e-ISSN: 1983-9294
Dossiê: O (Re)inventar da Educação em Tempos de Pandemia
https://doi.org/10.5585/dialogia.n36.18288
A arte de viver em tempos de pandemia
The art of living in pandemic times
Jordana da Silva Corrêa
Doutora em Educação
Universidade Federal de Pelotas - UFPel
Pelotas, RS – Brasil
jordana.ufpel@gmail.com
Neiva Afonso Oliveira
Doutora em Filosofia
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC-RS
Pelotas, RS – Brasil
neivaafonsooliveira@gmail.com
Resumo: O artigo utiliza o método de pesquisa bibliográfico-reflexivo para apresentar os
conceitos de “arte de viver”, “exercícios espirituais” e “práticas de si”, trabalhados, cada um a seu
modo, por Pierre Hadot (1922-2010) e Michel Foucault (1926-1984). O objetivo é apontar que,
mesmo em meio aos problemas trazidos e evidenciados pela pandemia de COVID-19, é possível
a transformação do indivíduo, no sentido de que, em meio ao caos, sempre deve haver esperança,
de modo a modificar o olhar do sujeito em relação ao outro. Com isso, trazemos duas sessões
principais: uma, que retoma o contexto da pandemia e, outra, que aponta, por meio das teorias
filosóficas e dos dois referenciais, uma nova maneira de viver.
Palavras-Chave: COVID-19. Exercícios espirituais. Arte de viver.
Abstract: The article uses bibliografic-reflective research method to present the concepts of “art
of living”, “spiritual exercises” and “practices of self”, by Pierre Hadot (1922-2010) and Michel
Foucault (1926-1984). The objective is to point out that, even in the midst of the problems brought
about and evidenced by COVID-19 pandemic, it is possible to modify individuals and to make
them look at other people with the sense that in the midst of chaos there must always be hope. We
bring two main sections: first, we take up the pandemic context; and, secondly, the text points out
through philosophical theories the references which rebound a new way of living.
Key-Words: COVID-19. Spiritual exercises. Art of living.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
149
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
Introdução
A pandemia de COVID-19 modificou o modo de pensar de várias pessoas, levando-as a
refletir sobre a vida. Pensar criticamente a respeito do que estamos vivendo auxilia-nos a ter
percepções mais claras sobre nossas atuais vivências, bem como de vivências anteriores. Trazer à
luz alguns filósofos pode contribuir no esclarecimento do que ocorre conosco, auxiliando-nos a
refletir sobre esse novo momento como novas possibilidades de vida e de pensamento em meio a
um tempo de desespero e desilusão.
Pierre Hadot (1922-2010) e Michel Foucault (1926-1984) refletem, complementarmente,
sobre exercícios espirituais, ou seja, movimentos em busca de transformação, trazendo uma
abordagem sobre cuidar de si mesmo através de práticas de si. Tais conceitos intercruzam-se, pelo
fato de levar o indivíduo a uma metamorfose – uma arte de viver, uma estética da existência. Os
filósofos foram contemporâneos entre si e, muito embora tivessem uma ligação teórica a respeito
do tema, não lhes foi possível um diálogo muito extenso, devido à morte de Foucault. Foucault foi
leitor atento de Hadot, e embora Hadot reconheça algumas divergências entre suas ideias, muitas
convergências também são citadas.
E, então, pergunta-se: por que falar na arte de viver e em exercícios espirituais em meio ao
caos de uma pandemia, em meio ao desespero de indivíduos que enfrentam uma dura realidade?
Uma das respostas é porque o caos pode gerar movimento, pode instigar o indivíduo a buscar
aquilo que lhe falta. E não há momento mais necessários do este que estamos atravessando, para
trazermos à reflexão possibilidades de o indivíduo propiciar equilíbrio e serenidade para si e para
os que estão próximos dele e, na sequência, seguir em frente, como um modo de esperança.
O tempo pandêmico: temerosidades e novas formas de vida
O ano de 2019 foi encerrado com algumas notícias a respeito de certo vírus que assolava o
país da China, mais precisamente em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan. Já naquela época,
fora batizado de “Coronavírus”. Em meio a trocas de acusações entre alguns países em busca de
culpados, o vírus acabou se alastrando por toda a China e, mais tarde, por países da Ásia, Europa
e Américas.
