno esperado de L é
igual a -> c .
Ação U
Ação L
(1 )
Estado da
Economia
Estados da
economia e
retornos de
ações.
(5)
Taxa de
Retorno Caso
o Estado
Ocorra
0,30
(6)
Produto
(2) X (5)
0, 1 5
0,05
= 2 0%
Cálculo do
retorno
esperado.
PARTE VI - RISCO E RETORNO
prendemos em nosso último capítulo algu
mas lições importantes sobre a história dos
RETORNO ESPERADO
mercados de capitais . Vimos que existe uma
Iniciamos com um caso simples. Considere
recompensa, na média, por assumir risco. Chama
um único período, digamos, um ano. Temos duas
da lição é a de que o prêmio por risco é maior nos
ticas: a ação L tem uma expectativa de retorno de
mos esta recompensa de prêmio por
risco. A segun
investimentos mais arriscados. Este capítulo explo
ra as implicações econômicas e gerenciais desta
idéia básica.
Até agora, concentramo-nos principalmente
no comportamento do retorno de algumas cartei
ras amplas. Precisamos expandir nossas considera
ções para incluir títulos individuais. Especificamen
te, temos duas tarefas. Em primeiro lugar, precisa
mos definir risco e discutir como medi-lo. Em se
guida, necessitamos quantificar a relação entre os
riscos e os retornos exigidos dos ativos .
Quando examinamos os riscos associados a
ativos individuais, descobrimos que existem dois
tipos de risco: sistemático e não sistemático. A dis
tinção é crucial porque, conforme veremos, o ris
co sistemático afeta praticamente todos os ativos na
economia, pelo menos em algum nível, enquanto
o risco não sistemático afeta no máximo um núme
ro pequeno de ativos. Desenvolvemos a seguir o
princípio da diversificação, qu é nos mostra que
carteiras muito diversificadas tenderão a não ter
praticamente nenhum risco não sistemático.
O princípio da diversificação tem uma impli
cação importante: para investidores diversificados,
apenas o risco sistemático interessa. Conseqüente-
mente, ao decidir se compra ou não determinado
ativo, o investidor diversificado estará preocupado
apenas com o risco sistemático do ativo. Essa é uma
observação fundamental, que nos permite dizer
muito a respeito de riscos e retornos de ativos in
dividuais. Em particular, é a base da famosa rela
ção entre risco e retorno, denominada
mercado de títulos,
linha de
ou SML. Para desenvolver a
SML, introduzimos o igualmente famoso coeficien
te "beta", uma das colunas mestras das finanças
modernas. Beta e SML são conceitos fundamentais
porque ajudam a responder, pelo menos em parte,
à pergunta sobre como determinar o retorno exi
gido de um investimento.
ações, L e U, que possuem as seguintes caracterís
25% no próximo ano e a ação U tem uma expecta
tiva de retorno de 20% no mesmo período.
Em tal situação, se todos os investidores con
cordassem quanto às expectativas de retorno, por
que alguém iria querer manter a ação U? Afinal de
contas, por que investir em uma ação quando a ex
pectativa é que a outra tenha retorno melhor? Cla
ramente, a resposta depende dos riscos dos dois
investimentos. Embora o retorno esperado da ação
L seja de 25%, ele efetivamente poderá ser maior
ou menor do que isso.
Por exemplo, suponha que a economia se
aque ça. Nesse caso, achamos que a ação L terá um
retorno de
- ·
. Se a economia se tornar recessiva,
achamos que o retorno será de
-
Variância
-;:
. Nesse caso,
economia, sig
nificando que estes dois estados são as duas únicas
situações possíveis. Essa suposição, obviamente, é
extremamente simplificadora, mas nos permite
ilustrar algumas idéias básicas sem entrarmos em
grande quantidade de cálculos.
Suponha que acharemos que o estado de cres
cimento e o estado recessivo da economia tenham
a mesma possibilidade de ocorrência, ou seja, 50%
para cada um. A Tabela 1 1 . 1 ilustra a idéia básica
que descrevemos, além de fornecer informações
adicionais sobre a ação U. Observe que a ação U
renderá
se houver recessão, e 1
se hou
ver crescimento .
Obviamente, se você comprar uma dessas
ações, digamos, a ação U, seu ganho em um dado
ano dependerá do desempenho da economia na
quele ano. No entanto, suponha que a probabilida
de de cada estado se mantenha inalterada com o
passar dos anos. Se você mantiver a ação U por
vários anos, ganhará 30rJ!o em cerca de metade do
tempo e
que o
_
na outra metade. Nesse caso, dizemos
E CRu) , é de 20%:
�•: da ação U, ou seja,
X 3 0 \}Q -!-
1 1 . 1 Retornos Esperados e
·
dizemos que existem dois estados da
X 10%
=
20%
Em outras palavras, você deveria esperar re
ceber, em média, 20% nesta ação.
Em nosso capítulo anterior, discutimos como
calcular retornos médios e variâncias utilizando
dados históricos. Começamos agora a discutir como
analisar retornos e variâncias quando as informa
ções disponíveis dizem respeito a possíveis retor
nos futuros e suas possibilidades de ocorrência.
No caso da ação L, as probabilidades são as
mesmas, mas os retornos possíveis são diferentes.
..-".-u••• r ew·
RISCO
Estado da
Economia
Recessão
Cresc i mento
Probabilidade
do Estado da
Economia
Retorno do Título de Acordo
com o Estado
Ação L
30%,
10
Nesse caso perdemos na metade das vezes e
ganhamos · ·- � é - na outra metade. O retorno espe
rado de L, E(RL) , é de 25%:
A Tabela 1 1 .2 ilustra esses cálculos.
Em nosso capítulo anterior, definimos prêmio
por risco como a diferença entre o retorno de um
investimento com risco e o retorno de um investi
menta livre de risco, e calculamos o prêmio por
risco histórico de alguns investimentos. Com base
em nossos retornos projetados, podemos calcular
o prêmio por risco projetado, Ol) esperado, como
sendo a diferença entre o retorno esperado do in
vestimento com risco e o retorno certo de um in
vestimento livre de risco.
Por exemplo, suponha-se que um investimen
to livre de risco esteja atualmente oferecendo 8%
de retorno. Diremos então que a taxa de retorno
livre de risco, que representaremos por R!' é de 8%.
Portanto, qual é o prêmio por risco projetado para
a ação U? E para a ação L? Como o retorno espe
rado da ação U, ECRu) , é de 20%, o prêmio por ris
co projetado é :
[ 1 1 . 1]
De maneira análoga, o prêmio por risco da
ação L é -� : :, :
..
Ação L
(1 )
Estado da
Economia
Recessão
Crescimento
(3)
Taxa de
(2)
Probabilida- Retorno Caso
de do Estado
o Estado
da Economia
Ocorra
0,5
(15
1 ,o
Estados da
economia e
retornos de
ações.
Ação U
0,5
Qd
1 ,O
(4)
Produto
(2) X (3)
E RETORNO
Geralmente, o retorno esperado de um título
ou ativo é igual à soma dos retornos possíveis mul
tiplicados pelas respectivas probabilidades de ocor
rência. Portanto, se tivéssemos 100 retornos pos
síveis, multiplicaríamos cada um deles por sua pro
babilidade de ocorrência e somaríamos os resulta
dos. O resultado final seria o retorno esperado. O
prêmio por risco seria a diferença entre o retorno
esperado e a taxa livre de risco.
EXEMPLO 1 1 . 1 Probabilidades
desiguais
Exa m i n e novamente as Tabelas 1 1 . 1 e 1 1 .2 .
Suponha que você acred itasse que havia cresci men
to em apen as 20% das ocasi ões, em vez de 50%.
Quais são os retornos esperados das ações U e L
neste caso? Sendo a taxa l ivre de risco de 1 0%, quais
são os prêmios por risco?
Em primeiro l ugar, devemos observar que uma
recessão precisa ocorrer em 80% das ocasi ões (1
0,20 = 0,80), uma vez que existem apenas d uas pos
sibi l i dades. Com i sso em mente, vemos que a ação
U tem retorno de 3 0% em 80% dos casos, e de 1 0%
em 20% dos casos. Para calcu lar o retorno espera
do, mais u m a vez m u lti p l i camos as poss i b i l i d ades
pel as probabi l i dades e somamos os resu ltados:
-
= 0,80
X
30%
+
0,20
X
1 O'Yo ::: 2 6'/o
A Tabe l a 1 1 . 3 resu me os cálcu los para ambas
as ações. Observe que o retorno esperado de L é
igual a - .
Ação U
(5)
Taxa de
Retorno Caso
o Estado
Ocorra
0,30
0,1 o
(6)
Produto
(2) X (5)
0, 1 5
o 05
= 20(Yo
Cálculo do
retorno
esperado.
PARTE VI - RISCO E RETORNO
Ação L
Cálculo do
retorno
esperado.
=
Ação U
(3)
Taxa de
Retorno Caso
de do Estado
(4)
Estado da
o Estado
Produto
o Estado
Produto
Economia
da Economia
Ocorra
(2) X (3)
Ocorra
(2) X (5)
(1 )
(6)
Recessão
0,8
0,30
0,24
Cresci mento
.Q2
1 ,o
0,1
o
0,02
E(Ru) = 2 6%
D e svio-pad rão = 00 = -/0 ,01 = 0,10 = 1 0%
O prêm i o por risco d a ação U é 26% - 1 0%
O prêm i o por ri sco da ação L é
=
Taxa de
Probabi lida- Retorno Caso
1 6 %, neste caso.
negativo: -2% - 1 0%
(5)
(2)
-1 2 % . Isso é u m tanto es
tran ho, mas, por razões que d i scuti remos m a i s tar
de, não é i mpossíve l .
A Tabela 1 1 . 4 resume esses cálculos para as
duas ações. Observe que a ação L tem variância
muito maior.
Quando juntamos as informações de retorno
esperado e variabilidade de nossas duas ações, te
mos :
CÁLCULO DA VARIÂNCIA
Para calcular a variância 'dos retornos de nos
sas duas ações iremos, em primeiro lugar, calcular
o quadrado da diferença em relação ao retorno
esperado. A seguir, multiplicaremos cada quadra
Ação U
Retorno esperado, E(R)
2 0 °/,,
Desvio-pad rão, 0
1 0%
Variânci a, 02
do de diferenças por sua probabilidade. Somare
mos, e obteremos como resultado a variância. Para ilustrar, a ação U tem retorno esperado
de ECRu) = 20%. Em determinado ano, seu retor
no efetivo pode ser tanto 30% como 1 0%. A dife
rença possível poderia ser 30% - 20%
1 0 % - 20%
=
=
1 0% ou
-10%. Nesse caso, a variância é:
Variância = 02u
= 0 , 5 0 X ( 1 0 %) 2 + 0,50 X (-10%) 2
= 0,01
O desvio-padrão é igual à raiz quadrada da
0,01 00
A ação L tem retorno esperado mais alto, mas
U tem risco menor. Você poderia obter um retorno
de 70% em seu investimento em L, mas também
poderia perder 20%. Observe que um investimen
to em U sempre pagará pelo menos 1 0%.
Qual destas duas ações você compraria? Nada
podemos dizer, na verdade, isso depende de sua
preferência pessoal. Podemos estar razoavelmente
certos, no entanto, de que alguns investidores pre
feririam L a U, e outros, U a L.
Talvez você tenha notado que a maneira pela
qual calculamos retornos esperados e variâncias,
nesse caso, é um tanto quanto diferente do que fi-
variância:
(4)
c
Cálculo da
variância.
(2)
Quadrado da
(3)
Probabilida-
Diferença em
Diferença em
Estado da
de do Estado
Relação ao
Relação ao
Economia
da Economia Retorno Esperado Retorno Esperado
(1 )
Ação L
Recessão
0,5
Cresci mento
Qd
Ação U
Recessão
Cresci mento
' '
�
-·
�
-
·-·
::' 1 �
---
(5)
Produto
�
,.
.-
0,5
1 ,O
.
'I
-· - �
0, 3 0 - 0,20 =
O, 1 O
0, 1 0 - 0,20 = - 0, 1 0
---------
O, 1 02 = 0 , 0 1
0,005
- O, 1 02 = 0,01
0.005
0,01 O
- ----------- Gu2
=
•
.
.
�
t:'
,, r ', ", I '
- --
--' · � - .:- �
1 ,o .
Qd
(2) X (4)
RISCO E REfORNO
"--..
zemos no capítulo anterior. A razão para tal é que
mente. No entanto, a maioria dos investidores apli-
no Capítulo 1 0 estávamos examinando retornos
ca em
históricos efetivos. Nesse caso, proj etamos retornos
zer que os investidores tendem a possuir mais que
e suas respectivas probabilidades; portan
uma única ação, obrigação, ou algum outro ativo.
futuros
de ativos. Com isso queremos di
to, essa é a informação com a qual devemos traba
Uma vez que a realidade é essa, retornos e riscos
lhar.
de carteiras são obviamente relevantes. Portanto,
discutiremos agora retornos esperados e variâncias
de retornos de carteiras.
EXEMPLO 1 1.2 Mais probabilidades
desiguais
Vo l t a n d o ao Exe m p l o 1 1 . 1 , q u a i s são as
variâncias dos reto rnos das d u as ações, dado q u e
t e m o s p ro babi l i d ades des i g u a i s ? E os d esvios-pa
d rões?
Podemos resu m i r os cálculos necessários n a
PESOS DA CARTEIRA
tabel a a o p é d a página.
Com base nesses cálcu l os, o desvio-padrão de
L é
--
:
� ::--- '"
� :: � c . O desvio-padrão de U é
Existem diversas maneiras e quivalentes de
m u ito menor: a, . = .,,o,OOó4 = 0,08 = 8 % .
u
descrever uma carteira. A abordagem mais conve
niente consiste em discriminar o percentual do
valor da carteira aplicado em cada ativo. Chamamos estes percentuais de �
.
�. . .
Como calculamos o retorno espera
do de um título?
�- � - -
�-- -
Em palavras, como calculamos a
variância do retorno esperado?
Por exemplo, se tivermos $ 50 de um ativo e
$ 1 5 0 de outro, o valor total de nossa carteira será
$ 200. O percentual do primeiro ativo em nossa
carteira é $ 50/200
=
0,25. O percentual de nosso
0,75.
segu �o ativo na .çarteira é $ 1 5 0/200
1 1 .2 Carteiras
=
Portanto, os pesos d o s ativos em nossa carteira são
25% e 75%. Obsei-ve que a soma dos pesos precisa
Até essa altura, concentramo-nos, neste capí
ser iguàl a 100%, já que todo nosso dinheiro pre
tulo, em ativos individuais, considerados separada-
cisa estar aplicado em algo.1
(4)
(2)
{3)
Quadrado da
{1 )
Probabilidade
Diferença em
Diferença em
(5)
Estado da
do Estado da
Relação ao
Relação ao
Produto
Economia
Economia
Retorno Esperado
Retorno Esperado
(2)
X
(4)
Ação L
Recessão
0,80
C resci mento
0,20
l
�
-
� r
r
-- - - · -
. .
-
--·-
,00
. . .
·
Ação U
Recessão
C resc i m ento
0, 8 0
0 ,20
0,04
0 ,001 6
0,001 28
0 , 1 0 - 0 , 2 6 = - 0,1 6
0,30 - 0,26 =
0,0256
0,005 1 2
õu 2 = 0,00640
1 , 00
1.
Alguma parte poderia estar investida e m caixa, obviamen
te, mas nesse caso consideraríamos simplesmente esse mon·
tante como uma das aplicações pertencentes à carteira.
PARTE VI
- RISCO E RETORNO
Retorno
esperado de uma
carteira com
pesos iguais das
ações L e U.
(2)
Probabilidade
do Estado da
Economia
(1 )
Estados da
Economia
(3)
(4)
Retorno da Carteira em
Cada Estado
Recessão
0,50
0, 5 0 X
Crescimento
0,50
0,50 X
+ 0,50 X 30%
+ 0,50 X
1 0%,
Produto
(2) X (3)
=
=
5%
0,025
40%
0,2 00
E(RP)
1 , 00
=
22,5%
RETORNO ESPERADO DA
[1 1 .2]
CARTEIRA
Voltemos ao caso das ações L e U. Você colo
cou metade de seu dinheiro em cada uma. Obvia
mente, os pesos da carteira são 0,5 e 0 , 5 . Qual é a
distribuição de retornos desta carteira? Qual é o
retorno esperado?
Isso diz que o retorno esperado de uma car
teira é uma combinação direta dos retornos espe
rados dos ativos contidos na carteira. Isso parece
um tanto quanto óbvio, mas, como examinaremos
a seguir, essa abordagem nem sempre é a correta.
Para responder a essas perguntas, suponha
\
que a economia tenha recentemente entrado em
!�
recessão. Nesse caso, metade de nosso dinheiro (a
I
metade aplicada em L) perderia 20%. A outra me
tade (a metade em U) ganhfiria .30%. O retorno de
,,
I
li
sua carteira, R , no caso de uma recessão, seria:
P
R
p
r
=
0 ' 50 X
-.
.
+ 0,50 X 3 0 %
=
Observe que se ocorresse crescimento, o retorno de
sua carteira seria:
'
R
P
!
=
0,50 X
+ 0,50 X .
=
Suponha que tenh amos as segu intes projeções
para três ações:
5%
A Tabela 1 1 .5 resume o restante dos cálculos.
l
EXEMPLO 1 1.3 Retorno esperado da
carteira
40%
Retornos
Probabilidade do
Estado
Ação
A
Ação
B
Ação
c
Crescimento
0,40
1 0%
1 5%
20%
Recessão
0,60
Estado da
Economia
8
4
o
Conforme indicado na Tabela 1 1 .5, o retorno
esperado de sua carteira, E (Rp) , é de 22,5%.
Podemos poupar algumas etapas em nosso
Q u e re m o s c a l c u l a r o ret o r n o esperado da
carte i ra em dois casos. Pri m e i ro, q u al seria o retor
trabalho calculando o retorno esperado de modo
no espe rado da carte i ra com u m m o n tante i g u a l
mais direto. Dados os pesos da carteira, poderíamos
i n vestido e m cada u m a d a s três ações? Seg u n d o,
ter concluído que metade de nosso dinheiro rende
(a metade em L) e a outra metade, 20% (a
metade em U) . Portanto, o retorno esperado de
nossa carteira seria:
E(Rp)
=
0,50 X E (RL ) + 0,50 x ECRw)
=
0,50 X
=
22,5%
·
+ 0,50 X
20o/o
Chegamos ao mesmo retorno esperado para
a carteira que havíamos calculado anteriormente.
q u a l seria o retorno esperado se metade do i n vesti
mento total t i vesse si do em A e o restante d i vidido
igual mente entre B e C?
