Univerdade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Direito
Este trabalho buscou analisar os institutos e a prática excepcional no Brasil republicano (1889-2014), por meio de dados e pesquisas oficiais do Senado Brasileiro, de diplomas legais e de bibliografia relacionada ao tema, com o intuito de... more
Este trabalho buscou analisar os institutos e a prática excepcional no Brasil
republicano (1889-2014), por meio de dados e pesquisas oficiais do Senado
Brasileiro, de diplomas legais e de bibliografia relacionada ao tema, com o
intuito de verificar as ideias e a práxis do estado de exceção e, em especial, se
tal estado é de fato contingente ou se consiste numa prática contínua no
referido período histórico. Da pesquisa foi possível verificar que o estado de
exceção, qualificado sob a forma do estado de sítio, já era utilizado como
técnica de governamentalidade no Brasil antes mesmo da I Guerra Mundial, e
que a prática excepcional, manifestada pelos mais diversos instrumentos, se
estende por todo o período republicano de modo contínuo, mesclando-se com
a “normalidade” garantida pelo direito comum.
republicano (1889-2014), por meio de dados e pesquisas oficiais do Senado
Brasileiro, de diplomas legais e de bibliografia relacionada ao tema, com o
intuito de verificar as ideias e a práxis do estado de exceção e, em especial, se
tal estado é de fato contingente ou se consiste numa prática contínua no
referido período histórico. Da pesquisa foi possível verificar que o estado de
exceção, qualificado sob a forma do estado de sítio, já era utilizado como
técnica de governamentalidade no Brasil antes mesmo da I Guerra Mundial, e
que a prática excepcional, manifestada pelos mais diversos instrumentos, se
estende por todo o período republicano de modo contínuo, mesclando-se com
a “normalidade” garantida pelo direito comum.
RESUMO: Buscou-se no presente artigo analisar a proposta de potência (ou poder) destituinte de Giorgio Agamben como alternativa filosófica e política. Para tanto, procurou-se inicialmente esclarecer questões fundamentais que perpassam a... more
RESUMO: Buscou-se no presente artigo analisar
a proposta de potência (ou poder) destituinte
de Giorgio Agamben como alternativa
filosófica e política. Para tanto, procurou-se
inicialmente esclarecer questões fundamentais
que perpassam a obra do filósofo italiano,
tais como a crítica à dualidade ato/potência,
a potência-de-não e a estrutura da arqué,
situando-as na proposta de uma potência destituinte.
Em um segundo momento, contrapôs-se
essa potência à noção de poder constituinte de
Antonio Negri, com o intuito de apontar diferenças
e possíveis diálogos entre os autores. Da
pesquisa foi possível concluir que a potência
destituinte de Agamben é incompatível com a
figura da instituição, diferentemente da ideia
de poder constituinte de Negri. Ainda, tal potência,
longe de constituir uma nova arqué ou
uma anarqué, consiste em um uso do poder,
o qual se dá por meio de uma forma-de-vida.
ABSTRACT: This work attempts to analyze
the Giorgio Agamben’s proposal of destituent
power (potenza destituente) as philosophical
and political alternative. For this, initially
it tried to clarify fundamental issues that
permeate philosopher’s work, like critique of
act/power dualism, power of no (potenza di
non) and arché structure, placing them in the
proposal of a destituent power. In a second
moment, this power was opposed to the
notion of Antonio Negri’s constituent power
with the goal to point out possible differences
and dialogues among authors. The research
concluded that Agamben’s destituent power
is incompatible with the institution differently
Negri’s constituent power. Also, such power
(potenza destituente), far from being a new
arché or anarché, consists in a use of power
which is given by a form-of-life.
a proposta de potência (ou poder) destituinte
de Giorgio Agamben como alternativa
filosófica e política. Para tanto, procurou-se
inicialmente esclarecer questões fundamentais
que perpassam a obra do filósofo italiano,
tais como a crítica à dualidade ato/potência,
a potência-de-não e a estrutura da arqué,
situando-as na proposta de uma potência destituinte.