A ocasião era urgente, temerosa, dolorida: pessoas adoecendo rapidamente, mortes
aumentando a cada dia. Diante de tal realidade, foram necessárias ações extremas de todos os
governos, a fim de que a catástrofe fosse minimizada, com lockdown em algumas cidades de vários
países. A realidade no Brasil, entre janeiro e fevereiro de 2020, ainda era de esperanças pelo novo
ano, férias e Carnaval. Torcíamos, verdadeiramente, para que a pandemia não nos alcançasse, afinal,
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
150
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
ela ainda nos parecia longínqua, até que houve a confirmação do primeiro caso brasileiro, em 26
de fevereiro de 2020.
As cidades brasileiras inicialmente mais afetadas foram São Paulo-SP, Rio de Janeiro-RJ e
Manaus-AM, em decorrência de seu intenso trânsito aéreo, além do período de festas de
final/início de ano. Hoje, estamos com mais de 130 mil mortes por COVID-19 e quase 4,5 milhões
de infectados, com uma grande maioria já recuperados.
Com a COVID-19, novas realidades foram apresentadas às pessoas em nosso país: escolas
e universidades foram fechadas por risco de contágio, empresas suspenderam contratos de
trabalhadores para minimizar seus prejuízos, outras demitiram pessoal e muitas, ainda, fecharam
suas portas. Os trabalhadores de serviços essenciais (médicos, enfermeiros, ramos farmacêutico e
alimentício) foram assimilando a urgência de vários cuidados, uma vez que não paralisaram suas
atividades.
Ainda vivemos tempos temerosos para aqueles que precisam encontrar um trabalho para
sua subsistência, para estudantes na expectativa de concluir seus estudos ou ainda dar continuidade
a eles, seja realizando ENCCEJA, ENEM ou PAVE. Além disso, pais e mães que precisam
trabalhar e não têm onde deixar os filhos, pois as escolas de educação infantil estão fechadas, tendo
que, a duras penas, conciliar família e atividades profissionais.
Profissionais de vários ramos precisaram readequar sua rotina e criar novas formas de
trabalhar e de viver: o trabalho remoto. E-mails, celulares, conferências online nunca foram tão
utilizadas para esse fim; professores produzindo vídeos e materiais para aulas a distância; aulas
online. Enfim, foi preciso que nos readequássemos, adaptando nossas rotinas para que não
ficássemos vinte e quatro horas por dia em frente aos aparelhos eletrônicos, escasseando horas de
descanso e lazer e por termos excedido o tempo diário de trabalho.
Como se não bastasse, a sensação de medo paira sobre as pessoas: o medo da
contaminação, o temor de ficar doente e sentir os sintomas dolorosos da doença e ainda de perder
um ente querido. Ao mesmo tempo, existem aqueles que ainda negam a periculosidade do vírus –
a falta de empatia desses “corajosos” é desumana, fazendo-nos pensar se, ao menos, se importam
consigo mesmos. Talvez algumas ações sejam exageradas, porém precisamos nos cuidar e cuidar
do próximo, na medida do possível.
A pandemia trouxe-nos novos modos de viver, de trabalhar, de estudar, de perceber o outro
e, principalmente, novas maneiras de estar próximos do outro. Acima de tudo, propiciou novos
jeitos de percebermos a nós mesmos, com a possibilidade de fazer, em meio ao caos, uma arte de
existir e de viver.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
151
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
O cuidado de si e exercícios espirituais
Vivemos uma situação distópica, mas precisamos fazer desse momento caótico um
momento de esperanças. Uma esperança que, de acordo com Paulo Freire, não deriva de
“esperar”.
É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que
tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.
Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não
desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro
modo... (Paulo Freire, s/d).
Apesar dessa situação muito difícil vivida por todos – seja sem emprego, seja longe da
família e dos amigos, seja doente ou por ter perdido alguém próximo –, é necessário que sigamos
adiante, preferencialmente com o auxílio de outrem, mesmo que de modo online, porque assim se
dividem as dores e também as alegrias. Mas, que não desistamos de lutar.
Michel Foucault já nos explicou a respeito da amizade e da importância do próximo em
nossas vidas. Percebemos que o sujeito não está só e que não é um ser que vive isoladamente, uma
vez que é sociável e deve relacionar-se com seus pares: “[...] é preciso considerar-se como um ser
social nascido para a comunidade. Enfim, saber que o mundo é um habitat comum, onde todos os
homens estão reunidos para justamente constituir essa comunidade” (FOUCAULT, 2010, p. 210).
Um dos modos de evitar que o sujeito fique sozinho e se relacione com o outro, seja por
interesses similares ou por vínculo afetivo, chamamos de amizade. A amizade é, “em geral, a
comunhão entre duas ou mais pessoas ligadas por atitudes concordantes e por afetos positivos [...]
