Etnoentomologia by Tullio Maia
Os dípteros hematófagos apresentam importância na saúde pública pelo incômodo de sua picada ou co... more Os dípteros hematófagos apresentam importância na saúde pública pelo incômodo de sua picada ou como vetores de patógenos. A valorização do conhecimento tradicional em questões epidemiológicas propõe uma nova epistemologia no combate aos insetos vetores. O objetivo deste trabalho foi investigar o conhecimento ecológico tradicional local sobre dípteros hematófagos e de que maneira esses animais foram classificados pela comunidade. O Povoado de Areia Branca (Sergipe, Brasil) é localizado na Zona de Expansão da cidade de Aracaju, sendo habitado por comunidades tradicionais de pescadores artesanais. Foi montada uma caixa entomológica com espécimes de dípteros hematófagos de ocorrência no povoado. Os animais foram enumerados e separados de acordo com a taxonomia padrão própria para cada grupo. Foram, então, realizadas entrevistas, através da aplicação de questionários baseados na metodologia geradora de dados. As entrevistas foram gravadas e transcritas. Os pescadores entrevistados demonstraram classificação própria para as diferentes espécies de dípteros hematófagos da região. Apresentaram também ciência a respeito da ecologia destes animais, algumas convergentes com o que se tem na literatura científica, outras divergentes; além de apresentarem medidas profiláticas próprias. Dados etnoepidemiológicos demonstraram falhas nas campanhas de combate aos vetores e promoção de saúde. A pretensão deste trabalho foi apresentar uma nova forma de abordar questões epidemiológicas no controle de insetos vetores sem abrir mão do rigor científico.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Papers by Tullio Maia
Somatosphere, 2020
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Anais do VI ReACT - Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia, 2017
Resumo: Resultado de uma pesquisa de campo de aproximadamente 40 dias distribuídos em 3 meses, es... more Resumo: Resultado de uma pesquisa de campo de aproximadamente 40 dias distribuídos em 3 meses, este trabalho é parte de uma dissertação ainda em andamento. Trata-se de uma etnografia realizada no Monumento Natural (MONA) Grota do Angico, unidade de conservação (UC) situada no alto sertão sergipano. Os desdobramentos das relações efetivas entre populações humanas e mosquitos são o fio condutor deste trabalho. Na Unidade, não há registros de arboviroses, o que não exclui a possibilidade de suas ocorrências. Somado a isso, elas não foram percebidas ou mencionadas pelos sertanejos como realidade local, o que me fez propor uma abordagem mais-que-vetora para a relação entre eles e os insetos em questão. Constituindo uma paisagem emaranhada de seres vivos ou não, humanos ou não, o MONA está sob constante visita de pesquisadores e turistas do mundo inteiro, além dos agentes do estado – todos, em geral, mencionados pelos sertanejos como os hômi da rua. Entre a preservação e o extermínio de espécies, a rua determina uma série de condutas a serem seguidas pelos sertanejos que habitam o local. Os insetos, então, foram a minha porta de entrada para reflexões sobre questões que emergiram em campo, dentre as quais: a composição dos mosquitos na paisagem e a sua luta, seja lutar por sobreviver no ambiente naturalmente adverso que é a caatinga ou lutar contra o local a que são alocados: parasitas e pragas a serem exterminadas. Este trabalho é, portanto, um esforço de se " falar com " mosquitos, tomando como ponto de partida a maneira como os sertanejos pensam esses insetos. Tais concepções nativas, portanto, potencialmente subsidiam diálogos com uma ciência comprometida a pensar a era de extinções em massa. Palavras-chaves: relações humano-animal – insetos vetores – sertanejos
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Etnoentomologia by Tullio Maia
Papers by Tullio Maia