Com base em nossas discu ssões anteriores, os
retornos esperados das ações ind i v i d u a i s são (con
fira estes res u l tados para praticar):
E(RA)
E(R8)
E (Rc)
=
818%
=
8,4%
=
81 0%
Esse método de cálculo de retornos esperados
Se uma carteira tiver m o ntantes iguais i n ves
de uma carteira é válido independentemente do
tidos nas três açõesl os pesos da carteira são todos
número de ativos incluídos na carteira. Suponha
ativos em nossa carteira, sendo
i g u a i s . D i z-se q u e tal c a rte i ra tem ponderações
iguais. Como existem três ações neste caso, os pe
qualquer número. Sendo xi o percentual em di
sos são iguais a 1 /3 . Portanto, o retorno esperado da
que tivéssemos
n
n
nheiro aplicado no ativo i, o retorno esperado é :
carte i ra é igual a:
RISCO E RETORNO
(1 )
(2)
(3)
(4)
Probabilida-
Retorno da
Quadrado da Diferença
Estado da
de do Estado Carteira em
em Relação ao
Economia
da Economia cada Estado
Retorno Esperado
Recessão
0,50
Cresci mento
0,50
5%
40
(0,05 - 0,22 5)2 = 0,030625
0,01 5 3 1 2 5
(0,40 - 0,225)2 = 0,030625
O.ü1 5 3 1 2 5
2
C> p =
(')p
=
1 /3 X 8 , 8 % + 1 /3 X 8 , 4 % +
1 /3 X 8,0% 8,4%
+
=
.Vo,030625
R
P
=
=
ações L e U.
0,030625
1 7, 5 %
(2/ 1 1 )
X
70%
+
(9/ 1 1)
X
10%
20,9 1 %
Observe que o retorno é o mesmo, indepen
CARTEIRA
dentemente do que aconteça. Não é necessário
Com base em nossa discussão anterior, o re
tomo esperado de uma carteira que contém inves
2Z,5°io.
Qual é o
desvio-padrão dessa carteira? A simples intuição
poderia sugerir que metade do dinheiro tem um
45% e a outra metade, um des
1 0%; portanto, o desvio-padrão da
desvio-padrão de
vio-padrão de
=
pesos iguais das
Se houver crescimento, o retomo da carteira
No segu ndo caso, verifi que q u e o retorno es
perado da carte i ra é 8 , 5 % .
timentos iguais nas ações U e L é
uma carteira de
será:
=
VARIÂNCIA DA
Variância de
(2) X (4)
1 ,00
E(R�
(5)
Produto
nenhum cálculo a mais. Essa carteira tem uma
variância igual a zero. Aparentemente, combinar
ativos em carteiras pode alterar substancialmente
o risco enfrentado pelo investidor. Essa observação
é crucial, e começaremos a explorar suas implica
ções na próxima seção.
carteira deveria ser calculado da seguinte manei
EXEMPLO 1 1.4 Variância e desvio
ra:
C>
p
=
0,50
X
45%
+
0,50
X
10%
=
Infelizmente, essa abordagem está completa
mente errada!
Vejamos qual é o verdadeiro desvio-padrão.
A Tabela
1 1 .6
resume os cálculos relevantes. Con
forme podemos verificar, a variância da carteira é
cerca de
0,031
e o desvio-padrão é menos do que
achávamos - é apenas
1 7,5%.
padrão da carteira
27,5%
O que está ilustrado
nesse caso é que a variância de uma carteira geral
mente não é uma combinação simples das variân
No Exemp l o 1 1 . 3 , q u a i s são o s desvios-pa
drões das duas carte i ras? Para responder, precisamos
calcu lar em p r i me i ro l u gar o s retornos d a cartei ra
nos d o i s estados. Trab a l h a re m o s c o m a seg u n d a
carteira, q u e tem 50% n a ação A e 2 5 % n as ações
B e C. Os cálcu los relevantes são s i ntetizados na
tabela no fi nal da pág i n a.
O retorno da cartei ra em caso de cresc i men
to n a eco n o m i a é calcu l ado como:
cias dos ativos componentes da carteira.
Podemos ilustrar esse ponto de maneira um
pouco mais dramática, considerando pesos ligeira
mente diferentes. Suponha que tivéssemos coloca
do 2/1 1 (cerca de
ca de
82%)
18%) em L e os outros 9/1 1
(cer
em U. Se ocorrer uma recessão, a car
cr2
teira terá um retorno de:
R
P
=
(2/ 1 1)
X
- 20%
+
(9/ 1 1)
X
30%
Estado da
Probabilidade
Economia
do Estado
Crescimento
Recessão
O retorno em caso d e recessão é cal c u l ad o d a
mesma forma. O retorno espe rado d a cartei ra é
8,5%. Portanto, a variância é i gu a l a:
=
0,40 x (0, 1 3 7 5 - 0,085)2
0,60 X (0,05 - 0,085)2
0,00 1 8 3 7 5
+
+
20,91%
=
Retornos
Ação A
Ação B
Ação C
1 0%
8
1 5%
4
20%
o
Carteira
1 3,75%
5%
PARTE VI - RISCO E RETORNO
Assi m , o desvio-padrão é cerca de 4 , 3 % . N o
caso d e nossa carteira com pesos i g u ais, verifique
que o desvio-padrão é aprox i m adamente i g u al a
5,4%.
formações não teria fim, mas vemos a seguir alguns
exemplos:
Notícias sobre as pesquisas conduzidas pela
Flyers.
Divulgações de dados do governo sobre o
produto interno bruto (PIB ) .
Resultado das últimas negociações sobre con
trole de armamentos.
Que são pesos da carteira?
Como calculamos o retomo esperado
de uma carteira?
Notícia de que as vendas da Flyers foram mais
altas do que o esperado.
Queda súbita e inesperada das taxas de juros.
Com base em nossas discussões, uma forma
Existe uma relação simples entre o
de expressar o retorno da ação da Flyers no ano
desvio-padrão de uma carteira e os
seguinte seria:
desvios-padrões dos atívos da cartei
ra?
[1 1.3]
onde R indica o retomo efetivo no ano, E (R) a parte
esperada do retorno e U a parte inesperada do re
1 1 .3 Anúncios, Surpresas e
Retornos E's perados
tomo. O que isso diz é que o retomo efetivo no ano,
R, difere do retomo esperado, E (R) , devido a sur
presas que ocorrem durante o ano. Num ano qual
quer, o retorno inesperado será positivo ou negati
Agora que sabemos como construir carteiras
e avaliar seus retornos, começaremos a descrever
mais detalhadamente os riscos e retornos associa
vo, mas, ao longo do tempo, o valor médio de U
será igual a zero. Isso significa que, em média, o
retorno efetivo é igual ao retorno esperado.
dos a títulos individuais. Até o momento, medimos
a volatilidade examinando as diferenças entre os
retornos reais de um ativo ou carteira, R, em rela
ANÚNCIOS E NOVIDADES
ção ao retomo esperado E(R) . Agora examinaremos
por que essas diferenças existem.
Precisamos ter cuidado ao falar a respeito d o
efeito d e novos itens sobre o retorno. Por exemplo,
suponha que o ramo de atividade da Flyers obtém
RETORNOS ESPERADOS E
RETORNOS NÃO ESPERADOS
comportamento tal que a empresa tenha um bom
desempenho quando o PIB cresce a uma taxa rela
tivamente alta e mau desempenho quando o PIB
fica relativamente estagnado. Nesse caso, quando
Para tomarmos a explicação mais concreta,
os investidores decidem qual é o retorno esperado
consideremos o retorno da ação de uma empresa
da ação da Flyers no ano corrente, implícita ou
chamada Flyers. O que determinará o retorno des
explicitamente precisam pensar sobre qual será,
ta ação, digamos, no próximo ano?
provavelmente, o PIB no mesmo ano.
O retorno de qualquer ação negociada no
Quando o governo anuncia as cifras do PIB
mercado financeiro é composto por duas partes. Em
para o ano, o que acontece com o valor da ação da
primeiro lugar, o retorno normal ou esperado da
Flyers? Obviamente, a resposta depende da cifra
ação é a parte do retorno que os investidores pre
divulgada. Indo mais diretamente ao ponto, no
vêem ou esperam. Este retorno depende das infor
entanto, o impacto depende de quanto desta cifra
mações que os investidores possuem a respeito
é realmente informação
desta ação e baseia-se em como o mercado enxer
nova.
No início do ano, os participantes do merca
À
ga hoje os fatores importantes que influenciarão a
do têm alguma idéia ou projeção do PIB anuaL
ação no próximo ano.
medida que os investidores fazem projeções do PIB,
A segunda parte do retorno é a parte incerta
eles as incorporam à parte esperada do retorno da
ou sujeita a risco. Essa é a porção oriunda das in
ação, E(R) . Por outro lado, se o anúncio do PIB for
formações inesperadas reveladas durante o ano.
uma surpresa, o efeito fará parte de U, a porção não
Uma lista com todas as fontes possíveis de tais in-
antecipada do retorno.
RISCO E RETORNO
Como exemplo, suponha que os investidores
cas para reduzir a capacidade, atitude aplaudida
façam previsões de que o PIB aumentará 0,5%. Se
pelos investidores. No caso da Kodak, os investido
o anúncio efetivo for exatamente 0,5%, igual à pro
res estavam esperando os cortes, mas ficaram preo
jeção, neste caso os investidores não terão apren
cupados ao saber que os cortes foram ainda mais
dido coisa alguma, e o anúncio não terá sido novi
profundos.
dade. Não terá impacto sobre preço da ação. Isso
A exposição sobre eficiência de mercado no
é parecido com o recebimento de uma confirmação
capítulo anterior apóia a discussão atual. Estamos
de algo de que você suspeitava há muito ; não re
supondo que as informações relevantes conhecidas
vela nada de novo.
hoje já estão refletidas no retomo esperado. Isso é
Uma forma usual de dizer que um anúncio
o mesmo que dizer que o preço corrente reflete as
não é novidade é dizer que o mercado já "descon
informações publicamente disponíveis. Estamos
tou" o anúncio. O uso do termo desconto, nesse
portanto supondo implicitamente que os mercados
caso, não é idêntico ao do caso de cálculo do valor
sejam pelo menos razoavelmente eficientes na for
presente, mas o espírito é o mesmo. Quando des
ma semiforte.
contamos um dólar no futuro, dizemos que ele vale
Dessa maneira, quando falamos de notícias,
menos para nós por causa do valor do dinheiro no
estamos nos referindo à parte surpreendente do
temp o . Quando dizemos que descontamos um
anúncio, e não à porção que o mercado está espe
anúncio, ou uma notícia, queremos dizer que ele
rando e, portanto, já foi descontada.
teve impacto menor sobre o mercado porque o
mercado já sabia muito a respeito com antecedên
cia.
Por exemplo, voltando ao caso da Flyers, su
ponha que o governo anuncie que o aumento efe
tivo do PIB durante o ano será de 1,5%. A.go:r'a os
investidores aprendem algo, pois o aumento é um
Quais são as duas partes básicas do
retomo?
ponto percentual maior do que eles haviam previs
Sob que condições um anúncio não
to. Essa diferença entre o resultado efetivo e a pre
exercerá efeito nenhum sobre o pre
visão, um ponto percentual, em nosso exemplo, é
ço de ações ordinárias?
algumas vezes denominada inovação ou surpresa.
,
Um anúncio, portanto, pode ser dividido em
duas partes: a antecipada, ou esperada, e a surpre
sa, ou inovação:
[ 1 1.4]
A parte esperada do anúncio
é a parte da in
1 1 .4 Risco : Sistemático e não
Sistemático
formação que o mercado utiliza para formar a ex
pectativa do retorno da ação, E (R) . A surpresa é a
A parte não antecipada do retorno, ou seja,
notícia que influencia o retomo não antecipado da
a que resulta de surpresas, é o verdadeiro risco de
ação, U.
um investimento. Afinal de contas, se recebêssemos
Para dar outro exemplo, se os investidores
sempre exatamente o que estávamos esperando, o
soubessem em j aneiro que o presidente da empre
investimento seria perfeitamente previsível e, por
sa iria renunciar, o anúncio oficial em fevereiro
definição, livre de risco. Em outras palavras, o ris
seria totalmente esperado e teria sido descontado
co de possuir um ativo é originado pelas surpresas
pelo mercado. Como o anúncio era esperado para
- os eventos não antecipados.
antes de fevereiro, a influência sobre o preço da
Existem diferenças importantes, no entanto,
ação teria ocorrido antes de fevereiro. O anúncio
entre várias fontes de risco. Voltemos a nossa lista
em si não conteria nenhuma surpresa e o preço da
elaborada anteriormente de novos fatos . Alguns
ação não se alteraria em nada quando ele fosse
destes fatos são dirigidos especificamente à Flyers,
realmente feito.
e outros são mais gerais. Quais são os fatos especi
O fato de que apenas a parte inesperada ou
ficamente importantes para a Flyers?
surpreendente do anúncio é importante explica por
Os anúncios sobre taxas de juros ou PIB cla
que duas empresas podem fazer anúncios seme
ramente são importantes para praticamente todas
lhantes mas sofrer reações diferentes nos preços de
as empresas, enquanto as notícias sobre o presiden
suas ações. Por exemplo, na abertura do capítulo,
te da Flyers, suas pesquisas ou vendas são especí
comparamos a Kimberly-Clark e a Eastman Kodak.
ficas à própria empresa. Distinguiremos esses dois
No caso da Kimberly-Clark, o corte de empregos foi
tipos de eventos, porque, conforme veremos, terão
acompanhado por planos de fechamento de fábri-
implicações muito diferentes.
PARTE VI - RISCO E RETORNO
RISCO SISTEMÁTICO E RISCO NÃO
SISTEMÁTICO
O primeiro tipo de surpresa, aquele que afe
ta grande número de ativos, será denominado
. Como o risco sistemático tem
efeito amplo no �ercado, algumas vezes o chama
mos de
risco de mercado.
O segundo tipo de surpresa será denomina
· . Risco não sistemá
do de
tico é aquele que afeta um único ativo ou um pe
queno grupo de ativos. Como este risco é específi
co de empresas ou ativos individuais, algumas ve
zes é chamado de
risco específico. Os dois termos se
da de um reino que foi perdido porque um cavalo
perdeu sua ferradura. Contudo, trata-se de rigor
exagerado. Alguns riscos são claramente mais ge
néricos do que outros . Algumas evidências sobre
este ponto serão apresentadas em breve.
A distinção entre os tipos de risco nos permi
te dividir a porção de surpresa, U, do retorno da
ação da Flyers em duas partes. Conforme foi visto,
havíamos separado o retorno efetivo nos compo
nentes esperado e surpresa:
R = E (R) + U
Agora reconhecemos que a surpresa total no
caso da Flyers, U, tem um componente sistemático
e outro não sistemático e, portanto:
rão utilizados.
P e acordo com o que foi visto, incertezas so
bre condições económicas gerais, como PIB, taxas
[ 1 1 . 5]
de juros ou inflação, são exemplos de riscos siste
máticos. Estas condições afetam praticamente to
das as empresas em algum nível. Um aumento an
tecipado, ou uma surpresa na inflação, por exem
plo, afeta os salários e o custo dos materiais usa
dos pela empresa, o valor dos ativos que a empre
sa possui e o preço pelo qual a· empresa vende seus
produtos . Forças dessa natureza, às quais todas as
empresas estão sujeitas, são a essência do risco sis
mática. Como o risco sistemático geralmente é cha
mado de risco de mercado, usaremos a letra m para
representar a parte sistemática da surpresa. Com
esses símbolos, podemos prescrever o retorno to
tal do seguinte modo:
R = E (R) + U
temático.
Em contraste, o anúncio de descoberta de
petróleo por uma empresa afetará principalmente
aquela empresa, e talvez algumas outras (como
seus principais competidores e fornecedores) .
Seguindo a tradição, utilizaremos a letra gre
ga épsilon, E, para representar a parcela não siste
É
improvável que tenha efeito grande no mercado
mundial de petróle o , ou que afete empresas que
não sejam do ramo de petróleo e, portanto, este é
um evento não sistemático.
=
E (R) +
m
+ E
O que é importante, a respeito da maneira
pela qual decomporemos a surpresa total, U, é que
a parcela não sistemática, E, é mais ou menos es
pecífica à Flyers. Por essa razão, não está associa
da à parcela não sistemática do retorno da maior
parte dos outros ativos. Para entender por que isso
é importante, precisamos retornar ao assunto do
risco de uma carteira.
Quais são os dois tipos básicos de ris
co?
Qual é a distinção entre os dois tipos
de risco?
COMPONENTES SISTEMÁTICO E
NÃO SISTEMÁTICO DO RETORNO
Na realidade, a distinção entre risco sistemá
tico e não sistemático nunca é tão exata como a
1 1 .5 Diversificação e Risco
da Carteira
fizemos parecer. Mesmo as notícias mais limitadas
e peculiares sobre uma empresa têm repercussão
Vimos que o risco da carteira, em princípio,
na economia. Isso é verdade porque todas as em
pode ser bastante diferente do risco dos ativos que
presas, independentemente de quão pequenas se
a compõ em. Examinamos agora mais detalha
jam, fazem parte da economia. Isso lembra a len-
damente o risco de ativos individuais em contras-
RISCO E RETORNO
te com o risco de uma carteira formada por vários
Na coluna 2 da Tabela 1 1 .7, observamos que
ativos diferentes. Mais uma vez, examinaremos a
o desvio-padrão de uma carteira de um título é
história do mercado para ter uma idéia do que
cerca de 49%. Isso significa que, se você selecionar
acontece com investimentos reais no mercado de
uma única ação na Nyse e investir todo o seu di
nheiro nela, o desvio-padrão dos retornos tipica
capitais dos Estados Unidos.
mente terá o nível substancial de 49% ao ano. Se
você tivesse que selecionar aleatoriamente duas
ações e investir metade de seu dinheiro em cada
O EFEITO DA DIVERSIFICAÇÃO :
MAIS UMA LIÇÃO DA HISTÓRIA
DO MERCADO DE CAPITAIS
uma, seu desvio-padrão seria de cerca de 37%, em
média, e assim por diante .