A amizade é, certamente, uma comunhão no sentido de que o amigo se comporta em relação ao
amigo como em relação a si mesmo” (ABBAGNANO, 2012, p. 37). Michel Montaigne (15331592), no Ensaio denominado “Da Amizade”, já enfatizara o caráter necessário da reciprocidade.
A amizade seria, então, essa reciprocidade de um com o outro, uma diretiva a viver
considerando o próximo como um outro “eu”. Em Ética a Nicômaco, Aristóteles também se refere
à amizade, com relação a três pontos principais: “[...] no tocante aos amigos, porém, diz-se que
devemos desejar-lhes o bem no interesse deles próprios. Mas aos que desejam bem dessa forma só
atribuímos benevolência, se o desejo não é recíproco; a benevolência, quando recíproca, torna-se
amizade” (ARISTÓTELES, 1991, p. 170). O filósofo destaca que a amizade aproxima-se da
benevolência, de modo que um indivíduo possui afeto, simpatia e boa vontade para com o
próximo, mesmo que os interesses e desejos sejam apenas de um. Porém, Aristóteles também
diferencia a amizade do amor, uma vez que são próximos, mas não são o mesmo sentimento:
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
152
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
[...] portanto, é em espécie que diferem também as correspondentes formas de amor e de
amizade. Há, assim, três espécies de amizade, iguais em número às coisas que são
estimáveis; pois com respeito a cada uma delas existe um amor mútuo e conhecido, e os
que se amam desejam-se bem a respeito daquilo por que se amam (ARISTÓTELES,
1991, p. 18).
Assim, vemos que, ao falar da amizade, Aristóteles destaca a necessidade da reciprocidade
e da relação de um sujeito com o outro, uma viagem para sair do interior de si e compreender o
outro, conhecendo e aprendendo a singularidade de cada indivíduo, uma vez que estamos
imbricados uns com os outros.
Essas relações fazem com que os problemas tornem-se cargas mais leves para serem
carregados, pois divide-se com o outro os medos, agonias e, nesse momento de novas descobertas
de relacionamento uns com os outros, apelidado popularmente de “novo normal”, é que se torna
mais importante a empatia e o compartilhamento de experiências.
A amizade é uma afinidade coletiva, vincula-se a uma relação de cortesia de um indivíduo
com o outro, reverbera situações de troca e, por isso, é considerada um quadro relacional, cuja
interação com o outro apresenta-se, para Foucault, como indispensável para uma relação consigo
mesmo.
O papel do outro é indispensável para a produção de um esboço de si compreensível.
Este pensamento constitui uma constante de toda a tradição greco-romana. Portanto,
Foucault não reivindica nas suas análises uma autoconstituição isolada que exclua
qualquer relacionamento com o outro, mas para ele o outro está sempre presente na
origem da constituição estética de si, na figura do mestre, guia, professor, diretor de
consciência ou amigo (ORTEGA, 1999, p. 133).
Não importa a figura que auxiliará na constituição do indivíduo. Seja o mestre, o guia, o
professor, um membro da família ou um amigo, Foucault considera indispensável o outro para o
direcionamento do sujeito na construção de um modo de vida e, consequentemente, tornar sua
vida uma obra de arte: a estética da existência.
Todo homem que tem realmente cuidado de si deve fazer amigos. Esses amigos chegam
ocasionalmente no interior da rede de trocas sociais e da utilidade. A utilidade, que é
ocasião de amizade, não deve ser abolida. É preciso mantê-la até o fim. Mas o que dará
função à utilidade no interior da felicidade é a confiança que dedicamos aos nossos
amigos que são, para conosco, capazes de reciprocidade [...] Vemos que a amizade é
inteiramente da ordem do cuidado de si e que é pelo cuidado de si que se deve ter amigos
(FOUCAULT, 2010, p. 176).
Quando se refere ao sujeito, Foucault expõe que temos a opção de seguir sozinhos ou na
companhia de outros, mas considera a amizade de fundamental importância para a constituição do
indivíduo, tornando-se incompleto um cuidado de si sem a presença e a reciprocidade do outro.
O que seria esse cuidado de si, para Foucault? N’A Hermenêutica do Sujeito (2010), o
filósofo destaca algumas hipóteses, de forma que retoma o termo desde os gregos com a expressão
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
153
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
epiméleia heautoû, traduzida como “cuidado de si”. O pensador considera importante apreender
diversos sentidos dessa expressão.
