quero acabar de uma vez com essa mentira de que as adversidades vêm para nos fazer aprender alguma coisa, pois não vão. a gente aprende muito mais a viver melhor quando passamos por experiências positivas e não negativas. ninguém consegue aprender nada quando está sofrendo. durante o luto a gente só quer paz dentro do âmago e não pensar em aprendizados e o que devemos fazer com eles, caso algum sirva.

não há muito espaço para aprender quando estamos apenas sentindo angústia. sofrimento nunca foi ponte para levar alguém a algum raciocínio de positividade. se tem alguma pessoa que consegue, beleza, que bom para ela... mas para aprender a resiliência não é necessário sentir dor e, por isso, que muitas pessoas romantizam os estados deploráveis onde se encontram como processo resiliente.

nomeiam aprendizados que na verdade são uma espécie de prisão ilusória de evolução pessoal. então eis a verdadeira finalidade da resiliência, que é: aprender a lidar com os problemas, os aceitando, e com esse reconhecimento do que está acontecendo, bolar medidas cabíveis, na tentativa de resolver os problemas de todo o cotidiano do melhor jeito possível.

não é apenas aceitar sofrer, aguentar firme até a dor passar, e assim, se autodefinir uma pessoa forte, apenas por ter passado por muitos maus bocados. ser resiliente é diferente de sofrer de forma voluntária.

resiliência não se resume apenas em sofrer. a gente precisa reconhecer a queda, não desanimar por ter caído, nos reerguer, sacudir toda a poeira do corpo e dar a volta por cima. é assim que a resiliência funciona: ela não romantiza a dor.

Source: encorajador

me sinto incapaz toda vez que sou questionado se tenho uma vida feliz. eu me perco em assuntos que não domino, e também não sei muito sobre felicidade, pois nossos encontros sempre foram um breve sopro.

eu já não tenho mais medo de me apresentar vazio para as pessoas. não tem porquê esconder coisas que não existem mais ou que sequer existiram antes em mim. eu sou as sobras de um colapso e nada mais. não há o que se perder na imensidão do vazio

aquela vontade de sair por aí gritando e chorando feito louco. aquele frio na espinha e sensação de sufocamento toda vez que aqueles pensamentos ofensivos resolvem voltar. não os quero, não os chamei, todavia, mesmo assim eles teimam e retornam. cada vez mais difíceis de suportar, cada vez mais me detonam de diversas maneiras. é uma luta que tenho tido sozinho há bastante tempo. sozinho porque escolhi assim; sozinho porque escolheram me deixar sofrer pelo fato de a maioria ser egoísta demais para ter o mínimo de empatia. não existem amigos quando não se tem nenhum tipo de auxílio. amigos são para essas coisas, eles se ajudam, ou pelo menos deveriam.

todo dia é uma dor de cabeça por passar muito tempo chorando e pensando nas coisas que perdi, sendo que eu também estou tentando me convencer de que já sou bem melhor com o que tenho agora. são dois extremos brigando a todo instante dentro de mim, e enquanto isso, vou sendo despedaçado aos poucos.

eu já fui um alguém cheio de amor, entupido de bons sentimentos e estava sempre transbordando sorrisos por aí. eu já fui... no entanto hoje não sei mais reconhecer quem fui naquela época e muito menos agora. me perdi enquanto caminhava e fui me aprofundando por uma estrada fria e deserta, cada vez mais adentro da densa floresta dos esquecidos.

autossabotagem se equipara ao ato de catar todos os caquinhos da própria alma, mas na hora de se ajeitar, você quer tentar colá-los sem usar cola... talvez tente a sorte com saliva ou apenas encaixando as peças aleatoriamente, acreditando ser o suficiente para consertar. autossabotar-se é uma venda de engano posta com as próprias mãos em frente à janela da alma. assemelha-se a uma cortina blackout que esconde todas as possíveis soluções adequadas para qualquer situação. é péssimo ser alguém capaz de jogar areia nos próprios olhos, porque não quer lidar com coisas, por muitas vezes, até comuns e simplistas do cotidiano. é um mal que te convence a aceitar o ruim para depois detonar sua cabeça com enxames de arrependimentos.