O que é importante observar, na Tabela 1 1 .7,
é que o desvio-padrão diminui à medida que o
Em nosso capítulo anterior, vimos que o des
número de títulos aumenta. Quando temos por
vio-padrão dos retornos anuais da carteira forma
volta de 1 00 ações escolhidas aleatoriamente, o
da pelas ações das 500 maiores empresas tem his
desvio padrão da carteira diminui cerca de 60%, ou
toricamente sido cerca de 2 0 % (vej a a Figura
seja, de 49% a cerca de 20%. Com 500 ações, o
10.10, por exemplo) . Isso significa que o desvio
desvio-padrão é 19,27%, muito parecido com os
padrão dos retornos anuais de uma ação típica que
20% que vimos em nosso capítulo anterior para a
faz parte do grupo das 500 é cerca de 20%? Con
carteira de ações ordinárias de empresas grandes.
forme você pode suspeitar a esta altura, a resposta
Essa pequena diferença existe porque os títulos da
é não. Esta é uma observação de extrema importân
carteira e o período examinado não são idênticos.
cia.
Para examinar a relação entre o tamanho da
carteira e o risco da carteira, a Tabela 1 1 . 7 ilustra
O PRINCÍPIO DA DIVERSIFICAÇÃO
médias típicas de desvios-padrões d€ carteiras que
contêm números diferentes de títulos negociados
na Nyse, selecionados aleatoriamente.
A Figura 1 1 . 1 ilustra o ponto que acabamos
de discutir. Fizemos o gráfico do desvio-padrão dos
(3)
(2)
(1 )
Número de
Ações da
Carteira
2
4
6
8
10
20
30
40
50
1 00
200
300
400
500
1 .000
Fonte:
Desvio-padrão
médio dos
Retornos Anuais
da Carteira
49, 24%
3 7,36
2 9 , 69
2 6,64
24,98
23,93
2 1 ,68
2 0, 8 7
20,46
20,20
1 9 ,69
1 9,42
1 9 ,34
1 9 ,29
1 9,27
1 9, 2 1
Razão entre o
Desvio-padrão da
Carteira e o
Desvio-padrão de
uma Única Ação
1 , 00
0,76
0,60
0, 5 4
0,51
0,49
0,44
0,4 2
0,42
0,4 1
0,40
0, 39
0,39
0,39
0,39
0,39
Essas cifras foram extraídas da Tabela 1 de Meir Statrnan. How rnany stocks
rnake a diversified portfolio? Joumal
ofFinancial and QuantitativeAnalysis
22 Sept. 1987, p. 3 5 3 -3 6 4, e de E. J. Elton e M. J . Gruber. Risk reduction
and portfolio size: an analytic solution. Journal ofBusiness 50, Oct. 1977,
p. 415-437.
Desvio-padrão
dos retornos
anuais de
carteiras.
111-M
PARTE VI - RI SCO E RETORNO
Diversificação de
carteira.
Desvio-padrão
anual méd io ( % )
49,2
Ri sco d i versifi cável
23,9
1 9 ,2
Número
de ativos
na carteira
retornos em função do número de ações na cartei
ra. Observe, na Figura 1 1 . 1 , que o benefício de
adicionar títulos, em termos de redução de risco,
diminui à medida que adicionamos mais e mais tí
tulos. Quando temos cerca de 1 0 títulos, a maior
p arte do efeito já foi realizada, e quando temos
cerca de 30 títulos, quase nada resta de benefício
a conseguir.
A Figura 1 1 . 1 ilustra dois pontos essenciais.
Primeiro, parte do risco associado a ativos indivi
duais pode ser eliminada com a construção de car
teiras. O processo de distribuição de um investi
mento em mais de um ativo (e, portanto, forman
do uma carteira) é denominado diversificação. O
DIVERSIFICAÇÃO E RISCO NÃO
SISTEMÁTICO
Com base em nossa discussão sobre risco de
carteira, sabemos que uma parte do risco associa
da a ativos individuais pode ser diversificada e
outra parte não pode. Fica a seguinte questão ób
via: por que isso é assim? A resposta está associa
da à distinção que fizemos anteriormente entre ris
co sistemático e risco não sistemático.
Por definição, risco não sistemático é aquele
peculiar a um único ativo, ou, no máximo, a urr_
pequeno grupo. Por exemplo, se o ativo em consi
nos diz que, ao dis-
deração for ação de uma empresa, a descoberta de
tribuir o investimento em vários ativos, parte do
projetas de VPL positivo, tais como os de lançamen
_
risco será eliminado. A área sombreada em laran
to de novos produtos bem-sucedidos e reduções
j a na Figura 1 1 . 1 , denominada "risco diversifi
inovadoras de custos, tenderá a aumentar o valor
cável", é a parte do risco que pode ser eliminada
da ação. Ações judiciais inesperadas, acidentes tra
com a diversificação.
balhistas, greves e eventos similares tenderão a
O segundo ponto é igualmente importante.
Existe um nível mínimo de risco que não pode ser
diminuir os fluxos de caixa futuros e, portanto, a
reduzir o valor da ação.
eliminado pela diversificação. Este nível mínimo é
A observação mais importante é: se aplicar
denominado "risco não diversificável", na Figura
mos em uma única ação, o valor de nosso investi
1 1 . 1 . Juntos, esses dois pontos correspondem a
mento flutuará com os eventos específicos à empre
outra lição importante da história do mercado de
sa. Se aplicarmos em uma carteira grande, por
capitais: a diversificação reduz o risco, mas apenas
outro lado, algumas ações da carteira terão aumen
até certo ponto. Em outras palavras, alguns riscos
tos de preço devido aos eventos positivos específi
são diversificáveis e outros não o são.
cos destas empresas e outras terão quedas de pre
ço devido aos eventos negativos. O efeito líquido
no valor global da carteira será relativamente pe
queno, pois esses efeitos tenderão a se anular.
Agora vemos por que algumas das variações
associadas a ativos individuais são eliminadas com
tSUiti iW I���o ·.
I!: I
RISCO E RETORNO
Diversificação, Eficiência de Mercado e Fundos Mútuos
A diversificação é importan
especializados em certos países.
anterior. Conforme você pode suspei
te, mas, do ponto de vista
Analogamente, quem teve o melhor
tar, seu resultado em 1 997 dependeu
prático, um pequeno inves
desempenho como grupo pelos 1 2
crucialmente do fundo mútuo no qual
tidor com recursos limitados não pode
meses encerrados e m setembro d e
você aplicou seu dinheiro. De acordo
realmente comprar grande número de
1997 foram o s fundos d e investimen
com a Lipper Analytical Services, 8 1 %
títulos de empresas distintas. Feliz
to na América Latina, com retomo de
dos fundos de ações d o s Estados Uni
mente, os fundos mútuos tomam pos
4 7, 9%; o pior grupo foi o dos fundos
dos venceram o mercado, superando o
sível a tais investidores diversificar de
de ouro, que perderam 22,2% duran
rendimento do índice S&P 500 no
maneira barata e fácil. Quando você
te o mesmo período. Mais uma vez,
quarto trimestre de 1997. No entanto,
compra quotas de um fundo mútuo, na
estes fundos são demasiadamente es
durante os primeiros nove meses de
realidade está comprando direitos a
pecializados para serem considera
1997, apenas 27% dos fundos bateram
uma carteira ampla de ações, obriga
dos diversificados. Portanto, se diver
o mercado.
ções e/ou outros ativos (exatamente o
sificação é seu objetivo, é importan
A forma semiforte da eficiência
que você compra depende do fundo) .
te esclarecer que o fundo a escolher
de mercado sugere que os administra
Os fundos mútuos são geridos por ad
não deve ser um fundo específico de
dores profissionais não deveriam ser
ministradores profissionais, que presu
algum tipo; conforme mostram esses
capazes de bater o mercado regular
mivelmente são mais capazes de rea
números, tais fundos podem ser mui
mente, premissa apoiada pelo fato de
gir a movimentos do mercado do que
to voláteis.
você. Infelizmente, nem todos os fun
que apenas 27% bateram o mercado
Em termos agregados, os fun-
nos primeiros nove meses de 1997. De
dos são iguais, e as diferenças podem . dos mútuos de ações de empresas
fato, entra ano, sai ano, a maioria dos
americanas tiveram o belo rendimen
administradores de fundos rotineira
ser grandes.
Durante os 12 meses encerrados ·
em 30 de setembro de 1 997, seria di
to de 26,2% durante os nove primei
mente tem desempenho inferior à
ros meses de 1 997. Em termos com
média. Dado o vulto dos recursos, bem
fícil ter alcançado retornos maiores do
parativos, o índice Standard and
como a experiência e o talento dispo
que os do Lexington Troika Dialog
Poor's 500 (ou S&PSOO), o padrão ao
níveis a administradores de fundos,
Russia Fund, um fundo com investi
qual a maior parte dos fundos mú
essa descoberta é um tanto quanto sur
mentos exclusivamente na Rússia, que
tuos é comparada, subiu cerca de
preendente, e talvez seja a mais forte
teve retorno altíssimo, de 149,4%. E o
29, 1 % durante o mesmo período de
evidência apoiando a hipótese de efi
pior fundo mútuo naquele período? O
nove meses. Observe que esses retor
ciência do mercado.
DFA Japanese Small Company (com
nos são muito altos em termos histó
investimentos apenas no Japão), que
ricos, e excedem de longe a média
perdeu 48,9o/o no mesmo período. Na
histórica de retornos tanto de ações
turalmente, nenhum destes fundos é
de empresas grandes como peque
realmente diversificado, porque são
nas, discutidos em nosso capítulo
a diversificação. Quando combinamos ativos em
carteiras, os eventos específicos ou não sistemáti
cos, tanto positivos quanto negativos, tendem a
Fonte: Whee! Funds thrill investors: but stock
market volatility frightens: some small stocks
soar, asian markets sink, The Wall Street JoumaL
3 Oct. 1997.
DIVERSIFICAÇÃO E RISCO
SISTEMÁTICO
anular-se, uma vez que temos mais do que apenas
alguns poucos ativos.
Esse é um ponto importante, que vale a pena
repetir:
Vimos que o risco não sistemático pode ser
eliminado pela diversificação. E o risco sistemáti
co? Ele também pode ser eliminado pela diversifi
cação? A resposta é não, porque, por definição, um
O risco não sistemático é essencialmente
eliminado pela diversificação;· portanto, ·uma
carteira relativamente grande praticamente
nã.o tem risco não sistemático.
risco sistemático afeta praticamente todos os ativos
em algum nível. Como resultado, independente
mente de quantos ativos colocamos na carteira, o
risco sistemático não desaparece. Assim, por razões
óbvias, os termos risco sistemático e risco não diver
De fato, os termos risco diversificável e risco
não sistemático geralmente são utilizados como si
nônimos.
sificável são utilizados como sinônimos.
Como introduzimos muitos termos diferentes,
achamos útil resumir nossa discussão antes de
••
PARTE VI - RISCO E RETORNO
avançar. Vimos que o risco total de um investimen
afirma que a recompense.
to, medido pelo desvio-padrão dos retornos, pode
por assumir risco depende apenas do risco sistemá
ser escrito como:
tico de um investimento. O raciocínio por trás des
se princípio é simples : como o risco não sistemáti
[ 1 1 .6]
O risco sistemático também é denominado
risco não diversificável ou risco de mercado. O risco
co pode ser eliminado virtualmente a custo nulc
(por meio da diversificação), não pode existir re
compensa por assumi-lo. Em outras palavras, c
mercado não recompensa riscos desnecessários.
não sistemático também é denominado risco diver
sificável, ou risco especifico . Em uma carteira bem
diversificada, o risco não sistemático é insignifican
te. Em tal carteira, essencialmente todo o risco é
sistemático.
O princípio do risco sistemático tem umc.
implicação memorável e muito importante:
Que acontece com o desvio-padrão
dos retornos de uma carteira quando
o número de títulos na carteira au
menta?
Que é o princípio da diversificação?
Por que alguns riscos são diversifi
cáveis?
o.retorno esperado de
um
ativo âêpen(le
unicamente do risco sistemático desse at:ivo.
Existe um corolário óbvio deste princípio:
independentemente de quanto risco total um ati
vo tenha, apenas a porção de risco sistemático é
relevante para determinar o retorno esperado (e o
prêmio por risco) desse ativo.
Por que o risco sistemático não desa
parece com a diversificação?
1 1 .6 Risco Sistemático e Beta
MENSURAÇÃO DO RISCO
SISTEMÁTICO
Como o risco sistemático é fator determinante
crucial do retorno esperado do ativo, precisamos
medir de alguma forma os níveis de risco sistemá
A pergunta de que começaremos a tratar é:
o que determina o tamanho do prêmio por risco de
tico de diferentes investimentos. A medida especí
fica que utilizaremos é denominada
_
ativo com risco? Em outras palavras, por que alguns
- , e será usada a letra grega 13 para representá
ativos têm prêmios por risco maiores do que ou
la. O coeficiente beta, ou beta, para abreviar, nos
tros? A resposta a estas perguntas, como será dis
diz quanto risco sistemático determinado ativo tem
cutido a seguir, também está baseada na distinção
em relação a um ativo médio. Por definição, um
entre risco sistemático e risco não sistemático.
ativo médio tem um beta de 1 , 0 em relação a ele
mesmo. Um ativo com beta de 0,50 tem portanto
O PRINCÍPIO DO RISCO
SISTEMÁTICO
Até agora, vimos que o risco total associado
a ativo pode ser decomposto em dois elementos:
risco sistemático e risco não sistemático. Também
vimos que o risco não sistemático pode ser quase
totalmente eliminado pela diversificação.
Com base em nosso estudo da história do
mercado de capitais, sabemos que existe recompen
sa, em média, por assumir riscos. No entanto, sa
bemos agora que precisamos ser mais específicos
sobre o que queremos dizer por risco. O . .
a metade do risco sistemático de um ativo médio:
um ativo com beta igual a 2,0 tem o dobro.
A Tabela 1 1 .8 contém os coeficientes beta
estimados para as ações de algumas empresas bas
tante conhecidas (esta fonte específica arredonda
os dados para os 0,05 mais próximos) . A faixa de
betas na Tabela 1 1 .8 é típica para ações de gran
des empresas nos Estados Unidos. Existem betas
fora desta faixa, mas são menos comuns.
1 1 111
..
RISCO E RETORNO
Empresa
Coeficiente Beta (�i)
Coeficientes
0,80
0, 9 5
1 ,05
1 1o
1 15
1 ,2 0
1 ,35
1 ,6 5
Exxon
Wai-Mart
General Motors
M i c rosoft
empresas
selecionadas.
f
IBM
f
H a r l ey- Davidson
De l i Computer
America On l i ne
É importante
beta para
lembrar que o retorno espera
que você aplique metade d e seu dinheiro na Wal
do e, portanto, o prêmio por risco de um ativo,
Mart e metade na Harley-Davidson. Qual seria o
depende apenas do risco sistemático. Como ativos
beta desta combinação? Como a Wal-Mart tem um
com betas maiores têm riscos sistemáticos mais
beta de 0,95 e a Harley-Davidson um beta de 1 ,20,
altos, têm retornos esperados maiores. Portanto,
o beta da carteira,
com base na Tabela 1 1 .8, um investidor que com
pre ações da Exxon, com um beta de 0,80, deveria
ter um rendimento menor, em média, do que um
�p
investidor que compre ações da General Motors,
que tem um beta de cerca de 1,05.
=
0,50
X
=
0,50
X
=
1 , 075
�P'
seria igual a:
�Wall-Mart
0,95
+
+
0,50
0,50
X
X
�Harley-Davidson
1,20
Em geral, se tivéssemos um grande número
de ativos na carteira, multiplicaríamos o beta de
EXEMPLO 1 1 .5 Risco total versus Beta
cada ativo por seu peso na carteira e somaríamos
os resultados para obter o beta da carteira.
Consi dere as seg u i ntes informações referentes
a d o i s títu l os. Q u a l d e l es tem o maior ri sco tota l ?
Q u a l tem o m a i o r ri sco s i stem át i co? Q u a l tem o
m a i o r ri sco n ão sistemático? Q u a l é o ativo com o
maior prêm i o por risco?
Títu l o A
Tít u l o B
- EXEMPLO 1 1 .6 Beta da carteira
S u po n h a que tenhamos os segu i ntes i n vest i
mentos:
Desvio-padrão
Beta
40%
20
0,50
1 ,50
Com base e m nossa di sc u ssão nesta seção, o
títt:ilo A tem o maior ri sco total , mas tem um risco
si stemático su bsta n c i a lmente menor. Como o risco
total é a soma do risco s i stemático com o não siste
m ático, o títu l o A deve ter um ri sco n ão sistemático
m ai or. F i n a l m ente, de acordo com o pri ncípio do
ri sco s i stemático, o tít u l o B deve ter o m a ior prêm i o
p o r ri sco e o m a i o r retorno esperado, apesar d e ter
o menor risco tota l .
Quantia
Retorno
Título
Investida
Esperado
Beta
Ação A
$ 1 . 000
Ação B
2 . 000
3 . 000
4 . 000
8%
12
15
18
0,80
0,95
1 1o
1 ,40
Ação C
Ação D
Qual é o reto rno esperado da carte i ra? Q u a l
é o beta dessa cartei ra? Essa carte i ra tem m a i s o u
m e n o s ri sco sistemático do q u e u m ativo médio?
Para responder a essas pergu ntas, prec isamos
c a l c u l a r em p r i m e i ro l u gar os pesos d a carte i r a.
O bserve que o total i nvestido é de $ 1 0.000. Logo,
$ 1 .000/1 0 . 000
BETAS D E CARTEIRAS
f
=
1 O% foram i nvestidos n a ação A.
De manei ra análoga, 20% foram i n vestidos n a ação
B, 30% n a ação C e 40% na ação D . Portanto, o
retorno esperado, E(R ), é igu a l a:
Anteriormente, vimos que o risco de uma
carteira não tem relação simples com os riscos dos
P
E(R )
P
=
E(Rc) +0,40
ativos contidos na carteira. O beta de uma cartei
ra, no entanto, pode ser calculado exatamente
=
como o retorno esperado da carteira. Por exemplo,
examinando novamente a Tabela 1 1 .8, suponha
O, 1 0 X E(RA )+0, 2 0 X E(R6) + 0, 3 0 X
=
E(R )
0
0 , 1 0 X 8% + 0,20 X 1 2% + 0,30
1 5% + 0,40 X 1 8%
1 4,9%
' �' ;
;
X
X
PARTE VI - RISCO E RETORt'\!0
De m a n e i ra análoga, o beta da cartei ra, � ' é:
P
� = 0 , 1 0 X � A + 0,20 X � B + 0 , 3 0 X
p
!30
J3c
+
De maneira análoga, o beta da carteira, � '
P
seria igual a :
!)p
!)A +
=
0,25 X
0, l 0 X 0 , 8 0 + 0 , 2 0 X 0 , 9 5 + 0 , 3 0 X
==
0,25 X 1 ,6
1 , 1 0 + 0,40 X 1 ,40
==
0,40
x
1 ,1 6
Portanto, esta carteira tem u m retorno espera
do de 1 4,9% e um beta de 1 , 1 6 . Como o beta é
maior do que 1 , 0, esta carteira tem risco sistemáti
co s u peri o r ao d o ativo médio.