Em um segundo momento, contrapôs-se
essa potência à noção de poder constituinte de
Antonio Negri, com o intuito de apontar diferenças
e possíveis diálogos entre os autores. Da
pesquisa foi possível concluir que a potência
destituinte de Agamben é incompatível com a
figura da instituição, diferentemente da ideia
de poder constituinte de Negri. Ainda, tal potência,
longe de constituir uma nova arqué ou
uma anarqué, consiste em um uso do poder,
o qual se dá por meio de uma forma-de-vida.
ABSTRACT: This work attempts to analyze
the Giorgio Agamben’s proposal of destituent
power (potenza destituente) as philosophical
and political alternative. For this, initially
it tried to clarify fundamental issues that
permeate philosopher’s work, like critique of
act/power dualism, power of no (potenza di
non) and arché structure, placing them in the
proposal of a destituent power. In a second
moment, this power was opposed to the
notion of Antonio Negri’s constituent power
with the goal to point out possible differences
and dialogues among authors. The research
concluded that Agamben’s destituent power
is incompatible with the institution differently
Negri’s constituent power. Also, such power
(potenza destituente), far from being a new
arché or anarché, consists in a use of power
which is given by a form-of-life.
- by Ana Suelen Tossige Gomes and +1
- •
- Political Philosophy
Um retorno ao ser aparece na contemporaneidade como uma via teórica importante para se pensar as possibilidades de uma política e de uma ética livres das conformações legadas pela história do Ocidente. É nesse sentido que Giorgio Agamben... more
Um retorno ao ser aparece na contemporaneidade como uma via teórica importante para se pensar as possibilidades de uma política e de uma ética livres das conformações legadas pela história do Ocidente. É nesse sentido que Giorgio Agamben desenvolve em " O uso dos corpos " o que chamará de uma arqueologia da ontologia, buscando verificar se o acesso a uma ontologia ainda é possível nos dias de hoje. Partindo de Aristóteles, passando pela escolástica, até chegar a Heidegger, Agamben evidencia como a divisão binária do ser – em duas experiências contrapostas e ao mesmo tempo dependentes – mantém-se como uma aporia no pensamento e na práxis ocidental. A ontologia, como lugar originário da articulação histórica entre linguagem e mundo, é então percorrida por suas fraturas, levando o filósofo a propor uma nova leitura do ser a partir do que entende como ontologia modal. A partir dessas ideias, busca-se investigar como essa articulação medial entre essência e existência, ser e ente, comum e singular – constituída sempre em devir – propiciaria uma nova perspectiva do ser, na qual ontologia e ética se confundem.
- by Andityas S M C Matos and +1
- •
- Metaphysics, Ontology, Political Philosophy, Ethics
RESUMO: Busca-se com o presente artigo discutir o método arqueológico desenvolvido por Giorgio Agamben em sua série Homo sacer, especialmente no tocante aos paradigmas, demonstrando como tal método se insere em seu projeto mais amplo de... more
RESUMO: Busca-se com o presente artigo discutir o método arqueológico desenvolvido por Giorgio Agamben em sua série Homo sacer, especialmente no tocante aos paradigmas, demonstrando como tal método se insere em seu projeto mais amplo de crítica à metafísica ocidental. Ainda, com base na noção de paradigma, pretende-se discutir os conceitos de exceção e de estado de exceção presentes na obra do filósofo italiano, abordando como estes se relacionam e como se diferenciam. Enquanto a exceção consiste em um dispositivo, isto é, um modus operandi mais amplo, o qual é capaz de articular duas realidades opostas, mas que inexistem sem essa articulação, o estado de exceção aparece, por sua vez, como um dos dispositivos, desvelados pela arqueologia agambeniana, cujo funcionamento se dá na forma da exceção: por meio da exclusão inclusiva da violência (e mais a fundo, da própria vida) no campo do direito. Palavras chave: Exceção. Estado de exceção. Paradigma. Arqué. EXCEPTION AND STATE OF EXCEPTION IN THE THOUGHT OF GIORGIO AGAMBEN ABSTRACT: This article aim to discuss the archaeological method developed by Giorgio Agamben in his Homo sacer series, especially with regard to paradigm concept, demonstrating how this method is part of his broader project of critical of Western metaphysics. Still, based on the notion of paradigm, it is intended to discuss the concepts of exception and state of exception present in the Agamben's work, how these relate and differentiate themselves. While the exception consists of a dispositive, that is, a broader modus operandi, which is able to articulate two opposing realities, but which do not exist without this articulation, the state of exception appears, in its turn, as one of the dispositives unveiled by agambenian archeology, whose operation takes place in the form of the exception: by inclusive exclusion of violence (and, more deeply, of life itself) in the field of law.