tenho problemas sérios acumulados e posso citar alguns: depender da aprovação alheia para sentir firmeza/credibilidade no que faço; ser notado por quem gosto para assim conseguir manter minha crença no amor; evitar o choro ao máximo porque assim não demonstro fraquezas; fingir que está tudo bem para não virar um fardo para mim mesmo e para os meus poucos amigos; me enturmar mesmo não querendo para ter alguém do lado quando o coração apertar ou pelo menos me iludir com a ideia que vou ter; concordar com qualquer absurdo apenas para me sentir confiante e conectado com as pessoas ao meu redor; abandonar os meus sonhos para não ter que estragar tudo, fazendo tudo errado no final. eu me autossaboto quase todos os dias na tentativa de manter as aparências. vivo fugindo do assunto a todo custo, pois sei que uma hora ou outra vou ter que por minhas próprias mãos em minhas feridas, e sei que vai doer bastate revisitá-las, mesmo que seja para curar. não sei se tenho algum resquício de força ou coragem para pelo menos ir até quem pode me ouvir e ajudar. já coloquei na minha cabeça que não tenho conserto e que ninguém vai se importar com meros problemas de um completo inútil. eu não consigo absorver o bem que me dizem, nem me esforçando bastante para isso. parece que todo resquício de energia positiva saiu de mim e não consegue mais achar o caminho de volta.

você me descreve pelo olhar, tocar e ouvir... já eu me descrevo por meio de meras palavras regurgitadas de um lugar o qual não sei como chegar; porque o meu eu interior é terrivelmente assustador até para mim mesmo. é labirinto, é tontura, é névoa, é um som amedrontador, é o abandono, é a dor por muito caminhar sem nada encontrar.

tenho o péssimo costume de bloquear ou, ao menos, tentar bloquear tudo que é tipo de gatilho perigosamente ofensivo a minha instabilidade emocional que, por si só, já me deixa totalmente desesperado e desequilibrado em todo contexto psicológico. bloqueio pessoas, apago seus contatos da agenda, ignoro, troco de calçada quando vejo de longe vindo em minha direção, e sim, eu até parei de pegar o mesmo meio de transporte público, apenas para não dar de cara com um dos meus gatilhos, os quais, em sua maioria, possuem nome, endereço e número de cpf. no fundo eu sei que isso tudo tem muito mais a ver comigo do que com quem quer que seja. meus sentimentos, em sua maioria, são de minha e, apenas minha, responsabilidade, incluindo todas as expectativas frustrantes que eu me permiti ter e ainda insisto em criar. muita questão é sobre mim e não envolve mais ninguém, ou pelo menos não deveria envolver. é difícil viver dia a pós dia sem que eu não sinta culpa, e junto a ela uma imensa avalanche de responsabilidades martelando a todo instante lá em minha pobre consciência cansada. eu não tenho dado conta de mim e nem daquilo tudo que tenho carregado junto comigo por todos esses anos. por isso que sempre optei por bloquear, tentar esquecer ou, no mínimo, fingir amnésia, fazendo-me de doido. às vezes acontece de dar certo, às vezes acontece de eu tropeçar justamente naquilo que tanto evitei, sem chances de deixar para depois ou fugir, ou seja, uma faca de dois gumes.

eu sinto... sinto muito e sinto tudo. queria não sentir as coisas exacerbadamente. queria ser mais simples, mais sucinto, fácil de ser decifrado. o que te pesa miligramas, em mim afunda como tonelas... afunda e me leva junto ao mais profundo nível de confusão possível. na escuridão nada vejo, mas tudo sinto, porque o silêncio tem seus ruídos e eles dizem muito. não há fôlego para gritar, não há ouvidos atentos ao meu clamor, não existe misericórdia, nem pausa. eu sinto todo peso sobre os meus ombros; pesos invisíveis que me causam fraqueza e cansaço. o corpo pesa, a visão fica embaçada, sinto-me de mal a pior, a cada passo arrastado enquanto caminho para fora do meu calabouço particular que ouso chamar de quarto. eu sinto que tudo é minha culpa mesmo que não seja. vivo me desculpando para tudo e todos. ontem pedi perdão ao ar por estar desperdiçando ele apenas para manter a minha existência insignificante.

eu me sinto desconectado com tudo e todos. não consigo manter diálogos por muito tempo. não sei como permanecer na vida de alguém por mais de algumas semanas. é uma sensação inquietante de que alguma coisa ruim fosse acontecer de uma maneira inesperada e tensa. estou virando alguém tão superficial quanto àqueles que julguei serem. tudo parece ter perdido o sentido, e para piorar, cada vez mais, vou acreditando nessa triste hipótese. não existem mais motivos para sorrisos, ou para se ter esperança em qualquer coisa. nada mais importa, eu também não sou importante. eu não sou ninguém.

eu só queria ter vida, sabe? sentir de fato o sangue correr pelas minhas veias, ao invés de apenas conseguir sofrer com dor de cabeça por pensar demais, chorar descontroladamente imaginando as piores tragédias e cenários possíveis ou impossíveis e viver com um embrulho desconfortável no estômago toda vez que sou visitado pela ansiedade.

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