Crisma - DES - 2024 - A Vida Públic de Jesus
Crisma - DES - 2024 - A Vida Públic de Jesus
Crisma - DES - 2024 - A Vida Públic de Jesus
Jesus, Maria e José não tinham anjos realizando o trabalho deles ou os afazeres
domésticos. Eram eles mesmos a desempenharem essas funções e, nesse
ambiente tão comum e tão íntimo, cresciam nos laços humanos e divinos.
1
Como era a sociedade no tempo de Jesus?
O ambiente escolhido foi a antiga Canaã ou Palestina Romana que, na época, vivia
sob a ditadura do Império Romano desde o século I A.C., quando foi invadida pelo
general Pompeu. Esse império oprimia a população por meio de inúmeras
imposições oriundas de diversos impostos, bem como pela cultura da violência,
tornando muitos judeus como escravos e cúmplices de sua corrupção. O império
era auxiliado por um exército bem formado, o que aterrorizava ainda mais a
população. A sua pior ferramenta não era a espada, e sim a crucifixão.
Assim, no tempo de Jesus, a brutalidade fazia parte da vida cotidiana. Esse foi o
lugar geográfico em que nasceu, viveu e morreu Jesus de Nazaré, fazendo-se
participante das esperanças e dos sofrimentos do Seu povo.
Durante a maior parte de Sua vida terrena, Jesus viveu sob o domínio do imperador
Tibério César (14-37 d.C.). As funções das autoridades locais da Palestina
Romana eram distribuídas da seguinte forma: Pôncio Pilatos governava a Judeia;
Herodes Antipas era o tetrarca da Galileia; e seu irmão, Filipe, tetrarca da Itureia.
Os sumos sacerdotes eram Anás e Caifás.
2
A existência judaica se caracterizava principalmente pela religião. A presença dos
grupos político-religiosos divergentes entre si era uma realidade proveniente de
conflitos perduráveis entre as autoridades religiosas que compunham a história
de Israel.
No tempo dos Macabeus, por volta do ano 152 A.C., surgiram as correntes
religiosas que perduraram no tempo de Jesus, inclusive, foi neste contexto em que
Ele nasceu.
O que é claro ao nível dos princípios para aqueles que, com Matatias, ‘têm o zelo
pela Lei e sustentam a Aliança’ (1Mc 2,27), é menos claro na prática: a fidelidade à
Lei exige o fixismo absoluto? E se se admite uma evolução possível, até onde se
pode chegar? Aí é que os grupos vão divergir” (c.f. SAULNIER; ROLLAND, 1983, p.
53).
Fariseus – Julgavam alcançar a salvação do povo judeu por meio da vivência da lei
escrita e oral, lei essa que deveria ser aprofundada para lhes proporcionar maior
piedade. Foram os piores adversários de Jesus no campo da doutrina;
As casas eram compostas geralmente por uma única sala, ligadas a uma gruta
escavada à mão devido à fragilidade das rochas do local. Recentemente foi
encontrada uma casa desse período com vários cômodos.
4
Vida política e religiosa se fundem na cultura judaica da Palestina
Romana
Ordinariamente, fala-se muito nos milagres que Ele realizou, nas palavras que
pronunciou e nos ensinamentos que deixou. Contudo, se for desconsiderado
contextos mais específicos, como os acadêmicos, pouco interesse é dado para os
aspectos políticos, religiosos e culturais da Palestina, no tempo de Jesus.
Explorar esses aspectos, pelo menos um pouco, nos permite entender melhor a
vida de Jesus como um todo, suas decisões, o que Ele sofreu, a visão de mundo
que Ele e seus conterrâneos tinham, e muito mais.
Os aspectos religiosos
5
O cardeal Joseph Ratzinger, na sua clássica obra “Jesus de Nazaré”, nos dá uma
visão muito interessante a esse respeito. Ele afirma que, na Palestina, no tempo
de Jesus, não “existia o político ‘sozinho’, nem o religioso ‘sozinho’. O templo, a
Cidade Santa e a Terra Santa com o seu povo não eram realidades somente
políticas, mas também, não eram realidades apenas religiosas”.
Sabe-se, por exemplo, que para o povo de Israel, o Templo é o lugar mais sagrado.
Sabe-se, também, que era obrigação absoluta para todos os adultos, isto é, a
partir dos treze anos, recitar as orações no decurso das horas. Há, nas Sagradas
Escrituras, diversas passagens que confirmam esta ideia.
Uma delas, talvez a mais conhecida, apresenta os pais de Jesus como bons fiéis.
Eles viviam de acordo com os mandamentos da lei mosaica e eram respeitadores
dos ensinamentos e das tradições rabínicas.