Qual é o princípio d o risco sistemá
tico?
O que mede o coeficiente beta?
Como se calcula o beta de uma car
teira?
Verdadeiro ou falso: o retomo espe
rado de um ativo com risco depende
d o risco total do ativo. Explique.
( 1 - 0,25) X 0
0,40
Observe que, como a soma dos pesos deve ser
igual a 1 , o percentual investido no ativo livre de
risco é igual a 1 menos o percentual investido no
Ativo A.
Uma pergunta que você deve estar se fazen
do é se é possível que o percentual investido no
ativo A seja maior do que 100%. A resposta é: sim.
A maneira pela qual isso pode acontecer envolve
fazer com que o investidor tome emprestado à taxa
do ativo livre de risco. Por exemplo, suponha que
um investidor possua $ 1 0 0 e tome mais $ 50 em
prestados a 8%, a taxa do ativo livre de risco. O
total do investimento no ativo A seria $ 1 5 0, ou
1 5 0% da riqueza do investidor. O retomo espera
do, nesse caso, seria:
E(�) ==
==
==
1 ,5 0 X
E(RA) +
(1 - 1 ,50) X
1 ,5 0 X 20% - 0,50 X 8%
RI
26,0%
O beta dessa carteira seria igual a :
j)p
1 1 . 7 Linha de Mercado de
Títulos
==
=
=
PRÊMIO POR RISCO
Considere uma carteira composta pelo ativo
A e pelo ativo livre de risco. Podemos calcular al
guns retornos esperados diferentes possíveis para
a carteira variando o percentual investido nestes
dois ativos . Por exemplo, se 2 5 % da carteira esti
verem investidos no ativo A, o retorno esperado
será:
0,25 X
( 1 - 1 ,50) X 0
1 ,5 0 X 1,6
2,4
Porcentagem do Retorno Esperado
ativo A na carteira
da Carteira
0%
E(R� +
( 1 - 0,25) X R/
==
0,25 X 20% + 0,75 X 8%
==
1 1,0%
Beta da
Carteira
0,0
25
0, 4
50
0, 8
75
1 00
1 25
1 50
E(RP) ==
j)A +
Podemos calcular outras possibilidades, como
vemos a seguir.
Agora estamos prontos para verificar como o
risco é remunerado no mercado. Para iniciar, supo
nha que o ativo A tenha um retorno esperado de
E(RA) == 20% e �A = 1 ,6 . Além disso, a taxa de re
torno do ativo livre de risco é R, == 8%. Observe que
)
o retorno do ativo livre de risco, por definição, não
tem risco sistemático (ou risco não sistemático) , e
portanto o ativo livre de risco tem beta igual a O.
BETA E
1 ,5 0 X
1 ,2
.:'.
'-'
i. :;.
/_
:=
1 ,6
2,0
2 ,4
Na Figura 1 1 .2A, vemos um gráfico dos retor
nos esperados desta carteira em função do beta da
carteira. Perceba que a combinação de todos os
pontos forma uma linha reta.
Qual é a inclinação da linha reta na Figura
1 1 .2A? Como sempre, a inclinação de uma linha
reta é igual ao quociente entre a variação no eixo
vertical e a variação correspondente no eixo hori
zontal . Nesse caso, à medida que reduzimos nossa
RISCO E RETORNO
Retorno esperado
da carteira ( E ( Rp))
Retornos
esperados e
betas de
carteiras que
contêm o
ativo A.
. Ativo A
_j
-----------------
R r = 8%
=
E(RA) - Rf
�A
·
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Beta da
carteira (�p)
1 ,6 = �A
aplicação no ativo livre de risco e aumentamos a
aplicação no ativo A, o beta eleva-se de O para 1 , 6
(eixo horizontal) . Ao mesmo tempo, o retorno es
perado eleva-se de 8% para 20% (eixo vertical) . A
inclinação da linha, portanto, é igual a 1 2%/ 1 , 6
=
Perceba que a inclinação de nossa linha cor
responde exatamente ao prêmio por risco do ativo
A, E(RA) - R dividido pelo beta do ativo A, �A :
Para começar, calculemos as diferentes com
binações de retornos esperados e betas para a car
teira formada com o ativo B e o ativo livre de ris
co, assim como fizemos para o ativo A. Por exem
plo, se aplicarmos 25% em B e os restantes 75% no
ativo livre de risco, o retorno esperado da carteira
será igual a:
E(RP)
!'
Inclinação
=
=
�A
1,6
0,25
0,25
X
X
10,0%
E(RB ) + (1 - 0,25)
1 6% + 0,75 X 8%
=
:
�
p
= � ::.�;,_
lavras, o ativo A tem um prêmio de 7,50% por uni
dade de risco sistemático.
=
0,25
=
0,25
=
0,30
X
X
�B + ( 1 - 0,25)
1,2
X
Rf
0
Outras possibilidades são apresentadas a seguir:
Porcentagem do Retorno Esperado
da Carteira
Ativo B na Carteira
Agora suponha que consideremos um segun
do ativo, o ativo B. Esse ativo tem um beta de 1,2
e um retorno esperado de 1 6%. Qual é o melhor
investimento, o ativo A ou o ativo B? Como você
pode suspeitar, mais uma vez não podemos respon
der com segurança. Alguns investidores preferirão
A, enquanto outros preferirão B. No entanto, pode
mos dizer que A é melhor porque, conforme de
monstraremos, B oferece uma compensação inade
quada pelo nível de risco sistemático, ao menos em
relação a A.
2.
X
O beta dessa carteira seria igual a:
Isso nos diz que o ativo A oferece um quo
ciente recompensa/risco de 7,50%. 2 Em outras pa
<
=
=
E(RA ) - R f
20% - 8%
= ·
Algumas vezes este quociente é denominado índice de
Treynor, em homenagem a um de seus criadores.
0%
25
50
75
1 00
1 25
1 50
8'1o
10
12
14
16
18
20
Beta da
Carteira
0,0
0,3
0,6
0,9
1 ,2
1 ,5
1 ,8
Quando fazemos o gráfico destas combina
ções de retornos esperados e betas na Figura 1 1 .2B,
obtemos uma linha reta, exatamente como no caso
do ativo A.
O ponto chave a ser observado é o de que
quando comparamos os resultados para o ativo A
e o ativo B, como fazemos na Figura 1 1 .2C, a linha
PARTE VI - RISCO E RETORNO
Retorno esperado
da carteira (E(R ))
p
Retornos
esperados e
betas de
carteiras que
contêm o
ativo B .
Ativo 8
E(R8) = 1 6%
Rr = 8%
�------�--��
1 , 2 = �B
que descreve as combinações de retornos espera
dos e betas para o ativo A é mais alta do que a li
nha que descreve as combinações envolvendo o
ativo B. Isso nos diz que, p.ara qualquer nível de
risco sistemático (medido pelo �) , as combinações
entre o ativo A e o ativo livre de risco sempre ofe
recem retorno maior. É por isso que somos capazes
de afirmar que o ativo A é um investimento melhor
do que o ativo B .
Outra maneira d e enxergar que A oferece um
retorno superior para seu nível de risco é observar
que a inclinação da linha, para o ativo B, é :
Inclinação
=
E(R8 ) - R
�B
f
1 6% - So/o
1,2
Portanto, o ativo B tem um quociente entre
recompensa e risco de 6,67%, menor do que o quo
ciente de 7,5% oferecido pelo ativo A.
A situação que descrevemos para os ativos A
e B não poderia persistir em um mercado bem or
ganizado, porque os investidores se sentiriam atraí
dos pelo ativo A e se afastariam do ativo B . Em
conseqüência, o preço do ativo A aumentaria e o
de ativo B diminuiria. Como os preços e os retor
nos se movem em direções opostas, o resultado
seria o de que o retorno esperado de A cairia, e o
de B subir.
Esses movimentos de compra e venda conti
nuariam até que os dois ativos se situassem exata
mente na mesma linha, o que significa que esta-
Beta da
carteira (�p)
riam oferecendo o mesmo retorno por unidade de
risco assumido. Em outras palavras, em um merca
do ativo e competitivo, devemos ter:
E(RA ) - R
�A
f
E(R8 ) - R1
�B
Essa é a relação fundamental entre risco e
retorno.
Nosso argumento básico pode ser estendido
a mais de dois ativos. Na verdade, não importa
quantos ativos tenhamos, pois precisamos chegar
sempre à mesma conclusão:
O quociente entre recompensa e risco pre
cisa ser o mesmo para todos os ativos existen
tes no mercado.
Este resultado não é muito surpreendente. O
que ele diz, por exemplo, é que se um ativo tem o
dobro do risco sistemático de outro, seu prêmio por
risco precisa simplesmente ser duas vezes maior.
Como todos os ativos precisam ter o mesmo
quociente entre recompensa e retorno, devem es
tar situados na mesma linha. Esse argumento é ilus
trado na Figura 1 1 .3. Conforme demonstrado, os
ativos A e B situam-se na mesma linha e, portanto,
têm o mesmo quociente entre recompensa e risco.
Se um ativo estiver acima da linha, como o ativo C
na Figura 1 1 .3, seu preço aumentará, e seu retor
no esperado irá cair até o indicado exatamente pela
linha. De maneira análoga, se o ativo estiver grafi
camente abaixo da linha, como D na Figura 1 1 .3,
seu retorno esperado aumentará até atingir tam
bém o representado exatamente pela linha.
O argumento que apresentamos se aplica a
mercados ativos, competitivos e com bom funcio
namento. Os mercados financeiros, como, por
RISCO E RETORNO
Retorno esperado
da carteira (E(Rp))
Ativo A
Ativo B
I
I
E ( R8) = 1 6%
I
I
I
I
I
I
I
Rf= 8%
:
L_------------�----�----------------��
1 , 6 = �A
1 ,2 = �8
Beta da
carteira (� )
p
Retorno esperado
do ativo (E(R;))
Retornos
esperados e
risco
sistemático.
E ( Rc)
- - - - - - - - - - - - - - - -
E(R0)
E(R8)
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - ---4p
E ( RA)
- - - - - ·
Rf
Retornos
esperados e
betas para os
dois ativos.
IA
I
I
I
I B
I
I
I
I
I
I
I
I
�A
�8
I
•C
I
r�
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
�c
E(R) - Rf
- -, o
I
I
�i
I
I
I
I
I
I
I
�D
A rel ação fu ndamental entrebeta e retorno esperado sign ifica que
todos os ativos preci sam ter o mesmo quoci ente entre recom pensa
e ri sco: [E(R) - R�!� i· I sto quer d izer que todos estariam situados
na mesma l i n h a. Os ativos A e B são exem plos desse comportamento.
O retorno esperado do ativo C é excessivamente alto. O do ativo D
é m u ito baixo.
exemplo, a Nyse, atendem melhor a este critério.
Outros mercados, como, por exemplo, o mercado
de ativos reais, podem ou não atender a este crité
rio. Por essa razão, estes conceitos são mais úteis
para examinar mercados financeiros. Portanto, nos
concentraremos em tais mercados. No entanto,
conforme discutiremos em uma seção futura, as
informações sobre risco e retorno extraídas de
mercados financeiros são essenciais para avaliar os
investimentos que as empresas fazem em ativos
reais.
EXEMPLO 1 1 . 7 Compre barato, venda
caro
D iz-se que um ativo está superavaliado quan
do seu preço é m u ito a l to em face de seu retorno
I
I!
i i
PARTE VI - RISCO E RETORNO
esperado e seu r i sco. S uponh a q ue você observe a
segui nte situação:
Título
Beta
Retorno Esperado
M u lder Co.
1 4%
1 ,3
Scul l ey Co.
10
0,8
Como essa carteira é representativa de todos os
ativos no mercado, precisa ter o risco sistemático
médio. Em outras palavras, precisa ter um beta
igual a 1 ,0. Podemos, portanto, escrever a inclina
ção da SML do seguinte modo:
Inclinação da SML
A taxa de retorno corrente do ativo l ivre de
E(RM ) - Rf
·
=
risco é de 6%. Algum dos dois títulos citados está
E(RM ) - R f
s u peraval i ad o em relação ao outro?
1
Para responder, ca l c u l a mos o q uociente entre
recom pensa e risco dos d o i s ativos. No caso d a
6, 1 5% .
M u lder, esse q uociente é (1 4% - 6%)/1 ,3
N o caso d a Scul ley, é 5 % . Conc l u ímos q ue a Scul l ey
J) M
=
E(RM ) - Rf
=
oferece u m retorno esperado i nsuficiente para seu
n ível de r i s co, pelo menos em relação à M u l der.
A expressão E(RM) - R1 geralmente é denomi•
nada
.. - , porque
.
é o prêmio pelo risco da carteira de mercado.
·
.- . .
.. .
. ..
·
.
.. . ·
·
··
·
.
Como seu retorno esperado está m u ito baixo, seu
preço está m u ito a lto. Em outras palavras, a S c u l ley
está superava l i ada em relação à M u l der, e espera
ríamos q u e caísse em relação ao da M u lder. Obser
ve q ue também poderíamos dizer q ue a M u l der está
subavaliada em relação à Scu f l ey.
LINHA DE MERCADO
TÍTULOS
A
DE
A linha que resulta da representação gráfica
da relação entre retornos esperados e betas obvia
mente tem alguma importância e, portanto, é hora
de lhe darmos um nome. Essa linha, a qual utiliza
mos para descrever a relação entre risco sistemáti
co e retorno esperado em mercados financeiros,
geralmente é denominada
, ou
.-. . Após o VPL, a SML talvez seja o
conceito mais importante nas finanças modernas.
Para encerrar, se fizermos com que E(R1) e !31
retorno esperado e beta, respectivamente, de qual
quer ativo, sabemos que esse ativo precisa estar
situado na SML. Assim, sabemos que seu quocien
te entre recompensa e risco é igual ao do mercado
em geral:
E(R1 ) - R1
�
13;
. ·
=
E(RM ) - Rf
Se rearranjarmos os termos, poderemos es
crever a equação da SML da seguinte maneira:
[11 .7]
Esse resultado é idêntico ao do famoso
Será sempre útil conhecermos a equação da
SML. Existem diversas maneiras diferentes de a
escrevermos, mas uma é particularmente comum.
Suponha que você considere uma carteira consti
tuída por todos os ativos existentes no mercado. Tal
carteira é denominada carteira de mercado, e ex
pressaremos o retorno esperado dessa carteira de
mercado por E(RM) .
Como todos os ativos existentes precisam es
tar situados na SML, o mesmo ocorre para a car
teira de mercado composta por todos esses ativos.
Para determinar suas coordenadas na SML, preci
samos conhecer o beta da carteira de mercado, �M·
···
O que o CAPM mostra é que o retorno espe
rado de determinado ativo depende de três coisas:
1.
Valor puro do dinheiro n o tempo. Medido pela
taxa livre de risco, R mostra a recompensa
p
exigida por simplesmente esperar pela devolu
ção do dinheiro, sem assumir risco nenhum.
2.
Recompensa por assumir risco sistemático.
M edida pelo prêmio por risco de mercado,
[E(RM) - Rf] , esse componente corresponde à
RISCO E RETORNO
I.
Retorno total
O retorno total de u m i nvesti mento tem dois componentes: o retorno espera
do e o retorno i nesperado. O retorno i n esperado é oriu ndo de eventos não
anteci p ados. O ri sco de i n vesti mento deriva da poss i b i l idade de ocorrência
de eventos não anteci pados.
1 1.
Resumo dos
conceitos de
risco e retorno.
Risco total
O risco total de u m i nvesti mento é medido pela variância ou, m a i s freqüen
temente, pelo desvio-padrão de suas taxas d e retorno.
III. Riscos sistemático e não sistemático
Riscos sistemáticos (também conhecidos por riscos de mercado) são eventos
não anteci pados q u e afetam praticamente todos os ativos em algum n ível,
porque são eventos de abrangênc i a econômica ampla.
Riscos n ã o s is temáticos são eventos não anteci pados q u e afetam somente
ativos i n d iv i d u a i s ou pequenos grupos d e ativos. Os riscos não s i stemáticos
também são con hecidos como riscos específicos.
IV. Efeito da diversifi cação
Uma parte, mas não todo o risco associ ado a u m i nvesti mento com risco, pode
ser e l i m in ad a pela d i versificação. Isso acontece porq u e os ri scos não s i ste
máticos, q u e são particul ares a ativos i nd ividuais, tendem a anul ar-se em u m a
carte i ra grande, m a s o risco sistemático, q u e afeta todos os ativos da carte i ra
de algum modo, não é anu lado.
V.
Princípio do risco sistemático e beta
Como o risco não s i stemático pode ser e l i m i nado sem cu sto m e d iante a d i
versificação, o p rincíp io do risco sistemático diz q u e a recompensa por assu
m i r risco depende apenas do n ível de r isco s i stemático . O nível d e risco s i s
temático de determ i n ad o ativo, em relação à médi_a, é dado pelo beta deste
ativo.
VI. Quociente entre recompensa e risco e a linha de mercado de títulos
Quociente entre recompensa e ri sco para o ativo i é o quociente entre o prê
m i o por risco, E(R;) - Rr , e o seu beta, �i:
_
Em u m mercado que fu nciona em cond ições normais, esse quoc iente é igual
para todos os ativos. Portanto, quando os retornos esperados dos ativos são
representados graficamente em fu nção d e seus betas, todos os ativos ficam
situ a dos na mesma l i nha reta, chamada de linha de mercado de títulos (SML).
Vil. Modelo de precificação
de ativos financeiros
Graças à SML, o retorno esperado do ativo i pode ser escrito do seguinte modo:
E( R)
=
Rr + [E(R,) - Rr]
x
f3;
Esse é o modelo de precificação de ativos (CAPM).