By analysing the memetical communication from the points of view of Saussurre’s semiology and biopolitical apparatus as it was thought by Foucault and Agamben, we establish connections between these theories and the use of this kind of... more
By analysing the memetical communication from the points of view of Saussurre’s semiology and biopolitical apparatus as it was thought by Foucault and Agamben, we establish connections between these theories and the use of this kind of communication in Brazilian contemporary politics. Through this analysis it was possible to perceive that the memes, particularly the political ones, operate by desubjectivation rather than in the mode of subjectivivation’s apparatus.
L'ultimo libro di Giorgio Agamben-Il regno e il giardino-pubblicato quest'anno da Neri Pozza, si aggiunge alle incursioni del filosofo italiano nella teologia cristiana, cercando di dimostrare ancora una volta come il potere occidentale... more
L'ultimo libro di Giorgio Agamben-Il regno e il giardino-pubblicato quest'anno da Neri Pozza, si aggiunge alle incursioni del filosofo italiano nella teologia cristiana, cercando di dimostrare ancora una volta come il potere occidentale può essere compreso, archeologicamente, attraverso paradigmi teologico-politici. L'opera è divisa in sei capitoli che dialogano tra di loro attraverso analogie. Il tema del regno e del giardino è considerato in un ampio contesto che va dalla letteratura teologica tardo-antica e medievale (e da alcuni dei suoi critici eretici) fino ad arrivare alla Divina Commedia di Dante, senza dimenticare spunti di storia dell'arte e di filosofia politica. Congiungendo la figura edenica del giardino-del paradiso terrestre-con quella del regno-argomento centrale del celebre Il regno e la gloria (2007) 1-, Agamben ricostruisce un paradigma che è stato lasciato ai margini della tradizione occidentale 2. Come dice l'autore: Mentre il Regno, con la sua controparte economico-trinitaria, non ha mai infatti cessato di influenzare le forme e le strutture del potere profano, il Giardino, malgrado la sua costitutiva vocazione politica (era stato "piantato" in Eden per la felice abitazione degli uomini), è rimasto sostanzialmente estraneo ad esso. Anche quando, com'è avvenuto più volte, gruppi di uomini hanno cercato di trarne l'ispirazione per un modello di comunità decisamente eterodossa, la strategia dominante ha vegliato ogni volta a neutralizzarne le implicazioni politiche. E, tuttavia, come l'ipotesi di Fraenger suggerisce, non soltanto non è possibile separare il Giardino dal Regno, ma essi si sono anzi così spesso e così intimamente intrecciati, che è probabile che proprio un'indagine 1 Cfr. G. Agamben, Il regno e la gloria. Per una genealogia teologica dell'economia e del governo,
O mais novo livro de Giorgio Agamben-Il regno e il giardino-publicado recentemente pela Neri Pozza, vem incrementar as incursões do filósofo italiano na teologia cristã, demonstrando uma vez mais como o poder ocidental pode ser lido,... more
O mais novo livro de Giorgio Agamben-Il regno e il giardino-publicado recentemente pela Neri Pozza, vem incrementar as incursões do filósofo italiano na teologia cristã, demonstrando uma vez mais como o poder ocidental pode ser lido, arqueologicamente, a partir de paradigmas teológico-políticos. A obra é dividida em seis capítulos que se comunicam pelas analogias operadas em torno do tema central investigado, o qual é lido desde a literatura teológica tardo-antiga e medieval (e alguns de seus críticos heréticos), até a Divina Comédia de Dante, passando por lampejos de história da arte e de filosofia política. Combinando a figura edênica do jardim-do paraíso terrestre-com aquela do reino-tema central do tão conhecido Il regno e la gloria (2007)-, Agamben reconstrói um paradigma que, ainda que já estivesse presente na reflexão teológica, "foi relegado às margens pela tradição ocidental", qual seja, o paradigma do jardim do Éden (AGAMBEN, 2019, p. 10).