Primeiramente, o tema de uma atitude geral, um certo modo de encarar as coisas, de estar
no mundo, de praticar ações, de ter relações com o outro. A epiméleia heautoû é uma atitude
– para consigo, para com os outros, para com o mundo. Em segundo lugar, a epiméleia
heautoû é também uma certa forma de atenção, de olhar. Cuidar de si mesmo implica que
se converta o olhar, que se conduza do exterior, [...] dos outros, do mundo, para “si
mesmo”. O cuidado de si implica uma certa maneira de estar atento ao que se pensa e ao
que se passa no pensamento [...] Em terceiro lugar, [...]. Também designa sempre algumas
ações, ações que são exercidas de si para consigo, ações pelas quais nos assumimos, nos
modificamos, nos purificamos, nos transformamos e nos transfiguramos [...]
(FOUCAULT, 2010, p. 11-12)
O cuidado de si mesmo pode significar o relacionamento de si com o outro; ações que
podem provocar transformações no indivíduo; um olhar do exterior para o interior, olhar para si
mesmo, enxergar-se, estar atento aos próprios pensamentos e se autocompreender. O cuidado de
si “designa precisamente o conjunto das condições de espiritualidade, o conjunto das
transformações de si que constituem a condição necessária para que se possa ter acesso à verdade”
(FOUCAULT, 2010, p. 17).
Assim, podemos entender que o termo cuidado de si está relacionado à ação do sujeito com
ele mesmo. Em outras palavras, “corresponde a uma ética em que o sujeito direciona suas atitudes
sobre si mesmo” (GALVÃO, 2014, p. 159). Da mesma forma, Frédéric Gros (2008) expõe que o
cuidado de si “constitui tanto mais um sujeito da ação, quanto um dos seus eixos essenciais consiste
em estabelecer uma correspondência regrada entre os atos e as palavras. Eis aí um dos pontos
importantes sublinhados por Foucault” (GROS, In.: RAGO, M.; VEIGA-NETO, A., 2008, p. 133134).
Para Gros (2008), o cuidado de si está relacionado ao modo como o sujeito se enxerga
como agente de suas próprias ações, as quais podem relacionar-se, posteriormente, com o que o
agente fala, ou seja, as palavras devem ser como um reflexo daquilo que faz. Essa relação entre
como se age e o que se fala é o que chamamos ética, conforme Foucault, o éthos, uma maneira de
ser e de se conduzir.
E esta maneira se traduz nos hábitos, maneira de se portar, caminhar; maneira de encarar
os acontecimentos da vida (Foucault, 1994b, p. 714). Assim, a vida ética fazia parte de
um longo processo de aprimoramento e lapidação do próprio eu, que Foucault chama de
technè tou biou. Não se nascia um indivíduo ético, mas tornava-se ético à medida que se
incorporavam certas práticas através do hábito cotidiano e gradativo (PELLIZZARO,
2015, p. 118).
Essas práticas que se incorporam ao cotidiano são denominadas por Foucault “técnicas
de si”, ou “práticas de si”, que são exercícios, os quais o indivíduo realiza sozinho ou com outros,
a fim de se transformar.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
154
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
[Técnicas de si ou práticas de si] permitem aos indivíduos efetuarem, sozinhos ou com
a ajuda de outros, um certo número de operações sobre os corpos e suas almas, seus
pensamentos, suas condutas, seus modos de ser; de transformarem-se a fim de atender
um certo estado de felicidade, de pureza, de sabedoria, de perfeição ou de imortalidade
(FOUCAULT, 1994, p.785, grifo nosso).
Assim, os exercícios chamados “práticas de si” permitem a transformação do sujeito e essa
modificação interior pode refletir em suas ações.
Por uma outra vertente, Pierre Hadot (1922-2010) refere-se a esses exercícios, como
exercícios espirituais, os quais o autor considera um dos três elementos essenciais de sua visão da
filosofia. O primeiro movimento do autor em seu livro Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga (2014)
é explicar o motivo do uso do termo “espirituais”, e não “psíquico”, “ético” ou “de pensamento”.