O retorno esperado de u m ativo de risco, portanto, tem três componentes. O
pri meiro é o valor p u ro d o d i n he i ro no tempo (R), o segu ndo é o p rêmio por
r i sco d e m e rcado, [E(RM) - Rrl e o tercei ro é o beta d o ativo, f3;·
recompensa que o mercado oferece para se
3.
uma carteira. Para encontrar o retorno esperado de
assumir um nível médio de risco sistemático,
uma carteira, simplesmente precisamos utilizar
além de esperar.
esse
Nível d e risco sistemático. Medido pelo f3;, esse
f3 na equação do
CAPM.
A Figura 1 1 .4 resume nossa discussão sobre
é o nível de risco sistemático presente em de
SML e CAPM. Tal como foi feito anteriormente,
terminado ativo, em relação a um ativo médio.
representamos graficamente o retorno esperado em
Acrescente-se que o CAPM é válido tanto para
carteiras de ativos quanto para ativos individuais.
Em uma seção anterior, vimos como calcular o
f3 de
função de beta. Agora reconhecemos que, com base
no CAPM, a inclinação da SML é igual ao prêmio
por risco de mercado, [E (RM) - R ] .
1
PARTE VI
-
RISCO
E RETORNO
Linha de
mercado de
títulos, ou SML.
Retorno esperado
do ativo (E(R;))
- - - - - - - - - -�--.
I
I
I
I
I
I
I
I
L_------�--·
�M
=
1 ,0
Beta do
ativo (�;)
A i n c l i nação d a l i n h a de mercado de títu los é igual ao prêmio
por risco de mercado, ou seja, a recompensa por assu m i r uma
quantidade méd ia de risco s i stemático. A equ ação da SML pode
ser escrita do segu i nte modo:
E(R)
=
Rr + [E(RM) - Rr] X �i
que é o mode l o de precificação de ativos, ou CAPM.
Isso conclui nossa apresentação dos conceitos
associados à relação entre risco e retomo. Para re
ferência futura, a Tabela 1 1 . 9 resume os vários
conceitos na ordem em que os discutimos.
Qual é a relação fundamental entre
risco e retorno em mercados bem
organizados?
I
EXEMPLO 1 1 . 8 Risco e retorno
Suponha que a taxa l ivre de risco seja de 4%,
o prêmio por risco de mercado seja igual a 8,6% e
o beta de determ i nada ação seja 1 ,3 . Com base no
CAPM, qual é o retorno esperado dessa ação? Qual
seria o retorno esperado se o beta da ação fosse duas
vezes maior?
Com um beta de 1 ,3, o p rêmio por risco da
ação é 1 ,3 x 8, 6%, ou 1 1 , 1 8%. A taxa de retorno
l ivre de risco é de 4% e, portanto, o retorno espe
rado é de 1 5, 1 8%. Se o beta fosse o dobro, 2,6, o
prêm io por risco seria o dobro, 22,36%, e, portan
to, o retorno esperado seria de 2 6,36%.
Que é a linha de mercado de títulos?
Por que todos os ativos precisam es
tar situados exatamente nessa linha,
em mercados bem organizados?
Que é modelo de precificação de ati
vos, ou CAPM? O que ele nos diz a
respeito do retomo exigido de um in
vestimento com risco?
1 1 .8 A SML e o Custo de
Capital: uma Visão
Preliminar
Nosso objetivo ao estudar risco e retomo é
duplo. Primeiro, o risco é uma consideração extre
mamente importante em praticamente qualquer
decisão empresarial-; e portanto, queremos discu
tir o que é risco e como ele é recompensado no
�
mercado. Nosso segundo o jetivo é descobrir o que
;. !I!I!!!:!!II!!!!H:t
.
RISCO
determina uma taxa de desconto apropriada para
avaliar fluxos de caixa futuros. Este segundo assun
to será discutido em maiores detalhes no Capítulo
12.
A
IDÉIA BÁSICA
A linha de mercado de títulos nos diz qual é
a recompensa por assumir riscos em mercados fi
nanceiros. No mínimo, qualquer novo investimen
to adotado por nossa empresa precisa oferecer um
retorno esperado pelo menos igual ao que o mer
cado financeiro oferece pelo mesmo nível de risco.
A razão para isso é que nossos acionistas simples
mente têm a possibilidade de investir eles mesmos
no mercado financeiro.
A única maneira de beneficiar nossos adonis
tas é encontrando investimentos com retornos es
perados superiores aos ofertados nos mercados fi
nanceiros para o mesmo nível de risco. Tais inves
timentos terão VPL positivos. Portanto, se pergun
tarmos qual é a taxa de desconto apropriada, a res
posta é a de que deveríamos utilizar o retorno es
perado oferecido nos mercados financeiros para
investimentos com o mesmo risco sistemático.
Em outras palavras, para determinar se um
investimento tem VPL positivo, essencialmente
estamos comparando seu retorno esperado daquele
novo investimento ao que o mercado financeiro
estaria oferecendo por um investimento com beta
igual. Isso explica porque a SML é tão importante :
ela nos mostra qual é a "taxa vigente" para assu
mir risco na economia.
CUSTO DE CAPITAL
A taxa apropriada de desconto de novos pro
jetos é a taxa mínima de retorno esperada que um
investimento precisa oferecer para ser atraente.
Esse retorno mínimo esperado geralmente é deno
� :� do investimento. É chaminado
mado dessa maneira porque o retorno exigido é o
que a empresa precisa gerar sobre seu capital in
vestido num projeto, para que atinja o equilíbrio
nessa aplicação. Portanto, pode ser interpretado
como custo de oportunidade associado ao investi
mento de capital pela empresa.
_
-·
Observe que, quando dizemos que um inves
timento é atraente se seu retorno esperado é supe
rior ao oferecido no mercado financeiro para inves-
E RETORNO
timentos de mesmo risco, efetivamente estamos
utilizando o critério da taxa interna de retorno, ou
TIR, desenvolvido no Capítulo 8. A única diferen
ça é que agora temos uma idéia muito melhor do
que determina a taxa exigida de retorno de um
investimento. Essa compreensão será importante
quando discutirmos custo de capital e estrutura de
capital na Parte 7 de nosso livro.
Se um investimento tem VPL positi
vo, ele estaria representado grafica
mente acima ou abaixo da SML? Ex
plique.
Que significa a expressão custo de ca
pital?
Resumo e conclusões
Este capítulo cobriu os conceitos essenciais de
risco. Ao longo do caminho, apresentamos diver
sas definições e vários conceitos. O mais importante
destes é a linha de mercado de títulos, ou SML. A
SML é importante porque nos mostra a recompen
sa oferecida em mercados financeiros por assumir
risco. Graças à SML, dispomos de um padrão para
comparar os retornos esperados de investimentos
em ativos reais, a fim de determinar se são desejá
veis.
Como cobrimos diversos assuntos, vale a pena
resumir a lógica econômica por trás da SML:
A história do mercado de capitais nos mostra
que há recompensa por assumir risco. Essa re
compensa é o prêmio por risco de um ativo.
O risco total associado a um ativo tem duas
partes: risco sistemático e risco não sistemáti
co. O risco não sistemático pode ser elimina
do sem custo por meio da diversificação (esse
é o princípio da diversificação) e, portanto,
apenas o risco sistemático é recompensado.
Como resultado, o prêmio por risco de um ati
vo é determinado por seu risco sistemático.
Esse é o princípio do risco sistemático.
O risco sistemático de um ativo, em relação à
média, pode ser medido por meio de seu coe
ficiente beta, �;· O prêmio por risco de um ati
vo é dado pelo produto entre seu coeficiente
beta e o prêmio por risco de mercado,
[E(RM) - Rf] X �;·
. I i
PARTE VI - RISCO E RETOR.."JO
O retorno esperado de um ativo,
E(R), é igual
à taxa livre de risco, R mais o prêmio por ris
P
co:
Suponha que a taxa livre de risco
seja de 8%. O retorno esperado do merca
do é 1 4%. Se determinada ação tem beta
igual a 0,60, qual é seu retorno esperado
com base no CAPM? Se outra ação tem re
Essa equação é a SML, geralmente chamada de
modelo de precíficação de ativos, ou
CAPM.
Este capítulo encerra nossa discussão sobre
risco e retorno e conclui a Parte 6 de nosso livro.
Agora que temos uma idéia melhor do que deter
mina o custo de capital de um investimento para a
empresa, os próximos capítulos examinarão mais
de perto como as empresas l evantam o capital a
longo prazo necessário a seus investimentos.
Problemas de revisão do
capítulo e auto-avaliação
tomo esperado de 20%, qual deve ser seu
beta?
Soluções dos problemas de
auto-avaliação
Os retornos esperados são os retornos pos
síveis multiplicados pelas probabilidades
correspondentes:
E(RA)
=
E(RB)
=
0,10 X -0,20 + 0,60 X 0, 1 0 +
0,30 X 0,70 = .:. �
0 , 1 0 X 0,30 + 0,60 X 0,20 +
0,30 X 0,50
=
i
Este problema lhe permitirá praticar o cál
, I
I I
'i
culo de medidas prospectivas de desempe
nho de carteiras. Existem dois ativos e três
estados da economia.
I
(2)
(3)
por suas probabilidades:
=
(4)
Taxa de
Retorno
da Ação A em
cada Estado
Taxa de
Retorno
da Ação B em
cada Estado
0,1 0
-0,20
Normal
0,60
0,30
0,1 0
0,20
Crescimento
0,30
0 , 70
0,50
(1)
soma dos quadrados das diferenças em re
lação aos retornos esperados, multiplicados
2
cr
A
Probabilidade
do Estado da
Economia
Estado da
Economia
As variâncias podem ser obtidas por meio da
=
=
Recessão
cr 2
8
=
Quais são os retornos esperados e desvios
padrões destas duas ações?
No pro
=
blema anterior, suponha que você dispõe de
$ 20.000, no total. Se você tivesse aplicado
$ 6.000 na ação A e o restante na ação B,
=
0, 1 0 X (-0,20 - 0,25 ) 2 + 0,60 X
(0, 1 0 - 0,25)2 + 0,30 X
(0,70 - 0,25)2
0 , 1 0 X -0,4SZ + 0,60 X -0, 1 52 +
0,30 X 0,4SZ
0 , 1 0 X 0,2025 + 0,60 X 0,0225 +
0,30 X 0,2025
0 , 1 0 X (0,3 0 - 0,30)2 + 0,60 X
(0,20 - 0,30)2 + 0,30 X
(0,50 - 0,30)2
0,10 X -0,002 + 0,60 X -0, 1 0Z +
0,30 X 0,202
0, 1 0 X 0,00 + 0,60 X 0,01 +
0,30 X 0,04
quais teriam sido o retorno esperado e o
desvio-padrão de sua carteira?
Suponha que você ob
serve a seguinte situação:
Título
Cooley, fnc.
Moyer Co.
Beta
Retorno Esperado
1 ,6
1 ,2
1 9%
16
Sendo a taxa livre de risco de 8%, esses tí
tulos estão precificados corretamente? Qual
seria a taxa livre de risco para que eles esti
vessem corretamente precificados?
Portanto, os desvios-padrões são:
(JA
=
'1'0,0945
=
.
cr8
=
.,io,mso
=
:
•
Os pesos da carteira são
e
· · .
o retorno esperado é igual a :
E (Rp)
Portanto,
=
0,30 X E(RA) + 0,70 X E(RB)
=
0,30 X 25% + 0,70 X 30%
=
28,50%
RISCO
isso é o dobro do prêmio por risco de merca
do, seu beta precisa ser exatamente igual a 2.
Podemos verificar isso por meio do CAPM:
Alternativamente, poderíamos calcular o re
torno da carteira em cada um dos estados :
(3)
(2)
(1 )
Probabilidade
Estado da
do Estado
da Carteira
Economia
da Economia
em cada Estado
0,1 0
Recessão
Normal
Crescimento
R
f
20%
Taxa de Retorno
- -
'
E RETORNO
�i
R + [E(RM) - R ] X �i
f
f
8o/o + (14o/o - 8o/o) X �i
12%/6%
-
0,60
=
0,30
Questões e problemas
Portanto, o retorno esperado da carteira é
igual a:
E (Rp)
=
0 , 1 0 X 0 , 1 5 + 0,60 X 0 , 1 7
0,30 X 0,56
� � . �=
_
+
,
Ou seja, exatamente o mesmo que havíamos
encontrado antes.
A variância da carteira é igual a:
cr/ = 0,10 X (0, 1 5 - 0,285)2 + 0,60 X
(0, 1 70 - 0,285)2 + Ó,30 X
(0,56 - 0,285)2
Portanto, o desvio-padrão é igual a
>'0,03245 = -
Se calcularmos os quocientes entre recom
pensa e risco, obteremos
, no caso da Cooley, versus
no
caso da Moyer. Relativamente à Cooley, o re
torno esperado da Moyer é muito baixo e,
portanto, seu preço é muito alto.
Se as ações estivessem corretamente pre
cificadas, deveriam oferecer o mesmo quo
ciente entre recompensa e risco. A taxa de
retorno do ativo livre de risco precisaria ser:
,... 1
-
:·
-
_ ,
(19% - R )! 1,6 = ( 1 6% - R )!1,2
1
1
Com um pouco de álgebra, descobrimos que
a taxa livre de risco deve ser igual a 7%:
(16o/o - R ) (1 ,6/1,2)
( 1 9o/o - R )
1
1
1 9% - 1 6% X (4/3) = R R X (4/3)
r J
R
f=
=
_
Quais são os pesos de uma carteira com 5 0
ações que estão sendo negociadas a $ 4 5 cada
uma e 30 ações vendidas a $ 65 cada?
Você
tem uma carteira com $ 1 .000 investidos na
ação A e $ 2.000 na ação B. Se os retornos es
perados destas ações forem 18% e 12%, respec
tivamente, qual será o retorno esperado da
carteira?
Você
possui uma carteira que tem 40% investidos na
ação X, 35% na ação Y e 25% na ação Z. Os re
tornos esperados dessas três ações são iguais
a 1 0%, 16% e 23%, respectivamente. Qual é o
retorno esperado dessa carteira?
Você
tem $ 1 00.000 para aplicar em uma carteira de
ações. Suas opções são a ação H, com retorno
esperado de 20%, e a ação L, com retorno es
perado de 12%. Sendo seu objetivo criar uma
carteira com retorno esperado de 1 7%, quan
to dinheiro você deveria investir na ação H? E
na ação L?
Com
base nas informações a seguir, calcule o retor
no esperado.
Estado da
Economia
Probabilidade de
cada Estado
Taxa de Retorno
em cada Estado
Recessão
Expansão
0,30
0 , 70
0,08
Com
base nas informações a seguir, calcule o retor
no esperado.
Como a taxa esperada de retorno do merca
do é de 14%, o prêmio por risco de merca
(a taxa livre
do é igual a de risco é 8%) . A primeira ação tem um beta
de 0,60 e, portanto, seu retorno esperado é
Estado da
Economia
Probabilidade de
cada Estado
No caso da segunda ação, observe que o prê
•-�· : . Como
mio por risco é igual a
Recessão
Normal
Expansão
0, 1 o
0,70
0,20
C)
-
_
=c
0,26
Taxa de Retorno
em cada Estado
-0,09
o, 1 1
0,28
PARTE VI - RISCO E RETORNO
Suponha
Com base nas seguintes informações, calcule os
que o governo anuncie que, com base em uma
retornos e desvios-padrões das duas ações.
recente pesquisa, a taxa de crescimento prova
velmente será de 2% no próximo ano, em com
Estado da
Economia
paração a 5% no ano que acaba de terminar.
Probabilidade de cada
Estado da
Economia
Taxa de
Retorno da
Ação A
0,20
0,04
-0,20
0,60
0,08
0,20
0 ,2 0
0, 1 6
0,60
Recessão
Normal
Expansão
Taxa de
Retorno da
Ação B
Os preços dos títulos iriam aumentar, diminuir
ou permanecer os mesmos após o anúncio? O
fato de os 2% terem sido antecipados pelo mer
cado faz ou não alguma diferença? Explique.
Classifique os eventos a seguir
como principalmente sistemáticos ou principal
Uma
carteira tem 40% investidos na ação G, 40% na
ação J e 20% na ação K. Os retornos esperados
dessas ações são iguais a 12%, 18% e 34%, res
pectivamente. Qual é o retorno esperado da
carteira? Como você interpreta sua resposta?
Considere
'�
as seguintes informações:
Estado da
Economia
Expansão
Recessão
mente não sistemáticos. A distinção é clara em
cada caso?
A taxa de juros a curto prazo aumenta ines
peradamente.
O banco aumenta a taxa de juros que urna
empresa paga em suas dívidas a curto prazo.
O preço do petróleo diminui inesperada
mente.
Um reservatório de petróleo rompe-se,
Probabilidade de cada
Taxa de
Taxa de
Taxa de
Estado da
Retorno
Retorno
' Retorno
Economia
da Ação A da Ação B da Ação C
0,65
O, 1 4
O, 1 8
0,26
0,35
0,08
0,02
-0,02
criando um grande vazamento.
Uma empresa industrial é condenada a
pagar milhões de dólares numa ação inde
nizatória por danos causados por um de
seus produtos.
Urna decisão do Supremo Tribunal amplia
substancialmente a responsabilidade de fa
Qual é o retorno esperado de uma carteí
ra composta por essas três ações com pe
sos iguais?
Qual é a variância de uma carteira que tem
2So/o investidos em A e B e 5 0 % investidos
em C?
Considere
as seguintes informações:
bricantes por danos causados aos consumi
dores de seus produtos.
.. . .
Classifique os eventos
a seguir levando em conta se eles provavelmen
te causarão mudanças generalizadas de preço
nas ações ou se provavelmente causarão mu
danças de preço restritas à Big Widget.
O governo anuncia que a inflação aumen
tou inesperadamente 2% no último mês.
O lucro trimestral que acaba de ser divul
Estado da
Economia
Expansão
Bom
Mau
Recessão
Probabilidade de cada Taxa de
Taxa de
Estado da
Retorno
Retorno
Economia
da Ação A da Ação B
Taxa de
Retorno
da Ação C
0,20
0,1 1
0,35
o, 1 8
0,50
0,06
0,1 5
0,1 1
0,25
0,04
-0,05
0,02
0,05
0,00
-0,40
0,06
gado pela Big Widget estava de acordo
com as expectativas dos analistas.