Como tínhamos previsto, as aulas universitárias a partir do próximo ano serão on line. Aquilo que para um observador atento era evidente, isto é, que a assim chamada pandemia seria usada como pretexto para a difusão sempre mais invasiva... more
Como tínhamos previsto, as aulas universitárias a partir do próximo ano serão on line. Aquilo que para um observador atento era evidente, isto é, que a assim chamada pandemia seria usada como pretexto para a difusão sempre mais invasiva das tecnologias digitais, se realizou pontualmente. Não nos interessa aqui a consequente transformação da didática, cujo elemento da presença física, sempre tão importante na relação entre estudantes e docentes, desaparece definitivamente, assim como desaparecem as discussões coletivas nos seminários, que eram a parte mais viva do ensino. Faz parte da barbárie tecnológica que estamos vivendo o cancelamento da vida de toda experiência dos sentidos e a perda do olhar, duradouramente aprisionado em uma tela espectral. Muito mais decisivo do que está acontecendo é algo de que significativamente não se fala de fato, ou seja, o fim do estudantado como forma de vida. As universidades nasceram na Europa a partir de associações de estudantes-universitates-e a estas devem o seu nome. A vida do estudante era, nesse contexto, antes de tudo uma forma de vida, cujo centro era certamente o estudo e a escuta das aulas, mas não eram menos importantes o encontro e a troca assídua com os outros scholarii, que vinham frequentemente de lugares mais remotos e se reuniam segundo o lugar de origem em nationes. Essa forma de vida evoluiu de modo variado no decorrer dos séculos, mas algo constante, desde os clerici vagantes do medievo até os movimentos estudantis do século XX, era a dimensão social do fenômeno. Qualquer um que ensinou em uma sala de aula universitária sabe bem como, por assim dizer, sob os seus olhos se entrelaçavam amizades e se constituíam, segundo os interesses culturais e políticos, pequenos grupos de estudo e de pesquisa, que continuavam a se encontrar mesmo depois do fim das aulas. Tudo isso, que durou quase dez séculos, agora acaba para sempre. Os estudantes não viverão mais nas cidades onde suas universidades têm suas sedes, mas cada um escutará as aulas fechado em seu quarto, separado às vezes por centenas de quilômetros daqueles que em certo momento foram seus colegas. As pequenas cidades, sedes de universidades antes prestigiosas, verão desaparecer das suas ruas aquelas comunidades de estudantes que constituíam, com frequência, a sua parte mais viva. De todo fenômeno social que morre se pode afirmar que, em certo sentido, ele merecia o seu fim, e é certo que nossas universidades chegaram a tal ponto de corrupção e de ignorância especializada que não é possível delas se condoer, sendo certo também que por isso a forma de vida dos estudantes estava mediocriazada da mesma maneira. Dois pontos, porém, devem restar firmes: 1. Os professores que aceitam-como estão fazendo em massa-se submeter à nova ditadura digital e assim oferecer suas disciplinas somente on line, são o perfeito equivalente dos docentes universitários que no ano de 1931 juraram fidelidade ao regime fascista. Como aconteceu então, é provável que só quinze entre mil se recusarão a fazê-lo, mas certamente seus nomes serão recordados ao lado daqueles quinze docentes que não juraram. 2. Os estudantes que amam de verdade o estudo deverão rejeitar se matricularem nas universidades assim transformadas e, como na origem, deverão se constituir em novas universitates, pois só no interior delas, diante da barbárie
(DES)TROÇOS: REVISTA DE PENSAMENTO RADICAL é uma publicação semestral do grupo de pesquisa O estado de exceção no Brasil contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional da... more
(DES)TROÇOS: REVISTA DE PENSAMENTO RADICAL é uma publicação semestral do grupo de pesquisa O estado de exceção no Brasil contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional da Universidade Federal de Minas Gerais, com registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/41174
portuguesEste trabalho aborda as tensoes estabelecidas entre a cultura globalizada, de carater universalizante e mercadologico, que embasa as politicas “publicas” contemporâneas, e certas manifestacoes culturais, locais e dissonantes, que... more