Economia:
Em nível econômico o Templo era fonte de comércio, visto que vendiam animais
para os sacrifícios, objetos de grande valor, além de ser o lugar de cambistas. O
sumo sacerdote ficava com a maior parte do lucro. Essa realidade comercial
tornou-se um meio de corrupção principalmente para as autoridades máximas de
Israel.
6
Como esses meios nem sempre satisfaziam os apetites do sumo sacerdote e os
de sua família, às vezes, ele se servia de outros: apropriava-se pela força das peles
dos animais degolados que deveriam pertencer aos outros sacerdotes; ia aos
sítios roubar o dízimo que lhes é igualmente destinado. Ou usava a intriga, a
chantagem e até o assassinato. (c.f. SAULNIER; ROLLAND 1983, p. 39).
Os vendilhões do templo
Em outro episódio, também, no período da Páscoa, Jesus subiu até Jerusalém e foi
até o Templo. Convém lembrar que, neste episódio, Jesus já era adulto. Chegando
ao Templo, Jesus encontros os que vendiam bois, ovelhas e pombas, além dos
cambistas em suas bancas. Jesus, então, confeccionou um chicote com cordas e
acabou com feira livre que havia se formado dentro do Templo.
Logo à frente, nos versículos seguintes, a Palavra apresenta o motivo que levou
Jesus a agir dessa forma tão incisiva: o zelo pela casa de Deus. Ora, só se zela por
aquilo que é muito importante. Nota-se, portanto, a grande importância que o
Templo tinha para Jesus. Certamente, esse zelo e cuidado com as coisas de Deus,
Jesus aprendeu pelo testemunho de seus amados pais.
Convém salientar que, o Templo em que Jesus frequentava para rezar, não era
aquele que Salomão havia construído, nem mesmo o segundo templo
reconstruído após o regresso do exílio, mas outro Templo bem mais recente. Por
sinal, era tão recente que ainda estava em construção.
7
mesmo espírito que regula todos os acontecimentos da vida, seguindo a tão
conhecida tríade “crer, celebrar e viver”.
Não é por acaso que, na decisão que levou Jesus à morte, verifica-se a
sobreposição de dois níveis: por um lado, a legítima preocupação de tutelar o
templo e o povo (o religioso) e, por outro, a ambição egoísta de poder por parte do
grupo dominante (o político).
Assim, com anúncio e com o agir de Jesus, inaugurou-se um reino não político do
Messias. Isso fez com que, essas duas dimensões, até então inseparáveis (político
e religiosa), começassem a separar uma da outra. Segundo o cardeal Ratzinger,
essa separação só foi possível, em definitivo, por meio da Cruz, ou seja, só por
meio da fé n’Aquele que está desprovido de todo o poder terreno. Surge, portanto,
o novo modo como Deus reina no mundo.
8
Neste âmbito político-religioso destaca-se principalmente a corte suprema
religiosa de Israel conhecida como Sinédrio, composto pelo sumo sacerdote
como presidente e por seus assistentes: os anciãos, os sumos sacerdotes
destituídos, os sacerdotes saduceus, os escribas e os fariseus. Tinha como
finalidade julgar as transgressões contra a lei, estabelecer a doutrina e controlar a
vida religiosa. Esse Sinédrio, com um maior números de participantes, vivia
em Jerusalém. Porém, constata-se que nas demais localidades da Palestina
existiam pequenos Sinédrios e, entre os seus membros, um juiz.
Foi neste contexto que viveu Jesus de Nazaré, além de iniciar o Seu ministério,
apresentando-lhes uma nova proposta de vida fundada no amor pela Verdade. Ao
Seu encontro, o Nazareno atraía pessoas de todas as classes sociais e
hierárquicas, pois trazia na Sua doutrina o selo da Verdade. Enfrentou
constantemente adversidades por parte dos judeus, principalmente por meio dos
fariseus, e os vencia sempre pela força da Verdade, cunhando assim a separação
doutrinal com os seus concidadãos.
Assim, sob a autoridade de Pôncio Pilatos, o pragmático que lavou as mãos diante
desse crime por medo de perder o seu alto posto, por meio dos algozes do seu
império, depois de dura flagelação e outros tormentos, crucificaram a Jesus de
Nazaré.
9
Portanto, conclui-se que esse foi o julgamento mais infundado e injusto da história
humana, visto que Jesus foi o Homem mais inocente que passou pela face da
terra. A história nos mostra que a Sua voz ressoa até hoje, e que nem os “gritos” da
modernidade conseguem silenciá-la. Assim sendo, Jesus de Nazaré sai do tempo
histórico e entra o Cristo
Mais adiante, quando Jesus foi levado até o governador Pilatos para ser
interrogado, Ele mesmo se declarou Rei. Mas seu reinado não é como os reinados
do seu tempo. Jesus mesmo afirmou que o Seu Reino não era deste mundo (cf. Jo
10
18, 33-37). Aliás, essa “confissão” de Jesus, insere Pilatos numa circunstância
bastante curiosa. Ele estava diante de alguém que se declarava Rei, mas não
possuía, nem ao menos, poder militar. Sendo assim, não representaria nenhuma
ameaça para os ordenamentos romanos. Pilatos estava diante de uma ocasião
sem precedentes, um Rei que não possuía arma e nem exército.