O governo divulga que a taxa de cresci
mento da economia no ano passado foi de
3%, o que, em termos gerais, estava de
acordo com a grande maioria das previsões
dos economistas.
Os diretores da Bid Widget morrem em um
Sua carteira tem 30% investidos nas ações
B e C e 40% na ação A. Qual é o retorno
esperado da carteira?
Qual é a variância da carteira? E o desvio
padrão?
Em termos gerais, por que
alguns riscos são diversificáveis? Por que ou
tros riscos não são diversificáveis ? Isso signifi
ca que um investidor pode controlar o nível de
risco não sistemático de uma carteira, mas não
seu nível de risco sistemático?
acidente aéreo.
O Congresso aprova alterações do código
tributário aumentando a alíquota marginal
superior do imposto de renda de pessoas
jurídicas. A legislação vinha sendo debati
da há seis meses.
Você tem
uma carteira com 30% investidos na ação Q,
20% na ação R, 25% na ação S e 2 5 % n a ação
T. Os betas dessas quatro ações são 1 ,40, 0,95,
1 ,20 e 0,80, respectivamente. Qual é o beta da
carteira?
RISCO E RETORNO
Você
possui uma carteira com pesos iguais no ativo
livre de risco e em duas ações. Se uma das
ações possui beta de 1 ,40 e o total da carteira
tem o mesmo risco que o mercado, qual deve
ser o beta da outra ação de sua carteira?
Uma ação tem beta
de 1,2, o retorno esperado do mercado é de
1 7% e a taxa livre de risco é de 8%. Qual deve
ser o retorno esperado da ação?
Uma ação tem retor
no esperado de 14%, a taxa livre de risco é de
4% e o prêmio pelo risco de mercado é de 6%.
Qual deve ser o beta da ação?
.. _., : ::c:: :�.
Uma ação tem retorno esperado de 15%, seu beta é igual a 0,9 e a
taxa do ativo livre de risco é de 6%. Qual deve
ser o retorno esperado do mercado?
Uma ação tem retorno esperado de 22% e beta de 1,6. O retorno
esperado do mercado é de 1 6%. Qual deve ser
a taxa de retorno do ativo livre de risco?
Uma ação tem beta
igual a 0,90 e seu retorno esperado é de 13%.
O ativo livre de risco atualmenie rende 7%.
Qual é o retorno esperado de uma cartei
ra com investimentos iguais nos dois ati
vos?
Se uma carteira composta por esses .dois
ativos tem beta igual a 0,60, quais são os
pesos da carteira?
Se uma carteira composta pelos dois ativos
tem retorno esperado de 1 1%, qual é seu
beta?
Se uma carteira composta pelos dois ativos
tem beta de 1,8, quais são os pesos da car
teira? Como você interpreta os pesos dos
dois ativos neste caso? Explique.
O ativo W tem retor
no esperado de 18% e beta de 1,4. Sendo a taxa
de retorno do ativo livre de risco igual a 8%,
complete a tabela a seguir para as carteiras
combinando o ativo W e o ativo livre de risco.
Ilustre a relação entre retomo esperado e beta
da carteira construindo um gráfico com o retor
no esperado no eixo vertical e o beta no eixo ho
rizontal. Qual é a inclinação da reta resultante?
� �c
..
· ·
· · ·
Peso do Ativo
W na Carteira
0%
25
50
75
1 00
1 25
1 50
Retorno
Esperado da
Carteira
A ação M tem beta igual a 1,4 e retorno espe
rado de 25%. A ação N tem beta de 0,85 e re
torno esperado de 15%. Sendo a taxa de retor
no do ativo livre de risco igual a 6% e o prê
mio por risco de mercado igual a 10,3%, essas
ações estão corretamente precificadas? Qual
está subavaliada? Qual está superavaliada?
Se
uma carteira tem pesos positivos em todos os
ativos, o retorno esperado da carteira pode ser
maior do que o do ativo com maior retorno na
carteira? Pode ser menor do que o do ativo com
menor retorno na carteira? Se sua resposta for
sim para uma ou ambas as questões, dê um
exemplo que apóie sua resposta.
·
·· ·
Verdadeiro ou falso : a caracterís
tica mais importante para determinar a va
riância de uma carteira bem diversificada é a
variância dos ativos individuais da carteira.
Explique .
Se uma carteira tem pe
sos positivos em todos os seus ativos, o desvio
padrão da carteira pode ser menor do que o do
ativo de menor desvio-padrão na carteira? E
quanto ao beta da carteira?
Utilizando as infor
mações fornecidas no capítulo anterior sobre
a história do mercado de capitais, determine o
retorno de uma carteira com pesos iguais com
posta por ações ordinárias e obrigações a lon
go prazo. Qual foi o retorno de uma carteira
com pesos iguais em ações de empresas peque
nas e letras do tesouro?
Considere as informações a seguir sobre
uma carteira de três ações:
Probabilidade de cada
Taxa de
Taxa de
Taxa de
Estado da
Estado da
Retorno
Retorno
Retorno
Economia
Economia
da Ação A
da Ação B
da Ação C
Expansão
0,20
0,70
0, 1 0
0, 1 2
0, 1 0
0,02
Normal
Beta da
Carteira
···
Recessão
0,25
+0,06
-0, 1 8
0,60
0,20
-0,40
Se sua carteira tiver 30% investidos em
cada uma das ações A e B e 40% em C, qual
é o retorno esperado da carteira? E a va
riância? E o desvio-padrão?
Se a taxa esperada de retorno das letras do
tesouro é igual a 4,25%, qual é o prêmio
por risco da carteira?
PARTE VI - RISCO E RETORNO
Sendo a taxa esperada de inflação de 3%,
qual é o retorno real esperado da carteira?
Qual é o prêmio real por risco da carteira?
Você tem
$ 1 00 .000 para investir na ação D, na ação F
ou no ativo livre de risco. Você precisa aplicar
todo o seu dinheiro. Seu objetivo é criar uma
carteira que tenha retorno esperado de 1 4% e
risco igual ao de todo o mercado. Se D tem
retorno esperado de 18% e beta de 1,50, F tem
retorno esperado de 1 5,2% e beta de 1 , 1 5, a
taxa de retorno do ativo livre de risco é igual
a 6%, e você quer investir $ 50.000 na ação D,
quanto terá investido na ação F?
Considere as seguintes informa
ções sobre as ações A e B :
Probabilidade de cada
Taxa de
Taxa de
Estado da
Estado da
Retorno da
Retorno da
Economia
Economia
Ação A
Ação B
Recessão
0, 1 0
0,60
0,30
0, 1 4
0,24
0,28
-0,20
0, 1 0
0,42
Normal
Aquecimento
O prêmio por risco de mercado é de 8% e o
ativo livre de risco rende 6%. Qual das ações
tem o maior risco sistemático? Qual das ações
tem o maior risco não sistemático? Qual ação
é mais arriscada? Explique.
ALAVANCAGEM E
EsTRUTURA DE CAPITAL
11 � I
IIII
Após estudar este capítulo, você deverá ter adquirido
boa noção sobre :
efeito da alavancagem financeira.
impacto dos impostos e do custo de falência sobre a escolha da
estrutura de capital.
elementos básicos do processo de falência.
..
340
PARTE VII - FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
A
té agora, consideramos a estrutura de capi
tal de uma empresa como um dado. Quo
cientes entre capital de terceiros e capital
próprio não caem do céu, naturalmente, e agora
é o momento de nos preoéuparmos em saber de
onde eles vêm. No Capítulo 1, chamamos as deci
sões a respeito do quociente entre dívidas e capi
tal próprio das empresas de decisões de estrutura
de capital. 1
Em geral, uma empresa pode escolher a es
trutura de capital que lhe seja mais conveniente. Se
os administradores assim o desejarem, a empresa
poderá emitir algumas obrigações e utilizar os re
cursos para comprar de volta algumas ações, ele
vando dessa maneira o quociente entre dívidas e
capital próprio. Alternativamente, poderia emitir
ações e utilizar o dinheiro para liquidar parte das
dívidas, reduzindo portanto o quociente entre dí
vidas e capital próprio. Atividades dessa natureza,
que alteram a estrutura de capital existente, são
denominadas reestruturações de capital. Em geral,
tais reestruturações acontecem quando a empresa
substitui uma estrutura de capital por outra, dei
x�ndo a estrutura de ativos inaiterada.
Como os ativos de uma empresa não são di
retamente afetados pela reestruturação de capital,
podemos examinar a decisão de estrutura de capi
tal de uma empresa separadamente de suas outras
atividades. Isso significa que a empresa pode con
siderar decisões de reestruturação de capital isola-·
damente de suas decisões de investimento. Neste
capítulo, ignoraremos as decisões de investimento,
e nos concentraremos apenas na questão do finan
ciamento a longo prazo, ou estrutura de capital.
O que veremos neste capítulo é que as deci
sões de estrutura de capital têm implicações impor
tantes para o valor de uma empresa e seu custo de
capital. Descobriremos também que os elementos
importantes da decisão de estrutura de capital são
facilmente identificáveis, mas geralmente não é
possível obter medidas precisas desses elementos.
Conseqüentemente, seremos capazes de fornecer
respostas apenas incompletas às questões sobre
qual é a melhor estrutura de capital para determi
nada empresa em dado momento.
prio? Como sempre, supomos que a regra é esco;,
lher a alternativa que maximiza o valor da ação. No
entanto, no caso da decisão de estrutura de capi
tal, isso essencialmente equivale a maximizar o
valor de toda a empresa, e por conveniência, ten
deremos a concentrar nossa discussão no valor da
empresa.
No Capítulo 1 2, discutimos o conceito de cus
to médio ponderado de capital de uma empresa, ou
WACC. Você deve estar lembrado de que o WACC
nos diz que o custo de capital da empresa inteira é
igual à média ponderada dos custos dos diversos
componentes de sua estrutura de capital. Quando
descrevemos o WACC, supomos que a estrutura de
capital da empresa era dada. Portanto, uma ques
tão importante que queremos explorar neste capí
tulo é o que acontece ao custo de capital quando
alteramos o montante de dívida, ou seja, o quo
ciente entre capital de terceiros e capital próprio.
A principal razão para estudar o WACC é que
o valor da empresa será maximizado quando o
WACC for minimizado. Para enxergar isso, lembre
se de que o WACC é a taxa de desconto apropria
da para os fluxos de caixa gerais da empresa. Como
os valores e as taxas de desconto se movem em
direções opostas, minimizar o WACC maximizará
o valor dos fluxos de caixa da empresa.
Portanto, desejaremos escolher a estrutura de
capital que minimiza o WACC . Por esse motivo,
diremos que uma estrutura de capital é melhor do
que outra se o resultado for diminuir o custo mé
dio ponderado de capital. Além disso, dizemos que
um quociente específico entre dívidas e capital pró
prio será a estrutura ótima de capital se resultar no
menor WACC possível. Essa estrutura ótima de ca-.
pital algumas vezes também é denominada estru
tura "desejada" de capital.
Questões conceituais
13.1a Qual é a relação entre o WACC e o
valor da empresa?
1 3 . 1b Que é a estrutura ótima de capital?
13 . 1 Questão da Estrutura de
Capital
1 3 . 2 Efeito da Alavancagem
Como uma empresa deveria proceder para
escolher seu quociente entre dívida e capital pró1.
É convencional chamar a s decisões relativas a capital de
terceiros e capital próprio como decisões de estrutura de
capital. No entanto, a expressão estrutura financeira seria
mais adequada, e a utilizaremos como sinônimo.
- --·
Financeira
Nesta seção, examinaremos o impacto da
alavancagem financeira sobre o resultado dos acio
nistas. Como você deve estar se lembrando, ala
vancagem financeira é a intensidade com a qual a
·--
,-
AIAVANCAGEM
empresa está endividada. Quanto mais financia
mento por meio de capital de terceiros a empresa
utilizar, maior será a alavancagem financeira em
pregada.
Conforme será descrito, a alavancagem finan
ceira pode alterar dramaticamente os resultados
para os acionistas de uma empresa. Curiosamente,
porém, a alavancagem financeira pode não alterar
o custo geral de capital da empresa. Se isso é ver
dade, então a estrutura de capital da empresa é
irrelevante, porque mudanças na estrutura de ca
pital não afetarão o valor da empresa. Retorna
remos a essa questão um pouco mais tarde.
IMPACTO DA ALAVANCAGEM
FINANCEIRA
Começamos por ilustrar como funciona a
alavancagem financeira. Por ora, ignoraremos o
impacto do imposto de renda. Além disso, para
. facilitar a apresentação, descrevemos o impacto da
alavancagem em termos de seu efeito sobre o lu
cro por ação, LPA, e o retorno sobre o çapital pró
prio, ROE. Naturalmente, essas são medidas con
tábeis e, portanto, não são nossa preocupação prin
cipal. O uso de fluxos de caixa em vez dessas me
didas contábeis levaria exatamente à mesma con
clusão, mas seria necessário um pouco mais de tra
balho. Discutiremos o impacto sobre o valor de
mercado na próxima seção.
Alavancagem financeira, LPA e ROE:
um exemplo
Atualmente, a Trans Am Corporation não tem
dívidas em sua estrutura de capital. O presidente,
Sr. Morris, está considerando uma reestruturação
que envolveria a emissão de títulos de dívida, com
a utilização dos recursos para recomprar algumas
das ações existentes. A Tabela 1 3 . 1 apresenta tan-
Ativo
Dívida
Capital próprio
Quociente entre d ívida e capital próprio
Preço da ação
N ú mero de ações
Taxa de j u ros
E ESTRUTURA DE CAPITAL
to a estrutura atual quanto a estrutura de capital
proposta. Conforme é ilustrado, os ativos da empre
sa têm um valor de mercado de $ 8 milhões, e exis
tem 400.000 ações. Como a Trans Am é financia
da totalmente com capital próprio, o preço por ação
é $ 20.
A emissão proposta geraria $ 4 milhões ; a
taxa de juros seria 10%. Como a ação está cotada
a $ 20, os $ 4 milhões de novas dívidas seriam uti
lizados para comprar $ 4 milhões/20
200.000
ações, sobrando 200.000 ações no capital. Após a
reestruturação, a Trans Am teria uma estrutura de
capital com 50% de capital de terceiros e, portan
to, com um quociente entre dívidas e capital pró
prio igual a 1 . Observe que, por ora, estamos su
pondo que o preço da ação permanecerá igual a
$ 20 .
Para investigar o impacto d a reestruturação
proposta, o Sr. Morris preparou a Tabela 13.2, que
compara a estrutura atual de capital da empresa à
estrutura proposta em três cenários. Os cenários
refletem premissas diferentes sobre o LAJI da em
presa. No cenário esperado, o LAJI é igual a $ 1
milhão. No cenário de recessão, o LAJI cai para
$ 500 .000. No cenário de expansão, aumenta para
$ 1 , 5 milhão.
Para ilustrar alguns dos cálculos da Tabela
1 3 .2, considere o caso de expansão. O LAJI é igual
a $ 1,5 milhão. Sem dívidas (a estrutura de ca"pital
· atual) e sem impostos, o lucro líquido também é
igual a $ 1,5 milhão. Nesse caso, existem 400.000
ações valendo $ 8 milhões no total. O LPA, portan
to, é igual a $ 1,5 milhão/400.000 = $ 3,75 por
ação. Além disso, como o retorno contábil do ca
pital próprio, ROE, é igual ao lucro líquido dividi
do pelo capital próprio total, o ROE é de $ 1,5 mi
lhão/8 milhões = 1 8,75%. 2
Com $ 4 milhões de capital de terceiros (a
estrutura proposta de capital), as coisas são um
tanto quanto diferentes. Como a taxa de juros é de
1 0%, os juros a pagar totalizarão $ 400.000 . Sen
do o LAJI igual a $ 1,5 milhão, a despesa de juros
=
Corrente
Proposto
$ 8 . 000. 000
$o
$ 8 . 000.000
o
$ 20
400.000
1 0%
$ 8 . 000. 000
$ 4.000.000
$ 4 .000 . 000
1
$ 20
2 00 .000
1 0%
2.
Tabela 1 3 . 1
Estruturas de
capital corrente
e proposta para
a Trans Am
Corporation.
O ROE é discutido detalhadamente n o Capítulo 3 .
341
342
PARTE
VII - FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
Tabela 13.2
Cenários para a
estrutura de
capital da Trans
Am Corporation.
Estrutura de Capital Corrente: Sem Dívidas
Recessão
LAJ I
J u ros
Lucro l íq u i do
ROE
LPA
$ 500.000
o
$ 500.000
6,25%
$ 1 , 25
Esperado
Expansão
$ 1 . 000.000
o
$ 1 .000 . 000
1 2 ,50%
$ 2 ,50
$ 1 . 500.000
o
$ 1 .5 00.000
1 8,75%
$ 3,75
Estrutura Proposta de Capital: dívida
LAJ I
J u ros
Lucro líq u ido
ROE
LPA
a $ 400.000 e inexistindo imposto de renda, o lu
cro líquido é $ 1 , 1 milhão. Agora, existem apenas
200.000 ações valendo $ 4 milhões no total. O LPA,
portanto, é igual a $ 1 , 1 milhão/200.000
$ 5,5,
contra os $ 3,75 que havíamos calculado anterior
mente. Além disso, o ROE é $ 1,1 milhão/4 milhões
27 5%. O que é bem maior do que os 18,75% que
havíamos calculado para a estrutura de capital
atual.
=
=
,
LPA versus LAJI
O impacto da alavancagem fica evidente na
Tabela 13 .2, quando o efeito da reestruturação so
bre o LPA e ROE é examinado. Em particular, a
variabilidade tanto do LPA como do ROE é muito
maior na estrutura proposta de capital. Isso ilustra
como a alavancagem financeira amplia os ganhos
e perdas para os acionistas.
Na Figura 1 3 . 1 , examinamos mais de perto o
efeito da reestruturação proposta. Essa figura con
tém um gráfico relacionando o lucro por ação, LPA,
ao lucro antes de juros e impostos, LAJI, nas estru
turas de capital atual e proposta. A primeira linha,
"Sem dívidas" representa o caso de alavancagem .
nula. Essa linha tem início na origem, indicando
que o LPA seria igual a zero se o LAJI fosse igual a
zero. A partir daí, cada aumento de $ 400.000 do
LAJI eleva o LPA em $ 1 (porque são 400.000
ações) .