Eis que argumenta que
esses exercícios – nós o entrevemos pelo texto de G. Friedmann – correspondem a uma
transformação da visão de mundo e a uma metamorfose da personalidade. A palavra
“espiritual” permite entender bem que esses exercícios são obra não somente do
pensamento, mas de todo o psiquismo do indivíduo e, sobretudo, ela revela as
verdadeiras dimensões desses exercícios: graças a eles, o indivíduo se eleva à vida do
Espírito objetivo, isto é, recoloca-se na perspectiva do Todo (“Eternizar-se
ultrapassando-se”) (HADOT, 2014, p. 20)
Os exercícios espirituais podem ser entendidos como uma transformação na maneira de
ver e de ser do indivíduo, o qual pode ser extremamente custoso, pois para algumas pessoas é
muito difícil olhar-se internamente e aceitar a si mesmo e/ou seus erros, admitindo a necessidade
de mudança e a coragem para olhar suas dores internas, para que, pouco a pouco, essa renovação
ocorra de um modo tranquilo e pouco traumático. De certa maneira, alguma modificação já ocorreu
nesses momentos pandêmicos, mesmo que não tenhamos notado ou que não queiramos observar,
de tal modo que conseguimos nos reinventar para o trabalho, para a família e para nós mesmos.
Pierre Hadot destaca quatro tipos de exercícios espirituais: aprender a viver, aprender a
dialogar, aprender a morrer e aprender a ler. No primeiro aprendizado, o autor destaca as escolas
helenísticas e romanas como exemplos, de modo que os estoicos consideram a filosofia como um
exercício.
(...) a filosofia não consiste no ensino de uma teoria abstrata, ainda menos na exegese de
textos, mas numa arte de viver, numa atitude concreta, num estilo de vida determinado,
que engloba toda a existência. O ato filosófico não se situa somente na ordem do
conhecimento, mas na ordem do “eu” e do ser: é um progresso que nos faz ser mais, que
nos torna melhores. É uma conversão que subverte toda a vida, que muda o ser daquele
que a realiza. (HADOT, 2014, p. 22).
Hadot (2014) expõe que, para todas as escolas filosóficas, o principal motivo de
desequilíbrio são as paixões. A filosofia aparece como uma terapêutica, de modo que educa a
respeito do mal moral e do bem moral e que, excetuando-se as ocasiões incontroláveis, o indivíduo
é livre para optar por seu caminho. Mais tarde, o autor lista os exercícios espirituais estoicos: a
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
155
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
atenção, as meditações e “lembranças do que é bom”, exercícios intelectuais, como audição, leitura
e pesquisa, e, enfim, o domínio de si, a realização dos deveres e a indiferença às coisas indiferentes.
A partir disso, observa-se que tanto para os estoicos quanto para os epicuristas, a filosofia
é uma terapêutica, “nossa única ocupação deve ser nossa cura. Dessa vez, porém, a cura consistirá
em conduzir a alma das preocupações da vida à simples alegria de existir” (HADOT, 2014, p. 31).
Há uma única diferença: para os estoicos, o exercício de aprender a viver é útil para deixar a alma
tensa e alerta, um constante despertar da consciência moral; aos epicuristas, um caminho para a
descontração e serenidade.
Por último, destaca-se que para os epicuristas o prazer seria um exercício espiritual e a
amizade está contida nesse prazer: cada um deve tender a criar a atmosfera na qual floresce o
coração. Tratava-se, antes de tudo, de ser feliz – a afeição mútua, a confiança com a qual um se
apoiava no outro, contribuía mais do que tudo para a felicidade.
É então que especificamos o exercício de aprender a dialogar, de modo que entendamos a
importância do diálogo com o outro, a fim de sermos capazes de também dialogarmos conosco
próprios, algo muito apreciado por Sócrates e seus discípulos, uma vez que Sócrates, em seus
diálogos, intencionava convidar seus ouvintes para fazer um autoexame de consciência e cuidar do
seu interior. “O diálogo socrático aparece assim, portanto, como um exercício espiritual praticado
em comum, que convida ao exercício espiritual interior, isto é, ao exame de consciência, à atenção
a si, em síntese, ao famoso ‘conhece-te a ti mesmo’” (HADOT, 2014, p. 38).
Entendemos, assim, que o exercício espiritual vai além do diálogo e da empatia com o
outro, mas também consigo mesmo, num constante olhar para o próprio interior, tentando
compreender a si mesmo e o porquê do seu modo de ser, agir e reagir: “É o que se passa em todo
exercício espiritual; é preciso fazer a si mesmo mudar de ponto de vista, de atitude, de convicção;
portanto, dialogar consigo mesmo; portanto, lutar consigo mesmo” (HADOT, 2014, p. 41).