portuguesEste trabalho aborda as tensoes estabelecidas entre a cultura globalizada, de carater universalizante e mercadologico, que embasa as politicas “publicas” contemporâneas, e certas manifestacoes culturais, locais e dissonantes, que expressam potencialidades de resistencia a espetacularizacao do espaco publico urbano. Partindo-se do conceito de espetaculo, de Guy Debord, buscou-se compreender o fenomeno de conformacao da metropole contemporânea a logica economica e estetica decorrente do amalgama Estado-capital, tendo como objeto de critica a cidade brasileira de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Entendendose que o espetaculo caracteriza-se primordialmente pela reducao de todo valor de uso ao valor de troca, bem como por uma logica aparentemente totalizante que restringe a experiencia humana a contemplacao passiva de bens e imagens (nao-intervencao), apontou-se questoes relacionadas a vida na cidade de Belo Horizonte que demonstram a atualidade de tais process...
In view of some paradigmatic political-juridical discourses which permeate the consolidation of the modern notion of property, this article intends to confirm if it is correct to interpret its institution in the mode of the apparatus. For... more
In view of some paradigmatic political-juridical discourses which permeate the consolidation of the modern notion of property, this article intends to confirm if it is correct to interpret its institution in the mode of the apparatus. For this, four characteristics of the apparatus working process – as conceptualized by Heidegger, Foucault, and Agamben – were selected for the analysis: 1) its response to a strategical objective or to the production of a useful result; 2) its bipolar division of the reality; 3) its imposition of a certain direction on the real; and, 4) its capture of the subject as a part or “piece” of the process. In conclusion, it was verified that such characteristics are present in nodal points of emergence of the modern property, which corresponds to a positive answer to the title of this article.
Keywords: Property, Apparatus, Modernity, Archaeology, Subjectivation.
Keywords: Property, Apparatus, Modernity, Archaeology, Subjectivation.
(DES)TROÇOS: REVISTA DE PENSAMENTO RADICAL é uma publicação semestral do grupo de pesquisa O estado de exceção no Brasil contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional da... more
(DES)TROÇOS: REVISTA DE PENSAMENTO RADICAL é uma publicação semestral do grupo de pesquisa O estado de exceção no Brasil contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional da Universidade Federal de Minas Gerais, com registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/41174
- by Ana Suelen Tossige Gomes and +1
- •
O presente artigo pretende abordar como o estágio de emergência sanitária atual, em face da pandemia do novo coronavírus, torna explícito o estado de exceção permanente em que vivemos, por meio da análise de dois âmbitos de sua... more
O presente artigo pretende abordar como o estágio de emergência
sanitária atual, em face da pandemia do novo coronavírus, torna
explícito o estado de exceção permanente em que vivemos, por meio
da análise de dois âmbitos de sua experienciação: o ambiente político e
o ambiente natural. Partindo de acontecimentos recentes envolvendo
o Poder Executivo federal – aumento de desmatamento na Amazônia,
edição de Medidas Provisórias ad hoc, promoção de manifestações
contra a democracia e promoção de instabilidade institucional – o
artigo analisará como o momento excepcional explicita o uso do estado
de exceção como técnica de governo, buscando contrapor duas facetas
que no mundo contemporâneo parecem se mostrar co-dependentes:
democracia e proteção do ambiente natural.
Palavras-chave: Estado de exceção; Pandemia; Democracia;
Degradação ambiental.
sanitária atual, em face da pandemia do novo coronavírus, torna
explícito o estado de exceção permanente em que vivemos, por meio
da análise de dois âmbitos de sua experienciação: o ambiente político e
o ambiente natural. Partindo de acontecimentos recentes envolvendo
o Poder Executivo federal – aumento de desmatamento na Amazônia,
edição de Medidas Provisórias ad hoc, promoção de manifestações
contra a democracia e promoção de instabilidade institucional – o
artigo analisará como o momento excepcional explicita o uso do estado
de exceção como técnica de governo, buscando contrapor duas facetas
que no mundo contemporâneo parecem se mostrar co-dependentes:
democracia e proteção do ambiente natural.