A segunda linha representa a estrutura pro
posta de capital. Nesse caso, o LPA é negativo quan
do o LAJI é igual a zero. Isso acontece porque pre
cisam ser pagos $ 400.000 de juros, independen
temente do lucro da empresa. Como existem
=
$ 4 milhões
Recessão
Esperado
Expansão
$ 500.000
400. 000
$ 1 00.000
2 , 5 0%
$ 0,50
$ 1 . 000.000
400.000
$ 600.000
1 5 ,00%
$ 3 ,00
$ 1 . 5 00.000
400.000
$ 1 . 1 00.000
2 7,50%
$ 5,50
200.000 ações nesse caso, o LPA é -$ 2, conforme
é ilustrado. De maneira análoga, se o LAJI fosse de
$ 400. 000, o LPA seria exatamente igual a zero.
O que é importante observar, na Figura 1 3 . 1 ,
é que a inclinação d a linha h o segundo caso é
maior. De fato, para cada aumento de $ 400.000 do
LAJI, o LPA sobe $ 2, e portanto a linha tem uma
inclinação duas vezes maior do que no caso ante
rior. Isso nos diz que o LPA é duas vezes mais sen
sível a variações do LAJI por causa da alavancagem
financeira empregada.
Outra observação que deve ser feita quanto
à Figura 1 3 . 1 é que as linhas se cruzam. Nesse pon
to, o LPA é igual para as duas estruturas de capi
tal. Para calcular este ponto, observe-se que o LPA
é igual a LAJI/400.000 no caso sem dívidas. No
caso com dívidas, o LPA é igual a (LAJI $ 400.000)/200 .000. O LAJI que faz com que es
sas duas expressões sejam iguais é :
LAJI/400.000
LAJI
LAJI
=
=
=
(LAJI - 400 .000)/200 .000
2 X (LAJI - 400.000)
$ 800.000
Quando o LAJI for de $ 800.000, o LPA será
igual a $ 2 em qualquer uma das duas estruturas
de capital. Esse é o chamado ponto de equilíbrio na
Figura 1 3 . 1 ; também podemos chamá-lo de ponto
de indiferença. Se o LAJI estiver acima desse nível,
a alavancagem será benéfica; se estiver abaixo des
te ponto, ela será prejudicial.
Há outra maneira mais intuitiva de ver que o
ponto de equilíbrio é igual a $ 800.000. Observe
que, se a empresa não tem dívidas e o LAJI é de
$ 800.000, o lucro líquido também é igual a
$ 800.000. Nesse caso, o ROE é $ 800. 000/
8.000.000
1 0%, exatamente igual à taxa de ju=
·-�
f
AIAVANCAGEM E ESTRUTURA DE CAPITAL
Figura 1 3 . 1
Lucro por
ação ($)
Alavancagem
financeira: LPA e
LAJI da Trans
Am Corporation.
4
Sem dívidas
3
2
Lucro antes
de juros e
impostos ($)
-1
-2
ros da dívida, e portanto a empresa tem um retor
no que é suficiente apenas para pagar os juros.
E ·EMPLO 13.1 LAJI de equilíbrio
A M P D Corporation decid i u fazer uma rees
trutu ração de capita l . Atual mente, a MPD n ão uti
l iza capital de tercei ros. De acordo com a reestru
tu ração, no entanto, as d ívi das passarão a ser de
$ 1 m i l hão. A taxa de j u ros será de 9 % . Atu al men
te, a MPD poss u i 2 0 0 . 000 ações a um preço de
$ 2 0 cada. Se houver a expectativa de que a rees
trutu ração aumente o LPA, qual é o n ível mín i mo
de LAJ I q ue a adm i n i stração da MPD deve esperar?
Ignore i m postos em sua resposta.
Para responder, calcul amos o LAJ I de equ i l í
brio. Para qualquer LAJI acima desse ponto, o au
mento da a l avancagem fi nance i ra i rá elevar o LPA,
e portanto isso nos i n d icará o n ível mín i mo de LAJ I .
Considerando a estrutura d e cap ita l antiga, o L PA é
i gua l a LAJ I/200.000. De acordo com a nova estru
tura de capital, as despesas de j u ros serão iguais a
$ 1 m i l hão x 0,09 = $ 90.000. Além d isso, com os
n ovos recu rsos no v a l o r de $ 1 m i l h ão, a M P D
recomprará $ 1 m i l hão/20 = 5 0.000 ações, restan
do 1 50.000 ações. Portanto, o LPA será igual a (LAJ I
- $ 90.000)/1 50.000.
Agora que sabemos como calcular o LPA nos
dois cenários, igualamos as duas expressões para
cada um dos cenários e cal c u l amos o LAJ I de eq u i
l íbrio:
LAJ I/200.000
=
(LAJ I - $ 90. 000)/1 5 0.000
LAJ I
=
(4/3) x (LAJ I - $ 90. 000)
LAJ I
=
$ 3 60.000
Verifique q ue, em qual quer u m dos casos, o
LPA será igual a $ 1 , 80 q u ando o LAJ I for igual a
$ 360.000. A adm i n istração da MPD aparentemente
acredita que o LPA será superior a $ 1 , 80. <IIII
ENDIVIDAMENTO DE EMPRESAS E
ALAVANCAGEM FEITA EM CASA
Com base nas Tabelas 1 3 . 1 e 13.2 e na Figu
ra 1 3 . 1, o Sr. Morris chegou às seguintes conclu
sões:
1.
2.
O efeito da alavancagem financeira depende
do LAJI da empresa. Se o LAJI for relativamen
te alto, a alavancagem será benéfica.
De acordo com o cenário esperado, a alavan
cagem aumentará o retorno dos acionistas,
medido tanto pelo ROE quanto pelo LPA.
343
,I '
344
PARTE VII - FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
3.
4.
O s acionistas estarão expostos a mais risco na
estrutura de capital proposta, uma vez que o
LPA e ROE são bem mais sensíveis a alterações
do LAJI nesse caso.
Devido ao impacto da alavancagem financeira
sobre o retorno esperado para os acionistas e
o risco da ação, a estrutura de capital é uma
consideração importante.
As três primeiras conclusões estão claramen
te corretas. A última conclusão necessariamente
procede? Surpreendentemente, a resposta é não.
Conforme discutiremos a seguir, a razão é que os
acionistas podem ajustar o montante de alavan
cagem financeira por meio de empréstimos e apli
cações feitos por eles mesmos. Esse uso de emprés
timos pessoais para alterar o nível de alavancagem
financeira é denominado alavancagem feita em
casa.
Alavancagem feita em casa
Uso de empréstimos pessoais para alterar o
montante geral de alavancagem financeira ao
qual o indivíduo está exposto.
Mostraremos agora que, na realidade, não faz
diferença se a Trans Am adota ou não a estrutura
de capital proposta, porque qualquer acionista que
preferir a estrutura de capital proposta poderá sim
plesmente reproduzi-la por meio de alavancagem
feita em casa. Para começar, a primeira parte da
Tabela 13.3 mostra o que irá acontecer ao investi
dor que comprar $ 2.000 em ações da Trans Am
caso a estrutura de capital proposta seja aceita. Esse
investidor compraria 100 ações. Como se vê na
Tabela 13.2, o LPA será igual a $ 0,50, $ 3 ou $ 5,50,
e portanto o lucro total das 100 ações será de $ 50,
$ 300 ou $ 5 5 0. .
I
Tabela 13.3
Estrutura de
capital proposta
versus estrutura
de capital
original com
alavancagem
feita em casa.
Suponha agora que a Trans Am não adote a
estrutura de capital proposta. Nesse caso, o LPA
será de $ 1 ,25, $ 2,50 ou $ 3,75 . A segunda parte
da Tabela 1 3 . 3 demonstra como um acionista que
prefere os recebimentos de acordo com a estrutu
ra proposta de capital pode criá-los utilizando
empréstimos pessoais. Para isso, o acionista toma
$ 2.000 emprestado a 10%. Nosso investidor utili
za essa quantia, juntamente com os $ 2.000 origi
nais, para comprar 200 ações. Conforme é demons
trado, os recebimentos líquidos serão exatamente
iguais àqueles da estrutura proposta.
Como sabíamos que tomar $ 2.000 empres
tados criaria o recebimento certo? Estamos tentan
do reproduzir a estrutura de capital proposta da
Trans Am no nível pessoal. A estrutura de capital
proposta resultaria em um quociente entre dívidas
e capital próprio igual a 1 . Para reproduzir essa
estrutura de capital nos nível pessoal, os acionistas
precisam tomar emprestado o suficiente para criar
o mesmo quociente entre dívidas e capital próprio.
Como os acionistas têm $ 2.000 investidos em
ações, precisam tomar emprestados outros $ � .000
para criar um quociente entre dívidas e capital pró
prio igual a 1 .
Esse exemplo demonstra que os investidores
sempre podem aumentar a alavancagem financei
ra por conta própria, criando qualquer padrão de
recebimentos. Portanto, não faz diferença se a
Trans Am escolhe ou não a estrutura de capital
proposta.
E EMPLO 13.2 Desalavancando a ação
Em nosso exemp l o da Trans Am, suponha que
os ad m i n i stradores adotem a estrutura de capital
proposta. A l ém d i sso, suponha que u m i n vesti dor
Estrutura de Capital Proposta
Recessão
LPA
Lucro de 1 00 ações
Custo l íq u i do = 1 00 ações a $ 2 0 = $ 2 .000
$
0,5 0
5 0,00
Esperado Expansão
$
3,00
3 00,00
$
5,50
5 50,00
Estrutura de Capital Original
LPA
Lucro de 200 ações
Menos: J u ros sobre $ 2 . 000 a 1 O%
Lucro l íq u i do
Recessão
Esperado Expansão
1 ,2 5
2 50,00
2 00,00
$ 50,00
$
$
2,50
5 00,00
200,00
$ 3 00,00
3 , 75
750,00
2 00,00
$ 5 5 0,00
$
Custo l íq u i do = 200 ações - Montante emprestado = $ 4.000 - 2 . 000 = $ 2 .000
'
ALAVANCAGEM E ESTRUTURA DE CAPITAL
que possuía 1 00 ações preferi sse a estrutura de ca
pita l orig i n a l . Mostre como esse i nvestidor poderia
"desa lavancar" a ação para criar novamente o recebi mento orig i n a l .
.
Para criar a a lavancagem, o i nvestidor toma
emprestado por conta própria. Para desfazer a a l a
vancagem, o i nvestidor prec isa apl icar d i n he i ro a
j u ros. No caso da Trans Am, a empresa tomou em
prestado um montante igual à metade de seu valor.
O i nvestidor pode desa l avancar as ações s i mples
mente emprestando d i n h e i ro na mesma proporção.
Nesse caso, o investidor pode vender 50 ações por
um total de $ 1 . 000 e então e m p restar esses
$ 1 .000 a 1 0%. Os resu ltados são calcu lados na ta
be la a segu i r:
Recessão
Esperado
Expansão
LPA (estrutura
proposta)
Lucro de 50 ações
$
0,50
2 5,00
$
3,00
1 50,00
$
5,50
2 75,00
Mais: J u ros sobre
$ 1 .000 a 1 0%
Resultado final
prêmios Nobel, Franco Modigliani e Merton Miller,
que daqui por diante chamaremos de M&M. O que
ilustramos, no caso da Trans Am Corporation, foi
um caso especial da Proposição I de M&M. Essa
proposição diz que a maneira de combinar finan
ciamentos escolhida pela empresa é completamen
te irrelevante.
Proposição I de M&M
O valor da empresa independe de sua estrutura
de capital.
PROPOSIÇÃO I DE M&M: MODELO
DA PIZZA
Uma forma de ilustrar a Proposição I de M&M
é imaginar duas empresas idênticas no lado esquer
do do balanço. Seus ativos e suas operações são
exatamente os mesmos. Os lados direitos do balan
1 00.00
1 00.00
ço são diferentes porque as duas empresas finan
$ 1 25,00 $ 2 50,00
$ 3 7 5 ,00
ciam suas operações de maneira diversa . Nesse
1 00.00
Esses são exatamente os resultados q CJ e o i n
vestidor teria de acordo com a estrutura de cap ital
orig i n a l . �
345
caso, podemos visualizar a questão da estrutura de
capital como se fosse uma pizza. O motivo pelo qual
escolhemos esse nome fica visível na Figura 13.2.
A Figura 13.2 mostra duas maneiras possíveis de
se dividir a pizza entre a fatia do acionista, E, e a
fatia do credor, D: 40% - 60% e 60% - 40%. NÕ
entanto, o tamanho da pizza é idêntico para as duas
Questões conceituais
empresas porque o valor dos ativos é o mesmo. Isso
13.2a Qual é o impacto da alavancagem fi
nanceira sobre os acionistas?
é exatamente o que a Proposição I de M&M enun
cia: o tamanho da pizza não depende de como ela
é repartida.
13.2b Qual é o efeito da alavancagem feita
em casa?
13.2c Por que a estrutura de capital da
Trans Am é irrelevante?
CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO E
ALAVANCAGEM FINANCEIRA:
PROPOSIÇÃO II DE M&M
Embora alterar a estrutura de capital da em
presa não mude o valor total dela, isso causa mu
danças importantes no capital de terceiros e ca
1 3 . 3 Estrutura de Capital e
Custo de Capital Próprio
pital próprio. Examinaremos agora o que aconte
ce a uma empresa financiada com capital de ter
ceiros e capital próprio quando o quociente entre
Vimos que não há nada de especial quanto a
empréstimos no nível da pessoa jurídica, porque os
investidores podem tomar emprestado ou empres
tar na pessoa física. Como resultado, qualquer que
seja a estrutura de capital que a Trans Am escolha,
o preço da ação permanecerá o mesmo. A estrutu
ra de capital da Trans Am, portanto, é irrelevante,
pelo menos no mundo simplificado que
mos.
ixamina
dívidas e capital próprio é alterado. Para simpli
ficar nossa análise, continuaremos a ignorar o
imposto de renda.
Com base em nossa discussão no Capítulo 1 2,
se ignorarmos o imposto, o custo médio pondera
do de capital, WACC, será igual a :
WACC = (E!V) X RE + (D!V) X R0
onde V = E + D. Vimos também que uma das ma
Nosso exemplo da Trans Am está fundamen
neiras de interpretar o WACC é como sendo a taxa
tado em um argumento famoso enunciado por dois
de retorno exigida sobre os ativos da empresa em
UNI VERSIPA�.f��ERAL DE UB��.A . OlA
t:urs o de
- -
Âain tntst raç�o a
Di� �néi �
'
346
PARTE VII - FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
Valor da empresa
Valor da empresa
Figura 13.2
duas pizzas
da estrutura de
capital.
As
A Figura 1 3 .3 resume nossa discussão até o
momento, por meio do gráfico do custo de capital
próprio, RE em função do quociente entre dívidas
e capital próprio. Conforme é demonstrado, a Pro
posição II de M&M indica que o custo de capital
próprio, RE, é dado por uma linha reta com incli
nação igual a (RA - R0) . O intercepto no eixo verti
cal corresponde a uma empresa com um quocien
te nulo entre dívidas e capital próprio, e portanto,
nesse caso RA
RE. A Figura 1 3 . 3 mostra que, à
medida que a empresa aumenta o quociente entre
dívidas e capital próprio, ou seja, aumenta sua
alavancagem, aumenta o risco do capital próprio e,
portanto, a taxa exigida de retorno ou custo de
capital próprio (RE) .
Observe, na Figura 1 3 .3, que o WACC não
depende do quociente entre dívidas e capital pró
prio; é sempre o mesmo, não importando qual seja
o quociente entre dívidas e capital próprio. Essa é
uma outra maneira de confirmar a Proposição I de
M&M: o custo total de capital de uma empresa não
sua totalidade. Para nos recordarmos disso, utiliza
remos o símbolo RA para representar o WACC, es
crevendo:
Se rearranjarmos os termos dessa equação para
calcular o custo de capital próprio, veremos que :
[13.1]
=
Essa é a famosa Proposição II de M&M,
que nos diz que o custo de capital próprio depen
de de três coisas: da taxa exigida de retorno sobre
os ativos da empresa, RA' do cústo de capital de ter
ceiros, R0 , e do quociente entre dívidas e capital
próprio, D/E.
Proposição II de M&M
O custo de capital próprio de uma empresa é
linearmente dependente de sua estrutura de
capital.
Figura 13.3
O custo de
capital próprio e
o WACC:
Proposições I e
II de M&M sem
impostos.
Custo de
capital (%)
�----,._ WACC
=
RA
Ro
Quociente
L_
_. entre dívidas e
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
capital próprio
RE = RA + (RA
RA
=
onde
WACC
V
=
-
=
R0 ) x ( O/E) de acordo com a Proposi ção
(�)
D+E
x
RE +
(�) R�
x
11 de M & M
ALAVANCAGEM
é afetado por sua estrutura de capital. Conforme é
ilustrado, o fato de o custo de capital de terceiros
ser menor do que o custo do capital próprio é to
talmente anulado pelo aumento do custo do capi
tal próprio que ocorre à medida que aumenta o
endividamento. Em outras palavras, a variação dos
pesos da estrutura de capital (E/V e D!V) é exata
mente anulada pelas alterações do custo de capi
tal próprio (RE) e, portanto, o WACC não varia.
E ·EMPLO 13.3 Custo de capital próprio
A Ricardo Corporation tem u m custo méd io
ponderado de capital ( i gnorando o i m posto) de
1 2%. Pode tomar emprestado a 8%. Supondo que
a Ri cardo tenha u m a estrutura desejada de 80% de
capital próprio e 2 0% de dívidas, qual é seu custo
de cap ital próprio? Qual seria o cu sto de capital
próprio se a estrutura desejada tivesse 50% de ca
p ita l próprio? Calcu le o WACC uti l izando suas res
postas para verificar que é igual nos dois casos.
De acordo com a P roposi ção 1 1 de M&M, o
custo do capital próprio RE, é:
RE = RA + ( RA - R0)
x ( 0/EJ
No pri meiro caso, o quociente entre dívidas
e capital próprio é 2/8 = 0,25, e, portanto, o custo
de capital próprio é igual a:
RE =
1 2% + ( 1 2 % - 8%) X 0,25
=
1 3%
N o segu ndo caso, verifique que o quociente
entre dívidas e capital próprio é igual a 1 ,O e, con
seqüentemente, o custo de capital próprio é de 1 6%.
Agora, podemos calcu lar o WACC supondo
q ue a porcentagem de capital próprio seja de 80%,
o c u sto de capital p róprio seja i g u a l a 1 3 % e a
a l íq uota de i mposto de renda seja n u la.