Com todo esse momento caótico vivido com a pandemia, muito embora já estivéssemos
há longa data em um grau de caos social e econômico, torna-se ainda mais importante um diálogo
interior, um olhar para si mesmo, para compreendermos não apenas aquilo que nos aflige, mas
também buscar respostas, pois elas se encontram dentro de nós. Junto ao nosso “novo normal”,
que se traduz por conectividade e empatia relacional, teremos que arcar com uma responsabilidade
partilhada e solidariedade global. Estamos aprendendo a nos comportar de modo diferente diante
dessa complexa realidade trazida pela situação de pandemia.
Nesse momento da História Mundial, algumas pessoas já iniciaram esse processo, uma vez
que foi registrado um aumento da procura por exercícios de meditação e de outras terapias
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
156
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
integrativas, conforme notícia veiculada no site da Uol, intitulada “Terapia alternativa ajuda no stress
da pandemia”, em 18 de julho de 2020. Um terapeuta pode, certamente, auxiliar nesse processo: você
precisa compartilhar suas angústias e medos; é ele quem vai lhe ensinar a olhar para o seu interior,
mas apenas você descobre a si mesmo e se transforma ao se autoconhecer e autocuidar-se.
Quando você se encoraja para olhar para si mesmo e, nesse movimento de aprendizado,
compreende seus pensamentos e ações para uma transformação de si com o objetivo de adquirir
mais paz interior e resiliência, ou seja, um trabalho sobre si mesmo, é que você começa a olhar para
(e pelo) próximo e aquilo que há a sua volta no Universo, com menos individualidade e mais
universalidade de pensamento no Todo, para que todos trilhem um mesmo caminho. Esse
movimento, de acordo com Hadot (2014), seria o “aprender a morrer”. Ele explica:
De fato, apreender-se-á melhor esse exercício espiritual compreendendo-o como um
esforço para se libertar do ponto de vista parcial e passional, ligado ao corpo e aos
sentidos, e para se elevar ao ponto de vista universal e normativo do pensamento, para
se submeter às exigências do Logos e à norma do Bem. Exercitar-se para a morte é
exercitar-se para a morte de sua individualidade, de suas paixões, para ver as coisas na
perspectiva da universalidade e da objetividade (HADOT, 2014, p. 45).
Para Hadot (2014), o indivíduo deve libertar-se de sua individualidade em prol de um Todo,
ou seja, do Universal, em certa medida deixando a subjetividade individual e passional e erguendose em direção a uma grandeza de alma, que é imaterial e imortal.
O último exercício espiritual citado por Hadot é “aprender a ler”, no sentido de que as
teorias filosóficas são um objeto para os exercícios espirituais, defendendo que “a vida filosófica é
um desenraizamento da vida cotidiana: ela é uma conversão, uma mudança total de visão, de estilo
de vida, de comportamento” (HADOT, 2014, p. 58).
Todas as teorias surgem de uma escola filosófica, na medida em que um mestre forma um
discípulo e o conduz para a transformação e realização de si. Essas obras filosóficas refletem sobre,
dentre outros temas, preocupações sociais, pedagógicas e metodológicas. O importante é sempre
retomar essas teorias e vivê-las, refazer a experiência que ofertam, retomar a tarefa, aprender a ler,
relê-las. Hadot (2014) defende que precisamos deixar que os textos falem a nós, que deixemos de
lado nossas buscas por sutileza e originalidade e que nos libertemos de nossas preocupações,
meditemos e “ruminemos”, pois seria um dos exercícios mais difíceis. Como diz Goethe, “as
pessoas não sabem quanto custa em tempo e esforço aprender a ler. Precisei de oitenta anos para
tanto e sequer sou capaz de dizer se tive sucesso” (GOETHE, 1830). Constata-se, portanto, que a
leitura traz muito mais que conhecimento, é uma atividade de formação e de transformação.
Hadot (2014) destaca esses novos aprendizados em uma visão filosófica, de modo que nos
faz transportá-los para o (novo) meio educacional, cada um em seu ambiente particular, geralmente
um cômodo de sua casa, em novos modos de se relacionar e de aprender. Então, como ensinar
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
157
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
e/ou aprender a viver, a dialogar, a morrer e a ler no ambiente online? É a educação sendo
reinventada.
A educação online em tempos de distanciamento social
A área da Educação foi uma das mais afetadas nesse período de distanciamento social.
Aulas presenciais suspensas, crianças sem escolas enquanto os pais precisam trabalhar, não tendo
com quem contar para cuidá-las; adolescentes e jovens ansiosos devido à finalização incerta do ano
letivo e, consequentemente, incerteza de participar em processos seletivos como ENEM,
ENCCEJA ou PAVE. O que para alguns está disponível é um ensino remoto precário devido à
falta de condições financeiras para arcar com despesas de internet. Outros, ainda, alunos de escolas
particulares, precisando reinventar-se no sentido de um novo modo de aprender e de uma redução
brusca na carga horária de aulas. Então, desse lado, temos os discentes.