Pilatos, portanto, depois do interrogatório, percebeu que aquele Jesus não era um
revolucionário político e que a sua mensagem e o seu comportamento não
constituíam um perigo para a dominação romana. Se Jesus havia transgredido a
Torá, isso não lhe interessava.
Pilatos estava mais preocupado em manter o seu cargo, sua autoridade, sua
imagem diante do império Romano, do que reconhecer a Verdade que lhe
apresentava.
Se Jesus era Rei, Ele precisava de um trono e, de fato, o recebeu. Acima do seu
trono havia uma inscrição: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”. Essa inscrição,
portanto, confirma inequivocamente o seu reinado. “A cruz é o seu trono […].
Desse lugar […], Ele, a seu modo – um modo que, nem Pilatos nem os membros do
Sinédrio puderam compreender -, domina como verdadeiro Rei” (RATZINGER,
2011, p. 193).
11
A morte de Jesus, de fato, trouxe tranquilidade para Jerusalém e tudo parecia
andar bem. Contudo, a paz não pode ser estabelecida contra a verdade que mais
tarde se manifestou.
535 O início (251) da vida pública de Jesus é o seu baptismo por João, no rio Jordão
(252). João pregava «um baptismo de penitência, em ordem à remissão dos
pecados» (Lc 3, 3). Uma multidão de pecadores, publicanos e soldados (253),
fariseus e saduceus (254) e prostitutas vinha ter com ele, para que os baptizasse.
«Então aparece Jesus». O Baptista hesita, Jesus insiste: e recebe o baptismo.
Então o Espírito Santo, sob a forma de pomba, desce sobre Jesus e uma voz do
céu proclama: «Este é o meu Filho muito amado» (Mt 3,13-17). Tal foi a
manifestação («epifania») de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.
536. Da parte de Jesus, o seu baptismo é a aceitação e a inauguração da sua
missão de Servo sofredor. Deixa-se contar entre o número dos pecadores (256). É
já «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29), e antecipa já o
«baptismo» da sua morte sangrenta (257). Vem, desde já, para «cumprir toda a
justiça» (Mt 3,15). Quer dizer que Se submete inteiramente à vontade do Pai e
aceita por amor o baptismo da morte para a remissão dos nossos pecados (258).
A esta aceitação responde a voz do Pai, que põe toda a sua complacência no Filho
(259). O Espírito que Jesus possui em plenitude, desde a sua conceição, vem
«repousar» sobre Ele (Jo 1, 32-33) (260) e Jesus será a fonte do mesmo Espírito
para toda a humanidade. No baptismo de Cristo, «abriram-se os céus» (Mt 3, 16)
que o pecado de Adão tinha fechado, e as águas são santificadas pela descida de
Jesus e do Espírito, prelúdio da nova criação.
A TENTAÇÃO DE JESUS
538. Os evangelhos falam dum tempo de solidão que Jesus passou no deserto,
imediatamente depois de ter sido baptizado por João: «Impelido» pelo Espírito
para o deserto, Jesus ali permanece sem comer durante quarenta dias. Vive com
os animais selvagens e os anjos servem-n'O (263).
No fim desse tempo, Satanás tenta-O por três vezes, procurando pôr em causa a
sua atitude filial para com Deus; Jesus repele esses ataques, que recapitulam as
tentações de Adão no paraíso e de Israel no deserto; e o Diabo afasta-se d'Ele «até
determinada altura» (Lc 4, 13).
12
“O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO”
541. «Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia. Aí proclamava a
Boa-Nova da vinda de Deus, nestes termos: "Completou-se o tempo e o Reino de
Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na Boa-Nova!"» (Mc 1, 14-15). «Por
isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos
céus» (267). Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à participação da vida
divina» (268). E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho, Jesus Cristo. Esta
reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o princípio» do Reino de Deus»
(269).
542. Cristo está no centro desta reunião dos homens na «família de Deus». Reúne-
os à sua volta pela sua palavra, pelos seus sinais que manifestam o Reino de
Deus, pelo envio dos discípulos. E realizará a vinda do seu Reino sobretudo pelo
grande mistério da sua Páscoa: a sua morte de cruz e a sua ressurreição. «E Eu,
uma vez elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32). Todos os homens são
chamados a esta união com Cristo (270).