WACC
= ( E/V)
= 0,80
=
X
RE + ( O/V)
X 1 3%
+
X
R0
0 , 2 0 X 8%
1 2%
No segundo caso, a porcentagem de capital
próprio é igual a 50% e o custo de capital próprio
de 1 6%. O WACC é igual a:
WACC
=
(E/ V) x
= 0,50
=
RE + (O/V)
X
R0
X 1 6% + 0,50 X 8%
1 2%
Conforme calcu lamos, o WACC é igual a 1 2%
em am bos os casos . ....
E ESTRUTURA DE CAPITAL
RISCO OPERACIONAL E RISCO
FINANCEIRO
A Proposição II de M&M mostra que o custo
de capital próprio da empresa pode ser dividido em
dois componentes . O primeiro componente, RA ' é
a taxa exigida de retorno para os ativos de toda a
empresa, e depende da natureza das atividades
operacionais dela. O risco inerente às operações da
empresa é denominado risco operacional. Vi
mos, no Capítulo 1 1 , que o risco operacional depen
de do risco sistemático dos ativos da empresa.
Quanto maior o risco sistemático dos ativos,
maior será o valor de RA e, todo o resto permane
cendo constante, maior será o custo de capital pró
prio.
Risco operacional
O risco do capital próprio que decorre da nature
za das atividades operacionais da empresa.
O segundo componente do custo de capital
próprio, (RA - RD) x (DIE) é determinado pela es
trutura financeira da empresa. Para uma empresa
financiada totalmente por capital próprio, este
componente é igual a zero. À medida que a empre
sa começa a tomar empréstimos, o retorno exigi
do pelos fornecedores de capital próprio vai cres
cendo. Isso ocorre porque o uso de capital de ter
·
ceiros aumenta o risco assumido pelos acionistas.
Esse risco adicional resultante do uso de capital de
terceiros é denominado risco financeiro do ca
pital próprio da empresa.
Risco financeiro
O risco do capital próprio que decorre da política
de financiamento (isto é, da estrutura de capital)
da empresa.
Assim, o risco sistemático total do capital pró
prio tem duas partes: risco operacional e risco fi
nanceiro. A primeira parte (risco operacional) de
pende dos ativos e operações da empresa e não é
afetado por sua estrutura de capital. Dado o risco
operacional da empresa (e o custo de capital de
terceiros) , a segunda parte (risco financeiro) é de
terminada completamente pela política de finan
ciamento. Conforme ilustramos, o custo de capital
próprio da empresa sobe com o aumento do uso da
alavancagem financeira, porque o risco financeiro
do capital próprio cresce enquanto o risco opera
cional permanece o mesmo.
34 7
348
PARTE VII - FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
Questões conceituais
13.3a O que diz a Proposição I de M&M?
13.3b Quais são os três fatores determi
nantes do éusto de capital próprio da
empresa?
13.3c O risco sistemático total do capital
próprio de uma empresa tem duas
partes. Quais são elas?
1 3 .4 Imposto de Renda de
Pessoa Jurídica e
Estrutura de Capital
O capital de terceiros possui duas caracterís
ticas marcantes que não foram devidamente leva
das em conta até o momento. Primeiro, conforme
mencionamos em diversos pontos, os juros pagos
são dedutíveis para fins de imposto de renda. Isso
é bom para a empresa, e pode ser um benefício
adicional decorrente do uso de capital de terceiros.
Segundo, deixar de cumprir as obrigações decor
rentes de dívidas pode resultar em falênci�. Isso
não é bom para a empresa, e pode ser um custo
adicional decorrente do uso de capital de terceiros.
Como não consideramos explicitamente nenhuma
dessas características, é possível que se chegue a
uma resposta diferente sobre a estrutura de capi
tal quando assim o fizermos. Desse modo, conside
raremos os impostos nessa seção, e o custo de fa
lência na seção seguinte.
Podemos começar considerando o que acon
tece quando analisamos o efeito do imposto de ren
da de pessoa jurídica. Para isso, examinaremos
duas empresas, U (sem dívidas) e a L (com dívidas) .
Essas duas empresas são idênticas no que diz res
peito à parte esquerda do balanço, e portanto seus
ativos e operações são os mesmos.
Supomos que o LAJI esperado é igual a
$ 1 .000 por ano, para sempre, no caso das duas em�
presas. A diferença entre as duas empresas reside
no fato de que L emitiu $ 1 . 000 em obrigações
perpétuas que pagam juros de 8% ao ano. Portan
to, sua despesa de juros é igual a 0,08 x $ 1 .000
$ 80 .
No caso de nossas duas empresas, U e L, po
demos calcular o seguinte :
=
Empresa U
LAJ I
J u ros
Lucro tri butável
I m posto de renda (30%)
Lucro líqu ido
$ 1 . 000
o
$ 1 .000
300
$ 700
Empresa L
$ 1 .000
80
$ 920
2 76
$ 644
BENEFÍCIO FISCAL DO USO DE
CAPITAL DE TERCEIROS
Para simplificar os fatos, faremos a suposição
de que a depreciação é igual a zero. Além disso,
suporemos que os gastos de capital e adições ao
CGL sejam iguais a zero. Nesse caso, o fluxo de
caixa dos ativos é simplesmente igual a LAJI - im
posto de renda. No caso das empresas U e L, temos:
Fluxo de Caixa
dos Ativos
LAJ I
-Imposto de renda
Tota l
Empresa U
Empresa L
$ 1 .000
300
$ 700
$ 1 .000
2 76
$ 724
Podemos perceber imediatamente que a es
trutura de capital agora exerce algum efeito, pois
os fluxos de caixa de U e L não são iguais, mesmo
tendo as duas empresas ativos idênticos.
Para entender o que está acontecendo, pode
mos calcular os fluxos de caixa para os acionistas
e obrigacionistas.
·
Fluxo de Caixa
Empresa U
Empresa L
Acionistas
Obrigac i o n i stas
Tota l
__
$ 700
o
$ 700
$ 644
____1ill
$ 724
Veremos que o fluxo total de L é $ 24 supe
rior ao de U. Isso ocorre porque o imposto de ren
da a pagar de L (que é um desembolso) é $ 24 in
ferior ao de U. O fato de que os juros são dedutíveis
para fins fiscais gera redução de imposto de renda
a pagar igual ao pagamento de juros ($ 80) multi
plicado pela alíquota de imposto de renda de pes
soa jurídica (30%) : $ 80 x 0,30
$ 24. Denomi
namos essa redução de impostos a pagar de bene
=
fício fiscal do uso de capital de terceiros .
Benefício fiscal do uso de
capital de terceiros
A redução do imposto a pagar obtida por uma
empresa graças .à dedutibilidade das despesas
e juros para fins fiscais.
·
AIAVANCAGEM E ESTRUTURA DE CAPITAL
Insight
349
da Indústria
Estrutura de Capital na Hershey Foods
Corporation
Samuel C. Weaver, Ph.D.
Diretor de Planejamento e Análise Financeira
Hershey Chocolate North America
Na Hershey Foods Corporation,
acreditamos na abordagem tradicional
à estrutura de capital. Em outras pala
vras, acreditamos que é possível redu
zir até certo ponto o custo de capital
por meio da substituição do elevado
custo de capital próprio pelo custo
mais baixo de capital de terceiros . Aci
ma desse ponto, embora o capital de
terceiros ainda seja mais barato do que
o capital próprio, a combinação faz
com que o custo de capital aumente.
Isso contrasta fortemente com a
conclusão de custo de capital constan. te (em função da estrutura de capital)
apresentada por Modigliani e Miller
em seu primeiro modelo. Acredito que
poderia ser dito que na Hershey não
concordamos com M&M.
Nos últimos anos, a Hershey vem
tornando-se mais agressiva em termos
de alavancagem financeira. A empre
sa recomprou ações no valor de apro-
ximadamente $ 1 bilhão, nos últimos
dois anos e meio, e realizou sua
maior aquisição de todos os tempos,
Leaf North America, no valor de
aproximadamente $ 440 milhões.
Realizamos essas atividades princi
palmente graças ao aumento de nos
so endividamento de $ 165 milhões,
em 1 994, para cerca de $ 970 mi-
lhões em 1 996. Do mesmo modo, em
base contábil, o quociente de capitali
zação a longo prazo aumentou de
9 ,8%, em 1 994, para 36,1% em 1996.
O mais importante é que acreditamos
que esses ajustes em nossa estrutura
de capital reduziram nosso custo de
capital de 1 2% para 1 1%.
Em uma escala mais ampla, a
Hershey é comparável a várias empre
sas importantes da indústria alimentí
cia. �onforme você pode verificar a se
guir, as empresas alimentícias tendem
a exibir um padrão tradicional, no sen
tido de que seu custo de capital apa
rentemente diminui à medida que a
alavancagem financeira aumenta.
No caso da Hershey, pode ser
empregada alavancagem adicional no
futuro para reduzir ainda mais o cus
to de capital.
Indústria alimentícia: custo de capital
1 3 ,0% .---------------------------------�-----------.
-;;;
-
-�
<..I
II WWY
•
1 2,0%
�
"'C
. H SY
.s
1 1 ,0%
<ll
:::::1
u
SLE
. H NZ
OAT II
1 0,0% +------+--+-�
1 2%
1 6%
0%
8%
4%
Peso do capital de terceiros na estrutura de capital
a valor de mercado
8% (o custo de capital de terceiros) . O valor do
benefício fiscal, conseqüentemente, é igual a :
IMPOSTO DE RENDA E
PROPOSIÇÃO I DE M&M
VP =
Como a dívida é perpétua, o mesmo benefí
cio fiscal de $ 24 será gerado anualmente para sem
pre. O fluxo de caixa de L após o imposto de ren
da, portanto, será sempre igual aos $ 700 gerados
por U mais os $ 24 correspondentes ao benefício
fiscal. Como o fluxo de caixa de L é sempre maior
do que o de U em $ 24, a empresa L vale mais do
que a U por um montante igual ao valor da perpe
tuidade de $ 24.
Como o benefício fiscal é gerado por meio do
pagamento de juros, tem o mesmo risco que a dí
vida, e portanto a taxa apropriada de desconto é de
=
$ 24
0,08
=
0,30 X $ 1.000 X 0,08
0,08
0,30 X $ 1.000 = $ 300
Conforme ilustra nosso exemplo, o valor pre
sente do benefício fiscal pode ser representado por:
Valor presente do benefício fiscal da dívida =
= (TC X D X R0)1R0
= TC X D
[13.2]
Chegamos agora a um outro resultado famo
so, a Proposição I de M&M com imposto de renda.
'
350
PARTE VII - FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
Figura 1 3 .4
A Proposição I
de M&M com
impostos.
Valor da
em p resa ( VL)
VL
=
=
Te
Vu
x
D=
valor presente
do benefício
fiscal
da dívida
!"""-�---'----=- --I---'"---=----
Vu + Te
x
O
valor da empresa
com dívidas
•Vu = valor da empresa
sem dívidas
'------L---�
Dívida
total (D)
O valor da empresa cresce à med ida que o montante de capital
de tercei ros aumenta, devido ao benefício fisca l . Essa é a base
da Proposição I de M&M com i mpostos.
Vimos que o valor da empresa L, VL, é maior do que
o valor da empresa U, VU' por um montante igual
ao valor presente do benefício fiscal da dívida, Tc
x D. A Proposição I de M&M com impóstos portan
to, diz que:
[13 .3]
�
O efeito da dívida, nesse caso, é ilustrado na
Figura 13 .4. Fizemos um gráfico do valor da em
presa com dívida, VL, em função do montante de
capital de terceiros, D. A Proposição I de M&M com
imposto de renda de pessoa jurídica diz que a re
lação é dada por uma linha reta com inclinação
igual a Te
Na Figura 1 3 .4, desenhamos também uma
linha horizontal representando Vu· Conforme foi
mostrado, a distância entre as duas linhas é igual
a Tc x D, o valor presente do benefício fiscal.
Conforme é indicado na Figura 13 .4, o valor
de uma empresa aumenta $ 0,30 para cada $ 1 de
capital de terceiros. Em outras palavras, o VPL por
dólar de dívida é igual a $ 0,30. É difícil imaginar
por que uma empresa não se endividaria até o má
ximo possível nessas circunstâncias.
CONCLUSÃO
O resultado de nossa análise nesta seção in
dica que, uma vez incluído o imposto de renda, a
estrutura de capital definitivamente passa a ser
importante. No entanto, imediatamente chegamos
à conclusão nada lógica de que a estrutura ótima
conteria 100% de capital de terceiros. Obviamen
te, não consideramos ainda o impacto do custo de
falência, e portanto nossa história pode alterar-se.
Para referência futura, a Tabela 13.4 contém um
resumo dos diversos cálculos e conclusões de M&M.
Questões conceituais
13.4a Qual é a relação entre o valor de uma
empresa com dívidas e uma empre
sa sem dívidas, uma vez que conside
ramos o efeito do imposto de renda
de pessoa jurídica?
13.4b Se considerarmos apenas o efeito do
imposto de renda, qual será a estru
tura ótima de capital?
1 3 . 5 Custos de Falência
Um dos limites ao montante de endivida
mento que a empresa pode utilizar surge na forma
de custos de falência. À medida que o quociente en
tre capital de terceiros e capital próprio aumenta,
a probabilidade de que a empresa seja incapaz de
\
AlAVANCAGEM E ESTRUTURA DE CAPITAL
I.
Tabela 13.4
O caso sem imposto de renda
A.
B.
C.
Proposi ção 1: O valor da empresa com d ív idas
empresa sem dívidas ( Vu):
VL
=
( VL) é
igual ao valor da
vu
Resumo de
Modigliani e
Miller.
I m p l i cações da Proposição 1 :
1 . A estrutura de capital é i rrelevante
2 . O custo médio ponderado d e capital d e u m a empresa, WACC é i n
dependente da comb i nação de capital de tercei ros e capital próprio
uti l izada para fi nanciar a empresa.
Proposição 1 1 : O cu sto do capital próprio, Re é dado por:
•
RE RA + (RA - RJ x O/E
onde RA é o WACC R0 o custo de capital de terce i ros e O/E o quoci ente
=
entre capital de terceiros e capital próprio.
D. I m p l icações da Proposição 1 1 :
1 . O cu sto de capital próprio au menta à med ida que a empresa eleva
o u so de capital de tercei ros.
2 . O ri sco d o capital próprio depende d e d u as coi sas: d o ri sco das ope
rações da empresa (risco operacionan e do grau de al avancagem fi
nance i ra (ri sco fi nanceiro). O risco operac ional determ i na o RA ; o
risco financei ro é determ i nado por 0/f.
11.
O caso com imposto de renda
A.
Proposição I com i m posto de rend á : O valor da empresa com d ívidas ( VL )
é igual ao valor da empresa sem d ívidas ( Vu), acrescido do valor presen
te do benefíci o fiscal do u so de capital de tercei ros:
VL
B.
=
Vu +
Tc x O
onde Tc é a a l íquota de i mposto de renda da pessoa j u rídica, e O o mon
tante de capital de tercei ros.
I m p l icações d a Proposi ção I com i m posto d e renda:
1 . F i n anciar com capital de tercei ros é altamente vantajoso, e se i sso
for levado ao extremo, a estrutu ra óti ma de capital conterá 1 00% de
capital de tercei ros.
2 . O custo méd i o ponderado d e capital, ou WACC, reduz-se à med ida
que a empresa começa a fi nanci ar-se mais com capital de terceiros.
saldar os compromissos assumidos com os credo
res também se eleva. Quando isso acontece, os ati
vos da empresa acabam sendo transferidos dos
acionistas para os credores.
Em princípio, uma empresa torna-se falida
quando o valor de seus ativos se iguala ao valor de
sua dívida. Quando isso acontece, o valor das ações
é nulo e os acionistas entregam o controle da em
presa aos credores. Nesse ponto, os credores rece
bem ativos que têm um valor exatamente igual ao
valor devido pelo empréstimo. Em um mundo per
feito, não há custo associado a essa transferência
de propriedade, e os credores não perdem nada.
A visão idealizada da falência não é obvia
mente o que acontece no mundo real. Ironicamen
te, é muito caro falir. Conforme será discutido, os
custos associados à falência podem acabar anulan
do os ganhos relacionados ao benefício fiscal da
alavancagem.
CUSTOS DIRETOS DE FALÊNCIA
Quando o valor dos ativos da empresa se
iguala ao valor da dívida, a empresa está economi
camente falida, no sentido de que o capital próprio
não tem valor nenhum. No entanto, a passagem
formal dos ativos para os credores é um processo
legal, e não econômico. Existem custos legais e
administrativos de falência, e tem sido reconheci
do que são os advogados que mais ganham com o
processo de falência.
'
351
ALAVANCAGEM E ESTRUTURA DE ChPITAL
TEORIA ESTÁTICA DA ESTRUTURA
DE CAPITAL
A teoria da estrutura de capital que definimos
é denominada teoria estática da estrutura de
capital. Diz que a empresa toma emprestado até
o ponto no qual o benefício fiscal de um dólar adi
cional de capital de terceiros é exatamente igual ao
custo oriundo do aumento da probabilidade de di
ficuldades financeiras. Chamamos isso de teoria es
tática porque supõe-se que os ativos e as operações
da empresa sejam fixos, e considera-se que é ape
nas o quociente entre dívidas e capital próprio que
pode ser alterado.
A teoria estática é ilustrada na Figura 13.5, na
qual há um gráfico do valor da empresa' VL' em
....
funçao do montante de capital de terceiros, D. Na
Figura 13.5, desenhamos linhas correspondentes a
três histórias diferentes. A primeira é a Proposição
I de M&M sem impostos. Essa é a linha horizontal
que parte do eixo vertical no ponto Vu, e indica que
o valor da empresa não é afetado pela estrutura de
capital. O segundo caso, a Proposição I de M&M
com imposto de pessoa jurídica, é representado por
uma linha reta com inclinação positiva. Ess'es dois
casos são exatamente aqueles que havíamos ilus
trado na Figura 1 3 .4.
O terceiro caso da Figura 1 3 . 5 ilustra nossa
discussão atual: o valor da empresa eleva-se até um
valor máximo, e a partir desse ponto começa a
decrescer. Esse é o quadro que obtemos com base
em nossa teoria estática. O valor máximo da em
presa, VL *, é alcançado num nível de endivida
mento D*, e portanto esse é o montante ótimo de
capital d