De outro lado, os professores, ansiosos com novos modos de ensinar, passar tarefas,
produzir vídeos e mais a sobrecarga de reuniões e repensar a preparação de aulas. Ao fim e ao cabo,
todos os elementos que fazem parte da Educação precisaram se reinventar, desde os pais e
familiares que precisaram alterar suas rotinas, até as escolas. Alternativas foram sendo pensadas a
fim de atender os alunos sem condições financeiras para despesas com internet ou para adquirir
um computador, como busca e entrega de trabalhos e atividades impressas na escola – uma ação
paliativa para reduzir, ainda que seja um mínimo, a diferença de ensino de uns para outros.
Enquanto isso, outra parcela de alunos assistindo aulas síncronas, via Youtube, via plataforma da
própria escola, via plataformas de Universidades; ou ainda, plataformas de atividades, como o
Google Classroom, plataforma gratuita para as escolas, delivery de materiais impressos para os
estudantes que não têm acesso às tecnologias.
Os problemas encontrados nesse período estão longe de serem resolvidos, principalmente
no que tange aos ensinos infantil, fundamental e médio, colocando em xeque a longa caminhada
para se pensar em uma educação on-line/domiciliar de qualidade. Porém, os problemas foram
amenizados na medida em que houve amplo esforço, tanto de docentes quanto de pais e alunos,
reduzindo os prejuízos de todos os lados.
Em relação ao ensino superior, algumas Universidades, a exemplo da Universidade Federal
de Pelotas (UFPel/RS), passaram a oferecer a seus alunos disciplinas possíveis de serem
ministradas de forma remota. Seu calendário presencial foi suspenso, mas algumas atividades a
distância foram pensadas para que se reduzissem os prejuízos de alunos em relação a seu tempo de
permanência na Universidade. Isso significa também o stress e a ansiedade permeando docentes
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
158
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
ainda não tão familiarizados com as questões tecnológicas, além da alta carga de produção de
materiais para as suas turmas. Por outro lado, temos a ansiedade de alunos perante a incerteza de
conclusão dos cursos em tempo regular, uma vez que algumas atividades práticas foram suspensas,
tais como estágios e atividades em laboratório.
O fato é que muito precisou ser adaptado e repensado. Novas maneiras de assistir/ministrar
aulas foram instauradas. Até mesmo uma nova forma de “matar aula”, com vídeo e microfone
fechados. Que tal começarmos também a refletir sobre o bem-estar de todos esses indivíduos
envolvidos? Através de Hadot (2014) e seus aprendizados, trazemos algumas reflexões.
Por primeiro, e o mais urgente, levar a esses indivíduos uma nova maneira de viver,
possibilitando um olhar para seu interior, para aquilo que estão sentindo, ressignificando suas
experiências, seja através de meditação ou outras atividades que auxiliam nesse processo, como
terapias, yoga e afins; atividades que podem ser pensadas em formatos online via projetos de
extensão de universidades, estreitando laços com a comunidade.
A transformação interior do indivíduo possui potencial de fazer com que este se preocupe
com o outro e o conduza a ter empatia por ele. Por um momento, o indivíduo “morre” para si
mesmo, após se autoconhecer, para ajudar a resgatar o outro em uma tentativa de auxílio,
aproximando-se dele e dialogando, num processo de amizade e empatia.
Por último, não menos importante, mas para resumirmos nossa ideia, uma vez que um
artigo possui espaço limitado: mais do que nunca, nossos alunos precisam da filosofia para aprender
a ler, no sentido de nos aproximarmos dela como uma maneira de viver, desenraizando-nos da vida
cotidiana, mudando nossa visão de mundo, de comportamento, retomando aquilo que passou a
ser experiência, libertando-nos de nossas preocupações, trazendo um significado para esse novo
viver.
Considerações finais
A pandemia de COVID-19 fez com que o mundo todo se adequasse a uma nova realidade:
para alguns, um choque de realidade, para outros, um novo modo de viver. Para além de todas as
dificuldades econômicas e sociais já existentes há algum tempo, o vírus piorou a vida de algumas
pessoas, no sentido de agravar um cenário que já desenhava circunstâncias de desemprego, falta de
renda, precarização das questões ligadas à saúde pública, evidenciando os problemas sanitários,
principalmente nas classes mais baixas, onde água e sabão não são tão comuns como se pode
pensar, ainda mais quando mal se tem o que comer.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
159
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
Outra questão levantada foi a adequação da vida aos meios tecnológicos. Algumas coisas
foram ajustadas para que as pessoas, tendo a opção, evitassem sair de suas casas, inclusive para
trabalhar, gerando uma adaptação e readequação nas rotinas familiares, uma vez que as escolas
foram as primeiras a ter suas atividades paralisadas, fazendo com que crianças e adolescentes
também permanecessem em casa.