543. Todos os homens são chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos
filhos de Israel (271), este Reino messiânico é destinado a acolher os homens de
todas as nações (272). Para ter acesso a ele, é preciso acolher a Palavra de Jesus:
«A Palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo: aqueles que a
ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo, já receberam
o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da
messe» (273)
544. O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um
coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4, 18)
(274). Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt 5, 3).
Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos sábios e
inteligentes (275). Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio até à cruz:
sabe o que é sofrer a fome (276), a sede (277) e a indigência (278). Mais ainda:
identifica-se com os pobres de toda a espécie, e faz do amor activo para com eles
a condição da entrada no seu Reino (279)
545. Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os
justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17) (280). Convida-os à conversão sem a qual
não se pode entrar no Reino, mas por palavras e actos, mostra-lhes a misericórdia
sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que haverá no céu, por
um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova suprema deste amor será o
sacrifício da sua própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt 26, 28).
13
OS SINAIS DO REINO DE DEUS
551. Desde o princípio da sua vida pública, Jesus escolheu alguns homens, em
número de doze, para andarem com Ele e participarem na sua missão (306).Deu-
lhes parte na sua autoridade «e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a fazer
curas» (Lc 9, 2). Estes homens ficam para sempre associados ao Reino de Cristo,
porque, por meio deles, Jesus Cristo dirige a Igreja:
«Eu disponho, a vosso favor, do Reino, como meu Pai dispõe dele a meu favor, a
fim de que comais e bebais à minha mesa, no meu Reino. E sentar-vos-eis em
tronos, a julgar as doze tribos de Israel» (Lc 22, 29-30)
552. No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar (307). Jesus
confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro
confessara: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16). E nosso Senhor
declarou-lhe então: «Tu és Pedro: sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). Cristo, «pedra viva»
(308), garante à sua Igreja, edificada sobre Pedro, a vitória sobre os poderes da
morte. Pedro, graças à fé que confessou, permanecerá o rochedo inabalável da
Igreja. Terá a missão de defender esta fé para que nunca desfaleça e de nela
confirmar os seus irmãos (309)
553. Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: «Dar-te-ei as chaves do
Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus» (Mt 16, 19). O «poder das chaves»
14
designa a autoridade para governar a Casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, o «bom
Pastor» (Jo 10, 11), confirmou este cargo depois da sua ressurreição: «Apascenta
as minhas ovelhas» (Jo 21, 15-17). O poder de «ligar e desligar» significa a
autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar
decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo
ministério dos Apóstolos e particularmente pelo de Pedro, o único a quem confiou
explicitamente as chaves do Reino.
557. «Ora, como se aproximavam os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele
tomou a firme resolução de Se dirigir a Jerusalém» (Lc 9, 51) (321). Por esta
decisão, indicava que subia para Jerusalém pronto para lá morrer. Já por três vezes
tinha anunciado a sua paixão e a sua ressurreição (322). E ao dirigir-Se para
Jerusalém, declara: «não se admite que um profeta morra fora de
Jerusalém» (Lc 13, 33)
558. Jesus recorda o martírio dos profetas que tinham sido entregues à morte em
Jerusalém (323). No entanto, continua a convidar Jerusalém a reunir-se à sua
volta: «Quantas vezes Eu quis agrupar os teus filhos como a galinha junta os seus
pintainhos sob as asas!... Mas vós não quisestes» (Mt 23, 37b). Quando já avista
Jerusalém, chora sobre ela (324) e exprime, uma vez mais, o desejo do seu
coração: «Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!
Mas agora isto está oculto aos teus olhos» (Lc 19, 42).
559. Como vai Jerusalém acolher o seu Messias? Embora tenha sempre evitado as
tentativas populares de O fazerem rei (325), Jesus escolheu o momento e
preparou os pormenores da sua entrada messiânica na cidade de «David, seu
pai» (Lc 1, 32) (326). E é aclamado como filho de David e como aquele que traz a
salvação («Hosanna» quer dizer «então salva!», «dá a salvação»). Ora, o «rei da
glória» (Sl 24, 7-10) entra na «sua cidade», «montado num jumento» (Zc 9, 9). Não
conquista a filha de Sião, figura da sua Igreja, nem pela astúcia nem pela
violência, mas pela humildade que dá testemunho da verdade (327). Por isso é
que, naquele dia, os súbditos do seu Reino, são as crianças (328) e os «pobres de
Deus», que O aclamam, tal como os anjos O tinham anunciado aos pastores
(329). A aclamação deles: «Bendito o que vem em nome do Senhor» (Sl 118, 26) é
retomada pela Igreja no «Sanctus» da Liturgia Eucarística, a abrir o memorial da
Páscoa do Senhor.
560. A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-
Messias vai realizar pela Páscoa da sua morte e da sua ressurreição. É com a sua
celebração, no Domingo de Ramos, que a Liturgia da Igreja começa a Semana
Santa.
15