Palavras-chave: Estado de exceção; Pandemia; Democracia;
Degradação ambiental.
Neste texto, que compõe um dos capítulos do seu livro Política e negação: por uma filosofia afirmativa, o filósofo italiano Roberto Esposito examina a propriedade como categoria política do Moderno. Enquanto tal, a propriedade teria se... more
Neste texto, que compõe um dos capítulos do seu livro Política e negação: por uma filosofia afirmativa, o filósofo italiano Roberto Esposito examina a propriedade como categoria política do Moderno. Enquanto tal, a propriedade teria se constituído e operaria por meio do negativo, isto é, através da negação do seu contrário. Pois, assim como ocorre com a soberania e a liberdade, característica das categorias políticas fundamentais do Moderno é que elas teriam sido definidas a partir da negação daquilo que não são, permanecendo atreladas – em uma relação constitutiva – aos seus opostos. Percorrendo arqueologicamente a construção moderna do instituto – desde a sua afirmação como direito natural, fruto do trabalho, até a sua volatização em mero título jurídico –, o que Esposito demonstra é que a propriedade se constituiu não como uma entidade positiva, mas como a negação daquela realidade originária que lhe subjaz: o comum.
Western culture has assigned an essential role to productive activity in defining our lives. In Locke’s and Hegel’s thought, we see the model that became dominant in modern political philosophy: that of conceiving the subject as a result... more
Western culture has assigned an essential role to productive activity in defining our lives. In Locke’s and Hegel’s thought, we see the model that became dominant in modern political philosophy: that of conceiving the subject as a result of, and only possible within, the triad of work–property–subject. Nowadays, this has reached the level of shaping the meaning of living, and our entire existences seem to be subjected to a concept of lives-as-work. Combining anthropology and philosophy, this article seeks to rethink subjectivation beyond the process of work and appropriation, delving into worldviews different from those of the West. Specifically, we will focus on the Yanomami form of life, a non-stratified indigenous people living in the Brazilian Amazon. We will analyze how the Yanomami prevent the process of subjectification by the objectification of one’s own work through a sort of anti-work and anti-property apparatus. This is achieved through specific techniques of underproduction, which constitute another approach to work, as well as through a completely different way of conceiving subjectivity. Furthermore, the Yanomami’s view of all entities as subjects endowed with intentionality appears as de-ontologizing the subject position and deactivating the dyads of subject/object and own/common. The result is a worldview where, with everyone being subjects—humans and non-humans, living and dead, entities and things of nature—no one can be dominus of anyone.
O objetivo deste artigo é produzir uma resenha crítica de textos selecionados da obra do filósofo e pedagogo estadunidense John Dewey (1859 - 1952). Dividindo o texto em temas, a análise concentra-se em três pontos principais: a inclusão... more
O objetivo deste artigo é produzir uma resenha crítica de textos selecionados da obra do filósofo e pedagogo estadunidense John Dewey (1859 - 1952). Dividindo o texto em temas, a análise concentra-se em três pontos principais: a inclusão do “interesse” no processo educativo, a experiência objetiva como guia do ato de educar e a estruturação de uma educação para a democracia. Reconstrói-se brevemente a estrutura argumentativa do autor, baseando-se na revisitação bibliográfica e crítica feita por Robert B. Westbrook (2010) e em uma entrevista de Cristiane Trindade (2019). O método de análise aqui empregado é baseado na interpretação das ideias-chave do autor, visando apreender de que maneira Dewey imaginou e praticou sua pedagogia. Por fim, objetiva-se passar em vista duas críticas ao pensamento do autor, bem como tocar na atualidade de sua herança teórica, construindo um paralelo entre tais ideias e os conflitos que vivemos atualmente, principalmente no que tange a defesa da democracia.