A visão do tempo também foi modificada, uma vez que, para alguns, os dias passaram a ser
todos iguais; para outros, o tempo tornou-se mais lento, pela falta de convívio com outras pessoas
e pela rotina; para outros, ainda, o tempo acelerou, pois não há mais espaço para o lazer – as
atividades ocuparam vinte e quatro horas e a relação da casa e do conforto do lar como um local
de descanso, toma um outro significado.
Além de tudo isso, a relação entre escola e aluno também foi modificada. Novas formas de
ensinar e de aprender deram um novo significado para a educação e as experiências formativas.
Por esses motivos, vemos como importante discutir o tema do indivíduo aprender a olhar para o
seu interior, ressignificando suas lutas, dores e até mesmo alegrias, vindo a transformar-se enquanto
indivíduo e auxiliando o próximo a fazer o mesmo, mostrando a ele que não está sozinho.
O modo de viver e o relacionamento com o outro são ações que transformam o sujeito,
vindo a aprimorá-lo. A formação do indivíduo é constante, constrói-se a cada dia, como uma
escultura sendo moldada e tomando uma forma final. As atitudes pessoais fazem parte desse
processo de formação, em direção a uma tarefa infinita de alcançar o maior grau possível de
virtudes e evolução, como movimento de infinito transformar-se, uma eterna busca de melhoria,
não apenas para a construção de si, mas também do outro.
A transformação do indivíduo influencia o modo como este construirá e lapidará sua vida,
um trabalho constante de criação e de trabalho sobre si mesmo, com liberdade e autonomia em
suas ações, construindo sua vida de modo “belo”, de maneira estética. Trata-se de um jeito estético
de arquitetar a própria vida, seu modo de ser, estar e existir no mundo, uma arte de viver.
As reflexões de Foucault e Hadot trazidas neste artigo são apenas para lembrar-nos que
sempre existe um caminho e que o aprender a viver, o aprender a dialogar, o aprender a morrer e
o aprender a ler podem ser o início de um “esperançar”, como diria Paulo Freire. Seguir em frente,
não desistir, pois novos tempos virão. Seremos sujeitos um pouco melhores com toda essa
transformação interior.
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 6. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,
2012.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
160
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4. ed. Trad. Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo:
Nova Cultural, 1991.
FOUCAULT, Michel. Les techniques de soi. In: FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits IV. Paris,
Gallimard, 1994. p. 783-813.
FOUCAULT, Michel. A Hermenêutica do Sujeito: curso dado no Collège de France. 3. ed. Trad. Márcio
Alves da Fonseca. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
GALVÃO, Bruno Abílio. A ética em Michel Foucault: do cuidado de si à estética da existência.
Intuitio PUC-RS, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 157-168, 2014. Disponível em
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/intuitio/article/view/17068/11428.
Acesso em 08 maio de 2019.
GROS, Frédéric. O Cuidado de Si em Michel Foucault. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO,
Alfredo (Orgs.). Figuras de Foucault. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. pp. 127-138.
HADOT, Pierre. Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga. São Paulo: É Realizações, 2014.
ORTEGA, Francisco. Amizade e Estética da Existência em Foucault. Rio de Janeiro: Edições Graal
Ltda., 1999.
PELLIZARO, Nilmar. A amizade na perspectiva de M. Foucault. Argumentos, Fortaleza, ano 7, n. 14,
p. 113-126, jul-dez 2015.
Recebido em: 28 set. 2020/ Aprovado em: 13 nov. 2020
Cite como
(ABNT NBR 6023:2018)
CORRÊA, Jordana da Silva; OLIVEIRA, Neiva Afonso. A arte de viver em tempos de pandemia.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.5585/dialogia.n36.18288.
American Psychological Association (APA)
Corrêa, J. S., & Oliveira, N. A. (2020, set./dez.). A arte de viver em tempos de pandemia. Dialogia, São Paulo,
n. 36, p. 149-161. https://doi.org/10.5585/dialogia.n36.18288.
Dialogia, São Paulo, n. 36, p. 149-161, set./dez. 2020
161